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TRECHOS

Em 1894 José Veríssimo definiu as Memórias de um sargento de


milícias como romance de costumes que, pelo fato de descrever
lugares e cenas do Rio de Janeiro no tempo de D. João VI, se
caracterizaria por uma espécie de realismo antecipado; em
conseqüência, falava bem dele, como homem de um momento
dominado pela estética do Naturalismo.
Praticamente nada se disse de novo até 1941, quando Mário de
Andrade reorientou a crítica, negando que fosse um precursor.
Seria antes um continuador atrasado, um romance de tipo
marginal, afastado da corrente média das literaturas, como os de
Apuleio e Petrônio, na Antigüidade, ou o Lazarillo de Tormes, no
Renascimento -, todos com personagens anti-heróicos que são
modalidades de pícaros.

Concordo com estas opiniões oportunas e penetrantes (infelizmente


muito breves), que podem servir de ponto de partida para o
presente ensaio. A única dúvida seria referente ao realismo, e
talvez nem esta, se Darcy Damasceno estiver se referindo
especificamente ao conceito usual das classificações literárias, que
assim designam o que ocorreu na segunda metade do século XIX,
enquanto o meu intuito é caracterizar uma modalidade bastante
peculiar, que se manifesta no livro de Manual Antônio de Almeida.

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