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COLÉGIO XIX DE MARÇO

Educação do jeito que deve ser

2016
3ª PROVA PARCIAL DE PORTUGUÊS – QUESTÕES ABERTAS

Aluno(a): Nº

Ano: 1º Turma: Data: 29 / 10 /16 Nota:

Professor(a): Letícia Silva Valor da Prova: 20 Pontos

Orientações gerais:

1) Número de questões desta prova: 05


2) Valor das questões: 4,0 pontos cada.
3) Provas feitas a lápis ou com uso de corretivo não têm direito à revisão.
4) Aluno que usar de meio ilícito na realização desta prova terá nota zerada e conceituação
comprometida.
5) Tópicos desta prova:
- Advérbio, Preposição, interjeição e conjunção
- Interpretação de texto
- Figuras de Linguagem
- Redação

1ª Questão:

Era conferente da Alfândega – mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora
de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos
avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação
exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.
Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao
íntimo, é claro). Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo.
Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira
de armário. Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de Dona Laurinha. Se ela também era um
objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que Dona Laurinha não procurava fugir a essa
simplificação, nem reparava; era, de fato, objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.

(Carlos Drummond de Andrade, O outro marido.)

I - Com base no texto acima, responda:

a) Por que, para o narrador, o fato de Santos ser conferente da Alfândega não tem importância?

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b) Reescreva o trecho – ... o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. –
fazendo os ajustes necessários para empregar a expressão as classificações profissionais como
sujeito da oração.

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II – Leia a tira abaixo:

A pergunta da personagem Mafalda, no segundo quadrinho, inicia-se com a palavra “então”,


que estabelece uma relação de sentido com a situação anterior.

Identifique a relação de sentido estabelecida e reescreva a pergunta, substituindo o vocábulo


“então” por outro conectivo.

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2ª Questão:
APELO

Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade,
não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma
semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.
Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a
pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor
deserto, e até o canário ficou mudo. Para não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os
amigos. Uma hora da noite eles se iam e eu ficava só, sem o perdão de sua presença e todas as
aflições do dia, como a última luz na varanda.
E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero na salada - o meu jeito de
querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas
murcham. Não tenho botão na camisa, calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolhas? Nenhum de
nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa,
Senhora, por favor.
(TREVISAN, Dalton. "II - Os Mistérios de Coritiba", In: OS DESASTRES DO AMOR - Rio de Janeiro, Civilização Brasileira,
1968)

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"As suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham."

Observando o período acima, responda:


a) Que tipo de relação se estabelece entre as duas orações através da conjunção "E"?
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b) Como pode ser justificado o emprego do segundo verbo do período no presente, enquanto o
primeiro apresenta-se no pretérito?

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c) Transcreva do primeiro parágrafo dois exemplos de advérbio e um exemplo de locução adverbial.
Em seguida, indique a circunstância estabelecida pelos exemplos extraídos do texto.

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d) “Toda a casa era um corredor deserto, e até o canário ficou mudo.” Classifique a palavra em
destaque de acordo e identifique a relação semântica estabelecida no contexto em que está
inserida.

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3ª Questão:
O ENTERRADO VIVO

É sempre no passado aquele orgasmo,


é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.

É sempre no meu peito aquela garra.


É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.

É sempre no meu trato o amplo distrato.


Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.

É sempre nos meus pulos o limite.


É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.

Sempre no meu amor a noite rompe.


Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. OBRAS COMPLETAS. Rio de Janeiro, Aguilar, 1967, p. 81)
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I - A palavra "sempre", no último verso do poema de Drummond, é repetida, porém manifestada em
classes gramaticais diferentes.
a) Quais são essas classes gramaticais?

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b) Que efeito de sentido essa diferença de classe gramatical provoca no poema?

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II - Dadas as frases:

(1) Fui doente durante dois anos (e estou são).


(2) Fui doente para Buenos Aires (e voltei são).

Analise as formas “Fui doente”:

a) em termos morfológicos, “fui” constitui flexão de que verbo(s) em (1) e (2)?

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b) em termos semânticos, o que distingue “fui” em (1) e (2)?

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4ª Questão:
Ética

A palavra “ética” vem do grego ethos, tal como “moral” vem do latim mores.
Sintomaticamente, tanto ethos como mores significam costumes.
De acordo com essa significação original, as normas de conduta e a definição do que era certo
e do que era errado eram impostas aos indivíduos pela comunidade, e os indivíduos as aceitavam
(tendiam a concordar com o castigo, quando as infringiam).
Desse modo, podemos dizer que, num tempo muito antigo, os seres humanos já conheciam
valores. E podemos dizer mais: esses valores, embutidos nas normas de conduta, eram inculcados
nos indivíduos pelo grupo. A comunidade precedia a individualidade.
Posteriormente, quando se desenvolveu a atividade mercantil, o comércio exigia a ampliação
do espaço para a autonomia individual (o comerciante precisava de espaço para se deslocar para o
lugar certo na hora exata em que podia comprar barato e vender caro, a fim de ser bem sucedido,
por sua livre iniciativa pessoal).
Os indivíduos mais autônomos passaram a se defrontar com situações nas quais não podiam
se limitar a obedecer às normas pré-fixadas pela comunidade e essas normas começaram a perder o
vigor. Os indivíduos passaram a enfrentar o desafio de decidir por conta própria o que era certo e o
que era errado.
Por mais autônomos que se tornem, entretanto, os indivíduos não podem subsistir sozinhos,
precisam da sociedade para sobreviver ao nascer, para crescer, para assimilar uma linguagem. A
dimensão social nas pessoas é ineliminável.
Por isso, ao tentarem justificar suas escolhas, ao tentarem esclarecer os fundamentos de sua
preferência, ao tentarem hierarquizar seus valores, os indivíduos são levados a formular princípios

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que devem valer tanto para eles como para os outros. Quer dizer: são levados a elaborar uma ética
(uma pauta de conduta) que só pode ser proposta seriamente aos outros (à sociedade) se puder se
basear naquilo que cada indivíduo tem de universal.
Toda pessoa é um indivíduo singular, com desejos e interesses particulares, mas é também —
potencialmente — um representante da humanidade (Kant). Coexistem dentro de cada um de nós,
segundo Kant, o representante da humanidade e o indivíduo sempre particular. Por isso, o ser humano
é “social-insociável”.
(Texto modificado de KONDER, Leandro. Ética. In: YUNES, Eliana & BINGEMER, M. Clara Lucchetti. Virtudes. Rio de Janeiro:
Ed. PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2001. pp. 86-87.)

a) Conservando o sentido original, reescreva a frase abaixo, atendendo ao início proposto em cada
item:

“Toda pessoa é um indivíduo singular, com desejos e interesses particulares, mas é também —
potencialmente — um representante da humanidade.”

I) Apesar de
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II) Embora

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III) As conjunções que iniciam os períodos construídos nos itens I e II estabelecem que relação de
sentido?
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b) Comente as mudanças estruturais e semânticas decorrentes do emprego das preposições nas frases
abaixo:
Consciência e responsabilidade são condições indispensáveis da vida ética.
Consciência e responsabilidade são condições indispensáveis à vida ética.

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5ª Questão: Produção de texto

SER INTELIGENTE SAIU DE MODA

“Nada mais brega do que bancar o inteligente”, afirmam, sem nenhuma vergonha, muitos
estudantes ingleses a seus boquiabertos professores. Diante do fato, alguns dos mais brilhantes
catedráticos decidiram se reunir na tentativa de explicar o fenômeno. Resultado? Se ainda não foi
banido pelos professores, o adjetivo clever (inteligente) está muito perto disso. Decidiu-se inclusive
que, daqui por diante, será preciso tomar cuidado antes de chamar de inteligentes os melhores alunos.
Porque, segundo uma pesquisa, são exatamente os melhores da turma os que mais correm risco de
cair na prática do bullying (assédio físico ou psicológico aos colegas) para tentar se livrar da pecha de
chatos. Os professores estão convencidos de que os estudantes, após serem definidos como
“inteligentes”, se sentem de algum modo marcados. E por isso reagem adversamente. Provas disso?

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Em numerosos casos, muitos deles se recusam inclusive a retirar os prêmios escolares que ganharam
por medo de serem ridicularizados pelos colegas.
Existe, no entanto, um outro aspecto mais sociológico, ligado ao desenvolvimento de uma
sociedade tipicamente consumista que se agarra aos “mitos” do espetáculo e das celebridades do
momento. Ou seja, não mais os grandes escritores e compositores, os cientistas e filósofos, não mais
os grandes empreendedores constituem os padrões de sucesso e de afirmação social a serem
perseguidos. A culpa deve ser atribuída, sobretudo, aos atuais modelos e cânones de celebridade que
contribuem para bloquear os jovens, afastando-os do sucesso acadêmico. Cita-se, por exemplo, um
self-made-man como Alan Sugar, popularmente conhecido como “Barão Sugar”, empresário britânico,
conhecidíssimo personagem da mídia e consultor político. Nascido de família humilde, ele é hoje dono
de uma fortuna estimada em US$ 1,2 bilhão. A exemplo de outros homens e mulheres de sucesso
contemporâneos, Sugar não costuma ler livros e gosta de se vangloriar das notas baixas que alcançou
na escola. Não menos deprimente foi o panorama desenhado por Ann Nuckley, administradora escolar
em Southwark, bairro no sul de Londres. Segundo ela, os estudantes preferem adotar como modelo
as celebridades do momento que transitam pelas revistas de fofoca social ou as que analisam nos
mínimos detalhes a gloriosa existência do último garotão que, da noite para o dia, saiu do anonimato
para a luz do estrelato graças a um papel na novela da televisão.

(Adaptado de: PELLEGRINI, L. “Ser inteligente saiu de moda”. Revista Planeta, ed. 47, p. 34-35, out. 2010.)

Com base na reportagem, redija um texto dissertativo-argumentativo, indicando as razões


dessa perigosa inversão de valores que caracteriza nosso momento histórico, no qual os grandes são
esquecidos e desprezados e os medíocres são elevados ao olimpo dos deuses de curta duração.

OBSERVAÇÕES: Não se esqueça do título. Lembre-se de que sua redação NÃO será corrigida se for
entregue a lápis.

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