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RJ, Brasil
Dissertação de Mestrado
Rio de Janeiro
Abril de 2012
Raquel Teixeira Lavradas
Ficha Catalográfica
Inclui bibliografia
CDD: 540
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1012257/CA
Aos meus pais Ricardo Lavradas e Iná Lavradas por todo amor, apoio e incentivo
dado durante toda a minha caminhada.
À minha orientadora Profª. Isabel Maria Neto da Silva Moreira pela parceria para
a realização deste trabalho.
À minha co-orientadora Dra. Tercia Guedes Seixas por toda a atenção, auxílio e
ajuda em diversas situações durante este trabalho.
Ao Rafael Christian pelo auxílio durante a preparação das amostras e por sua
assistência durante as análises.
Ao meu “irmão” Ricardo Lavandier pela ajuda em diversas situações no nosso
laboratório, durante o tratamento estatístico de meus dados e principalmente pelo
incentivo que me foi dado desde o meu primeiro dia no laboratório.
À Dra. Rachel Hauser por permitir a utilização do liofilizador, por toda ajuda e
sugestões para melhorar o meu trabalho além do seu “super” incentivo.
À minha irmã Renata Lavradas por toda a força durante os momentos mais
difíceis.
Aos meus grandes amigos Danilo Roriz, Fábio Ribeiro, Karol Luparelli, Vanessa
Figliuolo e Monique Canuto por todo apoio e amizade ao longo destes anos.
À Secretária Fátima Almeida por toda a sua paciência, apoio e grande ajuda em
todos os momentos em que necessitei.
In this study the concentrations of Cu, Fe, Zn, Cd, Pb and Ni were
determined in muscle tissue and liver of three fish species (Mugil liza – mullet,
illiophagus; Micropogonias furnieri – croaker, carnivorous, and Trichiurus
lepturus – cutlassfish, piscivore), in the muscle tissue of a shrimp species
(Farfantepenaeus brasiliensis – pink shrimp, omnivore) and in muscle tissue,
entrails and eggs of a soft crab (Callinectes spp. – siri azul, omnivore) sampled
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from the Ilha Grande Bay. The concentrations of the elements were determined by
inductively coupled plasma mass spectrometry (ICP-MS). The methodology
showed good accuracy and precision when tested with certified reference
materials (DORM-3 and TORT-2). The concentrations of Cu, Zn, Cd, Ni and Pb
were below the limits established by the Brazilian and American legislation for
human ingestion of fish products. The highest concentrations of Cu, Fe, Zn, Pb,
Cd and Ni were found in the crustacean samples. In fish, the highest
concentrations were observed in the liver and, in the soft crab samples, in the
entrails. Sex did not influence element accumulation in fish, but influenced the
accumulation of Cu, Fe, Zn, Cd and Ni in the soft crab. In fish, most elements did
not show any correlation to length and weight, with the exception of Pb, which
showed negative correlations in mullet and croaker and Cd which showed
negative correlations in croaker. In crustaceans, some elements also presented
negative correlations to these parameters, indicating that both in fish and
crustaceans these elements are not accumulated during organism growth. The
concentrations of the elements analyzed were statistically different in the dry and
rainy seasons.
Keywords
Trace elements; bioaccumulation; fish; shrimp; soft crab; ICP-MS; Ilha
Grande Bay; Rio de Janeiro.
Sumário
1 INTRODUÇÃO 17
2 OBJETIVOS 19
2.1. Objetivo geral 19
2.2. Objetivos específicos 19
3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS 21
3.1. Metais 21
3.1.1. Ferro 22
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3.1.2. Zinco 23
3.1.3. Cobre 24
3.1.4. Níquel 24
3.1.5. Cádmio 25
3.1.6. Chumbo 26
3.2. Os metais no ambiente aquático 27
7 RESULTADOS E DISCUSSÃO 48
7.1. Amostras de padrão certificado 48
7.2. Limites de detecção e quantificação 49
7.3. Concentração dos elementos nos organismos estudados 50
7.3.1. Peixes 56
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7.3.2. Crustáceos 63
7.3.3. Transferência trófica 74
7.3.4. Influência da sazonalidade 75
7.3.5. Relações inter elementares nos organismos 77
7.4. Exposição aos metais por parte da população humana 79
8 CONCLUSÕES 81
9 REFERÊNCIAS 83
10 ANEXOS 92
Lista de Figuras
1
INTRODUÇÃO
aquática (Smith, 1993; Yilmaz, Ozdemir et al., 2007). Por isso, o estudo da
contaminação de áreas costeiras é de grande importância, pois destas áreas
provêem as principais fontes de proteína animal de origem marinha, para grande
parte da população (Forstner e Wittmann, 1979).
A região costeira do estado do Rio de Janeiro apresenta grandes centros
urbanos e industriais, os quais geralmente lançam nos sistemas aquáticos dejetos
resultantes de suas atividades, tais como, esgotos domésticos, efluentes industriais
e agrotóxicos sem o devido tratamento prévio (Feema, 1990).
Apesar da presença das potenciais fontes de poluição (um porto comercial,
duas usinas nucleares, o terminal de petróleo da Ilha Grande (TEBIG, Petrobrás),
um terminal de atividade mineradora (MBR, Ilha Guaíba) e um grande estaleiro),
o ambiente aquático da Baía da Ilha Grande parece não sofrer impactos
ambientais que gerem prejuízos ao ecossistema da região. Alguns autores
consideram a Baía da Ilha Grande como área de referência devido aos baixos
níveis de metais, tais como Ni, Cu, Cr, Mn, Zn e Hg em sedimentos,
caracterizando-a como uma área não contaminada por fontes antrópicas desses
metais (Lacerda, Pfeiffer et al., 1981a; Lacerda, Paraquetti et al., 2000; Cardoso,
Boaventura et al., 2001).
A Baía da Ilha Grande, localizada no litoral sul do estado do Rio de Janeiro,
é uma região costeira que tem sido objeto de alguns estudos ambientais (Bizerril e
Costa, 2001), no entanto, poucos dados estão disponíveis a respeito da
18
2
OBJETIVOS
2.1.
Objetivo geral
2.2.
Objetivos específicos
3
FUNDAMENTOS TEÓRICOS
3.1.
Metais
3.1.1.
Ferro
3.1.2.
Zinco
3.1.3.
Cobre
3.1.4.
Níquel
3.1.5.
Cádmio
3.1.6.
Chumbo
3.2.
Os metais no ambiente aquático
4
MÉTODOS ANALÍTICOS UTILIZADOS NA QUANTIFICAÇÃO
DE METAIS
4.1.
Espectrometria de massas com plasma indutivamente acoplado (ICP-
MS)
5
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO E ESPÉCIES
ANALISADAS
5.1.
Área de estudo
5.1.1.
Baía da Ilha Grande
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Meros); tendo a Baía de Sepetiba como a principal fonte de água doce (Ikeda,
Godoi et al., 1989; Bizerril e Costa, 2001).
A circulação das águas ocorre no sentido horário (leste/sudoeste) e é
considerada fraca devido à maré sobreposta por um fluxo quase estacionário, o
qual é induzido pelos diferentes gradientes de densidade de água. As velocidades
das correntes possuem valores em torno de 20 centímetros por segundo (Ikeda,
Godoi et al., 1989; Creed, Pires et al., 2007).
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5.2.
Espécies estudadas
5.2.1.
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5.2.2.
Micropogonias furnieri (corvina)
possui o corpo comprido, coloração prateada, estrias amarelas nos flancos e pretas
no dorso (Figueiredo, 1970). É um peixe característico da região tropical e ocorre
ao longo de toda a costa brasileira, sendo mais abundante ao sul de Cabo Frio (RJ)
(Vazzoler, 1971).
O comprimento total das corvinas pode alcançar 350 mm com 1 ano de
vida e migrar para águas que possuem uma maior salinidade (Carvalho-Filho,
1999). Geralmente, seu comprimento encontra-se entre uma faixa que varia de
190 a 610 mm. Esses indivíduos atingem a maturidade sexual quando estão com
450 mm de comprimento ou com 4 anos de idade (Vazzoler, Zaneti et al., 1973).
A corvina caracteriza-se como uma espécie carnívora bentófoga, ou seja,
alimenta-se de animais vivos no fundo do mar (Vazzoler, 1975). Seu aparato
bucal é voltado para baixo. Sendo assim, essa espécie reflete bem a influência da
região costeira onde vive (Vazzoler, 1975).
36
5.2.3.
Mugil liza (tainha)
Mugil liza, conhecida vulgarmente como tainha (Figura 6), possui corpo
alongado, fusiforme e robusto, com o dorso verde-azulado, flancos prateados e
ventre claro. É uma espécie característica de águas tropicais e subtropicais do
Atlântico Ocidental e é encontrada em todo o litoral brasileiro. Apresentam
grande importância para a pesca artesanal e comercial no país e são frequentes na
dieta humana (Szpilman, 1991).
O comprimento total da tainha pode alcançar 1 metro e pode pesar até
aproximadamente 6 kg. Esses indivíduos atingem a maturidade sexual quando
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5.2.4.
Callinectes spp. (Siri azul)
5.2.5.
Farfantepenaeus brasiliensis (camarão rosa)
6
MATERIAL E MÉTODOS
6.1.
Amostragem
espécies de siri e camarão: Callinectes spp. (N= 26) - siri azul, espécie onívora e
Farfantepenaeus brasiliensis (N= 90) - camarão rosa, espécie onívora. Estas
últimas espécies foram coletadas através de uma rede de arrasto utilizada na pesca
do camarão rosa.
Todas as espécies estudadas foram coletadas por pescadores da região da
Ilha Grande e foram transportadas em caixas térmicas com gelo até o Laboratório
Especializado em Meio Ambiente (LEMA), localizado na Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro.
Os indivíduos das espécies de peixe foram pesados, medidos
(comprimento total) e tiveram o sexo identificado. Em seguida, o fígado e o tecido
muscular (dorso-lateral esquerdo) dos indivíduos foram retirados, segundo as
recomendações da FAO (Fao, 1983) e, posteriormente, as amostras foram
liofilizadas para futuras análises.
Nas Tabelas 1, 2 e 3, são apresentados alguns parâmetros biológicos dos
peixes coletados bem como, as estações de coleta dos mesmos.
Os indivíduos da espécie de siri foram pesados, tiveram o sexo
identificado e foram medidos com auxílio de um paquímetro (0,1 mm), onde a
largura da carapaça foi medida entre a base dos espinhos laterais e o comprimento
pela posição vertical do abdômen (Andrade, Matos et al., 2011). Em seguida, o
tecido muscular, as vísceras e os ovos (fêmeas ovígeras) dos indivíduos foram
retirados. Posteriormente, as amostras foram liofilizadas para futuras análises.
40
6.2.
Preparo das amostras
6.3.
Análise instrumental
6.4.
Controle de qualidade analítica
6.5.
Aplicação da análise multivariada de dados a interpretação de dados
ambientais
(PAIRWISE)” que tem como função promover uma estimativa das correlações e
maximizar as informações disponíveis nas amostras.
Os testes foram aplicados nas espécies de peixes juntas e em cada espécie
de peixe separadamente, assim como em todas as espécies de crustáceos juntas e
em cada espécie de crustáceo (camarão e siri), com o objetivo de investigar as
correlações entre as concentrações de metais e as demais variáveis, tais como
comprimento, peso e sexo.
Esta técnica procura sintetizar a informação que está contida em diversas
variáveis originais dentro de um conjunto menor de variáveis estatísticas (fatores),
de modo que a perda de informações seja a menor possível. Isso é feito através do
agrupamento das variáveis que possuem interrelações significativas para que estas
possam apontar uma dimensão avaliativa mais geral, por meio de uma matriz de
correlação.
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48
7
RESULTADOS E DISCUSSÃO
7.1.
Amostras de padrão certificado
Tabela 17. Concentração dos elementos nas amostras de DORM-3 (N= 20)
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Tabela 18. Concentração dos elementos nas amostras de TORT-2 (N= 10)
7.2.
Limites de detecção e quantificação
LD = [(3) x (s/a)]
LQ = [(10) x (s/a)]
7.3.
Concentração dos elementos nos organismos estudados
Tabela 20. Concentração média (µg g-1) de metais em peixes e crustáceos do Brasil, Argentina, Índia e Indonésia.
Local Espécie Tecido/ Órgão Cu Fe Zn Ni Pb Cd Referência
Baía da Ilha Trichiurus Músculo 0,61- 1,34 8,76- 36,88 12,56- 19,18 0,02- 0,23 <LD- 0,05 <LD- 0,02 (Presente
Grande, lepturus estudo)
Brasil (µg g-1
seco)
Fígado 9,81- 41,51 350,72- 1733,59 64,18- 16,22 0,04- 0,14 0,21- 0,51 0,39- 10,55
Baía da Ilha Micropogonias Músculo 0,50- 2,45 11,34- 93,08 12,14- 22,80 0,03- 0,51 <LD- 0,20 0,01- 0,26 (Presente
Grande, furnieri estudo)
Brasil (µg g-1
seco)
Fígado 8,17- 82,74 391,42- 1411,13 70,26- 148,14 0,24- 1,65 0,15- 2,83 1,46- 11,56
Baía da Ilha Mugil liza Músculo 0,49- 5,81 9,05- 47,63 9,69- 20,06 0,01- 0,21 0,02- 0,40 0,01- 0,03 (Presente
Grande, estudo)
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Baía da Ilha Callinectes spp. Músculo 31,60- 64,10 23,18- 142,63 82,74- 179,24 0,20- 0,81 0,07- 0,22 0,05- 0,32 (Presente
Grande, estudo)
Brasil (µg g-1
seco)
Vísceras 35,49- 167,71 70,12- 762,05 69,66- 208,60 0,69- 2,93 0,33- 0,87 0,24- 1,55
Ovos 25,27- 56,93 1106,70- 1807,13 250,05- 406,23 1,29- 1,65 0,98- 2,04 0,04- 0,05
Baía da Ilha Farfantepenaeus Músculo 18,55- 28,50 12,00- 122,00 56,33- 64,73 0,14- 0,51 0,26- 0,43 0,03- 0,14 (Presente
Grande, brasiliensis estudo)
Brasil (µg g-1
seco)
54
Baía de Micropogonias Músculo 0,6± 0,3 2,1± 0,6 3,2± 0,5 1,0± 0,1 0,6± 0,2 0,08± 0,05 (Kehrig, Costa
Guanabara, furnieri et al., 2007)
Brasil (µg g-1
úmido)
Baía de Mugil liza Músculo 0,4± 0,2 8,3± 2,2 3,8± 1,3 0,9± 0,3 0,4± 0,2 0,06± 0,02 (Kehrig, Costa
Guanabara, et al., 2007)
Brasil (µg g-1
úmido)
La Plata, Micropogonias Músculo <LD <LD 10,7- 31,2 <LD <LD <LD (Marcovecchio,
Argentina furnieri 2004)
(µg g-1
úmido)
Fígado - - 30,6- 60,1 - - 0,95- 5,34
úmido)
Fígado - - 44,2- 60,2 - - 7,85- 12,4
Costa Trichiurus Músculo <LD- 20,4 20,0- 249,7 8,0- 59,7 - - <LD- 11,90 (Kumar, Sajwan
nodeste, lepturus et al., 2012)
India (µg g-1
seco)
Grasilk, Mugil liza Músculo 0,108± 0,032 - 0,435± 0,078 0,012±0,010 0,047± 0,002 <0,0001 (Soegianto,
Indonésia Irawan et al.,
(µg g-1 2008)
úmido)
55
São Paulo, Farfantepenaeus Espécimes 10,285- 19,120 - 9,460- 11,720 - - 0,338- 0,536 (Alves-Costa e
Brasil (µg g-1 brasiliensis inteiros Costa, 2004)
seco) (incluindo o
exoesqueleto)
Baía de Callinectes spp. Músculo 59,1 - 94,2 <LD <LD <LD (Carvalho,
Sepetiba, Lacerda et al.,
Brasil (µg g-1 1993)
seco)
Rio Cubatão, Callinectes spp. Parte mole 14- 18 - 12,0- 20 - 0,61- 1,51 0,12- 0,22 (Virga e
Brasil (µg g-1 Geraldo, 2008)
úmido)
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1012257/CA
56
7.3.1.
Peixes
peixes.
7.3.2.
Crustáceos
O Teste Scree estimou dois fatores que explicam 90,18% da variância total
do peso, comprimento e elementos traço correlacionados. O peso, comprimento,
cádmio, chumbo, ferro e níquel são componentes interligados pelo primeiro fator
com 75,10% da variância, enquanto o zinco se encontra sozinho no segundo fator
sendo responsável por 15,08 % da variância (Anexos 11 a 14).
A correlação positiva entre o peso e o comprimento indica que quanto
maior for o camarão maior será o seu peso; a correlação negativa do comprimento
com cádmio, chumbo, ferro e níquel, indicam que estes elementos não são
acumulados em seus tecidos ao longo de seu crescimento enquanto a correlação
positiva do comprimento com cobre indica que este elemento é acumulado em
seus tecidos ao longo de seu crescimento. Cabe ressaltar que o sexo das espécies
de camarão não foi identificado e, portanto não foi possível verificar se o sexo
influenciou na acumulação dos elementos.
No siri, quando se fez a comparação entre a concentração de Cu, Fe, Zn,
Ni, Pb e Cd no tecido muscular e nas vísceras verificou-se que a concentração de
todos os elementos analisados foram superiores nas vísceras. Nas Figuras 25 e 26
67
O Teste Scree estimou três fatores que explicam 84,70% da variância total
do peso, largura e dos elementos correlacionados, em que o chumbo, o ferro, o
níquel e o zinco são componentes interligados pelo primeiro fator com 40,70% da
variância; o cobre e o cádmio estão interligados pelo segundo fator sendo
responsável por 27,67 % da variância e o peso e a largura estão interligados pelo
terceiro fator com 16,33 % da variância (Anexos 15 a 18).
A correlação negativa entre o peso e o tamanho do siri, indica que os
indivíduos menores são mais pesados. Esse resultado pode ser explicado pela
ocorrência do processo de muda (troca de carapaça), no qual durante este processo
o indivíduo absorve água pelo intestino aumentando assim o seu volume e não
necessariamente o seu tamanho (Virga e Geraldo, 2008).
O peso e o tamanho não apresentaram correlação com os elementos
analisados, indicando que estes parâmetros não influenciaram na acumulação de
Cu, Fe, Zn, Cd, Pb e Ni na espécie de siri estudada.
O sexo apresentou correlação com cobre, cádmio, ferro, níquel e zinco,
indicando que este parâmetro influenciou na acumulação destes metais no tecido
muscular e vísceras do siri. Comparando a concentração dos elementos no tecido
muscular do macho e da fêmea observa-se que a concentração de Cu, Zn e Cd
70
7.3.3.
Transferência trófica
7.3.4.
Influência da sazonalidade
7.3.5.
Relações inter elementares nos organismos
7.4.
Exposição aos metais por parte da população humana
Tabela 21. Concentrações médias (em µg kg-1 por peso corporal em peso
úmido) dos metais nas espécies analisadas da Baía da Ilha Grande e os limites
recomendados para cada elemento.
7
RESULTADOS E DISCUSSÃO
7.1.
Amostras de padrão certificado
Tabela 17. Concentração dos elementos nas amostras de DORM-3 (N= 20)
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1012257/CA
Tabela 18. Concentração dos elementos nas amostras de TORT-2 (N= 10)
7.2.
Limites de detecção e quantificação
LD = [(3) x (s/a)]
LQ = [(10) x (s/a)]
7.3.
Concentração dos elementos nos organismos estudados
Tabela 20. Concentração média (µg g-1) de metais em peixes e crustáceos do Brasil, Argentina, Índia e Indonésia.
Local Espécie Tecido/ Órgão Cu Fe Zn Ni Pb Cd Referência
Baía da Ilha Trichiurus Músculo 0,61- 1,34 8,76- 36,88 12,56- 19,18 0,02- 0,23 <LD- 0,05 <LD- 0,02 (Presente
Grande, lepturus estudo)
Brasil (µg g-1
seco)
Fígado 9,81- 41,51 350,72- 1733,59 64,18- 16,22 0,04- 0,14 0,21- 0,51 0,39- 10,55
Baía da Ilha Micropogonias Músculo 0,50- 2,45 11,34- 93,08 12,14- 22,80 0,03- 0,51 <LD- 0,20 0,01- 0,26 (Presente
Grande, furnieri estudo)
Brasil (µg g-1
seco)
Fígado 8,17- 82,74 391,42- 1411,13 70,26- 148,14 0,24- 1,65 0,15- 2,83 1,46- 11,56
Baía da Ilha Mugil liza Músculo 0,49- 5,81 9,05- 47,63 9,69- 20,06 0,01- 0,21 0,02- 0,40 0,01- 0,03 (Presente
Grande, estudo)
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1012257/CA
Baía da Ilha Callinectes spp. Músculo 31,60- 64,10 23,18- 142,63 82,74- 179,24 0,20- 0,81 0,07- 0,22 0,05- 0,32 (Presente
Grande, estudo)
Brasil (µg g-1
seco)
Vísceras 35,49- 167,71 70,12- 762,05 69,66- 208,60 0,69- 2,93 0,33- 0,87 0,24- 1,55
Ovos 25,27- 56,93 1106,70- 1807,13 250,05- 406,23 1,29- 1,65 0,98- 2,04 0,04- 0,05
Baía da Ilha Farfantepenaeus Músculo 18,55- 28,50 12,00- 122,00 56,33- 64,73 0,14- 0,51 0,26- 0,43 0,03- 0,14 (Presente
Grande, brasiliensis estudo)
Brasil (µg g-1
seco)
54
Baía de Micropogonias Músculo 0,6± 0,3 2,1± 0,6 3,2± 0,5 1,0± 0,1 0,6± 0,2 0,08± 0,05 (Kehrig, Costa
Guanabara, furnieri et al., 2007)
Brasil (µg g-1
úmido)
Baía de Mugil liza Músculo 0,4± 0,2 8,3± 2,2 3,8± 1,3 0,9± 0,3 0,4± 0,2 0,06± 0,02 (Kehrig, Costa
Guanabara, et al., 2007)
Brasil (µg g-1
úmido)
La Plata, Micropogonias Músculo <LD <LD 10,7- 31,2 <LD <LD <LD (Marcovecchio,
Argentina furnieri 2004)
(µg g-1
úmido)
Fígado - - 30,6- 60,1 - - 0,95- 5,34
úmido)
Fígado - - 44,2- 60,2 - - 7,85- 12,4
Costa Trichiurus Músculo <LD- 20,4 20,0- 249,7 8,0- 59,7 - - <LD- 11,90 (Kumar, Sajwan
nodeste, lepturus et al., 2012)
India (µg g-1
seco)
Grasilk, Mugil liza Músculo 0,108± 0,032 - 0,435± 0,078 0,012±0,010 0,047± 0,002 <0,0001 (Soegianto,
Indonésia Irawan et al.,
(µg g-1 2008)
úmido)
55
São Paulo, Farfantepenaeus Espécimes 10,285- 19,120 - 9,460- 11,720 - - 0,338- 0,536 (Alves-Costa e
Brasil (µg g-1 brasiliensis inteiros Costa, 2004)
seco) (incluindo o
exoesqueleto)
Baía de Callinectes spp. Músculo 59,1 - 94,2 <LD <LD <LD (Carvalho,
Sepetiba, Lacerda et al.,
Brasil (µg g-1 1993)
seco)
Rio Cubatão, Callinectes spp. Parte mole 14- 18 - 12,0- 20 - 0,61- 1,51 0,12- 0,22 (Virga e
Brasil (µg g-1 Geraldo, 2008)
úmido)
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1012257/CA
56
7.3.1.
Peixes
peixes.
7.3.2.
Crustáceos
O Teste Scree estimou dois fatores que explicam 90,18% da variância total
do peso, comprimento e elementos traço correlacionados. O peso, comprimento,
cádmio, chumbo, ferro e níquel são componentes interligados pelo primeiro fator
com 75,10% da variância, enquanto o zinco se encontra sozinho no segundo fator
sendo responsável por 15,08 % da variância (Anexos 11 a 14).
A correlação positiva entre o peso e o comprimento indica que quanto
maior for o camarão maior será o seu peso; a correlação negativa do comprimento
com cádmio, chumbo, ferro e níquel, indicam que estes elementos não são
acumulados em seus tecidos ao longo de seu crescimento enquanto a correlação
positiva do comprimento com cobre indica que este elemento é acumulado em
seus tecidos ao longo de seu crescimento. Cabe ressaltar que o sexo das espécies
de camarão não foi identificado e, portanto não foi possível verificar se o sexo
influenciou na acumulação dos elementos.
No siri, quando se fez a comparação entre a concentração de Cu, Fe, Zn,
Ni, Pb e Cd no tecido muscular e nas vísceras verificou-se que a concentração de
todos os elementos analisados foram superiores nas vísceras. Nas Figuras 25 e 26
67
O Teste Scree estimou três fatores que explicam 84,70% da variância total
do peso, largura e dos elementos correlacionados, em que o chumbo, o ferro, o
níquel e o zinco são componentes interligados pelo primeiro fator com 40,70% da
variância; o cobre e o cádmio estão interligados pelo segundo fator sendo
responsável por 27,67 % da variância e o peso e a largura estão interligados pelo
terceiro fator com 16,33 % da variância (Anexos 15 a 18).
A correlação negativa entre o peso e o tamanho do siri, indica que os
indivíduos menores são mais pesados. Esse resultado pode ser explicado pela
ocorrência do processo de muda (troca de carapaça), no qual durante este processo
o indivíduo absorve água pelo intestino aumentando assim o seu volume e não
necessariamente o seu tamanho (Virga e Geraldo, 2008).
O peso e o tamanho não apresentaram correlação com os elementos
analisados, indicando que estes parâmetros não influenciaram na acumulação de
Cu, Fe, Zn, Cd, Pb e Ni na espécie de siri estudada.
O sexo apresentou correlação com cobre, cádmio, ferro, níquel e zinco,
indicando que este parâmetro influenciou na acumulação destes metais no tecido
muscular e vísceras do siri. Comparando a concentração dos elementos no tecido
muscular do macho e da fêmea observa-se que a concentração de Cu, Zn e Cd
70
7.3.3.
Transferência trófica
7.3.4.
Influência da sazonalidade
7.3.5.
Relações inter elementares nos organismos
7.4.
Exposição aos metais por parte da população humana
Tabela 21. Concentrações médias (em µg kg-1 por peso corporal em peso
úmido) dos metais nas espécies analisadas da Baía da Ilha Grande e os limites
recomendados para cada elemento.
9
REFERÊNCIAS
GALVÃO, P. M. A. Metais Pesados (Cd, Mn, Fe, Ni, Cu, Z, Pb, Cd) em
sedimentos e material particulado em suspensão no baixo rio Paraíba do Sul:
86
JOP, K. M. et al. Analysis of metals in blue crabs, Callinectes sapidus, from two
Connecticut estuaries. Bulletin of Environmental Contamination and
Toxicology, v. 58, n. 2, p. 311-317, 1997.
KARADEDE, H.; OYMAK, S. A.; UNLU, E. Heavy metals in mullet, Liza abu
and Cat fish, Silurus triostegus, from the Ataturk Dam Lake (Euphrates), Turkey.
Environmental International, v. 30, p. 183-188, 2004.
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REJOMON, G.; NAIR, M.; JOSEPH, T. Trace metal dynamics in fishes from the
southwest coast of India. Environmental Monitoring and Assessment, v. 167, n.
1-4, p. 243-255, 2010.
YILMAZ, F. et al. Heavy metal levels in two fish species Leuciscus cephalus and
Lepomis gibbosus. Food Chemistry, v. 100, n. 2, p. 830-835, 2007 2007.
10
ANEXOS
Anexo 9. Concentração (µg g-1) em peso seco de metais em víceras de siri azul
(Callinectes spp.).
Código Cu Cd Pb Fe Ni Zn
SI V1 167,71 1,48 0,67 220,81 1,55 105,79
SI V2 41,29 0,67 0,51 506,00 2,01 179,79
SI V3 56,96 0,82 0,71 762,05 2,45 181,89
SI V4 79,89 0,95 0,34 70,12 1,15 89,41
99
Anexo 10. Concentração (µg g-1) em peso seco de metais em ovos de siri azul
(Callinectes spp.).
Código Cu Cd Pb Fe Ni Zn
SI O9 53,68 0,05 0,98 1238,21 1,30 264,37
SI O10 47,05 0,05 1,44 1807,13 1,65 258,70
SI O11 25,27 0,04 1,71 1203,33 1,29 278,19
SI O12 56,93 0,05 1,03 1268,08 1,35 283,73
SI O13 40,07 0,04 1,04 1106,70 1,34 250,05
SI O14 41,63 0,04 2,04 1145,28 1,62 406,23
Média 44,10 0,05 1,38 1294,79 1,42 290,21
Desvio 11,33 0,01 0,43 257,88 0,16 58,17
Mínimo 25,27 0,04 0,98 1106,70 1,29 250,05
Máximo 56,93 0,05 2,04 1807,13 1,65 406,23
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1012257/CA 100
Anexo 11. Estimativa dos autovalores das variáveis através do teste Scree
(camarão).
Anexo 15. Estimativa dos autovalores das variáveis através do teste Scree
(siri).
Anexo 19. Estimativa dos autovalores das variáveis através do teste Scree
(peixe espada).
Anexo 24. Estimativa dos autovalores das variáveis através do Teste Scree
(corvina).
107
Anexo 29. Estimativa dos autovalores das variáveis através do Teste Scree
(tainha).