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Obtenção de neodímio, contendo teores controlados de praseodímio, a partir da redução de seu óxido View project
Tecnologias para novos projetos e prolongamento da vida útil de armaduras de concreto armado View project
All content following this page was uploaded by Célia Aparecida Lino dos Santos on 05 June 2017.
Revista Corrosão & Proteção, veículo oficial da ABRACO – Associação Brasileira de Corrosão
ISNN 0100-1485 - publicada em parceria com a Aporte Editorial Ltda.
Veja na parte superior esquerda desta página a aba Bookmarks, link para as edições abaixo
Por Zehbour fosfatização é um trata- limalhas de aço.................. 28,3 g (1 oz) dos Unidos. Foi introduzido o uso
Panossian e mento de conversão, a ácido fosfórico................... 118 mL (4 fl oz) de fosfato primário de metais biva-
Célia A. L. dos saber: é a “conversão” de água................................... 4,7 L (160 fl oz) lentes. Nos Estados Unidos, surgiu
Santos um metal em um óxido, hidróxi- o processo conhecido como “Parke-
do ou sal do metal por meio de Nesse banho, camadas fosfa- rizing” que consistia no uso de fos-
reações eletroquímicas que po- tizadas adequadas para uso eram fato primário de manganês e de
dem ocorrer tanto devido à im- obtidas a uma temperatura pró- ferro. Este processo era de mais fácil
posição de corrente como devido xima à ebulição e um tempo de controle, porém, ainda necessitava
ao ataque do metal por um oxi- imersão variando entre 2 horas e de aproximadamente uma hora
dante presente na solução (Raus- 2,5 horas. para produção de camadas fosfati-
ch, 1990). Para o caso específico A partir do banho de Coslett, zadas. Neste período, foi verificada
da fosfatização, trata-se da con- o desenvolvimento da fosfatiza- a superioridade de desempenho
versão do metal em um fosfato ção teve como objetivos dimi- apresentada pelas camadas de tinta
insolúvel do íon metálico. O fos- nuir o tempo e a temperatura de aplicadas sobre aço fosfatizado. Em
fato insolúvel deposita-se sobre o processo, melhorar o desempe- 1929, já foi introduzido o uso de
metal modificando as suas pro- nho das camadas e identificar no- íons de cobre como acelerador,
priedades superficiais. vas aplicações para estas. Atual- tendo sido consagrado o processo
O primeiro registro do em- mente, excelentes camadas fosfa- conhecido como “Bonderizing”
prego de camadas fosfatizadas tizadas podem ser obtidas a tem- que produzia camadas fosfatizadas
para a prevenção contra a corro- peraturas mais baixas e somente em aproximadamente 10 minutos.
são em ferro e aço foi a patente com alguns minutos (ou até de- Em 1931, foi descoberta a ação
registrada por W. A. Ross em zenas de segundos) (Lorin, 1974). benéfica dos aceleradores tipo oxi-
1869 (Narayanan, 2005). A pri- Freeman (1988, p.3-8) divi- dante, como o nitrato. O avanço tec-
meira fosfatização aplicada co- de a evolução da arte de fosfatiza- nológico, nesta época, permitiu a pro-
mercialmente ocorreu no início ção em quatro períodos, a saber: dução de camadas fosfatizadas en-
do século passado, em Bir- tre 2 minutos e 5 minutos. Neste pe-
mingham, Inglaterra, com um Período 1: antes da Primeira ríodo, também foi introduzida a
processo patenteado por Coslett Guerra Mundial. Neste período, fosfatização por aspersão e a fosfa-
em 1906 (Lorin, 1974; Free- ocorreram as descobertas básicas dos tização com banhos contendo me-
man, 1988, p.3). No entanto, a processos de fosfatização, principal- tais alcalinos. As camadas fosfatiza-
importância deste processo tor- mente na Inglaterra. Nesta época, das, ainda, eram utilizadas somen-
nou-se marcante antes, e espe- já foi utilizado o banho de fosfato a te para resistência à corrosão e para
cialmente, durante a Segunda base de zinco e de manganês. O pri- servirem de base para pintura. Mas
Guerra Mundial, perpetuando- meiro era obtido dissolvendo zinco no final deste período, já se identi-
se até os dias de hoje. metálico em ácido fosfórico. O se- ficaram outras aplicações para as
A concepção inicial dos ba- gundo era obtido adicionando-se ao camadas fosfatizadas: a de auxiliar
nhos de fosfatização mudou sig- banho, manganês na forma metá- as operações de conformação e a de
nificativamente e acredita-se que lica ou como carbonato. Com estes resistência à abrasão e ao desgaste;
ainda sofrerá muitas modifica- banhos já se conseguiu reduzir o
ções. Os primeiros banhos de tempo de fosfatização para aproxi- Período 3: período da Segunda
Coslett eram obtidos a partir da madamente uma hora; Guerra Mundial, durante a qual
dissolução de limalhas de ferro se ampliou o uso de camadas fosfa-
em ácido fosfórico diluído (Ja- Período 2: entre a Primeira e tizadas para auxiliar nas operações
mes, Freeman, 1971; Murphy, Segunda Guerra Mundial. Neste de conformação, principalmente na
1971; Freeman, 1988, p.4). O período, a fosfatização foi utilizada Alemanha. Neste período, as cama-
banho original de Coslett apre- na indústria para produção em gran- das fosfatizadas rapidamente subs-
sentava a seguinte composição: de escala, principalmente nos Esta- tituíram os demais tratamentos de
XISTEM BASICAMENTE TRÊS (PO4)2.4H2O, onde Me re- • iron phosphate, alkali metal
tipos de camadas fosfati- presenta níquel ou manga- phosphate ou lightweight iron
zadas (Wick e Veilleux, nês. O zinco continua sendo ou non-coating: referem-se a
1985; Kuehner, 1985; Rodzewi- o principal constituinte da camadas fosfatizadas obtidas
ch, 1974; Rausch, 1990, p.95; camada. A adição dos íons de a partir de banhos de metais
Por Zehbour ISO 9717, 1990; BS 3189, níquel e manganês promove alcalinos ou de amônio e que
Panossian 1991): fosfato de ferro II, fosfa- um refinamento de grão e são constituídas basicamente
to de zinco e o fosfato de man- um aumento da resistência à de óxido de ferro e fosfato de
ganês. Na realidade, esta no- corrosão da camada fosfatiza- ferro. O termo lightweight iron
menclatura não é correta, visto da. Este tipo de camada tam- tem sua origem no fato de que
que as camadas não são forma- bém é chamada de fosfato de a partir dos banhos de metais
das exclusivamente por fosfato zinco tricátion. No caso de alcalinos ou de amônio só são
de ferro, zinco ou manganês. fosfatização de aço zincado, a obtidas camadas finas e o ter-
Por Célia A. L. Por exemplo: presença de íons de níquel e mo non coating tem sua ori-
dos Santos • as camadas de fosfato de ferro manganês promove a modifi- gem no fato de que os íons de
podem ser constituídas de cação do fosfato de zinco for- metais alcalinos ou os íons de
fosfato de ferro e óxido de mado (hopeíta modificada) amônio não participam na
ferro; tornando-a equivalente ao formação da camada. Em ge-
• as camadas de fosfato de zin- fosfato duplo de zinco e de ral, a tradução é fosfato de fer-
co obtidas a partir de banhos ferro (fosfofilita) (Narayanam, ro, porém no caso em que se-
somente a base de fosfato 1996); ja necessário evitar qualquer ti-
diácido de zinco contêm fos- • as camadas de fosfato de man- po de equívoco, a tradução
fato de zinco, a hopeíta, ganês são constituídas de fos- melhor seria “fosfato de ferro
Zn3(PO4)2.4H2O, e fosfato fato duplo de ferro e manga- obtido a partir de banhos de
duplo de ferro e zinco, a fos- nês, a hureaulita, (Mn,Fe)5H2 metais alcalinos ou de amônio”;
fofilita, Zn2Fe(PO4)2.4H2O; (PO4)4.4H2O. • true iron phosphate: refere-se a
• as camadas de fosfato de zin- camadas fosfatizadas obtidas
co podem ser obtidas a partir Apesar do exposto, a título de a partir de banhos contendo
de banhos contendo sais de simplificação e facilidade, a no- fosfato diácido ferroso e áci-
cálcio. Nestes casos, as cama- menclatura apresentada é larga- do fosfórico, banhos estes se-
das são constituídas de fosfa- mente utilizada na prática. melhantes aos banhos iniciais
to de zinco, a hopeíta, Zn3 Outras nomenclaturas são de Coslett. A tradução tam-
(PO4)2.4H2O, fosfato duplo encontradas na literatura em lín- bém, neste caso, seria fosfato
de zinco e cálcio, a scholzita, gua inglesa, cada qual tendo de ferro. Pela mesma razão ci-
Zn2Ca(PO4)2.2H2O e fosfato uma razão específica, a saber tada anteriormente, em caso
duplo de zinco e ferro, a fos- (Murphy, 1971; Freeman, 1988, de dúvida, pode-se mencio-
fofilita, Zn2Fe(PO4)2. 4H2O. p.26): nar o tipo de banho e tradu-
A adição de íons de cálcio • heavy phosphate: refere-se a zir como “fosfato de ferro ob-
promove refinamento de camadas fosfatizadas grossas tido a partir de banhos con-
grão; as quais são destinadas prin- tendo fosfato ferroso” (Bies-
• as camadas de fosfato de zin- cipalmente à proteção contra tek, 1976).
co podem ser modificadas adi- corrosão e à resistência ao
cionando-se ao banho sais de atrito ou à abrasão e, em ge- Camadas à base de
níquel e manganês. Nestes ca- ral, são usadas com óleos ou fosfato de ferro
sos, têm-se na camada fosfa- graxas. Este termo pode ser As camadas à base de fosfato
tos duplos do tipo Zn2Me traduzido por fosfato pesado; de ferro foram as primeiras a
porém, da mesma ordem de TAB. 3 - VALORES DE MASSA POR UNIDADE DE ÁREA PARA CAMADAS FOSFATIZADAS
grandeza. Por esta razão, neste À BASE DE FOSFATO DE ZINCO E DE CÁLCIO (ISO 9717, 1990; BS EN 12476, 2000)
trabalho optou-se por apresentar
faixas indicadas por normas, que Massa por unidade
Aplicação
acabam sendo os valores mais de área (g/m2)
adotados na prática. >5 Com óleos, graxas ou ceras para proteção contra corrosão durante
As Tabelas de 1 a 4 apresen- armazenamento e transporte
tam, por tipo de fosfato, a faixa 1 a 10 de preferência 1 a 4 Como base para tintas ou vernizes
de massa de camada por unidade
de área para as diferentes aplica-
ções. Em relação a elas, convém TAB. 4 - VALORES DE MASSA POR UNIDADE DE ÁREA PARA CAMADAS FOSFATIZADAS
citar ainda que: À BASE DE FOSFATO DE MANGANÊS (ISO 9717, 1990; BS 7371, 1996)
• as camadas de fosfatos desti-
nadas à proteção contra cor- Massa por unidade
Aplicação
rosão com ou sem aplicação de área (g/m2)
de óleos, graxas e ceras, são > 5 de preferência > 10 Sem proteção suplementar, para proteção contra corrosão entre
geralmente submetidas, após operações de fabricação em ambientes secos por períodos inferiores
a fosfatização, a uma lavagem a 7 dias
em uma solução contendo > 5 de preferência > 10 Com óleos, graxas ou ceras para proteção contra corrosão durante
ácido crômico2 ou outros armazenamento e transporte
compostos selantes; 3a5 Revestimentos constituídos principalmente de fosfato de
• as camadas fosfatizadas utili- manganês, obtidos a partir de banhos sem íons de ferro.
zadas como base para tintas e Para componentes com pouca folga, como pistão de compressor
vernizes também são subme- de refrigeradores
tidas a uma lavagem conten- 5 a 20 Revestimentos constituídos de fosfato de ferro e manganês ,
do ácido crômico2 ou outros obtidos a partir de banhos com íons de ferro.
compostos para aumentar a Para componentes com folga, como engrenagens
resistência à corrosão. Porém, >8 Para elementos de fixação
neste caso, após este estágio
LATINCORR 2006
Empresas participantes do LATINCORR 2006, Congresso Latino-Americano de Corrosão
e Exposição Empresarial de Corrosão e Proteção, realizado em Fortaleza, de 21 a 26 de maio.
P ATROCINADORES
Ouro Prata Bonze
Bayer Materialscience Orvic Engeduto
Blasting VCI Brasil Logos Química
CENPES – Centro de Pesquisas Votorantim Metais Super Finishing
da PETROBRAS Zerust & Northern Tintas Renner
Euronavy / Tintas Jumbo De Nora do Brasil Tintas Sumaré
International Paint Triquimica
E XPOSITORES
Aselco Automação GE Water & Process Technologies Rust Engenharia
Bayer Materialscience Honeywell Super Finishing
Chesterton Naja Turismo Trenton
De Nora do Brasil Nalco Brasil Triex Sistemas
Equilan Indústria e Comércio Pensalab
Fortaleza Convention Bureau Rogertec
fosfatização e na (solúvel)
qualidade da cama- 3MeHPO 4 Me (PO ) + H PO
3 4 2 3 4
da obtida. Teores 2
(fracamente solúvel ) (insolúvel)
baixos de íons fer- 3Me(H PO ) Me (PO ) + 4H PO
2 4 2 3 4 2 3 4
rosos favorecem a (solúvel) (insolúvel)
formação das cama-
das fosfatizadas. No
entanto, com o aumento do Este comportamento, solu- Zehbour Panossian
teor destes íons, a resistência à bilidade diferenciada dos fos- Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
corrosão da camada fosfatizada fatos diácidos, monoácidos e – IPT. Laboratório de Corrosão e Proteção –
é afetada. neutros, foi explorado para o LCP. Doutora em Ciências (Fisico-Química)
Todos os fosfatos de metais desenvolvimento dos processos pela USP. Responsável pelo LCP.
alcalinos (primários, secundários de fosfatização. Célia A. L. dos Santos
e neutros) e os fosfatos de me- Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
tais bivalentes primários (diáci- Os mecanismos de fosfatiza- – IPT. Laboratório de Corrosão e Proteção –
dos), tais como os fosfatos de ção, de acordo com os tipos de LCP. Doutora em Química (Fisico-Química)
ferro II, zinco, manganês, cád- banhos, serão apresentados na pela USP. Pesquisadora do LCP.
mio, cálcio, magnésio e níquel, próxima edição.
são muito solúveis em água. Contato com as autoras:
Os mesmos fosfatos de me- zep@ipt.br / clsantos@ipt.br
tais bivalentes, porém, monoá- fax: (11) 3767-4036
A
ção é conveniente recordar a parte integrante do processo. Fe ➠ Fe++ + 2e
definição para os revestimentos Classificam-se dentro deste con-
de conversão: é a “conversão” de ceito as camadas obtidas a partir O início do ataque ao metal
um metal em um óxido, hidróxido de banhos contendo ácido fosfó- ocorre preferencialmente nos
ou sal do metal através de reações rico e um fosfato diácido de um contornos de grão (FREEMAN,
eletroquímicas que podem ocorrer, metal bivalente. 1988, p.12). Neste estágio, con-
tanto devido à imposição de cor- forme pode ser observado pelas
rente, como devido ao ataque ao Mecanismo de Fosfatização reações, o ácido fosfórico com-
metal por um oxidante presente na para os Revestimentos de porta-se como o ácido clorídrico
solução. Conversão ou sulfúrico, ou seja, tem ação
Para o caso específico da fos- puramente corrosiva.
fatização, trata-se da conversão Composição básica dos
do metal em um fosfato insolú- banhos de fosfatização A Figura 1 mostra esquema-
vel do íon metálico. Em outras As camadas fosfatizadas clas- ticamente o primeiro estágio do
palavras, o revestimento de con- sificadas dentro de “revestimen- processo de fosfatização.
versão pode ser interpretado co- tos de conversão” podem ser
mo sendo um produto formado obtidas a partir de banhos com a
a partir de um processo de corro- seguinte composição: A +
2H + 2e ➠ H2
A
Catodo
são acelerada e controlada, em • solução diluída de ácido fos- e íons em
movimento
que os produtos de corrosão são fórico; Anodo
++
Fe ➠ Fe + 2e @
sólidos e aderentes ao metal que • solução diluída de um fosfato
está corroendo. Para o caso da diácido de metal alcalino ou
fosfatização, classificam-se, den- de amônio contendo aditivos Fig. 1 - Representação esquemática
tro deste conceito, as camadas que podem ser aceleradores simplificada do primeiro estágio de
obtidas em uma solução diluída (para acelerar as reações de um processo de fosfatização: ataque
de ácido fosfórico (não-utilizada formação da camada fosfati- ao metal pelo ácido.
A
(solúvel) (insolúvel) formação da camada de fosfati-
zação pelo mecanismo acima
ou esquematicamente: descrito é muito longo: o tempo Segundo Estágio:
Oxidação do fosfato ferroso em
Consumo Mais consumo Mais consumo
fosfato férrico e hidróxido férrico
+ + +
de H de H de H
2Fe(H2PO4)2 + 2Na2HPO4 + 0,5O2 ➠ 2FePO4 + 2NaH2PO4 + H2O
+ +
Terceiro Estágio:
Ocorre ataque Diminui a concentração de H , Diminui a concentração de H ,
Decomposição do hidróxido
ao metal com aumenta o pH na interface, o aumenta o pH na interface, o
férrico em óxido férrico
formação de fosfato diácido "solta" mais fosfato monoácido "solta" mais
++ + +
íons Fe H para regenerar o ácido H para regenerar o ácido 2Fe(OH)3 ➠ Fe2O3 + 3H2O
ABRACO Informa
A
2+
Fe ➠ Fe + 2e pela precipitação do fosfato como [(Fe(PO4)2]3- e [Fe(PO4)3]6-
neutro seria: (LORIN, 1974, P.15). Isto ocorre
2+
Neste estágio, denominado devido à oxidação do Fe para
3+
Primeiro Estágio, conforme po- 3Zn(H2PO4)2 ➠ Zn3(PO4)2 + 4H3PO4 Fe , pela ação do oxigênio dis-
de ser observado pelas reações, o solvido na solução fosfatizante
ácido fosfórico comporta-se co- • uma outra teoria afirma que ou pela ação de algum oxidante
mo o ácido clorídrico ou sulfúri- a nucleação ocorre nas regi- propositadamente adicionado.
co, ou seja, tem ação puramente ões anódicas, devido ao enri- De uma maneira simplifica-
corrosiva. A reação de corrosão quecimento desta região com da, pode-se dizer que a formação
do metal ocorre nas regiões anó- íons ferrosos, o que determi- da camada fosfatizada ocorre da
dicas, o que determina o enrique- na a precipitação do fosfato seguinte maneira:
cimento desta região com íons de de ferro neutro. Segundo es- • formação do fosfato de zinco
Fe2+. A reação de redução do íon ta teoria, sobre o fosfato de fer- neutro devido ao aumento do
hidrogênio, e, portanto, a de for- ro começa a se formar a ca- pH, de acordo com a reação:
mação do gás hidrogênio, ocorre mada do fosfato de zinco. Es-
nas regiões catódicas, o que deter- ta teoria é corroborada pelo fa- 3Zn(H2PO4)
2
➠ Zn3(PO4)2 + 4H3PO4
mina o aumento do pH da solu- to de se encontrar sempre com-
ção nestas regiões. Este conceito é postos de ferro na interface • formação do fosfato duplo de
amplamente aceito pela maioria camada fosfatizada/substrato zinco e de ferro devido ao
dos pesquisadores que estuda os quando estas são analisadas; aumento de íons ferrosos, de
mecanismos de fosfatização. • outros autores acreditam ain- acordo com a seguinte reação:
da que há formação de fosfa-
Já para o Segundo Estágio to duplo de ferro e de zinco Fe
2+
+ 2ZnHPO4 ➠ FeZn2 (PO4)2 + 2H
+
A
2H + 2e H2 [ Zn(H2PO4)2 ] = acidez total – acidez livre
Fe Fe
2+
+ 2e
de zinco, a quantidade de
2+ + ácido fosfórico livre é maior
Zn(H2PO4)2 + Fe FeHPO4 + ZnHPO4 + 2H
2+ +
do que a de um banho de Posto isto, a relação anterior-
Zn(H2PO4)2 + Fe FeZn(HPO4)2 + 2H fosfato de manganês ou fos- mente citada pode ser escrita da
Zn(H2PO4)2 ZnHPO4 + H3PO4 fato de ferro, e portanto, o seguinte maneira:
3ZnHPO4 Zn3(PO4)2 + H3PO4 pH dos banhos de fosfato de
3Zn(H2PO4)2 Zn3(PO4)2 + 4H3PO4 zinco é menor do que o pH [ Zn3(PO4)2 ] = K
acidez total – acidez livre
de banhos de fosfato de man- acidez livre
ganês ou de ferro;
Para efeito de simplificação, • quando se tem um fosfato Nos banhos de fosfatização, a
considere a última reação. Para diácido férrico num banho acidez total é sempre muito
esta, a constante de equilíbrio é de fosfatização, este transfor- maior do que a acidez livre. De
dada por: ma-se rapidamente em fosfa- modo que a equação apresentada
4
to férrico neutro, pois o valor pode ser escrita com aproxima-
K=
[ Zn3(PO4)2 ] . [ H3PO4 ] de K é muito elevado (290). ção da seguinte maneira:
[ Zn (H2PO4)2 ]
3
De fato, nos banhos de fosfa-
tização, adicionam-se subs- [ Zn3(PO4)2 ] K
acidez total
A constante K varia com a na- tâncias para oxidar os íons fer- acidez livre
2+ 3
tureza do íon metálico do fosfato rosos (Fe ) em férricos (Fe ).
diácido e neutro, da temperatura Com isto forma-se o fosfato A relação apresentada indica,
e do pH do banho. Quanto maior férrico que, sendo insolúvel, de maneira simplificada, a quan-
é o valor de K, maior será a velo- precipita-se e forma a lama. tidade de fosfato formada como
cidade de formação dos fosfatos sendo função da acidez total, aci-
insolúveis constituintes da cama- Os valores de K aumentam dez livre e da constante de equilí-
da fosfatizada. com a temperatura. No caso do brio da reação de formação de
Os valores de K a uma tem- fosfato de zinco, tem-se os se- fosfato de zinco terciário. Por esta
peratura de 98ºC, para diferentes guintes valores: relação, pode-se concluir:
íons metálicos, são os seguintes • quanto maior a relação entre a
(LORIN, 1974 P.34): K = 0,013 para T = 25ºC acidez total e a acidez livre,
K = 0,029 para T = 37ºC maior é a velocidade de for-
3+
íon férrico (Fe ) ➠ K = 290 K = 0,71 para T = 98ºC mação da camada fosfatizada;
2+
íon de zinco (Zn ) ➠ K = 0,71 • a quantidade de fosfato depo-
2+
íon de manganês (Mn ) ➠ K = 0,040 Estes valores ilustram bem o sitada aumenta com o au-
2+
íon ferroso (Fe ) ➠ K = 0,0013 fato de que a velocidade de for- mento da acidez total e dimi-
mação das camadas fosfatizadas nui com o aumento da acidez
aumentam com o aumento da livre. Para o caso da acidez
Pelos valores de K pode-se temperatura. livre, este fato está ilustrado
concluir que: Como o objetivo é a forma- na Figura 1.
• para a mesma concentração e ção da camada fosfatizada, é
temperatura, o fosfato do íon conveniente representar a equa-
metálico com maior valor de ção da constante de equilíbrio Fosfato
insolúvel
K formar-se-á primeiro. As- em termos da concentração de
sim, dentre os quatro íons me- fosfato de zinco neutro, a saber:
tálicos, o fosfato férrico for-
mar-se-á primeiro, seguido, 3
K [ Zn(H2PO4) 2 ]
[ Zn3(PO4)2 ] =
nesta ordem, pelo fosfato de [ H3PO4 ]
4
Evento ABRACO
A
de ácido livre
metais alcalinos ou de amô- 1988. pH control of
nio, em geral, operam entre Consumo de 3FeHPO4 + 3H3PO4
iron phosphate baths
3,0 e 5,5. Para banhos desti- ácido livre made up in hard
nados à fosfatização por Fe3(PO4)2 + H3PO4
water. Metal Fini-
aspersão, a faixa de pH é shing. v.86, n.12,
mantida entre 4,0 e 4,3 p.15-16, Dec.
(SCISLOWSKI, 1991a); É importante citar que, na JAMES, D.; FREEMAN, D. B.
• os banhos a base de fosfato prática, ocorrem variações do 1971. Accelerator systems for zinc
de zinco, em geral, operam banho como um todo, o que é phosphate processes with particu-
com valores de pH entre 1,8 compensado pelo acerto de pH, lar references to their use before
a 3,2, sendo os valores mais que deve ser realizado regular- electropaint. Transactions of the
baixos (1,8 a 2,5) adotados mente. No entanto, estas varia- Institute of Metal Finishing
para banhos aplicados por ções não são drásticas e permi- Conference issue, part 2, v.49,
imersão e valores mais altos tem controle sem prejuízo ao p. 79-83.
(2,5 a 3,2) para aplicação processo. LORIN, G. 1974. Phosphating of
por aspersão (LORIN, 1974, Freqüentemente, o ácido fos- metals. Great-Britain: Finishing
p.4); fórico é o único ácido livre pre- Publications. 222p.
• os banhos a base de fosfato sente nos banhos de fosfatização. METALS handbook. 1987. 9 ed.
de manganês operam a valo- No entanto, alguns banhos po- Metals Park: ASM, 17v. v.5:
res de pH da mesma ordem dem ser formulados com adições surface cleaning, finishing and
de grandeza dos banhos a de outros ácidos minerais ou or- coating. 715p.
base de fosfato de zinco por gânicos com a finalidade de me- NARAYANAN, Sankara. 1996.
imersão (METALS HAND- lhorar a condutividade dos ba- Influence of various factors on
BOOK, 1987; WICK & VEIL- nhos (LORIN, 1974). Os ácidos phosphatability - an overview.
LEUX, 1985, p.19.7). mais utilizados são: o ácido Metal finishing. v.94, n.6,
fluorsilícico, o fluorídrico e o p.86-90, June.
É importante notar que, ácido bórico. • SCISLOWSKI, Stan. 1990. Phospha-
quando uma solução fosfatizan- ting Part I - formulation of phos-
te é bem formulada, a formação Na próxima edição serão apre- phating chemicals and how they
de fosfatos insolúveis ocorre sentados e discutidos os principais work. Metal Finishing, v.88, n.12,
somente na interface metal/ba- aceleradores empregados nos pro- p. 39-40, Dec.
nho, e à medida que o fosfato cessos de fosfatização. SCISLOWSKI, Stan. 1991a.
diácido transforma-se em fosfato Phosphating Part II - total acid,
monoácido ou neutro, ocorre a free acid and pH. Metal
liberação de ácido fosfórico Referências Bibliográficas
livre, de modo que no banho, BIBIKOFF, Wladimir. 1985. Fosfatiza- Zehbour Panossian
como um todo, não ocorrem ção a base de fosfato de zinco e Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
variações consideráveis da con- zinco e ferro. In: ENCONTRO – IPT. Laboratório de Corrosão e Proteção –
centração de ácido livre e, por- BRASILEIRO DE TRATAMEN- LCP. Doutora em Ciências (Fisico-Química)
tanto, não há variações significa- TO DE SUPERFÍCIE, 4. São pela USP. Responsável pelo LCP.
tivas do pH (LORIN, 1974), o Paulo, 1985, Anais... São Paulo: Célia A. L. dos Santos
que garante a não precipitação ABTS, 1985. p. 275-284. Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
de fosfatos insolúveis no seio do BIESTEK, T.; WEBER, J. 1976. Elec- – IPT. Laboratório de Corrosão e Proteção –
banho. Isto não pode ser atribuí- trolytic and chemical conversion LCP. Doutora em Química (Fisico-Química)
do à capacidade tamponante do coatings. 1st ed. Wydawnictwa: pela USP. Pesquisadora do LCP.
banho, mas sim às propriedades Porteceilles. 432p.
do ácido fosfórico e de seus sais CAVANAGH, Walter R.; CAVANA- Contato com as autoras:
que, ao se transformarem, libe- GH, Richard R. 1991. The role of zep@ipt.br / clsantos@ipt.br
ram ácido fosfórico. No proces- pH in phosphatizing. Plating and fax: (11) 3767-4036
S REAÇÕES RESPONSÁVEIS ocorre nestes locais. O favo- dos efeitos dos aceleradores sobre
pela formação das cama- recimento das reações catódi- os banhos de fosfatização à base
das de fosfatos podem ser cas determina um aumento de fosfatos de metais alcalinos ou
aceleradas quimicamente (adição da velocidade do processo de de amônio e à base de fosfato de
de oxidantes ou de sais metálicos fosfatização; metais pesados, a saber (FREE-
Por Zehbour de metais mais nobres do que o • área dos microanodos: as ve- MAN, 1988, p. 26):
Panossian ferro), mecanicamente ou ele- locidades das reações mencio- • nos banhos à base de fosfato
troliticamente (BIESTEK & nadas dependem, também, da de metais alcalinos ou de
WEBER, 1976). área total dos microanodos. amônio, os aceleradores, além
Manchu (1955) estudou a ma- Aumentando (ou diminuin- de aumentarem a velocidade
neira com que os diferentes acele- do) as áreas e/ou o número de formação da camada fos-
radores agem nos banhos de fosfa- dos microanodos haverá um fatizada, determinam um au-
tização e elaborou um mecanis- favorecimento (ou inibição) mento da espessura da cama-
Por Célia A. L. mo para explicar este fenômeno, da reação que ocorre nestes da (que é formada com cris-
dos Santos a saber: locais. O favorecimento das tais tão finos que muitas ve-
• a fosfatização é processo ele- reações anódicas determina zes é considerada amorfa).
troquímico e, portanto, as rea- uma diminuição da velocida- No caso de processos aplica-
ções de oxirredução na super- de do processo de fosfatiza- dos por aspersão, a presença
fície do metal ocorrem em inú- ção; de aceleradores não é um re-
meros microanodos (reação de • despolarização das reações ca- quisito de suma importância
oxidação) e em inúmeros mi- tódicas: a despolarização das pois o oxigênio do ar, dissol-
crocatodos (reação de redução); reações catódicas determina o vido no banho, já funciona
• nos microanodos, ocorre a aumento da sua velocidade e, como um acelerador efetivo;
seguinte reação: em conseqüência, um au- • nos banhos à base de fosfatos
mento da velocidade do pro- de metais pesados, os acelera-
Fe ➠ Fe2+ + 2e cesso de fosfatização; dores, além de aumentarem a
• polarização das reações anó- velocidade de formação da
• nos microcatodos, ocorrem as dicas: a polarização das rea- camada fosfatizada, determi-
seguintes reações: ções anódicas determina a di- nam um aumento considerá-
2H+ + 2e ➠ H2 minuição da sua velocidade, vel do número de sítios de
A
2
2
Não-acelerado Acelerado com clorato
existem, cabe citar que para os
banhos à base de fosfato de me-
tais alcalinos, cerca de 200 a 250 Não-acelerado
tipos de substâncias já foram uti- Acelerado com nitrato
Referências Bibliográficas
Cloratos muito baixo os íons ferrosos em 1974; Biestek & Weber, 1976), a
PRIMEIRO BANHO ACELE- solução. Quando o processo é saber:
rado com clorato tinha, por aspersão, pode ser utilizado
em sua composição, uma junto com um acelerador exter-
ClO3- + 6H+ + 6Fe2+ Cl- + 3H2O + 6Fe3+
quantidade excessiva de íons no, por exemplo, com nitrito.
Por Zehbour clorato, o que determinava a for- Geralmente, nos banhos de
Panossian mação de uma quantidade exces- fosfatização, é adicionado na for- Esta reação desloca-se para a
siva de lama. Este fato restringiu ma de clorato de sódio (Lorin, direita em meios ácidos e a tem-
o uso deste acelerador em plantas 1974) ou de clorato de zinco peraturas próximas a 60ºC. Ela é
de grande porte, por um período (Biestek & Weber, 1976). Neste a responsável pela transformação
de tempo (Freeman, 1988, último caso, o produto é forneci- dos íons ferrosos produzidos
p.22). Em 1940, o clorato passou do como solução concentrada durante o ataque ao metal para
a ser utilizado em escala comer- porque o clorato de zinco é mui- íons férricos, que precipitam na
Por Célia A. L. cial em processos à base de fosfa- to higroscópico. forma de fosfato férrico, forman-
dos Santos to de zinco, quando então a sua A ação aceleradora do clorato do a lama. Isto garante a baixa
concentração passou a ser con- é devida à seguinte reação: concentração de íons ferrosos no
trolada e mantida em teores mais banho sem a adição de oxidantes
baixos. Aliás, o clorato é o acele- ClO3- + 6H+ + 6e Cl- + 3H2O externos. Quando opera a tem-
rador usado quase que exclusiva- peraturas mais elevadas, (80ºC a
mente para os processos à base de Com isto, o íon clorato con- 100ºC) o teor de íons de ferro
fosfato de zinco, sendo incom- some os cátions hidrogênio no banho fica abaixo de 0,1g/L
patível com os banhos à base de (determinando aumento do pH (Rausch, 1990, p.118). Cabe
fosfato de ferro e também não- na interface metal/banho, sem lembrar, no entanto, que os ba-
adequado para os banhos à base liberação de gás hidrogênio) e nhos acelerados com cloratos
de fosfato de manganês (Free- consome, também, os elétrons operam a temperaturas mais
man, 1988, p.22), podendo ser liberados pela reação de oxidação baixas do que aqueles acelerados
utilizado nos banhos à base de do metal (Fe → Fe2+ + 2e). só com nitratos (65ºC a 70ºC -
fosfato de metais alcalinos Pela reação apresentada, po- Freeman, 1988, p.22).
(Freeman, 1988, p.26). de-se verificar que o clorato de A reação global de um
Historicamente, este acele- zinco (ou de sódio), adicionado processo à base de fosfato de
rador foi o primeiro a ser utiliza- ao banho, se transforma em zinco acelerado com clorato
do para a fosfatização de arames cloreto de zinco (ou de sódio) pode ser assim representada
de aço, e ainda hoje é utilizado cuja concentração aumenta con- (Freeman, 1988, p.23):
para esta finalidade, pois as carac- tinuamente no banho. Por esta
terísticas das camadas obtidas razão, recomenda-se utilizar con- 3Zn(H2PO4)2 + Fe + 2NaClO3 →
com este acelerador parecem ser centrações tão baixas quanto → Zn3(PO4)2 + 4FePO4 + 2NaCl + 6H2O
muito adequadas para os proces- possíveis de clorato de zinco (ou
sos de conformação mecânica de sódio) (Biestek & Weber,
que os arames são submetidos. 1976). Uma outra razão que Camada de fosfato Lama
O íon clorato, de fórmula exige que o teor de cloratos seja
molecular ClO3-, é um poderoso mantido o mais baixo possível é Outras duas reações que
agente oxidante, mesmo a tem- a possibilidade de ocorrência de podem ocorrer em banhos ace-
peraturas moderadas da ordem passivação de alguns tipos de lerados com o íon clorato são as
de 50ºC e 60ºC. Normalmente, aços na presença de altos teores seguintes:
este acelerador não necessita de de cloratos.
um acelerador externo, visto que Uma outra reação ocorre na 4ClO3- 3ClO4- + Cl-
ele sozinho é capaz de manter presença de clorato (Lorin, - +
ClO3 + 6H + 5e 1/2 Cl2➚ + 3H2O
Sais metálicos • primeiramente ocorre deposição por Conforme já foi visto, a ação ace-
uitas vezes, compostos de deslocamento galvânico do cobre, a leradora do nitrato nos banhos de fos-
íons metálicos são adiciona- saber: fatização é devida à sua redução para
dos aos banhos de fosfatiza- nitrito que por sua vez é reduzido a
2+
ção como aceleradores, a saber: sais de Fe(substrato) → Fe + 2e NO. Observando a reação global apre-
Por Zehbour cobre, níquel, cobalto, molibdênio, sentada, é fácil verificar o efeito acele-
2+
Panossian tungstênio, vanádio, zircônio e cério. Cu + 2e → Cu rador dos íons de cobre sobre a ação do
Destes, os mais utilizados são os de nitrato.
cobre e níquel. Os demais são raramen- • a superfície do metal a ser fosfatizado Um resultado favorável é obtido
te empregados devido ao fato de ser fica com inúmeros pontos com depó- quando se adiciona uma concentração
difícil o controle das concentrações sitos de cobre, que agem como micro- de 1,5g/L de íons de cobre aos banhos
presentes nos banhos e, em geral, catodos efetivos, acelerando o processo de fosfatização acelerados com nitratos.
determinarem uma redução da resis- de fosfatização. Teores mais elevados determinam a for-
Por Célia A. L. tência à corrosão das camadas fosfatiza- Segundo Lainer & Kudryavtsev mação de uma camada esponjosa não-
dos Santos das (Wick & Veilleux, 1985, p.19-7). (1966, p.203), a ação aceleradora dos aderente sobre a superfície metálica fos-
Cabe citar que a primeira tentativa íons de cobre é efetiva numa estreita fatizada constituída de óxido cúprico.
para acelerar o banho de fosfatização faixa de concentração (0,16 g/L a
concebida por Coslett foi a introdução 0,24g/L). Concentrações elevadas deter- Níquel
de sais de níquel e de cobre, em 1929. minam a cobreação de toda a superfície Os íons de níquel quando adicio-
Com isto foi possível reduzir o tempo de do aço a ser fosfatizada o que inibe a for- nados aos banhos de fosfatização tam-
fosfatização (superior a uma hora) para mação da camada fosfatizada. Estes bém aceleram a formação da camada
15 minutos (Freeman, 1971). autores afirmam, ainda, que a resistência fosfatizada. No entanto, segundo
à corrosão das camadas fosfatizadas obti- Freeman (1988, p.17), o mecanismo
Cobre1 das a partir de banhos acelerados com de ação é diferente. Neste caso, tam-
Os sais de cobre, mesmo em con- íons de cobre é cerca de cinco a seis vezes bém ocorre primeiramente a deposição
centrações muito baixas (da ordem de menor do que das camadas fosfatizadas do níquel por deslocamento galvânico
0,02 g/L), têm um efeito acelerador obtidas a partir de banhos similares sem sob a forma de partículas microscópi-
nos banhos e fosfatização. Segundo a a adição de íons de cobre. cas o que aumenta o número de sítios
literatura (Freeman, 1988, p.16), a adi- Muitas vezes, sais de cobre são uti- ativos que dão origem à formação dos
ção do cobre pode aumentar a veloci- lizados juntamente com aceleradores cristais de fosfato (Bibikoff, 1985).
dade de formação da camada fosfatiza- como nitratos e nitritos (Biestek & Além disso, o níquel depositado parti-
da sobre o aço em até 6 vezes. Os Weber, 1976, p.141). No caso do cipa da formação dos fosfatos insolú-
banhos acelerados com íons de cobre cobre, isto ocorre segundo o seguinte veis constituintes da camada. Ao con-
são muito utilizados para obtenção de mecanismo: trário dos íons de cobre, o excesso de
camadas para base de pintura. • primeiramente ocorre deposição por níquel não constitui um problema e a
Acredita-se que a ação aceleradora se deslocamento galvânico do cobre, resistência à corrosão das camadas for-
deve ao seguinte mecanismo (Lainer & conforme citado anteriormente; madas na presença de sais de níquel é
Kudryavtsev, 1966; p. 203; Freeman, • o cobre depositado é dissolvido pela superior. Existem patentes que reco-
1988, p.16): ação do ácido nítrico, segundo as mendam o uso de concentrações eleva-
seguintes reações: das de níquel (alta relação Ni2+/Zn2+),
1. Muitas vezes, os processos de fosfatiza- afirmando que a camada de fosfato
ção que utilizam íons de cobre em seus 3Cu + 2HNO3 → 3CuO + H2O + 2NO formada contém fosfato duplo de
banhos são chamados de processo Bonder, 3CuO + 6HNO3 → 3Cu(NO3)2 + 3H2O zinco e níquel Zn2Ni(PO4)•4H2O,
devido aos banhos comerciais de origem que apresenta uma elevada resistência
alemã denominados Bonder (Lainer & Então, a reação global será: a álcalis (Freeman, 1988, p.62). O
Kudryavtsev, 1966, p.204, Biestek & níquel é muito utilizado em banhos de
3Cu + 8HNO3 → 3Cu(NO3)2 + 4H2O + 2NO
Weber, 1976, p. 142). fosfato de zinco destinados a fosfatizar
LÉM DA ACIDEZ, DOS FOS- camada fosfatizada será forma- inadequadas para uso (FREE-
fatos diácidos e dos ace- da por hopeíta e fosfofilita. MAN, 1988, p.120).
leradores, outros com- Este tipo de camada é o deseja- SAISON (apud RAUSCH, 1990,
postos podem estar presentes do. Além disso, a presença de p.96) estudou a influência da
nos banhos de fosfatização, seja pequenas quantidades de íons relação entre os íons ferrosos e
por adição proposital, seja de ferro na camada diminui a íons de zinco na composição Por Zehbour
como contaminantes. A seguir, porosidade e aumenta a resis- das camadas fosfatizadas. Este Panossian
serão apresentados os produtos tência à corrosão (FREEMAN, pesquisador utilizou banhos
mais significativos. 1988, p. 20). não-acelerados operando a
Quando o teor de íons fer- 95ºC. Os seus resultados estão
Íons ferrosos nos banhos rosos eleva-se muito, o efeito transcritos na Tabela 1. Pode-se
de fosfatização benéfico da presença destes é verificar que, com o aumento
A concentração de íons fer- revertido: a camada fosfatizada excessivo de íons de ferro, a for-
rosos no banho de fosfatização vai ficando cada vez mais rica mação da hopeíta é totalmente Por Célia A. L.
à base de fosfato de zinco ou à dos Santos
base de fosfato de manganês é TABELA 1
um parâmetro muito impor- Influência da concentração relativa de íons ferrosos e de íons de
tante. Concentrações modera- zinco no banho, na composição das camadas fosfatizadas obtidas
das de íons ferrosos são necessá- a partir de banhos não-acelerados de fosfato de zinco, a 95ºC (SAI-
rias para a adequada formação SON apud RAUSCH, 1990, p.96)
• Aeronáutica
• Álcool e Açúcar
• Alimentícia
• Caldeiraria
• Construção Civil
• Fertilizante
• Hidroelétrica
• Mecânica Pesada
• Mineração
• Papel e Celulose
• Petrolífera
• Química
• Saneamento Básico
• Siderúrgica
• Têxtil
• Transporte (aéreo/náutico/ferroviário/terrestre)
Revestimento com resinas epoxídicas, poliuretânicas,
betuminosas, alquídicas e outras
alívio de tensões
decapagem ácida
desengraxe com solvente
orgânico
lavagem com água
ativação
fosfatização
lavagem
pós-tratamento
secagem
desidrogenização
egundo Rausch (1990, vem-se à alta dureza, aos altos químicos utilizados. Além dos
p.231), para o preparo teores de íons de ferro, aos altos fatores mencionados, alta dure-
do desengraxante, do teores de cloretos e/ou sulfatos za e alta alcalinidade determi-
decapante, do banho de fosfa- e a altas concentrações de sóli- nam a formação de depósitos
tização e de outras soluções dos dissolvidos. Este autor a- sobre as paredes dos aquecedo-
Por Zehbour utilizadas nos processos de fos- presenta os limites para estes res e de outros componentes.
Panossian fatização, a água de abasteci- parâmetros os quais estão trans- Nos casos em que a água
mento público pode ser utili- critos na tabela 1. disponível conter teores acima
zada desde que os teores de só- Os cloretos e sulfatos são dos citados na tabela 1, reco-
lidos dissolvidos não ultrapas- considerados prejudiciais, pois, menda-se fazer um estudo cus-
sem o valor de 300 mg/l. se permanecerem sobre cama- to/benefício juntamente com os
Mesmo assim, poderão ocorrer das fosfatizadas, constituem-se fornecedores de matérias-pri-
problemas se a evaporação em fatores que aceleram a cor- mas do processo de fosfatiza-
Por Célia A. L. destas soluções for muito ele- rosão. ção. Deve-se considerar tam-
dos Santos vada. Nestas condições, a re- Dureza elevada é prejudi- bém a possibilidade de subme-
posição freqüente de água po- cial, pois os fosfatos primários ter a água a um tratamento quí-
derá determinar a concentra- presentes no banho de fosfatiza- mico adequado. Caso a opção
ção de substâncias presentes ção reagem com os íons de cál- seja pelo uso da água sem trata-
na água como íons de cálcio, cio e magnésio formando fosfa- mento, a água utilizada no está-
sulfatos e cloretos. O nível de tos destes íons. Dureza elevada gio de passivação e na lavagem
tolerância destas substâncias tende a elevar o pH dos banhos final deve ser necessariamente
nas diferentes soluções não de fosfatização (GORECKI, 1988). água deionizada.
pode ser preestabelecida, pois Se a alcalinidade da água é mui-
depende fortemente da com- to elevada, pode-se ter altera- Lavagem com água
posição destas soluções a qual ções de pH das diferentes solu- Num processo de fosfatiza-
difere de maneira significativa ções utilizadas nos processos de ção a lavagem é realizada nos
de fornecedor para fornecedor. fosfatização. Por exemplo, nos estágios indicados a seguir:
Assim sendo, tais níveis devem banhos de fosfatização propria- • desengraxe;
• lavagem;
TABELA 1 – VALORES ABSOLUTOS MÁXIMOS RECOMENDADOS PARA A ÁGUA • decapagem;
UTILIZADA NA PREPARAÇÃO DE SOLUÇÕES DE PROCESSOS DE FOSFATIZAÇÃO • lavagem;
SEGUNDO PHILLIPS (1990) • condicionamento;
Parâmetro Limite máximo recomendado • fosfatização;
• lavagem;
Dureza 340 ppm • passivação;
Alcalinidade total 200 ppm • lavagem final com água
Cloretos e sulfatos 100 ppm deionizada.
Íons de ferro e cloretos 25 ppm Conforme já citado, a lava-
Sólidos dissolvidos 400 ppm gem entre os diferentes estágios
de um processo de fosfatização
ser prescritos pelo fornecedor mente dito, poderá diminuir a tem por objetivo retirar da super-
do processo de fosfatização. acidez livre. Os fatos citados fície do metal resíduos da solu-
Segundo Phillips (1990), as têm como conseqüência difi- ção anterior e evitar a contami-
maiores fontes de problemas cultar o controle do processo nação da solução subseqüente.
provenientes da água utilizada como um todo além de aumen- A lavagem é normalmente
nas plantas de fosfatização de- tar o consumo dos produtos feita por imersão em um tan-
16 C & P • Julho/Agosto • 2008
que em que é mantido um flu- lavagem por imersão com a la- diácido. Neste caso, os resí-
xo de água contínuo através da vagem por aspersão. Por exem- duos do banho que porven-
adição de água limpa e descar- plo, a instalação de jatos de tura ficam na superfície do
te da água servida. Durante a água em fluxo contínuo para a produto em fosfatização
imersão, recomenda-se que reposição da água que sai do não serão agressivos não se
algum tipo de agitação (mecâ- segundo tanque de lavagem necessitando de uma lava-
nica, a ar ou por bombeamen- por imersão melhora em de- gem muito rigorosa, po-
to contínuo da água) seja masia a eficiência de lavagem dendo inclusive a lavagem
mantida para melhorar a efi- pois a última água que entra após a imersão no banho de
ciência da lavagem. em contato com o item pro- fosfato ser dispensada. Por
A eficiência de lavagem cessado é limpa (ver figura 1). outro lado, se o banho con-
melhora de maneira significa- O rigor da lavagem é fun- tiver aceleradores, o que é
tiva se for feita em múltiplos ção de muitos fatores, citando- mais comum nos processos
estágios: um mesmo volume se geometria da peça, compo- atuais, a lavagem após a
de água distribuído em dois sição das soluções usadas no fosfatização deve ser rigoro-
ou três tanques em contracor- processo e aplicação do produ- sa e garantir a remoção da
rente acarreta numa melhor to fosfatizado. superfície do produto em
limpeza do que o mesmo vo- Por exemplo: fosfatização de todo e qual-
lume concentrado num único • se o desengraxante for uma quer resíduo proveniente
tanque. Isto é ilustrado na fi- solução alcalina forte, uma do banho de fosfatização.
gura 1. Uma economia consi- lavagem inadequada poderá O rigor desta lavagem de-
derável de consumo de água acelerar a elevação do pH da penderá também do tipo de
pode ser alcançada se a água solução decapante; acelerador. Por exemplo, se
de lavagem que antecede um • se nas soluções utilizadas o banho é acelerado com
determinado estágio do pro- nos estágios que antecedem clorato o rigor deve ser
cesso for utilizada para com- a fosfatização, propriamen- maior, pois resíduos de clo-
pensar as perdas por evapora- te dita, estiverem presentes reto podem permanecer so-
ção da solução que o antecede. substâncias capazes de ini- bre a superfície fosfatizada
• Lavagem por aspersão tam- bir a formação da camada o que aumenta em demasia
bém pode ser utilizada, de- fosfatizada, a lavagem ina- a probabilidade de ocorrên-
pendendo do produto pro- dequada poderá arrastar es- cia de corrosão do item
cessado ou se o processo co- tas substâncias até o banho acabado;
mo um todo é feito por de fosfatização interferindo • se não existir o estágio de
condicionamento e as peças
passarem diretamente da
decapagem para o banho
de fosfatização, o rigor da
lavagem entre a decapagem
Usar como água e o banho deve ser elevada,
de reposição pois os resíduos do ácido
arrastado da decapagem pa-
ra o banho de fosfatização
Primeira lavagem Segunda lavagem
podem determinar o au-
mento da acidez livre do
banho o que determinará o
ataque excessivo do subs-
Figura 1 – Lavagem em múltiplo estágio e em contra corrente. trato. Se o arraste for eleva-
do, poder-se-á ter a dete-
aspersão. Por exemplo, pro- na formação da camada rioração definitiva do ba-
dutos de geometria comple- fosfatizada. Um exemplo nho necessitando o seu des-
xa não são adequados, pois a típico é uso de inibidores na carte (JAMES, 1961);
lavagem com aspersão não solução de decapagem ácida: • se a camada fosfatizada é
garante a remoção do ba- • se o processo é um “fosfato destinada para servir como
nho arrastado em frestas ou não-acelerado” significa que base de pintura, após o es-
pequenos canais. na solução fosfatizante tem tágio de selagem ou passi-
Muitas vezes, associa-se a ácido fosfórico e um fosfato vação, deve-se fazer uma la-
C & P • Julho/Agosto • 2008 17
vagem final com água deio- sa em ml de NaOH 0,1 N) Biestek & Weber (1976, p.174)
nizada, visto que qualquer requerida para neutralizar não citam o uso de água deioni-
resíduo presente na camada 50 ml da água de lavagem zada mas recomendam o uso de
fosfatizada pode causar ultrapassar 1,0 ml”; água suficientemente limpa de
empolamento. • a norma TT-C-490D de modo a evitar o empolamento
Na literatura, é raro encon- 1993 apresenta uma suges- da tinta apresentando, para a
trar citações de como contro- tão para garantir a eficiên- água de lavagem final, os se-
lar a água de lavagem, sendo cia da lavagem após o está- guintes limites:
isto fortemente dependente da gio do desengraxe alcalino, cloretos + sulfatos: máxi-
perícia e do zelo dos operado- a saber: “a alcalinidade da mo de 70 ppm;
res das plantas de fosfatização. água de lavagem após o alcalinidade em CaCO3:
Por exemplo, o operador quan- desengraxante alcalino não máximo de 200 ppm;
do percebe que as peças fosfa- deve ultrapassar o valor 0,5 cloretos + sulfatos +
tizadas começam a apresentar (expressa em ml de HCl alcalinidade em CaCO3
alguma anormalidade, como 0,1 N) requerida para neu- não devem exceder a
manchas ou corrosão prema- tralizar 10 ml da água de 225 ppm.
tura, e verifica que tais anor- lavagem”; Outro fator citado, na lite-
malidades ocorrem quando • a norma TT-C-490D de ratura, que merece ser discuti-
um determinado estágio de 1993 apresenta, também, do é a temperatura da água de
lavagem é deficiente, pode a- uma sugestão similar para lavagem. Após os estágios de
dotar algum critério de me- garantir a eficiência da la- desengraxamento e de decapa-
lhor controlar esta lavagem. vagem após o estágio da gem, pode-se utilizar água
Pode, por exemplo, trocar a decapagem ácida, a saber: quente (71ºC a 82ºC). Esta
água de lavagem ou aumentar “a acidez da água de lava- prática tem como objetivo
a vazão da água de lavagem ao gem após o decapagem áci- auxiliar o processo de limpeza
primeiro sinal de uma deter- da não deve ultrapassar o e facilitar a remoção de resí-
minada anormalidade. valor 0,5 (expressa em ml duos de desengraxante ou do
Em muitos trabalhos (MIL de NaOH 0,1 N) requeri- decapante (Metals Handbook,
DOD - P -16232F, 1978; RAU - da para neutralizar 10 ml 1987, p.439). Apesar das van-
SCH, 1990, p.282) é recomen- da água de lavagem”; tagens citadas, na prática é
dado o controle da água de la- • Metals Handbook (1982) mais comum lavagem com
vagem com condutivímetros. recomenda, para o caso em água fria nos estágios que pre-
No entanto, não são citados que não se tem o estágio de cedem a fosfatização propria-
quais são os valores limites a- ativação, que o pH da água mente dita.
ceitáveis. Rausch (1990, p. de lavagem que antecede a Alguns autores (RAUSCH ,
281) cita que a água de abaste- fosfatização propriamente 1990, p. 148) recomendam la-
cimento público é perfeita- dita seja mantida entre 7,5 a vagem com água quente antes
mente adequada para ser utili- 9,0 para evitar a amarela- da introdução da peça a ser
zada entre os diferentes está- mento do aço após a deca- fosfatizada no banho de fosfa-
gios do processo de fosfatiza- pagem devido à corrosão; tização com o objetivo de prea-
ção sem apresentar limites ou • para a última lavagem de ca- quecer a peça, minimizando,
parâmetros de controle. madas fosfatizadas usadas assim, o abaixamento da tem-
Somente poucos trabalhos como base para pintura, peratura do banho de fosfatiza-
apresentam recomendações com RAUSCH (1990, p.281) reco- ção. Isto é particularmente ade-
limites numéricos. Tais trabalhos menda uso de água deioni- quado para banhos que operam
estão a seguir resumidamente zada com controle da con- a altas temperaturas. A lava-
apresentados: dutividade desta água apre- gem com água quente, neste
• a norma BS 3189 de 1973 sentando limites a saber: caso, é feita por imersão du-
apresenta uma sugestão pa- 20 µS.cm (à temperatura rante 0,5 min a 2 min em água
ra garantir a eficiência da ambiente) para a alimen- mantida à temperatura varian-
lavagem após o estágio da tação do sistema de lava- do de 50ºC a 90ºC.
fosfatização propriamente gem; Muitos são os processos de
dita, a saber: “descartar a á- 50 µS.cm (à temperatura fosfatização que recomendam
gua de lavagem após o ba- ambiente) para a água que a lavagem após a fosfatização
nho de fosfatização quando após a lavagem da peça. seja feita primeiramente com
a acidez desta água (expres- Para esta mesma finalidade, água fria seguida de lavagem
20 C & P • Julho/Agosto • 2008
com água quente. Outros reco- por objetivo: Menke (1991) em seu tra-
mendam lavagem só com água • interromper as reações de balho também chama atenção
fria e outros nada mencionam formação da camada fosfati- sobre o conceito de água fria e
sobre a temperatura da água. zada (lembrar que as cons- água quente. Segundo este au-
Menke (1991) fez uma aná- tantes de equilíbrio das rea- tor, a água de lavagem é consi-
lise crítica de 11 normas refe- ções responsáveis pela for- derada fria quando a tempera-
rentes a processos de fosfatiza- mação das camadas fosfati- tura não ultrapassar 32ºC.
ção e verificou que somente 5 zadas aumentam de maneira Menke ressalta que muitas ve-
das 10 normas analisadas reco- significativa com o aumento zes se considera que a lavagem é
mendam lavagem com água da temperatura); feita em água fria baseado no
fria. Segundo este autor, a la- • retirar todo e qualquer resí- fato de que não se usam aque-
vagem com água fria após a duo proveniente dos banhos cedores. Durante um inverno
fosfatização não é casual mas de fosfatização; rigoroso, em países tempera-
está relacionada com a deposi- • diminuir o arraste do banho dos, em que a temperatura da
ção de resíduos insolúveis so- de fosfatização para o tan- água fica normalmente abaixo
bre a camada: a grande maio- que de passivação, o que po- de 10ºC, esta concepção é ver-
ria dos produtos utilizados nos de determinar desbalancea- dadeira. Porém nos países tro-
banhos de fosfatização apre- mento da solução passivante picais, a água de lavagem pode-
senta diminuição da “solubili- ou ainda provocar danos na rá alcançar facilmente valores
dade” com o aumento da tem- pintura se compostos prove- de temperatura acima de 32ºC,
peratura, o que significa que é nientes do banhos de fosfa- especialmente quando a água
mais “solúvel” em água fria. tização permanecerem sobre de lavagem é captada de poços,
Assim sendo, uma lavagem a superfície fosfatizada. ou de reservatórios expostos ao
com água fria é mais eficiente Cabe explicar a razão da a- sol e/ou quando grandes peças
pois a água fria “solubiliza” doção da lavagem com água são processadas. Nestes casos,
com mais facilidade qualquer quente após a fosfatização: o poderá ser necessária até um
resíduo arrastado do banho de objetivo desta lavagem é favo- sistema de resfriamento da água
fosfatização1. Se resíduos fica- recer a secagem dos produtos de lavagem.
rem retidos na superfície do fosfatizados (WOODS & SPRING, Para aumentar a eficiência
produto fosfatizado, ter-se-á 1979) visto que a presença de de lavagem com água fria, é co-
(Metals Handbook, 1987, água na superfície de peças fos- mum recomendar que a trans-
p.442; MENKE, 1991): fatizadas pode determinar o ferência da peça do banho de
• diminuição de desempenho aparecimento de corrosão do fosfatização para o tanque de
da camada fosfatizada no substrato de aço nos poros da lavagem seja o mais rápido pos-
que se refere à resistência à camada fosfatizada. sível para evitar a secagem da
corrosão; Muitas vezes, a lavagem superfície das peças. Este fato é
• obtenção de camadas fosfati- com água quente é feita adi- especialmente importante para
zadas ásperas; cionando-se pequenas quanti- peças grandes e para banhos de
• embranquecimento da ca- dades de compostos de cromo fosfatização que operam a altas
mada fosfatizada; hexavalente, constituindo-se temperaturas. A ação prejudi-
• formação de bolhas sob ca- no estágio de selagem ou pas- cial da secagem consiste no fato
madas de tintas. sivação. da formação de resíduos bran-
A lavagem apenas em água A prática, muitas vezes ado- cos sobre a superfície fosfatiza-
quente poderá não retirar tais tada, em reduzir a vazão da da. Estes resíduos nada mais
resíduos. Neste sentido, é co- água de lavagem pode acarretar, são que os produtos de arraste
mum observar produtos bran- além de aumento da concentra- dos banhos.
cos em peças fosfatizadas lava- ção dos produtos de arraste, o Pelo exposto, pode-se con-
das somente com água quente. aumento da temperatura e con- cluir que o procedimento mais
Scislowski (1989) relata que seqüente diminuição da efi- adequado para lavagem das
a lavagem com água fria tem ciência da lavagem. peças após o processo de fosfa-
tização propriamente dita é
primeiro em água fria (para re-
1. Na realidade não se trata de solubilidade no sentido real da palavra, tirada dos resíduos provenien-
mas sim da transformação dos fosfatos diácidos (solúveis) em fosfatos tes da fosfatização) e depois
monoácidos ou neutros (insolúveis). O aumento da temperatura com água quente (para acele-
favorece esta transformação. rar a secagem).
C & P • Julho/Agosto • 2008 21
Artigos Técnicos
Solventes à base de petróleo (como querose- • equipamento simples; • alguns tipos de solventes apresentam ris-
ne) ou hidrocarbonetos clorados (percloroe- • não necessita de aquecimento. cos de incêndio;
tileno, tricloroetileno e o 1,1,1, tricloroeta- • como a segurança do trabalhador depende
no) a frio do uso de equipamentos de segurança
individuais, é necessário treinamento dos
trabalhadores e controle rigoroso;
• não elimina resíduos de suor humano.
ão é por acaso que este camadas à base de fosfato de zin- solução de ativação. Caso se use
estágio de pré-tratamento co são soluções levemente alcali- água de dureza elevada esta efi-
é conhecido por três de- nas contendo compostos de titâ- ciência cai, devendo-se adicionar
nominações: refinamento de nio ou soluções diluídas de ácido à solução de ativação aditivos es-
grão, ativação ou condiciona- oxálico (BIESTEK & WEBER, peciais para diminuir a ação pre-
Por Zehbour mento. A primeira, refinamento 1974, p. 167; DEBNATH, BAHR & judicial da dureza (RAUSCH,
Panossian de grão, parece óbvia visto que ROY, 1989). Estudos conduzidos 1990, p.86; FREEMAN, 1988,
este estágio foi introduzido para com estes dois tipos de soluções p.104). Cuidados devem ser
promover um refinamento de mostraram que o efeito benéfico tomados também com a tempe-
grão das camadas formadas sobre dos compostos de titânio é supe- ratura do refinador. Um aqueci-
superfícies desengraxadas e/ou rior aos do ácido oxálico (DEB- mento excessivo (>66ºC) pode
decapadas. A segunda, ativação, NATH, BAHR & ROY, 1989). prejudicar a ação do refinador
deriva do fato de que o tempo A descoberta da influência (METALS HANDBOOK, 1987,
Por Célia A. L. para a obtenção da camada de benéfica dos compostos de titâ- p.439).
dos Santos fosfato é reduzido. A terceira nio nos processos de obtenção de Outras soluções contendo
resulta do fato de que a superfí- camadas à base de fosfato de zin- compostos de titânio também
cie a ser fosfatizada é previamen- co ocorreu durante a Segunda podem ser usadas, citando-se (BI-
te condicionada de modo a se Guerra Mundial, 1943, por Jern- ESTEK & WEBER, 1974, p.167):
obter uma camada com caracte- stadt que descobriu a influência • solução de polifosfatos conten-
rísticas desejadas. A denomina- da imersão em solução de fosfato do de 0,1 mg/l a 100 g/l de
ção mais adequada parecer ser a monoácido de sódio contendo titânio;
de condicionamento, fato justifi- titânio sobre as características da • solução contendo fosfato de
cado mais adiante. camada de fosfato (FREEMAN, titânio, terpenos e agentes ten-
O estágio de condicionamen- 1988, p.7). soativos.
to faz parte dos processos de ob- O composto ativo para os A maneira com que os com-
tenção de camadas à base de fos- processos à base de fosfato de postos de titânio atuam como
fato de zinco e de manganês zinco é obtido da seguinte ma- refinadores de grão não é muito
(FREEMAN, 1988, p.76) e precede neira: evapora-se uma solução de bem esclarecida. Acredita-se que
imediatamente o de fosfatização, fosfato monoácido de sódio con- as partículas de titânio (que se
sem interposição de lavagem, e tendo compostos solúveis de ti- encontram na forma de colóides)
tem por objetivo principal con- tânio até a secagem. O produto são atraídas eletrostaticamente
trapor a influência dos estágios seco é novamente dissolvido em pelas zonas catódicas da superfí-
de desengraxamento e de deca- água, de preferência destilada, cie do substrato constituindo
pagem que determinam a obten- constituindo-se na solução de núcleos ativos para a formação
ção de camadas de granulação ativação. As condições de prepa- de cristais de fosfato. Informa-
grosseira. Assim, este estágio ração do composto ativo são es- ções complementares podem ser
torna-se imprescindível quando pecíficas de modo que variações obtidas a partir de estudos mais
se adota desengraxamento com podem levar à obtenção de com- aprofundados realizados por
solução alcalinas fortes e/ou postos ativos inadequados. A (TEGEHALL, 1989, 1990) e (WOL-
decapagem em solução de ácidos concentração de titânio na solu- PERS e ANGELI, 2001).
fortes, podendo ser dispensado ção de ativação é de aproximada- Análises realizadas em cama-
quando, por exemplo, o pré-tra- mente 0,01% e a de fosfato das obtidas a partir de banhos à
tamento consiste apenas esfrega- monoácido de sódio varia de 1% base de fosfato de zinco com o
mento com querosene. a 2% (BIESTEK & WEBER, 1974, estágio de ativação mostraram a
As soluções mais utilizadas p.167). O uso de água destilada presença de titânio juntamente
neste estágio para obtenção de é para prolongar a eficiência da com a hopeíta e a fosfofilita
22 C & P • Março/Abril • 2009
(DEBNATH, BAHR & ROY, 1989). bém ser utilizadas na ativação de da camada;
Na tabela 1, a título de ilus- processos de obtenção de cama- • solução de nitrito de sódio.
tração, apresentam-se os resulta- das à base de fosfato de zinco, Neste caso, o nitrito presente
dos de ensaios objetivando veri- citando-se (LORIN, 1974, p. 117; na superfície do substrato exer-
ficar o efeito da ativação com BIESTEK & WEBER, 1974, p. 167; ce ação de acelerar o processo
compostos de titânio em proces- RAUSCH, 1990, p. 86; FREEMAN, de fosfatização.
sos de fosfatização a base de fos- 1988, p.107): Os banhos de fosfato de
fato de zinco. Observando a • solução diluída de sulfato de manganês apresentam tendência
tabela 1, fica claro o efeito bené- cobre ou de níquel (1,0 %). intrínseca em produzir camadas
fico do estágio de ativação sobre Durante a imersão nestas solu- de fosfatização grosseira, por esta
a influência prejudicial do de- ções, ocorre a deposição galvâ- razão, a ativação torna-se uma
sengraxamento em solução alca- nica de cobre ou de níquel que etapa de fundamental importân-
lina forte e da decapagem em agem como catodos efetivos cia nos processos à base de fosfa-
meio ácido. durante a fosfatização determi- to de manganês.
Cabe lembrar que os com- nando refinamento de grão; Até 1967, nos processos à
postos de titânio são efetivos • suspensão de fosfato de zinco base de fosfato de manganês,
apenas nos processos de fosfati- neutro (Zn3(PO4).4H2O) fi- não era possível a utilização de
zação à base de fosfato de zinco. namente dividido. Esta solu- desengraxantes alcalinos fortes
No entanto, quando o banho ção requer agitação constante e/ou decapantes. Com o advento
utiliza banho de fosfato de zin- para manter em suspensão as das soluções de ativação, foi pos-
co modificado com cálcio, seu partículas de fosfato de zinco. sível incluir estes dois estágios de
efeito não é bem estabelecido Por esta razão, esta solução é pré-tratamento. Neste caso, a so-
(RAUSCH, 1990, p.86). adequada para aplicação por lução da estágio de ativação con-
A maneira com que o ácido aspersão; siste de uma suspensão aquosa
oxálico age como refinador de • solução ácida contendo com- de fosfato de manganês insolúvel
grão é atribuída à formação de postos de bismuto ou antimô- finamente dividido (RAUSCH,
oxalatos na superfície do substra- nio. Com esta solução obtêm- 1990, p.89; FREEMAN, 1988,
to. O ácido oxálico é utilizado na se camadas fosfatizadas escuras: p.76, 80, 104). A eficiência desta
forma de soluções contendo de os sais de bismuto ou antimô- ativação depende da estrutura
5,0 g/l a 10,0 g/l à temperatura nio depositam-se na superfície cristalina das partículas de fosfa-
ambiente (FREEMAN, 1988, do substrato e são incorpora- to de manganês mantidas em
p.103). dos na camada fosfatizada fato suspensão através de agitação efi-
Outras soluções podem tam- que determina o escurecimento ciente. Quando se utilizam par-
1b 2b
s camadas fosfatizadas re- de isento de cromo hexavalente. Este estágio, conhecido como
cém-formadas apresen- Como a grande maioria destes lavagem ácida, é particularmente
tam sempre uma porosi- produtos não é de formulação recomendado para as camadas
dade intrínseca, através dos quais conhecida, não existem normas fosfatizadas destinadas à prote-
o substrato de aço fica exposto. que prescrevem como controlar a ção contra corrosão após aplica-
Como regra geral, pode-se afir- eficiência destes produtos. Assim ção de óleos ou graxas e para Por Zehbour
mar que quanto maior o tama- sendo, é de fundamental impor- camadas fosfatizadas que serão Panossian
nho dos cristais, maiores são as tância que as recomendações do pintadas tanto com tintas con-
dimensões destes poros. fornecedor do produto sejam vencionais como tintas em pó ou
A lavagem final com água rigorosamente seguidas para se cataforéticas (rausch, 1990,
contendo produtos que determi- tirar o máximo proveito do pro- p.178). Um dos efeitos mais
nam selagem ou passivação dos duto. Recomenda-se ainda que conhecidos desta prática é o
poros da camada fosfatizada é tais produtos sejam utilizados aumento da resistência à corro-
um estágio necessário quando os somente após a condução de es- são. Acredita-se que se pode che- Por Célia A. L.
produtos fosfatizados são desti- tudos específicos que compro- gar até a dobrar o tempo de apa- dos Santos
nados a oferecer proteção contra vem a sua eficiência para a finali- recimento de corrosão vermelha
corrosão, seja após protegidos dade a que se destinam (tt-c- para camadas fosfatizadas à base
com óleos ou graxas seja após a 490d, 1994). de fosfato de ferro ou conseguir
aplicação de tintas e vernizes. Es- É muito comum transformar um aumento de até 66% para
te estágio é especialmente benéfi- a segunda lavagem após a fosfati- camadas fosfatizadas à base de
co para camadas abertas (de alta zação num tratamento de passi- fosfato de zinco (freeman,
porosidade) devido à passivação vação. Conforme já citado, o 1988, p.108, 109). A tabela 15
do aço exposto (wood & spring, melhor procedimento após a fos- apresenta alguns exemplos. No
1979). fatização é adotar uma lavagem caso de tintas anaforéticas, o efei-
Convém esclarecer que este com água fria seguida de lava- to do aumento da resistência à
estágio é aplicado somente para gem em água quente. Muitos são corrosão não é tão marcante.
camadas fosfatizadas destinadas à os processos que adicionam pro- Além da resistência à corro-
proteção contra corrosão (sem dutos passivantes ou selantes na são, a imersão em solução diluí-
tratamento suplementar para água quente. da de cromo hexavalente melho-
curtos períodos de exposição ou A seguir serão descritas as di- ra a aderência de camadas de tin-
com tratamento com óleos, gra- ferentes formas de selagem de ca- ta e diminui também a tendência
xas, tintas e vernizes). Este está- madas fosfatizadas. de formação de bolhas sob as
gio não se aplica para camadas camadas de tinta sobre elas apli-
fosfatizadas que serão submeti- Pós-tratamento com solução cadas, quando estas são provoca-
das a operações de conformação contendo cromo hexavalente das devido ao uso de águas in-
ou para camadas fosfatizadas ou lavagem ácida dustriais de elevada dureza. Além
resistentes ao desgaste. O uso de soluções diluídas de disso, a porosidade das camadas
A mais comum é a lavagem ácido crômico (pH entre 3,5 e fosfatizadas diminui significati-
com água contendo pequena 5,5 – rausch, 1990, p.148) após vamente quando se utiliza imer-
quantidade de cromo hexavalen- a fosfatização é tão comum para são neste tipo de solução crômi-
te (com ou sem ácido fosfórico), camadas fosfatizadas para prote- ca (rausch, 1990, p.109).
porém devido às restrições im- ção contra corrosão (após oleado Durante a imersão das cama-
postas pelas leis de defesa ao ou pintado), que muitas vezes se das fosfatizadas em solução con-
meio ambiente e ao homem, considera este estágio como fa- tendo sais de cromo hexavalente,
apareceram no mercado outros zendo parte integrante dos pro- ocorre o preenchimento dos po-
produtos com a mesma finalida- cessos de fosfatização. ros. Parte do cromo hexavalente
C & P • Julho/Agosto • 2009 23
TABELA 1 – INFLUÊNCIA DO ESTÁGIO DE PASSIVAÇÃO NO DESEMPENHO DE CAMADAS FOSFATIZADAS
PINTADAS EM ENSAIOS EM CÂMARA DE NÉVOA SALINA (FREEMAN, 1988, P.109)
presente na solução contida nos • selagem dos poros da camada baixas e inferiores a 1,0 g/l
poros reage com o substrato ex- fosfatizada devido à formação (0,1%). Estudos conduzidos em
posto, passivando-o, e parte rea- de fosfato de cromo; laboratório mostraram que, para
ge com a própria camada for- • passivação do aço exposto nos as soluções diluídas, quanto mai-
mando fosfatos de cromo que poros pela ação do cromo he- or a concentração de íons de cro-
selam os poros (lorin, 1974, xavalente; mo hexavalente, maior é a quan-
p.118-119). Após completadas • neutralização da alcalinidade tidade de cromo retida na cama-
as reações, a água contida nos das águas duras. Neste sentido da de fosfatos. Para soluções
poros ainda possui cromo hexa- acredita-se que quanto maior a mais concentradas, este efeito vai
valente (ver figura 1). Quando alcalinidade das águas indus- se tornando cada vez menos pro-
estas peças (fosfatizadas e sela- triais, maior deverá ser a con- nunciado. A adição de ácido fos-
das) são posteriormente subme- centração do cromo hexavalen- fórico na solução de imersão ele-
tidas ao estágio de secagem, a te para que se atinja um grau va ainda mais a retenção de cro-
água presente nos poros evapora adequado de neutralização. No mo na camada (rausch, 1990,
e os sais presentes nesta água entanto, o aumento excessivo p.110). Na tabela 2 apresentam-
secam, formando o ácido crômi- do teor de cromo hexavalente se os resultados deste estudo.
co anidro ou sais de cromo ani- poderá causar o amarelamento Quando a água de diluição
dros. Estes compostos são alta- dos componentes fosfatizados. tem dureza elevada, a adição do
mente solúveis. Se a temperatura Neste sentido, é possível a utili- ácido fosfórico é altamente reco-
de secagem for muito elevada, zação de uma mistura de ácido mendável, devendo a concentra-
pode ocorrer a insolubilização fosfórico e cromo hexavalente. ção ser tanto maior quanto mai-
destes resíduos. Quanto à concentração de or a dureza (rausch, 1990,
O efeito benéfico da lavagem cromo hexavalente, na literatura p.148). Um outro fato que
com soluções diluídas de cromo são encontradas várias faixas, no aumenta a eficiência da selagem
hexavalente é atribuído a um ou entanto, quase sempre as con- é a presença de cromo trivalente
mais dos seguintes fatores: centrações recomendadas são na água de lavagem (biestek &
• neutralizar ou reduzir os efeitos weber, 1974, p.175). A adição
corrosivos dos resíduos prove- de cromo trivalente é especial-
nientes do banho de fosfatiza- mente vantajosa quanto se adota
ção, principalmente dos ba- a lavagem posterior com água
nhos contendo aceleradores do deionizada: esta lavagem, de
tipo oxidante. Resíduos destes certo modo, lixivia os resíduos
aceleradores podem determi- de cromo hexavalente presentes
nar a corrosão prematura dos na camada fosfatizada, na pre-
produtos fosfatizados; Figura 1 – Ilustração esquemática sença de cromo trivalente esta
• converter resíduos de íons me- da ação do estágio de passivação lixiviação é reduzida (freeman,
tálicos (como zinco, cálcio e com solução contendo íons de 1988, p.109). Em geral, na au-
manganês) em fosfatos insolú- cromo hexavalente na camada sência de cromo trivalente o pH
veis que selam os poros; fosfatizada da água de selagem é mantida
24 C & P • Julho/Agosto • 2009
TABELA 2 – DEPENDÊNCIA DA ABSORÇÃO DE CROMO PELA CAMADA DE FOSFATO DE ZINCO COM O TEOR DE
ÁCIDO CRÔMICO NA ÁGUA DE LAVAGEM E COM A PRESENÇA DE ÁCIDO FOSFÓRICO (RAUSCH, 1990, P.110)
Composição da solução de imersão Quantidade de cromo absorvido (em CrO3)
pela camada de fosfato de zinco (mg/m2)
CrO3 (m g / l) H3PO4 (m g / l)
281 – 32
562 – 60
844 – 94
1 125 – 94
150 150 34
300 300 58
450 450 87
600 600 108
entre 2,0 e 4,0 e na presença de mais recomendável que esta lava- tidade de metal fosfatizada e da
cromo trivalente entre 3,8 e 4,8 gem seja feita a temperaturas eficiência do estágio de lavagem
(freeman, 1988, p.109). mais baixas para melhorar a efi- após a fosfatização.
Cabe citar ainda que não é ciência da lavagem e seja poste- O pH deve ser medido com
recomendável um excesso de riormente adotado o estágio de medidores de pH evitando-se o
ácido crômico. Segundo Woods secagem. A escolha de uma ou uso de papel indicador. No caso
& Spring (1979), um excesso de outra opção deve ser baseada em de não se ter um critério preesta-
cromo hexavalente na camada uma avaliação cuidadosa de belecido, recomenda-se que este
fosfatizada pode determinar a custo benefício. Segundo Woods controle seja realizado pelo me-
formação de bolhas sob camadas & Spring (1979), para instala- nos duas vezes por turno de tra-
de tintas em condições de alta ções de pequeno porte a lavagem balho. A concentração de cromo
umidade (como no ensaio em com água ácida com temperatu- hexavalente pode também ser
câmara úmida). ra elevada apresenta menor custo controlada por titulação.
A tendência do excesso de ao passo que, para grandes insta- Quando as camadas fosfatiza-
cromo hexavalente em causar lações, lavagem ácida a tempera- das são destinadas para proteção
problemas no ensaio em câmara tura mais baixa e secagem em contra corrosão sem proteção su-
úmida é mais acentuada nas estufa pode ser mais vantajosa. plementar (curtos tempos de ar-
marcas de escorrimento (Woods Nos dois casos, é de fundamental mazenamento) ou com trata-
& Spring, 1979). Para evitar este importância uma boa drenagem mento suplementar com óleos e
tipo de problema, Woods & para evitar que resíduos da água graxas, não se adota a lavagem
Spring recomendam o uso de de lavagem permaneçam sobre a com água após a imersão em so-
mistura de ácido crômico e ácido superfície fosfatizada. lução de cromo hexavalente,
fosfórico e manutenção do pH O tempo de contato com a submetendo-se os componentes
desta mistura ao redor de 4. solução ácida também varia, po- assim tratados diretamente à se-
Além disso, concentrações muito dendo ser desde 15 segundos a 2 cagem em estufa para promover
elevadas determinam a dissolu- minutos. Nos processos de asper- a insolubilização ou secagem de
ção da camada fosfatizada (bies- são, o tempo de contato é manti- qualquer excesso de cromatos
tek & weber, 1974, p.174). do baixo, em geral inferior a 40s presentes na camada. No caso de
A tabela 3 apresenta as reco- (rausch, 1990, p.179). fosfatização contínua, após a la-
mendações da Norma BS 3189 É importante o controle da vagem ácida (que pode ser feita
(1973) quanto à concentração água de lavagem ácida para evitar por aspersão ou por imersão) o
de cromo hexavalente para dife- que resíduos provenientes do ar- excesso da água ácida é retirada,
rentes aplicações. raste concentrem-se e acabem por exemplo, através de rolos
A temperatura da solução prejudicando o desempenho das (squeegeed) e então é submetida à
ácida contendo cromo hexava- camadas fosfatizadas oleadas ou secagem, por exemplo com ar
lente varia muito, podendo ser pintadas no que se refere à resis- quente (rausch, 1990, p.209).
mantida desde a temperatura tência à corrosão. Recomenda-se Já no caso de camadas que serão
ambiente até 70ºC. Quando se o controle do pH e a concentra- pintadas, é imprescindível a lava-
adota temperaturas mais eleva- ção de cromo hexavalente. A fre- gem com água deionizada para
das, o estágio de secagem pode quência deste controle deve ser retirar todo e qualquer resíduo
ser dispensado. No entanto, é estabelecida em função da quan- de cromo hexavalente.
C & P • Julho/Agosto • 2009 25
TABELA 3 – CONCENTRAÇÃO DE CROMO RECOMENDADA PARA A SELAGEM COM ÁCIDO CRÔMICO (BS 3189, 1973)
Aplicação Concentração recomendada em termos de CrO3* + Cr3+
Mínima Máxima
Camadas para pintura submetidas
a uma lavagem final com água deionizada 0,2 g/l 1,0 g/l
Camadas para pintura sem lavagem
final com água deionizada 0,1 g/l 0,5 g/l
Camadas destinadas à resistência à corrosão
após aplicação de óleos, graxas ou ceras 0,1 g/l 2,5 g/l
* Até 50% da quantidade de ácido crômico pode ser substituído por ácido fosfórico
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Aporte
amadas de fosfato de so (Sn2+) para estânico (Sn3+). cas, é evitar que resíduos presen-
zinco ou de fosfato de Normalmente, a solução con- tes na superfície da camada fosfa-
manganês, destinadas à tém ácido clorídrico e ácidos po- tizada contaminem as tintas
proteção contra corrosão, podem liidroxicarboxílicos. O pH é (kent, 1985).
ser submetidas a pós-tratamento mantido entre 2 e 3, a tempera- A presença de resíduos solú-
Por Zehbour em soluções contendo sais de tura ao redor de 95ºC e o tempo veis é indesejável, pois:
Panossian estanho II. Com isto, há a incor- de imersão varia entre 5 min e • no caso dos resíduos serem
poração de óxido de estanho 10 min (rausch, 1990, p.142). constituídos de substâncias
hidratado na camada (rausch, Para se ter uma idéia do efei- agressivas, como cloretos, a re-
1990, p.141). Camadas assim to do tratamento com sais esta- sistência à corrosão será com-
obtidas apresentam elevada resis- nosos, é apresentada a tabela 1. prometida;
tência à corrosão após aplicação Pode-se verificar que o uso de • estes resíduos, sendo ou não
de óleos ou graxas. Este tipo de sais de estanho confere uma re- agressivos, favorecem a forma-
Por Célia A. L. pós-tratamento é proprietário e sistência à corrosão superior ao ção de bolhas (blistering).
dos Santos recebe o nome comercial de pós-tratamento com cromatos. Para entender o favorecimen-
Endurion. Além disso, verifica-se que o tra- to da formação de bolhas, deve-
Segundo a literatura, estas tamento com estanho aumenta a se lembrar o conceito de osmose:
camadas também são adequadas eficiência da proteção com ceras. se dois recipientes contendo uma
quando destinadas a fixadores mesma solução são separados
(freeman, 1988, p.77-78). Este Lavagem com água por uma membrana permeável
tratamento só é realizado em deionizada ao solvente e impermeável ao so-
camadas fosfatizadas espessas A lavagem final com água de- luto, o solvente atravessará a
(pelo menos 15 g/m2), pois, as ionizada é uma prática muito membrana no sentido da solução
soluções contendo sais de esta- utilizada para camadas fosfatiza- mais diluída para a mais concen-
nho utilizadas atacam as cama- das destinadas a servirem como trada, na tentativa de igualar as
das de fosfato, de modo que ca- base de pintura. A grande maio- concentrações das duas soluções
madas finas podem ser parcial- ria dos trabalhos consultados re- (Figura 1).
mente dissolvidas, o que reduz a comenda lavagem com água de- Películas de tinta são, em
resistência à corrosão. ionizada após a lavagem ácida e maior ou menor grau, permeá-
A sequência normal do trata- afirma que esta prática melhora o veis à água. Assim sendo, quando
mento com soluções contendo desempenho das tintas, pois reti- superfícies pintadas são expostas
sais de estanho é a seguinte ra da superfície fosfatizada todo e
(rausch, 1990, p.142): qualquer resíduo proveniente da Água
• fosfatização lavagem ácida. Segundo Scislow-
• lavagem em água fria ski (1989), mesmo sem a sela-
• lavagem em água quente gem, a lavagem com água deio- Solução Solução
• tratamento em solução conten- nizada determina um desempe- aquosa aquosa
do sais de estanho nho superior dos esquemas de concentrada diluída
• lavagem em água corrente pintura.
• secagem O objetivo da lavagem com Membrana permeável à água
• aplicação de óleo ou graxa. água deionizada é retirar da
Não se pode utilizar a imer- superfície da camada fosfatizada Figura 1 – Ilustração esquemática
são em ácido crômico quando se todo e qualquer resíduo solúvel e da passagem da água por uma
opta pelo tratamento com sais de assim evitar a formação de bo- membrana permeável à água,
estanho, visto que o cromo hexa- lhas. Um outro objetivo, no caso mas não ao soluto, na tentativa
valente pode oxidar o íon estano- de se utilizar tintas eletroforéti- de igualar as concentrações
26 C & P • Setembro/Dezembro • 2009
TABELA 1 – RESISTÊNCIA À CORROSÃO DE CAMADAS DE FOSFATO DE ZINCO COM DIFERENTES PÓS-TRATAMENTOS
SUBMETIDAS AO ENSAIO EM CÂMARA DE NÉVOA SALINA (RAUSCH, 1990, P.142)
a meios úmidos, a água atingirá deionizada são pintadas e sub- e não-submetidas à lavagem
a superfície tinta/substrato. Nes- metidas ao ensaio em câmara com água deionizada, fato já
tas condições, ter-se-á três situa- úmida, bolhas formar-se-ão mencionado.
ções de interesse: conforme já citado. Se estas Face ao exposto, recomenda-
• ausência na interface tinta/ bolhas forem abertas verificar- se sempre lavagem final com
substrato de qualquer tipo de se-á que há água sob a bolha, água deionizada dos produtos
resíduo e água limpa na super- porém não há corrosão. Isto fosfatizados que serão pintados.
fície da tinta, como por exem- ocorre devido ao fato da água Esta lavagem torna-se ainda mais
plo substratos limpos pintados estar inibida, pois dissolveu os importante para as tintas eletro-
e expostos à câmara úmida: resíduos solúveis provenientes foréticas, pois, conforme já men-
neste caso, nenhum fator con- da solução passivante; cionado, evita a contaminação
tribuirá para acelerar a passa- • ausência ou presença de resí- do tanque de tinta com os resí-
gem da água da superfície ex- duos na interface tinta/substra- duos da lavagem ácida.
terna para a interface substra- to e solução salina na superfície
to/tinta, pois a membrana da tinta, como por exemplo Secagem
(tinta) permeável à água está substratos, limpos ou não, pin- A secagem dos produtos fos-
separando água pura; tados e expostos em câmara de fatizados antes da aplicação do
• presença na interface tinta/ névoa salina: neste caso, como tratamento suplementar é um
substrato de resíduos solúveis e a água presente na superfície da estágio necessário. Esta necessi-
água limpa na superfície da tinta contém uma quantidade dade deve-se:
tinta, como por exemplo, subs- considerável de sal (3 % de • à insolubilização de qualquer
tratos contaminados pintados cloreto de sódio), a água tende- excesso de cromatos presentes
e expostos à câmara úmida: rá a voltar por osmose para ten- na camada (no caso de se ado-
neste caso, haverá tendência, tar diluir a solução salina. É por tar lavagem final com água
por osmose, da água passar da esta razão, que não se verifica a contendo cromo hexavalente);
superfície externa em direção à formação de bolhas sobre • às próprias camadas fosfatiza-
interface substrato/tinta, pois camadas fosfatizadas passivadas
tem-se uma solução concentra-
da na interface e água pura Caminho Forma bolha porque a difusão da
sobre a tinta. Isto determinará da água água é favorecida para diluir a solução
Resíduos formada com os resíduos solúveis
a formação de bolhas. É o caso solúveis Camada de tinta
das camadas fosfatizadas passi- Camada fosfatizada
vadas e não lavadas com água
deionizada, ou camadas fosfa- Substrato Substrato
tizadas lavadas com águas
duras ou águas com alto teor
de sólidos dissolvidos. Este Antes da exposição Depois da
à água exposição à água
caso está ilustrado na figura 2.
Convém citar o fato que quan- Figura 2 – Ilustração esquemática da formação de bolhas sob camadas
do camadas fosfatizadas passi- de tintas. A presença de resíduos solúveis favorece a passagem da água
vadas e não-lavadas com água através da membrana (tinta) em direção à interface substrato/tinta
C & P • Setembro/Dezembro • 2009 27
TABELA 2 – CONDIÇÕES RECOMENDADAS PARA O TRATAMENTO TÉRMICO DE DESIDROGENAÇÃO
PARA AÇOS FOSFATIZADOS (ISO 9717, 1990)
* Camadas a base de fosfato de zinco e de fosfato de manganês podem perder água de hidratação durante o tratamento de desidrogenação, o que
reduz o seu desempenho no que se refere à resistência à corrosão. Assim recomenda-se que camadas a base de fosfato de zinco não sejam subme-
tidas a temperaturas superiores a 150ºC e camadas a base de fosfato de manganês não sejam submetidas a temperaturas superiores a 170ºC. Do
mesmo modo, aços submetidos a algum tipo de tratamento de endurecimento superficial, como carbonatação, devem ser tratados a temperaturas
entre 130ºC e 150ºC, durante no mínimo 6 horas, para que o tratamento superficial não seja afetado. Maiores considerações sobre a desidrata-
ção da hopeíta podem ser encontradas no trabalho de Arnaud e colaboradores (1988).
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R. Cap. Otávio Machado, 618 – São Paulo – SP
Artigo Técnico
s camadas fosfatizadas redor de 90ºC (RAUSCH, 1990, (RAUSCH, 1990, p.232; ISO
apresentam, entre ou- p.232). A cal tem a vantagem 9717, 1990; BS 3189, 1991).
tras, a propriedade de de apresentar baixo custo. A A necessidade de neutralização
melhorar a retenção de lubrifi- desvantagem é que a cal não é devida ao fato de ocorrer a
cantes. Esta propriedade é de pode ser usada sozinha para de- precipitação de ácido esteári-
Por Zehbour fundamental importância nas formações severas (RAUSCH, co, quando se aplica o esteara-
Panossian operações de conformação me- 1990, p.232). to de sódio sobre superfícies
cânica, pois as superfícies a se- O bórax é utilizado, em fosfatizadas que trazem consi-
rem deformadas devem se man- geral, nos casos de conformação go os vestígios de ácido das
ter lubrificadas para tornar pos- a seco. A aplicação de bórax operações anteriores ( FREE -
sível deformações severas, sem a pode ser feita através da imersão MAN, 1988, p.110). Quando
necessidade de tratamentos tér- em solução aquosa diluída (5 % se utiliza sabão sólido, solu-
micos intermediários e, para a 10 %) de tetraborato de só- ções mais concentradas de bó-
Por Célia A. L. minimizar o desgaste das ferra- dio (Na2B4O7•10H2O) a uma rax, cal ou metassilicato de só-
dos Santos mentas. temperatura entre 80ºC e 90ºC dio são requeridas. Neste caso,
Assim sendo, camadas fos- durante 5 s a 10 s (RAUSCH, estes têm a função de portador
fatizadas destinadas à confor- 1990, p.232). Como o bórax é do lubrificante (em inglês
mação devem ser tratadas com higroscópico, após a sua aplica- lubrificant carrier) (ISO 9717,
compostos com propriedades ção, deve-se armazenar o pro- 1990, BS 3189, 1991).
lubrificantes. Os compostos duto fosfatizado em locais se-
mais utilizados para esta finali- cos. Caso contrário, o bórax ab- Pós-tratamento com
dade são bórax, cal, metassili- sorve a umidade do ar o que estearato (sabão)
cato de sódio, sabão (estearato pode determinar a corrosão do O pós-tratamento com
de sódio) e alguns tipos de lu- produto fosfatizado. estearato de sódio é indicado
brificantes. Uma vantagem do bórax é a para componentes destinados
facilidade de sua remoção após à conformação mecânica e que
Pós-tratamento com solução a conformação, sendo possível a foram fosfatizados em banhos
contendo bórax, cal ou sua utilização em operações de à base de fosfato de zinco. O
metassilicato de sódio conformações mais severas do tratamento é realizado logo
Para alguns processos de que são permitidos quando se após a fosfatização e após a
conformação mecânica, como utiliza cal. neutralização com solução de
trefilação de fios, cal ou bórax Quando o lubrificante uti- bórax, cal ou metassilicato de
podem ser utilizados como lu- lizado é o sabão, soluções con- sódio. Consiste na imersão da
brificantes. tendo bórax ou metassilicato peça fosfatizada em solução de
A aplicação de cal pode ser de sódio têm sido utilizadas estearato de sódio seguida de
feita por imersão em uma sus- com o objetivo de neutralizar secagem. A concentração de
pensão aquosa diluída de qualquer arraste de solução á- estearato de sódio pode variar
Ca(OH)2 (0,3 % a 3 %), cida para o estágio de aplica- de 2 % a 20 % (pH entre 8 e
mantida a uma temperatura ao ção do sabão (estearato) 10), sendo recomendada uma