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o Faz parte do ciclo de aprendizagem no Anglo: aula dada, aula es-

anglo tudada; prova, diagnóstico.


Este trabalho, pioneiro, é mais que um gabarito: a resolução que
resolve segue cada questão reproduzida da prova constitui uma oportuni-
dade para se aprender a matéria, perceber um aspecto diferente,
rever um detalhe. Como uma aula.
Aula Aula É útil para o estudante analisar outros modos de resolver as ques-
Dada Estudada
tões que acertou e descobrir por que em alguns casos errou — por
Diagnós- Prova
simples desatenção, desconhecimento do tema, dificuldade de re-
tico lacionar os conhecimentos necessários para chegar à resposta.
Em resumo, deve ser usado sem moderação.

as provas Para os cursos de Administração (150 vagas) e Ciências Econômi-

do Insper cas (75 vagas) o vestibular do Insper é realizado num único dia,
com provas assim constituídas:
junho • Análise Verbal em Língua Portuguesa (AVLP): 30 questões obje-
tivas e Comunicação Escrita (CE) — 2 Redações no período da
2012 manhã das 8 às 12h, no período da tarde das 14 às 17h.
• Análise Quantitativa e Lógica (AQL): 35 questões objetivas.
São eliminados os candidatos que tenham:
• Redação anulada ou pontuação zero nas duas Redações ou
• zero de acertos na prova de Análise Verbal ou
• zero de acertos na prova de Análise Quantitativa e Lógica ou
• média final menor que 400 na escala de 200 a 1000.
A média final (MF) é calculada pela seguinte fórmula:
MF = 0,20CE + 0,30AVPL + 0,50AQL
A classificação final é feita por curso, separadamente.
Obs.: Na correção das questões objetivas, o INSPER utiliza a TRI
(Teoria da Resposta ao Item), que, além de apurar o número de
respostas corretas, considera também para cada questão (acer-
tada ou não):
• o grau de dificuldade;
• a probabilidade de acerto casual;
• o nível de discriminação.
A NÁLISE VER BAL
Utilize o texto abaixo para responder aos testes 1 a 5.
Quem ri por último ri Millôr
Eu tinha 15 anos, havia tomado bomba, era virgem e não via, diante da minha incompetência para com
o sexo oposto, a mais remota possibilidade de reverter a situação.
Em algum momento entre a oitava série e o primeiro colegial, todos os meus colegas haviam adotado
roupas diferentes, gírias, trejeitos ao falar e ao gesticular, mas eu continuava igual — era como se houvesse
faltado na aula em que os estilos foram distribuídos e estivesse condenado a viver para sempre numa espécie
de limbo social, feito de incertezas, celibato e moletom.
O mundo, antes um lugar com regras claras e uma razoável meritocracia, havia perdido o sentido: os bons
meninos não ganhavam uma coroa de louros — nem ao menos, vá lá, uma loura coroa —, era preciso acordar
às 6h15 para estudar química orgânica e os adultos ainda queriam me convencer de que aquela era a melhor
fase da vida.
Claro, observando-os, era óbvia a razão da nostalgia: seres de calças bege e pager no cinto, que gastavam
seus dias em papinhos de elevador, sem ambições maiores do que um carro novo, um requeijão com menos
colesterol, o nome na moldura de funcionário do mês e ingressos para o Holiday on Ice no fim de semana.
Em busca de algum consolo, me esforçava para bater o recorde jamaicano de consumo de maconha, mas,
em vez de ter abertas as portas da percepção — ou o que quer que fizesse com que meus amigos se divertissem
e passassem meia hora rachando o bico, sei lá, de um amendoim —, só via ainda mais escancaradas as portas
da minha inadequação. Foi então, meus caros, que eu vi a luz — e a luz veio na forma de um livro; “Trinta anos
de mim mesmo”, do Millôr Fernandes.
A primeira página que eu abri trazia um quadrado em branco, com a seguinte legenda: “Uma gaivota
branca, trepada sobre um iglu branco, em cima de um monte branco. No céu, nuvens brancas esvoaçam e à
direita aparecem duas árvores brancas com as flores brancas da primavera”. Logo adiante estava “O abridor
de latas”, “Pela primeira vez no Brasil um conto inteiramente em câmera lenta” — narrando um piquenique
de tartarugas que durava uns 1.500 anos. Mais pra frente, esta quadra: “Essa pressa leviana/ Demonstra o in-
competente/ Por que fazer o mundo em sete dias/ Se tinha a eternidade pela frente?”.
Lendo aquelas páginas, que reuniam o trabalho jornalístico do Millôr entre 1943 e 1973, compreendi que
não estava sozinho em meu estranhamento: a vida era mesmo absurda, mas a resposta mais lógica para a falta
de sentido não era o desespero, e sim o riso. Percebi, como se não bastasse, que se agregasse alguma graça
aos meus resmungos poderia fazer daquele incômodo uma profissão. Dos 19 anos até hoje, jamais paguei uma
conta de luz de outra forma.
Uma pena nunca ter conhecido o Millôr pessoalmente, não ter podido apertar sua mão e agradecer-lhe
por haver me sussurrado ao ouvido, quando eu mais precisava escutar, a única verdade que há debaixo do céu:
se Deus não existe, então tudo é divertido.
(Antonio Prata, Folha de S.Paulo, 04/04/2012)

Questão 1
Para homenagear Millôr Fernandes, falecido em março de 2012, Antonio Prata faz um relato pessoal que re-
vela a influência do escritor em sua vida. Levando em conta as informações apresentadas no texto, é correto
afirmar que o autor
a) considerava-se, quando adolescente, incompreendido por se julgar superior aos colegas de escola, cujos
interesses eram fúteis.
b) admite que sua experiência com drogas, aos 15 anos, foi uma forma de reagir contra a opressão que sofria
de sua família.
c) reconhecia a razão pela qual os adultos, a quem ele se refere como “seres de calça bege e pager no cinto”,
idealizavam a adolescência.
d) cria, no título, um trocadilho com o ditado popular para reforçar a ideia de que o humor representa a cura
para os males da sociedade.
e) conclui que sua busca pela felicidade somente se concretizou quando resolveu seus conflitos religiosos.

INSPER/2012 2 ANGLO VESTIBULARES


Resolução
É possível inferir do texto que, para o enunciador, os adultos idealizavam a adolescência ao considerá-la a
melhor fase da vida. Isso fica evidente quando se propõe que esses adultos eram nostálgicos com relação a ela,
sem reconhecer que ser adolescente implicava viver em um mundo que havia “perdido o sentido”, no qual
desaparecera a “meritocracia” e com atividades para ele desestimulantes, tais como “acordar às 6h15 para
estudar química orgânica”. O enunciador entende que eles a idealizassem, uma vez que, destituídos de gran-
des ambições, viviam cercados de preocupações fúteis: “seres de calça bege e pager no cinto, que gastavam
seus dias em papinhos de elevador, sem ambições maiores do que um carro novo, um requeijão com menos
colesterol, o nome na moldura de funcionário do mês e ingressos para o Holiday on Ice no fim de semana”.
Resposta: c

Questão 2
Em “condenado a viver para sempre numa espécie de limbo social, feito de incertezas, celibato e moletom”,
o autor recorre a uma construção para produzir efeito de humor, explicada adequadamente na alternativa:
a) Trata-se da ambiguidade intencional, através da dupla possibilidade de interpretação do substantivo “ce-
libato”.
b) Fazendo uma comparação subentendida entre dois elementos que não pertencem à mesma categoria —
relacionamento interpessoal e religiosidade —, o autor recorre a uma metáfora.
c) O período apresenta como estratégia textual o emprego do anacoluto para produzir uma ruptura de na-
tureza sintática.
d) O autor explora efeitos estéticos a partir da enumeração que une palavras de universos diferentes (subs-
tantivos abstratos seguidos de um concreto), produzindo a quebra do paralelismo semântico.
e) O jogo de palavras é feito por meio da atenuação de pensamento, para significar mais do que o que se diz
e sugeri-lo assim mais intensamente.

Resolução
Com efeito, há no trecho quebra do paralelismo semântico, uma vez que à enumeração dos substantivos
abstratos “incertezas” e “celibato”, segue-se o inesperado substantivo concreto “moletom”. Além de surpre-
ender o leitor, essa quebra sugere a associação entre âmbitos díspares da existência.
Resposta: d

Questão 3
Embora se utilize de um registro linguístico coloquial na passagem “se divertissem e passassem meia hora ra-
chando o bico”, o cronista estabelece, no termo destacado, a concordância nominal de acordo com as regras
gramaticais. Assinale a alternativa em que o uso da palavra “meia” ou ”meio” NÃO está de acordo com a
norma culta da língua.
a) É meio-dia e meia.
b) Eu estou meia cansada.
c) As frutas estão meio caras.
d) Acolheu-me com palavras meio ríspidas.
e) Não me venha com meias palavras.

Resolução
Na frase “Eu estou meia cansada”, “meia” não deveria concordar com “cansada”, pois desempenha a função
de advérbio, em que significa “algo, um tanto, um pouco”, e é, portanto, invariável. Ao adequar a frase à
norma culta, teríamos: “Eu estou meio cansada”.
Resposta: b

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Questão 4
Na passagem “… os bons meninos não ganhavam uma coroa de louros — nem ao menos, vá lá, uma loura
coroa…”, o autor faz um jogo de palavras, cujo sentido está mais bem explicado em:
a) Os adjetivos “louros” e “loura”, no contexto em que foram empregados, apresentam os mesmos sentidos,
sofrendo apenas variação na flexão de gênero e de número.
b) A escolha do substantivo “coroa”, nas duas ocorrências do texto, deve-se ao fato de que o cronista preten-
de assinalar um registro formal da linguagem.
c) A locução adjetiva “de louros” e o substantivo “loura” foram empregados pelo autor com a finalidade de
criar uma antítese.
d) A palavra “coroa” é um substantivo, mas em cada ocorrência exerce uma diferente função sintática: objeto
indireto e adjunto adnominal, respectivamente.
e) Os termos “louros” e “loura” têm semelhanças gráficas e sonoras e, apesar de parecerem ser o masculino
e o feminino da mesma palavra, apresentam significações diferentes.

Resolução
Os termos “louros” e “loura” apresentam semelhanças de escrita e sonoridade; mas, no contexto, não são a
mesma palavra flexionada em gênero e número diferentes. O substantivo “louros” significa “folhas do lourei-
ro”, já o adjetivo “loura” significa “que tem a cor entre o dourado e o castanho-claro”.
Resposta: e

Questão 5
Releia este excerto:
“Foi então, meus caros, que eu vi a luz — e a luz veio na forma de um livro”
Nas duas ocorrências, o “a” não recebe acento grave, indicador de crase. Isso ocorre porque
a) há uma falha gramatical: sempre há crase em locuções adverbiais femininas como “à luz”.
b) se trata de um caso de crase facultativa: a junção de preposição com artigo é uma opção estilística.
c) nunca se emprega acento indicador de crase no “a” diante de palavras masculinas.
d) o novo acordo ortográfico em vigor aboliu acentos como trema e acento grave.
e) os termos regentes associados ao substantivo “luz” rejeitam a presença de preposição.

Resolução
Em “eu vi a luz”, o verbo “ver” é transitivo direto, não exige preposição. Em “a luz veio na forma de um livro”,
o termo “a luz” é sujeito e, nessa condição, segundo a norma culta, não pode ser regido por preposição.
Nota: A bem da verdade, o que vem exposto na alternativa e é válido para o a que vem após o verbo ver; na
expressão “a luz veio”, a rigor, não se pode dizer que exista um termo regente que rejeita a preposição. A luz
é o sujeito da frase e sujeito não vem precedido de termo regente.
Com certeza é essa a alternativa que, apesar disso, a banca examinadora julga correta: as outras são absurdas.
Resposta: e

Utilize a tirinha abaixo para responder ao teste 6.

QUEM
CHEGOU?
O SUJEITO
INDETERMINADO!

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Questão 6
A tirinha de Jean Galvão faz referência a um assunto muito recorrente nas aulas de Português. A respeito da
identificação e classificação do sujeito, conforme prescreve a norma gramatical, é INCORRETO afirmar que
a) no 1o quadrinho, o “se” empregado nos três períodos escritos na lousa (“Precisa-se de empregados”, “As-
siste-se a bons filmes” e “Vende-se casas”) exemplifica a ocorrência de índice de indeterminação do sujeito
nos dois primeiros e partícula apassivadora no último.
b) o período “Vende-se casas”, no 1o quadrinho, está riscado porque contém um erro de concordância verbal:
o verbo transitivo direto “vender” deveria ser flexionado no plural para concordar com o sujeito paciente
“casas”.
c) nas três ocorrências, presentes nos períodos escritos na lousa, o “se” exerce a função sintática de índice de
indeterminação do sujeito, e, para estabelecerem a concordância verbal de acordo com a norma culta, os
verbos devem permanecer no singular.
d) no contexto da tira, o adjetivo “indeterminado” pode ser associado a um sentido genérico, não ao critério
gramatical, porque apenas qualifica como se sente a personagem (o sujeito), após um dia exaustivo na
escola.
e) se, no último quadrinho, o garoto analisasse sintaticamente a frase proferida pela mãe, conforme a norma
gramatical, ele responderia assim: “sujeito simples, quem”.

Resolução
Na frase riscada, o pronome “se” está empregado como partícula apassivadora. O verbo, portanto, deveria
estar no plural para concordar o termo “casas”, que é o seu sujeito paciente.
Resposta: c

Utilize o texto abaixo para responder ao teste 7.


De Binóculo
Abaixando o copázio
empunhando o espadim
levantando o corpanzil
indiferente ao poviléu
o homenzarrão abriu a bocarra
fitando admirado
a naviarra do capitorra
(Carlos Saldanha, In: 26 poetas hoje, RJ: Aeroplano, 2001)

Questão 7
A partir da associação de texto e contexto, a alternativa que melhor explica o título do poema é:
a) Todos os verbos presentes nos versos estão no gerúndio para criar a sensação de prolongamento e dilata-
ção, características do instrumento mencionado no título.
b) A presença de aumentativos é um recurso que procura simular o efeito das imagens veiculadas por meio
das lentes de um binóculo.
c) A legitimação poética traz um efeito paradoxal, já que o binóculo se opõe à constante presença de subs-
tantivos no diminutivo.
d) Os versos desse poema valorizam um padrão linguístico erudito que amplifica a arte poética, metaforica-
mente representada pelo instrumento óptico.
e) A flexão dos substantivos sugere um procedimento antitético promovido pelo jogo equilibrado de oposi-
ções entre o aumentativo e o diminutivo, como se o poeta buscasse o foco em um binóculo.

Resolução
A presença de diversos substantivos no aumentativo — copázio (copo), corpanzil (corpo), homenzarrão (ho-
mem), bocarra (boca), naviarra (navio) — e o título permitem que se infira que esses objetos foram vistos com
o emprego de um binóculo a pouca distância dos olhos, o que causa distorção no seu tamanho. Embora haja
no texto os diminutivos espadim (espada) e poviléu (povo), sua presença nem é constante nem está em equi-
líbrio com a dos aumentativos.
Resposta: b

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Utilize o texto abaixo para responder aos testes 8 e 9.
Quem nunca fotoxopou?
FALA-SE HOJE em Facebook, Google e iPhone com a mesma combinação de fascínio e terror que um dia já se
falou de Motorola e Nokia. Tudo se move rápido demais no mundo digital, e são poucas as empresas que con-
seguem permanecer competitivas ao longo dos anos. Apesar de o Vale do Silício ter aquele ar hollywoodiano
de terra de oportunidades, contam-se nos dedos empresas longevas como uma Adobe, uma Dell, uma Amazon.
Por ter grande mobilidade, a concentração de poder e influência no mundo digital surge tão rápido quanto
desaparece, a ponto de ser cada vez mais difícil encontrar quem fique na liderança por uma mísera década.
Na virada do século não havia Friendster, Myspace nem Orkut, o grande buscador era o Yahoo!, seguido pelo
Lycos. E a internet móvel estava a cargo de empresas inovadoras como Palm e Kyocera.
O usuário de produtos digitais é cada vez mais volúvel e pragmático. Novos produtos e serviços podem até
seduzi-lo com propaganda, design e preço. Mas a relação dificilmente será mantida se a marca não se renovar
com a velocidade esperada, pouco importa sua fatia de mercado. Kodak e Sony que o digam. Mesmo que ainda
sejam gigantescas, já não têm o apelo de outrora.
A melhor lição de empresas bem-sucedidas em relacionamentos de longo prazo é a do bom e velho Photoshop,
vendendo saúde em seus 22 anos de idade e 12 plásticas (oops, versões). Como o Google, ele é sinônimo de
categoria e verbo. Mas também é adjetivo, substantivo, pejorativo e indicativo de retoques fotográficos, men-
cionado com familiaridade até por quem não faça ideia de como ele funciona. Ao contrário do AutoCAD, que
é oito anos mais velho, mas desconhecido fora de seu nicho, o Photoshop é unanimidade.
(Folha de S.Paulo, 26/03/2012.)

Questão 8
Segundo o texto, o que determina a longevidade e a sobrevivência de um negócio ou empresa, no mundo atual, é
a) a flexibilidade de adaptação do produto aos anseios do cliente.
b) a concentração de poder que fideliza o cliente fascinado pela grife.
c) o investimento na atuação da empresa em um nicho específico.
d) o modelo de gestão dogmática que investe na propaganda.
e) a familiaridade do cliente com o funcionamento dos produtos.

Resolução
O texto afirma que “O usuário de produtos digitais é cada vez mais volúvel e pragmático”, ou seja, suas ne-
cessidades variam cada vez mais. É necessário, portanto, uma empresa flexível para atender a essas variações.
Resposta: a

Questão 9
Quanto às variações exploradas a partir do termo ”Photoshop“, é correto afirmar que
a) o neologismo do título foi formado pelo mesmo processo que o termo ”design“, presente no texto.
b) como adjetivo, o valor depreciativo do termo “fotoxopado” decorre exclusivamente do sufixo “-ado” agre-
gado ao radical.
c) as palavras formadas a partir do estrangeirismo “photoshop” constituem jargões restritos à área de infor-
mática.
d) a grafia abrasileirada de “fotoxopou”, diferentemente de “hollywoodiano”, no 1o parágrafo, é uma prova
de que o software se popularizou no mundo.
e) apesar de não ter sido mencionado no texto, também seria possível transformar “Photoshop” em advérbio
de modo: “fotoxopalmente”.

Resolução
No neologismo proposto, ocorrem duas sufixações. Do substantivo “fotoxop”, forma-se o adjetivo “fotoxo-
pal” por meio do sufixo “-al”. Desse adjetivo, por sua vez, forma-se o advérbio “fotoxopalmente” por meio
do sufixo “-mente”.
Nota: Na alternativa d, não é correta a inferência de que a grafia abrasileirada é prova de que o “software”
se popularizou no mundo. O Português não é um idioma de extensão internacional.
Resposta: e

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Questão 10
Recentemente, diversos jornais divulgaram a notícia de que o Ministério Público Federal entrou com uma ação
judicial para retirar de circulação o dicionário Houaiss, alegando que a obra contém ”referências preconceituo-
sas“ e ”racistas“ contra ciganos. Sobre essa medida, o jornalista Sérgio Rodrigues escreveu no Blog da revista
Veja:
Supor que dicionários inventem os sentidos das palavras, em vez de simplesmente registrar com o maior rigor
possível os usos decididos coletivamente por uma comunidade de falantes ao longo de sua história, é uma
crença obscurantista e autoritária. Sua origem deve ser buscada no cruzamento entre a velha ignorância e
uma doença intelectual mais recente: a ilusão politicamente correta de que, para consertar as injustiças do
mundo, basta submeter a linguagem à censura prévia.
A ação partiu de Uberlândia, no Triângulo Mineiro (…) Não deve ficar nisso. O Brasil é um país vasto, e, como
se sabe, tem poucos problemas verdadeiros, o que deixa ao MPF tempo de sobra para garimpar outros verbe-
tes insultuosos no melhor, mais completo e mais rigoroso dicionário da língua portuguesa.
(http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/curiosidades-etimologicas/ciganos-x-houaiss-depois-virao-judeus-baianos-japoneses/)

Quanto ao processo judicial envolvendo o verbete “cigano” no dicionário, o blogueiro expressa uma reação
irônica no trecho
a) “em vez de simplesmente registrar com o maior rigor possível os usos decididos coletivamente por uma
comunidade”
b) “Sua origem deve ser buscada no cruzamento entre a velha ignorância e uma doença intelectual”
c) “para consertar as injustiças do mundo, basta submeter a linguagem à censura prévia”
d) “O Brasil é um país vasto, e, como se sabe, tem poucos problemas verdadeiros”
e) “no melhor, mais completo e mais rigoroso dicionário da língua portuguesa”

Resolução
A ironia pode ser definida como uma figura de linguagem em que se explora intencionalmente uma contradi-
ção entre o sentido explícito e o implícito. Na passagem “O Brasil é um país vasto, e, como se sabe, tem poucos
problemas verdadeiros”, percebe-se com clareza esse paradoxo: o jornalista afirma explicitamente que o país
padece de poucos problemas reais para ressaltar justamente o contrário. A grande quantidade de problemas a
reclamar uma solução reforça o absurdo da ação proposta pelo MPF: em vez de se envolver na superação dos
dramas sociais do país, o Ministério Público se dedica a reviver a finada censura prévia.
Resposta: d

Utilize o texto abaixo para responder ao teste 11.


Da fala ao grunhido
Outro dia, ouvi um professor de português afirmar que, em matéria de idioma, não existe certo nem errado,
ou seja, tudo está certo. Tanto faz dizer ”nós vamos“ como ”nós vai“.
Ouço isso e penso: que sujeito bacana, tão modesto que é capaz de sugerir que seu saber de nada vale.
Mas logo me indago: será que ele pensa isso mesmo ou está posando de bacana, de avançadinho? (...)
A conclusão inevitável é que o professor deveria mudar de profissão porque, se acredita que as regras não
valem, não há o que ensinar.
Mas esse vale-tudo é só no campo do idioma, não se adota nos demais campos do conhecimento. Não vejo um
professor de medicina afirmando que a tuberculose não é doença, mas um modo diferente de saúde, e que o
melhor para o pulmão é fumar charutos.
É verdade que ninguém morre por falar errado, mas, certamente, dizendo ”nós vai“ e desconhecendo as nor-
mas da língua, nunca entrará para a universidade, como entrou o nosso professor.
(Ferreira Gullar, Folha de S.Paulo, 25/03/2012)

Questão 11
Ao se manifestar quanto ao que seja “correto” ou “incorreto” no uso da língua portuguesa, o autor
a) mostra que inexistem critérios para definir graus de superioridade entre linguagens.
b) defende que as aulas de Português sejam abolidas nas escolas.
c) compara a normatividade das gramáticas à objetividade da ciência.
d) julga igualmente válidas todas as variedades da língua portuguesa.
e) ironiza pessoas que corrigem formas condenáveis de linguagem.

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Resolução
Ao afirmar que “esse vale-tudo é só no campo do idioma, não se adota nos demais campos do conhecimento”,
o articulista estabelece uma oposição entre o rigor e a objetividade presentes no meio das ciências e o exage-
rado relativismo que tem se manifestado nas reflexões de alguns gramáticos.
Resposta: c

Utilize o texto abaixo para responder ao teste 12.


Com mais de 50 anos de escrevinhação nas costas, descobri algumas ideias que muita gente faz da vida de um
escritor. Por exemplo, tem quem ache que os escritores, notadamente entre eles mesmos, só falam difícil, uma
proparoxítona para abrir, uma mesóclise para dar classe e um tetrassílabo para arrematar.
“Em teu parecer, meu impertérrito amigo”, perguntaria eu ao Rubem Fonseca, durante nosso almoço perió-
dico, “abater-se-á hoje, sobre a nossa urbe, uma formidanda intempérie?” Ao que o Zé Rubem reagiria com
uma anástrofe, um mais-que-perfeito fazendo as vezes do imperfeito do subjuntivo e uma aliteração final
show de bola, coisa de craque mesmo. “Augure do tempo fora eu, pressagiá-lo-ia libentissimamente”, respon-
deria ele. “Todavia, de tal não me trato.” E assim iríamos almoço afora, discutindo elevadíssimos assuntos, em
linguagem só compreensível por indivíduos especiais.
(João Ubaldo Ribeiro, O Estado de S. Paulo, 03/07/2011)

Questão 12
Ao comentar a suposta sofisticação presente nas falas dos escritores, João Ubaldo Ribeiro faz menção a vários
fenômenos de linguagem. A respeito deles, está correto o que se afirma em:
a) Os tetrassílabos ocorrem quando as palavras contêm um grupo de duas letras que representam um único
fonema.
b) A mesóclise, exemplificada em formas como “abater-se-á”, é uma construção que determina a colocação
do pronome em relação ao verbo.
c) A anástrofe consiste em estabelecer a concordância ideológica, isto é, de acordo com a ideia e não com as
palavras que efetivamente aparecem na oração.
d) O pretérito mais-que-perfeito e o imperfeito do subjuntivo expressam um processo verbal indicativo de
exortação e advertência.
e) A aliteração, empregada pelo autor em “libentissimamente”, exprime o auge da intensificação de uma
qualidade.

Resolução
De fato, a mesóclise, exemplificada em “abater-se-á”, é uma das colocações possíveis do pronome oblíquo
átono em relação ao verbo. O pronome pode estar anteposto ao verbo (próclise), posposto ao verbo (ênclise),
ou então pode estar incrustado no verbo, tal como ocorre no exemplo.
Resposta: b

Utilize os textos a seguir para responder ao teste 13.


Texto I
O texto na era digital
Para além do internetês, a internet está mudando a maneira como lemos e escrevemos
Com cada vez mais usuários — o acesso à rede no Brasil aumentou 35% entre 2008 e 2009 — a internet está
criando novos hábitos de comunicação entre as pessoas, que acabam se adaptando às facilidades da nova
tecnologia. (…)
O que já havia sido deflagrado nos anos 90 pela comunicação via e-mail, mensageiros eletrônicos e pela cul-
tura escrita dos blogs, as redes sociais elevaram à enésima potência ao garantir interatividade e visibilidade às
pessoas em torno de interesses em comum. (…)
Para além dos modismos que nascem e morrem na grande rede mundial de computadores, o advento do
microblog Twitter extrapolou essa esfera para cair na boca de grandes homens de letras, muitas vezes aves-
sos a novidades tecnológicas, como o escritor José Saramago, que chegou a declarar: “Os tais 140 caracteres
reflectem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau
em degrau, vamos descendo até o grunhido”. (…)

INSPER/2012 8 ANGLO VESTIBULARES


Embora não se possa afirmar categoricamente que a internet favoreceu o desenvolvimento de uma “cultura
letrada”, com ênfase em informações profundas e relevantes, ela reforçou o peso da palavra escrita no co-
tidiano das pessoas. Mais do que gírias e jargões, como o famigerado “internetês”, as transformações pelas
quais passam a escrita e a leitura estão por ser dimensionadas.
(http://revistalingua.uol.com.br/textos/64/artigo249031-1.asp)

Texto II

SIM!
ELE ACABOU DE
APRENDER SUA
OIEEEE PRIMEIRA
VOCÊ É TÃO HASHTAG
ELE JÁ USA
ENGRAÇADIIIINHO O
TWITTER?
#MULHERESTRANHA

(Adaptado. http://ptwitter.blogspot.com.br/2009/06/o-que-e-hashtag-do-twitter.html)

Questão 13
Os Textos I e II abordam a questão da linguagem nos meios digitais. A partir de sua leitura, infere-se que
a) Em ambos os textos, há evidências de que a navegação na internet limita a disseminação do saber.
b) O Texto I defende que as inovações tecnológicas produziram uma torrente de informações tão grande que
tornaram a escrita banal e empobrecedora.
c) Tanto o Texto I quanto o Texto II revelam que o acesso à rede está interferindo na capacidade de leitura de
crianças e adolescentes.
d) O Texto II apresenta marcas específicas da linguagem do Twitter que limitam a compreensão da tira em
leitores que não são usuários do microblog.
e) O Texto I demonstra que o internetês produziu impactos na comunicação escrita, enquanto que o Texto II
nega esse fato.

Resolução
O sinal “hashtag” (#), de largo emprego no Twitter, não faz parte do código linguístico padrão, por isso não
é facilmente decodificado por aqueles que não são usuários do microblog. O seu emprego na tira, portanto,
pode dificultar a compreensão desses leitores.
Resposta: d

Questão 14
Para divulgar a oferta de um plano de ligações ilimitadas, uma operadora de telefonia móvel apresentou, em
seu anúncio publicitário, a seguinte frase:

INSPER/2012 9 ANGLO VESTIBULARES


Dentre as opções a seguir, a melhor substituição, no anúncio, para ”ASPAS“ é
a) trapaças.
b) cobranças.
c) frescuras.
d) burocracia.
e) limite.

Resolução
Entre os diversos empregos das aspas, um dos mais relevantes é a indicação de que certa palavra ou constru-
ção não deve ser interpretada em sentido estrito ou literal. Em uma oferta de serviço ou em um contrato, a
presença das aspas pode dar margem a que alguma cláusula seja interpretada de modo distinto pela empresa
fornecedora do serviço e pelo consumidor, induzindo-o ao erro ou frustrando a sua expectativa. Nesse caso,
o cliente se sentiria trapaceado. Por isso, a promessa contida no anúncio publicitário (“sem aspas”) deve ser
entendida como uma promessa de clareza e precisão na redação do contrato, evitando-se qualquer possibili-
dade de mal entendido ou trapaça.
Resposta: a

Utilize o texto abaixo para responder aos testes 15 a 18.


A lógica do humor
Piada racista termina com polícia em casa de shows. É engraçado gozar de minorias? Até onde se pode chegar
para fazer os outros rirem? Aliás, do que rimos?
De um modo geral, achamos graça quando percebemos um choque entre dois códigos de regras ou de contex-
tos, todos consistentes, mas incompatíveis entre si. Um exemplo: ”O masoquista é a pessoa que gosta de um
banho frio pelas manhãs e, por isso, toma uma ducha quente“.
Cometo agora a heresia de explicar a piada. Aqui, o fato de o sujeito da anedota ser um masoquista subverte
a lógica normal: ele faz o contrário do que gosta, porque gosta de sofrer. É claro que a lógica normal não
coexiste com seu reverso, daí a graça da pilhéria. Uma variante no mesmo padrão é: ”O sádico é a pessoa que
é gentil com o masoquista“.
Essa ”gramática“ dá conta da estrutura intelectual das piadas, mas há também dinâmicas emocionais.
Kant, na ”Crítica do Juízo“, diz que o riso é o resultado da ”súbita transformação de uma expectativa tensa
em nada“. Rimos porque nos sentimos aliviados. Torna-se plausível rir de desgraças alheias. Em alemão, há
até uma palavra para isso: ”Schadenfreude“, que é o sentimento de alegria provocado pelo sofrimento de
terceiros. Não necessariamente estamos felizes pelo infortúnio do outro, mas sentimo-nos aliviados com o fato
de não sermos nós a vítima.
Mais ou menos na mesma linha vai o filósofo francês Henri Bergson. Em ”O Riso“, ele observa que muitas pia-
das exigem ”uma anestesia momentânea do coração“. Ou seja, pelo menos as partes mais primitivas de nosso
eu acham graça em troçar dos outros. Daí os inevitáveis choques entre humor e adequação social.
Como não podemos dispensar o riso nem o combate à discriminação, o conflito é inevitável. Resta torcer para
que seja autolimitado. Não deixaremos de rir de piadas racistas, mas não podemos esquecer que elas colocam
um problema moral.
(Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo, 16/03/2012)

Questão 15
O primeiro parágrafo apresenta uma das formas clássicas de introdução de um texto de caráter argumen-
tativo, porque contém resumidamente elementos essenciais ao desenvolvimento das ideias do autor. Esses
elementos, presentes em “A lógica do humor”, podem ser definidos como:
a) declaração de natureza subjetiva — enumeração de subtemas.
b) registro de testemunho histórico — exemplificação do problema.
c) uso de perguntas retóricas — emprego de contra-argumentação.
d) afirmação da autoridade do enunciador — apresentação do problema.
e) relato de fato notório — delimitação do tema por meio de questionamentos.

INSPER/2012 10 ANGLO VESTIBULARES


Resolução
No primeiro parágrafo, o enunciador relata um dado tido por ele como notório: Piada racista termina com
polícia em casa de shows.
Em seguida, sob a forma de interrogação o enunciador delimita três aspectos do tema que abordará no decor-
rer do texto: o humor referente às minorias, o limite moral para o humor e as origens do riso.
Resposta: e

Questão 16
Considere a definição feita a seguir.
“Em suma: toda declaração (ou juízo) que expresse opinião pessoal ou pretenda estabelecer a verdade só terá
validade se devidamente demonstrada, isto é, se apoiada ou fundamentada na evidência dos fatos, quer dizer,
se acompanhada de prova.”
(GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: FGV, 1999.)

Dos trechos a seguir, aquele que pode ser interpretado como prova de uma declaração feita no texto de Hélio
Schwartsman, tornando-a válida, é
a) “… achamos graça quando percebemos um choque entre dois códigos de regras ou de contextos, todos
consistentes, mas incompatíveis entre si”.
b) “Em alemão, há até uma palavra para isso: ‘Schadenfreude’, que é o sentimento de alegria provocado pelo
sofrimento de terceiros”.
c) “Não necessariamente estamos felizes pelo infortúnio do outro, mas sentimo-nos aliviados com o fato de
não sermos nós a vítima”.
d) “Ou seja, pelo menos as partes mais primitivas de nosso eu acham graça em troçar dos outros”.
e) “Não deixaremos de rir de piadas racistas, mas não podemos esquecer que elas colocam um problema moral”.

Resolução
O enunciador afirma que “rimos porque nos sentimos aliviados”. Essa declaração, para ter eficácia argumen-
tativa, com poder de convencimento do leitor, é acompanhada de uma “prova”: o exemplo de um conceito
expresso em alemão, cuja definição remete à ideia de que rimos das desgraças alheias porque o riso produz
alívio. Considerando a palavra como fato cultural que indica avaliações sociais, servindo pois como um modo
de compartimentação da realidade, sua existência demonstra a declaração do autor.
Resposta: b

Questão 17
O período “Como não podemos dispensar o riso nem o combate à discriminação, o conflito é inevitável.”, está
adequadamente parafraseado em
a) Outrossim, o conflito é inevitável; não podemos dispensar o riso nem o combate à discriminação.
b) O conflito, no entanto, é inevitável, não podendo dispensar o riso nem o combate à discriminação.
c) Conquanto não possamos dispensar o riso nem o combate à discriminação, o conflito é inevitável.
d) A menos que não possamos dispensar o riso nem o combate à discriminação, o conflito será inevitável.
e) O conflito é inevitável, porquanto não podemos dispensar o riso nem o combate à discriminação.

Resolução
A relação expressa entre a oração “Como não podemos dispensar o riso” (subordinada adverbial causal) e “o
conflito é inevitável” (oração principal) é de causa-efeito. A conjunção “como”, com valor de “porque”, foi
substituída pelo conectivo “porquanto”, que mantém a mesma relação de sentido entre as orações.
Resposta: e

INSPER/2012 11 ANGLO VESTIBULARES



Questão 18
No contexto em que ocorre, a palavra destacada em “É claro que a lógica normal não coexiste com seu rever-
so, daí a graça da pilhéria” significa
a) chiste
b) desgraça
c) tolice
d) disparate
e) padecimento

Resolução
No contexto, “pilhéria” significa “fazer troçar de alguém”, “tirar sarro”. A única palavra que traduz esse sen-
tido é “chiste”.
Resposta: a

Utilize o texto abaixo para responder ao teste 19.


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria, e, enfim,
converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto,
que não se muda já como soía*.
(Luís Vaz de Camões)
* soía: Imperfeito do indicativo do verbo soer, que significa costumar, ser de costume

Questão 19
Assinale a alternativa em que se analisa corretamente o sentido dos versos de Camões.
a) O foco temático do soneto está relacionado à instabilidade do ser humano, eternamente insatisfeito com
as suas condições de vida e com a inevitabilidade da morte.
b) Pode-se inferir, a partir da leitura dos dois tercetos, que, com o passar do tempo, a recusa da instabilidade
se torna maior, graças à sabedoria e à experiência adquiridas.
c) Ao tratar de mudanças e da passagem do tempo, o soneto expressa a ideia de circularidade, já que ele se
baseia no postulado da imutabilidade.
d) Na segunda estrofe, o eu lírico vê com pessimismo as mudanças que se operam no mundo, porque constata
que elas são geradoras de um mal cuja dor não pode ser superada.
e) As duas últimas estrofes autorizam concluir que a ideia de que nada é permanente não passa de uma ilu-
são.

Resolução
Para o eu lírico, as mudanças têm como desdobramento o mal ou o bem. Ambos são geradores de sofrimento:
o primeiro produz mágoas e o segundo, saudades.
Resposta: d

INSPER/2012 12 ANGLO VESTIBULARES


Utilize o texto abaixo para responder ao teste 20.
Para fazer um poema dadaísta
Pegue num jornal.
Pegue numa tesoura.
Escolha no jornal um artigo com o comprimento que pretende dar ao seu poema.
Recorte o artigo.
Em seguida, recorte cuidadosamente as palavras que compõem o artigo e coloque-as num saco.
Agite suavemente.
Depois, retire os recortes uns a seguir aos outros.
Transcreva-os escrupulosamente pela ordem que eles saíram do saco.
O poema parecer-se-á consigo.
E você será um escritor infinitamente original, de uma encantadora sensibilidade, ainda que
incompreendido pelas pessoas vulgares.
(Tristan Tzara)

Questão 20
A metalinguagem, presente no poema de Tristan Tzara, também é encontrada de modo mais evidente em:
a) Receita de Herói
Tome-se um homem feito de nada
Como nós em tamanho natural
Embeba-se-lhe a carne
Lentamente
De uma certeza aguda, irracional
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois perto do fim
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim
Serve-se morto.
FERREIRA, Reinaldo. Receita de Herói. In: GERALDI, João Wanderley. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991, p. 185.

b) girafas africanas
como meus avós
quem me dera
ver o mundo
tão do alto
quanto vós
Paulo Leminski

c)

HORA
DA
DIETA

DROGA

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INSPER/2012 13 ANGLO VESTIBULARES


d)

e)

No futuro, redes de transporte


pensarão por conta própria.

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às necessidades de deslocamento das pessoas. Por isso, o
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inteligentes ao redor do mundo. Um mundo novo está
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Resolução
No poema do dadaísta Tzara, predomina a função metalinguística, na qual o código reflete sobre o próprio
código, a linguagem debruça-se sobre si mesma. No caso, o poeta escreve sobre o próprio ato de escrever: o
poema é escrito para explicar como se escreve um poema. Na tirinha, a linha que separa os quadrinhos, de-
limitando o espaço narrativo, é o objeto central da “história”. Como ela é um de seus elementos estruturais,
constitutivo do código visual, também é predominante aqui a função metalinguística: a distensão da linha,
sugerindo o aumento de peso do gato, mostra o código em primeiro plano, em destaque.
Resposta: c

Utilize o texto a seguir para responder aos testes 21 e 22.


Ele se encontrava sobre a estreita marquise do 18o andar. Tinha pulado ali a fim de limpar pelo lado externo
as vidraças das salas vazias do conjunto 1801/5, a serem ocupadas em breve por uma firma de engenharia. Ele
era um empregado recém-contratado da Panamericana — Serviços Gerais. O fato de haver se sentado à beira
da marquise, com as pernas balançando no espaço, se devera simplesmente a uma pausa para fumar a metade
de cigarro que trouxera no bolso. Ele não queria dispensar este prazer, misturando-o com o trabalho.
Quando viu o ajuntamento de pessoas lá embaixo, apontando mais ou menos em sua direção, não lhe passou
pela cabeça que pudesse ser ele o centro das atenções. Não estava habituado a ser este centro e olhou para
baixo e para cima e até para trás, a janela às suas costas.
Talvez pudesse haver um princípio de incêndio ou algum andaime em perigo ou alguém prestes a pular.

INSPER/2012 14 ANGLO VESTIBULARES


Não havia nada identificável à vista e ele, através de operações bastante lógicas, chegou à conclusão de que
o único suicida em potencial era ele próprio. Não que já houvesse se cristalizado em sua mente, algum dia,
tal desejo, embora como todo mundo, de vez em quando… E digamos que a pouca importância que dava a
si próprio não permitia que aflorasse seriamente em seu campo de decisões a possibilidade de um gesto tão
grandiloquente. E que o instinto cego de sobrevivência levava uma vantagem de uns quarenta por cento
sobre seu instinto de morte, tanto é que ele viera levando a vida até aquele preciso momento sob as mais
adversas condições.
(In: MORICONI, Ítalo (org.). Os cem melhores contos brasileiros do século. R. Janeiro: Objetiva, 2000)

Questão 21
O texto é abertura do conto ”Um discurso sobre o método“, de Sérgio Sant’Anna. A partir da análise dos
elementos narrativos, assinale V (verdadeiro) ou F (falso) para as afirmações que tratam do conflito da perso-
nagem principal.
( ) Por rotineiramente se considerar relegado a um segundo plano, o protagonista procurou encontrar,
perto de si, algum perigo que explicasse o que chamava a atenção do agrupamento de pessoas.
( ) Ao notar a multidão que apontava em sua direção, o homem sentado sobre a marquise do prédio passou
a refletir acerca das condições adversas de vida do ser humano.
( ) O protagonista admite que o suicídio é uma atitude nobre que ele, um trabalhador humilde e insignifi-
cante, seria incapaz de pensar algum dia.
A sequência correta é:
a) V, F, V.
b) V, V, F.
c) V, F, F.
d) F, V, F.
e) F, F, V.

Resolução
A primeira proposição está correta, pois o protagonista procura “um princípio de incêndio ou algum andaime
em perigo ou alguém prestes a pular” que justificasse tantas pessoas olharem na mesma direção.
A segunda proposição está errada, uma vez que o protagonista reflete sobre natureza do suicídio, e não sobre
as adversidades da vida humana.
A terceira proposição também está errada, já que o protagonista “como todo mundo, de vez em quando” já
pensou em suicídio.
Resposta: c

Questão 22
Em “… não lhe passou pela cabeça que pudesse ser ele o centro das atenções”, os pronomes pessoais destaca-
dos exercem, respectivamente, a função sintática de
a) objeto indireto, sujeito.
b) complemento nominal, objeto direto.
c) adjunto adnominal, sujeito.
d) objeto indireto, predicativo do objeto.
e) adjunto adnominal, predicativo do sujeito.

Resolução
Em “não lhe passou pela cabeça que pudesse ser ele o centro das atenções”, o pronome “lhe” tem o valor
semântico de um pronome possessivo (não passou pela sua cabeça), motivo pelo qual se costuma classificá-lo
(não sem controvérsias), como adjunto adnominal. Na mesma passagem, o pronome reto “ele” pode ser inter-
pretado como sujeito da locução verbal “pudesse ser”. Há, porém, uma outra possibilidade interpretativa: não
é absurdo nenhum tomar “o centro das atenções” como sujeito, o que tornaria o “ele” predicativo do sujeito.
A posição dos termos, nesse caso, não é razão suficiente para distinguir o sujeito do predicativo e vice-versa.
A banca deveria aceitar as duas respostas c ou e.
Resposta: c e e

INSPER/2012 15 ANGLO VESTIBULARES


Utilize o texto abaixo para responder ao teste 23.
Equivoca-se quem pensa que falar bem é falar claro. A arte da retórica reside, na verdade, na habilidade de
confundir. Afinal, se digo algo e você entende de cara, vai logo se achando mais inteligente do que eu: mau
negócio. Se, contudo, sou capaz de temperar as frases mais simples com um molho de obscuridade, com uma
calculada pitada de empulhação, o ouvinte pensará que sei mais do que revelo: ponto para mim.
Vejamos: você entra numa farmácia, pergunta se tem Aspirina e o funcionário responde com um peremptório
”não”. O que você pensará? Que aquela é uma farmácia ruim. Se, porém, ele disser que ”no caso, Aspirina a
gente não vai tá tendo, hoje”, a coisa muda completamente de figura. O ”no caso” sugere que, numa situação
normal, ele teria Aspirina. Logo, ”hoje”, estamos numa situação anormal.
Qual seria essa situação? Haveria um surto de enxaqueca no bairro? Boatos de que a Copa e as Olimpíadas
levariam à falta de ácido acetilsalicílico teriam desencadeado uma busca frenética pelo produto? Você não
sabe, ele sabe, e, num segundo, o que era uma farmácia vagabunda transforma-se numa farmácia sob esta-
do de exceção, enquanto você, em vez de um cliente insatisfeito, torna-se um náufrago à deriva no mar da
especulação.
(http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff210201104.htm)

Questão 23
Entre os seguintes provérbios, qual deles melhor resume a concepção do autor sobre a retórica?
a) Eloquência é a arte de aumentar coisas pequenas.
b) Por fora bela viola, por dentro, pão bolorento.
c) Falar é prata, calar é ouro.
d) A bom entendedor, meia palavra basta.
e) A propaganda é a alma do negócio.

Resolução
O enunciador afirma que a “retórica reside, na verdade, na habilidade de confundir”, temperando “as frases
mais simples com um molho de obscuridade, com uma calculada pitada de empulhação”. Nenhum provérbio
traz exatamente esse sentido. Os aforismos presentes em a, por causa da capacidade de destacar coisas desim-
portantes, e em b, em virtude da discrepância entre o que se diz e o modo como se diz, parecem as respostas
mais aceitáveis.
Resposta: a e b

Utilize o texto abaixo para responder ao teste 24.


I
Talvez sonhasse, quando a vi. Mas via
Que, aos raios do luar iluminada,
Entre as estrelas trêmulas subia
Uma infinita e cintilante escada.
E eu olhava-a de baixo, olhava-a… Em cada
Degrau, que o ouro mais límpido vestia,
Mudo e sereno, um anjo a harpa doirada,
Ressoante de súplicas, feria…
Tu, mãe sagrada! vós também, formosas
Ilusões! sonhos meus! Íeis por ela
Como um bando de sombras vaporosas.
E, ó meu amor! eu te buscava, quando
Vi que no alto surgias, calma e bela,
O olhar celeste para o meu baixando…
(Olavo Bilac, Via-Láctea)

INSPER/2012 16 ANGLO VESTIBULARES



Questão 24
Embora seja identificado como o principal poeta parnasiano brasileiro, Olavo Bilac, nesse soneto, explora um
aspecto do Romantismo, o qual está explicitado na seguinte alternativa:
a) objetividade e racionalismo do eu lírico. d) liberdade de criação e de expressão.
b) subjetividade numa atmosfera onírica. e) valorização da simplicidade, bucolismo.
c) forte presença de elementos descritivos.

Resolução
É comum atribuir ao Parnasianismo uma postura de frieza e de impessoalidade, como contraponto ao mo-
vimento literário que o precedera, o Romantismo. Contudo, Olavo Bilac, um dos mais significativos poetas
parnasianos, afasta-se muitas vezes daquelas premissas. O soneto apresentado, por exemplo, demonstra algu-
mas características românticas, como a subjetividade — marcada pela presença de pronomes e de verbos em
primeira pessoa — e a atmosfera onírica, na representação explícita do que o enunciador tinha visto em um
sonho.
Resposta: b

Utilize o texto abaixo para responder ao teste 25.


Acho que nunca falei do meu amigo parnasiano. Era poeta e jovem, hoje é mais poeta do que jovem.
Fazia umas brincadeiras com a linguagem dos poetas parnasianos, transplantando-a para banalidades de hoje.
(...)
Não sei dizer quando esse amigo começou com a brincadeira. Talvez na faculdade de direito, e além do talvez
não avanço. Uma noite, farreado, acabado e sem pouso, ele chegou a um daqueles hotéis de má fama que
havia na Avenida Ipiranga, de escadaria longa, íngreme, estreita e desanimadora, e chamou lá de baixo:
— Estalajadeiro! Estalajadeiro!
Era já o parnasiano divertindo-se dentro dele. Um homem surgiu lá em cima, com má vontade. E o poeta, já
possuído pela molecagem parnasiana, exclamou, teatral:
— Bom estalajadeiro! Tendes um catre para o meu repouso?
Recebeu de troco palavrões bocagianos.
(Ivan Angelo, Veja SP, 02/05/2012)

Questão 25
Considere estas afirmações:
I. O adjetivo “parnasiano”, atribuído ao amigo do narrador do texto, se deve à utilização de palavras pom-
posas, rebuscadas.
II. No último período, o termo “bocagianos” faz referência aos versos satíricos de Manuel Du Bocage, o mais
importante autor do Parnasianismo lusitano.
III. Depreende-se, da leitura do texto, que os poetas parnasianos valorizavam o plano da expressão, em detri-
mento do plano do conteúdo.
Está correto o que se afirma em
a) I, apenas. d) I e III, apenas.
b) I e II, apenas. e) I, II e III.
c) II e III, apenas.

Resolução
A afirmação I está correta porque a personagem do texto se vale de uma das principais características parna-
sianas, o preciosismo vocabular. A afirmação II está incorreta porque Manuel du Bocage é um dos mais impor-
tantes poetas neoclássicos portugueses. A afirmação III está correta porque muitos poetas parnasianos fizeram
poemas requintados nos aspectos vocabular e formal, mas um tanto banais no que se refere ao conteúdo. É
o caso, por exemplo, de “Vaso Chinês”, soneto de Alberto de Oliveira, em que o enunciador se esmera em
descrever um vaso em versos decassílabos perfeitamente metrificados e rimados.
Resposta: d

INSPER/2012 17 ANGLO VESTIBULARES


Utilize o texto abaixo para responder ao teste 26.
Um lugar-comum pode ser reconfortante. Mais do que incomodados, não poucos se sentem mais inteligentes
quando flagram um chavão na boca ou na escrita alheia. Assim também muitos sabem que o mundo ainda
está no lugar quando esbarram com algo já superado, mas familiar, como quem ri da própria infância ante o
mais surrado patinho de borracha, o mais óbvio pinguim de geladeira. Talvez por isso, embora não seja preci-
so procurar muito para achar um, só nos damos conta de um clichê verbal quando adotamos certo estado de
vigilância, leve que seja: a atenção migra, então, do assunto expresso para a linguagem que o expressa.
(Revista Língua, edição 54)

Questão 26
Segundo o texto, o que justifica o caráter “reconfortante” do clichê é
a) a previsibilidade que nos poupa do esforço da compreensão.
b) a argumentação baseada no senso crítico e reflexivo.
c) a associação da frase-feita com preceitos morais.
d) a repetição consciente de ideias com o mesmo sentido.
e) a citação, com êxito, de expressões idiomáticas.

Resolução
Segundo o texto, quando ouvimos um provérbio conhecido, percebemos “que o mundo ainda está no lugar”.
Assim, é a previsibilidade interpretativa o que nos reconforta nessas situações.
Resposta: a

Utilize o texto abaixo para responder ao teste 27.

4 Assertividade
É a forma de expressão
mais direta, honesta e clara dos
pensamentos e opiniões de
uma pessoa — desde que não
fira nem viole o outro indivíduo.
A Como A imensa maioria oscila entre o
melhorar: comportamento agressivo
Disco riscado: o passivo.
repita, em um Leva-se tempo até
tom de voz conseguir ser assertivo
moderado e
calmo, a sua ideia
fixa, ignorando
as provocações e
sem responder a
argumentação do
interlocutor. Resista
à tentação de
oferecer
desculpas e B Discorde
justificativas concordando:
nessa técnica,
a pessoa
parafraseia
a outra em
quase tudo,
mas deixa
clara sua
posição
ao final. “É,
concordo com
você, mas…”

(adaptado de http://www.istoe.com.br/reportagens/185664_A+ARTE+DE+SE+RELACIONAR)

INSPER/2012 18 ANGLO VESTIBULARES



Questão 27
Considerando a interlocução definida no infográfico, é correto afirmar que o objetivo desse texto é:
a) descrever as principais dificuldades que impedem a comunicação entre pessoas.
b) orientar para o desenvolvimento de habilidades importantes na convivência com o outro.
c) mostrar quais são os mecanismos para manipular pessoas e conquistar sucesso profissional.
d) indicar as principais qualidades da comunicação em ambientes corporativos.
e) enfatizar as principais causas do desgaste no relacionamento amoroso.

Resolução
Não há pistas para concluir que o infográfico esteja falando sobre questões profissionais ou amorosas apenas.
Isso elimina as alternativas c, d e e. Como o tom do texto é de orientação, marcado pelo uso da função cona-
tiva, pode-se dizer que seu objetivo é de orientação. A única resposta plausível é a b, pois.
Resposta: b

Utilize o texto abaixo para responder aos testes 28 a 30.


A cartomante
HAMLET observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma
explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de novembro de 1869, quando este ria dela,
por ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras.
— Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da
consulta, antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou a botar as cartas, disse-me: “A senhora
gosta de uma pessoa...” Confessei que sim, e então ela continuou a botar as cartas, combinou-as, e no fim
declarou-me que eu tinha medo de que você me esquecesse, mas que não era verdade...
— Errou! interrompeu Camilo, rindo.
— Não diga isso, Camilo. Se você soubesse como eu tenho andado, por sua causa. Você sabe; já lhe disse. Não
ria de mim, não ria...
Camilo pegou-lhe nas mãos, e olhou para ela sério e fixo. Jurou que lhe queria muito, que os seus sustos pa-
reciam de criança; em todo o caso, quando tivesse algum receio, a melhor cartomante era ele mesmo. Depois,
repreendeu-a; disse-lhe que era imprudente andar por essas casas. Vilela podia sabê-lo, e depois...
— Qual saber! tive muita cautela, ao entrar na casa.
— Onde é a casa?
— Aqui perto, na Rua da Guarda Velha; não passava ninguém nessa ocasião. Descansa; eu não sou maluca.
Camilo riu outra vez:
— Tu crês deveras nessas cousas? perguntou-lhe.
Foi então que ela, sem saber que traduzia Hamlet em vulgar, disse-lhe que havia muita cousa misteriosa e
verdadeira neste mundo. Se ele não acreditava, paciência; mas o certo é que a cartomante adivinhara tudo.
Que mais? A prova é que ela agora estava tranquila e satisfeita.
Cuido que ele ia falar, mas reprimiu-se. Não queria arrancar-lhe as ilusões. Também ele, em criança, e ainda
depois, foi supersticioso, teve um arsenal inteiro de crendices, que a mãe lhe incutiu e que aos vinte anos desa-
pareceram. No dia em que deixou cair toda essa vegetação parasita, e ficou só o tronco da religião, ele, como
tivesse recebido da mãe ambos os ensinos, envolveu-os na mesma dúvida, e logo depois em uma só negação
total. Camilo não acreditava em nada. Por quê? Não poderia dizê-lo, não possuía um só argumento: limitava-
-se a negar tudo. E digo mal, porque negar é ainda afirmar, e ele não formulava a incredulidade; diante do
mistério, contentou-se em levantar os ombros, e foi andando.
Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas
via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia deixar
de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na antiga Rua dos Barbonos, onde morava uma comprovincia-
na de Rita. Esta desceu pela Rua das Mangueiras, na direção de Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da
Guarda Velha, olhando de passagem para a casa da cartomante.
Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma aventura e nenhuma explicação das origens. Vamos a ela.
(Machado de Assis, Obra Completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar 1994. v. II)

INSPER/2012 19 ANGLO VESTIBULARES



Questão 28
Todas as seguintes afirmativas podem ser confirmadas pela leitura do texto, EXCETO
a) Rita, uma mulher supersticiosa e dotada de espírito ingênuo, consultou uma cartomante porque acreditava
que Camilo deixaria de amá-la.
b) O penúltimo período do excerto é o mote usado pelo narrador para empregar a técnica narrativa do
“flashback” e assim explicar como se montou a relação entre as personagens.
c) O comportamento cético da personagem Camilo, descrente em relação às premonições da cartomante,
decorre de conflitos vividos na infância.
d) A citação da frase de Shakespeare, na abertura do conto, é um recurso intertextual que contribui para criar
expectativas em relação ao conflito.
e) Passagens como “… era imprudente andar por essas casas. Vilela podia sabê-lo, e depois…” e “A casa do
encontro era na antiga Rua dos Barbonos” levam o leitor a inferir que Rita e Camilo eram amantes.

Resolução
A leitura do texto não permite afirmar que Camilo vivera conflitos na infância. Menciona-se apenas que a
mãe incutira-lhe nesse período da vida um “arsenal inteiro de crendices”, que será posto de lado quando ele
chega à maturidade.
Resposta: c

Questão 29
No discurso indireto, a forma verbal presente em “Tu crês deveras nessas cousas?” deve ser transformada em
a) cria d) crias
b) creste e) crê
c) crera

Resolução
Transpondo a fala da personagem para o discurso indireto, teríamos: “Camilo perguntou a Rita se ela cria
deveras naquelas cousas”.
Resposta: a

Questão 30
Considere as seguintes afirmações sobre o texto.
I. Em “Jurou que lhe queria muito, que os seus sustos pareciam de criança” e “Cuido que ele ia falar, mas
reprimiu-se”, o narrador fornece pistas para que o leitor perceba que Camilo não era sincero em relação ao
amor por Rita.
II. A visita à cartomante, além de compor o aspecto central do conflito que nomeia esse conto, também é um
importante recurso caracterizador da personagem Rita.
III. Nota-se, por meio dos comentários feitos pelo narrador onisciente, que o misticismo e a busca pelo sobre-
natural são vistos com certa simpatia pelo autor realista, que percebe as crendices como um reflexo do
questionamento da realidade.
É correto o que se afirma apenas em
a) I. d) II.
b) I e II. e) III.
c) II e III.

Resolução
A afirmação I está incorreta porque o narrador, no primeiro trecho citado, apresenta as juras de amor de Ca-
milo e, no segundo, se refere às ponderações íntimas de Camilo a respeito das superstições e não a respeito
do amor dele por Rita. A afirmação II está correta porque a visita à cartomante é o elemento desencadeador
da ação do conto, além de demonstrar o caráter crédulo e um tanto ingênuo de Rita. A afirmação III está in-
correta: há uma sutil ironia na apresentação da crendice de Rita. Além disso, essa crendice não demonstra um
questionamento da realidade, mas sim um apego a explicações superficiais a respeito da existência.
Resposta: d

INSPER/2012 20 ANGLO VESTIBULARES


RE DAÇ ÃO

Redação
Tema 1
Reflita sobre as ideias apresentadas nos textos a seguir e desenvolva uma dissertação em prosa.
Justiça condena pai por abandono afetivo
Em decisão inédita, STJ estipulou indenização de R$200 mil
Decisão inédita no Superior Tribunal de Justiça (STJ) condena pai a pagar indenização de R$200 mil por aban-
dono afetivo. De acordo com a assessoria de imprensa do STJ, a filha, após ter obtido reconhecimento judicial
da paternidade, entrou com uma ação contra o pai por ter sofrido abandono material e afetivo durante a
infância e adolescência. A autora da ação argumentou que não recebeu os mesmos tratamentos que seus
irmãos, filhos de outro casamento do pai.
(…)
(ISTOÉ, 02/05/2012)

TEXTO I
Abandono afetivo; e dá para entender que alguém entre na Justiça reivindicando uma quantia porque não
recebeu do pai o afeto que gostaria?
O ideal seria que todos os pais cercassem seus filhos de carinho e de amor; mas isso é o ideal, e o ideal, como
todo mundo sabe, não existe. Alguns pais não são nem carinhosos nem amorosos, que pena, mas a vida é
assim, e uma filha que nunca teve o afeto paterno tem que entender que alguns não têm afeto para dar, ou
apenas não conseguem — e tratar de viver a vida como ela lhe foi apresentada, isto é, como ela é. Pedir uma
indenização — em dinheiro — porque não foi amada pelo pai, acho estranho. Quem põe um filho no mundo
tem obrigações, mas amor dá quem pode, nem é um problema de querer; e amor não se cobra, nem de pai
nem de ninguém.
(Danuza Leão em Folha de S. Paulo, 13/05/2012)

TEXTO II
“Está se abrindo um caminho para a humanização da Justiça. O sentimento era um elemento com o qual o
juiz até há pouco não trabalhava. Nós trabalhamos com os fatos, com a norma jurídica”, diz a relatora do caso
recente, ministra Nancy Andrighi.
“Muda a sociedade, o estilo de vida, as pessoas vão mudando. O direito de família hoje é muito dinâmico, tan-
to que foi reconhecida a sociedade homoafetiva, a paternidade socioafetiva”, afirma o juiz paulista Homero
Maion.
Para Rodrigo da Cunha Pereira, advogado que atuou no primeiro caso de abandono afetivo com pedido de
indenização, em 2005, a alienação parental e o abandono afetivo são os dois lados da mesma moeda.
No primeiro, o pai (ou a mãe) trava uma batalha para conseguir ter contato com o filho. Já no segundo, é o
filho que busca a convivência com o pai (ou mãe).
(Johanna Nublat e Nádia Guerlenda em Folha de S. Paulo, 06/05/2012)

Conforme indicado nas folhas de rascunho e de redação, utilize o próprio tema como título de sua dissertação.
Tema/Título 1: Quanto vale o amor?

Tema 2
Reflita sobre as ideias apresentadas nos textos a seguir e desenvolva uma dissertação em prosa.

Deus deveria ter espalhado câmeras no Jardim do Éden


HÉLIO SCHWARTSMAN

Num saboroso artigo publicado em “Philosophy Now”, Emrys Westacott escrutina as implicações filosófi-
cas da proliferação de câmeras de vigilância.

INSPER/2012 21 ANGLO VESTIBULARES


Em princípio, elas são perfeitas, e Deus deveria ter enchido o Jardim do Éden delas. Aí, quem sabe, Eva,
quando tentada pela serpente a provar do fruto proibido, sabendo que estava sendo monitorada, tivesse
tomado a decisão certa. Não haveria pecado original, queda, nem expulsão do Paraíso. Mulheres não experi-
mentariam as dores do parto e nós não precisaríamos trabalhar. Melhor ainda, as câmaras não comprometem
o livre-arbítrio, tão caro ao Criador.
A ideia central aqui é que as câmaras, ao fazer com que dever moral e interesse próprio (não ser apa-
nhado) caminhem juntos, nos impelem a tomar as decisões certas, o que é bom para nós e para a sociedade.
Aplaudiriam as câmaras filósofos como Platão e Thomas Hobbes.
É claro, porém, que em filosofia as coisas nunca são tão simples. Deus não colocou câmeras no Jardim do
Éden, muito provavelmente porque Ele é kantiano. E, para Immanuel Kant, podemos fazer o que é certo ou
bem por temer a sanção ou por reconhecer a racionalidade por trás dessa lei. Só no segundo caso somos verda-
deiramente morais e livres. As câmeras, na verdade, até impediriam o nosso crescimento como agentes morais.
Quando calculamos os benefícios utilitários da hipervigilância, que se traduzem na diminuição de crimes
e acidentes, não é difícil descartar as objeções kantianas como meras abstrações acadêmicas. Mas, de novo, as
coisas não são tão simples.
Se você tivesse a chance de escolher se vai trabalhar numa empresa que monitora tudo o que você faz no
computador ou numa que o deixa livre desde que cumpra as suas tarefas, qual escolheria?
Como se vê, não é tão fácil se desfazer do ideal kantiano do aprimoramento moral do indivíduo. Ele aca-
ba sempre voltando, sob diferentes roupagens, como a liberdade.
Westacott conclui seu artigo lembrando que o contexto faz a diferença. Existem situações em que a vigi-
lância eletrônica favorece bons comportamentos, mas, em outras, notadamente as mais privadas, como entre
marido e mulher, ela estraga a ideia de desenvolvimento moral, a qual, embora utópica, funciona como uma
bússola.
(Folha de S. Paulo, 27/08/2011)

Conforme indicado nas folhas de rascunho e de redação, utilize o próprio tema como título de sua dissertação.
Tema/Título 2: Vigiar é preciso?

Este ano a Insper solicitou ao candidato que fizesse dois textos dissertativos com títulos previamente dados, ou
seja, propunha temas explícitos sobre assuntos polêmicos, diante dos quais o candidato deveria se posicionar.
Para desenvolvê-los, havia uma pequena coletânea como subsídio para a discussão
Tema 1
A Banca selecionou como tema a reportagem sobre a decisão inédita do Superior Tribunal de Justiça
condenando um pai a pagar indenização por “abandono afetivo”. A esse texto, seguiam-se dois outros de
colunistas da Folha de S. Paulo, manifestando opiniões contrárias sobre a decisão judicial. Danuza Leão (texto
I) argumentava que o sentimento amoroso não é algo que possa ser cobrado, pois “amor dá quem pode”.
Johanna Nublat e Nádia Guerlenda (texto II) defendiam tese oposta, comemorando a ação como uma forma
de se abrir caminho “para a humanização da Justiça”. A partir da reflexão sobre o fato e das duas opiniões,
caberia ao candidato desenvolver um texto com o seguinte título/tema: “Quanto vale o amor?”

Encaminhamentos possíveis
Contra a decisão judicial
• O amor entre pais e filhos depende da relação que foi desenvolvida ao longo dos anos, não se trata de uma
garantia adquirida.
• Por mais que o juiz determine um valor, nunca será o suficiente para cobrir todos os prejuízos emocionais
causados pela falta de consideração do progenitor;
• A formação da individualidade se dá a partir da superação das dificuldades que surgem na infância e na
adolescência; a ausência do pai pode ser uma delas, o filho deve aprender a superar tal situação e não exigir
que a realidade seja diferente.
• A intromissão do Judiciário nas relações íntimas significa um controle descabível do Estado: o amor não
pode ser controlado.
• A decisão judicial não tinha a intenção de compensar o filho pela ausência do pai, mas a de apontar de for-
ma clara que o pai falhou em suas responsabilidades como progenitor.
A favor da decisão judicial
• Essa decisão mostra um Judiciário mais atento às consequências emocionais que envolvem litígios nas rela-
ções familiares, ou seja, deixou de ser um órgão cuja função é a aplicação técnica da lei e isso é um grande
avanço.

INSPER/2012 22 ANGLO VESTIBULARES


• Socialmente, tal ação tem um efeito pedagógico: a partir da ampla divulgação do fato, fica claro que o ho-
mem é responsável pela paternidade inclusive em termos afetivos.
• Trata-se de uma questão de igualdade; um pai, diante da guarda dada à mãe, tem o direito de exigir que
haja convivência e troca afetiva com o filho; da mesma forma, um filho tem os mesmos direitos; e se o pai
negar esse direito, ele pode ser punido.
• A filha envolvida nessa decisão disse que não se tratava de uma disputa material, nenhum ganho com a
causa poderia compensar a ausência paterna; para ela a decisão era importante pois significava o reconhe-
cimento público de que suas tentativas de troca afetiva com o pai eram justificáveis e não apenas capricho
pessoal.
Tema 2
Para desenvolver a segunda dissertação, havia um único texto com função de estimular o candidato a
pensar no tema/título, “Vigiar é preciso?”. A resenha da Folha de S. Paulo, “Deus deveria ter espalhado câme-
ras no Jardim do Éden”, resumia o artigo publicado no “Philosophy Now” de Emrys Westacott. Nele, o autor
discorria de forma divertida sobre as questões filosóficas envolvendo a vigilância sistemática a que estamos
submetidos. Começava imaginando que, se houvesse câmeras no Jardim do Éden, provavelmente, não haveria
pecado original. Passa a considerar, a partir desse fato, como Platão, Thomas Hobbes e Imanuel Kant, prova-
velmente, veriam a prática moderna de tudo vigiar e controlar.

Encaminhamentos possíveis
A própria coletânea apontava para o desenvolvimento de bons argumentos.
• “As câmaras não comprometem o livre-arbítrio”: a vigilância tecnológica intimida o indivíduo que teria más
intenções, contudo não o obriga a agir de forma correta, ele ainda poderia escolher entre um ato lícito ou
ilítico, sabendo que teria que arcar com as consequências, ou seja, preserva a livre escolha dos indivíduos.
• As câmaras fazem com que o “dever moral e interesse próprio (não ser apanhado) caminhem juntos”: nas
sociedades democráticas atuais em que o individualismo ameaça o convívio social, essa seria uma maneira
de levar o indivíduo a pensar na sociedade por um motivo egoísta, “não ser apanhado”.
• “Aplaudiriam as câmaras filósofos como Platão e Thomas Hobbes”: a ideia de Platão é menos conhecida,
mas a de Thomas Hobbes, “o homem é o lobo do homem”, amplamente divulgada, poderia ser aproveitada
para argumentar que se, de fato, o homem está nessa condição, o Estado, como um “leviatã” teria a obriga-
ção de intimidar o cidadão que tem interesses escusos e deseja prejudicar a vida em comum.
• “Calculamos os benefícios utilitários da hipervigilância que se traduzem na diminuição de crimes e aciden-
tes”: na vida moderna, esse é um argumento de peso. Lugares em que foram instaladas câmaras de vigilân-
cia (Praia Grande, por exemplo) tiveram queda nos índices de criminalidade; a discussão abstrata e filosófica
sobre o tema parece perder relevância quando o mais importante passa a ser preservar vidas.
• “Aprimoramento moral do indivíduo”: do ponto de vista do desenvolvimento pessoal, as câmaras são um
obstáculo ao crescimento psicológico. O indivíduo que age porque está sendo vigiado não aprende a se res-
ponsabilizar pelos seus atos e permanece infantilizado.
• “O contexto faz a diferença”: essa advertência final poderia levar o candidato a desenvolver uma disserta-
ção de circunstância: a vigilância tem seu valor em situações que vidas podem ser salvas; para as relações
pessoais íntimas a tecnologia de controle não permite relações genuínas.
• Vale lembrar alguns outros tópicos possíveis: a vigilância como sinal de uma sociedade totalitária (como
aparece no livro 1984, em que o Grande Irmão vigia a tudo e a todos); a vigilância como forma de fazer
prevalecer a justiça (vários crimes foram solucionados devido ao uso da câmaras).

INSPER/2012 23 ANGLO VESTIBULARES


A NÁLISE QUA NTI TAT IVA E L ÓGI CA

Questão 1
A média das idades dos seis jogadores titulares de um time de vôlei é 27 anos e a média das idades dos seis
jogadores reservas é 24 anos. Devido a uma contusão, um dos jogadores titulares foi afastado da equipe. Com
isso, um dos reservas assumiu seu lugar no sexteto titular, ficando a equipe com apenas cinco reservas. Após a
substituição, a média das idades dos titulares caiu para 26 anos, enquanto a dos reservas subiu para 24,8 anos.
A idade do jogador que foi afastado por contusão é
a) 26 anos. d) 29 anos.
b) 27 anos. e) 30 anos.
c) 28 anos.

Resolução
Antes da substituição, a soma das idade dos titulares era 6 ⋅ 27 anos, e a soma das idades dos reservas era
6 ⋅ 24 anos. Sendo x a idade do titular substituído e y a idade do reserva que assumiu o seu lugar, obser-
vando as novas médias temos:
6 ⋅ 24 – y
Reservas: = 24,8 ∴ 144 – y = 124 ∴ y = 20
5
Assim,
6 ⋅ 27 – x + 20
Titulares: = 26 ∴ x = 26
6
Resposta: a

Questão 2
Na sequência de quadrados representada na figura abaixo, o lado do primeiro quadrado mede 1. A partir do
segundo, a medida do lado de cada quadrado supera em 1 unidade a medida do lado do quadrado anterior.
Vn

V3
1
V2
1 …
V1
1

O 1º- 2º- 3º- … n-ésimo

A distância do ponto O, vértice do primeiro quadrado, até o ponto Vn, vértice do n-ésimo quadrado, ambos
indicados na figura, é
n 2
a) 公n + 2n + 5 . d) n公n2 + 2n – 1 .
2
n
b) 公n2 – 2n + 9 . e) n公n2 + 2n + 2 .
2
n
c) 公n2 + 4n + 3 .
2

INSPER/2012 24 ANGLO VESTIBULARES


Resolução
Sendo x a abscissa do ponto Vn, temos:
x = 1 + 2 + 3 + … + n (P.A.)
(1 + n)n
x=
2
Sendo y a ordenada do ponto Vn, temos y = n
A distância da origem a Vn é dada por:
d = 公x2 + y2

d=
公 (1 + n)2 ⋅ n2
4
+ n2

d=
公 n2
4
[(1 + n)2 + 4]

n 2
d= 公n + 2n + 5
2
Resposta: a

Questão 3
O professor de Matemática de Artur e Bia pediu aos alunos que colocassem suas calculadoras científicas no
π
modo “radianos” e calculassem o valor de sen . Tomando um valor aproximado, Artur digitou em sua cal-
2
culadora o número 1,6 e, em seguida, calculou o seu seno, encontrando o valor A. Já Bia calculou o seno de
π
1,5, obtendo o valor B. Considerando que vale aproximadamente 1,5708, assinale a alternativa que traz a
2
π
correta ordenação dos valores A, B e sen .
2
π π
a) sen ⬍ A ⬍ B. d) B ⬍ sen ⬍ A.
2 2
π π
b) A ⬍ sen ⬍ B. e) B ⬍ A ⬍ sen .
2 2
π
c) A ⬍ B ⬍ sen .
2

Resolução
Do enunciado temos que:
A = sen1,6 e B = sen1,5
π
Como ≈ 1,5708, concluímos que, representando na circunferência trigonométrica, o arco de medida 1,6rad
2
π
está mais próximo de rad que 1,5rad.
2
π
Sabemos que para arcos da 1a volta, quanto mais próximo de rad, maior o valor do seno desse arco.
2
Assim,
π
B ⬍ A ⬍ sen
2
Resposta: e

INSPER/2012 25 ANGLO VESTIBULARES



Questão 4
A área da região sombreada na Figura 1, limitada pelo gráfico da função f(x) = 9 − x2 e pelos eixos coordena-
dos, é igual a 18.
y y

x x

Figura 1 Figura 2

Assim, a área da região sombreada na Figura 2, limitada pelo gráfico da função g(x) = x2, pelo eixo x e pela
reta de equação x = 3, é igual a
a) 4,5. d) 12.
b) 6. e) 13,5.
c) 9.

Resolução
A área S sombreada na figura 2 é dada pela diferença da área do retângulo dado por {(0, 0), (3, 0), (3, 9), (0, 9)}
e a área dada na figura 1.
Como a área do retângulo é 27 e a área dada na figura 1 é 18, temos S = 27 – 18, ou seja, S = 9.
Resposta: c

Questão 5
Considere dois polinômios do 1o grau P(x) e Q(x), ambos de coeficientes reais, tais que P(3) = Q(3) = 0, P(6) ⬎ 0
e Q(6) ⬍ 0.
Sendo f a função definida, para todo x ∈ IR, por f(x) = P(x) ⋅ Q(x), a única figura, dentre as apresentadas a se-
guir, que pode representar o gráfico de f é
a) y d) y

0 3
x
3 x

b) y e) y
3 6 3
x x

c) y

3 6
x

INSPER/2012 26 ANGLO VESTIBULARES


Resolução
P(x) = p(x – 3)
P(6) ⬎ 0 ⇒ p(6 – 3) ⬎ 0 ∴ p ⬎ 0
Q(x) = q(x – 3)
Q(6) ⬍ 0 ⇒ q(6 – 3) ⬍ 0 ∴ q ⬍ 0
f(x) = p ⋅ q(x – 3)(x – 3), com pq ⬍ 0.
A única figura que pode representar o gráfico de f é a que está na última alternativa.
Resposta: e

Questão 6
Na figura a seguir, o lado do quadrado ABCD mede 876,55m e o lado do quadrado AEFG mede 123,45m.
G
A D

E
F

B C

A área da região sombreada, em km2, vale


a) 0,8642. d) 0,7531.
b) 0,7913. e) 0,6936.
c) 0,7654.

Resolução
A área A, pedida, é igual à área do quadrado ABCD menos a área do quadrado AEFG.
A = 876,552 – 123,452
A = (876,55 + 123,45)(876,55 – 123,45)
A = 1000 ⋅ 753,10
A = 753100m2, ou seja,
A = 0,7531km2
Resposta: d

Questão 7
Em uma sequência, cada termo, a partir do terceiro, é igual à soma dos dois termos anteriores. Se o primeiro
termo vale 18 e o sétimo termo vale 122, então o segundo termo da sequência é
a) 2. d) 8.
b) 4. e) 10.
c) 6.

Resolução
Temos a seguinte sequência de 7 termos: (18, x, 18 + x, 18 + 2x, 36 + 3x, 54 + 5x, 90 + 8x)
Assim: 90 + 8x = 122 ∴ 8x = 32 ∴ x = 4
Resposta: b

INSPER/2012 27 ANGLO VESTIBULARES



Questão 8
Considere N o menor número inteiro positivo tal que log(log(logN)) seja um inteiro não negativo.
O número N, representado no sistema de numeração decimal, possui
a) 2 algarismos. c) 10 algarismos. e) 100 algarismos.
b) 3 algarismos. d) 11 algarismos.

Resolução
log(log(logN)) ⭓ 0 ⇔ log(logN) ⭓ 1
⇔ logN ⭓ 10
⇔ N ⭓ 1010
Nessas condições, o menor valor inteiro positivo de N é 1010.
Temos log(log(log10 10
123 )) = 0.
14243 10
1
Note que 1010 tem exatamente 11 algarismos.
Resposta: d

Questão 9
As duas afirmações a seguir foram retiradas de um livro cuja finalidade era revelar o segredo das pessoas bem-
-sucedidas.
I. Se uma pessoa possui muita força de vontade, então ela consegue atingir todos os seus objetivos.
II. Se uma pessoa consegue atingir todos os seus objetivos, então ela é bem-sucedida.
Dentre as alternativas abaixo, a única que relaciona corretamente a veracidade ou a falsidade das duas afir-
mações é
a) se a afirmação I é falsa, então a afirmação II é necessariamente verdadeira.
b) se a afirmação I é falsa, então a afirmação II é necessariamente falsa.
c) se a afirmação I é verdadeira, então a afirmação II é necessariamente falsa.
d) se a afirmação II é falsa, então a afirmação I é necessariamente falsa.
e) se a afirmação II é verdadeira, então a afirmação I é necessariamente verdadeira.

Resolução
A proposição “se p, então q” é falsa se, e somente se, p é verdadeira e q é falsa.
Sendo q uma afirmação falsa, a proposição “se q, então r” é verdadeira, independentemente do valor lógico
de r.
Logo, se a afirmação I é falsa, então a afirmação II é verdadeira.
Resposta: a

Texto para as questões 10 e 11


De acordo com as regulamentações de um país para o setor de aviação, as empresas aéreas podem emitir, para
um voo qualquer, um número de bilhetes até 10% maior do que a lotação da aeronave, uma vez que é muito
comum que alguns passageiros não compareçam no momento do embarque.

Questão 10
Uma empresa opera uma rota ligando duas cidades desse país. Tanto para o voo das 8h quanto para o das 9h
de um determinado dia, realizados em aeronaves de mesma lotação, a empresa emitiu um número de bilhe-
tes exatamente 10% maior do que a lotação das aeronaves. Para o voo das 8h compareceram todos os que
compraram o bilhete, e parte deles teve de ser remanejada para o voo das 9h. Se todos os que compraram
o bilhete para o voo das 9h comparecerem, também será necessário um remanejamento. Para que isso não
ocorra, a porcentagem máxima dos passageiros que compraram bilhete para o voo das 9h que pode compa-
recer no momento do embarque é
a) 90%. c) 82%. e) 75%.
b) 87%. d) 80%.

INSPER/2012 28 ANGLO VESTIBULARES


Resolução
Sendo L a lotação de cada aeronave, temos:
• Como todos os passageiros do voo das 8h00 compareceram, 0,1L passageiros (aproximadamente) foram
remanejados para o voo das 9h00.
• Assim, o número de assentos disponíveis no voo das 9h00 é de, aproximadamente, 0,9L.
Como foram vendidas 1,1L, a porcentagem máxima de passageiros que pode aparecer para não haver outro
remanejamento é
0,9L
≈ 0,82 = 82%
1,1L
Resposta: c

Questão 11
Para um voo realizado nesse país em uma aeronave de 20 lugares, foram emitidos 22 bilhetes. A empresa
responsável pelo voo estima que a probabilidade de qualquer um dos 22 passageiros não comparecer no mo-
mento do embarque seja de 10%. Considerando que os comparecimentos de dois passageiros quaisquer sejam
eventos independentes, a probabilidade de que compareçam exatamente 20 passageiros no embarque desse
voo, de acordo com a estimativa da empresa, é igual a
a) (0,1)2 · (0,9)22. c) 190 · (0,1)2 · (0,9)20. e) 153 · (0,1)2 · (0,9)18.
2 20
b) 231 · (0,1) · (0,9) . 2 18
d) 190 · (0,1) · (0,9) .

Resolução
Do enunciado, devem comparecer 20 e não comparecer dois. Assim, a probabilidade pedida é:
22! 22 ⋅ 21
P = (0,9)20 ⋅ (0,1)2 ⋅ ∴ P= ⋅ (0,1)2 ⋅ (0,9)20 ∴ P = 231 ⋅ (0,1)2 ⋅ (0,9)20
20! ⋅ 2! 2
Resposta: b

Questão 12
Leia o texto a seguir.
Existe uma matriz quadrada M de ordem 2 que possui uma propriedade bem interessante: sendo A outra
matriz quadrada de ordem 2, o produto A · M sempre resulta numa matriz que tem em sua diagonal principal
os elementos da diagonal secundária de A e em sua diagonal secundária os elementos da diagonal principal
de A.
Dentre as opções abaixo, a única que pode representar a matriz M descrita acima é

a)
( )
0 1
0 1
. c)
( )
0 1
1 0
. e)
( )
1 –1
–1 1
.

b)
( )
0 0
1 1
. d)
( )
–1 0
0 –1
.

Resolução

Considerando a matriz A =
a b
c d ( )
, queremos M, tal que AM =

Analisando as possibilidades para M, temos:


b a
d c
.
( )
a)
( )( ) ( )
a b 0 1
c d 0 1
=
0 a+b
0 c+d
(não convém)

b)
( )( ) ( )
a b 0 0
c d 1 1
=
b b
d d
(não convém)

INSPER/2012 29 ANGLO VESTIBULARES


c)
( )( ) ( )
a b 0 1
c d 1 0
=
b a
d c
(convém)

d)
( )( ) ( )
a b –1 0
c d 0 –1
=
–a –b
–c –d
(não convém)

e)
( )( ) (
a b 1 –1
c d –1 1
=
)a – b –a + b
c – d –c + d
(não convém)

Dentre as matrizes apresentadas, a única que satisfaz a condição descrita é M =

Resposta: c
( )
0 1
1 0
.

Texto para as questões 13 e 14


A taça desenhada na figura tem a forma de semiesfera e contém líquido até uma altura de xcm.

x cm

O volume de líquido contido na taça, em cm3, depende da altura atingida por esse líquido, em cm. O gráfico
a seguir mostra essa dependência, sendo que os pontos A e B correspondem à taça totalmente vazia e total-
mente cheia, respectivamente.
V(cm3)
B
60,75/

A
x(cm)

Questão 13
De acordo com os dados do gráfico, a taça tem a forma de uma semiesfera cujo raio mede
a) 3cm. c) 4cm. e) 5cm.
b) 3,5cm. d) 4,5cm.

Resolução
Do texto apresentado e sendo r a medida do raio da semiesfera, temos:
1 4πr3
⋅ = 60,75π
2 3
60,75 ⋅ 6
∴ r3 = ∴ r3 = 91,1250 ∴ r = 4,5cm
4
Resposta: d

INSPER/2012 30 ANGLO VESTIBULARES



Questão 14
Uma pessoa colocou um líquido nessa taça até a altura correspondente a um terço do raio da semiesfera.
O volume de líquido colocado na taça nessa situação
a) é menor do que 20,25π cm3. d) é igual a 40,5π cm3.
3
b) é igual a 20,25π cm . e) está entre 40,5π cm3 e 60,75π cm3.
c) está entre 20,25π cm3 e 40,5π cm3.

Resolução
Consideremos o gráfico do texto apresentado e liguemos os pontos A e B.
V(cm3)

B
60,75/

Vr

A 1,5 4,5 x(cm)

Do teste 13 concluímos que o raio da taça é 4,5cm.


Um terço do raio é 1,5cm.
Se a variação do volume com o raio fosse linear, o volume correspondente a x = 1,5cm seria:
1
V= ⋅ 60,75π ∴ V = 20,25π cm3
3
Comparando a curva apresentada com a variação suposta linear, o volume Vr do líquido colocado na taça é
menor que 20,25π cm3.
Resposta: a

Questão 15
A multiplicação de matrizes quadradas de ordem 2 possui, sob vários aspectos, semelhanças com a composição
de funções. Para começar, as duas operações não são comutativas, isto é,
1. existem matrizes quadradas M e N de ordem 2 tais que (M × N) ≠ (N × M);
2. existem funções f e g tais que (f o g) ≠ (g o f), ou seja, f(g(x)) ≠ g(f(x)).
Além disso, as duas operações possuem um elemento neutro. No caso da multiplicação de matrizes, trata-se da

matriz I =
( )
1 0
0 1
. Para qualquer matriz quadrada M de ordem 2, tem-se que M × I = I × M = M.

O elemento neutro da operação de composição de funções é a função i dada pela lei


a) i(x) = 1. d) i(x) = |x|.
1
b) i(x) = . e) i(x) = x.
x
c) i(x) = (x − 1)(x + 1).

INSPER/2012 31 ANGLO VESTIBULARES


Resolução
Sendo i o elemento neutro da operação composição de funções, temos: i o f = f, ou seja, i(f(x)) = f(x), para todo
valor de f(x).
Sendo f(x) = t, temos i(t) = t, para todo valor de t.
Logo i(x) = x, para todo x.
Note que, nessas condições, f(i(x)) = f(x), ou seja, f o i = f.
Resposta: e

Questão 16
Na malha quadriculada 40 × 60 esquematizada na figura a seguir, estão marcados os pontos P, Q, R e S.

A
B C
D
E

40



quadrados


Q
S


P R
60 quadrados
←⎯→ ←
⎯→
A reta PQ intercepta a reta RS em um ponto que pertence ao interior de um dos quadrados sombreados. Esse
quadrado está identificado pela letra
a) A.
b) B.
c) C.
d) D.
e) E.

Resolução
A reta que passa pelos pontos P(0, 0) e Q(1, 4) é dada pela equação y = 4x (r)
A reta que passa pelos pontos R(60, 0) e S(56, 3) é dada por:
0–3
y–0= (x – 60)
60 – 56
3
y = – (x – 60) (s)
4
14243

y = 4x
A intersecção dessas retas é dada pelo sistema 3
y = – (x – 60)
4

Resolvendo esse sistema, obtemos (x, y) =


( 180 720
,
19 19
.
)
Logo, 9 ⬍ x ⬍ 10 e 37 ⬍ x ⬍ 38 e, assim, temos um ponto que pertence ao interior do quadrado D.
Resposta: d

INSPER/2012 32 ANGLO VESTIBULARES



Questão 17
Considere a figura a seguir, na qual foram construídos quadrados sobre os lados de um triângulo retângulo
de hipotenusa medindo a e catetos medindo b e c.

Aa

Ab b a

Ac

A partir dessa figura, pode-se enunciar o teorema de Pitágoras:


Se Aa, Ab e Ac são as áreas dos quadrados construídos sobre os lados de um triângulo retângulo, conforme
indicado na figura, então vale a igualdade Aa = Ab + Ac.
Considere agora que, sobre os lados do mesmo triângulo retângulo, sejam construídos retângulos de altura
unitária, conforme a figura.

Aa
Ab b a

c 1

1 Ac

A partir da igualdade expressa no teorema de Pitágoras, assinale a alternativa que completa a sentença a
seguir, baseada na nova figura.
Se Aa, Ab e Ac são as áreas dos retângulos de altura unitária construídos sobre os lados de um triângulo retân-
gulo, conforme indicado na figura, então vale a igualdade
Aa Ab Ac
a) = + .
a b c
b) aAa = bAb + cAc.
Aa2 Ab2 A2
c) = + c .
a b c
d) aAa2 = bAb2 + cAc2.
e) a2Aa = b2Ab + c2Ac.

Resolução
Da figura, temos que:
Aa = a ⋅ 1, Ab = b ⋅ 1 e Ac = c ⋅ 1
Pelo teorema de Pitágoras, vem:
a2 = b2 + c2, ou seja:
a ⋅ (a ⋅ 1) = b ⋅ (b ⋅ 1) + c ⋅ (c ⋅ 1), ou seja:
a ⋅ Aa = b ⋅ Ab + c ⋅ Ac
Resposta: b

INSPER/2012 33 ANGLO VESTIBULARES



Questão 18
O menor número inteiro e positivo que deve ser multiplicado por 2.012 para que o resultado obtido seja um
cubo perfeito é
a) 8.048. c) 506.018. e) 4.048.144.
b) 253.009. d) 1.012.036.

Resolução
2012 = 22 ⋅ 503
Sendo a o menor número inteiro positivo, tal que 22 ⋅ 503 ⋅ a seja um cubo perfeito, temos a = 21 ⋅ 5032, ou
seja, a = 506.018.
Resposta: c

Questão 19
Considere um polinômio p(x), de grau 3 e coeficientes reais, tal que a equação [p(x)]2 = 3 · p(x) possua um
total de 4 raízes reais, todas de multiplicidade 1. Dentre as figuras apresentadas abaixo, a única que pode
representar o gráfico de p(x) é
a) y c) y e) y

4 4 4

2 2 2

x x x
–2 2 4 –2 2 4 –2 2 4

–2 –2 –2

–4 –4 –4

–6 –6 –6

b) y d) y

4 4

2 2

x x
–2 2 4 –2 2 4

–2 –2

–4 –4

–6 –6

INSPER/2012 34 ANGLO VESTIBULARES


Resolução
[p(x)]2 = 3p(x)
[p(x)]2– 3p(x) = 0
p(x)[p(x) – 3] = 0 (*)
Sendo p(x) um polinômio de grau 3 e coeficientes reais e tendo a equação em (*) exatamente 4 raízes reais de
multiplicidade 1, temos apenas 2 casos possíveis.
14243 14243

p(x) = 0 possui 3 raízes reais (e distintas)


1o caso: e
p(x) = 3 possui apenas 1 raiz real
p(x) = 0 possui apenas 1 raiz real
2o caso: e
p(x) = 3 possui 3 raízes reais
Das figuras apresentadas, apenas aquela da alternativa c satisfaz as condições acima; no caso, aquela do 1o
caso.
Resposta: c

Questão 20

14243
x 9
– + , se x ⭐ p
Sendo p uma constante real positiva, considere a função f, dada pela lei f(x) = p 4 , e cujo grá-
px – 2p, se x ⭓ p
fico está desenhado a seguir, fora de escala.
y

p x

Nessas condições, o valor de p é igual a


1 3 5
a) . c) . e) .
2 2 2
b) 1. d) 2.

Resolução
Com x = p, temos
–p 9
p ⋅ p – 2p = +
p 4
9
p2 – 2p + 1 =
4
9
(p – 1)2 =
4
3 –3
p–1= ou p – 1 =
2 2
5 1
p= ou p = –
2 2
5
Com a condição p ⬎ 0, temos p = .
2
Resposta: e

INSPER/2012 35 ANGLO VESTIBULARES



Questão 21
Em um campeonato disputado por 20 equipes, quatro delas são consideradas “times grandes”. Numa rodada
desse campeonato, na qual todas as 20 equipes disputaram um único jogo, houve exatamente três partidas
envolvendo pelo menos um time grande. O total de gols marcados nessas três partidas foi 2. Apenas com essas
informações, conclui-se que nessa rodada, necessariamente,
a) pelo menos um time grande marcou um gol.
b) pelo menos uma partida envolvendo um time grande não terminou empatada.
c) nenhum time grande marcou mais de um gol.
d) no mínimo um e no máximo dois times grandes venceram sua partida.
e) no mínimo um e no máximo três times grandes tiveram 0 a 0 como resultado.

Resolução
Como apenas dois gols foram marcados, os possíveis resultados para essas partidas são
• 0 a 0; 0 a 0 e 2 a 0
• 0 a 0; 0 a 0 e 1 a 1
• 1 a 0; 1 a 0 e 0 a 0
Nessas condições, temos:
a) Falso, pois é possível que 2 jogos tenham terminado em 0 a 0 e no único em que houve gols o time grande
perdeu de 2 a 0.
b) Falso, pois podemos ter 3 empates.
c) Falso, pois é possível que em uma partida o time grande tenha vencido por 2 a 0.
d) Falso, pois é possível ocorrerem 3 empates.
e) Verdadeiro, pois, como ocorreram 2 gols, existe pelo menos um jogo que terminou em 0 a 0.
Resposta: e

Texto para as questões 22 e 23


Um jogo é disputado por duas pessoas em um tabuleiro quadrado 5 × 5. Cada jogador, de maneira alternada,
escolhe uma casa vazia do tabuleiro para ocupá-la com uma peça da sua cor. Ao final do jogo, se conseguiu
ocupar 3 ou mais casas alinhadas e consecutivas com peças da sua cor, um jogador ganha pontos de acordo
com a tabela abaixo.
Número de casas alinhadas Pontos obtidos
3 1
4 4
5 10

Entende-se por casas alinhadas aquelas que estejam numa mesma vertical, numa mesma horizontal ou numa
mesma diagonal. No jogo mostrado abaixo, por exemplo, o jogador das peças claras marcou 15 pontos e o das
peças escuras marcou 10 pontos.

Peças claras: 10 + 4 + 1 =
15 pontos

Peças escuras: 10 pontos

O jogo termina quando todas as casas são ocupadas.

INSPER/2012 36 ANGLO VESTIBULARES



Questão 22
Um jogo entre duas pessoas terminou com o tabuleiro preenchido como mostra a figura.

A soma dos pontos obtidos pelos dois jogadores foi


a) 19. d) 22.
b) 20. e) 23.
c) 21.

Resolução
Tabela de pontos obtidos:

Na vertical Na horizontal Na diagonal Na diagonal Total


Peças claras 4 1+1 1 1+4 12
Peças escuras 4+1 1 1 1 8
A soma dos pontos obtidos foi 20 (= 12 + 8).
Resposta: b

Questão 23
A figura mostra a situação de um tabuleiro durante um jogo no momento em que 15 casas já haviam sido
ocupadas.

Nessa configuração, o número máximo de pontos que o jogador das peças escuras poderá acumular ao final
do jogo é
a) 23. d) 26.
b) 24. e) 27.
c) 25.

INSPER/2012 37 ANGLO VESTIBULARES


Resolução
Restam 10 casas a serem ocupadas; 5 pelas peças escuras e 5 pelas claras.
Note que o rendimento máximo é obtido com 5 casas alinhadas e consecutivas (10 pontos).

10

4 10
A figura mostra como obter 27 pontos.
Resposta: e

Questão 24
1
No plano cartesiano, as retas r e s têm coeficientes angulares iguais a e 2, respectivamente, e a reta t tem
3
equação y = k, sendo k uma constante positiva.
s
y

r
t

O x

Se a área do triângulo destacado na figura é A, então o valor de k é

a)
公 4A
5
.

b)
公 6A
5
.

c)
公 5A
4
.

d)
公 7A
4
.

e)
公 3A
2
.

INSPER/2012 38 ANGLO VESTIBULARES


Resolução
s
y

r
B A
t

O x

x
Equação de r: y =
3
Equação de s: y = 2x
Equação de t: y = k, k ⬎ 0
Sejam: A, o ponto de intersecção de r e t, e B, o ponto de
intersecção de s e t.
Temos:
1424

y=k
x → A(3k, k)
y=
3 123

3
y=k
y = 2x
k
→ B ,k
2 ( )
1
A área A do triângulo é: A = ⋅ (BA) ⋅ k, ou seja,
2
1
(
A = ⋅ 3k –
2
5k2
k
2 )⋅k

A=
4
Daí:
4A
k2 =
5


4A
k=
5 公
Resposta: a

Texto para as questões 25 e 26



— — — — — — —
Considere um losango ABCD em que M, N, P e Q são os pontos médios dos lados AB, BC , CD e DA, respectiva-
mente. Um dos ângulos internos desse losango mede α, sendo 0º ⬍ α ⬍ 90º.

Questão 25
Nessas condições, o quadrilátero convexo MNPQ
a) é um quadrado.
b) é um retângulo que não é losango.
c) é um losango que não é retângulo.
d) é um paralelogramo que não é retângulo nem losango.
e) não possui lados paralelos.

INSPER/2012 39 ANGLO VESTIBULARES


Resolução
Do texto apresentado, temos:
D
`
Q P

A _ C
O

M N

B
—— —— — —
QM é base média no triângulo ABD: QM // DB

— —
— — —
PN é base média no triângulo BCD: PN // DB
—— — —
Logo, QM // PN (1)
—— —— — —
MN é base média no triângulo ABC: MN // AC
—— —
— — —
QP é base média no triângulo ACD: QP // AC
—— — —
Logo, MN // QP (2)
De (1) e (2) segue-se que MNPQ é um paralelogramo.
—— ——
Como, no losango, BD é perpendicular a AC, vem:
—— — —
123

QM // DB
—— — — → QM ⊥ MN
MN // AC
Logo, o paralelogramo MNPQ é um retângulo.
Como AB = BC = CD = DA e β ⬎ α, então AC ⬎ DB. Logo, MN ⬎ QM.
Portanto, o retângulo MNPQ não é losango.
Resposta: b

Questão 26
Se α = 60º, então a razão entre o perímetro do losango ABCD e o perímetro do quadrilátero MNPQ, nessa
ordem, é igual a
a) 公3 + 1.
b) 2.
c) 公3.
3
d) .
2
e) 2公3 − 2.

Resolução
Do texto apresentado e com α = 60º, temos a figura:
D

Q P

A 60º C
O

M N

Como AB = AD e  = 60º, o triângulo ABC é equilátero.


Da mesma forma, BCD também é equilátero.

INSPER/2012 40 ANGLO VESTIBULARES


Sendo a a medida do lado desses triângulos equiláteros, temos:
AB = BC = CD = DA = a
Daí: BD = a e AC = a公3
a a公3
Logo, QP = PN = e MN = QP =
2 2
Assim, temos:
PerímetroABCD = 4a
a公3 a
PerímetroMNPQ = 2 ⋅ + 2 ⋅ = a公3 + a
2 2
4a 4
A razão pedida é , ou seja, ou, ainda, 2公3 – 2.
a公3 + a 公3 + 1
Resposta: e

Questão 27
Para estimar o valor de log1287, uma pessoa dispunha somente do gráfico da função f(x) = 2x, reproduzido
abaixo fora de escala.
y

10

x
1 2 3

INSPER/2012 41 ANGLO VESTIBULARES


Utilizando os dados do gráfico e algumas propriedades das potências, essa pessoa pôde concluir que log1287
vale, aproximadamente,
a) 0,1.
b) 0,2.
c) 0,3.
d) 0,4.
e) 0,5.

Resolução
De log1287 = t, temos:
128t = 7
(27)t = 7
27t = 7
Do gráfico, temos 2x = 7, com x ≈ 2,8.
Com x = 7t e x ≈ 2,8, temos:
7t ≈ 2,8
t ≈ 0,4
Resposta: d

Questão 28
Na figura a seguir, os pontos M, N, O, P, Q e R pertencem aos lados do triângulo equilátero ABC, de perímetro
6cm, de modo que
• AM = AN = 2xcm;
• BO = BP = CQ = CR = xcm.
A

N M

O R

B P Q C

Se a área do hexágono MNOPQR é metade da área do triângulo ABC, então o valor de x é igual a

a)
公3 .
3
1
b) .
2
c)
公3 .
4
d)
公3 .
6
1
e) .
4

INSPER/2012 42 ANGLO VESTIBULARES


Resolução
Do enunciado, os triângulos menores são equiláteros de lados 2x, x e x.
A

2x 2x

N M
2x

O R
x x x x

B x P Q x C

Ainda do enunciado, a soma das áreas dos triângulos menores é igual à metade da área do triângulo ABC,
cujo lado mede 2cm.
Assim:
(2x)2公3 x2公3 x2公3 1 22公3
+ + = ⋅
4 4 4 2 4
2 2 2
4x + x + x = 2
6x2 = 2
1 1
x2 = ∴ x=
3 公3
∴ x=公
3
3
Resposta: a

Questão 29
Uma função f, cujo domínio é o conjunto {x ∈ IR / x ⬎ 0}, é tal que, para todo a, b ∈ IR+*, verifica-se a igualdade:
f(ab) = f(a) + f(b).

Nessas condições, f(2) + f


() 1
2
é igual a

5
a) 0. d) .
4
1 3
b) . e) .
2 2
c) 1.

Resolução
1 1
( )
Substituindo a por 2 e b por , temos f 2 · = f(2) + f

Substituindo a por 1, temos:


2 2
1
2 ()
e, portanto, f(2) + f
1
2
= f(1).
()
f(1 · b) = f(1) + f(b)
f(b) = f(1) + f(b) ∴ f(1) = 0.

Logo, f(2) + f
() 1
2
= 0.

Resposta: a

INSPER/2012 43 ANGLO VESTIBULARES



Questão 30
Em cada ingresso vendido para um show de música, é impresso o número da mesa onde o comprador deverá
se sentar. Cada mesa possui seis lugares, dispostos conforme o esquema a seguir.

MESA

O lugar da mesa em que cada comprador se sentará não vem especificado no ingresso, devendo os seis ocu-
pantes entrar em acordo. Os ingressos para uma dessas mesas foram adquiridos por um casal de namorados
e quatro membros de uma mesma família. Eles acordaram que os namorados poderiam sentar-se um ao lado
do outro. Nessas condições, o número de maneiras distintas em que as seis pessoas poderão ocupar os lugares
da mesa é
a) 96. c) 192. e) 720.
b) 120. d) 384.

Resolução
Consideremos a seguinte numeração para os lugares de uma mesa:

1 2 3

MESA

4 5 6

Nessas condições, o casal pode se sentar das seguintes maneiras: (1, 2); (2, 1); (2, 3); (3, 2); (4, 5); (5, 4); (5, 6)
e (6, 5); ou seja, existem 8 maneiras.
Como os demais membros podem se sentar em qualquer lugar, o total de maneiras diferentes para eles ocu-
parem a mesa é
8 ⋅ 4! = 8 ⋅ 24 = 192
Resposta: c

INSPER/2012 44 ANGLO VESTIBULARES



Questão 31
Quando 5 funcionários trabalham simultaneamente numa repartição pública, cada um consegue atender, em
média, 30 pessoas por dia. Assim, em um dia, são atendidas 150 pessoas no total. Aumentando-se o número
de funcionários na repartição, o número médio de atendimentos cai, pois os funcionários passam a ter de
dividir os recursos físicos (computadores, arquivos, mesas, etc), fazendo com que o tempo de cada atendi-
mento aumente. Estima-se que, a cada funcionário adicional que passe a trabalhar na repartição, a média
de atendimentos diários por funcionário caia 2 pessoas. De acordo com essa estimativa, o menor número de
funcionários que deverão trabalhar simultaneamente na repartição para que o total de pessoas atendidas em
um dia seja 192 é
a) 6. c) 8. e) 10.
b) 7. d) 9.

Resolução

f m
5 30
6 28
7 26
5+x 30 – 2x
• f é o número de funcionários,
• m é a média diária de pessoas atendidas por cada funcionário
O número total de pessoas atendidas em um dia é dado por f ⋅ m.
De f ⋅ m = 192, temos:
(5 + x)(30 – 2x) = 192
(5 + x)(15 – x) = 96
75 + 10x – x2 = 96
x2 – 10x + 21 = 0
x = 3 ou x = 7
Nessas condições, o menor número f de funcionários é obtido com x = 3.
Assim, f = 5 + 3 = 8.
Resposta: c

Questão 32
Em uma pirâmide quadrangular regular, a área lateral é o dobro da área da base. Nesse caso, cada face lateral
forma com o plano da base um ângulo que mede
a) 15º. c) 45º. e) 75º.
b) 30º. d) 60º.

Resolução
Do enunciado, temos a figura, em que α é a medida (em graus) pedida.
V

(BM = MC)

D C

_
M a
O

A a B

INSPER/2012 45 ANGLO VESTIBULARES


Sendo a a medida da aresta da base da pirâmide e, m o apótema da pirâmide, temos que:
1
4⋅⋅ a ⋅ m = 2 ⋅ a2
2
a ⋅ m = a2 ∴ m = a (1)
No triângulo retângulo VOM:
a
OM 2
cosα = ∴ cosα = (2)
VM m
a
2 1
De (1) e (2): cosα = ∴ cosα =
a 2
Logo, α = 60º
Resposta: d

Questão 33
Considere um número complexo z, de módulo 10, tal que
z = (k + i)2,
em que k é um número real. A parte real desse número complexo é igual a

a) 5公3. c) 5公2. e) 5.
b) 8. d) 6.

Resolução
z = k2 – 1 + 2ki
De |z| = 10, temos:
公(k2 – 1)2 + (2k)2 = 10
(k2 – 1)2 + 4k2 = 100
k4 + 2k2 + 1 = 100
(k2 + 1)2 = 102
k2 + 1 = 10 ou k2 + 1 = –10
k2 = 9 ou k2 = –11
Como k é um número real, temos k2 = 9 e, portanto, k2 – 1 = 8.
Logo, a parte real de z é 8.
Resposta: b

Questão 34
Os trens de determinada linha passam numa determinada estação a cada 15 minutos, pontualmente.
A probabilidade de que uma pessoa chegue à estação em um instante qualquer do dia e tenha de esperar mais
de 10 minutos por um trem dessa linha é igual a
1 1 3
a) . c) . e) .
4 2 4
1 2
b) . d) .
3 3

Resolução
Como os trens passam a cada 15 minutos, para esperar mais 10 minutos por um trem, a pessoa deve chegar à
estação antes de se completarem os 5 primeiros minutos após a partida do último trem. A probabilidade de
1
que isso aconteça é de 5 minutos em 15 minutos, isto é, .
3
Resposta: b

INSPER/2012 46 ANGLO VESTIBULARES



Questão 35
Na figura a seguir, a base inferior do cubo de aresta a está inscrita na base superior do cilindro circular reto
de altura a.
V

A distância entre o vértice V do cubo e o centro da base inferior do cilindro é igual a


5a公3 3a公3 3a公2
a) c) e)
2 2 2
5a公2 a公3
b) d)
2 2

Resolução
Do enunciado temos a figura em que C é o centro da base inferior do cilindro e x é a distância pedida.

a a

x
C r
a

r a
a a

r
A
C

8
a = r公2 ∴ r=
公2
No triângulo retângulo VAC, temos:
(VC)2 = (CA)2 + (VA)2
x2 = r2 + (2a)2, ou seja,
2
x2 =
( )
a
公2
+ (2a)2

a2 9a2
x2 = + 4a2 ∴ x2 =
2 2
3a 3a公2
∴ x= ∴ x=
公2 2
Resposta: e

INSPER/2012 47 ANGLO VESTIBULARES

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