Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2016
3ª PROVA PARCIAL DE PORTUGUÊS – QUESTÕES ABERTAS
Aluno(a): Nº
Orientações gerais:
1ª Questão:
Era conferente da Alfândega – mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora
de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos
avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação
exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.
Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao
íntimo, é claro). Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo.
Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira
de armário. Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de Dona Laurinha. Se ela também era um
objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que Dona Laurinha não procurava fugir a essa
simplificação, nem reparava; era, de fato, objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.
a) Por que, para o narrador, o fato de Santos ser conferente da Alfândega não tem importância?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
2ª Questão:
APELO
Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade,
não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma
semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.
Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a
pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor
deserto, e até o canário ficou mudo. Para não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os
amigos. Uma hora da noite eles se iam e eu ficava só, sem o perdão de sua presença e todas as
aflições do dia, como a última luz na varanda.
E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero na salada - o meu jeito de
querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas
murcham. Não tenho botão na camisa, calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolhas? Nenhum de
nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa,
Senhora, por favor.
(TREVISAN, Dalton. "II - Os Mistérios de Coritiba", In: OS DESASTRES DO AMOR - Rio de Janeiro, Civilização Brasileira,
1968)
b) Como pode ser justificado o emprego do segundo verbo do período no presente, enquanto o
primeiro apresenta-se no pretérito?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
c) Transcreva do primeiro parágrafo dois exemplos de advérbio e um exemplo de locução adverbial.
Em seguida, indique a circunstância estabelecida pelos exemplos extraídos do texto.
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
d) “Toda a casa era um corredor deserto, e até o canário ficou mudo.” Classifique a palavra em
destaque de acordo e identifique a relação semântica estabelecida no contexto em que está
inserida.
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
3ª Questão:
O ENTERRADO VIVO
(ANDRADE, Carlos Drummond de. OBRAS COMPLETAS. Rio de Janeiro, Aguilar, 1967, p. 81)
3ªPPA de Português/1º ano/Letícia Silva/Página 3
I - A palavra "sempre", no último verso do poema de Drummond, é repetida, porém manifestada em
classes gramaticais diferentes.
a) Quais são essas classes gramaticais?
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
II - Dadas as frases:
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
4ª Questão:
Ética
A palavra “ética” vem do grego ethos, tal como “moral” vem do latim mores.
Sintomaticamente, tanto ethos como mores significam costumes.
De acordo com essa significação original, as normas de conduta e a definição do que era certo
e do que era errado eram impostas aos indivíduos pela comunidade, e os indivíduos as aceitavam
(tendiam a concordar com o castigo, quando as infringiam).
Desse modo, podemos dizer que, num tempo muito antigo, os seres humanos já conheciam
valores. E podemos dizer mais: esses valores, embutidos nas normas de conduta, eram inculcados
nos indivíduos pelo grupo. A comunidade precedia a individualidade.
Posteriormente, quando se desenvolveu a atividade mercantil, o comércio exigia a ampliação
do espaço para a autonomia individual (o comerciante precisava de espaço para se deslocar para o
lugar certo na hora exata em que podia comprar barato e vender caro, a fim de ser bem sucedido,
por sua livre iniciativa pessoal).
Os indivíduos mais autônomos passaram a se defrontar com situações nas quais não podiam
se limitar a obedecer às normas pré-fixadas pela comunidade e essas normas começaram a perder o
vigor. Os indivíduos passaram a enfrentar o desafio de decidir por conta própria o que era certo e o
que era errado.
Por mais autônomos que se tornem, entretanto, os indivíduos não podem subsistir sozinhos,
precisam da sociedade para sobreviver ao nascer, para crescer, para assimilar uma linguagem. A
dimensão social nas pessoas é ineliminável.
Por isso, ao tentarem justificar suas escolhas, ao tentarem esclarecer os fundamentos de sua
preferência, ao tentarem hierarquizar seus valores, os indivíduos são levados a formular princípios
a) Conservando o sentido original, reescreva a frase abaixo, atendendo ao início proposto em cada
item:
“Toda pessoa é um indivíduo singular, com desejos e interesses particulares, mas é também —
potencialmente — um representante da humanidade.”
I) Apesar de
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
II) Embora
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
III) As conjunções que iniciam os períodos construídos nos itens I e II estabelecem que relação de
sentido?
________________________________________________________________________________
b) Comente as mudanças estruturais e semânticas decorrentes do emprego das preposições nas frases
abaixo:
Consciência e responsabilidade são condições indispensáveis da vida ética.
Consciência e responsabilidade são condições indispensáveis à vida ética.
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
“Nada mais brega do que bancar o inteligente”, afirmam, sem nenhuma vergonha, muitos
estudantes ingleses a seus boquiabertos professores. Diante do fato, alguns dos mais brilhantes
catedráticos decidiram se reunir na tentativa de explicar o fenômeno. Resultado? Se ainda não foi
banido pelos professores, o adjetivo clever (inteligente) está muito perto disso. Decidiu-se inclusive
que, daqui por diante, será preciso tomar cuidado antes de chamar de inteligentes os melhores alunos.
Porque, segundo uma pesquisa, são exatamente os melhores da turma os que mais correm risco de
cair na prática do bullying (assédio físico ou psicológico aos colegas) para tentar se livrar da pecha de
chatos. Os professores estão convencidos de que os estudantes, após serem definidos como
“inteligentes”, se sentem de algum modo marcados. E por isso reagem adversamente. Provas disso?
(Adaptado de: PELLEGRINI, L. “Ser inteligente saiu de moda”. Revista Planeta, ed. 47, p. 34-35, out. 2010.)
OBSERVAÇÕES: Não se esqueça do título. Lembre-se de que sua redação NÃO será corrigida se for
entregue a lápis.
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________