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ANO 3
GRUPO I
Parte A
Leia o poema.
3. Demonstre que a alma do “eu” não se consegue alegrar e justifique a sua resposta com
elementos textuais pertinentes.
Parte B
GRUPO II
A força da vontade
Jacinta. Menina sozinha entre muitos irmãos por ter nascido diferente. O desvio grande
da anca começou a notar-se muito cedo, caminhava como se uma das pernas estivesse presa
num buraco que se prolongava numa vala infinita. Muitos irmãos que a faziam sentir-se
isolada pela sua peculiaridade, mas nunca complexada, porque Jacinta nunca se deixou tentar
5 pelo número da coitadinha. Era apenas diferente. Os pais diziam-lhe que nunca iria casar, não
ia aparecer homem que a quisesse. Mas a gaiata tinha muita vida, os olhos cor de amêndoa e
uma cabeleira farta e encaracolada que lhe dava carisma. Ainda hoje tem isso tudo, embora os
fios cor de prata já se vejam entre os outros dos seus cabelos. Arranja-me as unhas com
competência e desvelo, enquanto me conta a sua história. […]
10 Afinal casou e vive feliz com o seu par. Tiveram um rapazito, atilado por sinal. Aquilo
demorou, andou anos deprimida com medo de ser alfeira 1, e foi durante esse período estéril
que leu um dos meus primeiros livros. Diz que lhe fez muito bem, ria muito com as descrições
da alta sociedade, às vezes em voz alta ao marido, e depois riam-se muito os dois a
imaginarem a vida dos ricos lá de Lisboa, palavras dela. Diz que lhe fiz muito bem e eu sorrio
15 com placidez e gratidão porque afinal é para isto mesmo que escrevo, para dar coisas às
4. Nas orações “que se prolongava numa vala infinita” (l. 3) e “que nunca iria casar” (l. 5), as
palavras sublinhadas são
(A) conjunções subordinativas em ambos os casos.
(B) pronomes relativos em ambos os casos.
(C) um pronome relativo e uma conjunção subordinativa, respetivamente.
6. O pronome pessoal usado em “Arranja-me as unhas com competência e desvelo” (ll. 8-9)
assegura a coesão
(A) interfrásica.
(B) referencial.
(C) temporal.
(D) lexical.
7. Da primeira ação para a segunda ação referidas em “Afinal casou e vive feliz com o seu
par” (l. 10) estabelece-se uma relação de
(A) simultaneidade.
(B) posterioridade.
(C) anterioridade.
(D) oposição.
10. Indique o referente do pronome “a” presente em “a quis condenar” (l. 23).
GRUPO III
Nota: Leia e reveja o texto, de modo a evitar repetições, erros ortográficos, de pontuação, de acentuação e de
sintaxe.
COTAÇÕES
Item
Grupo
Cotação (em pontos)
1. 2. 3.
I‒A
20 20 20 60
4. a 4. b 4. c 4. d 4. e 4. f 4. g 4. h
I‒B
5 5 5 5 5 5 5 5 40
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10.
II 70
7 7 7 7 7 7 7 7 7 7
Item único
III 30
TOTAL 200
PROPOSTA DE CORREÇÃO
GRUPO I
Parte A
1. Pela leitura da primeira estrofe, percebe-se que o sujeito poético se encontra divido entre as
emoções produzidas no seu interior e a realidade exterior. Por isso, afirma que “ser” cansa, mas
“sentir” e “pensar” também é destruidor. Além disso, diz que o “fora”, o exterior, o tempo passa
alheado a todo o tumulto da alma.
2. As interrogações vêm confirmar a confusão em que se encontra o sujeito poético. Com efeito, este
interroga-se acerca da inutilidade das coisas, nomeadamente, do ser, do sentir ou do pensar,
acentuando, assim, a angústia e desânimo em que se encontra face à sua própria existência.
3. A alma do sujeito poético parece que morre ao nascer. Apesar de se fiar na esperança, e de, por
vezes, esta aparecer tal como aparece o Sol, funcionando como promessa, a verdade é que acaba
por desaparecer, à semelhança do que acontece com o Sol, que não é mais do que a esperança
breve de que algo possa mudar, daí que, efetivamente, a alma do “eu” não se consiga alegrar, como
confirma o conteúdo dos dois últimos versos (“Morta ao nascer, na esperança longínqua e
absurda/Em que a alma se fia.”).
Parte B
4. a) – V; b) – F; c) – V; d) – V; e) – V; f) – F; g) – V; h) – F
GRUPO II
1. B
2. A
3. D
4. C
5. D
6. B
7. C
8. Complemento oblíquo.
9. (Oração) subordinada adjetiva relativa restritiva.
10. “A menina coxa”.
GRUPO III
Introdução:
A imagem apresenta vários vultos do mesmo indivíduo, Fernando Pessoa. Por trás desses vultos, há um
conjunto de portas, diante das quais há alguém de costas para o poeta.
Desenvolvimento:
Considerando que estes indivíduos são a mesma pessoa, percebe-se que nesta representação estão os
diferentes “eus” de Fernando Pessoa, correspondentes aos três principais heterónimos, Caeiro, Reis e
Campos, com personalidades e estilos diferentes. Caeiro, o menos instruído, surge como mestre, usa as
sensações para obter conhecimento e privilegia a Natureza. Reis recebe uma educação clássica e
escreve odes onde aconselha a aceitar calmamente o destino, a procurar o prazer moderado para viver
em ataraxia. Campos canta a modernidade, elogia a civilização industrial, desejando sentir tudo de todas
as maneiras, ainda que acabe por cair no abatimento, aproximando-se do criador.
Conclusão: