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LISTA DE EXERCÍCIOS – PORTUGUÊS – PROF.

DANIEL – PROCESSOS DE
FORMAÇÃO DE PALAVRAS

1) FUVEST 2011
As palavras do texto cujos prefixos traduzem, respectivamente, ideia de anterioridade
e contiguidade são
a) “persistente” e “alteridade”.
b) “discriminados” e “hierarquização”.
c) “preconceituosos” e “cooperação”.
d) “subordinados” e “diversidade”.
e) “identidade” e “segregados”.

2) FUVEST 2011
b) Forme uma frase correta e coerente com base em um verbo derivado da palavra
“burocracia”.

3) FUVEST 2010

Desde pequeno, tive tendência para personificar as coisas. Tia Tula, que achava que
mormaço fazia mal, sempre gritava: “Vem pra dentro, menino, olha o mormaço!” Mas
eu ouvia o mormaço com M maiúsculo. Mormaço, para mim, era um velho que pegava
crianças! Ia pra dentro logo. E ainda hoje, quando leio que alguém se viu perseguido
pelo clamor público, vejo com estes olhos o Sr. Clamor Público, magro, arquejante, de
preto, brandindo um guarda-chuva, com um gogó protuberante que se abaixa e levanta
no excitamento da perseguição. E já estava devidamente grandezinho, pois devia contar
uns trinta anos, quando me fui, com um grupo de colegas, a ver o lançamento da pedra
fundamental da ponte Uruguaiana-Libres, ocasião de grandes solenidades, com os
presidentes Justo e Getúlio, e gente muita, tanto assim que fomos alojados os do meu
grupo num casarão que creio fosse a Prefeitura, com os demais jornalistas do Brasil e
Argentina. Era como um alojamento de quartel, com breve espaço entre as camas e
todas as portas e janelas abertas, tudo com os alegres incômodos e duvidosos encantos
de uma coletividade democrática. Pois lá pelas tantas da noite, como eu pressentisse, em
meu entredormir, um vulto junto à minha cama, sentei-me estremunhado* e olhei
atônito para um tipo de chiru*, ali parado, de bigodes caídos, pala pendente e chapéu
descido sobre os olhos. Diante da minha muda interrogação, ele resolveu explicar-se,
com a devida calma:
— Pois é! Não vê que eu sou o sereno...
Mário Quintana, As cem melhores crônicas brasileiras.
*Glossário:
estremunhado: mal acordado.
chiru: que ou aquele que tem pele morena, traços acaboclados (regionalismo: Sul do
Brasil).

No contexto em que ocorre, a frase “estava devidamente grandezinho, pois devia contar
uns trinta anos” (L. 6) constitui
a) recurso expressivo que produz incoerência, uma vez que não se usa o adjetivo
“grande” no diminutivo.
b) exemplo de linguagem regional, que se manifesta também em outras partes do texto,
como na palavra “brandindo”.
c) expressão de nonsense (linguagem surreal, ilógica), que, por sinal, ocorre também
quando o autor afirma ouvir o M maiúsculo de “mormaço”.
d) manifestação de humor irônico, o qual, aliás, corresponde ao tom predominante no
texto.
e) parte do sonho que está sendo narrado e que é revelado apenas no final do texto,
principalmente no trecho “em meu entredormir”.

4) FUVEST 2009
Leia a seguinte fala, extraída de uma peça teatral, e responda ao que se pede.

Odorico — Povo sucupirano! Agoramente já investido no cargo de Prefeito, aqui estou


para receber a confirmação, ratificação, a autenticação e, por que não dizer, a sagração
do povo que me elegeu.
Dias Gomes. O Bem-Amado: farsa sócio-político-patológica em 9 quadros.
a) A linguagem utilizada por Odorico produz efeitos humorísticos. Aponte um exemplo
que comprove essa afirmação. Justifique sua escolha.
b) O que leva Odorico a empregar a expressão “por que não dizer”, para introduzir o
substantivo “sagração”?

5) FUVEST 2009
Prefixos que têm o mesmo sentido ocorrem nas seguintes palavras do texto:
a) íntima / agremia.
b) resiste / deslizam.
c) desprazeres / indissolúvel.
d) imperturbável / transforma.
e) revelado / persiste.

6) FUVEST 2008
S. Paulo, 13-XI-42
Murilo
São 23 horas e estou honestissimamente em casa, imagine! Mas é doença que me
prende, irmão pequeno. Tomei com uma gripe na semana passada, depois, desensarado,
com uma chuva, domingo último, e o resultado foi uma sinusitezinha infernal que me
inutilizou mais esta semana toda. E eu com tanto trabalho! Faz quinze dias que não faço
nada, com o desânimo de após-gripe, uma moleza invencível, e as dores e tratamento
atrozes. Nesta noitinha de hoje me senti mais animado e andei trabalhandinho por aí.
(…) Quanto a suas reservas a palavras do poema que lhe mandei, gostei da sua
habilidade em pegar todos os casos “propositais”. Sim senhor, seu poeta, você até está
ficando escritor e estilista. Você tem toda a razão de não gostar do “nariz furão”, de
“comichona”, etc. Mas lhe juro que o gosto consciente aí é da gente não gostar
sensitivamente. As palavras são postas de propósito pra não gostar, devido à elevação
declamatória do coral que precisa ser um bocado bárbara, brutal, insatisfatória e
lancinante. Carece botar um pouco de insatisfação no prazer estético, não deixar a coisa
muito bem-feitinha.(…) De todas as palavras que você recusou só uma continua me
desagradando “lar fechadinho”, em que o carinhoso do diminutivo é um desfalecimento
no grandioso do coral.
Mário de Andrade, Cartas a Murilo Miranda.

No texto, as palavras “sinusitezinha” e “trabalhandinho” exprimem, respectivamente,


a) delicadeza e raiva.
b) modéstia e desgosto.
c) carinho e desdém.
d) irritação e atenuação.
e) euforia e ternura.

7) FUVEST 2005
Sobre o emprego do gerúndio em frases como “Nós vamos estar analisando os seus
dados e vamos estar dando um retorno assim que possível”, um jornalista escreveu uma
crônica intitulada “Em 2004, gerundismo zero!”, da qual extraímos o seguinte trecho:
Quando a teleatendente diz: “O senhor pode estar aguardando na linha, que eu vou estar
transferindo a sua ligação”, ela pensa que está falando bonito. Por sinal, ela não entende
por que “eu vou estar transferindo” é errado e “ela está falando bonito” é certo.
b) Identifique qual de seus vários sentidos assume o sufixo empregado na formação da
palavra “gerundismo”. Cite outra palavra em que se utiliza o mesmo sufixo com esse
mesmo sentido.

8) FUVEST 2003

Eu te amo

Ah, se já perdemos a noção da hora,


Se juntos já jogamos tudo fora,
Me conta agora como hei de partir…
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios,
Rompi com o mundo, queimei meus navios,
Me diz pra onde é que inda posso ir…
(…)
Se entornaste a nossa sorte pelo chão,
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu…
(…)
Como, se nos amamos como dois pagãos,
Teus seios inda estão nas minhas mãos,
Me explica com que cara eu vou sair...
Não, acho que estás só fazendo de conta,
Te dei meus olhos pra tomares conta,
Agora conta como hei de partir...
(Tom Jobim — Chico Buarque)

O prefixo assinalado em “desvario” expressa


a) negação.
b) cessação.
c) ação contrária.
d) separação.
e) intensificação.

9) FUVEST 2003
Os leitores estarão lembrados do que o compadre dissera quando estava a fazer castelos
no ar a respeito do afilhado, e pensando em dar-lhe o mesmo ofício que exercia, isto é,
daquele arranjei-me, cuja explicação prometemos dar. Vamos agora cumprir a promessa.
Se alguém perguntasse ao compadre por seus pais, por seus parentes, por seu
nascimento, nada saberia responder, porque nada sabia a respeito. Tudo de que se
recordava de sua história reduzia-se a bem pouco. Quando chegara à idade de dar
acordo da vida achou-se em casa de um barbeiro que dele cuidava, porém que nunca lhe
disse se era ou não seu pai ou seu parente, nem tampouco o motivo por que tratava da
sua pessoa. Também nunca isso lhe dera cuidado, nem lhe veio a curiosidade de indagá-
lo.
Esse homem ensinara-lhe o ofício, e por inaudito milagre também a ler e a escrever.
Enquanto foi aprendiz passou em casa do seu… mestre, em falta de outro nome, uma
vida que por um lado se parecia com a do fâmulo*, por outro com a do filho, por outro
com a do agregado, e que afinal não era senão vida de enjeitado, que o leitor sem dúvida
já adivinhou que ele o era. A troco disso dava-lhe o mestre sustento e morada, e pagava-
se do que por ele tinha já feito.
_____________________
(*) fâmulo: empregado, criado
(Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias)

No excerto, temos derivação imprópria ou conversão (emprego de uma palavra fora de


sua classe normal) no seguinte trecho:
a) fazer castelos no ar.
b) daquele arranjei-me.
c) dar acordo da vida.
d) nem tampouco o motivo.
e) por inaudito milagre.

10) FUVEST 2002


E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina.
(João Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina)

a) A fim de obter um efeito expressivo, o poeta utiliza, em “a fábrica” e “se fabrica”, um


substantivo e um verbo que têm o mesmo radical.
Cite da estrofe outro exemplo desse mesmo recurso expressivo.

11) FUVEST 2001


A característica da relação do adulto com o velho é a falta de reciprocidade que se pode
traduzir numa tolerância sem o calor da sinceridade.Não se discute com o velho, não se
confrontam opiniões com as dele, negando-lhe a oportunidade de desenvolver o que só
se permite aos amigos: a alteridade, a contradição, o afrontamento e mesmo o conflito.
Quantas relações humanas são pobres e banais porque deixamos que o outro se expresse
de modo repetitivo e porque nos desviamos das áreas de atrito, dos pontos vitais, de
tudo o que em nosso confronto pudesse causar o crescimento e a dor! Se a tolerância
com os velhos é entendida assim, como uma abdicação do diálogo, melhor seria dar-lhe
o nome de banimento ou discriminação.
(Ecléa Bosi, Memória e sociedade — Lembranças de velhos)

O termo alteridade liga-se, pelo radical e pelo sentido, a uma palavra que aparece no
trecho:
a) falta de reciprocidade.
b) não se confrontam opiniões.
c) que o outro se expresse.
d) nos desviamos das áreas de atrito.
e) abdicação do diálogo.

12) FUVEST 2001


A gente via Brejeirinha: primeiro, os cabelos, compridos, lisos, louro-cobre; e, no meio
deles, coisicas diminutas: a carinha não-comprida, o perfilzinho agudo, um narizinho
que-carícia. Aos tantos, não parava, andorinhava, espiava agora — o xixixi e o
empapar-se da paisagem — as pestanas til-til. Porém, disse-se-dizia ela, pouco se vê,
pelos entrefios: — “Tanto chove, que me gela!”
(Guimarães Rosa, “Partida do audaz navegante”, Primeiras estórias)

a) Os diminutivos com que o narrador caracteriza a personagem traduzem também sua


atitude em relação a ela. Identifique essa atitude, explicando-a brevemente.
b) “Andorinhava” é palavra criada por Guimarães Rosa. Explique o processo de
formação dessa palavra. Indique resumidamente o sentido dessa palavra no texto.

13) FUVEST 2001


Só os roçados da morte
compensam aqui cultivar,
e cultivá-los é fácil:
simples questão de plantar;
não se precisa de limpa,
de adubar nem de regar;
as estiagens e as pragas
fazem-nos mais prosperar;
e dão lucro imediato;
nem é preciso esperar
pela colheita: recebe-se
na hora mesma de semear.
(João Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina)

O mesmo processo de formação da palavra sublinhada em “não se precisa de limpa”


ocorre em:
a) “no mesmo ventre crescido”.
b) “iguais em tudo e na sina”.
c) “jamais o cruzei a nado”.
d) “na minha longa descida”.
e) “todo o velho contagia”.

RESPOSTAS (extraídas do Anglo Resolve)

1) C

2) Desburocratizar o atendimento ao público é a meta do INSS.

3) D

4) a) Os efeitos humorísticos produzidos pela linguagem utilizada por Odorico devem-


se basicamente ao acentuado desvio que ela representa em relação à fala “normal” das
pessoas. Esse desvio se manifesta sob a forma de uma dupla redundância:
1. A palavra “agora” já é, por si mesma, um advérbio. Mas Odorico lhe acrescenta o
sufixo -mente, o qual se junta apenas a adjetivos para formar advérbio.
2. Há redundância, também, no emprego de três palavras que são praticamente
sinônimas: “confirmação”, “ratificação” e “autenticação”, acrescidas, ainda, de forma
enfática, de “sagração”.
b) A palavra “sagração” tem uma conotação religiosa, já que significa a investidura
numa dignidade ou função por meio de cerimônias religiosas, o que sugere que o
investido é um escolhido de Deus. A expressão “por que não dizer” é um operador
argumentativo que coloca o novo dado num nível mais elevado. Com ela, Odorico
pretende se antecipar a uma provável acusação de falta de modéstia, ou então manifestar
a consciência do risco que corre ao acrescentar um termo reconhecidamente forte a uma
série já redundante.

5) C

6) D

7) b) O sufixo -ismo anexado à palavra gerúndio para formar gerundismo veicula, neste
caso, a idéia de tendência viciosa, mania, mau uso. O mesmo valor do sufixo verifica-
se, também, por exemplo, em consumismo, oportunismo, modismo.

8) E

9) B

10) a) Nota-se o mesmo recurso em fio e desfiar, ou seja, substantivo e verbo formados
a partir de um mesmo radical.

11) C

12) a) Os diminutivos que caracterizam Brejeirinha assumem dois valores que se


somam: um, objetivo, indicador da compleição miúda da personagem; outro, subjetivo,
índice do sentimento de afeto ou carinho que o narrador tem por ela.
b) A forma verbal “andorinhava” é o pretérito imperfeito do verbo “andorinhar”,
neologismo criado por Rosa pelo processo de derivação sufixal, agregando-se à base
“andorinha” o sufixo “ar”, formador de verbos. No contexto, seu efeito expressivo
consiste na atribuição dos traços de ação da ave à personagem: Brejeirinha é tão
pequena, dinâmica, ligeira e perspicaz como uma andorinha, espiando até “pelos
entrefios”.

13) C

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