Você está na página 1de 7

TESTE MÓDULO 7 –

ANO 3

ESCOLA______________________________________________________ D ATA ___/ ___/ 20__

NOME_______________________________________________________ N. O____ TURMA_____

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

Parte A

Fernando Pessoa – ortónimo

Leia o poema.

Cansa ser, sentir dói, pensar destrui.


Alheia a nós, em nós e fora,
Rui a hora, e tudo nela rui.
Inutilmente a alma o chora.

5 De que serve? O que é que tem que servir?


Pálido esboço leve
Do sol de inverno sobre meu leito a sorrir…
Vago sussurro breve.

Das pequenas vozes com que a manhã acorda,


10 Da fútil promessa do dia,
Morta ao nascer, na esperança longínqua e absurda
Em que a alma se fia.
23-10-1931

Fernando Pessoa, Poesias Inéditas (1930-1935)


Lisboa, Ática, 1953.

1. Clarifique as contradições em que vive o sujeito poético, considerando a primeira estrofe.

2. Explicite a expressividade decorrente do uso das interrogações.

3. Demonstre que a alma do “eu” não se consegue alegrar e justifique a sua resposta com
elementos textuais pertinentes.

©Edições ASA | 2019-2020 – Projeto Novos Percursos Profissionais Página 1


TESTE MÓDULO 7 –
ANO 3

Parte B

Fernando Pessoa – heterónimos

4. Classifique as afirmações seguintes como verdadeiras ou falsas.

a) Alberto Caeiro recusa o pensamento e os sistemas filosóficos, criando a sua própria


filosofia.
b) O heterónimo Caeiro privilegia a Natureza paradisíaca e retrata-a sem recorrer às
sensações.
c) Caeiro defende que as coisas existem e não têm significação, por isso não devemos
questionar a sua existência.
d) Ricardo Reis defende que para se alcançar a liberdade e a felicidade temos de abdicar
e submetermo-nos ao destino involuntário.
e) Reis é o heterónimo que dá conta da irreversibilidade do tempo e que tem sempre
presente a inevitabilidade da morte.
f) Ricardo Reis diz que para se alcançar a ataraxia é preciso viver o dia intensamente e
aceitar a inutilidade da ação humana.
g) Álvaro de Campos é o mais fecundo e mais versátil heterónimo pessoano, mas
também o mais nervoso e histérico.
h) Campos adotou o futurismo embora estilisticamente prefira o verso e métricas
regulares.

GRUPO II

Leia o seguinte texto.

A força da vontade

Jacinta. Menina sozinha entre muitos irmãos por ter nascido diferente. O desvio grande
da anca começou a notar-se muito cedo, caminhava como se uma das pernas estivesse presa
num buraco que se prolongava numa vala infinita. Muitos irmãos que a faziam sentir-se
isolada pela sua peculiaridade, mas nunca complexada, porque Jacinta nunca se deixou tentar
5 pelo número da coitadinha. Era apenas diferente. Os pais diziam-lhe que nunca iria casar, não
ia aparecer homem que a quisesse. Mas a gaiata tinha muita vida, os olhos cor de amêndoa e
uma cabeleira farta e encaracolada que lhe dava carisma. Ainda hoje tem isso tudo, embora os
fios cor de prata já se vejam entre os outros dos seus cabelos. Arranja-me as unhas com
competência e desvelo, enquanto me conta a sua história. […]
10 Afinal casou e vive feliz com o seu par. Tiveram um rapazito, atilado por sinal. Aquilo
demorou, andou anos deprimida com medo de ser alfeira 1, e foi durante esse período estéril
que leu um dos meus primeiros livros. Diz que lhe fez muito bem, ria muito com as descrições
da alta sociedade, às vezes em voz alta ao marido, e depois riam-se muito os dois a
imaginarem a vida dos ricos lá de Lisboa, palavras dela. Diz que lhe fiz muito bem e eu sorrio
15 com placidez e gratidão porque afinal é para isto mesmo que escrevo, para dar coisas às

©Edições ASA | 2019-2020 – Projeto Novos Percursos Profissionais Página 2


TESTE MÓDULO 7 –
ANO 3
pessoas e fazer com que se sintam mais felizes.
Escolhi o verniz cor-de-rosa Barbie como é costume e deixei o salão já com a Jacinta no
meu coração. Dei-lhe um grande abraço, parece que o brilho daqueles olhos, ainda e sempre
de menina decidida e temerária, se instalou debaixo da minha pele.
20 Jacinta nunca baixa os braços nem dá tréguas à preguiça: vai com frequência a Lisboa e
ao Porto fazer formações e sabe tudo de cabelos, depilações unhas e afins. Já não faz
massagens porque não dá conta. Qual máquina de malhas, qual quê! A menina coxa escapou
às malhas do destino que a mentalidade fechada da aldeia onde nasceu a quis condenar. A
égua foi a sua primeira aliada, a sua melhor amiga e a sua grande referência na vida. É das
25 pessoas mais felizes que conheci na vida. Afinal, é só preciso ter um coração forte, cerrar os
dentes e seguir em frente, com o desenho dos nossos sonhos bem claro e nítido.
É a força da vontade. É a força da vontade.

Margarida Rebelo Pinto, Visão, edição online de 12 de junho de 2019


(texto com supressões).
Vocabulário:
1
que não dá criação.

Para os itens 1 a 7, selecione a opção que completa cada afirmação.

1. A mulher a que a cronista se refere era diferente em termos físicos


(A) e, por isso, alvo de chacota por parte de todos os irmãos.
(B) mas com uma postura positiva perante as suas dificuldades.
(C) mas anteviam-lhe um futuro promissor, pois seria auxiliada.
(D) e por isso andou deprimida muito tempo e sem vontade de viver.

2. A leitura de um dos livros da autora deste artigo


(A) foi reconfortante para Jacinta num período de depressão.
(B) deu-lhe a certeza de que iria ser bem-sucedida na vida.
(C) abriu-lhe os olhos em relação à profissão que abraçou.
(D) gerou uma profunda admiração por aquilo que escrevia.

3. O vocábulo “peculiaridade” (l. 4), no contexto em que surge, significa


(A) especialidade.
(B) generalidade.
(C) individualidade.
(D) singularidade.

4. Nas orações “que se prolongava numa vala infinita” (l. 3) e “que nunca iria casar” (l. 5), as
palavras sublinhadas são
(A) conjunções subordinativas em ambos os casos.
(B) pronomes relativos em ambos os casos.
(C) um pronome relativo e uma conjunção subordinativa, respetivamente.

©Edições ASA | 2019-2020 – Projeto Novos Percursos Profissionais Página 3


TESTE MÓDULO 7 –
ANO 3
(D) uma conjunção subordinativa e um pronome relativo, respetivamente.

5. O referente do pronome relativo presente em “que lhe dava carisma” (l. 7) é


(A) “a gaiata”.
(B) “os olhos cor de amêndoa”.
(C) “uma cabeleira farta”.
(D) “uma cabeleira farta e encaracolada”.

6. O pronome pessoal usado em “Arranja-me as unhas com competência e desvelo” (ll. 8-9)
assegura a coesão
(A) interfrásica.
(B) referencial.
(C) temporal.
(D) lexical.

7. Da primeira ação para a segunda ação referidas em “Afinal casou e vive feliz com o seu
par” (l. 10) estabelece-se uma relação de
(A) simultaneidade.
(B) posterioridade.
(C) anterioridade.
(D) oposição.

8. Identifique a função sintática desempenhada pelas expressões sublinhadas em “vai com


frequência a Lisboa e ao Porto” (ll. 20-21).

9. Classifique a oração “onde nasceu” (l. 23).

10. Indique o referente do pronome “a” presente em “a quis condenar” (l. 23).

©Edições ASA | 2019-2020 – Projeto Novos Percursos Profissionais Página 4


TESTE MÓDULO 7 –
ANO 3

GRUPO III

Partindo da observação da imagem, escreva um texto de apreciação crítica, com 130 a


150 palavras, obedecendo à estrutura e tópicos seguintes:

Introdução ‒ descrição objetiva da imagem;


Desenvolvimento ‒ articulação entre a figura e a multiplicidade de “eus” de Fernando Pessoa;
‒ identificação e breve caracterização dos três principais heterónimos;
Conclusão ‒ apreciação da imagem e sua pertinência na ilustração da heteronímia.

Nota: Leia e reveja o texto, de modo a evitar repetições, erros ortográficos, de pontuação, de acentuação e de
sintaxe.

COTAÇÕES

Item
Grupo
Cotação (em pontos)
1. 2. 3.
I‒A
20 20 20 60
4. a 4. b 4. c 4. d 4. e 4. f 4. g 4. h
I‒B
5 5 5 5 5 5 5 5 40
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10.
II 70
7 7 7 7 7 7 7 7 7 7
Item único
III 30
TOTAL 200

©Edições ASA | 2019-2020 – Projeto Novos Percursos Profissionais Página 5


TESTE MÓDULO 7 –
ANO 3

PROPOSTA DE CORREÇÃO
GRUPO I

Parte A
1. Pela leitura da primeira estrofe, percebe-se que o sujeito poético se encontra divido entre as
emoções produzidas no seu interior e a realidade exterior. Por isso, afirma que “ser” cansa, mas
“sentir” e “pensar” também é destruidor. Além disso, diz que o “fora”, o exterior, o tempo passa
alheado a todo o tumulto da alma.

2. As interrogações vêm confirmar a confusão em que se encontra o sujeito poético. Com efeito, este
interroga-se acerca da inutilidade das coisas, nomeadamente, do ser, do sentir ou do pensar,
acentuando, assim, a angústia e desânimo em que se encontra face à sua própria existência.
3. A alma do sujeito poético parece que morre ao nascer. Apesar de se fiar na esperança, e de, por
vezes, esta aparecer tal como aparece o Sol, funcionando como promessa, a verdade é que acaba
por desaparecer, à semelhança do que acontece com o Sol, que não é mais do que a esperança
breve de que algo possa mudar, daí que, efetivamente, a alma do “eu” não se consiga alegrar, como
confirma o conteúdo dos dois últimos versos (“Morta ao nascer, na esperança longínqua e
absurda/Em que a alma se fia.”).

Parte B
4. a) – V; b) – F; c) – V; d) – V; e) – V; f) – F; g) – V; h) – F

GRUPO II
1. B
2. A
3. D
4. C
5. D
6. B
7. C
8. Complemento oblíquo.
9. (Oração) subordinada adjetiva relativa restritiva.
10. “A menina coxa”.

GRUPO III
Introdução:
A imagem apresenta vários vultos do mesmo indivíduo, Fernando Pessoa. Por trás desses vultos, há um
conjunto de portas, diante das quais há alguém de costas para o poeta.
Desenvolvimento:
Considerando que estes indivíduos são a mesma pessoa, percebe-se que nesta representação estão os
diferentes “eus” de Fernando Pessoa, correspondentes aos três principais heterónimos, Caeiro, Reis e
Campos, com personalidades e estilos diferentes. Caeiro, o menos instruído, surge como mestre, usa as
sensações para obter conhecimento e privilegia a Natureza. Reis recebe uma educação clássica e
escreve odes onde aconselha a aceitar calmamente o destino, a procurar o prazer moderado para viver
em ataraxia. Campos canta a modernidade, elogia a civilização industrial, desejando sentir tudo de todas
as maneiras, ainda que acabe por cair no abatimento, aproximando-se do criador.
Conclusão:

©Edições ASA | 2019-2020 – Projeto Novos Percursos Profissionais Página 6


TESTE MÓDULO 7 –
ANO 3
Assim, pode dizer-se que a imagem é extremamente sugestiva e traduz perfeitamente a complexidade e
inventividade daquele que foi muitos ao mesmo tempo. (151 palavras)

©Edições ASA | 2019-2020 – Projeto Novos Percursos Profissionais Página 7

Você também pode gostar