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Compêndio de artigos técnicos sobre fosfatização de metais ferrosos

Article · January 2006

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2 authors:

Zehbour Panossian Célia Aparecida Lino dos Santos


Instituto de Pesquisas Tecnológicas Instituto de Pesquisas Tecnológicas
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COMPÊNDIO DE ARTIGOS TÉCNICOS
SOBRE FOSFATIZAÇÃO DE METAIS FERROSOS
Autoras: Zehbour Panossian e Célia A. L. dos Santos

Publicados na Revista Corrosão & Proteção nas edições de números:


9/10/11/12-2006/13/14/15/16/17/18-2007/19/20/21/22/23-2008/25/26/28/29-2009/31-2010

Revista Corrosão & Proteção, veículo oficial da ABRACO – Associação Brasileira de Corrosão
ISNN 0100-1485 - publicada em parceria com a Aporte Editorial Ltda.

Fica proibida a reprodução parcial ou na íntegra sem a autorização prévia


das autoras e da editora responsável

Veja na parte superior esquerda desta página a aba Bookmarks, link para as edições abaixo

Edição Periodicidade Parte Tema


9 Maio/Junho-2006 1 Histórico
10 Julho/Agosto-2006 2 Tipos de Camadas Fosfatizadas
11 Set/Out-2006 3 A Utilização Prática das Diferentes Camadas Fosfatizadas
12 Nov/Dez-2006 4 A Formação dos Fosfatos
13 Jan/Fev-2007 5 Mecanismos de Fosfatização
14 Março/Abril-2007 6 Mecanismos de Fosfatização
15 Maio/Junho-2007 7 Efeitos do pH
16 Julho/Agosto-2007 8 Aceleradores
17 Set/Out-2007 9 Aceleradores: Nitrato e Nitrato/Nitrito
18 Nov/Dez-2007 10 Aceleradores: Cloratos e Outros
19 Jan/Fev-2008 11 Aceleradores: Sais Metálicos e Outros
20 Março/Abril-2008 12 A Influência dos íons Ferrosos e Outros Compostos
21 Maio/Junho-2008 13 Os estágios de um Processo de Fosfatização
22 Julho/Agosto-2008 14 A Qualidade da Água nas Etapas de Lavagem
23 Set/Out-2008 15 Alívio de Tensões e Desengraxe
25 Jan/Fev-2009 16 Decapagem e Tratamento Mecânico
26 Set/Out-2009 17 Refinamento de Grão
28 Julho/Agosto-2009 18 Pós-tratamento
29 Set/Dez-2009 19 Pós-tratamento
31 Março/Abril-2010 20 Pós-tratamento para Conformação
Obs.: O período correspondente a cada edição está inserido
sequencialmente no rodapé das páginas

(11) 2028-0900 www.abraco.org.br


aporte.editorial@uol.com.br
Artigo Técnico

Fosfatização de Metais Ferrosos


Parte 1 - Histórico
As autoras abordam, em linhas gerais, as origens da fosfatização
e a evolução do procedimento até os dias de hoje

Por Zehbour fosfatização é um trata- limalhas de aço.................. 28,3 g (1 oz) dos Unidos. Foi introduzido o uso
Panossian e mento de conversão, a ácido fosfórico................... 118 mL (4 fl oz) de fosfato primário de metais biva-
Célia A. L. dos saber: é a “conversão” de água................................... 4,7 L (160 fl oz) lentes. Nos Estados Unidos, surgiu
Santos um metal em um óxido, hidróxi- o processo conhecido como “Parke-
do ou sal do metal por meio de Nesse banho, camadas fosfa- rizing” que consistia no uso de fos-
reações eletroquímicas que po- tizadas adequadas para uso eram fato primário de manganês e de
dem ocorrer tanto devido à im- obtidas a uma temperatura pró- ferro. Este processo era de mais fácil
posição de corrente como devido xima à ebulição e um tempo de controle, porém, ainda necessitava
ao ataque do metal por um oxi- imersão variando entre 2 horas e de aproximadamente uma hora
dante presente na solução (Raus- 2,5 horas. para produção de camadas fosfati-
ch, 1990). Para o caso específico A partir do banho de Coslett, zadas. Neste período, foi verificada
da fosfatização, trata-se da con- o desenvolvimento da fosfatiza- a superioridade de desempenho
versão do metal em um fosfato ção teve como objetivos dimi- apresentada pelas camadas de tinta
insolúvel do íon metálico. O fos- nuir o tempo e a temperatura de aplicadas sobre aço fosfatizado. Em
fato insolúvel deposita-se sobre o processo, melhorar o desempe- 1929, já foi introduzido o uso de
metal modificando as suas pro- nho das camadas e identificar no- íons de cobre como acelerador,
priedades superficiais. vas aplicações para estas. Atual- tendo sido consagrado o processo
O primeiro registro do em- mente, excelentes camadas fosfa- conhecido como “Bonderizing”
prego de camadas fosfatizadas tizadas podem ser obtidas a tem- que produzia camadas fosfatizadas
para a prevenção contra a corro- peraturas mais baixas e somente em aproximadamente 10 minutos.
são em ferro e aço foi a patente com alguns minutos (ou até de- Em 1931, foi descoberta a ação
registrada por W. A. Ross em zenas de segundos) (Lorin, 1974). benéfica dos aceleradores tipo oxi-
1869 (Narayanan, 2005). A pri- Freeman (1988, p.3-8) divi- dante, como o nitrato. O avanço tec-
meira fosfatização aplicada co- de a evolução da arte de fosfatiza- nológico, nesta época, permitiu a pro-
mercialmente ocorreu no início ção em quatro períodos, a saber: dução de camadas fosfatizadas en-
do século passado, em Bir- tre 2 minutos e 5 minutos. Neste pe-
mingham, Inglaterra, com um Período 1: antes da Primeira ríodo, também foi introduzida a
processo patenteado por Coslett Guerra Mundial. Neste período, fosfatização por aspersão e a fosfa-
em 1906 (Lorin, 1974; Free- ocorreram as descobertas básicas dos tização com banhos contendo me-
man, 1988, p.3). No entanto, a processos de fosfatização, principal- tais alcalinos. As camadas fosfatiza-
importância deste processo tor- mente na Inglaterra. Nesta época, das, ainda, eram utilizadas somen-
nou-se marcante antes, e espe- já foi utilizado o banho de fosfato a te para resistência à corrosão e para
cialmente, durante a Segunda base de zinco e de manganês. O pri- servirem de base para pintura. Mas
Guerra Mundial, perpetuando- meiro era obtido dissolvendo zinco no final deste período, já se identi-
se até os dias de hoje. metálico em ácido fosfórico. O se- ficaram outras aplicações para as
A concepção inicial dos ba- gundo era obtido adicionando-se ao camadas fosfatizadas: a de auxiliar
nhos de fosfatização mudou sig- banho, manganês na forma metá- as operações de conformação e a de
nificativamente e acredita-se que lica ou como carbonato. Com estes resistência à abrasão e ao desgaste;
ainda sofrerá muitas modifica- banhos já se conseguiu reduzir o
ções. Os primeiros banhos de tempo de fosfatização para aproxi- Período 3: período da Segunda
Coslett eram obtidos a partir da madamente uma hora; Guerra Mundial, durante a qual
dissolução de limalhas de ferro se ampliou o uso de camadas fosfa-
em ácido fosfórico diluído (Ja- Período 2: entre a Primeira e tizadas para auxiliar nas operações
mes, Freeman, 1971; Murphy, Segunda Guerra Mundial. Neste de conformação, principalmente na
1971; Freeman, 1988, p.4). O período, a fosfatização foi utilizada Alemanha. Neste período, as cama-
banho original de Coslett apre- na indústria para produção em gran- das fosfatizadas rapidamente subs-
sentava a seguinte composição: de escala, principalmente nos Esta- tituíram os demais tratamentos de

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superfície utilizados para auxiliar de aço sobre o qual estão aplica- das fosfatizadas tradicionais,
as operações de conformação. Nos Es- das. Os seguintes produtos são além de ser de mais fácil contro-
tados Unidos e na Inglaterra, foi in- aplicados sobre camadas fosfati- le e necessitar de pouco espaço
tensificado o uso de camadas fosfa- zadas (BS EN 12476:2000; ISO físico (Guidetti, Vercesi, 1997).
tizadas para resistência à abrasão e 9717:1990):
ao desgaste, tendo sido identificada • corantes; Referências Bibliográficas
a superioridade do fosfato de man- • óleos e graxas; BS - British Standards. 2000. BS
ganês para esta aplicação. Neste • ceras; EN 12476: phosphate conver-
período, também surgiram os tra- • sabão; sion coatings of metals. Method
balhos relacionados com os funda- • tintas e vernizes; of specifying requirements. 15 p.
mentos da fosfatização, incluindo • selantes inorgânicos ou selantes FREEMAN, D. B. 1988. Phospa-
os importantes trabalhos de Machu não-formadores de película. ting and metal pre-treatment. 1st
e Maccia (Freeman, 1988, p.7). ed. New York : Industrial Press,
Um avanço considerável surgiu nos A fosfatização é aplicada com 229p.
Estados Unidos: os sais de titânio as seguintes finalidades (BS EN GUIDETTI, G.; VERCESI, G.
como um agente refinador de grão 12476:2000; ISO 9717:1990): 1997. Tecnologia para prepara-
utilizados na última etapa de pre- • para melhorar a aderência ção de superfícies metálicas antes
paro de superfície para fosfatiza- entre um metal e um não- da pintura. In: INTERFINISH
ção. Data deste período, também, metal (como madeira, plásti- LATINO AMERICANO,
o uso de compostos contendo fluo- co, borracha); EBRATS 97, 1997. São Paulo.
retos nos banhos de fosfatização; • para proteção contra corrosão Proceedings... São Paulo : ABTS,
com tratamento suplementar 1997 (Fosfatização orgânica, a
Período 4: período pós-guerra. com óleos e graxas; fosfatização do 3º milênio) (CD).
Este período trouxe poucos avanços • como pré-tratamento de ISO – International Organization
relacionados com os fundamentos pintura; for Standardization. 1990. ISO
da fosfatização, mas, foi caracteri- • para auxiliar nas operações 9717: phosphate conversion coa-
zado pela melhoria da tecnologia de conformação; tings for metals, method of spe-
da fosfatização, quais sejam: redu- • para resistência ao desgaste e cifying requirements. 15 p.
ção das temperaturas de operação, à abrasão; JAMES, D.; FREEMAN, D. B.
controle da massa da camada por • como isolantes elétricos; 1971. Accelerator systems for
meio do uso de refinadores de grão, • em elementos de fixação. zinc phosphate processes with
desenvolvimento de processo de al- particular references to their use
ta velocidade de deposição para Os principais tipos de fosfati- before electropaint. Transactions
fosfatizar fios de aço em apenas 5 zação são: fosfato de ferro II, fos- of the Institute of Metal Fini-
segundos de imersão. Surgiram, fato de zinco e fosfato de manga- shing Conference issue, part 2,
também neste período, surfactantes nês. Atualmente a fosfatização é v.49, p. 79-83. Zehbour Panossian
capazes de promover limpeza a aplicada, principalmente, sobre: LORIN, G. 1974. Phosphating of Instituto de Pesquisas
baixas temperaturas o que permi- • metais ferrosos (aço e ferro metals. Great-Britain : Finishing Tecnológicas de São
tiu o surgimento de processos de fundido); Publications. 222p. Paulo – IPT. Labora-
aspersão a temperaturas próximas • alumínio e suas ligas; MURPHY, J. A. 1971 Surface pre- tório de Corrosão e
à ambiente. Nos últimos anos, as • zinco e suas ligas, incluindo paration and finishes for metals. Proteção – LCP.
políticas de preservação ao meio revestimentos; New York : McGraw-Hill. Doutora em Ciências
ambiente têm dirigido esforços na • cádmio e suas ligas, incluindo p.396-401. (Fisico-Química)
procura de processos ecológicos. revestimentos. NARAYANAN, T. S. N. Sankara. pela USP. Responsável
2005. Surface pretreatment by pelo LCP.
As camadas fosfatizadas rara- Existem processos denomi- phosphate conversion coatings – Célia A. L. dos
mente são utilizadas sozinhas. Elas nados de “fosfatização orgânica”. a review. Rev. Adv. Mater. Sci. Santos
quase sempre recebem tratamen- Este tipo de fosfatização foi in- v.9, p.130-177. Instituto de Pesquisas
to suplementar, pois por serem troduzido no mercado por uma RAUSCH, W., 1990. The phos- Tecnológicas de São
porosas, não dão proteção ao empresa italiana na década de phating of metals. 1st.ed. Great Paulo – IPT. Labora-
substrato sobre o qual são aplica- 60. A fosfatização orgânica é a- Britain : Redwood Press, 416p. • tório de Corrosão e
das. Somente nos casos em que o plicada em um único estágio e Proteção – LCP.
armazenamento é feito em local caracteriza-se por oferecer prote- Contato com as autoras: Doutora em Química
seco e por períodos muito curtos ção contra corrosão inerente zep@ipt.br (Fisico-Química) pela
é que camadas fosfatizadas po- (sem aplicação de tratamento clsantos@ipt.br USP. Pesquisadora
dem evitar corrosão do substrato suplementar) superior às cama- fax: (11) 3767-4036 do LCP.

C & P • Maio/Junho • 2006 23


Artigo Técnico

Fosfatização de Metais Ferrosos


Parte 2 - Tipos de
Camadas Fosfatizadas
As autoras analisam os diferentes tipos de camada fosfatizadas

XISTEM BASICAMENTE TRÊS (PO4)2.4H2O, onde Me re- • iron phosphate, alkali metal
tipos de camadas fosfati- presenta níquel ou manga- phosphate ou lightweight iron
zadas (Wick e Veilleux, nês. O zinco continua sendo ou non-coating: referem-se a
1985; Kuehner, 1985; Rodzewi- o principal constituinte da camadas fosfatizadas obtidas
ch, 1974; Rausch, 1990, p.95; camada. A adição dos íons de a partir de banhos de metais
Por Zehbour ISO 9717, 1990; BS 3189, níquel e manganês promove alcalinos ou de amônio e que
Panossian 1991): fosfato de ferro II, fosfa- um refinamento de grão e são constituídas basicamente
to de zinco e o fosfato de man- um aumento da resistência à de óxido de ferro e fosfato de
ganês. Na realidade, esta no- corrosão da camada fosfatiza- ferro. O termo lightweight iron
menclatura não é correta, visto da. Este tipo de camada tam- tem sua origem no fato de que
que as camadas não são forma- bém é chamada de fosfato de a partir dos banhos de metais
das exclusivamente por fosfato zinco tricátion. No caso de alcalinos ou de amônio só são
de ferro, zinco ou manganês. fosfatização de aço zincado, a obtidas camadas finas e o ter-
Por Célia A. L. Por exemplo: presença de íons de níquel e mo non coating tem sua ori-
dos Santos • as camadas de fosfato de ferro manganês promove a modifi- gem no fato de que os íons de
podem ser constituídas de cação do fosfato de zinco for- metais alcalinos ou os íons de
fosfato de ferro e óxido de mado (hopeíta modificada) amônio não participam na
ferro; tornando-a equivalente ao formação da camada. Em ge-
• as camadas de fosfato de zin- fosfato duplo de zinco e de ral, a tradução é fosfato de fer-
co obtidas a partir de banhos ferro (fosfofilita) (Narayanam, ro, porém no caso em que se-
somente a base de fosfato 1996); ja necessário evitar qualquer ti-
diácido de zinco contêm fos- • as camadas de fosfato de man- po de equívoco, a tradução
fato de zinco, a hopeíta, ganês são constituídas de fos- melhor seria “fosfato de ferro
Zn3(PO4)2.4H2O, e fosfato fato duplo de ferro e manga- obtido a partir de banhos de
duplo de ferro e zinco, a fos- nês, a hureaulita, (Mn,Fe)5H2 metais alcalinos ou de amônio”;
fofilita, Zn2Fe(PO4)2.4H2O; (PO4)4.4H2O. • true iron phosphate: refere-se a
• as camadas de fosfato de zin- camadas fosfatizadas obtidas
co podem ser obtidas a partir Apesar do exposto, a título de a partir de banhos contendo
de banhos contendo sais de simplificação e facilidade, a no- fosfato diácido ferroso e áci-
cálcio. Nestes casos, as cama- menclatura apresentada é larga- do fosfórico, banhos estes se-
das são constituídas de fosfa- mente utilizada na prática. melhantes aos banhos iniciais
to de zinco, a hopeíta, Zn3 Outras nomenclaturas são de Coslett. A tradução tam-
(PO4)2.4H2O, fosfato duplo encontradas na literatura em lín- bém, neste caso, seria fosfato
de zinco e cálcio, a scholzita, gua inglesa, cada qual tendo de ferro. Pela mesma razão ci-
Zn2Ca(PO4)2.2H2O e fosfato uma razão específica, a saber tada anteriormente, em caso
duplo de zinco e ferro, a fos- (Murphy, 1971; Freeman, 1988, de dúvida, pode-se mencio-
fofilita, Zn2Fe(PO4)2. 4H2O. p.26): nar o tipo de banho e tradu-
A adição de íons de cálcio • heavy phosphate: refere-se a zir como “fosfato de ferro ob-
promove refinamento de camadas fosfatizadas grossas tido a partir de banhos con-
grão; as quais são destinadas prin- tendo fosfato ferroso” (Bies-
• as camadas de fosfato de zin- cipalmente à proteção contra tek, 1976).
co podem ser modificadas adi- corrosão e à resistência ao
cionando-se ao banho sais de atrito ou à abrasão e, em ge- Camadas à base de
níquel e manganês. Nestes ca- ral, são usadas com óleos ou fosfato de ferro
sos, têm-se na camada fosfa- graxas. Este termo pode ser As camadas à base de fosfato
tos duplos do tipo Zn2Me traduzido por fosfato pesado; de ferro foram as primeiras a

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serem utilizadas comercialmente phate ou non coating phosphate. A baixo, facilidade de controle do
(Metals handbook, 1987). Ini- aplicação pode ser por imersão banho e, no caso de utilizar de-
cialmente, as camadas de fosfato ou por aspersão. Quando os ba- tergentes em sua composição,
de ferro eram obtidas a partir de nhos são devidamente formula- dispensam duas etapas de pré-
banhos contendo ácido fosfórico dos, com incorporação de deter- tratamento (desengraxamento e
e fosfato diácido ferroso, sem gentes, pode-se fazer a fosfatiza- lavagem).
aceleradores. Estes banhos ope- ção sem que o substrato seja sub-
ravam a uma temperatura próxi- metido a um pré-tratamento de Camadas à base de
ma à temperatura de ebulição e limpeza, pois isto é feito direta- fosfato de zinco
produziam camadas cristalinas mente durante o contato com o As camadas à base de fosfato
de granulação grosseira e de colo- banho. de zinco são obtidas a partir de
ração cinza escura (Metals hand- A camada fosfatizada obtida banhos contendo ácido fosfórico
book, 1987). Conforme já men- a partir de banhos contendo fos- e fosfato diácido de zinco, além
cionado, este tipo de fosfato é fato diácido de metais alcalinos de aceleradores e outros consti-
conhecido como true iron phos- ou de amônio é amorfa2, de colo- tuintes do banho eventualmente
phate. As camadas obtidas a par- ração azul iridescente ou azul adicionados, por exemplo, para
tir de banhos contendo ácido fos- avermelhado. É constituída de controlar o crescimento dos cris-
fórico e fosfato diácido ferroso são uma mistura de fosfato de ferro, tais, aumentar ou diminuir a
cristalinas, constituídas princi- a vivianita de fórmula molecular espessura da camada. Podem ser
palmente de Fe5H2(PO4)4. 4H2O Fe3(PO4)2.8H2O, e cerca de 70% aplicadas por imersão ou por
(Fe hereaulita), e são relativa- a 80% de óxido de ferro, a mag- aspersão.
mente espessas (> 5g/m2). Estas netita de fórmula molecular Estas camadas apresentam
camadas são utilizadas, quase Fe3O4 (Murphy, 1971.), portan- um custo mais elevado do que o
que exclusivamente, com aplica- to não é uma camada formada custo das camadas a base de fos-
ção de óleo ou graxa e destinam- unicamente de fosfatos. Apesar fato de ferro mas, apesar disto,
se à proteção contra corrosão. disto, diz-se, erroneamente, con- são as mais utilizadas na prática,
Antes de aplicação de óleo ou forme já citado, que a camada é sendo o tipo exigido pela maio-
graxa, as camadas fosfatizadas constituída de fosfato de ferro. ria das aplicações da indústria
são submetidas a uma lavagem Este tipo de camada é normal- automobilística, pois atendem às
com uma solução diluída de mente submetida, após a fosfati- especificações mais rigorosas des-
ácido crômico para melhorar a zação, a uma selagem, fato que te setor (Scislowski, 1991c).
resistência à corrosão. Cabe res- melhora as suas características As camadas deste tipo, obti-
saltar que as soluções selantes a anticorrosivas. das a partir da grande maioria
base de ácido crômico estão sen- As camadas à base de fosfato dos banhos utilizados na prática,
do substituídas por outras con- de ferro obtidas a partir de me- são cristalinas e de coloração acin-
tendo compostos inorgânicos ou tais alcalinos ou de amônio são zentada (podendo variar desde
orgânicos não-tóxicos. geralmente finas (em geral infe- cinza claro até cinza escuro
Atualmente, os banhos mais rior a 1 g/m2). Estas camadas cons- (Metals handbook, 1987). São
utilizados são os que contêm fos- tituem-se em excelentes bases formadas por fosfato tetrahidra-
fatos de metais alcalinos ou de para pintura, no entanto só são tado de zinco, a hopeíta,
amônio (tais como, o fosfato diá- adequadas em ambientes de Zn3(PO4)2.4H2O, e fosfato du-
cido de sódio ou fosfato diácido agressividade moderada, não de- plo de ferro e de zinco tetraidra-
de amônio) e aceleradores. Ope- vendo ser utilizadas em ambien- tado, a fosfofilita Zn2Fe (PO4)2.
ram a um pH entre 4 e 5,51 e o tes muito úmidos ou em condi- 4H2O. A composição do banho
controle do processo é relativa- ções de imersão contínua, pois, e as condições de operação deter-
mente fácil (Hamilton, 1979). nestas condições, os óxidos pre- minam a quantidade relativa de
Devido aos valores de pH relati- sentes na camada transformam- um ou outro composto (Kueh-
vamente altos, estes banhos não se em outros óxidos não-proteto- ner, 1985). A parte da camada
toleram arraste de soluções alca- res (Murphy, 1971). Estas cama- mais próxima do substrato é rica
linas, porque pequenas quanti- das também são utilizadas para em ferro e a mais externa é rica
dades de álcalis causam aumento melhorar a aderência entre o aço em zinco. A microestrutra da ca-
significativo do pH. Conforme e outros materiais não-metálicos, mada depende, além da compo-
também já mencionado, este como a madeira (Metals hand- sição do banho e das condições
tipo de fosfato é conhecido co- book, 1982). de operação, do tipo de desengra-
mo iron phosphate, alkali metal Este tipo de camada apresen- xante alcalino utilizado no pré-tra-
phosphate, lightweight iron phos- ta algumas vantagens: custo mais tamento (Rodzewich, 1974).

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As camadas à base de zinco ou graxa. Às vezes, são preferidas METALS handbook. 1987. 9 ed.
constituem-se em excelente base devido à sua coloração preta Metals Park: ASM, 17v., v. 5: surfa-
para a pintura, sendo preferidas (Murphy, 1971; Rodzewich, ce cleaning, finishing and coating,
aos fosfatos a base de ferro em 1974). 715 p.
ambientes mais agressivos. Cons- As camadas à base de fosfato MURPHY, J. A. 1971 Surface prepara-
tituem-se ainda em acabamento de manganês tendem a apresen- tion and finishes for metals. New
adequado para as operações de tar granulação grosseira. Por esta York: McGraw-Hill. P. 396-401.
conformação e quando oleadas, razão, geralmente, na limpeza do NARAYANAN, S. 1996. Influence of
protegem adequadamente o substrato evita-se o uso de desen- various factors on phosphatability –
substrato de aço. Camadas à base graxantes alcalinos que determi- an overview. Metal Finishing. V.
de fosfato de zinco e cálcio, ou nam a obtenção de depósitos de 94, n. 6, p. 86-90, June.
mesmo as próprias camadas de granulação grosseira (Murphy, RAUSCH, W. 1990. The phosphating
fosfato de zinco, podem ser utili- 1971). Procura-se utilizar um of metals. 1st ed. Great Britain:
zadas para resistência à abrasão pré-tratamento (condiciona- Redwood Press, 416p.
em condições menos severas, em mento) adequado com o objeti- RODZEWICH, E. A. 1974. Theory
substituição às camadas de fosfa- vo de obter camadas de granula- and practice of phosphating. Ame-
to de manganês (Metals hand- ção fina (Metals handbook, rican Electroplater’s Society, 28 p.
book, 1987; ISO 9717, 1990; 1987). SCISLOWSKI, S. 1991 c. Phosphating
BS 3189, 1991). Uma das des- Uma vantagem das camadas Part V – 3 stage versus 5 stage spray
vantagens destas camadas é a sua deste tipo é a resistência a altas iron phosphating. Metal Finishing,
baixa resistência à alta tempera- temperaturas: podem ser aqueci- v. 89, n. 4, p. 29-30, Apr.
tura: as camadas cristalinas à base das até 200ºC sem perder suas WICK, C.; VEILLEUX, R. 1985. Toll
de fosfato de zinco perdem as propriedades (Murphy, 1971). and manufacturing engineers hand-
águas de hidratação quando As espessuras das camadas de book. 4 ed. Michigan: SME. V. III,
aquecidas à temperatura relativa- fosfato a base de manganês fi- chapter 19, p. 19.6-19.9.
mente baixas. Camadas ditas cam, em geral, na faixa de 3 g/m2
“amorfas” de fosfato de zinco já a 43 g/m2.
são mais resistentes a altas tem- A utilização das camadas cita-
peraturas (Murphy, 1971). das neste artigo será o tema da
A espessura da camada pode próxima edição, quando se rela-
variar de 1g/m2 a 43g/m2 (Rod- cionará o tipo de camadas fosfa- 1
Intervalos diferentes são citados por
zewich, 1974; Metals hand- tizadas e a sua aplicação prática outros autores. Por exemplo, Rausch
book, 1987). Camadas mais com maiores detalhes. (1990) cita o intervalo de 3,5 a 6.
finas (até 10g/m2) são geral-
mente obtidas com banhos ace- Referências Bibliográficas 2
Segundo Bloor (1970), a camada
lerados com nitrito e aplicados BIESTEK, T. & WEBER, J. Conversion fosfatizada apresenta cristais com
por aspersão ou imersão, sendo coatings. 1a edição, 1976. granulação tão fina que são geralmente
utilizadas como base para pin- BS – British Standards. 2000. BS EM denominadas de amorfas.
tura. As camadas mais espessas 12476: phosphate conversion coa-
(> 5 g/m2) são, em geral, aplica- tings of metals. Method of specify-
das por imersão e são destina- ing requirements. 15 p.
das para conformação ou olea- FREEMAN, D. B. 1988. Phosphating
mento. and metal pre-treatment. 1st ed. Zehbour Panossian
New York: Industrial Press, 229 p. Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
Camadas à base de fosfato HAMILTON, A. J. 1979. Iron phos- – IPT. Laboratório de Corrosão e Proteção –
de manganês phate spray systems. Plating and LCP. Doutora em Ciências (Fisico-Química)
As camadas à base de fosfato Surface Finishing. V. 66, n. 8, p. 28- pela USP. Responsável pelo LCP.
de manganês são obtidas somen- 34, Aug. Célia A. L. dos Santos
te por imersão, a uma tempera- ISO – International Organization for Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
tura alta (85ºC a 95ºC) e apre- Standardization. 1990. ISO 9717: – IPT. Laboratório de Corrosão e Proteção –
sentam uma coloração preta e phosphate conversion coatings for LCP. Doutora em Química (Fisico-Química)
brilhante. São utilizadas, quase metals, method of specifying requi- pela USP. Pesquisadora do LCP.
que exclusivamente, quando o rements. 15 p.
requisito é resistência à abrasão e KUSHNER, M. A. 1985. Phosphate Contato com as autoras:
ao desgaste e para resistência à conversion coatings. Metal Fi- zep@ipt.br / clsantos@ipt.br
corrosão após aplicação de óleo nishing. V. 83, n. 8, p. 15-18, Aug. fax: (11) 3767-4036

26 C & P • Julho/Agosto • 2006


Artigo Técnico

Fosfatização de Metais Ferrosos


Parte 3 - A utilização prática das
diferentes camadas fosfatizadas
As autoras relacionam os diferentes tipos de fosfatos com as diversas aplicações práticas

S CAMADAS FOSFATIZADAS fosfatizadas mais grossas, as de lubrificantes mantendo


são aplicadas para várias quais, são constituídas de fos- uma camada lubrificante en-
finalidades, dentre as fato de zinco, podendo tam- tre duas superfícies sob pres-
quais, as mais importantes são bém ser utilizadas camadas são (superfície da peça que
(Metals handbook, 1987; ISO de fosfato de ferro obtido a está sendo deformada e a
Por Zehbour 9717, 1990; BS 3189, 1991; partir de banhos à base de superfície da matriz de defor-
Panossian Rodzewich, 1974): fosfato diácido de ferro ou de mação). Para esta aplicação,
• para melhorar a aderência fosfato de manganês; as camadas fosfatizadas são,
entre um metal e um não- • pré-tratamento de superfícies em geral, constituídas de fos-
metal (como madeira, plásti- submetidas à abrasão e ao fato de zinco;
co, borracha); desgaste, tais como pistões, • como isolante elétrico. As
• pré-tratamento de superfícies anéis, eixos, girabrequins. A camadas fosfatizadas apresen-
metálicas para pintura. Com fosfatização aumenta a anco- tam alta resistividade sendo
Por Célia A. L. a fosfatização aumenta-se a ragem dos lubrificantes per- por esta razão utilizadas para
dos Santos ancoragem das tintas o que mitindo que o contato direto isolamento elétrico entre lâ-
melhora a aderência destas e metal-metal nos primeiros minas de transformadores, de
consegue-se reduzir a propa- movimentos, chamados de rotores, etc. Para esta finali-
gação da corrosão por debai- assentamento, seja evitado. dade são, em geral, utilizadas
xo das camadas de tinta nos Isto previne o engripamento camadas fosfatizadas de zinco
locais de danificação. Isto o- e diminui o barulho próprio e ferro.
corre devido ao fato das ca- de superfícies não-assentadas. Além do tipo de fosfato, um
madas de fosfatos serem pou- Para esta aplicação são utiliza- dos parâmetros importantes de
co condutoras o que desfavo- das, quase que exclusivamen- se conhecer é o de massa de fos-
rece o estabelecimento das te, camadas fosfatizadas à fato por unidade de área1 que
células de corrosão. Além dis- base de fosfato de manganês. também direciona o uso das ca-
to, as camadas fosfatizadas No entanto, camadas de fos- madas fosfatizadas. Ao se tentar
aumentam a resistência ao fato de zinco também podem procurar na literatura os valores
impacto e a flexibilidade das ser utilizadas; de massa de fosfato por unidade
tintas. Para esta aplicação, • pré-tratamento para confor- de área mais adequados para
geralmente, as camadas fosfa- mação mecânica. A fosfati- uma determinada aplicação, se-
tizadas são finas, densas com zação aumenta a ancoragem rão encontradas faixas diferentes,
cristais pequenos e são cons-
tituídas de fosfato de zinco TAB. 1 - VALORES DE MASSA POR UNIDADE DE ÁREA PARA CAMADAS FOSFATIZADAS
e/ou de fosfato de ferro obti- À BASE DE FOSFATO DE FERRO (ISO 9717, 1990; BS EN 12476, 2000)
do a partir de banhos à base
de fosfato de metais alcalinos Tipo de Massa por unidade
Aplicação
e de amônio; fosfato de área (g/m2)
• pré-tratamento de superfícies Feph 0,1 a 1,5 Sem proteção suplementar, para proteção contra
oleadas ou com graxas, com corrosão entre operações de fabricação em
o objetivo de proteção con- ambientes secos por períodos inferiores a 24 h
tra corrosão. A fosfatização Fehph > 5 de preferência > 10 Com óleos, graxas ou ceras para proteção contra
aumenta a ancoragem destes corrosão durante armazenamento e transporte
produtos, evitando a perda Feph 0,1 a 1,0 Como base para tintas ou vernizes
dos mesmos por escorrimen- Nota: Feph - camadas obtidas a partir de fosfato de metais alcalinos ou de amônio
to. Para esta aplicação, em Fehph - camadas obtidas a partir de banhos à base de fosfato ferroso
geral, são utilizadas camadas

C & P • Setembro/Outubro • 2006 27


TAB. 2 - VALORES DE MASSA POR UNIDADE DE ÁREA PARA CAMADAS FOSFATIZADAS devem ser lavadas primeira-
À BASE DE FOSFATO DE ZINCO (ISO 9717, 1990; BS EN 12476, 2000) mente com água corrente e
em seguida com água deioni-
Massa por unidade
Aplicação zada para se ter garantia da
de área (g/m2) ausência de contaminantes
1a5 Sem proteção suplementar, para proteção contra corrosão entre na superfície os quais podem
operações de fabricação em ambientes secos por períodos determinar a formação de
inferiores a 24 h bolhas sob as camadas de tin-
> 5 de preferência > 10 Sem proteção suplementar, para proteção contra corrosão entre tas ou vernizes. Além disto,
operações de fabricação em ambientes secos por períodos deve-se evitar o manuseio
inferiores a 7 dias sem luvas das camadas fosfa-
> 5 de preferência > 10 Com óleos, graxas ou ceras para proteção contra corrosão tizadas antes da aplicação de
durante armazenamento e transporte tintas ou vernizes para evitar
1 a 10 de preferência 1 a 4 Como base para tintas ou vernizes marcas de impressão digital;
5 a 15 Trefilação de fios • camadas fosfatizadas à base
3 a 10 Extrusão de tubos de aço soldados de fosfato de zinco são as
4 a 10 Extrusão de tubos de precisão de aço mais indicadas para a confor-
5 a 20 Conformação a frio mação mecânica. Para esta
2a5 Estampagem com redução de espessura de parede finalidade, estas camadas
5 a 15 Estampagem sem redução de parede devem ser neutralizadas após
> 10 (BS 3189, 1991) Para elementos de fixação a fosfatização com soluções
26 a 32 (ASTM F 1137, 1993) Para elementos de fixação com tratamento suplementar fracamente alcalinas e, em
com óleo seguida, deve ser aplicado um
13 a 16 (ASTM F 1137, 1993) Para elementos de fixação com tratamento suplementar lubrificante. O estearato de
com resinas epóxi rica em zinco sódio (sabão) é muito empre-
gado para lubrificação, mas,

porém, da mesma ordem de TAB. 3 - VALORES DE MASSA POR UNIDADE DE ÁREA PARA CAMADAS FOSFATIZADAS
grandeza. Por esta razão, neste À BASE DE FOSFATO DE ZINCO E DE CÁLCIO (ISO 9717, 1990; BS EN 12476, 2000)
trabalho optou-se por apresentar
faixas indicadas por normas, que Massa por unidade
Aplicação
acabam sendo os valores mais de área (g/m2)
adotados na prática. >5 Com óleos, graxas ou ceras para proteção contra corrosão durante
As Tabelas de 1 a 4 apresen- armazenamento e transporte
tam, por tipo de fosfato, a faixa 1 a 10 de preferência 1 a 4 Como base para tintas ou vernizes
de massa de camada por unidade
de área para as diferentes aplica-
ções. Em relação a elas, convém TAB. 4 - VALORES DE MASSA POR UNIDADE DE ÁREA PARA CAMADAS FOSFATIZADAS
citar ainda que: À BASE DE FOSFATO DE MANGANÊS (ISO 9717, 1990; BS 7371, 1996)
• as camadas de fosfatos desti-
nadas à proteção contra cor- Massa por unidade
Aplicação
rosão com ou sem aplicação de área (g/m2)
de óleos, graxas e ceras, são > 5 de preferência > 10 Sem proteção suplementar, para proteção contra corrosão entre
geralmente submetidas, após operações de fabricação em ambientes secos por períodos inferiores
a fosfatização, a uma lavagem a 7 dias
em uma solução contendo > 5 de preferência > 10 Com óleos, graxas ou ceras para proteção contra corrosão durante
ácido crômico2 ou outros armazenamento e transporte
compostos selantes; 3a5 Revestimentos constituídos principalmente de fosfato de
• as camadas fosfatizadas utili- manganês, obtidos a partir de banhos sem íons de ferro.
zadas como base para tintas e Para componentes com pouca folga, como pistão de compressor
vernizes também são subme- de refrigeradores
tidas a uma lavagem conten- 5 a 20 Revestimentos constituídos de fosfato de ferro e manganês ,
do ácido crômico2 ou outros obtidos a partir de banhos com íons de ferro.
compostos para aumentar a Para componentes com folga, como engrenagens
resistência à corrosão. Porém, >8 Para elementos de fixação
neste caso, após este estágio

28 C & P • Setembro/Outubro • 2006


emprega-se também o bórax, A próxima edição abordará, to, portanto estas duas denominações
a cal ou o metassilicato de com maiores detalhes, a forma- serão utilizadas indistintamente neste
sódio; ção dos fosfatos sobre superfícies trabalho. Deve-se citar que a massa de
• camadas fosfatizadas à base ferrosas com as reações e equilí- fosfato por unidade de área é a mais uti-
de fosfato de manganês são as brios químicos envolvidos no lizada na prática, com a denominação
mais indicadas para superfí- processo de fosfatização. massa de fosfato.
cies deslizantes, nas quais se
deseja resistência ao desgaste Referências Bibliográficas 2
O emprego deste processo está sendo
e à abrasão. Estas camadas BS - British Standards. 1996. BS 7371: desestimulado devido à toxicidade do
são utilizadas com lubrifican- part 9 - coatings on metal fasteners íon Cr6+.
tes adequados; – specification for phosphate or
• camadas fosfatizadas à base phosphate and oil coatings. 4p. Zehbour Panossian
de fosfato de zinco ou a base BS - British Standards. 2000. BS EN Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
de fosfato de manganês são 12476: phosphate conversion coa- – IPT. Laboratório de Corrosão e Proteção –
mais adequadas para elemen- tings of metals. Method of specify- LCP. Doutora em Ciências (Fisico-Química)
tos de fixação, devendo ser ing requirements. 15 p. pela USP. Responsável pelo LCP.
utilizadas oleadas. ISO – International Organization for Célia A. L. dos Santos
Standardization. 1990. ISO 9717: Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
Analisando-se a necessidade phosphate conversion coatings for – IPT. Laboratório de Corrosão e Proteção –
do emprego das camadas fosfati- metals, method of specifying requi- LCP. Doutora em Química (Fisico-Química)
zadas, o tipo de camada e a sua rements. 15 p. • pela USP. Pesquisadora do LCP.
espessura (massa por unidade de
área), pode-se fazer a seleção ade- 1
Convém esclarecer que a massa de Contato com as autoras:
quada do fosfato a ser utilizado fosfato por unidade de área é uma zep@ipt.br / clsantos@ipt.br
para o uso especificado. medida da espessura da camada de fosfa- fax: (11) 3767-4036

LATINCORR 2006
Empresas participantes do LATINCORR 2006, Congresso Latino-Americano de Corrosão
e Exposição Empresarial de Corrosão e Proteção, realizado em Fortaleza, de 21 a 26 de maio.

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C & P • Setembro/Outubro • 2006 29


Artigo Técnico

Fosfatização de Metais Ferrosos


Parte 4 - A formação
dos fosfatos
As autoras abordam alguns aspectos sobre o ácido fosfórico
e a formação de fosfatos metálicos

ARA ENTENDER OS MECA- Para o processo de fosfatiza- Pelas constantes de dissocia-


nismos de fosfatização, é ção, o grau de pureza do ácido ção, pode-se verificar que o pri-
de suma importância co- fosfórico tem uma grande im- meiro hidrogênio é fortemente
nhecer as propriedades do ácido portância, especialmente no que dissociável (alto valor de K); o
fosfórico e dos sais de fosfatos. se refere às contaminações com segundo hidrogênio é fracamen-
Por Zehbour O ácido fosfórico, mais pre- compostos de alumínio e de arsê- te dissociável (valor intermediá-
Panossian cisamente, o ácido ortofosfórico, nio, que são considerados vene- rio de K) e o terceiro hidrogênio
é um poliácido (ácido polipróti- nos em soluções fosfatizantes. é dificilmente dissociável (baixo
co), mais especificamente um triá- Conforme já citado, o ácido valor de K). Cada um destes
cido (triprótico), ou seja, possui fosfórico é um ácido triprótico, hidrogênios pode ser substituído
mais de um hidrogênio dissociá- visto que possui três hidrogênios por íons metálicos dando origem
vel. O ácido fosfórico tem a se- dissociáveis. As constantes de dis- a diferentes sais metálicos, a
guinte fórmula molecular: H3PO4 sociação de cada um destes hi- saber:
Por Célia A. L. (Shriver and Atkins, 2003, p.170). drogênios são as seguintes (Ma- • fosfatos primários ou diáci-
dos Santos A massa molar do ácido fos- chu, 1955, p.7 ; Lorin 1974, p.15): dos: quando apenas um
fórico é de 98 g. Quando con- hidrogênio é substi-
centrado, o ácido fosfórico é um • Primeiro hidrogênio: tuído, tais como,
líquido viscoso, no entanto, é ge- H PO 4
+
H + H PO
2
-3
K = 7,5.10 (a 25ºC)
4-
Na(H2PO4) - fosfa-
3
ralmente comercializado na for- • Segundo hidrogênio: to monossódico,
ma diluída. A Tabela 1 apresenta H PO4-
+
H + HPO -8
K = 6,2.10 (a 25ºC)
4--
ou, diidrogeno fos-
2
as características do ácido fosfó- • Terceiro hidrogênio: fato de sódio, ou,
rico para concentrações variando HPO 4--
+
H + PO -13
K = 4,8.10 (a 25ºC)
4---
fosfato de sódio diá-
entre 1% e 60 %. cido; Zn(H2PO4)2 -
diidrogeno fosfato
TAB. 1 - CARACTERÍSTICAS DO ÁCIDO FOSFÓRICO: CONCENTRAÇÕES VARIANDO de zinco ou fosfato de zinco
ENTRE 1% E 60% (MACHU, 1955, P.3) diácido; Fe(H2PO4)2 - diidro-
geno fosfato de ferro II (ou
H3PO4 Massa de 1 litro (g) Concentração ferroso), ou, fosfato de ferro
(%) 10ºC 20ºC g/L Mol/L II diácido, ou, fosfato ferroso
1 1 005,4 1 003,8 10,308 0,1024 diácido;
2 1 010,9 1.009,2 20,184 0,2059 • fosfatos secundários ou
4 1 021,9 1 020,0 40,800 0,4162 monoácidos: quando dois
6 1 033,0 1 030,9 61,854 0,6309 hidrogênios são substituídos,
8 1 044,2 1 042,0 83,360 0,8503 tais como, Na2(HPO4) - fos-
10 1 055,7 1 053,2 105,320 1,0743 fato dissódico, ou, fosfato
12 1 067,3 1 064,7 127,764 1,3032 monoidrogeno de sódio, ou,
14 1 079,2 1 076,4 150,696 1,5371 fosfato de sódio monoácido;
16 1 091,4 1 088,3 174,144 1,7763 Zn(HPO4) - fosfato monoi-
18 1 103,9 1 100,8 198,014 2,0197 drogeno de zinco, ou, fosfato
20 1 116,7 1 113,4 222,680 2,2713 de zinco monoácido;
30 1 184,6 1 180,5 354,150 3,6123 Fe(HPO4) - fosfato monoi-
40 1 259,0 1 244,0 501,600 5,1163 drogeno de ferro II (ou ferro-
50 1 341,0 1 335,0 667,500 6,8094 so), ou, fosfato de ferro II
60 1 432,0 1 426,0 855,600 8,7271 monoácido, ou, fosfato ferro-
so monoácido;

32 C & P • Novembro/Dezembro • 2006


• fosfato terciário ou fosfato cidos, são fracamente solúveis, Referências
neutro: quando três hidrogê- com exceção do fosfato monoá- Bibliográficas
nios são substituídos, tais cido de zinco que é solúvel. FREEMAN, D. B. Phospating and
como, Na3PO4 - fosfato tris- Finalmente, os fosfatos terciá- metal pre-treatment. 1a ed. New
sódico, ou, fosfato de sódio rios dos mesmos íons metálicos York : Industrial Press, p. 10,
neutro; Zn3(PO4)2 - fosfato bivalentes são fortemente inso- 1986.
de zinco neutro; Fe3(PO4)2 - lúveis. Quando se tem em solu- LORIN, G. Phosphating of metals.
fosfato de ferro II neutro, ção um fosfato metálico biva- Great-Britain: Finishing
ou, fosfato ferroso neutro; lente solúvel, portanto, fosfato Publications. p. 15, 1974.
FePO4 - fosfato de ferro III diácido, um aumento da dilui- MACHU, W. La fosfatizzazione dei
neutro, ou, fosfato férrico ção, da temperatura, ou, do pH metalli – fonda menti scientifici e
neutro. determinam a transformação tecnica applicata. Milano : Editore
dos fosfatos primários em se- Urlico, p.3, 1955.
Nos banhos de fosfatização à cundários e/ou terciários e a MACHU, W. La fosfatizzazione dei
base de fosfato de zinco, o único transformação dos fosfatos se- metalli – fonda menti scientifici e
fosfato de ferro III que existe é o cundários em terciários. tecnica applicata. Milano : Editore
fosfato férrico neu- Urlico, p.7, 1955.
tro que é altamente Me(H PO )
2 ➠ 4 2 MeHPO ➠ 4 Me (PO ) 3 4 2
SHRIVER, D. F.; ATKINS, P. W.
insolúvel. Assim, fosfato fosfato fosfato Química Inorgânica. 3a ed. São
nos banhos de fos- diácido monoácido neutro Paulo, Bookman, p. 170, 2003.
fatização, procura- As reações deslocam-se para à direita
se transformar os com a diluição, com o aumento do pH e
com o aumento da temperatura.
íons de ferro II pre- 1
Estas reações são chamadas de reação
sentes em solução de dissociação ou de hidrólise dos fos-
em íons de ferro III, fatos de metais bivalentes (Freeman,
para que ocorra a precipitação Em outras palavras, um au- 1986, p.10).
na forma de lama. Deste modo, mento do pH, da diluição, ou, 2
Exceção do fosfato monoácido de
evita-se que o banho fique enri- da temperatura, determina a zinco que é solúvel. •
quecido de íons de ferro II (fer- precipitação de compostos,
rosos). pois, fosfatos diácidos solúveis
A necessidade de diminuir o vão se transformando em fosfa-
teor de íons ferrosos no banho tos monoácidos e neutros, atra-
de fosfatização é devido ao fato vés das seguintes reações1:
destes íons interferi-
rem nos processos de Me(H PO ) 2 4 2
MeHPO + H PO 4 3 4

fosfatização e na (solúvel)
qualidade da cama- 3MeHPO 4 Me (PO ) + H PO
3 4 2 3 4
da obtida. Teores 2
(fracamente solúvel ) (insolúvel)
baixos de íons fer- 3Me(H PO ) Me (PO ) + 4H PO
2 4 2 3 4 2 3 4
rosos favorecem a (solúvel) (insolúvel)
formação das cama-
das fosfatizadas. No
entanto, com o aumento do Este comportamento, solu- Zehbour Panossian
teor destes íons, a resistência à bilidade diferenciada dos fos- Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
corrosão da camada fosfatizada fatos diácidos, monoácidos e – IPT. Laboratório de Corrosão e Proteção –
é afetada. neutros, foi explorado para o LCP. Doutora em Ciências (Fisico-Química)
Todos os fosfatos de metais desenvolvimento dos processos pela USP. Responsável pelo LCP.
alcalinos (primários, secundários de fosfatização. Célia A. L. dos Santos
e neutros) e os fosfatos de me- Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
tais bivalentes primários (diáci- Os mecanismos de fosfatiza- – IPT. Laboratório de Corrosão e Proteção –
dos), tais como os fosfatos de ção, de acordo com os tipos de LCP. Doutora em Química (Fisico-Química)
ferro II, zinco, manganês, cád- banhos, serão apresentados na pela USP. Pesquisadora do LCP.
mio, cálcio, magnésio e níquel, próxima edição.
são muito solúveis em água. Contato com as autoras:
Os mesmos fosfatos de me- zep@ipt.br / clsantos@ipt.br
tais bivalentes, porém, monoá- fax: (11) 3767-4036

C & P • Novembro/Dezembro • 2006 33


Artigo Técnico

Fosfatização de Metais Ferrosos


Parte 5 - Mecanismos de Fosfatização
Camadas de conversão e pseudo-conversão

ecanismos de comercialmente) e as camadas ob- zada), agentes tensoativos


Fosfatização tidas a partir de banhos conten- (para auxiliar na limpeza da
do fosfato diácido de um metal superfície do substrato) e
Revestimentos de conversão alcalino ou de amônio. agentes complexantes (para
e revestimentos de pseudo- Já o revestimento de pseudo- complexar as impurezas).
Por Zehbour conversão conversão é formado não somen-
Panossian Alguns autores (BIESTEK & te pelos produtos de um processo Na prática não se usa o ácido
WEBER, 1976, p.1) diferenciam corrosivo controlado e acelerado, fosfórico diluído, pois o tempo
os revestimentos obtidos a partir mas, também, por produtos da de formação da camada fosfati-
de banhos contendo fosfatos de precipitação de compostos pre- zada é muito elevado.
metais alcalinos ou de amônio sentes no meio. No caso de fosfa-
daqueles obtidos a partir de ba- tização, o processo de corrosão Mecanismo de fosfatização
nhos contendo fosfatos diácidos modifica as características do ele- em solução diluída de ácido
Por Célia A. L. de metais bivalentes, pois afir- trólito junto à interface, o que fosfórico
dos Santos mam que o mecanismo de fosfa- determina a transformação dos Quando se mergulha uma
tização é diferente para cada ca- fosfatos de metais bivalentes diá- peça de aço em uma solução de
so. Para o primeiro tipo, estes cidos solúveis presentes no ácido fosfórico, ocorre um ata-
autores denominam de cama- banho em fosfatos neutros inso- que ao ferro com formação da
das de conversão e para o se- lúveis. Segundo BIESTEK & WE- camada fosfatizada. Isto ocorre
gundo de camadas de pseudo- BER (1976), na formação de um em dois estágios. O primeiro
conversão. revestimento de pseudo-conver- estágio é o seguinte:
Para entender esta diferencia- são, um processo secundário faz +
2H + 2e ➠ H2

A
ção é conveniente recordar a parte integrante do processo. Fe ➠ Fe++ + 2e
definição para os revestimentos Classificam-se dentro deste con-
de conversão: é a “conversão” de ceito as camadas obtidas a partir O início do ataque ao metal
um metal em um óxido, hidróxido de banhos contendo ácido fosfó- ocorre preferencialmente nos
ou sal do metal através de reações rico e um fosfato diácido de um contornos de grão (FREEMAN,
eletroquímicas que podem ocorrer, metal bivalente. 1988, p.12). Neste estágio, con-
tanto devido à imposição de cor- forme pode ser observado pelas
rente, como devido ao ataque ao Mecanismo de Fosfatização reações, o ácido fosfórico com-
metal por um oxidante presente na para os Revestimentos de porta-se como o ácido clorídrico
solução. Conversão ou sulfúrico, ou seja, tem ação
Para o caso específico da fos- puramente corrosiva.
fatização, trata-se da conversão Composição básica dos
do metal em um fosfato insolú- banhos de fosfatização A Figura 1 mostra esquema-
vel do íon metálico. Em outras As camadas fosfatizadas clas- ticamente o primeiro estágio do
palavras, o revestimento de con- sificadas dentro de “revestimen- processo de fosfatização.
versão pode ser interpretado co- tos de conversão” podem ser
mo sendo um produto formado obtidas a partir de banhos com a
a partir de um processo de corro- seguinte composição: A +
2H + 2e ➠ H2
A

Catodo
são acelerada e controlada, em • solução diluída de ácido fos- e íons em
movimento
que os produtos de corrosão são fórico; Anodo
++
Fe ➠ Fe + 2e @
sólidos e aderentes ao metal que • solução diluída de um fosfato
está corroendo. Para o caso da diácido de metal alcalino ou
fosfatização, classificam-se, den- de amônio contendo aditivos Fig. 1 - Representação esquemática
tro deste conceito, as camadas que podem ser aceleradores simplificada do primeiro estágio de
obtidas em uma solução diluída (para acelerar as reações de um processo de fosfatização: ataque
de ácido fosfórico (não-utilizada formação da camada fosfati- ao metal pelo ácido.

24 C & P • Janeiro/Fevereiro • 2007


Na superfície do metal apare- tos de ferro ocorre nas regiões mente. É necessário diminuir o
cem milhares de anodos e cato- catódicas (BIESTEK & WEBER, tempo de formação da camada
dos microscópicos, semelhantes 1976). Alguns autores acham fosfatizada.
ao apresentado na Figura 1, alea- que a formação de fosfato de fer-
toriamente distribuídos. Assim ro pode também ocorrer nas Mecanismo de fosfatização
sendo, o ataque ao metal ocorre regiões anódicas quando o teor em solução diluída de fosfato
de maneira generalizada em toda de ferro ultrapassar o valor míni- diácido de metal alcalino ou
a superfície metálica exposta ao mo necessário para a precipita- de amônio
ácido. ção dos fosfatos. Como os fosfatos primários,
À medida que vai se forman- É conveniente notar que o secundários e neutros de metais
do o gás hidrogênio, o pH na in- mecanismo apresentado mostra alcalinos e de amônio são solú-
terface metal/banho aumenta que a camada fosfatizada é for- veis e não hidrolizam com as
gradativamente. Com este au- mada com o produto da corro- variações de pH, temperatura e
mento, ocorre o segundo estágio são do aço pelo ácido fosfórico e, diluição, os banhos formulados
do processo da fosfatização, que portanto, segundo a classificação com estes fosfatos não necessi-
é a formação do fosfato diácido de BIESTEK & WEBER (1976, p.1), tam de adições de excesso de
de ferro, que se transforma em seria um “revestimento de con- ácido livre e podem operar com
fosfato monoácido e finalmente versão”. valores de pH mais elevados
em fosfato neutro. Como o fos- A camada fosfatizada assim (pH até 6, em geral 4 a 5,5).
fato neutro é insolúvel, precipita- formada é fina e muitas vezes
se na superfície do metal for- não é visível a olho desarmado. Segundo MACHU (apud BIES-
mando a camada fosfatizada. No entanto, percebe-se a sua TEK & WEBER, 1976, p.213;
Esta seqüência ocorre de acordo presença quando se aplica sobre apud FREEMAN, 1988, p.28;
com as seguintes reações (BIES- a peça tratada em ácido fosfórico apud RAUSCH, 1990, p.121) as
TEK & WEBER, 1976): uma camada de óleo ou graxa: o reações responsáveis pela forma-
tempo de proteção conferida ao ção da camada fosfatizada ocor-
Fe(H2PO4)2 ➠ FeHPO4 + H3PO4 aço pelo óleo ou graxa é bem rem em três estágios, a saber:
(pouco solúvel)
(solúvel)
maior do que o tempo de prote-
3FeHPO4 ➠ Fe3(PO4)2 + H3PO4 ção conferida pelo óleo ou graxa Primeiro Estágio:
(pouco
solúvel)
(insolúvel)
aplicados sobre o aço sem trata- Ataque ao aço pelo fosfato
ou mento. diácido
3Fe(H2PO4)2 ➠ Fe3(PO4)2 + 4H3PO4 O tempo necessário para a
Fe + 4NaH2PO4 ➠ Fe(H2PO4)2 + 2Na2HPO4 + H2

A
(solúvel) (insolúvel) formação da camada de fosfati-
zação pelo mecanismo acima
ou esquematicamente: descrito é muito longo: o tempo Segundo Estágio:
Oxidação do fosfato ferroso em
Consumo Mais consumo Mais consumo
fosfato férrico e hidróxido férrico
+ + +
de H de H de H
2Fe(H2PO4)2 + 2Na2HPO4 + 0,5O2 ➠ 2FePO4 + 2NaH2PO4 + H2O

Fe Fe(H2PO4)2 FeHPO4 Fe3(PO4)2 2Fe(H2PO4)2 + 4Na2HPO4 + 0,5O2 + 5H2O ➠ 2Fe(OH)3 + 8NaH2PO4

+ +
Terceiro Estágio:
Ocorre ataque Diminui a concentração de H , Diminui a concentração de H ,
Decomposição do hidróxido
ao metal com aumenta o pH na interface, o aumenta o pH na interface, o
férrico em óxido férrico
formação de fosfato diácido "solta" mais fosfato monoácido "solta" mais
++ + +
íons Fe H para regenerar o ácido H para regenerar o ácido 2Fe(OH)3 ➠ Fe2O3 + 3H2O

Estudos mais recentes mos-


Cabe notar que, pelo meca- necessário para o aumento de traram que a camada fosfatizada
nismo apresentado, tem-se na pH na interface e para se ter a formada a partir de banhos con-
primeira reação um consumo de quantidade necessária de íons de tendo fosfato de metais alcalinos
ácido e em seguida uma regene- ferro necessários para a formação ou de amônio é formada de vi-
ração do ácido. A reação de cor- dos fosfatos é muito longo. As- vianita (Fe3(PO4)2.8H2O) e mag-
rosão do metal ocorre nas regiões sim, um processo de fosfatização netita (Fe3O4), fato que não po-
anódicas e a reação de formação utilizando-se somente o ácido de ser explicado pelo mecanismo
de gás e a de formação de fosfa- fosfórico não é viável comercial- apresentado. Assim, foi proposto

C & P • Janeiro/Fevereiro • 2007 25


um outro mecanismo para expli- Referências
car a formação destes dois com- Bibliográficas
postos, a saber (RODZEWICH, BIESTEK, T.; WEBER, J. 1976.
1974; HAMILTON, 1979): Electrolytic and chemical conversion
coatings. 1st ed. Wydawnic-
12Fe + 8NaH2PO4 + 10H2O + 3O2 ➠ 2Fe3(PO4)2.8H2O + 2Fe3O4 + 4Na2HPO4 twa: Porteceilles. 432p.
FREEMAN, D. B. Phospating and
É conveniente notar, que o metal pre-treatment. 1a ed. New Zehbour Panossian
mecanismo apresentado mostra York : Industrial Press, p. 10, 1986. Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
que a camada fosfatizada é for- HAMILTON, A. J. 1979. Iron – IPT. Laboratório de Corrosão e Proteção –
mada com o produto da corro- phosphate spray systems. LCP. Doutora em Ciências (Fisico-Química)
são do aço pelo fosfato diácido e, Plating and Surface Finishing. pela USP. Responsável pelo LCP.
portanto, segundo a classificação v.66, n.8, Célia A. L. dos Santos
de BIESTEK & WEBER (1976, p.1) p. 28-34, Aug. Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
refere-se a um “revestimento de RAUSCH, Werner, 1990. – IPT. Laboratório de Corrosão e Proteção –
conversão”. The phosphating of metals. 1st.ed. LCP. Doutora em Química (Fisico-Química)
Great Britain : Redwood Press, pela USP. Pesquisadora do LCP.
Na próxima edição serão abor- 416p.
dados os conceitos envolvidos nos RODZEWICH, E. A. 1974. Contato com as autoras:
mecanismos dos revestimentos clas- Theory and practice of phosphating zep@ipt.br / clsantos@ipt.br
sificados como “pseudo-conversão”. American Electroplater’s Society, 28p. fax: (11) 3767-4036

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26 C & P • Janeiro/Fevereiro • 2007


Artigo Técnico

Fosfatização de Metais Ferrosos


Parte 6 - Mecanismos de Fosfatização
Características dos revestimentos de pseudo-conversão

ecanismos de fato diácido de zinco e/ou man- co bivalente, por exemplo,


Fosfatização ganês e/ou cálcio. Neste caso, Fe2+, Zn2+, Mn2+, Ca2+ ou Ni2+,
formam-se fosfatos duplos de sendo o mais largamente uti-
Revestimentos de pseudo- zinco e ferro ou de manganês e lizado o fosfato diácido de
conversão ferro ou fosfato de zinco neutro e zinco, (lembrar que estes fos-
Por Zehbour fosfato de manganês neutro, fatos são solúveis). A sua fun-
Panossian Composição básica dos sendo todos eles resistentes à oxi- ção é a redução do tempo de
banhos de fosfatização dação pelo ar. Com a adição dos formação da camada fosfati-
Conforme visto anterior- fosfatos diácidos de metais biva- zada;
mente, o tempo para formação lentes, os revestimentos passam a • aceleradores ou oxidantes
de camadas fosfatizadas a partir ser classificados como revesti- (por exemplo: nitratos, clora-
de uma solução de ácido fosfóri- mentos de pseudo-conversão. Os tos, nitritos, peróxido, ou,
co diluído é muito elevado, ra- banhos de fosfatização ditos de um oxidante orgânico), cuja
Por Célia A. L. zão pela qual esta prática não é pseudo-conversão são soluções função é acelerar as reações
dos Santos adotada comercialmente. Uma ácidas diluídas, sendo os seus responsáveis pela formação
diminuição sensível do tempo componentes presentes nas con- da camada fosfatizada e oxi-
necessário para a formação de ca- centrações da ordem de algumas dar os íons ferrosos prove-
madas fosfatizadas é conseguida dezenas de gramas por litro nientes do ataque do aço (no
quando se adiciona à solução de (LORIN, 1974, P.4). O uso de caso de se fosfatizar um metal
ácido fosfórico um fosfato de soluções diluídas não é funda- ferroso). Com a oxidação, for-
ferro primário, o fosfato diácido mentado por questões econômi- mam-se íons férricos que dão
ferroso (que é solúvel). Com esta cas, mas sim, para facilitar a dis- origem ao fosfato férrico neu-
adição, decorrido um tempo sociação das substâncias presen- tro que, sendo este insolúvel,
relativamente curto, já se nota tes na solução. Os principais decanta constituindo a gran-
sobre a peça de aço a formação componentes de um banho de de parte da lama gerada pelo
de uma camada fosfatizada. fosfatização são: processo de fosfatização.
Apesar de ser visível, a camada • ácido fosfórico livre cuja fun-
fosfatizada assim obtida apresen- ção é manter os fosfatos No próximo item, a função
ta baixo desempenho quando metálicos na forma de diáci- de cada um destes componentes
comparada ao desempenho das dos, que são os fosfatos solú- será discutida detalhadamente,
camadas fosfatizadas produzidas veis. Na ausência do ácido li- sendo abordado o mecanismo de
atualmente. Isto é atribuído ao vre, o fosfato diácido presen- formação das camadas fosfatiza-
fato da camada de fosfato ferro- te na solução transforma-se das. Para tanto, será considerado
so, em contato com o ar, trans- em fosfato monoácido e/ou o sistema de fosfatização mais
formar-se em fosfato férrico, o neutro somente pela ação da utilizado que é uma solução
que é acompanhado com modi- temperatura (em banhos de diluída de ácido fosfórico e fosfa-
ficações do parâmetro reticular, fosfatização adotam-se tem- to diácido de zinco.
fato que determina a diminuição peraturas elevadas para acele-
do poder de ancoramento e por- rar o processo de formação da Mecanismo de fosfatização
tanto do poder protetivo de camada fosfatizada). Além em solução diluída de ácido
camadas fosfatizadas oleadas ou disso, o ácido fosfórico livre fosfórico contendo fosfato
engraxadas. Mesmo assim, as tem a função de determinar o diácido de zinco
camadas de fosfato ferroso olea- ataque inicial do metal sobre Quando se mergulha uma
das apresentam melhor desem- o qual será formada a camada peça de aço em uma solução de
penho do que o aço oleado (sem de fosfatização; ácido fosfórico contendo fosfato
fosfatização). Melhores resulta- • fosfato diácido solúvel de fór- diácido de zinco, ocorre um ata-
dos são obtidos quando se adi- mula molecular geral Me (H2PO4)2 que do ferro pela ação do ácido
ciona ao ácido fosfórico um fos- onde Me é um cátion metáli- fosfórico, a saber:

22 C & P • Março/Abril • 2007


2H+ + 2e ➠ H2 128). A reação responsável principalmente de ferro III, tais

A
2+
Fe ➠ Fe + 2e pela precipitação do fosfato como [(Fe(PO4)2]3- e [Fe(PO4)3]6-
neutro seria: (LORIN, 1974, P.15). Isto ocorre
2+
Neste estágio, denominado devido à oxidação do Fe para
3+
Primeiro Estágio, conforme po- 3Zn(H2PO4)2 ➠ Zn3(PO4)2 + 4H3PO4 Fe , pela ação do oxigênio dis-
de ser observado pelas reações, o solvido na solução fosfatizante
ácido fosfórico comporta-se co- • uma outra teoria afirma que ou pela ação de algum oxidante
mo o ácido clorídrico ou sulfúri- a nucleação ocorre nas regi- propositadamente adicionado.
co, ou seja, tem ação puramente ões anódicas, devido ao enri- De uma maneira simplifica-
corrosiva. A reação de corrosão quecimento desta região com da, pode-se dizer que a formação
do metal ocorre nas regiões anó- íons ferrosos, o que determi- da camada fosfatizada ocorre da
dicas, o que determina o enrique- na a precipitação do fosfato seguinte maneira:
cimento desta região com íons de de ferro neutro. Segundo es- • formação do fosfato de zinco
Fe2+. A reação de redução do íon ta teoria, sobre o fosfato de fer- neutro devido ao aumento do
hidrogênio, e, portanto, a de for- ro começa a se formar a ca- pH, de acordo com a reação:
mação do gás hidrogênio, ocorre mada do fosfato de zinco. Es-
nas regiões catódicas, o que deter- ta teoria é corroborada pelo fa- 3Zn(H2PO4)
2
➠ Zn3(PO4)2 + 4H3PO4
mina o aumento do pH da solu- to de se encontrar sempre com-
ção nestas regiões. Este conceito é postos de ferro na interface • formação do fosfato duplo de
amplamente aceito pela maioria camada fosfatizada/substrato zinco e de ferro devido ao
dos pesquisadores que estuda os quando estas são analisadas; aumento de íons ferrosos, de
mecanismos de fosfatização. • outros autores acreditam ain- acordo com a seguinte reação:
da que há formação de fosfa-
Já para o Segundo Estágio to duplo de ferro e de zinco Fe
2+
+ 2ZnHPO4 ➠ FeZn2 (PO4)2 + 2H
+

do processo de fosfatização, que é amorfo nos microanodos (de-


o início da formação da camada vido ao enriquecimento desta Convém citar que o equilí-
fosfatizada, existem vários meca- região com os íons ferrosos) e brio estabelecido no seio do ba-
nismos propostos, a saber (LORIN, a formação de fosfato de zin- nho, que mantém os fosfatos
1974, P.42-49): co neutro cristalino nos mi- primários solúveis, praticamen-
• nas regiões catódicas, devido crocatodos (devido à elevação te não é influenciado pelas rea-
à elevação local do pH, ocor- do pH desta região). As rea- ções acima citadas, visto que tais
re a formação dos primeiros ções responsáveis seriam: reações ocorrem na interface
núcleos da camada fosfatiza- metal/banho.
da, com precipitação do fos- Microcatodos
fato de zinco neutro. Alguns 3Zn(H2PO4)2 ➠ Zn3(PO4)2 + 4H3PO4 A seguir, será visto como as
Cristalino
estudos mostraram que é ne- constantes de equilíbrio das rea-
cessário elevar o pH até valo- Microanodos ções envolvidas influenciam na
Fe2+ + 2ZnHPO4 ➠ FeZn2 (PO4)2 + 2H+
res compreendidos entre 4 e Amorfo velocidade das reações do pro-
5 para o início da precipita- cesso de fosfatização.
ção do fosfato insolúvel, ou- • a outra teoria afirma que há
tros indicam valores entre 5 e primeiro a formação de uma Constantes de equilíbrio e
6. Alguns autores contestam fina camada de compostos fatores que influenciam na
este mecanismo, alegando (óxidos e fosfatos) de ferro II velocidade das reações de
que nas condições operacio- e de ferro III e sobre esta fina fosfatização
nais dos banhos de fosfatiza- camada ocorre a nucleação e Durante a fosfatização ocor-
ção, principalmente os apli- crescimento da camada fosfa- rem vários tipos de reações, de
cados por aspersão, dificil- tizada. Esta teoria também é acordo com o item anterior. Para
mente chegar-se-ia a valores corroborada pelo fato ante- falar a respeito das constantes de
de pH tão elevados. Já outros riormente citado, que entre a equilíbrio, considere-se nova-
autores afirmam que os ba- camada fosfatizada e o subs- mente um banho de fosfatização
nhos de fosfatização são for- trato são detectados, por aná- contendo ácido fosfórico diluído
mulados de tal maneira que lise, compostos de ferro. e fosfato diácido de zinco. Quan-
uma pequena elevação de pH Alguns autores acreditam, do se mergulha uma peça de aço
já seria suficiente para a pre- ainda, que além dos fosfatos du- neste banho, as seguintes reações
cipitação do fosfato neutro plos e neutros, a camada fosfati- podem ocorrer na interface
(BIESTEK & WEBER, 1976, P. zada pode conter íons complexos metal/banho:

C & P • Março/Abril • 2007 23


+
• num banho contendo fosfato

A
2H + 2e H2 [ Zn(H2PO4)2 ] = acidez total – acidez livre
Fe Fe
2+
+ 2e
de zinco, a quantidade de
2+ + ácido fosfórico livre é maior
Zn(H2PO4)2 + Fe FeHPO4 + ZnHPO4 + 2H
2+ +
do que a de um banho de Posto isto, a relação anterior-
Zn(H2PO4)2 + Fe FeZn(HPO4)2 + 2H fosfato de manganês ou fos- mente citada pode ser escrita da
Zn(H2PO4)2 ZnHPO4 + H3PO4 fato de ferro, e portanto, o seguinte maneira:
3ZnHPO4 Zn3(PO4)2 + H3PO4 pH dos banhos de fosfato de
3Zn(H2PO4)2 Zn3(PO4)2 + 4H3PO4 zinco é menor do que o pH [ Zn3(PO4)2 ] = K
acidez total – acidez livre
de banhos de fosfato de man- acidez livre
ganês ou de ferro;
Para efeito de simplificação, • quando se tem um fosfato Nos banhos de fosfatização, a
considere a última reação. Para diácido férrico num banho acidez total é sempre muito
esta, a constante de equilíbrio é de fosfatização, este transfor- maior do que a acidez livre. De
dada por: ma-se rapidamente em fosfa- modo que a equação apresentada
4
to férrico neutro, pois o valor pode ser escrita com aproxima-
K=
[ Zn3(PO4)2 ] . [ H3PO4 ] de K é muito elevado (290). ção da seguinte maneira:
[ Zn (H2PO4)2 ]
3
De fato, nos banhos de fosfa-
tização, adicionam-se subs- [ Zn3(PO4)2 ]  K
acidez total
A constante K varia com a na- tâncias para oxidar os íons fer- acidez livre
2+ 3
tureza do íon metálico do fosfato rosos (Fe ) em férricos (Fe ).
diácido e neutro, da temperatura Com isto forma-se o fosfato A relação apresentada indica,
e do pH do banho. Quanto maior férrico que, sendo insolúvel, de maneira simplificada, a quan-
é o valor de K, maior será a velo- precipita-se e forma a lama. tidade de fosfato formada como
cidade de formação dos fosfatos sendo função da acidez total, aci-
insolúveis constituintes da cama- Os valores de K aumentam dez livre e da constante de equilí-
da fosfatizada. com a temperatura. No caso do brio da reação de formação de
Os valores de K a uma tem- fosfato de zinco, tem-se os se- fosfato de zinco terciário. Por esta
peratura de 98ºC, para diferentes guintes valores: relação, pode-se concluir:
íons metálicos, são os seguintes • quanto maior a relação entre a
(LORIN, 1974 P.34): K = 0,013 para T = 25ºC acidez total e a acidez livre,
K = 0,029 para T = 37ºC maior é a velocidade de for-
3+
íon férrico (Fe ) ➠ K = 290 K = 0,71 para T = 98ºC mação da camada fosfatizada;
2+
íon de zinco (Zn ) ➠ K = 0,71 • a quantidade de fosfato depo-
2+
íon de manganês (Mn ) ➠ K = 0,040 Estes valores ilustram bem o sitada aumenta com o au-
2+
íon ferroso (Fe ) ➠ K = 0,0013 fato de que a velocidade de for- mento da acidez total e dimi-
mação das camadas fosfatizadas nui com o aumento da acidez
aumentam com o aumento da livre. Para o caso da acidez
Pelos valores de K pode-se temperatura. livre, este fato está ilustrado
concluir que: Como o objetivo é a forma- na Figura 1.
• para a mesma concentração e ção da camada fosfatizada, é
temperatura, o fosfato do íon conveniente representar a equa-
metálico com maior valor de ção da constante de equilíbrio Fosfato
insolúvel
K formar-se-á primeiro. As- em termos da concentração de
sim, dentre os quatro íons me- fosfato de zinco neutro, a saber:
tálicos, o fosfato férrico for-
mar-se-á primeiro, seguido, 3
K [ Zn(H2PO4) 2 ]
[ Zn3(PO4)2 ] =
nesta ordem, pelo fosfato de [ H3PO4 ]
4

zinco, fosfato de manganês e


finalmente pelo fosfato de Acidez livre
ferroso; O denominador do segundo
• a velocidade de formação de termo desta equação nada mais é Fig 1 - Massa de camada fosfatizada
uma camada à base de fosfato do que a acidez livre1 de um ba- e massa de ferro dissolvido em função
de zinco é muitas vezes maior nho de fosfatização. Já o nume- da acidez livre durante a fosfatização
de que a de uma camada à rador pode ser escrito em termos de um aço em banho de fosfato de
base de fosfato de manganês da acidez total2 da seguinte zinco acelerado com nitrito, a 60ºC
ou a de fosfato ferroso; maneira: (RAUSCH, 1971)

24 C & P • Março/Abril • 2007


Além disso, a expressão apre- Na próxima edição, serão 1
Acidez livre refere-se a quantidade
sentada mostra claramente que, abordados, mais profundamente, +
de íons H dissociados presentes no
num processo de fosfatização, a os efeitos provocados pela acidez banho fosfatizante.
relação entre a acidez total e a total, acidez livre e pela relação 2
Acidez total refere-se a quantidade
acidez livre é um parâmetro que acidez total/acidez livre, na for- +
íons H dissociados e combinados
pode ser utilizado para o con- mação das camadas de fosfato. - 2-
[H2(PO4 ) e H(PO4 ) ] presentes
trole do banho, o que de fato é no banho fosfatizante.
feito na prática.
Convém lembrar que as REFERÊNCIAS
considerações apresentadas fo- BIBLIOGRÁFICAS
ram formuladas tendo como BIESTEK, T.; WEBER, J. 1976. Zehbour Panossian
base um banho simples conten- Electrolytic and chemical conversion Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
do ácido fosfórico e um fosfato coatings. 1st ed. – IPT. Laboratório de Corrosão e Proteção –
diácido de zinco. Os acelerado- Wydawnictwa: Porteceilles. 432p. LCP. Doutora em Ciências (Fisico-Química)
res adicionados aos banhos de LORIN, G. 1974. Phosphating of pela USP. Responsável pelo LCP.
fosfatização modificam esta metals. Great-Britain: Finishing Célia A. L. dos Santos
situação (BIESTEK & WEBER, Publications. 222p. Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
1976, P.137). A velocidade de RAUSCH, Werner, 1990. The – IPT. Laboratório de Corrosão e Proteção –
formação da camada fosfatizada phosphating of metals. 1st. ed. Great LCP. Doutora em Química (Fisico-Química)
não pode ser analisada, apenas, Britain: Redwood Press, 416p. pela USP. Pesquisadora do LCP.
pela relação apresentada, sendo
fortemente influenciada pelo Contato com as autoras:
tipo e concentração do acelera- zep@ipt.br / clsantos@ipt.br
dor utilizado. • fax: (11) 3767-4036

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Artigo Técnico

Fosfatização de Metais Ferrosos


Parte 7 - Efeitos do pH
Efeitos provocados pelo pH na formação de camadas fosfatizadas

S COMPONENTES FUNDA- dores de camada. Atualmente, NAGH, 1991; SCISLOWSKI, 1991a.).


mentais de um banho de tais substâncias são utilizadas an- O ácido fosfórico livre é defi-
fosfatização do tipo pseu- tes da imersão (ou aspersão) nos nido como sendo todo ácido
do-conversão são ácido fosfórico banhos de fosfatização de zinco não-combinado, ou seja, o pro-
livre, fosfato diácido de um metal ou de manganês (BIBIKOFF, 1985). duto da dissociação completa do
Por Zehbour formador da camada (zinco, man- A composição e a concentra- ácido fosfórico, a saber:
Panossian ganês, cálcio) e aceleradores (ni- ção dos constituintes dos banhos
tratos, cloratos, nitrito, peróxi- de fosfatização determinam a es- +
H3PO4 ➠ 3H + PO4
3-

dos, sais de cobre, níquel, etc). trutura, a cristalização e a espes-


Por exemplo, a grande maio- sura das camadas fosfatizadas. Pela reação acima, pode-se
ria dos banhos de fosfatização a Existe no mercado uma grande verificar que o ácido fosfórico
base de zinco contém ácido fos- variedade de banhos fosfatizantes livre está diretamente relaciona-
fórico, ácido nítrico, fosfato diá- proprietários. As diferenças entre do com a quantidade de cátions
Por Célia A. L. cido de zinco (obtido pela disso- tais banhos são devidas aos dife- hidrogênio presentes na solução,
dos Santos lução de óxido de zinco em ácido rentes aceleradores ou combina- e, portanto, é função direta do
fosfórico), que é um composto ção de aceleradores utilizados. pH do banho. A acidez livre é a
formador da camada de fosfatiza- Em menor escala, os aditivos tam- responsável pelo ataque ao subs-
ção, e nitrato de sódio, que fun- bém são responsáveis por estas trato de aço durante o processo
cionam como aceleradores (SCIS- diferenças (JAMES & FREEMAN, de fosfatização (SCISLOWSKI,
LOWSKI, 1990). 1971). 1991a).
Além dos constituintes fun- No caso dos banhos de con- Inicialmente, a acidez total
damentais, os banhos de fosfati- versão, o principal constituinte é foi definida como a quantidade
zação podem ter outros aditivos, um fosfato diácido de um metal total de íons fosfato presentes no
tais como compostos de cálcio, alcalino ou de amônio. Nestes banho, seja na forma de íons fos-
ácidos orgânicos, boratos, fluore- banhos, o ácido fosfórico só é fato (PO43-), de íons fosfato ácido
2-
tos, etc. Estes aditivos permitem adicionado para ajuste de pH. (HPO4 ) e de íons fosfato diáci-
-
diminuir a temperatura de ope- Neste tipo de banho, também do (H2PO4 ). Esta definição é
ração, podem alterar a estrutura são utilizados aceleradores tais correta para os primeiros banhos
do depósito e/ou podem aumen- como nitratos. de fosfatização que continham
tar o efeito dos aceleradores. apenas o ácido fosfórico e fosfa-
Muitas vezes, detergentes sin- Acidez livre, acidez total, tos metálicos (CAVANAGH e CA-
téticos são adicionados. Agentes relação acidez total/livre e pH VANAGH, 1991). No entanto,
seqüestrantes ou quelantes podem Na prática, a acidez, tanto a atualmente, os banhos de fosfati-
estar presentes nos banhos de fos- livre como a total, é obtida titu- zação contêm outras substâncias,
fatização provenientes do arraste lando-se uma pequena quantida- tais como nitratos e fluoretos,
de desengraxantes ou decapantes de da solução fosfatizante com que contribuem para a acidez to-
ou de substâncias utilizadas para uma solução padronizada de tal quando se determina este pa-
tratamento de águas duras. Ou- hidróxido de sódio. No caso da râmetro através da titulação com
tras contaminações podem estar acidez livre, a titulação é feita até hidróxido de sódio e, portanto,
presentes e estas, mesmo em pe- se atingir pH ao redor de 4. Para para estes banhos, a definição
quenas concentrações, podem tanto, utiliza-se como indicador apresentada não se aplica.
interferir de maneira significativa o alaranjado de metila ou o azul O significado prático da aci-
na formação das camadas fosfati- de bromofenol. No caso da aci- dez livre e total pode ser entendi-
zadas. dez total, a titulação é feita até se da observando-se a Figura 1, que
Existem ainda muitas subs- atingir pH ao redor de 9. Para relaciona o volume (em mL) gas-
tâncias destinadas a refinar a es- tanto, utiliza-se a fenoftaleína co- tos da solução padronizada de
trutura cristalina da camada de mo indicador (BIESTEK & WE- hidróxido de sódio com o pH
fosfato, denominadas de refina- BER, 1976; CAVANAGH e CAVA- (EL-MALAH & ABBAS, 1987).

26 C & P • Maio/Junho • 2007


tração de íons de ferro. Nes-
pH tas condições, haverá a for-
AL – acidez livre
C (mL gastos até o ponto
mação da camada fosfatiza-
9 de viragem do alaranjado
de metila)
da, porém, será de qualidade
inadequada (formar-se-á pre-
AT – acidez total
(mL gastos até o ponto de dominantemente a hopeíta,
viragem da fenolftaleína)
que não é considerada uma
A
4 B
A – primeiro ponto de inflexão.
Ponto em que se inicia a
camada fosfatizada de boa
formação dos primeiros
cristais de fosfato
qualidade);
• se o teor de ácido for alto, po-
AC AT mL de NaOH derá haver penetração de uma
quantidade muito grande de
Fig 1 – Curva de titulação típica de um banho de fosfato hidrogênio no interior do
(EL-MALLAH & ABBAS, 1987) metal que está sendo fosfati-
zado, podendo determinar a
O ponto B da curva (Figura para deslocar a reação de forma- sua danificação por hidrogê-
1) corresponde ao ponto de vira- ção de fosfatos diácidos em fos- nio. Neste caso, mesmo que se
gem do alaranjado de metila e o fatos monoácidos e em fosfatos faça um tratamento térmico
ponto C corresponde ao da neutros. Isto é ilustrado esque- de desidrogenação, não se con-
fenoftaleína. Num processo de maticamente a seguir: segue abaixar muito o teor de
fosfatização, no ponto B não se hidrogênio incorporado;
+ 3-
verifica a formação de cristais de H3PO4 ➠ 3H + PO4 • se o teor de ácido for muito
fosfato, estes só aparecerão no Diminuição da acidez livre significa
diminuição de H
+ alto, o banho funcionará co-
+
ponto A (primeiro ponto de in- Me(H2PO4)2 MeHPO4 + H mo um decapante e dissolve-
+
flexão). Este ponto recebe o MePO4 + 2H rá uma grande quantidade de
nome de PIP (point of incipient +
ferro sem atingir as condi-
Quanto menor a concentração de H (e, portanto,
precipitation). No ponto C, toda quanto menor a acidez) mais a reação se ções necessárias para a preci-
a camada de fosfato já estará for- desloca para a direita no sentido de precipitação pitação dos fosfatos insolú-
dos fosfatos monoácidos e neutros
mada. Assim sendo, conclui-se veis, nem mesmo na interfa-
que a camada se forma entre os ce metal/banho. Nestas con-
pontos A e C. Assim, sem ácido livre é pra- dições, a camada fosfatizada
Pelo gráfico apresentado na ticamente impossível operar os não se formará.
Figura 1, a acidez livre (AL) cor- banhos fosfatizantes. No entan-
responderá ao volume em milili- to, a concentração de ácido livre A Figura 2 ilustra o que foi
tros gastos de NaOH padroniza- deve ser controlada. A seguir, discutido. Nesta Figura é, apre-
do no ponto de viragem do ala- serão apresentados os problemas sentada a massa da camada fos-
ranjado de metila, e a acidez to- que podem surgir quando a aci- fatizada e a quantidade de ferro
tal corresponderá ao volume em dez de um banho de fosfatização dissolvido em função da relação
mililitros gastos de NaOH pa- for muito baixa, baixa, alta e acidez livre/acidez total, durante
dronizado no ponto de viragem muito alta (Scislowski, 1990; a fosfatização do aço em um
da fenoftaleína. Narayanan, 1996): banho de fosfato de zinco acele-
Conforme foi dito anterior- • se o teor de ácido livre for mui- rado com nitrito.
mente, o ácido fosfórico livre to baixo, conforme já mencio- Fica claro na Figura 2 que, pa-
tem a função de manter em solu- nado, os fosfatos insolúveis ra valores baixos de acidez livre,
ção o fosfato diácido. Na ausên- formar-se-ão de maneira ge- a massa da camada fosfatizada é
cia do ácido livre, variações na neralizada quando ocorrer elevada e, para valores elevados
composição e/ou condições de qualquer variação nas condi- de acidez livre, a ação decapante
operação causam a transforma- ções operacionais. Nestas con- do banho é elevada.
ção do fosfato diácido em mo- dições, a camada fosfatizada Assim sendo, pode-se ver
noácido e/ou neutro, que ocorre poderá até não se formar; que é de fundamental importân-
não só na superfície metálica, • se o teor de ácido for baixo, cia manter a acidez livre e total
mas, de uma forma generalizada nos banhos com fosfato diá- dentro dos padrões preestabele-
com precipitação maciça de fos- cido de zinco, o ataque do cidos. Variações da acidez livre e,
fatos insolúveis em todo o ba- metal será pouco, o que sig- portanto, do pH, podem ocor-
nho. Na presença de ácido livre, nifica que na interface metal/ rer durante a operação normal
tais variações não são suficientes banho ter-se-á baixa concen- de um banho de fosfatização. Na

C & P • Maio/Junho • 2007 27


dos durante a adição do hidró-
Ataque 10
pelo ácido e
xido para evitar que no local
9
massa de onde está se adicionando o hi-
Ataque pelo
fosfato
2
8
ácido
dróxido, o pH do banho suba
(g/m ) 7
demais, causando uma precipi-
6 tação de fosfatos insolúveis na
5 forma de lama. Apesar de ser
4 muito comum o uso de hidróxi-
3 Massa de do de sódio, é aconselhável uti-
2 fosfato lizar carbonatos para o acerto de
1 pH. No caso do banho de zin-
0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
co, o uso de carbonato de zinco
Acidez livre
é aconselhável (NARAYANAN,
Acidez total 1996).
Um outro problema pode
Fig 2 – Massa de camada fosfatizada e massa de ferro dissolvida em ocorrer nos banhos a base de
função da acidez livre/total durante a fosfatização de aço em banho de fosfato de zinco: fosfatos neu-
fosfato de zinco acelerado com nitrito, a 60ºC (RAUSCH, 1971) tros poderão se formar de ma-
neira generalizada formando
prática, muitos fatores contri- sódio, que possui caráter al- muita lama e liberando o ácido
buem para alterar a acidez livre calino; livre. Este problema ocorre
de um banho de fosfatização, • um superaquecimento do quando o banho é aquecido
podendo-se citar (GORECKI, 1988; banho causa precipitação do acima da temperatura de opera-
SCISLOWSKI, 1991a): fosfatos secundários (a tem- ção (superaquecimento do ba-
• o tipo de sujeira presente na peratura favorece a reação de nho, fato já mencionado), ou
superfície do aço a ser fosfati- formação de fosfatos insolú- quando se mantém o banho
zado; veis), o que aumenta a acidez aquecido dentro da faixa opera-
• arraste de resíduos das solu- livre (NARAYANAN, 1996). As cional sem utilizar (sem intro-
ções utilizadas no pré-trata- reações responsáveis por isto dução de aço para fosfatizar).
mento; são as seguintes: Assim, para que um banho
• tipo de água utilizada na uni- apresente boas condições opera-
dade de fosfatização. Segun- Fe(H2PO4)2 ➠ FeHPO4 + H3PO4 cionais (formação da camada
do Gorecki (1988), este últi- (solúvel) (pouco solúvel) fosfatizada suficientemente rápi-
mo é um fator de grande 3FeHPO4 ➠ Fe3(PO4)2 + H3PO4 da), a relação do acidez total e a
importância, e que muitas (pouco
solúvel)
(insolúvel) acidez livre deve ser mantida
vezes não é levado em consi- ou constante e em valores preesta-
deração: a natureza da água 3Fe(H2PO4)2 ➠ Fe3(PO4)2 + 4H3PO4 belecidos na formulação do ba-
utilizada no preparo e reforço (solúvel) (insolúvel) nho. Estes valores dependem, en-
dos banhos de fosfatização, tre outros fatores, do processo
principalmente, no que diz Aumento da Temperatura de aplicação (imersão ou asper-
respeito à sua dureza, dificul- são), do cátion do fosfato diáci-
ta a manutenção do pH. Sais do (ferro, zinco ou manganês) e
de cálcio e magnésio presen- Aumento da temperatura da temperatura de operação.
tes na água tendem a aumen- Nos banhos a base de fosfa- Em geral, quando o banho
tar o pH dos banhos de fosfa- to de metais alcalinos ou de a- opera a altas temperaturas, é ne-
tização. Este mesmo autor mônio, normalmente, ocorre cessário manter um teor de
sugere a utilização de agentes diminuição da acidez livre (au- ácido livre elevado, visto que
tamponantes constituídos de mento do pH), o que requer nestas temperaturas a precipita-
ácidos orgânicos para mini- adição freqüente de ácido fosfó- ção dos fosfatos insolúveis é
mizar o efeito adverso da uti- rico. Já nos banhos a base de favorecida. Se a acidez for man-
lização de águas duras e apre- fosfato de zinco, ocorre aumen- tida baixa, a precipitação de fos-
senta os resultados obtidos to da acidez livre (diminuição fatos insolúveis pode ocorrer de
experimentalmente. No en- do pH), o que requer adição fre- maneira generalizada. Quanto
tanto, não cita a natureza dos qüente de hidróxido de sódio menor a temperatura, menor
ácidos utilizados; (SCISLOWSKI, 1991a). Neste sen- será o teor de ácido livre neces-
• adição contínua de nitrito de tido, cuidados devem ser toma- sário para manter os fosfatos

28 C & P • Maio/Junho • 2007


diácidos em solução (NARAYA- so mais simples de fosfatização, Surface Finishing. v.78, n. 10,
NAN, 1996). que é uma solução de ácido fos- p. 40-44, Oct.
fórico utilizado para fosfatizar EL-MALLAH, A.; ABBAS, M. Hassib.
Em termos de pH, tem-se: metais ferrosos, isto pode ser 1987. Effects of pH on phospha-
• os banhos a base de fosfato assim esquematizado: ting. Metal Finishing. v.85, n..4,
de ferro, obtidos a partir de p.45-46. Apr.
banhos contendo fosfato de 3Fe + 6H3PO4 ➠ 3Fe(H2PO4)2 + 3H2 Regeneração GORECKI, George.

A
de ácido livre
metais alcalinos ou de amô- 1988. pH control of
nio, em geral, operam entre Consumo de 3FeHPO4 + 3H3PO4
iron phosphate baths
3,0 e 5,5. Para banhos desti- ácido livre made up in hard
nados à fosfatização por Fe3(PO4)2 + H3PO4
water. Metal Fini-
aspersão, a faixa de pH é shing. v.86, n.12,
mantida entre 4,0 e 4,3 p.15-16, Dec.
(SCISLOWSKI, 1991a); É importante citar que, na JAMES, D.; FREEMAN, D. B.
• os banhos a base de fosfato prática, ocorrem variações do 1971. Accelerator systems for zinc
de zinco, em geral, operam banho como um todo, o que é phosphate processes with particu-
com valores de pH entre 1,8 compensado pelo acerto de pH, lar references to their use before
a 3,2, sendo os valores mais que deve ser realizado regular- electropaint. Transactions of the
baixos (1,8 a 2,5) adotados mente. No entanto, estas varia- Institute of Metal Finishing
para banhos aplicados por ções não são drásticas e permi- Conference issue, part 2, v.49,
imersão e valores mais altos tem controle sem prejuízo ao p. 79-83.
(2,5 a 3,2) para aplicação processo. LORIN, G. 1974. Phosphating of
por aspersão (LORIN, 1974, Freqüentemente, o ácido fos- metals. Great-Britain: Finishing
p.4); fórico é o único ácido livre pre- Publications. 222p.
• os banhos a base de fosfato sente nos banhos de fosfatização. METALS handbook. 1987. 9 ed.
de manganês operam a valo- No entanto, alguns banhos po- Metals Park: ASM, 17v. v.5:
res de pH da mesma ordem dem ser formulados com adições surface cleaning, finishing and
de grandeza dos banhos a de outros ácidos minerais ou or- coating. 715p.
base de fosfato de zinco por gânicos com a finalidade de me- NARAYANAN, Sankara. 1996.
imersão (METALS HAND- lhorar a condutividade dos ba- Influence of various factors on
BOOK, 1987; WICK & VEIL- nhos (LORIN, 1974). Os ácidos phosphatability - an overview.
LEUX, 1985, p.19.7). mais utilizados são: o ácido Metal finishing. v.94, n.6,
fluorsilícico, o fluorídrico e o p.86-90, June.
É importante notar que, ácido bórico. • SCISLOWSKI, Stan. 1990. Phospha-
quando uma solução fosfatizan- ting Part I - formulation of phos-
te é bem formulada, a formação Na próxima edição serão apre- phating chemicals and how they
de fosfatos insolúveis ocorre sentados e discutidos os principais work. Metal Finishing, v.88, n.12,
somente na interface metal/ba- aceleradores empregados nos pro- p. 39-40, Dec.
nho, e à medida que o fosfato cessos de fosfatização. SCISLOWSKI, Stan. 1991a.
diácido transforma-se em fosfato Phosphating Part II - total acid,
monoácido ou neutro, ocorre a free acid and pH. Metal
liberação de ácido fosfórico Referências Bibliográficas
livre, de modo que no banho, BIBIKOFF, Wladimir. 1985. Fosfatiza- Zehbour Panossian
como um todo, não ocorrem ção a base de fosfato de zinco e Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
variações consideráveis da con- zinco e ferro. In: ENCONTRO – IPT. Laboratório de Corrosão e Proteção –
centração de ácido livre e, por- BRASILEIRO DE TRATAMEN- LCP. Doutora em Ciências (Fisico-Química)
tanto, não há variações significa- TO DE SUPERFÍCIE, 4. São pela USP. Responsável pelo LCP.
tivas do pH (LORIN, 1974), o Paulo, 1985, Anais... São Paulo: Célia A. L. dos Santos
que garante a não precipitação ABTS, 1985. p. 275-284. Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
de fosfatos insolúveis no seio do BIESTEK, T.; WEBER, J. 1976. Elec- – IPT. Laboratório de Corrosão e Proteção –
banho. Isto não pode ser atribuí- trolytic and chemical conversion LCP. Doutora em Química (Fisico-Química)
do à capacidade tamponante do coatings. 1st ed. Wydawnictwa: pela USP. Pesquisadora do LCP.
banho, mas sim às propriedades Porteceilles. 432p.
do ácido fosfórico e de seus sais CAVANAGH, Walter R.; CAVANA- Contato com as autoras:
que, ao se transformarem, libe- GH, Richard R. 1991. The role of zep@ipt.br / clsantos@ipt.br
ram ácido fosfórico. No proces- pH in phosphatizing. Plating and fax: (11) 3767-4036

C & P • Maio/Junho • 2007 29


Artigo Técnico

Fosfatização de Metais Ferrosos


Parte 8 - Aceleradores
A função dos aceleradores nos banhos de fosfatização

S REAÇÕES RESPONSÁVEIS ocorre nestes locais. O favo- dos efeitos dos aceleradores sobre
pela formação das cama- recimento das reações catódi- os banhos de fosfatização à base
das de fosfatos podem ser cas determina um aumento de fosfatos de metais alcalinos ou
aceleradas quimicamente (adição da velocidade do processo de de amônio e à base de fosfato de
de oxidantes ou de sais metálicos fosfatização; metais pesados, a saber (FREE-
Por Zehbour de metais mais nobres do que o • área dos microanodos: as ve- MAN, 1988, p. 26):
Panossian ferro), mecanicamente ou ele- locidades das reações mencio- • nos banhos à base de fosfato
troliticamente (BIESTEK & nadas dependem, também, da de metais alcalinos ou de
WEBER, 1976). área total dos microanodos. amônio, os aceleradores, além
Manchu (1955) estudou a ma- Aumentando (ou diminuin- de aumentarem a velocidade
neira com que os diferentes acele- do) as áreas e/ou o número de formação da camada fos-
radores agem nos banhos de fosfa- dos microanodos haverá um fatizada, determinam um au-
tização e elaborou um mecanis- favorecimento (ou inibição) mento da espessura da cama-
Por Célia A. L. mo para explicar este fenômeno, da reação que ocorre nestes da (que é formada com cris-
dos Santos a saber: locais. O favorecimento das tais tão finos que muitas ve-
• a fosfatização é processo ele- reações anódicas determina zes é considerada amorfa).
troquímico e, portanto, as rea- uma diminuição da velocida- No caso de processos aplica-
ções de oxirredução na super- de do processo de fosfatiza- dos por aspersão, a presença
fície do metal ocorrem em inú- ção; de aceleradores não é um re-
meros microanodos (reação de • despolarização das reações ca- quisito de suma importância
oxidação) e em inúmeros mi- tódicas: a despolarização das pois o oxigênio do ar, dissol-
crocatodos (reação de redução); reações catódicas determina o vido no banho, já funciona
• nos microanodos, ocorre a aumento da sua velocidade e, como um acelerador efetivo;
seguinte reação: em conseqüência, um au- • nos banhos à base de fosfatos
mento da velocidade do pro- de metais pesados, os acelera-
Fe ➠ Fe2+ + 2e cesso de fosfatização; dores, além de aumentarem a
• polarização das reações anó- velocidade de formação da
• nos microcatodos, ocorrem as dicas: a polarização das rea- camada fosfatizada, determi-
seguintes reações: ções anódicas determina a di- nam um aumento considerá-
2H+ + 2e ➠ H2 minuição da sua velocidade, vel do número de sítios de
A

3Me(H2PO4)2 ➠ Me3(PO4)2 + 4H3PO4 e, em conseqüência, um au- nucleação de cristais, o que


mento da velocidade do pro- tem como conseqüência a di-
cesso de fosfatização. minuição do tamanho dos
Segundo Machu, todo fator As substâncias químicas oxi- cristais de fosfato e a dimi-
que aumenta a velocidade das dantes despolarizam a reação de nuição da espessura da cama-
reações que ocorrem nos micro- redução do cátion hidrogênio da de fosfato.
catodos e inibe a reação nos mi- e/ou bloqueiam as áreas anódicas
croanodos determina a acelera- o que determina a aceleração do A título de ilustração, apre-
ção do processo de fosfatização. processo de fosfatização. senta-se a Figura 1 em que se vê:
Assim, têm-se: Metais mais nobres do que o • a diminuição da massa de fos-
• área dos microcatodos: as ve- aço, por exemplo cobre, deposi- fato quando se adiciona ace-
locidades das reações mencio- tam-se por deslocamento galvâ- lerador nos banhos à base de
nadas dependem da área total nico sobre o aço, agindo como fosfato diácidos metálicos e,
dos microcatodos. Aumentan- microcatodos efetivos. • o aumento da massa de fosfa-
do (ou diminuindo) as áreas Cabe aqui citar, o efeito dos to quando se adiciona acele-
e/ou o número dos microcato- aceleradores sobre as característi- rador nos banhos à base de
dos haverá um favorecimento cas das camadas fosfatizadas. fosfato diácidos de metais
(ou inibição) da reação que Existe uma diferença marcante alcalinos ou de amônio.

28 C & P • Julho/Agosto • 2007


1
Para se ter uma idéia dos tipos
diferentes de aceleradores que

Massa de fosfato (g/m )


Massa de fosfato (g/m )

2
2
Não-acelerado Acelerado com clorato
existem, cabe citar que para os
banhos à base de fosfato de me-
tais alcalinos, cerca de 200 a 250 Não-acelerado
tipos de substâncias já foram uti- Acelerado com nitrato

lizadas como aceleradores (SCIS-


LOWSKI, 1990).
Os aceleradores mais utiliza-
5 10 15 20 25 0 10 20 30 40 50
dos são os seguintes: Tempo (s) Tempo (s)
• nitrato de sódio (com ou sem (a) (b)
nitrito de sódio);
• clorato de sódio; Fig 1 - Efeito da adição de acelerador na massa de fosfato (FREEMAN, 1988, p.27): (a) em
• água oxigenada; banhos à base de fosfato de zinco: causa diminuição da massa de fosfato. (b) em banhos à base
• sais metálicos (cobre, níquel). de fosfatos de metais alcalinos ou de amônio: causa aumento da massa de fosfato
Na década de 90, um esforço
muito grande foi despendido to de zinco) está no tipo de ace- impedirem a formação do gás
com o objetivo de substituir ace- lerador utilizado e, em menor grau, hidrogênio. Assim, na presença
lerados prejudiciais ao homem e no tipo de aditivos, como refina- de aceleradores, a superfície fica
ao meio ambiente. Os nitritos dores de grão (FREEMAN, 1971). desbloqueada e como conse-
que formam gases tóxicos estão Os aceleradores tipo oxidan- qüência tem-se um aumento da
sendo substituídos por hidroxila- tes quando adicionados aos ba- velocidade de formação da cama-
minas e água oxigenada. Os íons nhos de fosfatização à base de da fosfatizada. Além disso, tem-
de níquel têm sido substituídos fosfatos diácidos metálicos inter- se diminuição de incorporação
por íons de cobre (GEHME- ferem na cinética das reações res- de hidrogênio pelo substrato,
CKER & KAUL, 1994). ponsáveis para formação da ca- devido à diminuição do tempo
mada fosfatizada determinando de permanência do hidrogênio
Aceleradores químicos do um aumento da velocidade da nascente na superfície metálica.
tipo oxidante formação da camada fosfatizada. Alguns aceleradores tipo oxi-
A aceleração química do tipo Com o uso de aceleradores, foi dantes (os nitritos, os cloratos, os
oxidante é a maneira mais utiliza- possível reduzir significativa- boratos e os peróxidos) desempe-
da na prática. A grande maioria mente o tempo de fosfatização e nham mais uma função impor-
dos banhos comercializados usa desenvolver processos a baixas tante: oxidam certos íons reduto-
este tipo de aceleradores, sendo temperaturas (20ºC a 25ºC). res presentes no banho, como os
que nos banhos mais modernos Além de aumentarem a velo- íons ferrosos provenientes do
são utilizados mistura de acelera- cidade dos processos de fosfatiza- ataque do substrato que não
dores. Dentro dessa classe de ace- ção, os aceleradores reduzem o foram utilizados para a formação
leradores, têm-se os nitratos, os tamanho dos cristais de fosfato e da camada fosfatizada, passando-
nitritos, os cloratos, os boratos, evitam a formação de gás hidro- os a íons férricos. Como já cita-
os peróxidos e os compostos or- gênio. Foi visto que, durante a do, os íons férricos formam o
gânicos nitrogenados. Eles po- fosfatização a partir de um ba- fosfato férrico, muito insolúvel,
dem ser utilizados isoladamente nho contendo ácido fosfórico e que constitui a lama, subproduto
ou combinados, a saber (RAUS- um fosfato metálico diácido, natural dos processos de fosfati-
CH, 1990): ocorre a formação de gás hidro- zação. Em banhos contendo este
• nitrato + nitrito; gênio. Este gás fica aderido à tipo de aceleradores, o teor de
• nitrato + clorato; superfície a ser fosfatizada impe- íons ferrosos no banho é manti-
• clorato + nitrito; dindo o contato direto e unifor- do baixo independente da área
• nitrito + peróxidos; me do banho com o metal. Os fosfatizada. A reação responsável
• nitrato + clorato + nitrito. aceleradores despolarizam a rea- para esta oxidação é a seguinte
ção catódica do hidrogênio (BIESTEK & WEBER, 1976):
+
Os mais utilizados comercial- (H + e A H) e inibem a reação
mente são os cloratos e os nitra- de formação de gás hidrogênio 2Fe + 2Fe(H2PO4)2 + 4O 4FePO4 + 4H2O
?
tos. A principal diferença entre os (H + H A H2) (GABE, 1993). Este oxigênio é proveniente do oxidante
banhos proprietários de um de- Esta inibição ocorre devido ao
terminado tipo de processo de fato dos aceleradores reagirem Os aceleradores capazes de
fosfatização (por exemplo, fosfa- com o hidrogênio nascente e oxidar os íons ferrosos para férri-

C & P • Julho/Agosto • 2007 29


2 1min e 15min). cidos separados dos produtos
Teor de
Zn (%)
Na sua ausência, fosfatizantes, devendo os mes-
o tempo para a mos serem adicionados aos ba-
80
1 formação da ca- nhos (como nitritos e peróxidos).
60
mada fosfatiza- Os aceleradores nitrito/nitra-
40 da seria de al- to e clorato serão abordados na
2
20 gumas horas próxima edição. •
0
(processos pri-
0 0,8 1,6 2,4 2,8 3,6 meiramente Referências Bibliográficas
2
Área fosfatizada (m /L) utilizados) BIESTEK, T.; WEBER, J. 1976. Electro-
(BIESTEK & lytic and chemical conversion coatings.
Fig 2 - Variação do teor de zinco com a área do aço fos- W E B E R , 1st ed. Wydawnictwa: Porteceilles.
fatizado (BIESTEK & WEBER, 1976, p.136): (1) 1976); 432p.
banho acelerado com nitrato (2) banho não-acelerado • devido à FREEMAN, D. B. 1988. Phospating
composição and metal pre-treatment. 1st ed. New
cos não podem, obviamente, ser constante das camadas fosfa- York : Industrial Press, 229p.
utilizados em banhos à base de tizadas formadas em banhos GABE, D. R. 1993. Principles of metals
fosfato diácido ferroso. Neste ca- contendo aceleradores, a re- surface treatment and protection. 3.
so, geralmente, os banhos são não- sistência à corrosão (por exem- ed. Braunton: Merlin Books. 211p.
acelerados ou acelerados com íons plo, após oleado) permanece GENMECKER, H.; KAUL, L. 1994.
metálicos (FREEMAN, 1988, inalterada com o tempo de Praktical experiences with nickel and
p.19). Os aceleradores oxidantes operação do banho. Nos ba- nitrite free low zinc phosphating. In:
fortes também podem trazer pro- nhos sem aceleradores, as ENCONTRO BRASILEIRO DE
blemas aos banhos a base de fos- camadas fosfatizadas tornam- TRATAMENTO DE SUPERFÍ-
fato de manganês, neste caso, o se inadequadas para uso após CIE, 7. São Paulo, 1994, Anais...
uso deste tipo de aceleradores é res- a fosfatização de uma área São Paulo : ABTS, 1994. p. 245-255
trito (FREEMAN, 1988, p.19). 0,8m2 por litro de banho; MANCHU, Willi. 1955. La fosfatizza-
O teor de zinco dos banhos • os banhos contendo acelera- zione dei metalli - fondamenti scien-
contendo aceleradores também dores são mais diluídos dos tifici e tecnica applicata. Milano:
se mantém constante, após uma que aqueles que não contêm Editore Urlico
queda inicial. Ao contrário, nos aceleradores. Isto representa NARAYANAN, Sankara. 1996. Influen-
banhos sem aceleradores, nos economia no processo, visto ce of various factors on phosphatabi-
quais o teor de zinco decresce que as perdas por arraste dos lity - an overview. Metal finishing.
continuamente (ver Figura 2). produtos químicos são me- v.94, n.6, p.86-90, June
Além dos fatos mencionados, nores (BIESTEK & WE- RAUSCH, Werner, 1990. The phospha-
os banhos contendo aceleradores BER, 1976). ting of metals. 1st.ed. Great Britain :
apresentam as seguintes vantagens: Os aceleradores tipo oxidantes Redwood Press, 416p.
• as camadas fosfatizadas pro- são denominados também sim- SCISLOWSKI, Stan. 1990. Phosphating
duzidas em banhos contendo plesmente de oxidantes. A ma- Part I - formulation of phosphating
aceleradores conservam a nutenção da concentração dos chemicals and how they work. Me-
composição independente da aceleradores nos banhos de fosfa- tal Finishing. v.88, n.12, p.39-40, Dec.
área de aço fosfatizada (BIES- tização é de vital importância
TEK & WEBER, 1976); (NARAYANAN, 1996). Quan- Zehbour Panossian
• o volume de lama produzido to maior o teor de aceleradores, Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
pelos banhos contendo acele- melhores camadas são obtidas, – IPT. Laboratório de Corrosão e Proteção –
radoress é consideravelmente no entanto, na presença de exces- LCP. Doutora em Ciências (Fisico-Química)
menor do que o dos banhos so de acelerados, o metal a ser pela USP. Responsável pelo LCP.
que não contêm aceleradores fosfatizado pode passivar-se, o Célia A. L. dos Santos
(BIESTEK & WEBER, 1976); que inibe o crescimento da ca- Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
• a lama contém praticamente mada fosfatizada. – IPT. Laboratório de Corrosão e Proteção –
só fosfato férrico (BIESTEK Os aceleradores, às vezes, são LCP. Doutora em Química (Fisico-Química)
& WEBER, 1976); classificados em internos e exter- pela USP. Pesquisadora do LCP.
• a presença dos aceleradores nos. Os internos são aqueles que
permite que as camadas fosfa- já vêm incorporados nos produ- Contato com as autoras:
tizadas se formem em poucos tos fosfatizantes (como nitratos e zep@ipt.br / clsantos@ipt.br
minutos (normalmente entre cloratos) e os externos são forne- fax: (11) 3767-4036

30 C & P • Julho/Agosto • 2007


Fosfatização de Metais Ferrosos
Parte 8 - Aceleradores: Nitrato
e Nitrato/Nitrito
Aceleradores à base de nitratos e nitratos/nitritos

ONFORME O ARTIGO AN- locidades de formação de cama- É possível a utilização de ba-


terior, os aceleradores po- das fosfatizadas. Estes banhos nhos somente à base de nitratos
dem ser classificados em podem ser aplicados tanto por para aplicação por aspersão quan-
internos e externos. Os internos aspersão como por imersão e o- do o banho é à base de fosfatos
são aqueles que já vêm incorpo- peram a temperaturas mais bai- de zinco e cálcio (JAMES & FRE-
Por Zehbour rados nos produtos fosfatizantes xas (<80oC). Na indústria auto- EMAN, 1971; BIESTEK & WE-
Panossian (como nitratos e cloratos) e os ex- mobilística, por exemplo, na qual BER, 1976). A incorporação de
ternos são fornecidos separados são necessárias altas velocidades fosfatos de cálcio modifica a es-
dos produtos fosfatizantes, de- de deposição, o nitrito de sódio é trutura do depósito, fornecendo
vendo ser adicionados aos banhos adicionado, dissolvido em água, depósitos densos e uniformes com
(como os nitritos e os peróxidos). continuamente, de modo a man- espessura da ordem de 3 g/m2. A
Os nitratos são utilizados co- ter uma concentração na faixa de temperatura de operação destes
mo aceleradores de banhos de 0,01% a 0,04% (0,1g/L a 0,4g/L). banhos deve ser mantida entre
Por Célia A. L. fosfato de zinco e fosfato de man- Processos assim, trabalham a 80oC e 90oC para compensar o
dos Santos ganês. Estes banhos podem ser uma temperatura entre 65oC e baixo poder oxidante do banho.
formulados somente com nitra- 70oC e produzem camadas fosfa- Camadas obtidas assim são mui-
tos (acelerador interno) ou com tizadas com 3 g/m2 a 6 g/m2 de- to resistentes aos detergentes, ra-
nitratos e nitritos (acelerador in- pendendo do tipo de pré-trata- zão pela qual são utilizadas como
terno e externo). Os banhos à mento, do tempo de aspersão e pré-tratamento de chapas desti-
base de fosfato de metais alcalinos da temperatura. Banhos desta na- nadas à fabricação de eletrodo-
ou de amônio podem também tureza podem inclusive ser for- mésticos (JAMES & FREEMAN,
ser formulados com nitratos. mulados para operarem à tempe- 1971).
Os banhos acelerados só com raturas mais baixas, entre 50oC e Nos banhos acelerados com
nitratos são mais adequados para 60oC. Neste caso, deve-se adotar nitratos e nitritos, o nitrato é o
processos de fosfatização por uma relação de ácido total/livre principal agente acelerador. Ape-
imersão e para obtenção de ca- adequada e utilizar no pré-trata- sar disto, é de fundamental impor-
madas grossas com cristais gran- mento um desengraxante de bai- tância a relação entre o nitrato/
- -
des. A velocidade de formação da xa alcalinidade e baixa tempera- nitrito (NO3/NO2). O nitrito
camada fosfatizada dos banhos tura (JAMES & FREEMAN, 1971). pode formar-se a partir do nitra-
formulados apenas com nitratos Nos banhos que operam a tem- to (aceleração interna) ou pode
é menor, por esta razão, o nitrato peraturas mais baixas, o teor de ser propositadamente adiciona-
sozinho é inadequado para pro- nitrito deve ser mantido mais ele- do (aceleração interna e externa).
cessos de deposição rápida, como vado, por exemplo, entre 0,09% Nos banhos acelerados com
os processos aplicados por asper- a 0,12% (0,9 g/L a 1,2 g/L) (BIES- nitratos ou com nitrato/nitritos,
são (JAMES & FREEMAN, 1971; TEK & WEBER, 1974, p.174). ocorre uma série de reações quí-
WICK & VEILLEUX, 1985). Es- Uma modificação pode ainda micas de natureza complexa. A
tes banhos operam normalmente ser obtida, com o uso de ácidos cinética e a natureza das reações
a altas temperaturas (> 90oC) e orgânicos que agem como refi- que ocorrem dependem das con-
concentrações elevadas das subs- nadores de grãos. Neste caso, ob- centrações dos constituintes do
tâncias que os compõem. têm-se camadas uniformes e du- banho e das condições de opera-
Os banhos acelerados com ni- ras com 2,5 g/m2 a 3,0 g/m2 (JA- ção. De uma maneira geral, as rea-
tratos e nitritos apresentam mai- MES & FREEMAN, 1971). Em ções que ocorrem são as seguintes:
ores velocidades de formação de substituição aos ácidos orgânicos, • o íon nitrato reduz-se for-
camada. São adequados para ob- pode-se utilizar boratos. Neste ca- mando nitrito, segundo a
tenção de camadas de espessura so, é possível a obtenção de cama- reação:
média e baixa sendo destinados a da de espessuras inferiores a 2 g/m2 - + -
NO3 + 2H + 2e A NO2 + H2O
processos que requerem altas ve- (JAMES & FREEMAN, 1971).
Esta reação é catalisada pela transforma-se formando outros As propriedades de cada um
adição de pequenas quantidades compostos de ferro; destes produtos são as seguintes:
de íons de cobre ao banho (2 mg/L
a 5 mg/L) e pelo aumento de tem- - o nitrito pode formar, espe- monóxido de nitrogênio (NO):
-
peratura (dentro de certos limites, cialmente a baixas temperaturas é o produto responsável pela for-
visto que em temperaturas muito e em condições estáticas (pouca mação de complexos do tipo
x-
elevadas o nitrito se decompõe agitação), o íon complexo [Me(NO)y] presentes nos ba-
rapidamente) (BIESTEK & WE- Fe(NO)2+ de coloração escura. nhos de fosfatização acelerados
BER, 1976, p.139). Mantendo-se Este complexo decompõe-se a com nitratos e nitritos;
- -
uma relação NO3/ PO34 entre 2:1 altas temperaturas formando +
-
e 3:1, também tem-se um favore- íons férricos e NO2 . íon amônio (NH4 ): encontrado
cimento desta reação (BIESTEK nos banhos de fosfatização em
& WEBER, 1976, p.139); Pelas reações apresentadas concentrações muito baixas, da
pode-se verificar que durante a ordem de 0,10% a 0,30%;
• o nitrito formado (ou adicio- fosfatização a partir de banhos
nado) sofre também uma sé- acelerados com nitratos e nitra- hiponitrito (N2O): encontrado
rie de reações, a saber: tos/nitritos, vários tipos de gases nos gases emanados nos banhos
são formados, a saber: o nitrogê- de fosfatização acelerados com ni-
- o nitrito reage com os íons nio (N2), o oxigênio (O2) e gases tratos e nitritos. Este é um agente re-
ferrosos formados durante o pro- nitrosos (NO e N2O). Ao lado dutor apresentando baixa estabi-
cesso de fosfatização transfor- destes, tem-se ainda a formação lidade nos banhos de fosfatização;
mando-os para íons férricos que do gás hidrogênio conseqüente
precipitam como fosfato férrico, do ataque do meio ácido ao me- oxigênio (O2) e nitrogênio (N2):
formando a lama: tal. No entanto, a formação de encontrados nos gases emanados
gás hidrogênio é fortemente ini- nos banhos de fosfatização acele-
2+ - + 3+
3Fe + NO2 + 4H A 3 Fe + 0,5 N2+ 2H2O bida na presença de nitratos. Es- rados com nitratos e nitritos.
tudos conduzidos em laboratório
- o nitrito pode sofrer reações mostraram que o gás nitrogênio Conforme visto, nos banhos
sucessivas com formação dos se- é o principal constituinte dos ga- acelerados com nitratos ou ni-
guintes compostos: ses formados durante a fosfatiza- tratos/nitritos, o nitrito é reduzi-
NO, N , NH , N O e O ;
2
+
4 2 2
ção e que a composição destes é do através de uma série de rea-
diferente para banhos recém-pre- ções. Por esta razão, o seu teor
- o nitrito poderá se oxidar, parados e banhos já utilizados, nos banhos de fosfatização é
regenerando parte dos íons nitra- conforme mostra a Tabela 1 (LO- muito baixo. A taxa de decom-
tos consumidos: RIN, 1974; RAUSCH, 1990). posição dos nitritos cresce muito
com a temperatura. Para se ter
- + -
uma idéia, a constante de de-
A

3NO2 + 2H A NO3 + 2NO + H2O


TAB.1 - EXEMPLO DE COMPOSIÇÃO
composição do nitrito é de
DOS GASES EMANADOS DURANTE A
esta reação recupera parte dos 0,602 a 0oC e 5130 a 60oC
FOSFATIZAÇÃO A PARTIR DE BANHOS
íons nitrato, inicialmente oxida- (BIESTEK & WEBER, 1974,
ACELERADOS COM NITRATOS/NITRITOS
dos. De fato, nos banhos acelera- p.140). Em banhos que traba-
(LORIN, 1974, P.23)
dos com nitratos, o consumo de lham com temperaturas muito
íons nitrato é baixo e esta regene- Composição Banho Banho elevadas (95oC a 98oC) e na pre-
ração explica a razão disto; do gás novo usado sença de ferro, os íons nitrito
Nitrogênio (% N2) 75 % 57 % tornam-se ainda mais instáveis
- o nitrito pode reagir direta- Hidrogênio (% H2) 17 % 32 % sofrendo transformações tão rá-
mente com o ferro (do aço que Oxigênio (% O2) 8% 2% pidas que análises com o objeti-
está sendo fosfatizado) formando Gases nitrosos - 9% vo de determinar a concentração
óxidos de ferro: (% NO+N2O) de nitritos nos banhos acusam a
presença de apenas traços de ni-
- +
2Fe + NO2 + 2H3O A NH4 + H2O + Fe2O3
+
Pelo exposto, além da forma- tritos. Estes são os banhos acele-
ção do nitrito, os produtos da re- rados somente com nitratos.
alguns autores citam que a dução dos íons nitrato são mui- Devido à decomposição do
formação do óxido passiva o me- tos, os principais são os seguintes nitrito, este acelerador deve ser
tal. No entanto, se o meio é sufi- (LORIN, 1974): continuamente adicionado ao
cientemente ácido, este óxido NO, N , NH , N O e O
2
+
4 2 2
banho e não pode ser incorpora-
do ao xarope. Por esta mesma bilização do teor de íons ferrosos, rentes comportamentos, a saber
razão, não se pode, por exemplo, ou, se periodicamente o banho (LORIN, 1974, p.109):
no final de um dia de operação for tratado com nitrito para abai- • nitrato de amônio altera a
analisar o banho e acertá-lo den- xar o teor de ferro, o descarte não acidez total do banho de fos-
tro das condições operacionais se torna necessário; fatização e sofre hidrólise
para que o mesmo esteja pronto com liberação de ácido nítri-
para uso no início de dia seguin- lado nitrito: banhos que con- co livre;
te: o nitrito iria se decompor du- têm em solução íons nitrito. Es- • os nitratos de cálcio, de es-
rante a noite. tes são banhos acelerados com ni- trôncio e de bário retardam a
Dependendo da quantidade trato/nitrito que operam a tem- deposição de fosfato;
de nitrito formado (ou adiciona- peraturas moderadas (50oC a • nitrato de zinco acelera a for-
do), os banhos podem ser classi- 80oC), para os quais os íons nitri- mação da camada fosfatizada
ficados em três tipos, a saber to apresentam maior estabilidade e funciona como um reserva-
(FREEMAN, 1988): e, portanto, ficam em teores sufi- tório de íons de zinco. Neste
cientes para oxidar todos os íons último caso, o zinco armaze-
lado ferro: banhos que contêm ferrosos para férricos. Este tipo nado regenera o fosfato de
em solução íons ferrosos. São os de banho pode ser formulado pa- zinco primário através da rea-
banhos acelerados somente com ra trabalhar à temperatura am- ção com o ácido fosfórico
nitratos em concentrações mode- biente (BIESTEK & WEBER, livre do banho. Por esta razão,
radas deste íon. Estes banhos 1976, p.140). A desvantagem este sal é o mais utilizado co-
operam a temperaturas relativa- dos banhos deste tipo é a forma- mo acelerador;
mente elevadas (80oC a 100oC). ção de gases nitrosos altamente • os nitratos de manganês e
Nestas condições, o íon nitrito é corrosivos, principalmente nos cádmio aceleram a formação
pouco estável e, portanto, a processos aplicados por aspersão. de fosfatos;
quantidade de nitrito presente no Estes gases determinam o ataque • os nitratos de cromo, alumí-
banho não é suficiente para oxi- prematuro dos equipamentos e nio e de ferro III aumentam a
dar todos os íons ferrosos produ- componentes metálicos presen- acidez da solução devido às
zidos pelo ataque ao metal, razão tes no ambiente de produção, reações de hidrólise*, retar-
pela qual há íons ferrosos em incluindo os próprios produtos dam a formação da camada
solução (pode chegar até 10 g/L). fosfatizados, além de prejudicar a fosfatizada, reduzem a espes-
Como os íons ferrosos não são saúde dos operadores, o que é sura da camada e diminuem a
totalmente oxidados a férricos, a mais importante; resistência à corrosão.
quantidade de lama (que é cons- A concentração de íons nitra-
tituída basicamente por fosfato lado nitrito e ferro: banhos que to nos banhos de fosfatização va-
férrico) é menor (MURPHY, contêm em solução íons ferrosos ria muito, desde 1% a 3% (FREE-
1971). O teor de íons ferrosos, e nitrito. São os banhos acelera- MAN, 1988, p.21). O grau de
neste tipo de banhos, estabiliza-se dos com nitrato/nitrito que ope- aceleração é normalmente ex-
-
ao redor de um dado valor, que ram a temperaturas baixas (25oC pressa pela relação NO3/PO43-.
depende das condições de fun- a 49oC). Neste caso, ocorre a for- Quanto maior é esta relação,
cionamento do banho (tempera- mação de complexos do tipo mais “acelerado” será o banho, em
2+
tura, relação entre área tratada e Fe(NO) , anteriormente citado. outras palavras, menor será o
volume do banho). Se o banho O nitrato é adicionado aos ba- tempo requerido para a obtenção
operar a temperaturas inferiores nhos de fosfatização já misturado da camada fosfatizada, porém,
do que o recomendado ou traba- à solução concentrada do banho menor será a espessura da cama-
lhar com uma relação elevada de de fosfatização. Pode ser adicio- da obtida. Além disso, quanto
área tratada/volume do banho, o nado na forma de nitratos de maior a relação, menor será a
teor de íons ferrosos não se esta- metais alcalinos (nitrato de sódio quantidade de lama formada
biliza e aumenta continuamente ou potássio), nitrato de zinco, ni- (FREEMAN, 1988, p.21). Estes
o que determina problemas no trato de manganês, nitrato de ní- fatos estão exemplificados nos da-
processo com a formação de ca- quel, nitrato de cálcio ou nitrato dos apresentados na Tabela 2.
madas irregulares, com cristais de amônio (BIESTEK & WEBER,
muito grandes e espessura não- 1974, p.138; LORIN, 1974, (*) reações de hidrólise
uniforme, requerendo descarte do p.22). Cada sal pode ser adicio- -
Cr(NO3)3 + 3H2O A Cr(OH)3 + 3NO3 + 3H
+

banho. Se, no entanto, o banho nado isoladamente ou podem ser -


Al(NO3)3 + 3H2O A Al(OH)3 + 3NO3 + 3H
+

for operado dentro das condições utilizadas misturas destes sais. Os -


Fe(NO3)3 + 3H2O A Fe(OH)3 + 3NO3 + 3H
+

preestabelecidas e ocorrer a esta- diferentes sais apresentam dife-


TAB. 2 - ALGUMAS CARACTERÍSTICAS3- DE UM PROCESSO DE FOSFATIZAÇÃO
EM FUNÇÃO DA RELAÇÃO NO3- / PO4 (FREEMAN, 1988, P. 21)

NO3- Lama Massa da camada Relação


Solução (g/m2) por unidade Massa/
PO43- de área (g/m2) Lama
1 0,28 7,4 8,6 1,10
2 0,78 4,2 6,1 1,5
3 1,16 2,7 5,1 1,9
4 1,55 2,4 4,9 2,0

Referências Bibliográficas

BIESTEK, T.; WEBER, J. 1976. Elec-


trolytic and chemical conversion
coatings. 1st ed. Wydawnictwa:
Porteceilles. 432p.
FREEMAN, D. B. 1988. Phospating
and metal pre-treatment. 1st ed.
New York : Industrial Press, 229p.
JAMES, D.; FREEMAN, D. B. 1971.
Accelerator systems for zinc phos-
phate processes with particular
references to their use before elec-
tropaint. Transactions of the
Institute of Metal Finishing Con-
ference issue, part 2, v.49, p. 79-
83.
LORIN, G. 1974. Phosphating of me-
tals. Great-Britain: Finishing Publi-
cations. 222p.
MURPHY, J. A. 1971. Surface prepara- Zehbour Panossian
tion and finishes for metals. New Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
York : McGraw-Hill. p.396-401. – IPT. Laboratório de Corrosão e Proteção –
RAUSCH, W., 1990. The phosphating LCP. Doutora em Ciências (Fisico-Química)
of metals. 1st.ed. Great Britain : pela USP. Responsável pelo LCP.
Redwood Press, 416p. Célia A. L. dos Santos
WICK, C.; VEILLEUX, R. 1985. Toll Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
and manufacturing engineers hand- – IPT. Laboratório de Corrosão e Proteção –
book. 4.ed. Michigan : SME. v.III, LCP. Doutora em Química (Fisico-Química)
Chapter 19. p.19.6-19.9. • pela USP. Pesquisadora do LCP.

Na próxima edição, o tema Contato com as autoras:


aceleradores terá continuidade zep@ipt.br / clsantos@ipt.br
abordando os compostos contendo fax: (11) 3767-4036
cloratos.
Artigo Técnico

Fosfatização de Metais Ferrosos


Parte 10 - Aceleradores:
Cloratos e Outros
Aceleradores à base de cloratos, misturas com cloratos e outros

Cloratos muito baixo os íons ferrosos em 1974; Biestek & Weber, 1976), a
PRIMEIRO BANHO ACELE- solução. Quando o processo é saber:
rado com clorato tinha, por aspersão, pode ser utilizado
em sua composição, uma junto com um acelerador exter-
ClO3- + 6H+ + 6Fe2+ Cl- + 3H2O + 6Fe3+
quantidade excessiva de íons no, por exemplo, com nitrito.
Por Zehbour clorato, o que determinava a for- Geralmente, nos banhos de
Panossian mação de uma quantidade exces- fosfatização, é adicionado na for- Esta reação desloca-se para a
siva de lama. Este fato restringiu ma de clorato de sódio (Lorin, direita em meios ácidos e a tem-
o uso deste acelerador em plantas 1974) ou de clorato de zinco peraturas próximas a 60ºC. Ela é
de grande porte, por um período (Biestek & Weber, 1976). Neste a responsável pela transformação
de tempo (Freeman, 1988, último caso, o produto é forneci- dos íons ferrosos produzidos
p.22). Em 1940, o clorato passou do como solução concentrada durante o ataque ao metal para
a ser utilizado em escala comer- porque o clorato de zinco é mui- íons férricos, que precipitam na
Por Célia A. L. cial em processos à base de fosfa- to higroscópico. forma de fosfato férrico, forman-
dos Santos to de zinco, quando então a sua A ação aceleradora do clorato do a lama. Isto garante a baixa
concentração passou a ser con- é devida à seguinte reação: concentração de íons ferrosos no
trolada e mantida em teores mais banho sem a adição de oxidantes
baixos. Aliás, o clorato é o acele- ClO3- + 6H+ + 6e Cl- + 3H2O externos. Quando opera a tem-
rador usado quase que exclusiva- peraturas mais elevadas, (80ºC a
mente para os processos à base de Com isto, o íon clorato con- 100ºC) o teor de íons de ferro
fosfato de zinco, sendo incom- some os cátions hidrogênio no banho fica abaixo de 0,1g/L
patível com os banhos à base de (determinando aumento do pH (Rausch, 1990, p.118). Cabe
fosfato de ferro e também não- na interface metal/banho, sem lembrar, no entanto, que os ba-
adequado para os banhos à base liberação de gás hidrogênio) e nhos acelerados com cloratos
de fosfato de manganês (Free- consome, também, os elétrons operam a temperaturas mais
man, 1988, p.22), podendo ser liberados pela reação de oxidação baixas do que aqueles acelerados
utilizado nos banhos à base de do metal (Fe → Fe2+ + 2e). só com nitratos (65ºC a 70ºC -
fosfato de metais alcalinos Pela reação apresentada, po- Freeman, 1988, p.22).
(Freeman, 1988, p.26). de-se verificar que o clorato de A reação global de um
Historicamente, este acele- zinco (ou de sódio), adicionado processo à base de fosfato de
rador foi o primeiro a ser utiliza- ao banho, se transforma em zinco acelerado com clorato
do para a fosfatização de arames cloreto de zinco (ou de sódio) pode ser assim representada
de aço, e ainda hoje é utilizado cuja concentração aumenta con- (Freeman, 1988, p.23):
para esta finalidade, pois as carac- tinuamente no banho. Por esta
terísticas das camadas obtidas razão, recomenda-se utilizar con- 3Zn(H2PO4)2 + Fe + 2NaClO3 →
com este acelerador parecem ser centrações tão baixas quanto → Zn3(PO4)2 + 4FePO4 + 2NaCl + 6H2O
muito adequadas para os proces- possíveis de clorato de zinco (ou
sos de conformação mecânica de sódio) (Biestek & Weber,
que os arames são submetidos. 1976). Uma outra razão que Camada de fosfato Lama
O íon clorato, de fórmula exige que o teor de cloratos seja
molecular ClO3-, é um poderoso mantido o mais baixo possível é Outras duas reações que
agente oxidante, mesmo a tem- a possibilidade de ocorrência de podem ocorrer em banhos ace-
peraturas moderadas da ordem passivação de alguns tipos de lerados com o íon clorato são as
de 50ºC e 60ºC. Normalmente, aços na presença de altos teores seguintes:
este acelerador não necessita de de cloratos.
um acelerador externo, visto que Uma outra reação ocorre na 4ClO3- 3ClO4- + Cl-
ele sozinho é capaz de manter presença de clorato (Lorin, - +
ClO3 + 6H + 5e 1/2 Cl2➚ + 3H2O

28 C & P • Novembro/Dezembro • 2007


A segunda das reações citadas banhos de fosfato de zinco ace- ra (James & Freeman, 1971);
é mais significativa. lerados com cloratos são espe- • as camadas fosfatizadas, a partir
Com os banhos acelerados cialmente adequadas para fios de banhos acelerados com
com cloratos, obtêm-se camadas de aço (fato já mencionado); cloratos, apresentam a tendên-
fosfatizadas finas (geralmente • não apresentam o inconveni- cia à formação de manchas
inferiores a 10g/m2 - James & ente dos banhos acelerados brancas se não forem secas logo
Freeman, 1971) formadas com com nitrato/nitrito que é a li- após a fosfatização (James &
cristais muito finos. Apesar de beração de gases nitrosos. Freeman, 1971);
finas, as camadas obtidas são • nos banhos acelerados com
pouco porosas, constituindo-se Apesar de apresentar vanta- cloratos, a quantidade de lama
em efetivas barreiras (Biestek & gens, o íon clorato apresenta al- formada é maior o que requer
Weber, 1976, p.141). Além gumas desvantagens, a saber: remoção mais freqüente da
disso, por ser um oxidante pode- • libera gás cloro (Cl2) o que lama;
roso, em banhos acelerados com acelera a corrosão do aço. O gás • nos banhos acelerados com clo-
cloratos, o aumento da concen- cloro pode ainda ser absorvido rados, ocorre incrustação sobre
tração do banho não inibe a for- pela camada de fosfatos em os aquecedores o que prejudica
mação da camada fosfatizada e crescimento e formar comple- a transferência de calor (Wick
não determina a formação de xos do tipo [Fe(Cl3PO4)]3-, & Veilleux, 1985, p.19-7);
cristais grosseiros (Biestek & estando o íon de ferro na forma • é um banho que apresenta ca-
Weber, 1974, p. 140). de Fe3+; racterísticas mais corrosivas,
Algumas das vantagens dos • os banhos com clorato podem devido tanto ao próprio clorato
banhos acelerados com cloratos tornar-se turvos com o tempo como também ao produto de
são (Freeman, 1988): de operação devido à formação sua decomposição, o íon clore-
• é possível fosfatizar aços que são de um precipitado gelatinoso to. Isto poderá trazer proble-
altamente resistentes a outros ti- (Biestek & Weber, 1976). Este mas de corrosão na própria
pos de banhos de fosfatização, produto pode aderir-se na camada fosfatizada, quando a
devido à alta agressividade dos superfície da camada fosfatiza- lavagem não for eficiente e fica-
banhos acelerados com cloratos; da, podendo ser retirado so- rem vestígios de íons cloreto na
• íon clorato pode ser adicionado mente com escovamento. Este superfície fosfatizada. Este fato
ao banho numa larga faixa de problema pode ser contornado pode ser superado através de
concentração (5g/L a 10g/L); aumentando a concentração lavagem eficiente (Freeman,
• clorato é estável em soluções do banho ou adicionando 1988, p.22)
concentradas. Por esta razão, é ácido sulfúrico ou ácido bórico Devido às desvantagens
adicionado ao banho já incor- ou fosfato de zinco neutro ou citadas, a fosfatização por as-
porado ao concentrado (xaro- fosfato férrico neutro no ba- persão com banhos acelerados
pe), à semelhança do nitrato e nho. Com isto o precipitado com cloratos foi praticamente
ao contrário do nitrito; gelatinoso transforma-se em abandonada durante algum tem-
• quando o processo é adequada- um produto pulverulento que po. No entanto, o desenvolvi-
mente controlado, o mesmo se deposita no fundo do tan- mento de métodos de controle
concentrado pode ser utilizado que (Biestek & Weber, 1976); sofisticados determinou a volta
tanto para preparar um banho • os banhos acelerados com clo- do uso de banhos acelerados com
novo como para a reposição de rato apresentam consumo ele- cloratos. Tais controles permitem
um banho em operação, o que vado de produtos químicos e o uso de concentrações de clora-
não pode ser feito com os ba- formação de grande quanti- tos e temperaturas de operação
nhos com o nitrato; dade de lama (James & baixas (James & Freeman,
• o clorato é um acelerador mui- Freeman, 1971); 1971).
to eficiente inclusive para ope- • como nos banhos acelerados
rar em temperaturas baixas, com cloratos tem-se enrique- Nitratos e cloratos
podendo os banhos acelerados cimento de íons cloreto, com Como acelerador, pode ser
com cloratos operarem à tem- o tempo de uso, a lavagem utilizada uma mistura de nitratos
peratura ambiente. No entan- após a imersão no banho e cloratos. Os primeiros banhos
to, quando se opta por esta torna-se crítica, devendo ser para aplicação por aspersão eram
temperatura, é necessária a adi- feita rigorosamente a fim de formulados com fosfato de zinco
ção de um álcali para o controle eliminar vestígios destes íons. acelerados com cloratos e nitra-
do banho; Se a lavagem não for rigorosa, tos (James & Freeman, 1986).
• as camadas obtidas a partir de ter-se-á problemas após pintu- Com o uso destes dois acelera-

C & P • Novembro/Dezembro • 2007 29


dores, dispensa-se o uso do nitri- Acredita-se que os benefícios fina camada passiva sobre a
to e consegue-se um aumento da adição dos nitritos são devidos superfície do zinco, o que difi-
significativo da reatividade do à reação entre o íon clorato e culta a aplicação de camadas
banho que opera com tempera- nitrito com recuperação do fosfatizadas. A presença de fluo-
turas moderadas (50ºC a 65ºC). nitrato (já citado). retos no banho determina a
Estes banhos podem ser operados quebra da camada passiva possi-
com temperaturas mais baixas Cloratos e nitritos bilitando a fosfatização. Além
ainda. Apesar disto, a sua utiliza- O uso simultâneo de cloratos disso, os íons fluoretos são adi-
ção é restrita devido à formação e nitritos em banhos aplicados cionados aos banhos de fosfati-
dos íons cloretos que, conforme por aspersão já ocorreu muito no zação de zinco para controlar a
já citado, são prejudiciais. passado, porém atualmente pa- presença nociva de íons de
Quando se adiciona con- rece que seu uso está mais restri- alumínio, formando o com-
comitantemente o clorato e o ni- to (Freeman, 1988, p.23, p.54). plexo AlF63-. O íon alumínio é
trato, ambos agem como oxidan- Os banhos acelerados com clo- altamente prejudicial aos ba-
tes. No entanto, o poder oxidan- rato/nitrito operam a uma tem- nhos de fosfato de zinco, pois
te do clorato predomina (a taxa peratura entre 50ºC e 60ºC, pro- inibe a formação da camada
de oxidação do clorato é maior). duzem revestimentos com uma fosfatizada. Já o complexo
Possivelmente, as reações de oxi- camada ao redor de 2,0 g/m2 e AlF63- é inerte. Com o uso cor-
dação são as seguintes (Lorin, podem ser aplicados tanto por reto de íons fluoreto pode-se
1974, p.29): aspersão quanto por imersão fosfatizar o alumínio com ba-
(Freeman, 1988, p.58, 62). nhos à base de fosfato de zinco.
NO3- + 2H+ + 2e → NO2- + H2O O íon fluoreto também é utiliza-
ClO3- + 6H+ + 6e → Cl- + 3H2O Cloratos com substâncias do quando se deseja fosfatizar o
orgânicas nitrogenadas aço zincado pelo processo de
O clorato reage ainda com o A literatura cita ainda o uso imersão a quente, quando no
nitrito regenerando o nitrato, concomitante de cloratos com banho de zinco fundido é adi-
segundo a reação: metanonitrobenzeno sulfonato cionado alumínio, por exemplo,
de sódio com resultados com- processo Sendzimir (Rausch,
ClO3- + 3NO2- → Cl- + 3NO3- paráveis aos banhos que contêm 1990, p.120).
nitrito, com a vantagem de uma
Acredita-se que o íon cloreto maior estabilidade dos acelera- Água oxigenada ou peróxido
formado pela redução do clorato dores (lembrar que o nitrito é tó- de hidrogênio
reage com o nitrato formando xico) e não-emissão de gases ni- A água oxigenada é um oxi-
nitrito e cloro, segundo a reação: trosos nocivos. dante muito forte, sendo utiliza-
do quase que exclusivamente
NO3- + 3Cl- + 4H+ → Cl2 + NOCl + 2H2O Bromatos como acelerador em banhos de
NOCl + H2O → Cl- + NO2- + 2H+ Os bromatos também fun- fosfato de zinco, aplicado por
cionam como aceleradores de aspersão e a temperaturas relati-
Como o clorato é um forte banhos de fosfatização, apresen- vamente baixas (50ºC a 60ºC)
oxidante, nestes banhos não é ne- tando comportamento seme- (Freeman, 1988, p.24). Em ba-
cessária a adição de nitritos para lhante aos cloratos (Rausch, nhos à base de fosfato de man-
oxidar os íons ferrosos. No en- 1990, p.118). ganês, acelerados com nitrato
tanto, muitas vezes, o nitrito é contendo íons de níquel, a água
adicionado com vantagens, a Fluoretos oxigenada pode ser utilizada para
saber: A adição de fluoretos au- controlar o teor de íons ferrosos
• obtenção de depósitos de cris- menta a agressividade dos ba- no banho (Freeman, 1988, p.75,
tais finos, principalmente nhos de fosfatização. Devido ao p.83).
quando o pré-tratamento en- seu pequeno raio atômico, os A água oxigenada é pouco
volve desengraxe em meios fluoretos são capazes de pene- estável em meios ácidos, por esta
muito alcalinos; trar na camada passiva presente razão deve ser adicionada conti-
• substancial redução do tempo sobre vários metais (por exem- nuamente aos banhos de fosfati-
para fosfatização, muito impor- plo, alumínio e aço zincado) zação, para manter a sua concen-
tante para os processos por possibilitando a fosfatização tração ao redor de 0,05 g/L que é
aspersão; (Rausch, 1990, p.119). Por a ideal (Freeman, 1988, p.23).
• temperatura baixa de operação exemplo, no caso de se fosfati- A reação de oxidação de íons
(40ºC a 60ºC). zar aço zincado, tem-se uma ferrosos para férricos pela ação da

30 C & P • Novembro/Dezembro • 2007


água oxigenada é a seguinte: derão ser reutilizadas; determinar a formação de um
• temperatura baixa de operação. volume menor de lama;
2Fe(H2PO4)2 + H2O2 → 2FePO4 + 2H3PO4 + 2H2O • as camadas obtidas, apesar de
Ao lado das vantagens cita- serem finas, constituem exce-
Pode-se verificar, pela reação das, existem desvantagens que lente base para pintura catafo-
apresentada, que ocorre libera- restringem o uso da água oxige- rética utilizada na indústria
ção de ácido fosfórico. Assim nada como acelerador, a saber: automobilística;
sendo, deve-se adicionar álcalis • necessidade de controle rigoro- • as camadas fosfatizadas a partir
para neutralizar o ácido formado so do processo, principalmente de banhos acelerados com
e assim manter o banho dentro no que se refere ao teor de áci- perboratos não necessitam ser
das condições preestabelecidas do livre e de água oxigenada; secadas em estufa antes da apli-
no que diz respeito à acidez livre • necessidade de adição constan- cação da pintura cataforética. É
e total. Como álcali, no passado te de neutralizadores (de pH); conhecido o fato de que
era utilizado o hidróxido de só- • consumo elevado dos constitu- camadas fosfatizadas quando
dio. Isto determinava o aumento intes do banho; aquecidas em estufa e depois
gradativo de íons de sódio nos • grande volume de lama. pintadas apresentam maior
banhos que trazia dificuldades. Na indústria automobilística, resistência à corrosão do que
Atualmente, utiliza-se óxido de a água oxigenada tem sido pre- aquelas que não foram secadas
zinco ou o carbonato de zinco na ferida nos últimos anos por ques- em estufas. No caso de perbo-
forma de pó ou de pasta. Estes tões ambientais em substituição ratos, este aquecimento é des-
álcalis, além de não trazerem aos banhos tricátions (banhos necessário;
nenhum tipo de problema, não que contêm zinco, manganês e • na necessidade de interrupções
introduzem íons estranhos ao níquel) acelerados com nitrito. curtas do processo por proble-
banho (Freeman, 1988, p.23). Na Europa, banhos formulados mas operacionais, não ocorre a
Este acelerador apresenta as com baixo teor de zinco isentos formação de manchamento de
seguintes vantagens (James & de níquel e acelerados com água camadas fosfatizadas que ainda
Freeman, 1971; Freeman, 1986; oxigenada têm sido utilizados não foram completamente for-
Gehmecker & Kaul, 1994): nos últimos anos para fosfatizar madas;
• obtenção camadas fosfatizadas carrocerias de automóveis. Neste • os produtos da reação dos
de baixa espessura e de granu- tipo de banho, a função dos íons perboratos são os boratos que
lação fina sem a necessidade de de níquel é conseguida com a são benéficos aos banhos de
utilizar refinadores de grão; adição de pequenas quantidades fosfatização (Biestek & Weber,
• os produtos da redução da água de íons de cobre (Gehmecker & 1976).
oxigenada (água e oxigênio) Kaul, 1994). É praticamente impossível
são inócuos ao banho e ao um acelerador que não apresente
meio ambiente; Perborato de sódio desvantagens. No caso do perbo-
• na necessidade de interrupções O perborato de sódio muitas rato, têm-se as seguintes desvan-
curtas dos processos por pro- vezes é utilizado em substituição tagens (James & Freeman,
blemas operacionais, não ocor- à água oxigenada principalmente 1971):
re a formação de manchamen- na indústria automobilística. • as soluções de perboratos são
to de camadas fosfatizadas que Com o perborato, é possível a instáveis. Sendo assim, o per-
ainda não foram completa- obtenção de camadas fosfati- borato deve ser adicionado ao
mente formadas; zadas duras e uniformes com banho continuamente na for-
• a possibilidade de utilizar ba- massa de revestimento da ordem ma de pó;
nhos que contêm somente fos- de 1,3 g/m2 à temperatura de • a lama é mais volumosa do que
fato diácido de zinco e água operação relativamente baixa aquela formada em banhos
oxigenada, sem outros aditivos; (55ºC). Este acelerador apresen- acelerados com nitrato/nitrito;
• quando se utiliza somente o ta muitas vantagens quando • tempo de fosfatização é da or-
fosfato diácido de zinco e o car- comparado com água oxigenada, dem de 2 minutos.
bonato de zinco como neutra- a saber (James & Freeman,
lizador, as águas de lavagem 1971): Compostos orgânicos
conterão somente íons de zin- • não necessita de neutralizado- Alguns compostos orgânicos
co e fosfatos, podendo ser facil- res (de pH); possuem a capacidade de acelerar
mente removidos com a adição • não necessita de um controle a fosfatização (Biestek & Weber,
de cal. Nestes casos, as águas de rigoroso tanto do perborato 1974, p.141). O uso de acele-
lavagem após tratamento po- como do ácido livre, além de radores orgânicos data de 1930.

C & P • Novembro/Dezembro • 2007 31


Muitos aceleradores foram pro- TRATAMENTO DE SUPER-
postos, no entanto os únicos que FÍCIE, 7. São Paulo, 1994, Anais.
tiveram maior aceitação foram São Paulo : ABTS, 1994. p. 245-
nitroguanidina e o metanoni- 255. LEVE SUA EMPRESA PARA RECIFE
trobenzeno sulfonato de sódio JAMES, D.; FREEMAN, D. B. 1971.
(Freeman, 1986). O primeiro Accelerator systems for zinc phosphate
apresenta a vantagem de não ser processes with particular references to
corrosivo e nem prejudicial aos their use before electropaint. A Revista Corrosão& Proteção
banhos de fosfatização, o mesmo Transactions of the Institute of Metal estará circulando no
ocorrendo com os seus produtos Finishing Conference issue, part 2,
de decomposição. O seu uso, no v.49, p. 79-83. INTERCORR 2008
entanto, apresenta limitações: LORIN, G. 1974. Phosphating of met- 28º Congresso Brasileiro
• é pouco solúvel e portanto não als. Great-Britain : Finishing
pode ser adicionado ao con- Publications. 222p. de Corrosão
centrado (xarope); MURPHY, J. A. 1971. Surface prepara- 2nd International Corrosion Meeting
• não controla o teor de íons fer- tion and finishes for metals. New
rosos no banho, tendo-se a York : McGraw-Hill. p.396-401.
necessidade de se adicionar RAUSCH, W., 1990. The phosphating De 12 a 16 de Maio de 2008
periodicamente um oxidante of metals. 1st.ed. Great Britain :
mais forte; Redwood Press, 416p.
• é um produto explosivo, por Uma excelente oportunidade para
esta razão o transporte e arma- divulgar marcas, produtos e serviços
zenamento do produto puro é
controlado. junto aos mais renomados
O metanonitrobenzeno sul- profissionais do setor
fonato de sódio é mais solúvel,
no entanto, é menos efetivo,
sendo normalmente utilizado
com um outro oxidante, como o
clorato. Reserve já seu
Aceleradores orgânicos da fa- espaço publicitário
mília dos amino poliácidos já
eram conhecidos antes de 1955
(Lorin, 1974, p.131). Dentre
eles podem-se citar: os nitrilo tri-
acetatos, os etileno diamino te-
traacetatos e o EDTA.
Na próxima edição, o assun-
to aceleradores será encerrado ci-
tando-se outros métodos empre-
gados para a obtenção de cama-
Zehbour Panossian
das fosfatizadas com redução do
Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
tempo de imersão. •
Paulo – IPT. Laboratório de Corrosão e
Proteção – LCP. Doutora em Ciências
Referências Bibliográficas
(Fisico-Química) pela USP.
BIESTEK, T.; WEBER, J. 1976.
Responsável pelo LCP.
Electrolytic and chemical conversion
Célia A. L. dos Santos
coatings. 1st ed. Wydawnictwa :
Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
Porteceilles. 432p.
Paulo – IPT. Laboratório de Corrosão e
FREEMAN, D. B. 1988. Phospating
Proteção – LCP. Doutora em Química
and metal pre-treatment. 1st ed.
(Fisico-Química) pela USP.
New York : Industrial Press, 229p.
Pesquisadora do LCP.
GENMECKER, H.; KAUL, L. 1994.
Praktical experiences with nickel and Contato com as autoras:
nitrite free low zinc phosphating. In: zep@ipt.br / clsantos@ipt.br (11) 6128-0900
ENCONTRO BRASILEIRO DE fax: (11) 3767-4036
aporte.editorial@uol.com.br
32 C & P • Novembro/Dezembro • 2007
Artigo Técnico

Fosfatização de Metais Ferrosos


Parte 11 – Aceleradores:
Sais Metálicos e Outros
Aceleradores à base de sais metálicos, aceleração mecânica e eletroquímica

Sais metálicos • primeiramente ocorre deposição por Conforme já foi visto, a ação ace-
uitas vezes, compostos de deslocamento galvânico do cobre, a leradora do nitrato nos banhos de fos-
íons metálicos são adiciona- saber: fatização é devida à sua redução para
dos aos banhos de fosfatiza- nitrito que por sua vez é reduzido a
2+
ção como aceleradores, a saber: sais de Fe(substrato) → Fe + 2e NO. Observando a reação global apre-
Por Zehbour cobre, níquel, cobalto, molibdênio, sentada, é fácil verificar o efeito acele-
2+
Panossian tungstênio, vanádio, zircônio e cério. Cu + 2e → Cu rador dos íons de cobre sobre a ação do
Destes, os mais utilizados são os de nitrato.
cobre e níquel. Os demais são raramen- • a superfície do metal a ser fosfatizado Um resultado favorável é obtido
te empregados devido ao fato de ser fica com inúmeros pontos com depó- quando se adiciona uma concentração
difícil o controle das concentrações sitos de cobre, que agem como micro- de 1,5g/L de íons de cobre aos banhos
presentes nos banhos e, em geral, catodos efetivos, acelerando o processo de fosfatização acelerados com nitratos.
determinarem uma redução da resis- de fosfatização. Teores mais elevados determinam a for-
Por Célia A. L. tência à corrosão das camadas fosfatiza- Segundo Lainer & Kudryavtsev mação de uma camada esponjosa não-
dos Santos das (Wick & Veilleux, 1985, p.19-7). (1966, p.203), a ação aceleradora dos aderente sobre a superfície metálica fos-
Cabe citar que a primeira tentativa íons de cobre é efetiva numa estreita fatizada constituída de óxido cúprico.
para acelerar o banho de fosfatização faixa de concentração (0,16 g/L a
concebida por Coslett foi a introdução 0,24g/L). Concentrações elevadas deter- Níquel
de sais de níquel e de cobre, em 1929. minam a cobreação de toda a superfície Os íons de níquel quando adicio-
Com isto foi possível reduzir o tempo de do aço a ser fosfatizada o que inibe a for- nados aos banhos de fosfatização tam-
fosfatização (superior a uma hora) para mação da camada fosfatizada. Estes bém aceleram a formação da camada
15 minutos (Freeman, 1971). autores afirmam, ainda, que a resistência fosfatizada. No entanto, segundo
à corrosão das camadas fosfatizadas obti- Freeman (1988, p.17), o mecanismo
Cobre1 das a partir de banhos acelerados com de ação é diferente. Neste caso, tam-
Os sais de cobre, mesmo em con- íons de cobre é cerca de cinco a seis vezes bém ocorre primeiramente a deposição
centrações muito baixas (da ordem de menor do que das camadas fosfatizadas do níquel por deslocamento galvânico
0,02 g/L), têm um efeito acelerador obtidas a partir de banhos similares sem sob a forma de partículas microscópi-
nos banhos e fosfatização. Segundo a a adição de íons de cobre. cas o que aumenta o número de sítios
literatura (Freeman, 1988, p.16), a adi- Muitas vezes, sais de cobre são uti- ativos que dão origem à formação dos
ção do cobre pode aumentar a veloci- lizados juntamente com aceleradores cristais de fosfato (Bibikoff, 1985).
dade de formação da camada fosfatiza- como nitratos e nitritos (Biestek & Além disso, o níquel depositado parti-
da sobre o aço em até 6 vezes. Os Weber, 1976, p.141). No caso do cipa da formação dos fosfatos insolú-
banhos acelerados com íons de cobre cobre, isto ocorre segundo o seguinte veis constituintes da camada. Ao con-
são muito utilizados para obtenção de mecanismo: trário dos íons de cobre, o excesso de
camadas para base de pintura. • primeiramente ocorre deposição por níquel não constitui um problema e a
Acredita-se que a ação aceleradora se deslocamento galvânico do cobre, resistência à corrosão das camadas for-
deve ao seguinte mecanismo (Lainer & conforme citado anteriormente; madas na presença de sais de níquel é
Kudryavtsev, 1966; p. 203; Freeman, • o cobre depositado é dissolvido pela superior. Existem patentes que reco-
1988, p.16): ação do ácido nítrico, segundo as mendam o uso de concentrações eleva-
seguintes reações: das de níquel (alta relação Ni2+/Zn2+),
1. Muitas vezes, os processos de fosfatiza- afirmando que a camada de fosfato
ção que utilizam íons de cobre em seus 3Cu + 2HNO3 → 3CuO + H2O + 2NO formada contém fosfato duplo de
banhos são chamados de processo Bonder, 3CuO + 6HNO3 → 3Cu(NO3)2 + 3H2O zinco e níquel Zn2Ni(PO4)•4H2O,
devido aos banhos comerciais de origem que apresenta uma elevada resistência
alemã denominados Bonder (Lainer & Então, a reação global será: a álcalis (Freeman, 1988, p.62). O
Kudryavtsev, 1966, p.204, Biestek & níquel é muito utilizado em banhos de
3Cu + 8HNO3 → 3Cu(NO3)2 + 4H2O + 2NO
Weber, 1976, p. 142). fosfato de zinco destinados a fosfatizar

30 C & P • Janeiro/Fevereiro • 2008


o aço zincado sendo adequado para PRINCIPAIS TIPOS DE ACELERADORES UTILIZADOS PARA
obtenção de camadas de fosfatos desti- OS DIFERENTES PROCESSOS DE FOSFATIZAÇÃO
nadas à lubrificação e deformação (FREEMAN, 1986; RAUSCH, 1990; METAL FINISHING, 1998)
(Murphy, 1971, p.397) e para a obten-
ção de camadas fosfatizadas sobre aço
Camadas fosfatizadas para base de pintura
endurecido (Wick & Veilleux, 1985).
Banho de fosfatização Tipo de acelerador
Pode ser utilizado juntamente com
Cloratos (aspersão)
fluoretos (Freeman, 1988, p.120).
Bromatos (aspersão)
Além de acelerar o processo de fos-
Molibdatos (aspersão)
fatização, os íons de níquel melhoram a
Metanonitrobenzeno
uniformidade da camada obtida
Fosfatos de metais alcalinos ou de amônio sulfonato de sódio (aspersão)
(Kuehner, 1985).
Nitratos (imersão)
O uso de íons de níquel teve um
Hidroxilaminas
crescimento grande com o advento dos
Hidrazina
banhos tricátions (contendo Zn2+,
Fluoretos podem ser incorporados
Mn2+ e Ni2+). Neste tipo de banho, o
para fosfatizar aço zincado ou alumínio
teor de níquel é mantido entre 400
Nitrato (imersão)
ppm a 1000 ppm e a camada fosfatiza-
Nitrato/nitrito (os mais utilizados
da contém de 0,5% a 1,2% de níquel
nos processos de imersão)
(Wimmer, Gottschlich, Bush &
Nitrito (imersão, aspersão)
Gehmecker, 1998).
Fosfato de zinco Clorato (imersão, aspersão)
Existe uma tendência de substituir o
Clorato/nitrito (aspersão)
níquel por íons de cobre, devido às res-
Peróxido de hidrogênio (aspersão)
trições impostas ao uso do níquel por
Clorato/metanonitrobenzeno
questões ambientais. Na tentativa de
sulfonato de sódio (aspersão)
substituir os íons de Ni2+, têm sido
Nitrito (imersão)
desenvolvidos banhos utilizando peque- Fosfato de zinco modificado com cálcio
Níquel e fluoreto (aspersão)
nas quantidades de íons de cobre
Nitrito (aspersão)
(~5ppm) e traços de hidroxilaminas
Clorato/metanonitrobenzeno
(Wimmer, Gottschlich, Bush &
Fosfato de zinco modificado com manganês sulfonato de sódio (aspersão)
Gehmecker, 1998).
Fluoretos ou níquel podem ser incorporados
para fosfatizar aço zincado ou alumínio
Vanadatos, molibdatos,
hidrazina e hidroxilamina
Camadas fosfatizada para base de óleos e graxas
Vanadatos, molibdatos, hidrazina e
Banho de fosfatização Tipo de acelerador
hidroxilamina são utilizados como acele-
Fosfato de ferro Níquel (imersão)
radores de banhos de fosfato de metais
Nitrato (imersão)
alcalinos (Rausch, 1990, p.125; Fosfato de zinco
Nitrato e nitrito (imersão)
Freeman, 1988, p.52).
Nitrato (imersão, podendo ter sais de níquel)
Fosfato de manganês Compostos orgânicos
Substâncias redutoras
nitrogenados (nitroguandina - imersão)
Algumas substâncias redutoras são
utilizadas como aceleradores de banhos
Camadas fosfatizadas para conformação mecânica
de fosfatização. Uma das mais utilizadas
Banho de fosfatização Tipo de acelerador
é o sulfito de metais alcalinos, como o
Clorato (imersão)
sulfito de sódio. A literatura apresenta a
Nitrito (imersão)
seguinte reação para explicar a ação ace- Fosfato de zinco
Nitrato/nitrito (imersão)
leradora destes compostos:
Nitrato (imersão)
2- + 2- Clorato (imersão)
SO3 + 6H + 6e → S + 3H2O Fosfato de zinco modificado com cálcio
Nitrato (aspersão)
Outras substâncias redutoras que
Camadas destinadas à resistência ao desgaste
atuam como aceleradores são: hipossul-
Banho de fosfatização Tipo de acelerador
fitos, fosfitos, formaldeídos, benzaldeí-
Fosfato de manganês Nitrato (imersão)
dos, hidroxilaminas, boroidretos e
hidrazina (El-Mallah & Abbas, 1987).

C & P • Janeiro/Fevereiro • 2008 31


Aceleração mecânica cálcio não ocorrem a precipitação dos JAMES, D.; FREEMAN, D. B. 1971.
A aceleração mecânica é praticada fosfatos de zinco ou de cálcio monoá- Accelerator systems for zinc phosphate
nos processos por aspersão. Nestes pro- cido ou neutro, mas, sim, a precipita- processes with particular references to
cessos, a solução fosfatizante também ção de fosfatos insolúveis de ferro, their use before electropaint.
contém aceleradores químicos. A acele- visto que na interface metal/banho Transactions of the Institute of
ração é obtida, principalmente, à custa ocorre um aumento excessivo de íons Metal Finishing Conference issue,
da diminuição da camada de difusão: a de ferro II; part 2, v.49, p. 79-83.
solução em contato com a superfície • a imposição de corrente alternada KUEHNER, M. A. 1985. Phosphate
metálica é constantemente renovada. favorece a fosfatização porque o efei- conversion coatings. Metal Finishing.
Neste tipo de processo, tem-se ainda a to benéfico da polarização catódica v.83, n.8, p. 15-18, Aug.
vantagem de se conseguir uma rápida supera o efeito negativo da polariza- LAINER, V. I.; KUDRYAVTSEV.
oxidação dos íons ferrosos para férricos ção anódica; 1966. Fundamentals of electropla-
devido à ação do oxigênio dissolvido que • o efeito benéfico da imposição de cor- ting. 3.ed. Jerusalem : Israel
neste caso é elevado. No caso da fosfati- rente alternada pode ser associado à Program for Scientific Translation,
zação por imersão, o teor de oxigênio adição de aceleradores químicos. Neste Part II. p. 199-211.
dissolvido no banho é controlado por caso, é possível reduzir muito o tempo METAL FINISHING guidebook and
difusão, sendo muito inferior ao teor de de fosfatização; directory issue. 1998. New Jersey :
oxigênio do banho aspergido. Com a • com a aceleração eletroquímica, as Metals and Plastics Publications,
aspersão, o tempo de fosfatização reduz- camadas fosfatizadas são mais porosas v.96, n.5A, May, p.432-448.
se para 0,5 min a 2 min e as camadas fos- devido, provavelmente, à menor espes- MURPHY, J. A. 1971. Surface prepara-
fatizadas são finas. Tais camadas consti- sura que aquelas obtidas somente por tion and finishes for metals. New
tuem-se em excelentes bases para pintu- imersão (em geral, entre 1µm e 5µm). York : McGraw-Hill. p.396-401.
ra (Biestek & Weber, 1974, p.144). RAUSCH, W., 1990. The phosphating
Principais aceleradores of metals. 1st.ed. Great Britain :
Aceleração eletroquímica utilizados na prática Redwood Press, 416p.
O efeito acelerador da imposição de A tabela da página 31 apresenta, de WICK, C.; VEILLEUX, R. 1985. Toll
corrente elétrica foi verificado já no iní- maneira resumida, os principais tipos de and manufacturing engineers hand-
cio do século: a imposição de uma cor- aceleradores utilizados para os diferentes book. 4.ed. Michigan : SME. v.III,
rente catódica em banho tipo Coslett foi processos de fosfatização. Chapter 19. p.19.6-19.9.
patenteado em 1909. A imposição de Na próxima edição, os demais WIMMER, Walter; GOTTS-
um potencial catódico variando de compostos presentes em um banho de CHOLCH, Jurgen; BUSCH,
0,75V a 2,0V reduzia o tempo de forma- fosfatização, como, por exemplo, íons Edgar; GEHMECKER, Horst.
ção da camada fosfatizada de algumas Fe2+, Ca2+, surfactantes, complexan- 1998. Nickel- and nickel-free pre-
horas para 30 minutos. Mais tarde foi tes, serão abordados, dando-se ênfase à treatment of car bodies. Metal
verificado que o uso de corrente alterna- importância da sua presença nos Finishing. v.96, n.5, p. 16-19, May.
da (230 A/dm2 a 460 A/dm2, a 80ºC), banhos de fosfatização.
com o mesmo tipo de banho, reduzia o
tempo de fosfatização para 4 minutos Referências Bibliográficas
(Freeman, 1988, p.25). BIBIKOFF, Wladimir. 1985.
A aplicação de potencial na interfa- Fosfatização a base de fosfato de zinco
ce metal/banho (polarização) foi estu- e zinco e ferro. In: ENCONTRO Zehbour Panossian
dada nos processos de fosfatização e BRASILEIRO DE TRATAMEN- Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
concluiu-se que: TO DE SUPERFíCIE, 4. São Paulo – IPT. Laboratório de Corrosão e
• a polarização catódica (imposição de Paulo, 1985, Anais. São Paulo : Proteção – LCP. Doutora em Ciências
um potencial catódico na interface ABTS, 1985. p. 275-284. (Fisico-Química) pela USP.
metal/banho) aumenta a velocidade BIESTEK, T.; WEBER, J. 1976. Responsável pelo LCP.
de redução do cátion hidrogênio e Electrolytic and chemical conversion Célia A. L. dos Santos
portanto acelera o processo de fosfati- coatings. 1st ed. Wydawnictwa : Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
zação; Porteceilles. 432p. Paulo – IPT. Laboratório de Corrosão e
• a polarização anódica diminui a veloci- EL-MALLAH, A.; ABBAS, M. Hassib. Proteção – LCP. Doutora em Química
dade de redução do cátion hidrogênio 1987. Effects of pH on phosphating. (Fisico-Química) pela USP.
e aumenta a velocidade de dissolução Metal Finishing. v.85, n..4 , p.45- Pesquisadora do LCP.
do metal e portanto inibe a fosfatização 46. Apr.
(Biestek & Weber, 1974, p.142). Neste FREEMAN, D. B. 1988. Phospating Contato com as autoras:
caso, nos banhos que contêm fosfatos and metal pre-treatment. 1st ed. New zep@ipt.br / clsantos@ipt.br
diácidos de outros metais como zinco e York : Industrial Press, 229p. fax: (11) 3767-4036

32 C & P • Janeiro/Fevereiro • 2008


Artigos Técnicos

Fosfatização de Metais Ferrosos


Parte 12 – A influência dos íons
ferrosos e outros compostos
O efeito dos íons ferrosos e de outros cátions, além de compostos orgânicos como inibidores ou
surfactantes são citados, discutidos e exemplificados

LÉM DA ACIDEZ, DOS FOS- camada fosfatizada será forma- inadequadas para uso (FREE-
fatos diácidos e dos ace- da por hopeíta e fosfofilita. MAN, 1988, p.120).
leradores, outros com- Este tipo de camada é o deseja- SAISON (apud RAUSCH, 1990,
postos podem estar presentes do. Além disso, a presença de p.96) estudou a influência da
nos banhos de fosfatização, seja pequenas quantidades de íons relação entre os íons ferrosos e
por adição proposital, seja de ferro na camada diminui a íons de zinco na composição Por Zehbour
como contaminantes. A seguir, porosidade e aumenta a resis- das camadas fosfatizadas. Este Panossian
serão apresentados os produtos tência à corrosão (FREEMAN, pesquisador utilizou banhos
mais significativos. 1988, p. 20). não-acelerados operando a
Quando o teor de íons fer- 95ºC. Os seus resultados estão
Íons ferrosos nos banhos rosos eleva-se muito, o efeito transcritos na Tabela 1. Pode-se
de fosfatização benéfico da presença destes é verificar que, com o aumento
A concentração de íons fer- revertido: a camada fosfatizada excessivo de íons de ferro, a for-
rosos no banho de fosfatização vai ficando cada vez mais rica mação da hopeíta é totalmente Por Célia A. L.
à base de fosfato de zinco ou à dos Santos
base de fosfato de manganês é TABELA 1
um parâmetro muito impor- Influência da concentração relativa de íons ferrosos e de íons de
tante. Concentrações modera- zinco no banho, na composição das camadas fosfatizadas obtidas
das de íons ferrosos são necessá- a partir de banhos não-acelerados de fosfato de zinco, a 95ºC (SAI-
rias para a adequada formação SON apud RAUSCH, 1990, p.96)

da camada de fosfato1. Razão molar


No caso de banhos à base de Fe2+/Zn2+ 0 0,19 0,68 2,1 g
fosfato de zinco, quando a con- Hopeíta na camada Presente Presente Ausente Ausente
centração de íons ferrosos é mui- Presente em
to baixa, a camada será rica em Fosfofilita na camada pouquíssima Presente Presente Presente
hopeíta: Zn3(PO4).4H2O. Esta quantidade
camada é pouco resistente a mei-
os alcalinos e apresenta desempe- em ferro até ser constituída inibida. Um fato que poderia
nho insatisfatório quando utili- quase que exclusivamente de explicar isto é a tendência do
zado como base de pintura. fosfofilita. Como conseqüência aumento do pH do banho com
À medida que a concentra- têm-se: o aumento de íons ferrosos
ção de íons ferrosos no banho • a formação de camadas (BIESTEK & WEBER, 1974,
aumenta, a camada fosfatizada fosfatizadas não-unifor- p.135). Em banhos não-acele-
torna-se rica, também, em fos- mes e não-microcristalinas rados, a concentração dos íons
fofilita, FeZn2(PO4)2.4H2O. (BIBIKOFF,1985); ferrosos aumenta gradativa-
Assim, quando a concentração • a alteração nas característi- mente, aumenta também o pH
de íons ferrosos é adequada, a cas do banho tornando o o que causa a precipitação do
controle mais difícil (FREE- fosfato de zinco na forma de
MAN, 1988, p.22); lama. Assim, enquanto o teor
1. Para os banhos à base de fosfato fer- • a inibição da formação da de íons ferrosos aumenta o de
roso obviamente não há preocupação em camada fosfatizada (MET- íons de zinco diminui.
se adicionar íons ferrosos. Os banhos à ALS HANDBOOK, 1987, O aumento incontrolado
base de metais alcalinos ou amônio p.435). de íons ferrosos no banho
também não necessitam da presença de Quando o teor de ferro na determina, além da formação
íons ferrosos para seu bom funciona- camada atinge 30% a 40%, as preferencial da fosfofilita, a de
mento. camadas fosfatizadas tornam-se um outro fosfato de ferro: a
C & P • Março/Abril • 2008 35
Fehurealita, de fórmula mole- em íons de ferro, as reações de parte destes íons.
cular Fe5H2(PO4)4.4H2O formação das camadas fosfatiza- Uma vez adicionados íons
(Rausch, 1990, p.95). Este das vão prevalecendo e o banho ferrosos a um banho novo,
composto reduz a estabilidade começa a operar dentro dos espera-se que, dentro das con-
da camada fosfatizada em expo- padrões requeridos, produzindo dições operacionais normais, o
sições atmosféricas. camadas com hopeíta e fosfofi- teor de íons ferrosos mantenha-
No caso de fosfatização pe- lita, mais escuras (FREEMAN, se constante. Porém, na prática,
sada (camadas destinadas à pro- 1988, p.12). Por esta razão, cos- muitas vezes ocorre aumento
teção contra corrosão após tuma-se condicionar (envelhe- excessivo destes íons o que tam-
oleado) uma quantidade muita cer) um banho novo colocan- bém é prejudicial. Este aumen-
baixa de ferro determina a do-se palhas de aço. A grande to pode ocorrer devido (SCIS-
obtenção de camadas com cris- maioria dos banhos proprietá- LOWSKI, 1988):
tais grandes e esparsas e com rios à base de fosfato de zinco e • ao controle inadequado
baixa aderência. Por outro lado, aplicados por imersão requerem do acelerador utilizado;
um excesso de íons ferrosos de 0,3g/l a 0,4g/l de palha de • à temperatura abaixo da
causa a obtenção de camadas aço (SCISLOWSKI, 1990). Uma faixa especificada pelo for-
pulverulentas. Para ambos os outra alternativa é aumento da necedor do processo. Nes-
casos, o desempenho será insa- carga ou a fosfatização de suca- tas condições, a velocidade
tisfatório. tas no início de operação dos de formação da camada
Pelas razões citadas, é possí- banhos. Pode-se ainda adicio- fosfatizada diminui e a
vel perceber a importância da nar ao banho novo uma peque- superfície do substrato
presença de aceleradores do na quantidade do banho velho fica mais tempo exposta
tipo oxidante que, conforme já (cerca de 2% - SCISLOWSKI, ao efeito decapante do
foi discutido, são capazes de 1988). Há, ainda, outra manei- banho;
oxidar íons ferrosos a férricos. ra de aumentar o teor de íons • à relação elevada de área
Em alguns tipos de banhos, é ferrosos: é a adição de sulfato fosfatizada/volume do ba-
possível o uso de substâncias ferroso aos banhos. Para banhos nho. Pode-se tomar, como
seqüestrastes capazes de com- à base de fosfato de zinco, a lite- regra geral o seguinte:
plexar os íons ferrosos. ratura recomenda a adição de • 120 g do item a ser fos-
Quando se inicia a fosfatiza- 0,45 g/l de sulfato ferroso e de fatizado por litro de
ção do aço, o ataque do metal 0,18 g/l para os banhos à base banho ou;
vai gradativamente formando de fosfato de manganês (METALS • 25 cm2 de área do item a
os íons ferrosos que por oxida- HANDBOOK, 1987, p.444). ser fosfatizado por litro
ção passam para férricos. Neste Normalmente, o condicio- de banho.
sentido, ao se estudar um namento de um banho novo Os banhos acelerados com
banho de fosfatização que está deve ser feito logo após a adição nitratos operando a altas tem-
adequadamente funcionando, do concentrado (xarope), antes peraturas funcionam com altos
ver-se-á que o banho contém do acerto da acidez livre e antes teores de íons ferrosos em solu-
uma certa quantidade de íons da adição do nitrito (caso o ção, sendo conhecidos como
ferrosos e de íons férricos, estes banho seja acelerado com nitra- banhos “lado ferro” e traba-
últimos presentes principal- to/nitrito). Após a adição da lham sem a formação de lama.
mente na lama. Já um banho de quantidade requerida de ferro, Os banhos acelerados com
fosfatização novo não contém deve-se esperar algumas horas nitratos operando a tempera-
os íons ferrosos e nem os íons (por exemplo 4 horas) e em turas moderadas funcionam
férricos. Assim, inicialmente seguida acertar o banho. Nesta com teores moderados de íons
haverá uma forte tendência etapa, a quantidade de nitrito ferrosos em solução, sendo
para o enriquecimento do requerida normalmente é o conhecidos como banhos
banho com estes íons: uma boa dobro da recomendada: por “lado ferro e nitrito” e traba-
parte dos íons ferrosos produzi- exemplo, se o fornecedor reco- lham com quantidade reduzi-
dos vai para o banho e não para mendar 0,2 g/l (0,02%) de da de lama. Nestes dois tipos
a formação das camadas fosfati- nitrito, deverá ser adicionado de banhos, o teor de ferro deve
zadas. Estas camadas são ricas 0,4 g/l (0,04%). Isto porque ser controlado. Normalmente,
em hopeíta e apresentam uma como se adicionou o ferro, ter- este teor já é especificado pelo
coloração acinzentada (FREE- se-á uma concentração excessi- fornecedor do banho.
MAN, 1988, p.12). À medida va de íons ferrosos e o nitrito A título de ilustração estão
que o banho vai ficando rico será consumido para oxidar apresentados a seguir alguns
36 C & P • Março/Abril • 2008
banhos com os limites de íons (KUEHNER, 1985) determinando fosfatizadas obtidas a partir de
de ferro (FREEMAN, 1988, p. uma diminuição significativa do banhos à base de fosfato de
209- 211): tamanho dos cristais de fosfato zinco é altamente influenciada
• banho lado ferro, à base de (de 25 m para 4 m - NARAYANAN, pelo tipo de pré-tratamento uti-
fosfato de zinco acelerado 1996), sendo, por esta razão, lizado. Por exemplo, quando se
com nitrato, com acidez muitas vezes chamados de refi- utilizam desengraxantes alcali-
total mantida entre 38 ml nadores de grão. nos fortes e decapagem ácida, a
e 42 ml, operando a tem- A adição de íons de cálcio camada obtida será de granula-
peratura entre 80ºC e aos banhos de fosfatização a ção grosseira, camada esta ina-
90ºC (para resistência à base de fosfato de zinco (co- dequada para servir como base
corrosão): o teor de íons nhecido como fosfato de zinco de pintura. Uma das maneiras
ferrosos deve ser mantido modificado com cálcio) deter- de contornar este problema é
entre 2 g/l e 4 g/l (0,2% a mina uma modificação signifi- utilizar banhos modificados
0,4%); cativa nas características da com cálcio. Com isto, obtém-se
• banho lado ferro, à base de camada fosfatizada (NARAYA- uma camada fosfatizada con-
fosfato de manganês acele- NAN, 1996): tendo fosfato duplo de cálcio e
rado com nitrato, com aci- • a estrutura fosfofilita/ho- zinco, que refina a camada
dez total mantida entre 28 peíta transforma-se em independente do tipo de pré-
mL e 32 ml, operando schlozita/hopeíta. tratamento utilizado (FREEMAN,
entre 96ºC e 99ºC (para A schlozita é o fosfato 1988, p.53-54).
resistência ao desgaste): o duplo de cálcio e zinco,
teor de íons ferrosos deve Zn2Ca(PO4)2.2H2O. A Íons de manganês e níquel -
ser mantido entre 2 g/l e 4 quantidade deste fosfato banho tricátion
g/l (0,2% e 0,4%); na camada dependerá da Os banhos à base de fosfato
• banho lado ferro e nitrito, quantidade de íons de cál- de zinco podem ser modifica-
à base de fosfato de zinco cio presentes no banho; dos com a adição simultânea e
acelerado com nitrato, • aumenta a resistência à sais de manganês e de níquel.
com acidez total mantida corrosão; São os banhos de fosfato de
entre 20 ml e 24 ml, ope- • a camada fosfatizada tor- zinco modificados com manga-
rando entre 65ºC e 75ºC na-se mais compacta. nês e níquel. A adição destes
(para trefilação de fios e Segundo LAINER e KUDRY- dois íons metálicos determina
extrusão de tubos): o teor AVTSEV (1966, p.204), o efeito um refinamento de grão e me-
máximo de íons ferrosos benéfico do cálcio é conseguido lhora de maneira significativa a
deve ser mantido abaixo com adições de até 1,6 g/l de resistência à corrosão das cama-
de 2 g/l (0,2%); óxido de cálcio. Concentrações das fosfatizadas. No caso de fos-
• banho lado ferro e nitrito, superiores determinam a for- fatizar aço zincado, obtém-se
à base de fosfato de zinco mação de uma camada esbran- uma hopeíta modificada que
acelerado com nitrato, quiçada como conseqüência da apresenta propriedades equiva-
com acidez total mantida adsorção de hidróxido de cál- lentes às camadas de fosfofilita
entre 40 ml e 50 ml, ope- cio. A temperatura de operação no que se refere à resistência à
rando entre 40ºC e 50ºC dos banhos modificados com degradação química e térmica.
(para trefilação de fios e cálcio deve ser mantida supe- Banhos deste tipo, especial-
extrusão de tubos): o teor rior a 60ºC, preferencialmente mente desenvolvidos e conheci-
máximo de íons ferrosos entre 72ºC e 82ºC (WOODS & dos como banhos tricátion,
deve ser mantido abaixo SPRING, 1979). Além disso, podem ser utilizados para fosfa-
de 1,3 g/l (0,13%). estes banhos têm a desvanta- tizar alumínio, aço e aço zinca-
Os dois primeiros banhos gem de formar muita lama do (NARAYANAN, 1996).
trabalham praticamente sem (METAL FINISHING, 1998, p.95).
lama. Os dois últimos banhos Um outro fato, que merece Refinadores de grão
trabalham com lama, porém, ser mencionado, é a influência O refinamento de grão pode
com volume reduzido. do pré-tratamento na estrutura ser conseguido através de (WO-
das camadas fosfatizadas obti- ODS & SPRING, 1979; RAUSCH,
Íons de cálcio das com banhos à base de fosfa- 1990, p.21):
Os íons de cálcio têm um to de zinco e à base de fosfato • adição de substâncias no
efeito pronunciado no tamanho de zinco modificado: a granula- próprio no banho de fosfa-
e na forma dos cristais de fosfato ção e a espessura das camadas tização, como: íons de cál-
C & P • Março/Abril • 2008 37
cio, polifosfatos, compos- aniônicos ou não-iônicos são possível diminuir duas
tos orgânicos poliidróxi- utilizados em banhos aplicados etapas do processo de fos-
dos e glicerifosfatos, áci- por imersão. Quando o banho fatização: a de desengraxa-
dos orgânicos como o é aplicado por aspersão, surfac- mento e a de imersão em
ácido tartárico, o cítrico tantes não-iônicos com baixa solução de ácido crômico.
ou glicerofosfônico; capacidade de formar espuma Muitos banhos proprietá-
• uso de ativação no pré-tra- são utilizados. A concentração rios à base de fosfato de zinco
tamento. destes surfactantes pode variar contêm agentes tensoativos que
Os íons de cálcio são larga- de 0,1 g/l a 1,0 g/l (RAUSCH, têm a função de tornar a lama
mente utilizados. No entanto, 1990, p.126). Detergentes sin- floculenta, o que facilita a sua
os compostos orgânicos são téticos podem ser adicionados remoção. Banhos isentos deste
ainda pouco comuns, devido às com o objetivo de manter a tipo de produtos produzem
seguintes razões: lama floculenta e assim facilitar lama dura de difícil remoção
• os compostos orgânicos a sua remoção do banho (SCIS- (WOODS & SPRING, 1979).
formam complexos com LOWSKI, 1990). NAIR & SUBBAIYAN (1993)
os íons metálicos. Assim No entanto, a adição de conduziram um estudo com
sendo, a adição em excesso detergentes nos banhos de fosfa- banhos à base de fosfato de
poderá inibir totalmente a tização à base de fosfato de zinco zinco modificado com cálcio,
formação da camada fosfa- não é muito comum. NARAYA- acelerado com nitrito de sódio
tizada. Isto traz sérios pro- NAN & SUBBAIYAN (1991), estu- e operando à temperatura am-
blemas de controle do dando a influência de detergen- biente, com o objetivo de veri-
processo. Cabe lembrar tes do tipo aminas (dodecil, ficar a ação dos tensoativos à
que, quando o banho é à tetradecil, hexadecil e octadecil base de dodecil xantanatos. O
base de fosfato de metais aminas) em banhos de fosfato objetivo destes autores era o de
alcalinos ou de amônio, de zinco acelerados com nitrito aumentar a resistência à corro-
não há formação destes de sódio, verificaram que: são das camadas fosfatizadas
complexos e portanto isto • durante a formação da ca- como conseqüência da incor-
não representa restrição; mada fosfatizada, as ami- poração destes tensoativos na
• os compostos orgânicos nas adsorvem-se nas áreas camada fosfatizada. Estes auto-
reduzem o tamanho de catódicas, dificultando a res acreditavam que esta incor-
grão, porém, não aumen- reação de redução de hi- poração tornava a camada
tam o número de núcleos drogênio, diminuindo in- hidrófoba. De fato, eles consta-
ativos para a formação de diretamente a velocidade taram que havia incorporação
novos cristais de fosfato. de dissolução do metal. de tensoativo e a camada fosfa-
Conseqüentemente, as Como conseqüência, tizada apresentava desempenho
camadas fosfatizadas obti- tem-se diminuição da superior após pintura.
das a partir de banhos velocidade de crescimen-
contendo refinadores or- to da camada; Agentes seqüestrantes ou
gânicos são mais abertas • na presença destes deter- complexantes
(WOODS & SPRING, 1979). gentes, a camada formada Em muitos banhos de fosfa-
é menos porosa e mais tização podem estar presentes
Detergentes, surfactantes uniforme apresentando agentes seqüestrantes como
ou agentes tensoativos grãos mais refinados; contaminação, provenientes do
Detergentes são tradicional- • as aminas formam sobre arraste de soluções utilizadas no
mente adicionados aos banhos a superfície metálica um pré-tratamento ou da própria
de fosfatização à base de fosfato filme hidrófobo. Isto de- água utilizada (no caso dela ser
de metais alcalinos, como agen- termina diminuição da dura e por esta razão ter sido
tes que promovem a limpeza da adsorção de água e por- submetida a um tratamento
superfície metálica, permitindo tanto aumenta o seu de- químico com seqüestrantes). Se
que o banho molhe regiões sempenho no que diz res- presentes, os seqüestrantes po-
cobertas com óleos que não peito à resistência à cor- dem diminuir a velocidade de
foram removidos pelo pré-tra- rosão; formação da camada fosfatizada
tamento. Dependendo do tipo • como os detergentes têm pois complexam os íons ferro-
de detergente, até pode-se dis- ação de limpar a superfície sos ou outros íons metálicos
pensar o estágio anterior de metálica e ainda aumentar presentes no banho.
desengraxamento. Surfactantes a resistência à corrosão, é Os seqüestrantes podem,
38 C & P • Março/Abril • 2008
com tempera- • limpeza dos tanques ou Fig. 1 -
turas inferiores outros equipamentos com Dependência
a 60ºC (LORIN, ácidos contendo inibido- da massa de
1974, p. 130). res de corrosão. Por mais fosfato em
Acredita-se que se lave com água, função da
que estes poli- sempre ficarão resíduos de adição de
ácidos formam inibidores aderidos às pa- polifosfatos
complexos me- redes dos tanques ou dos num banho à
tálicos. Por equipamentos; base de fosfato
exemplo, num • utilização de produtos de zinco acele-
banho à base proprietários de composi- rado com
de fosfato de ção não-conhecida para o nitrito e apli-
zinco, comple- controle do pH dos ba- cado por
xos de zinco e nhos de fosfatização. Estes aspersão
de ferro III são produtos podem conter (LORIN, 1974,
formados. Os inibidores de corrosão. Por p.130)
também, seqüestrar contami- complexos contendo íons férri- esta razão todo produto a
nantes presentes no banho sen- cos (ferro III) são mais estáveis ser adicionado nos banhos
do neste sentido vantajosos. Por do que o dos íons ferrosos. de fosfatização deve, pri-
esta razão, muitos esforços Assim sendo, os íons ferrosos meiramente, ser testado
foram despendidos para incor- são rapidamente transformados em laboratório.
porar nos banhos de fosfatiza- em férricos os quais sofrem Além dos inibidores de cor-
ção substâncias tipo quelantes rápida complexação. Como rosão, outros compostos fun-
com o objetivo de seqüestrar conseqüência, tem-se a acelera- cionam como retardadores ou
impurezas inorgânicas e evitar a ção do processo (pois o banho inibidores da formação da ca-
formação de incrustações, no se torna mais oxidante). Além mada fosfatizada:
entanto, não se conseguiu disso, a quantidade de lama • os íons de chumbo inibem
nenhum que seqüestrasse so- formada é menor (o complexo a formação da camada de
mente os contaminantes e não de ferro III é solúvel). A adição fosfato (WOODS & SPRING,
os íons metálicos. destes complexantes no banho 1979);
Nos banhos de fosfatização determina ainda um aumento • os íons de arsênio dimi-
à base de fosfato de metais alca- da massa de fosfato. nuem a ação decapante
linos ou de amônio, os agentes inicial dos banhos de fos-
seqüestrantes são utilizados Inibidores ou retardadores fato, o que causa aumento
com sucesso, visto que os Já foi dito repetidas vezes do tempo de formação da
metais alcalinos não são seqües- que a base de formação da camada. Íons de arsênio
trados por estes compostos camada de fosfatização é o ata- podem ser provenientes
(HAMILTON, 1979). que ao substrato. A presença de do uso de ácido fosfórico
Alguns complexantes po- inibidores de corrosão, de qual- de baixa qualidade (WO-
dem ter a função de acelerar os quer natureza e concentração ODS & SPRING, 1979);
processos de fosfatização. É o nos banhos de fosfatização, vai • os íons de alumínio, quan-
caso de amino poliácidos, tais inibir o ataque ao metal e assim do presentes nos banhos
como nitrilo triacetatos e o retardar ou até inibir a forma- de fosfato de zinco em
EDTA (ácido etilenodiamino- ção da camada de fosfatização concentrações da ordem
tetraacetético). Estes produtos (SCISLOWSKI, 1991b). Assim, é de 3 mg/l, inibem a for-
podem, a princípio, ser utiliza- de fundamental importância mação da camada (RAU-
dos com qualquer tipo de que cuidados sejam tomados SCH, 1990, p.119);
banho, independente do cátion no sentido de evitar contami- • traços de Cr6+ são suficien-
metálico ou do acelerador. No nação do banho com este tipo tes para inibir a formação
entanto, nos banhos acelerados de substâncias. de camadas fosfatizadas.
com nitrito operando a tempe- Possíveis fontes de contami- Esta inibição ocorre devi-
raturas elevadas, os poliácidos nação são: do à passivação do aço
são decompostos perdendo a • arraste de decapantes con- pelo íon cromato (SCIS-
sua eficiência. Por esta razão, tendo inibidores de corro- LOWSKI, 1991b). As prin-
em banhos acelerados com são utilizados no pré-tra- cipais fontes de contami-
nitrito, aconselha-se trabalhar tamento; nação são:
C & P • Março/Abril • 2008 39
TABELA 2 objetivo de evitar grandes varia-
Efeito da adição de polifosfatos num banho à base de fosfato de ções de pH. Esta prática é espe-
zinco acelerado com nitrito (BECKF, POHLEMAN & SPOHR apud cialmente recomendada quan-
BIESTEK & WEBER, 1974, p. 173) do a água utilizada no processo
Parâmetros do banho Sem polifosfato Com polifosfato tem dureza elevada, pois águas
Consumo de fosfato de zinco concentrado 17 g/m2 13 g/m2 duras provocam maiores flutua-
Redução 24% ções de pH. Estudos realizados
Quantidade de lama 3,8 g/m2 3,0 g/m2 por GORECKI (1988) mostra-
Redução 22% ram que ácidos e sais orgânicos
podem funcionar muito bem
• operações de pós-trata- completo a formação de ca- como tamponantes para este
mento dos processos de mada, formando uma camada tipo de banhos.
fosfatização que utilizam passiva sobre a superfície do Como visto até aqui, o pro-
imersão em soluções de substrato. Por esta razão, cesso de fosfatização pode em-
ácido crômico; contami- quando se deseja usar polifos- pregar uma grande quantidade
nação de garras ou outros fatos objetivando obter cama- de compostos diferentes e, cada
dispositivos utilizados em das mais finas, cuidados de- um deles, tem sua finalidade
soluções contendo cro- vem ser tomados no sentido específica. Cabe ressaltar a im-
matos; de controlar o teor de polifos- portância do controle destes
• presença de cromatos na fosfato, o qual geralmente de- compostos para o perfeito ajus-
água de lavagem após a ve ser mantido entre 0,1 g/l a te dos banhos.
decapagem: a adição de 0,8 g/l (LORIN, 1974, P.129). Na próxima edição, todas as
cromo hexavalente na Os polifosfatos são tam- etapas envolvidas durante o
água de lavagem pode ser bém utilizados em banhos de processo de fosfatização serão
feita para evitar a corrosão metais alcalinos ou de amônio. abordadas e discutidas.
do aço decapado (isto é Neste caso, os polifosfatos po-
comum quando se usa dem ser utilizados em concen- Referências Bibliográficas
decapante forte). trações elevadas, podendo BIBIKOFF, Wladimir. 1985.
substituir de 10% a 100% do Fosfatização à base de fosfato de
Polifosfatos fosfato presente nos banhos zinco e zinco e ferro. In: Encontro
Os polifosfatos são aditivos (RAUSCH, 1990, p.126). Brasileiro de Tratamento de
específicos que quando adicio- Estes polifosfatos dimi- Superfície, 4. São Paulo, 1985,
nados aos banhos de fosfatiza- nuem a formação de lama e Anais. São Paulo : ABTS, 1985.
ção determinam diminuição diminuem a massa de fosfato o p. 275-284.
da massa de fosfato (ver Figura que pode ser requerido se as BIESTEK, T.; WEBER, J. 1974.
1) com simultânea diminuição camadas fosfatizadas forem Electrolytic and chemical conversion
da porosidade. Além disso, pintadas. coatings. 1st ed. Wydawnictwa :
eles diminuem o consumo de Apesar do efeito benéfico, Porteceilles. 432p.
produtos químicos e aumen- os polifosfatos são pouco utili- FREEMAN, D. B. 1988. Phosphating
tam o desempenho das cama- zados, muito provavelmente and metal pre-treatment. 1st ed.
das fosfatizadas. devido ao seu difícil controle. New York : Industrial Press,
A adição de polifosfatos em 229p.
banhos à base de fosfato de Tartaratos GORECKI, George. 1988. pH control
zinco acelerado com nitrito O uso de tartaratos nos of iron phosphate baths made up in
pode determinar a redução da banhos de fosfatização teve iní- hard water. Metal Finishing. v.86,
massa de fosfato em 50%, da cio na década de 50. Os tarta- n.12, p.15-16, Dec.
quantidade de produtos quí- ratos diminuem a massa de fos- HAMILTON, A. J. 1979. Iron phos-
micos em 24% e da quantida- fato e favorecem a obtenção de phate spray systems. Plating and
de de lama em 22%, fato ilus- cristais finos e camadas unifor- Surface Finishing. v.66, n.8, p. 28-
trado na Tabela 2. mes (LORIN, 1974, p. 130). 34, Aug.
No caso dos banhos à base KUEHNER, M. A. 1985. Phosphate
de fosfatos metálicos bivalen- Agentes tamponantes conversion coatings. Metal
tes, a adição dos polifosfatos Aos banhos à base de fosfa- Finishing. v.83, n.8, p. 15-18,
inibe a nucleação e crescimen- tos de metais alcalinos ou de Aug.
to de cristais. Um excesso de amônio podem ser adicionados LAINER, V. I.; KUDRYAVTSEV.
polifosfatos poderá inibir por agentes tamponantes com o 1966. Fundamentals of electropla-

40 C & P • Março/Abril • 2008


ting. 3.ed. Jerusalem : Israel RAUSCH, W., 1990. The phosphating
Program for Scientific Translation, of metals. 1st.ed. Great Britain : Zehbour Panossian
Part II. p. 199-211. Redwood Press, 416p. Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
LORIN, G. 1974. Phosphating of SCISLOWSKI, Stan. 1990. Paulo – IPT. Laboratório de Corrosão e
metals. Great-Britain : Finishing Phosphating Part I - formulation of Proteção – LCP. Doutora em Ciências
Publications. 222p. phosphating chemicals and how (Fisico-Química) pela USP.
METALS HANDBOOK. 1987. 9 ed. they work. Metal Finishing, v.88, Responsável pelo LCP.
Metals Park: ASM, 17v. v.5 : sur- n.12, p. 39-40, Dec. Célia A. L. dos Santos
face cleaning, finishing and coa- SCISLOWSKI, Stan. 1991b. Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
ting. 715p. Phosphating Part III - retardants, Paulo – IPT. Laboratório de Corrosão e
NAIR, Usha B.; SUBBAIYAN, M. accelerators and corrosion. Metal Proteção – LCP. Doutora em Química
1993. 1-dodecyl xanthate as a phos- Finishing, v.89, n.2, p. 62-63, (Fisico-Química) pela USP.
phating additive: aspects of che- Feb. Pesquisadora do LCP.
mistry and corrosion protection. WOODS, Kevin; SPRING, Samuel.
Plating and Surface Finishing, 1979. Zinc Phosphating. Metal Contato com as autoras:
v.80, n.1, p.66-71, Jan. Finishing. v.77, n.4, p. 56-60, zep@ipt.br / clsantos@ipt.br
NARAYANAN, Sankara; SUBBAI- Apr.a fax: (11) 3767-4036
YAN, M. 1991. Influence of deter-
gent type amines on phosphate coa-
tings. Metal Finishing v.89, n.9,
p.39-43, Sept.
NARAYANAN, Sankara. 1996.
Influence of various factors on phos-
phatability - an overview. Metal
finishing. v.94, n.6, p.86-90, June.

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Artigos Técnicos

Fosfatização de Metais Ferrosos


Parte 13 – Os estágios de um
processo de fosfatização
Neste artigo serão discutidos os estágios envolvidos em um processo de fosfatização, bem como os
cuidados necessários para a execução de cada etapa.

ara a obtenção de qual- de fabricação; • pós-tratamento para con-


quer camada de fosfato é • limpeza (limpeza mecâni- formação: consiste na apli-
incontestável a necessida- ca, desengraxamento e/ou cação de algum produto
de de um substrato com a super- decapagem): consiste em para auxiliar nas operações
fície perfeitamente limpa, livre de retirar da superfície a ser de conformação, tais como
quaisquer impurezas como óxi- fosfatizada quaisquer resí- sabão, bórax; Por Zehbour
dos, óleos, graxas ou partículas duos que possam interferir • lavagem com água deioni- Panossian
sólidas. Materiais estranhos pre- na qualidade da camada zada: usado para a retirada
sentes na superfície do substrato fosfatizada; de qualquer resíduo de pro-
podem agir como barreira e ini- • condicionamento ou refi- duto químico que possa
bir a formação dos cristais de fos- namento de grão: consiste interferir no desempenho
fato ou podem servir como locais em um tratamento para pro- de tintas aplicadas sobre
preferenciais para nucleação e mover refinamento de grão; camadas fosfatizadas;
crescimento dos cristais de fosfa- • fosfatização: consiste no es- • secagem: consiste em secar Por Célia A. L.
to. Nos dois casos, as camadas ob- tágio de formação da cama- a peça fosfatizada em estufa dos Santos
tidas serão não-uniformes e apre- da fosfatizada. Não existem ou ventilação forçada;
sentarão mau desempenho (Met- parâmetros fixos para este • desidrogenação: consiste
als Handbook, 1987, p.439). estágio, visto que se tem dis- em tratamento térmico para
Assim, as superfícies metálicas ponível no mercado uma eliminação do hidrogênio
são submetidas a um pré-trata- quantidade muito grande absorvido durante o proces-
mento de limpeza antes da fosfa- de formulações, cada qual so de fosfatização;
tização. No entanto, deve-se com as suas condições de • tratamento suplementar:
escolher criteriosamente o tipo de operação específicas. Como consiste na aplicação de al-
pré-tratamento para uma deter- regra geral, deve-se seguir gum produto para conferir
minada aplicação, pois as caracte- rigorosamente todas as ins- uma propriedade específi-
rísticas de uma camada de fosfato truções do fornecedor do ca, tais como: resistência à
dependem fortemente de como a banho, atentando-se aos corrosão, lubrificação, sela-
superfície do item em processo valores de temperatura do gem. Nesta categoria estão
de fosfatização foi preparada. banho, tempo de fosfatiza- incluídos: óleos, graxas, ce-
Uma vez fosfatizada, as super- ção e a composição; ras, tintas e vernizes.
fícies metálicas devem ser subme- • pós-tratamento de selagem Os estágios anteriores à fos-
tidas a um pós-tratamento. Exis- ou passivação: consiste na fatização, propriamente dita,
tem várias opções de pós-trata- imersão da peça fosfatizada têm por objetivo limpar a super-
mento e a escolha de um ou de em solução aquosa de fície do substrato sobre o qual
outro vai depender fundamental- algum composto inorgâni- será aplicada camada fosfatiza-
mente do uso final do produto co, dentre os quais se citam: da. A presença de qualquer resí-
processado. compostos de cromo hexa duo de óleo ou graxa ou ainda a
A seqüência mais completa ou trivalente, silicatos, fos- presença de qualquer partícula
de um tratamento de fosfatiza- fatos, boratos, nitritos, mo- como poeira ou produtos de
ção consiste basicamente dos se- libdatos, cloreto estanoso. corrosão pode interferir de
guintes estágios: Aplica-se quando a camada maneira significativa na quali-
• alívio de tensões: consiste fosfatizada destina-se a ofe- dade da camada fosfatizada. Os
em um tratamento térmi- recer resistência à corrosão, estágios posteriores à fosfatiza-
co destinado a aliviar as portanto quando a mesma ção têm por objetivo conferir
tensões de tração residuais for utilizada com óleos, gra- alguma propriedade adicional às
provenientes do processo xas, ceras, tintas e vernizes; camadas fosfatizadas.
C & P • Maio/Junho • 2008 23
Entre os diferentes estágios, é inevitável o aparecimento de mento e de decapagem são
feita lavagem com água com o pontos de corrosão. feitas com soluções pouco
objetivo de retirar da superfície Além disso, deve-se evitar agressivas.
do metal resíduos da solução molhar as superfícies dos itens já Dependendo da finalidade
anterior e evitar a contaminação fosfatizadas e secas prontas para da camada fosfatizada (pintura,
da solução subseqüente. As lava- receber o tratamento suplemen- proteção contra corrosão, con-
gens devem ser feitas com cuida- tar. Isto porque a presença de formação mecânica ou resistên-
dos intensificados se no item, em água na superfície da camada cia à abrasão) os estágios poste-
processo de fosfatização, existi- fosfatizada sem tratamento su- riores à fosfatização podem so-
rem frestas, pois estas são locais plementar determinará a corro- frer variações. Por exemplo, po-
de difícil limpeza. são imediata do substrato de aço de-se dispensar a passivação nos
É importante ressaltar que a através dos poros da camada fos- casos em que o produto fosfati-
passagem de um estágio para fatizada. Neste sentido, é impor- zado se destina à resistência à
outro deve ser feita rapidamente, tante salientar que o tempo de- abrasão ou à conformação. Em
de modo a evitar a secagem da corrido entre a secagem final outras situações pode-se dispen-
superfície dos itens em processo (após fosfatização) e a aplicação sar a secagem, como no caso do
de fosfatização (BS 3189, 1973). do tratamento suplementar deve produto utilizado no tratamento
Se isto ocorrer, resíduos de um ser o menor possível. No caso de suplementar for solúvel em água.
determinado estágio podem ficar aplicação de tintas ou vernizes, às Deve-se citar ainda que exis-
incrustados e não serem removi- vezes pode ser necessário um tem processos com número
dos em lavagens posteriores. intervalo de tempo maior. Caso muito reduzido de estágios. Os
Caso ocorra algum tipo de pro- isto seja necessário, o local de banhos a base de fosfato de
blema, por exemplo, queda de armazenamento deve ser limpo e metais alcalinos podem operar
energia, recomenda-se o retorno seco. O tratamento de passiva- com 3 a 6 estágios. Já os banhos
no estágio inicial do processo. ção, nestes casos, pode evitar a a base de fosfato de zinco podem
Isto é especialmente importante corrosão prematura, porém, a operar com até 12 estágios.
para os processos de fosfatização condição de armazenamento e a Existem também os proces-
destinados à obtenção de cama- redução do tempo de espera sos de fosfatização orgânica que
das fosfatizadas para serem usa- devem ser priorizados. Em últi- são aplicados em um único está-
das como base de pintura. mo caso, pode-se utilizar um gio: a própria solução de fosfati-
Cuidados devem ser toma- protetivo temporário compatível zação limpa, fosfatiza e sela
dos no sentido de evitar a conta- com a tinta ou verniz a ser utili- (guidetti & vercesi, 1997).
minação da superfície dos itens zado (BS 3189, 1973). O fluxograma apresentado
em processo de fosfatização, por Dependendo do tipo e do es- na figura 1 esquematiza os possí-
exemplo, deve-se evitar: tado da superfície do metal a ser veis estágios de um processo de
• manusear os itens, entre os fosfatizado, nos estágios que ante- fosfatização.
diferentes estágios, sem cedem a fosfatização, pode-se: A execução cuidadosa de to-
proteção com luvas; • utilizar soluções de diferen- dos os estágios envolvidos no
• contaminar a superfície tes formulações e agressivi- processo de fosfatização garante
com respingos de qualquer dade; a obtenção de camadas fosfatiza-
substância química; • omitir algum estágio, co- das de boa qualidade, porém,
• a deposição de material mo, por exemplo, a deca- um cuidado específico deve ser
particulado de qualquer pagem quando se quer tra- tomado, trata-se da água empre-
natureza. tar substratos que não apre- gada no preparo das soluções e
Camadas fosfatizadas não de- sentam nenhum tipo de durante as etapas de lavagem.
vem permanecer sem o trata- oxidação; Na próxima edição, o tema
mento suplementar, pois não • combinar estágios, como a qualidade da água empregada
possuem resistência à corrosão limpeza com ativação ou em um processo de fosfatização
intrínseca. Camadas finas, infe- limpeza com a fosfatização será abordado e discutido.
riores a 5 g/m2, podem permane- (somente nos casos de ba-
cer sem tratamento suplementar nhos a base de fosfato de Referências bibliográficas
somente até 24 h em ambientes metais alcalinos ou de BS 3189 : 1973: Specification for phos-
secos. Camadas mais espessas amônio); phate treatment of iron and steel.
podem suportar até 7 dias tam- • omitir o condicionamen- London: British Standards
bém em ambiente seco. Se arma- to, quando por exemplo, Institution, 1973, 10p.BS 3189,
zenadas em ambientes úmidos, é as etapas de desengraxa- 1973.

24 C & P • Maio/Junho • 2008


produto a ser fosfatizado

alívio de tensões

desengraxe com desengraxe alcalino


solvente orgânico

lavagem com água


limpeza mecânica

decapagem ácida
desengraxe com solvente
orgânico
lavagem com água

ativação

fosfatização

lavagem

pós-tratamento

lavagem com água


deionizada

secagem

desidrogenização

produto acabado pode receber o tratamento suplementar desejado (óleos,


graxas, óleos desaguantes, tintas, vernizes, lubrificante e outros.

Figura 1. Estágios do processo de fosfatização

GUIDETTI, Gianluigi; VERCESI,


Gilberto. 1997. Tecnologia para Zehbour Panossian
preparação de superfícies metálicas Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
antes da pintura. In: INTERFI- Paulo – IPT. Laboratório de Corrosão e
NISH LATINO AMERICANO, Proteção – LCP. Doutora em Ciências
EBRATS 97, 1997. São Paulo. (Fisico-Química) pela USP.
Proceedings… São Paulo : ABTS, Responsável pelo LCP.
1997 (Fosfatização orgânica, a fos- Célia A. L. dos Santos
fatização do 3º milênio) (CD). Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
METALS handbook. 1987. 9 ed. Paulo – IPT. Laboratório de Corrosão e
Metals Park : ASM, 17v. v.5 : sur- Proteção – LCP. Doutora em Química
face cleaning, finishing and coating. (Fisico-Química) pela USP.
p.439. Pesquisadora do LCP.

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Artigos Técnicos

Fosfatização de Metais Ferrosos


Parte 14 – A qualidade da água
nas etapas de lavagem
Este artigo abordará a importância da qualidade da água
durante as etapas de lavagem de um processo de fosfatização

egundo Rausch (1990, vem-se à alta dureza, aos altos químicos utilizados. Além dos
p.231), para o preparo teores de íons de ferro, aos altos fatores mencionados, alta dure-
do desengraxante, do teores de cloretos e/ou sulfatos za e alta alcalinidade determi-
decapante, do banho de fosfa- e a altas concentrações de sóli- nam a formação de depósitos
tização e de outras soluções dos dissolvidos. Este autor a- sobre as paredes dos aquecedo-
Por Zehbour utilizadas nos processos de fos- presenta os limites para estes res e de outros componentes.
Panossian fatização, a água de abasteci- parâmetros os quais estão trans- Nos casos em que a água
mento público pode ser utili- critos na tabela 1. disponível conter teores acima
zada desde que os teores de só- Os cloretos e sulfatos são dos citados na tabela 1, reco-
lidos dissolvidos não ultrapas- considerados prejudiciais, pois, menda-se fazer um estudo cus-
sem o valor de 300 mg/l. se permanecerem sobre cama- to/benefício juntamente com os
Mesmo assim, poderão ocorrer das fosfatizadas, constituem-se fornecedores de matérias-pri-
problemas se a evaporação em fatores que aceleram a cor- mas do processo de fosfatiza-
Por Célia A. L. destas soluções for muito ele- rosão. ção. Deve-se considerar tam-
dos Santos vada. Nestas condições, a re- Dureza elevada é prejudi- bém a possibilidade de subme-
posição freqüente de água po- cial, pois os fosfatos primários ter a água a um tratamento quí-
derá determinar a concentra- presentes no banho de fosfatiza- mico adequado. Caso a opção
ção de substâncias presentes ção reagem com os íons de cál- seja pelo uso da água sem trata-
na água como íons de cálcio, cio e magnésio formando fosfa- mento, a água utilizada no está-
sulfatos e cloretos. O nível de tos destes íons. Dureza elevada gio de passivação e na lavagem
tolerância destas substâncias tende a elevar o pH dos banhos final deve ser necessariamente
nas diferentes soluções não de fosfatização (GORECKI, 1988). água deionizada.
pode ser preestabelecida, pois Se a alcalinidade da água é mui-
depende fortemente da com- to elevada, pode-se ter altera- Lavagem com água
posição destas soluções a qual ções de pH das diferentes solu- Num processo de fosfatiza-
difere de maneira significativa ções utilizadas nos processos de ção a lavagem é realizada nos
de fornecedor para fornecedor. fosfatização. Por exemplo, nos estágios indicados a seguir:
Assim sendo, tais níveis devem banhos de fosfatização propria- • desengraxe;
• lavagem;
TABELA 1 – VALORES ABSOLUTOS MÁXIMOS RECOMENDADOS PARA A ÁGUA • decapagem;
UTILIZADA NA PREPARAÇÃO DE SOLUÇÕES DE PROCESSOS DE FOSFATIZAÇÃO • lavagem;
SEGUNDO PHILLIPS (1990) • condicionamento;
Parâmetro Limite máximo recomendado • fosfatização;
• lavagem;
Dureza 340 ppm • passivação;
Alcalinidade total 200 ppm • lavagem final com água
Cloretos e sulfatos 100 ppm deionizada.
Íons de ferro e cloretos 25 ppm Conforme já citado, a lava-
Sólidos dissolvidos 400 ppm gem entre os diferentes estágios
de um processo de fosfatização
ser prescritos pelo fornecedor mente dito, poderá diminuir a tem por objetivo retirar da super-
do processo de fosfatização. acidez livre. Os fatos citados fície do metal resíduos da solu-
Segundo Phillips (1990), as têm como conseqüência difi- ção anterior e evitar a contami-
maiores fontes de problemas cultar o controle do processo nação da solução subseqüente.
provenientes da água utilizada como um todo além de aumen- A lavagem é normalmente
nas plantas de fosfatização de- tar o consumo dos produtos feita por imersão em um tan-
16 C & P • Julho/Agosto • 2008
que em que é mantido um flu- lavagem por imersão com a la- diácido. Neste caso, os resí-
xo de água contínuo através da vagem por aspersão. Por exem- duos do banho que porven-
adição de água limpa e descar- plo, a instalação de jatos de tura ficam na superfície do
te da água servida. Durante a água em fluxo contínuo para a produto em fosfatização
imersão, recomenda-se que reposição da água que sai do não serão agressivos não se
algum tipo de agitação (mecâ- segundo tanque de lavagem necessitando de uma lava-
nica, a ar ou por bombeamen- por imersão melhora em de- gem muito rigorosa, po-
to contínuo da água) seja masia a eficiência de lavagem dendo inclusive a lavagem
mantida para melhorar a efi- pois a última água que entra após a imersão no banho de
ciência da lavagem. em contato com o item pro- fosfato ser dispensada. Por
A eficiência de lavagem cessado é limpa (ver figura 1). outro lado, se o banho con-
melhora de maneira significa- O rigor da lavagem é fun- tiver aceleradores, o que é
tiva se for feita em múltiplos ção de muitos fatores, citando- mais comum nos processos
estágios: um mesmo volume se geometria da peça, compo- atuais, a lavagem após a
de água distribuído em dois sição das soluções usadas no fosfatização deve ser rigoro-
ou três tanques em contracor- processo e aplicação do produ- sa e garantir a remoção da
rente acarreta numa melhor to fosfatizado. superfície do produto em
limpeza do que o mesmo vo- Por exemplo: fosfatização de todo e qual-
lume concentrado num único • se o desengraxante for uma quer resíduo proveniente
tanque. Isto é ilustrado na fi- solução alcalina forte, uma do banho de fosfatização.
gura 1. Uma economia consi- lavagem inadequada poderá O rigor desta lavagem de-
derável de consumo de água acelerar a elevação do pH da penderá também do tipo de
pode ser alcançada se a água solução decapante; acelerador. Por exemplo, se
de lavagem que antecede um • se nas soluções utilizadas o banho é acelerado com
determinado estágio do pro- nos estágios que antecedem clorato o rigor deve ser
cesso for utilizada para com- a fosfatização, propriamen- maior, pois resíduos de clo-
pensar as perdas por evapora- te dita, estiverem presentes reto podem permanecer so-
ção da solução que o antecede. substâncias capazes de ini- bre a superfície fosfatizada
• Lavagem por aspersão tam- bir a formação da camada o que aumenta em demasia
bém pode ser utilizada, de- fosfatizada, a lavagem ina- a probabilidade de ocorrên-
pendendo do produto pro- dequada poderá arrastar es- cia de corrosão do item
cessado ou se o processo co- tas substâncias até o banho acabado;
mo um todo é feito por de fosfatização interferindo • se não existir o estágio de
condicionamento e as peças
passarem diretamente da
decapagem para o banho
de fosfatização, o rigor da
lavagem entre a decapagem
Usar como água e o banho deve ser elevada,
de reposição pois os resíduos do ácido
arrastado da decapagem pa-
ra o banho de fosfatização
Primeira lavagem Segunda lavagem
podem determinar o au-
mento da acidez livre do
banho o que determinará o
ataque excessivo do subs-
Figura 1 – Lavagem em múltiplo estágio e em contra corrente. trato. Se o arraste for eleva-
do, poder-se-á ter a dete-
aspersão. Por exemplo, pro- na formação da camada rioração definitiva do ba-
dutos de geometria comple- fosfatizada. Um exemplo nho necessitando o seu des-
xa não são adequados, pois a típico é uso de inibidores na carte (JAMES, 1961);
lavagem com aspersão não solução de decapagem ácida: • se a camada fosfatizada é
garante a remoção do ba- • se o processo é um “fosfato destinada para servir como
nho arrastado em frestas ou não-acelerado” significa que base de pintura, após o es-
pequenos canais. na solução fosfatizante tem tágio de selagem ou passi-
Muitas vezes, associa-se a ácido fosfórico e um fosfato vação, deve-se fazer uma la-
C & P • Julho/Agosto • 2008 17
vagem final com água deio- sa em ml de NaOH 0,1 N) Biestek & Weber (1976, p.174)
nizada, visto que qualquer requerida para neutralizar não citam o uso de água deioni-
resíduo presente na camada 50 ml da água de lavagem zada mas recomendam o uso de
fosfatizada pode causar ultrapassar 1,0 ml”; água suficientemente limpa de
empolamento. • a norma TT-C-490D de modo a evitar o empolamento
Na literatura, é raro encon- 1993 apresenta uma suges- da tinta apresentando, para a
trar citações de como contro- tão para garantir a eficiên- água de lavagem final, os se-
lar a água de lavagem, sendo cia da lavagem após o está- guintes limites:
isto fortemente dependente da gio do desengraxe alcalino, ‹ cloretos + sulfatos: máxi-
perícia e do zelo dos operado- a saber: “a alcalinidade da mo de 70 ppm;
res das plantas de fosfatização. água de lavagem após o ‹ alcalinidade em CaCO3:
Por exemplo, o operador quan- desengraxante alcalino não máximo de 200 ppm;
do percebe que as peças fosfa- deve ultrapassar o valor 0,5 ‹ cloretos + sulfatos +
tizadas começam a apresentar (expressa em ml de HCl alcalinidade em CaCO3
alguma anormalidade, como 0,1 N) requerida para neu- não devem exceder a
manchas ou corrosão prema- tralizar 10 ml da água de 225 ppm.
tura, e verifica que tais anor- lavagem”; Outro fator citado, na lite-
malidades ocorrem quando • a norma TT-C-490D de ratura, que merece ser discuti-
um determinado estágio de 1993 apresenta, também, do é a temperatura da água de
lavagem é deficiente, pode a- uma sugestão similar para lavagem. Após os estágios de
dotar algum critério de me- garantir a eficiência da la- desengraxamento e de decapa-
lhor controlar esta lavagem. vagem após o estágio da gem, pode-se utilizar água
Pode, por exemplo, trocar a decapagem ácida, a saber: quente (71ºC a 82ºC). Esta
água de lavagem ou aumentar “a acidez da água de lava- prática tem como objetivo
a vazão da água de lavagem ao gem após o decapagem áci- auxiliar o processo de limpeza
primeiro sinal de uma deter- da não deve ultrapassar o e facilitar a remoção de resí-
minada anormalidade. valor 0,5 (expressa em ml duos de desengraxante ou do
Em muitos trabalhos (MIL de NaOH 0,1 N) requeri- decapante (Metals Handbook,
DOD - P -16232F, 1978; RAU - da para neutralizar 10 ml 1987, p.439). Apesar das van-
SCH, 1990, p.282) é recomen- da água de lavagem”; tagens citadas, na prática é
dado o controle da água de la- • Metals Handbook (1982) mais comum lavagem com
vagem com condutivímetros. recomenda, para o caso em água fria nos estágios que pre-
No entanto, não são citados que não se tem o estágio de cedem a fosfatização propria-
quais são os valores limites a- ativação, que o pH da água mente dita.
ceitáveis. Rausch (1990, p. de lavagem que antecede a Alguns autores (RAUSCH ,
281) cita que a água de abaste- fosfatização propriamente 1990, p. 148) recomendam la-
cimento público é perfeita- dita seja mantida entre 7,5 a vagem com água quente antes
mente adequada para ser utili- 9,0 para evitar a amarela- da introdução da peça a ser
zada entre os diferentes está- mento do aço após a deca- fosfatizada no banho de fosfa-
gios do processo de fosfatiza- pagem devido à corrosão; tização com o objetivo de prea-
ção sem apresentar limites ou • para a última lavagem de ca- quecer a peça, minimizando,
parâmetros de controle. madas fosfatizadas usadas assim, o abaixamento da tem-
Somente poucos trabalhos como base para pintura, peratura do banho de fosfatiza-
apresentam recomendações com RAUSCH (1990, p.281) reco- ção. Isto é particularmente ade-
limites numéricos. Tais trabalhos menda uso de água deioni- quado para banhos que operam
estão a seguir resumidamente zada com controle da con- a altas temperaturas. A lava-
apresentados: dutividade desta água apre- gem com água quente, neste
• a norma BS 3189 de 1973 sentando limites a saber: caso, é feita por imersão du-
apresenta uma sugestão pa- ‹ 20 µS.cm (à temperatura rante 0,5 min a 2 min em água
ra garantir a eficiência da ambiente) para a alimen- mantida à temperatura varian-
lavagem após o estágio da tação do sistema de lava- do de 50ºC a 90ºC.
fosfatização propriamente gem; Muitos são os processos de
dita, a saber: “descartar a á- ‹ 50 µS.cm (à temperatura fosfatização que recomendam
gua de lavagem após o ba- ambiente) para a água que a lavagem após a fosfatização
nho de fosfatização quando após a lavagem da peça. seja feita primeiramente com
a acidez desta água (expres- Para esta mesma finalidade, água fria seguida de lavagem
20 C & P • Julho/Agosto • 2008
com água quente. Outros reco- por objetivo: Menke (1991) em seu tra-
mendam lavagem só com água • interromper as reações de balho também chama atenção
fria e outros nada mencionam formação da camada fosfati- sobre o conceito de água fria e
sobre a temperatura da água. zada (lembrar que as cons- água quente. Segundo este au-
Menke (1991) fez uma aná- tantes de equilíbrio das rea- tor, a água de lavagem é consi-
lise crítica de 11 normas refe- ções responsáveis pela for- derada fria quando a tempera-
rentes a processos de fosfatiza- mação das camadas fosfati- tura não ultrapassar 32ºC.
ção e verificou que somente 5 zadas aumentam de maneira Menke ressalta que muitas ve-
das 10 normas analisadas reco- significativa com o aumento zes se considera que a lavagem é
mendam lavagem com água da temperatura); feita em água fria baseado no
fria. Segundo este autor, a la- • retirar todo e qualquer resí- fato de que não se usam aque-
vagem com água fria após a duo proveniente dos banhos cedores. Durante um inverno
fosfatização não é casual mas de fosfatização; rigoroso, em países tempera-
está relacionada com a deposi- • diminuir o arraste do banho dos, em que a temperatura da
ção de resíduos insolúveis so- de fosfatização para o tan- água fica normalmente abaixo
bre a camada: a grande maio- que de passivação, o que po- de 10ºC, esta concepção é ver-
ria dos produtos utilizados nos de determinar desbalancea- dadeira. Porém nos países tro-
banhos de fosfatização apre- mento da solução passivante picais, a água de lavagem pode-
senta diminuição da “solubili- ou ainda provocar danos na rá alcançar facilmente valores
dade” com o aumento da tem- pintura se compostos prove- de temperatura acima de 32ºC,
peratura, o que significa que é nientes do banhos de fosfa- especialmente quando a água
mais “solúvel” em água fria. tização permanecerem sobre de lavagem é captada de poços,
Assim sendo, uma lavagem a superfície fosfatizada. ou de reservatórios expostos ao
com água fria é mais eficiente Cabe explicar a razão da a- sol e/ou quando grandes peças
pois a água fria “solubiliza” doção da lavagem com água são processadas. Nestes casos,
com mais facilidade qualquer quente após a fosfatização: o poderá ser necessária até um
resíduo arrastado do banho de objetivo desta lavagem é favo- sistema de resfriamento da água
fosfatização1. Se resíduos fica- recer a secagem dos produtos de lavagem.
rem retidos na superfície do fosfatizados (WOODS & SPRING, Para aumentar a eficiência
produto fosfatizado, ter-se-á 1979) visto que a presença de de lavagem com água fria, é co-
(Metals Handbook, 1987, água na superfície de peças fos- mum recomendar que a trans-
p.442; MENKE, 1991): fatizadas pode determinar o ferência da peça do banho de
• diminuição de desempenho aparecimento de corrosão do fosfatização para o tanque de
da camada fosfatizada no substrato de aço nos poros da lavagem seja o mais rápido pos-
que se refere à resistência à camada fosfatizada. sível para evitar a secagem da
corrosão; Muitas vezes, a lavagem superfície das peças. Este fato é
• obtenção de camadas fosfati- com água quente é feita adi- especialmente importante para
zadas ásperas; cionando-se pequenas quanti- peças grandes e para banhos de
• embranquecimento da ca- dades de compostos de cromo fosfatização que operam a altas
mada fosfatizada; hexavalente, constituindo-se temperaturas. A ação prejudi-
• formação de bolhas sob ca- no estágio de selagem ou pas- cial da secagem consiste no fato
madas de tintas. sivação. da formação de resíduos bran-
A lavagem apenas em água A prática, muitas vezes ado- cos sobre a superfície fosfatiza-
quente poderá não retirar tais tada, em reduzir a vazão da da. Estes resíduos nada mais
resíduos. Neste sentido, é co- água de lavagem pode acarretar, são que os produtos de arraste
mum observar produtos bran- além de aumento da concentra- dos banhos.
cos em peças fosfatizadas lava- ção dos produtos de arraste, o Pelo exposto, pode-se con-
das somente com água quente. aumento da temperatura e con- cluir que o procedimento mais
Scislowski (1989) relata que seqüente diminuição da efi- adequado para lavagem das
a lavagem com água fria tem ciência da lavagem. peças após o processo de fosfa-
tização propriamente dita é
primeiro em água fria (para re-
1. Na realidade não se trata de solubilidade no sentido real da palavra, tirada dos resíduos provenien-
mas sim da transformação dos fosfatos diácidos (solúveis) em fosfatos tes da fosfatização) e depois
monoácidos ou neutros (insolúveis). O aumento da temperatura com água quente (para acele-
favorece esta transformação. rar a secagem).
C & P • Julho/Agosto • 2008 21
Artigos Técnicos

Fosfatização de Metais Ferrosos


Parte 15 – Alívio de tensões e
desengraxe
Neste artigo, o foco será o alívio de tensões e o desengraxe das peças
antes do processo de fosfatização

tratamento de alívio de As condições de temperatura mecânicas do item. Por exem-


tensões é realizado para e tempo do tratamento de alívio plo, esta temperatura não po-
evitar que produtos em de tensões dependerá também da de ser superior à de reveni-
processo de fosfatização sofram história metalúrgica do item a ser mento e nem à de envelheci-
trincamento ou ruptura devido à fosfatizado. As normas ISO mento. Esta temperatura de-
Por Zehbour incorporação de hidrogênio. De 9717 (1990) e BS 3189 (1991) ve ser, ainda, abaixo de qual-
Panossian fato, durante o processo de fosfa- recomendam: quer temperatura que possa
tização são vários os estágios que • para aços submetidos à con- causar algum tipo de fragiliza-
apresentam grande potencial de formação severa: manter os ção do material. No entanto,
causar a penetração de hidrogê- produtos a serem fosfatiza- esta temperatura nunca pode
nio atômico para o interior das dos durante 30 minutos à ser inferior a 200ºC. O tem-
peças, citando-se a decapagem e máxima temperatura que o po de tratamento dependerá
a fosfatização propriamente dita. material pode ser aquecido da temperatura adotada, não
Por Célia A. L. Assim se o nível de tensões de sem afetar a resistência do podendo ser inferior a:
dos Santos tração residuais for muito eleva- material; ‹ 18 h se a temperatura for de
do, o trincamento, devido à • para aços com limite de resis- 200ºC;
incorporação de hidrogênio atô- tência entre 1000 N/mm2 e ‹ 6 h se a temperatura for
mico, poderá ocorrer durante o 1400 N/mm2 e que foram 250ºC;
processo de fosfatização. submetidos à deformação ‹ 2 h se a temperatura for de
A necessidade de um trata- após o revenimento: manter 300ºC;
mento térmico de alívio de ten- o item a temperatura entre ‹ 1 h se a temperatura for
sões é governada pela história 130ºC e 230ºC por, no míni- maior ou igual a 400ºC;
metalúrgica do item a ser fosfati- mo, 1 h ou manter a uma • para aços com limite de resis-
zado. Por exemplo, se um produ- temperatura ligeiramente in- tência superior a 1400 N/mm2
to foi recozido, normalizado ou ferior a de revenimento du- associado a algum tipo de
foi submetido a um tratamento rante 5 min a 30 min. Se o tratamento mecânico de in-
térmico de revenimento (neste item a ser fosfatizado foi sub- dução de tensão de compres-
caso após uma têmpera) dispen- metido a um tratamento de são superficial: é recomendá-
sa-se este tratamento. No entan- indução de tensões de com- vel que o tratamento térmico
to, se o item a ser fosfatizado foi pressão superficial (por exem- de alívio de tensões seja efe-
submetido a um tratamento tér- plo martelamento com esfe- tuado antes de tratamento
mico de têmpera sem reveni- ras (shot peening), a tempera- mecânico de indução de ten-
mento, ou se foi submetido a tra- tura durante o tratamento de são de compressão superficial.
balho de conformação, e portan- alívio de tensões não pode ul- Em caso da necessidade de se
to apresentar tensões residuais de trapassar 130ºC; efetuar primeiramente o tra-
tração, o alívio de tensões faz-se • para aços com limite de resis- tamento mecânico por toda a
necessário para evitar problemas tência superior a 1400 N/mm2 superfície do item, dispensa-
de corrosão sob tensão ou danifi- não-submetidos a nenhum se o tratamento térmico de
cação por hidrogênio ou falhas tratamento de indução de alívio de tensão. No entanto,
por fadiga durante o processo de tensão de compressão super- se o tratamento mecânico for
fosfatização. ficial: o tratamento padrão efetuado apenas em parte da
Recomenda-se que o trata- consiste em aquecer o item à superfície do item considera-
mento de alívio de tensões seja máxima temperatura possível. do, pode-se efetuar o trata-
efetuado após a limpeza ade- O limite da temperatura é mento de alívio de tensão
quada da superfície do item governado pelas modificações posterior ao tratamento me-
considerado. estruturais e de propriedades cânico, devendo neste caso
20 C & P • Setembro/Outubro • 2008
adotar uma temperatura na po de óleo ou graxa, sua superfí- Pigmentos presentes em al-
faixa de 200ºC a 230ºC. cie estará isolada do meio, não guns tipos de óleos podem tam-
Cabe lembrar que, além da podendo ocorrer a formação de bém trazer problemas como é o
história metalúrgica do produ- qualquer produto de corrosão. caso da adição de talco em óleos
to a ser fosfatizado, a necessida- Assim, se algum tipo de óleo ou de estampagem: desengraxantes
de de um tratamento de alívio graxa estiver presente na superfí- comuns podem retirar o óleo,
de tensões também é função de cie de um metal, este estará em mas não o talco. Experiências
outros parâmetros, a saber contato direto com o metal ou mostraram que aumentando a
(menke, 1991): estará sobre algum produto de concentração dos desengraxantes
• da severidade da decapagem. corrosão. e diminuindo a temperatura
Se a decapagem for realizada Basicamente dois tipos de (abaixo de 71ºC) é possível a
em ácidos diluídos e o tem- desengraxantes são utilizados na remoção do óleo e do talco (Me-
po de decapagem for muito indústria de tratamento de su- tals Handbook, 1987, p.439).
curto, a incorporação de hi- perfície: Este é um exemplo que inclusive
drogênio é minimizada po- • solventes orgânicos; contraria o seguinte conceito:
dendo não se tornar necessá- • desengraxantes alcalinos. quanto mais concentrado e mai-
rio um tratamento de alívio A escolha entre estes dois ti- or a temperatura maior é a efi-
de tensões; pos deve levar em consideração o ciência de um desengraxante al-
• tipo de banho de fosfatização tipo de óleos ou graxas existente calino.
utilizado: banhos com acidez na superfície do item a ser pro-
livre baixa e curtos tempos de cessado. Atualmente, a grande Desengraxantes alcalinos
fosfatização diminuem a pro- maioria dos metais utilizados na Sem dúvida nenhuma, os de-
babilidade de incorporação indústria é coberta por um filme sengraxantes alcalinos são mais
de hidrogênio atômico. de óleo para conferir proteção utilizados nas plantas de fosfati-
contra corrosão durante armaze- zação, devido ao menor custo,
Desengraxamento namento e transporte. Outro ti- maior eficiência e condições
O desengraxamento é o pro- po de óleo que pode estar presen- mais adequadas no que se refere
cesso que consiste em remover te nas superfícies dos metais são à segurança de trabalho (os sol-
da superfície metálica materiais os lubrificantes utilizados para ventes apresentam o problema
estranhos indesejáveis, tais como corte ou conformação. de emissão material orgânico vo-
óleos, graxas. A presença de fil- Alguns tipos de óleos ou gra- látil na atmosfera).
mes de óleos ou graxas inibe a xas são facilmente removíveis ou- Um desengraxante alcalino
formação de camadas fosfatiza- tros não. Geralmente, os óleos típico pode conter na sua formu-
das ou determina a obtenção de ou graxas de origem animal ou lação os seguintes compostos
camadas não-uniformes. No en- vegetal são de mais fácil remo- (freeman, 1988 , p. 44):
tanto, se a espessura deste filme ção, e um desengraxamento com • um composto de caráter alca-
for muito baixa, a influência não solventes orgânicos pode ser apli- lino, como por exemplo hi-
será negativa visto que este filme cado com sucesso. Os óleos mi- dróxido de sódio ou carbona-
é removido logo na fase inicial nerais, os sintéticos, especial- to de sódio;
do processo de fosfatização (rau- mente os oxidados ou queima- • compostos como silicatos e
sch, 1990, p.82). É um fato co- dos, os sabões de metais pesados, fosfatos;
nhecido que a presença de um os produtos utilizados em poli- • um agente dispersante, um a-
finíssimo filme orgânico prove- mento, os compostos contendo gente surfactante e um emul-
niente, por exemplo, de resíduos silicones são de mais difícil remo- sionante;
de óleo mineral ou benzeno, de- ção (altmayer, 1999), podendo • seqüestrantes de íons metáli-
termina a obtenção de camadas requerer o uso de desengraxantes cos que inclusive podem se-
fosfatizadas de cristais finos alcalinos fortes. Deve-se evitar a qüestrar íons de cálcio ou
(rausch, 1990, p.84). utilização de pastas de polimento magnésio para diminuir a du-
O estágio de desengraxamen- à base de compostos insaturados. reza da água;
to deve necessariamente prece- Durante o polimento, o aumen- • tamponantes como por exem-
der o da decapagem, pois qual- to da temperatura (devido ao plo boratos;
quer resíduo de óleo presente na calor gerado) pode determinar a • um agente refinador de grão
superfície do metal estará sobre oxidação destes compostos trans- de fosfato. Este agente vai in-
óxidos ou carepas. De fato, se a formando-os em compostos de fluenciar na granulometria da
superfície metálica estiver direta- difícil remoção (Metals Hand- camada fosfatizada.
mente em contato com algum ti- book, 1987, p.439). Os desengraxantes alcalinos
C & P • Setembro/Outubro • 2008 21
podem ser utilizados por imersão Muitas vezes, necessita-se de zada por imersão, por aspersão,
ou aspersão, e tradicionalmente uma limpeza eficiente e camadas fase vapor ou simplesmente
são utilizados a temperaturas fosfatizadas com cristais finos. manualmente por esfregamento
entre 45ºC a 60ºC. A formula- Nestas condições, deve-se lançar com panos embebidos com o
ção dos desengraxantes varia mão dos refinadores de grão. Es- solvente. Apesar desta versatili-
muito sendo dependente dos se- tes refinadores, que, para os ba- dade, seu uso tem sido cada vez
guintes fatores: nhos à base de fosfato de zinco, menos freqüente devido às se-
• do grau de sujidade da super- são normalmente compostos de guintes razões:
fície dos itens a serem proces- titânio, por exemplo, fosfato co- • o uso de solventes orgânicos
sado. Superfícies metálicas loidal de titânio (woods & tem sofrido restrições através
muito contaminadas reque- spring, 1979), podem ser utili- de leis que restringem o uso
rem desengraxantes mais for- zados como aditivos de desen- de produtos que possam e-
tes (mais alcalinos, portanto graxantes alcalinos, compensan- manar compostos voláteis
com maiores valores de pH); do o efeito prejudicial da elevada agressivos ao meio ambien-
• do método de aplicação, se alcalinidade dos desengraxantes. te e à saúde do homem. A
imersão ou aspersão. Por Outra opção é o uso de uma so- grande maioria dos solventes
exemplo, um desengraxante lução especialmente formulada orgânicos são tóxicos ou nar-
que será aplicado por asper- contendo os tais compostos de cóticos;
são tem normalmente menor titânio num estágio imediata- • o uso de solventes orgânicos
quantidade de surfactantes mente anterior ao banho de fos- trazem também riscos de in-
ou o surfactante utilizado é fatização. cêndio ou de explosão, pois
do tipo que forma menor Os desengraxantes que con- eles, por si só, são inflamáveis.
quantidade de espuma; têm os compostos de titânio ci- Pelas razões expostas, os sol-
• da temperatura de aplicação. tados são denominados desen- ventes orgânicos são mais utiliza-
Atualmente, existem várias graxantes ativados ou desengra- dos em grandes instalações in-
formulações que permitem o xantes titanados (activated clea- dustriais, automáticas ou semi-
uso de desengraxantes alcali- ner ou titanated cleaner). Os automáticas, nas quais medidas
nos a temperaturas mais bai- mecanismos de ação dos com- de segurança contra incêndio ou
xas (25ºC a 40ºC). O uso de postos de titânio não são muito explosões são tomadas e o opera-
temperaturas mais baixas foi bem estabelecidos: acredita-se dor não entra em contato com os
possível devido ao desenvolvi- que as partículas coloidais de gases emanados pelos solventes.
mento de novos tipos de sur- titânio são adsorvidas na super- Os solventes orgânicos mais uti-
factantes. fície do metal em processo de lizados são (freeman, 1988,
Devido ao baixo custo dos fosfatização constituindo em sí- p.45, wolynec, wexler e feni-
desengraxantes alcalinos, nor- tios ativos onde são nucleados li, 1992, p.31-43):
malmente estes são descartados os cristais de fosfato. • solventes à base de hidrocar-
quando ficam saturados com Os desengraxantes ativados bonetos clorados (como per-
óleos ou graxas. No entanto, é apresentam limitações, a saber cloroetileno, tricloroetileno e
possível a remoção das partículas (woods & spring, 1979): o 1,1,1, tricloroetano) a
de óleos ou graxas por ultrafiltra- • os compostos de titânio ten- quente: para executar a lim-
ção contínua. Se esta prática for dem a se decompor quando o peza com solventes clorados a
adotada e se o desengraxante for pH do desengraxante estiver quente é necessário recorrer-
submetido à análise periódica se- fora da faixa compreendida se a equipamentos especiais
guida de reforço, é possível utili- entre 8 e 10. Assim, deve-se que permitem o reaproveita-
zar os desengraxantes por perío- escolher um desengraxante mento do solvente utilizado
dos muito longos. adequado que seja eficiente por destilação. Estes equipa-
Conforme será visto mais nesta faixa de pH; mentos são necessariamente
adiante, o uso de desengraxantes • os compostos adsorvidos po- munidos de dispositivos que
alcalinos determina a obtenção dem ser lixiviados durante as evitam a emanação destes sol-
de camadas com cristais de fosfa- lavagens feitas após o desen- ventes na atmosfera, uma vez
tos grosseiros, sendo isto mais graxamento. que são altamente tóxicos. O
pronunciado quanto mais alcali- desengraxamento pode ser
no for o desengraxante (maior Solventes orgânicos feito por imersão, por asper-
pH). Por outro lado, a eficiência A limpeza com solventes é a são ou fase vapor. Podem-se
de um desengraxante é tanto maneira mais simples de desen- adotar ciclos, tais como dupla
maior quanto mais alcalino. graxamento. Ela pode ser reali- imersão seguida de fase vapor,
22 C & P • Setembro/Outubro • 2008
TABELA 1 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS TRÊS TIPOS DE SOLVENTES MAIS UTILIZADOS
Tipo de solvente Vantagens Desvantagens
Solventes à base de hidrocarbonetos • limpeza eficiente; • custo de investimento inicial alto para
clorados (como percloroetileno, • solvente é recuperável, portanto apresenta garantir a segurança do trabalhador;
tricloroetileno e o 1,1,1, tricloroetano) pouco problema de efluente; • pode ocorrer decomposição do solvente e
a quente • não oferece riscos de incêndio. liberação de ácido clorídrico e fosgênio;
• não elimina resíduos de suor humano.

Solventes à base de petróleo (como querose- • equipamento simples; • alguns tipos de solventes apresentam ris-
ne) ou hidrocarbonetos clorados (percloroe- • não necessita de aquecimento. cos de incêndio;
tileno, tricloroetileno e o 1,1,1, tricloroeta- • como a segurança do trabalhador depende
no) a frio do uso de equipamentos de segurança
individuais, é necessário treinamento dos
trabalhadores e controle rigoroso;
• não elimina resíduos de suor humano.

Solventes emulsionáveis • equipamento simples; • os solventes utilizados são inflamáveis;


• não necessita de aquecimento; • problemas com efluentes.
• elimina sais solúveis e suor devido
à lavagem com água.

para aumentar a eficiência da aspersão, por esfregamento p.439.


limpeza; com estopas ou panos embe- MENKE, Joseph T. 1991. Phosphate
• solventes à base de petróleo bidos com solvente limpo ou coating specifications – a comparison.
(como querosene) ou hidro- por escovamento com esco- Metal Finishing. v.89, n.10, p.23-
carbonetos clorados (per- vas de cerdas macias embebi- 27, Oct.
cloroetileno, tricloroetileno das com solvente. A eficiên- RAUSCH, W. 1990. The phosphating of
e o 1,1,1, tricloroetano) a cia da limpeza é altamente metals. 1st.ed. Great Britain :
frio: podem ser aplicados dependente da lavagem final Redwood Press, 416p.
por imersão, por aspersão, com água. WOODS, K.; SPRING, S. 1979. Zinc
por esfregamento com esto- A tabela 1 apresenta as vanta- Phosphating. Metal Finishing. v.77,
pas ou panos embebidos gens e as desvantagens de cada n.4, p. 56-60, Apr.
com solvente limpo ou por tipo de solvente mencionado.
escovamento com escovas de Na próxima edição, as etapas
cerdas macias embebidas de decapagem e tratamento me-
com solvente; cânico das superfícies para a
• solventes emulsionáveis: o remoção dos produtos de corro-
desengraxamento com sol- são serão abordadas.
ventes emulsionáveis é feita
com solventes aos quais são Referências bibliográficas
adicionados agentes emulsifi- ALTMAYER, F. 1999. Training Zehbour Panossian
cantes. O solvente mais utili- “Colombo”, Part III - Soil removal Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
zado para este tipo de limpe- Plating and Surface Finishing. v.86, Paulo – IPT. Laboratório de Corrosão e
za é o querosene. A limpeza é n.5, p. 106-108, May. Proteção – LCP. Doutora em Ciências
feita em dois estágios: pri- FREEMAN, D. B. 1988. Phospating (Fisico-Química) pela USP.
meiro é feito o contato da and metal pre-treatment. 1st ed. Responsável pelo LCP.
superfície metálica com a New York : Industrial Press, 229p. Célia A. L. dos Santos
emulsão e, em seguida, lava- BS 3189 : 1991; ISO 9717; 1990. Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
se a superfície metálica com Method for specifying phosphate con- Paulo – IPT. Laboratório de Corrosão e
água. No primeiro estágio, a version coatings for metals. London: Proteção – LCP. Doutora em Química
sujeira não é retirada da su- British Standards Institution, 1990, (Fisico-Química) pela USP.
perfície metálica, isto ocorre 15p. Pesquisadora do LCP.
durante a lavagem com água. METALS Handbook. 1987. 9 ed. Contato com as autoras:
A aplicação da emulsão po- Metals Park : ASM, 17v. v.5 : surfa- zep@ipt.br / clsantos@ipt.br
de ser feita por imersão, por ce cleaning, finishing and coating. fax: (11) 3767-4036

C & P • Setembro/Outubro • 2008 23


Artigo Técnico

Fosfatização de Metais Ferrosos


Parte 16 – Decapagem
e Tratamento Mecânico
Neste artigo, o foco será a decapagem e o tratamento mecânico das superfícies
antes do processo de fosfatização

anto a decapagem quanto posição da carepa é a seguinte: No caso de fosfatização, nem


o tratamento mecânico • uma camada externa mais rica todos os tipos de carepas devem
são processos que consis- em oxigênio, relativamente fi- ser retiradas: se o tratamento tér-
tem em remover da superfície na, constituída principalmente mico, responsável pela formação
metálica produtos da corrosão de hematita (Fe2O3); da carepa, for realizado em at-
Por Zehbour do substrato tais como os óxidos. • uma camada intermediária, mosfera controlada e a carepa
Panossian Pelo exposto, conclui-se que a mais grossa, constituída prin- formada constituir-se de uma fi-
decapagem ou o tratamento cipalmente de magnetita na camada de coloração azul,
mecânico constitui-se em um (Fe3O4); não há necessidade de decapa-
estágio necessário somente nos • uma camada mais próxima ao gem. Esta fina camada não inter-
casos em que na superfície do substrato, ainda mais espessa, fere na formação da camada de
metal a ser fosfatizado estiverem mais pobre em oxigênio, cons- fosfatização (METALS HAND-
presentes produtos de corrosão, tituída basicamente de wüstita BOOK, 1987, p.439).
Por Célia A. L. caso contrário pode-se dispensar (composição que se aproxima
dos Santos este estágio. de FeO). Decapagem com ácidos
Os produtos de corrosão po- Se a carepa fosse uniforme e A decapagem com ácidos é
dem ter sido formados à tempe- livre de quaisquer descontinui- muito mais eficiente do que a
ratura ambiente durante o trans- dades, ela seria uma excelente decapagem com soluções alcali-
porte e armazenamento. Estes barreira contra a corrosão atmos- nas, no entanto, apresenta alguns
recebem a denominação de fer- férica dos metais ferrosos. No problemas, citando-se:
rugem1. Sua composição básica é entanto, esta carepa apresenta • danificação por hidrogênio: a
uma mistura de óxidos e hidróxi- muitas fissuras que alcançam a principal reação catódica du-
dos de ferro II e ferro III e sua superfície metálica e por esta rante a decapagem é a redução
coloração é avermelhada. razão não são capazes de evitar a do cátion hidrogênio. Por esta
Os produtos de corrosão po- corrosão. razão, a probabilidade de dani-
dem ter sido formados a tempe- A decapagem química pode ficação por hidrogênio durante
raturas elevadas durante algum ser realizada em solução alcalina a decapagem ácida é bastante
tratamento térmico ou deforma- ou ácida enquanto que o trata- elevada, especialmente nos ca-
ção a quente. Neste caso, os pro- mento mecânico pode ser feito sos em que se utilizam longos
dutos de corrosão recebem o no- por: jateamento com areia, lixa- tempos de decapagem e ácidos
me de carepas e normalmente mento, escovamento, esfrega- concentrados. No caso de aços
são mais aderentes e de mais difí- mento com abrasivos. Em am- de alta resistência, este proble-
cil remoção, tendo coloração azu- bos os casos, deve-se limpar a ma torna-se mais grave, deven-
lada ou preta. A carepa, normal- superfície com solventes orgâni- do-se evitar decapar com áci-
mente, é formada por diferentes cos ou desengraxantes alcalinos dos estes tipos de aço (TT C-
camadas de óxidos. A composi- para retirar eventuais contamina- 490D, 1993). Em caso de ne-
ção e a espessura da carepa va- ções com óleos e graxas, senão cessidade, deve-se submeter o
riam com muitos fatores, citan- poder-se-á ter problemas: material a tratamento térmico
do-se tempo e temperatura de • nos casos da decapagem quími- de alívio de tensões e de desi-
exposição, composição do aço, ca, a presença de óleos e graxas drogenação;
composição da atmosfera, severi- pode impedir o contato direto • contaminação da superfície
dade da deformação. No entan- entre o decapante e os produ- metálica: a contaminação da
to, de uma maneira geral, a com- tos de corrosão; superfície metálica com resídu-
• e no caso da limpeza mecânica os de ácidos é extremamente
1. Ferrugem é a denominação dada aos poderá ocorrer o empastamen- prejudicial aos metais. Cuida-
produtos de corrosão de metais ferrosos. to do abrasivo utilizado. dos extremos devem ser toma-
18 C & P • Janeiro/Fevereiro • 2009
dos para retirar através de lava- tura ambiente. Concentrações sará a funcionar como um ba-
gem com água todo e qualquer maiores de ácido removem mais nho de fosfatização à base de
resíduo de decapagem. Neste rapidamente os produtos de cor- fosfato ferroso.
sentido, a decapagem com áci- rosão, mas também atacam mais Muitas vezes, para evitar o
dos deve ser adotada apenas fortemente o aço e necessitam de ataque pronunciado do substra-
para itens de superfícies planas lavagem mais rigorosa, devendo to, adicionam-se inibidores de
devendo-se evitar decapar pe- ser evitadas sempre que possível. corrosão às soluções ácidas. No
ças rebitadas, soldadas, peças O ácido sulfúrico pode ser caso de fosfatização, cuidados
de geometria complexa que te- usado com concentrações entre extremos devem ser tomados
nham canais estreitos, peque- 5% a 20% e a temperatura pode com tais inibidores, pois a gran-
nos furos, frestas ou superfícies variar de 60ºC a 85ºC. de maioria destes produtos são
porosas (WOLYNEC, WEXLER & Apesar do ácido clorídrico ser também inibidores de processos
FENILI, 1992); mais caro do que o ácido sulfúri- de fosfatização (RAUSCH, 1990,
• obtenção de camadas fosfatiza- co, o primeiro é muito mais uti- p.79). Assim, se a lavagem após a
das de granulação grosseira: à lizado devido a algumas vanta- decapagem não for eficiente,
semelhança dos desengraxantes gens, dentre as quais se pode resíduos destes inibidores adsor-
alcalinos fortes, a decapagem citar (SHREIR, 1977; WOLYNEC, vidos na superfície do metal em
com ácidos determina a obten- WEXLER & FENILI, 1992): processo de fosfatização poderão
ção de camadas fosfatizadas de • o ácido clorídrico produz su- alcançar o tanque de fosfatização
granulação grosseira (BIESTEK perfícies mais limpas e mais e causar a diminuição da veloci-
& WEBER, 1974, p.166). brilhantes; dade de formação ou mesmo ini-
Mesmo para peças de geome- • o ácido clorídrico não requer bição da formação da camada de
tria simples ou peças confeccio- aquecimento; fosfatos. As normas ISO 9717
nadas com aços com dureza bai- • os resíduos de ácido clorídrico (1990) e a BS 3189 (1991) reco-
xa, sempre que possível, deve-se são mais facilmente removíveis mendam a imersão em solução
evitar a decapagem com ácidos. com água do que os resíduos ácida sem inibidores ou a imer-
Assim sendo, deve-se fazer uma do ácido sulfúrico; são em soluções alcalinas para
avaliação criteriosa da necessida- • de um modo geral, em solu- promover a remoção dos inibi-
de do estágio de decapagem, ins- ções de ácido clorídrico de con- dores adsorvidos na superfície
pecionando as peças antes da fos- centrações equivalentes à de metálica.
fatização. Se a quantidade de fer- uma solução de ácido sulfúrico,
rugem for muito pouca, deve-se a quantidade de hidrogênio Decapantes alcalinos
optar por ácidos muito diluídos. atômico incorporada é menor. Os decapantes alcalinos são
Cabe citar o fato de que nem Conforme já citado, pode-se soluções que contêm agentes
sempre a decapagem determina ainda adotar decapagem com complexantes ou quelantes co-
a obtenção de camadas de cris- ácido fosfórico. A concentração mo o EDTA e gluconatos
tais grosseiros: é o caso de aços do ácido fosfórico pode variar (FREEMAN, 1988, p.45) e ope-
com alto teor de carbono. de 15% a 20% (RAUSCH, 1990, ram a temperaturas elevadas
Quando estes aços são decapa- p.35). Na prática é raro o uso (95ºC). Estes decapantes, por
dos em soluções ácidas forma-se deste ácido devido ao seu alto serem alcalinos, apresentam
sobre a sua superfície um resíduo custo e baixa velocidade de propriedades desengraxantes,
escuro. Acredita-se que este resí- decapagem. (SHREIR, 1977, p. removem os óxidos presentes
duo promove a nucleação de 12.19; WOLYNEC, WEXLER & na superfície dos metais e prati-
cristais de fosfatos o que resulta FENILI, 1992, p.46). Caso se camente não atacam o substra-
na formação de camadas fosfati- opte por este ácido, alguns cui- to de aço e, portanto, não libe-
zadas de cristais finos (BIESTEK & dados devem ser adotados para ram gás hidrogênio. Por esta
WEBER, 1974, p. 166; RAUSCH, evitar a formação de cristais de razão, metais susceptíveis à
1990, p. 85). fosfato durante a decapagem, danificação por hidrogênio
Os ácidos utilizados na citando-se (BIESTEK & WEBER, como os aços de alta resistência
decapagem de metais ferrosos 1976, p.179): são preferencialmente decapa-
são: o ácido clorídrico, o ácido • adotar curtos tempos de deca- dos com soluções alcalinas.
sulfúrico e mais raramente o pagem; Estes decapantes são menos
ácido fosfórico. • adotar temperaturas baixas; eficientes do que os ácidos. Sua
O ácido clorídrico pode ser • evitar o enriquecimento do de- eficiência pode ser aumentada
usado com concentrações vari- capante com íons ferrosos pois, pela imposição de corrente
ando de 1% a 50% e à tempera- se isto ocorrer, o decapante pas- anódica ou alternada.
C & P • Janeiro/Fevereiro • 2009 19
Tratamento mecânico através de jateamento com areia, (wipe test). Este esfregamento
Muitos pesquisadores afir- este deverá ser realizado em um retirará da superfície do substra-
mam que as melhores camadas outro ambiente de trabalho, pois to qualquer resíduo o que pode-
fosfatizadas são obtidas quando partículas provenientes do jato ria ser facilmente verificado pelo
as superfícies dos substratos são de areia poderiam contaminar as aspecto da superfície do papel ou
submetidas a algum tratamento soluções utilizadas no processo pano branco. Este autor apresen-
mecânico (BIESTEK & WEBER, de fosfatização. Um outro incon- ta resultados de ensaios realiza-
1974, p.165; RAUSCH, 1990, p. veniente seria a corrosão atmos- dos com vários corpos-de-prova
80-83; MENKE, 1991), tais co- férica das peças jateadas: o am- que passaram no ensaio da que-
mo: jateamento com granalha, biente de fosfatização é normal- bra d’água porém não no ensaio
jateamento com areia, escova- mente muito úmido devido ao de esfregamento com papel ou
mento, lixamento e esfregamen- uso de soluções aquosas o que pano. Ensaios de desempenho
to. Superfícies assim preparadas determinaria rápida corrosão das realizados com tais corpos-de-
apresentam uma rugosidade superfícies jateadas. prova mostraram resultados insa-
maior e são mais reativas. Isto tisfatórios quando comparados
favorece a nucleação dos cristais Verificação da eficiência da com corpos-de-prova que passa-
de fosfatos determinando a ob- limpeza ram tanto no ensaio de quebra
tenção de camadas de cristais A eficiência de uma limpeza, d’água como no de esfregamento
finos. O efeito benéfico do trata- antes da fosfatização propria- com papel ou pano.
mento mecânico diminui se as mente dita, é de fundamental Uma maneira de verificar a
superfícies são colocadas em importância para o bom desem- eficiência de um pré-tratamento
contato com desengraxantes penho de camadas fosfatizadas. é o exame visual da própria cama-
alcalinos, decapantes ácidos ou A limpeza ineficiente é uma das da fosfatizada: camadas unifor-
simplesmente com água ou ar principais causas de falhas em mes só são obtidas sobre superfí-
úmido (BIESTEK & WEBER, 1974, serviço de tratamentos suple- cies bem limpas isentas de óleos
p.165). Além disso, por serem mentares aplicados sobre cama- ou graxas ou óxidos. Qualquer
muito reativas, as superfícies das fosfatizadas como, por exem- deficiência da limpeza é imedia-
submetidas a um tratamento plo, tintas e vernizes. Assim tamente percebida pela não-uni-
mecânico, especialmente jatea- sendo, é comum verificar-se a formidade da camada fosfatizada
mento com areia, corroem rapi- eficiência da limpeza de um pro- (FREEMAN, 1988, p. 48-49).
damente. Por esta razão, não cesso de fosfatização. Outros ensaios ainda são cita-
podem ser expostas por muito Podem-se realizar alguns en- dos na literatura (FERNANDEZ,
tempo ao ar atmosférico. Assim saios para esta finalidade. A 1999), a saber:
sendo, quando se opta por trata- norma TT-C-490D (1994) reco- • ensaio com fita adesiva: colocar
mento mecânico, deve-se evitar menda a verificação da quebra uma fita adesiva transparente
o contato com qualquer solução d’água como um método de sobre a superfície metálica,
aquosa antes da fosfatização e, verificação da eficiência de lim- arrancar e em seguida colocar
ainda, deve-se fosfatizar o mais peza. No entanto, é importante sobre um folha de papel branca
rápido possível. chamar a atenção de que a que- (tipo sulfite). Ao lado desta fita
Uma outra vantagem do tra- bra d’água nem sempre é um colocar uma outra fita adesiva
tamento mecânico em compara- método eficiente. Por exemplo, sem uso, como ensaio em
ção à decapagem química é a quando se adota como desengra- branco. Comparar as duas fitas
minimização da probabilidade xante uma emulsão que torna a adesivas, ou, visualmente, ou
de danificação por hidrogênio. superfície do substrato hidrófo- através de um calorímetro. Este
Apesar das vantagens citadas, ba, o ensaio de quebra d’água tipo de ensaio é eficiente ape-
no campo da fosfatização o trata- indicaria uma limpeza ineficien- nas para verificar a presença de
mento mecânico é pouco utiliza- te, porém este é um pré-trata- sujeiras que podem ser removi-
do, salvo em processos contínuos mento extremamente eficiente das pela fita adesiva utilizada;
para fosfatização de chapas, fios e para os processos de fosfatização. • ensaio com solução de sulfato
tiras: neste caso pode-se adotar o Segundo BLOCK (1980), a de cobre: imergir a superfície
escovamento. Isto é devido ao melhor maneira de verificar a efi- metálica em uma solução de
fato da fosfatização ser um pro- ciência de limpeza num processo sulfato de cobre acidificada por
cesso aquoso, o que torna mais de fosfatização é o esfregamento alguns segundos (por exemplo
fácil a adoção de pré-tratamento da superfície do substrato com 10 s) e em seguida observar
em meio líquido. Por exemplo, um papel absorvente branco ou visualmente a superfície metáli-
se o pré-tratamento for feito tecido macio branco e limpo ca: a deposição não-uniforme
20 C & P • Janeiro/Fevereiro • 2009
de cobre é indicativa de limpe- BLOCK, William V. 1980. How to cut RAUSCH, W. 1990. The phosphating of
za deficiente (o cobre deposi- phosphating costs through cleaning. metals. 1st.ed. Great Britain : Red-
tar-se-á apenas em superfícies Plating and Surface Finishing. v.67, wood Press, 416p.
limpas, no entanto, se a sujeira n.2, p. 20-22, Feb.
for de partículas metálicas ou WOLYNEC, S.; WEXLER, S. B.;
fina camada de ferrugem, este BS 3189 : 1991; ISO 9717; 1990. Me- FENILI, C. 1992. Proteção contra
ensaio pode não detectar pois o thod for specifying phosphate conversion corrosão durante armazenamento e
cobre pode depositar-se sobre coatings for metals. London : British transporte. 2. ed. São Paulo : IPT.
este tipo de sujeira). Este ensaio Standards Institution, 1990, 15p. 222p. (Publicação IPT 1997).
é eficiente para detectar presen-
ça de óleos e graxas. FERNANDEZ, V. 1999. How clean is
A limpeza adequada da clean? COATING’99, 1999, Zehbour Panossian
superfície é uma das condições Dallas. Proceedings… Dallas, p. Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
importantes para a obtenção de 825-838. Paulo – IPT. Laboratório de Corrosão e
camadas fosfatizadas de boa qua- Proteção – LCP. Doutora em Ciências
lidade. Na próxima edição, as FREEMAN, D. B. 1988. Phospating (Fisico-Química) pela USP.
etapas de ativação (condiciona- and metal pre-treatment. 1st ed. Responsável pelo LCP.
mento ou refinamento de grão) e New York : Industrial Press, 229p. Célia A. L. dos Santos
neutralização serão abordadas. Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
METALS Handbook. 1987. 9 ed. Me- Paulo – IPT. Laboratório de Corrosão e
Referências Bibliográficas tals Park : ASM, 17v. v.5 : Surface Proteção – LCP. Doutora em Química
cleaning, finishing and coating. p.439. (Fisico-Química) pela USP.
BIESTEK, T.; WEBER, J. 1976. Pesquisadora do LCP.
Electrolytic and chemical conversion MENKE, Joseph T. 1991. Phosphate coa- Contato com as autoras:
coatings. 1st ed. Wydawnictwa : ting specifications – a comparison. Metal zep@ipt.br / clsantos@ipt.br
Porteceilles. 432p. Finishing. v.89, n.10, p.23-27, Oct. fax: (11) 3767-4036
Artigo Técnico

Fosfatização de Metais Ferrosos


Parte 17 – Refinamento de grão
Neste artigo, o foco será o estágio de refinamento de grão, também denominado
ativação ou condicionamento, o qual é fundamental para a obtenção
de camadas fosfatizadas uniformes

ão é por acaso que este camadas à base de fosfato de zin- solução de ativação. Caso se use
estágio de pré-tratamento co são soluções levemente alcali- água de dureza elevada esta efi-
é conhecido por três de- nas contendo compostos de titâ- ciência cai, devendo-se adicionar
nominações: refinamento de nio ou soluções diluídas de ácido à solução de ativação aditivos es-
grão, ativação ou condiciona- oxálico (BIESTEK & WEBER, peciais para diminuir a ação pre-
Por Zehbour mento. A primeira, refinamento 1974, p. 167; DEBNATH, BAHR & judicial da dureza (RAUSCH,
Panossian de grão, parece óbvia visto que ROY, 1989). Estudos conduzidos 1990, p.86; FREEMAN, 1988,
este estágio foi introduzido para com estes dois tipos de soluções p.104). Cuidados devem ser
promover um refinamento de mostraram que o efeito benéfico tomados também com a tempe-
grão das camadas formadas sobre dos compostos de titânio é supe- ratura do refinador. Um aqueci-
superfícies desengraxadas e/ou rior aos do ácido oxálico (DEB- mento excessivo (>66ºC) pode
decapadas. A segunda, ativação, NATH, BAHR & ROY, 1989). prejudicar a ação do refinador
deriva do fato de que o tempo A descoberta da influência (METALS HANDBOOK, 1987,
Por Célia A. L. para a obtenção da camada de benéfica dos compostos de titâ- p.439).
dos Santos fosfato é reduzido. A terceira nio nos processos de obtenção de Outras soluções contendo
resulta do fato de que a superfí- camadas à base de fosfato de zin- compostos de titânio também
cie a ser fosfatizada é previamen- co ocorreu durante a Segunda podem ser usadas, citando-se (BI-
te condicionada de modo a se Guerra Mundial, 1943, por Jern- ESTEK & WEBER, 1974, p.167):
obter uma camada com caracte- stadt que descobriu a influência • solução de polifosfatos conten-
rísticas desejadas. A denomina- da imersão em solução de fosfato do de 0,1 mg/l a 100 g/l de
ção mais adequada parecer ser a monoácido de sódio contendo titânio;
de condicionamento, fato justifi- titânio sobre as características da • solução contendo fosfato de
cado mais adiante. camada de fosfato (FREEMAN, titânio, terpenos e agentes ten-
O estágio de condicionamen- 1988, p.7). soativos.
to faz parte dos processos de ob- O composto ativo para os A maneira com que os com-
tenção de camadas à base de fos- processos à base de fosfato de postos de titânio atuam como
fato de zinco e de manganês zinco é obtido da seguinte ma- refinadores de grão não é muito
(FREEMAN, 1988, p.76) e precede neira: evapora-se uma solução de bem esclarecida. Acredita-se que
imediatamente o de fosfatização, fosfato monoácido de sódio con- as partículas de titânio (que se
sem interposição de lavagem, e tendo compostos solúveis de ti- encontram na forma de colóides)
tem por objetivo principal con- tânio até a secagem. O produto são atraídas eletrostaticamente
trapor a influência dos estágios seco é novamente dissolvido em pelas zonas catódicas da superfí-
de desengraxamento e de deca- água, de preferência destilada, cie do substrato constituindo
pagem que determinam a obten- constituindo-se na solução de núcleos ativos para a formação
ção de camadas de granulação ativação. As condições de prepa- de cristais de fosfato. Informa-
grosseira. Assim, este estágio ração do composto ativo são es- ções complementares podem ser
torna-se imprescindível quando pecíficas de modo que variações obtidas a partir de estudos mais
se adota desengraxamento com podem levar à obtenção de com- aprofundados realizados por
solução alcalinas fortes e/ou postos ativos inadequados. A (TEGEHALL, 1989, 1990) e (WOL-
decapagem em solução de ácidos concentração de titânio na solu- PERS e ANGELI, 2001).
fortes, podendo ser dispensado ção de ativação é de aproximada- Análises realizadas em cama-
quando, por exemplo, o pré-tra- mente 0,01% e a de fosfato das obtidas a partir de banhos à
tamento consiste apenas esfrega- monoácido de sódio varia de 1% base de fosfato de zinco com o
mento com querosene. a 2% (BIESTEK & WEBER, 1974, estágio de ativação mostraram a
As soluções mais utilizadas p.167). O uso de água destilada presença de titânio juntamente
neste estágio para obtenção de é para prolongar a eficiência da com a hopeíta e a fosfofilita
22 C & P • Março/Abril • 2009
(DEBNATH, BAHR & ROY, 1989). bém ser utilizadas na ativação de da camada;
Na tabela 1, a título de ilus- processos de obtenção de cama- • solução de nitrito de sódio.
tração, apresentam-se os resulta- das à base de fosfato de zinco, Neste caso, o nitrito presente
dos de ensaios objetivando veri- citando-se (LORIN, 1974, p. 117; na superfície do substrato exer-
ficar o efeito da ativação com BIESTEK & WEBER, 1974, p. 167; ce ação de acelerar o processo
compostos de titânio em proces- RAUSCH, 1990, p. 86; FREEMAN, de fosfatização.
sos de fosfatização a base de fos- 1988, p.107): Os banhos de fosfato de
fato de zinco. Observando a • solução diluída de sulfato de manganês apresentam tendência
tabela 1, fica claro o efeito bené- cobre ou de níquel (1,0 %). intrínseca em produzir camadas
fico do estágio de ativação sobre Durante a imersão nestas solu- de fosfatização grosseira, por esta
a influência prejudicial do de- ções, ocorre a deposição galvâ- razão, a ativação torna-se uma
sengraxamento em solução alca- nica de cobre ou de níquel que etapa de fundamental importân-
lina forte e da decapagem em agem como catodos efetivos cia nos processos à base de fosfa-
meio ácido. durante a fosfatização determi- to de manganês.
Cabe lembrar que os com- nando refinamento de grão; Até 1967, nos processos à
postos de titânio são efetivos • suspensão de fosfato de zinco base de fosfato de manganês,
apenas nos processos de fosfati- neutro (Zn3(PO4).4H2O) fi- não era possível a utilização de
zação à base de fosfato de zinco. namente dividido. Esta solu- desengraxantes alcalinos fortes
No entanto, quando o banho ção requer agitação constante e/ou decapantes. Com o advento
utiliza banho de fosfato de zin- para manter em suspensão as das soluções de ativação, foi pos-
co modificado com cálcio, seu partículas de fosfato de zinco. sível incluir estes dois estágios de
efeito não é bem estabelecido Por esta razão, esta solução é pré-tratamento. Neste caso, a so-
(RAUSCH, 1990, p.86). adequada para aplicação por lução da estágio de ativação con-
A maneira com que o ácido aspersão; siste de uma suspensão aquosa
oxálico age como refinador de • solução ácida contendo com- de fosfato de manganês insolúvel
grão é atribuída à formação de postos de bismuto ou antimô- finamente dividido (RAUSCH,
oxalatos na superfície do substra- nio. Com esta solução obtêm- 1990, p.89; FREEMAN, 1988,
to. O ácido oxálico é utilizado na se camadas fosfatizadas escuras: p.76, 80, 104). A eficiência desta
forma de soluções contendo de os sais de bismuto ou antimô- ativação depende da estrutura
5,0 g/l a 10,0 g/l à temperatura nio depositam-se na superfície cristalina das partículas de fosfa-
ambiente (FREEMAN, 1988, do substrato e são incorpora- to de manganês mantidas em
p.103). dos na camada fosfatizada fato suspensão através de agitação efi-
Outras soluções podem tam- que determina o escurecimento ciente. Quando se utilizam par-

Tabela 1 – Efeito da ativação com compostos de titânio em processos de fosfatização à base de


fosfato de zinco com pré-tratamentos diferentes (RAUSCH, 1990, p. 87)
TIPO DE PRÉ-TRATAMENTO
Percloroetileno, Solução alcalina Percloroetileno
CARACTERÍSTICAS DOS BANHOS fase vapor forte fase vapor + solução
de ácido sulfúrico
Ti sem Ti Ti sem Ti Ti Sem Ti
Banho acelerado com nitrato/nitrito a 60ºC
Massa de fosfato (g/m2) 4,05 6,94 4,11 9,81 4,19 8,42
Rugosidade superficial (m) 1,0 8,0 2,5 10,0 6,5 9,5
Tempo mínimo de fosfatização (min) 1,0 3,0 1,5 5,0 1,0 8,0
Banho acelerado com clorato a 70ºC
Massa de fosfato (g/m2) 1,54 1,77 2,09 1,97 1,71 4,93
Rugosidade superficial (m) 1,0 4,5 1,5 4,0 1,5 4,5
Tempo mínimo de fosfatização (min) 0,5 3,0 3,0 3,0 2,0 8,0
Banho acelerado com nitrato a 60ºC
Massa de fosfato (g/m2) 5,26 11,23 5,36 11,56 4,91 13,42
Rugosidade superficial (m) 2,0 12,0 4,5 17,0 3,0 14,0
Tempo mínimo de fosfatização (min) 1,5 3,0 1,0 6,0 1,5 6,0

C & P • Março/Abril • 2009 23


1a 2a

1b 2b

Figura 1 – Efeito da introdução do estágio de Figura 2 – Efeito da introdução do estágio de


condicionamento no tamanho de cristais de fosfato condicionamento no tamanho de cristais de fosfato
sobre substratos de aço carbono laminado a frio em substratos de aço carbono laminado a frio (banho
(banho à base de fosato de zinco acelerado com à base de fosato de zinco acelerado com nitrato e
nitrato e nitrito). Na figura 1a, é mostrada a nitrito). Na figura 2a, é mostrada a morfologia da
morfologia da camada de fosfato obtida sem o estágio camada de fosfato obtida sem o estágio de
de condicionamento e na figura 1b com o estágio de condicionamento e na figura 2b com o estágio de
condicionamento (Aumento 350 x) condicionamento (Aumento 350 x)

tículas de hureaulita cristalina os em substratos submetidos a um estágio de refinamento, a cama-


resultados são melhores. Tem-se desengraxamento e/ou decapa- da obtida apresentará cristais
ainda a influência do tamanho gem fortes. No entanto, nem maiores, porém ainda bastante
das partículas: quanto menor as sempre isto ocorre. Experiências finos e muito uniformes. As fi-
partículas, maior é a capacidade mostraram (LEITE et al., 2000) guras 1 e 2 ilustram este fato. Em
de ativação. Na prática, utilizam- que para uma superfície metálica ambos os casos, as camadas fo-
se suspensões com concentração altamente encruada, por exem- ram obtidas em processo contí-
entre 1,0 g/l a 2,0 g/l, com agita- plo devido a um tratamento me- nuo a partir de um banho a base
ção contínua. A aplicação por cânico de laminação, este estágio de fosfato de zinco acelerado
aspersão também pode ser utili- poderá determinar aumento do com nitrato e nitrito. O pré-tra-
zada. Para melhorar as caracterís- tamanho de cristais, fato que tamento consistiu na imersão
ticas de dispersão adicionam-se à contradiz a própria denomina- rápida em um desengraxamento
suspensão pirofosfatos alcalinos ção dada a este estágio, qual seja, alcalino fraco seguido de imersão
(RAUSCH, 1990, p.89). Acredita- estágio de refinamento de grão. em ácido muito diluído. Chapas
se que o fosfato de manganês se Superfícies altamente encruadas de aço laminadas a frio foram
deposita mecanicamente sobre o apresentam muitos sítios ativos utilizadas nos dois casos. Pode-se
substrato e age como núcleos e, portanto, a camada de fosfato verificar que na ausência do está-
para a formação da camada de formada sobre elas apresentará gio de condicionamento, a ca-
fosfatos. granulação extremamente fina mada de fosfato apresenta cristais
Cabe citar, novamente, que (caso não se adote um desengra- finíssimos. No caso da figura 2a,
este estágio foi introduzido para xamento forte, nem uma deca- a camada não é uniforme devido
conseguir uma diminuição do pagem forte e nem este estágio). a não-uniformidade do grau de
tamanho dos cristais de fosfato Se, no entanto, for introduzido o deformação do substrato. Em
24 C & P • Março/Abril • 2009
ambos os casos, as camadas ob- metais alcalinos ou de amônio FíCIE, 10. São Paulo, 2000,
tidas, após a adição do estágio (lembrar que estes banhos já o- Anais… São Paulo : ABTS, 2000
de condicionamento, são muito peram com valores de pH relati- (CD ROM).
uniformes e apresentam cristais vamente elevados, de modo que LORIN, G. 1974. Phosphating of
de fosfato ainda finos. Face ao qualquer arraste pode determi- metals. Great-Britain: Finishing
exposto verifica-se que real- nar aumento significativo do pH Publications. 222p.
mente a denominação estágio do banho). Além disso, o desen- METALS Handbook. 1987. 9 ed.
de refinamento de grão não é graxamento alcalino determina a Metals Park: ASM, 17v. v.5: surface
adequado. passivação do aço o que dificulta cleaning, finishing and coating.
Por outro lado, a denomina- o início da formação dos cristais p.439.
ção estágio de ativação pode tra- de fosfato. RAUSCH, W. 1990. The phosphating of
zer algum tipo de dúvida visto Por estas razões, é comum metals. 1st.ed. Great Britain :
que esta mesma denominação é introduzir um estágio de neutra- Redwood Press, 416p.
utilizada para um outro caso: lização após o desengraxamento TEGEHALL, P.-E. Colloidal titanium
quando o substrato a ser tratado e lavagem com água e antes da phosphate, the chemical activator in
não necessita de um estágio de fosfatização. Esta lavagem con- surface conditioning before zinc phos-
decapagem, costuma-se mergu- siste em imersão em uma solução phating. Colloids and Surfaces, v.
lhar o substrato desengraxado acidificada com ácido fosfórico 42, p. 155-164,1989.
em um banho de ácido diluído até pH 4,0 a 4,5 (HAMILTON, TEGEHALL, P.-E. The mechanism of
para neutralizar os possíveis resí- 1979). Uma sequência típica, chemical activation with titanium
duos provenientes do desengra- para este caso, é a seguinte: phosphate colloids in the formation of
xante. Em algumas empresas, o • desengraxante alcalino; zinc phosphate conversion coatings.
estágio de imersão em ácido • lavagem com água; Colloids and Surfaces, v. 49, p. 373-
diluído também é denominado • neutralização; 383, 1990.
de estágio de ativação. Isto por- • fosfatização.
que a solução desengraxante
determina a passivação do subs- Na próxima edição, esta série
trato de aço o que dificulta o iní- de publicações terá continuidade
cio da formação dos cristais de com um artigo sobre pós-trata-
fosfato. A imersão no ácido mento das camadas fosfatizadas.
diluído despassiva o aço, portan-
to ativa o aço. Referências bibliográficas
Assim sendo, o nome mais BIESTEK, T.; WEBER, J. 1976.
adequado para este estágio seria Electrolytic and chemical conversion
o de condicionamento pois nem coatings. 1st ed. Wydawnictwa :
sempre este estágio determina o Porteceilles. 432p.
refino de grão e não é o único DEBNATH, N.C.; BHAR, G.N.;
que ativa a superfície, mas sem- ROY, S. The effects of grain refining
pre tem a função de condicionar chemicals on the morphology and cor-
a superfície para que os cristais rosion resistance of zinc-phosphate
de fosfato sejam formados de coating on mild steel substrates.
maneira uniforme com granula- JOCCA. n.12, p. 492-494, 1989. Zehbour Panossian
ção fina o suficiente. FREEMAN, D. B. 1988. Phospating Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
and metal pre-treatment. 1st ed. Paulo – IPT. Laboratório de Corrosão e
Neutralização New York : Industrial Press, 229p. Proteção – LCP. Doutora em Ciências
Nos processos de fosfatização HAMILTON, A. J. Iron phosphate spray (Fisico-Química) pela USP.
em que não se usa decapagem systems. Plating and Surface Responsável pelo LCP.
ácida, a probabilidade de au- Finishing. v.66, n.8, p. 28-34, 1979. Célia A. L. dos Santos
mento do pH do banho de fos- LEITE, E.; SILVA, S. A. B.; FERREI- Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
fatização devido ao arraste de RA FILHO, A.; BONFIM, M. F.; Paulo – IPT. Laboratório de Corrosão e
desengraxante alcalino é muito OLIVEIRA, W.; PANOSSIAN, Z.; Proteção – LCP. Doutora em Química
elevada. Este fato pode prejudi- ALMEIDA, L. A.B. Otimização de (Fisico-Química) pela USP.
car a formação adequada de ca- produção de chapas fosfatizadas em Pesquisadora do LCP.
madas fosfatizadas, principal- processos contínuos para estampagem. Contato com as autoras:
mente nos casos em que o In: ENCONTRO BRASILEIRO zep@ipt.br / clsantos@ipt.br
banho é à base de fosfatos de DE TRATAMENTO DE SUPER- fax: (11) 3767-4036

C & P • Março/Abril • 2009 25


Artigos Técnicos

Fosfatização de Metais Ferrosos


Parte 18 – Pós-tratamento
Este artigo tem como foco principal o pós-tratamento das camadas fosfatizadas.
Em primeiro lugar, analisamos o pós-tratamento de selagem ou passivação

s camadas fosfatizadas re- de isento de cromo hexavalente. Este estágio, conhecido como
cém-formadas apresen- Como a grande maioria destes lavagem ácida, é particularmente
tam sempre uma porosi- produtos não é de formulação recomendado para as camadas
dade intrínseca, através dos quais conhecida, não existem normas fosfatizadas destinadas à prote-
o substrato de aço fica exposto. que prescrevem como controlar a ção contra corrosão após aplica-
Como regra geral, pode-se afir- eficiência destes produtos. Assim ção de óleos ou graxas e para Por Zehbour
mar que quanto maior o tama- sendo, é de fundamental impor- camadas fosfatizadas que serão Panossian
nho dos cristais, maiores são as tância que as recomendações do pintadas tanto com tintas con-
dimensões destes poros. fornecedor do produto sejam vencionais como tintas em pó ou
A lavagem final com água rigorosamente seguidas para se cataforéticas (rausch, 1990,
contendo produtos que determi- tirar o máximo proveito do pro- p.178). Um dos efeitos mais
nam selagem ou passivação dos duto. Recomenda-se ainda que conhecidos desta prática é o
poros da camada fosfatizada é tais produtos sejam utilizados aumento da resistência à corro-
um estágio necessário quando os somente após a condução de es- são. Acredita-se que se pode che- Por Célia A. L.
produtos fosfatizados são desti- tudos específicos que compro- gar até a dobrar o tempo de apa- dos Santos
nados a oferecer proteção contra vem a sua eficiência para a finali- recimento de corrosão vermelha
corrosão, seja após protegidos dade a que se destinam (tt-c- para camadas fosfatizadas à base
com óleos ou graxas seja após a 490d, 1994). de fosfato de ferro ou conseguir
aplicação de tintas e vernizes. Es- É muito comum transformar um aumento de até 66% para
te estágio é especialmente benéfi- a segunda lavagem após a fosfati- camadas fosfatizadas à base de
co para camadas abertas (de alta zação num tratamento de passi- fosfato de zinco (freeman,
porosidade) devido à passivação vação. Conforme já citado, o 1988, p.108, 109). A tabela 15
do aço exposto (wood & spring, melhor procedimento após a fos- apresenta alguns exemplos. No
1979). fatização é adotar uma lavagem caso de tintas anaforéticas, o efei-
Convém esclarecer que este com água fria seguida de lava- to do aumento da resistência à
estágio é aplicado somente para gem em água quente. Muitos são corrosão não é tão marcante.
camadas fosfatizadas destinadas à os processos que adicionam pro- Além da resistência à corro-
proteção contra corrosão (sem dutos passivantes ou selantes na são, a imersão em solução diluí-
tratamento suplementar para água quente. da de cromo hexavalente melho-
curtos períodos de exposição ou A seguir serão descritas as di- ra a aderência de camadas de tin-
com tratamento com óleos, gra- ferentes formas de selagem de ca- ta e diminui também a tendência
xas, tintas e vernizes). Este está- madas fosfatizadas. de formação de bolhas sob as
gio não se aplica para camadas camadas de tinta sobre elas apli-
fosfatizadas que serão submeti- Pós-tratamento com solução cadas, quando estas são provoca-
das a operações de conformação contendo cromo hexavalente das devido ao uso de águas in-
ou para camadas fosfatizadas ou lavagem ácida dustriais de elevada dureza. Além
resistentes ao desgaste. O uso de soluções diluídas de disso, a porosidade das camadas
A mais comum é a lavagem ácido crômico (pH entre 3,5 e fosfatizadas diminui significati-
com água contendo pequena 5,5 – rausch, 1990, p.148) após vamente quando se utiliza imer-
quantidade de cromo hexavalen- a fosfatização é tão comum para são neste tipo de solução crômi-
te (com ou sem ácido fosfórico), camadas fosfatizadas para prote- ca (rausch, 1990, p.109).
porém devido às restrições im- ção contra corrosão (após oleado Durante a imersão das cama-
postas pelas leis de defesa ao ou pintado), que muitas vezes se das fosfatizadas em solução con-
meio ambiente e ao homem, considera este estágio como fa- tendo sais de cromo hexavalente,
apareceram no mercado outros zendo parte integrante dos pro- ocorre o preenchimento dos po-
produtos com a mesma finalida- cessos de fosfatização. ros. Parte do cromo hexavalente
C & P • Julho/Agosto • 2009 23
TABELA 1 – INFLUÊNCIA DO ESTÁGIO DE PASSIVAÇÃO NO DESEMPENHO DE CAMADAS FOSFATIZADAS
PINTADAS EM ENSAIOS EM CÂMARA DE NÉVOA SALINA (FREEMAN, 1988, P.109)

Massa da camada Tempo para aparecimento


Tipo de fosfato fosfatizada por de corrosão vermelha (h)
unidade de área Lavagem com Lavagem em água
(g/m2) água deionizada contendo Cr6+
Fosfato de ferro obtido a partir de 0,5 48 96
banhos à base de fosfato de metais
alcalinos ou de amônio (aspersão)
Fosfato de zinco (aspersão) 2,0 144 240
Fosfato de zinco modificado com cálcio 1,2 216 288
(aspersão)
Fosfato de zinco (imersão) 2,0 192 312
Fosfato de zinco modificado com cálcio 2,5 264 360
(imersão)

presente na solução contida nos • selagem dos poros da camada baixas e inferiores a 1,0 g/l
poros reage com o substrato ex- fosfatizada devido à formação (0,1%). Estudos conduzidos em
posto, passivando-o, e parte rea- de fosfato de cromo; laboratório mostraram que, para
ge com a própria camada for- • passivação do aço exposto nos as soluções diluídas, quanto mai-
mando fosfatos de cromo que poros pela ação do cromo he- or a concentração de íons de cro-
selam os poros (lorin, 1974, xavalente; mo hexavalente, maior é a quan-
p.118-119). Após completadas • neutralização da alcalinidade tidade de cromo retida na cama-
as reações, a água contida nos das águas duras. Neste sentido da de fosfatos. Para soluções
poros ainda possui cromo hexa- acredita-se que quanto maior a mais concentradas, este efeito vai
valente (ver figura 1). Quando alcalinidade das águas indus- se tornando cada vez menos pro-
estas peças (fosfatizadas e sela- triais, maior deverá ser a con- nunciado. A adição de ácido fos-
das) são posteriormente subme- centração do cromo hexavalen- fórico na solução de imersão ele-
tidas ao estágio de secagem, a te para que se atinja um grau va ainda mais a retenção de cro-
água presente nos poros evapora adequado de neutralização. No mo na camada (rausch, 1990,
e os sais presentes nesta água entanto, o aumento excessivo p.110). Na tabela 2 apresentam-
secam, formando o ácido crômi- do teor de cromo hexavalente se os resultados deste estudo.
co anidro ou sais de cromo ani- poderá causar o amarelamento Quando a água de diluição
dros. Estes compostos são alta- dos componentes fosfatizados. tem dureza elevada, a adição do
mente solúveis. Se a temperatura Neste sentido, é possível a utili- ácido fosfórico é altamente reco-
de secagem for muito elevada, zação de uma mistura de ácido mendável, devendo a concentra-
pode ocorrer a insolubilização fosfórico e cromo hexavalente. ção ser tanto maior quanto mai-
destes resíduos. Quanto à concentração de or a dureza (rausch, 1990,
O efeito benéfico da lavagem cromo hexavalente, na literatura p.148). Um outro fato que
com soluções diluídas de cromo são encontradas várias faixas, no aumenta a eficiência da selagem
hexavalente é atribuído a um ou entanto, quase sempre as con- é a presença de cromo trivalente
mais dos seguintes fatores: centrações recomendadas são na água de lavagem (biestek &
• neutralizar ou reduzir os efeitos weber, 1974, p.175). A adição
corrosivos dos resíduos prove- de cromo trivalente é especial-
nientes do banho de fosfatiza- mente vantajosa quanto se adota
ção, principalmente dos ba- a lavagem posterior com água
nhos contendo aceleradores do deionizada: esta lavagem, de
tipo oxidante. Resíduos destes certo modo, lixivia os resíduos
aceleradores podem determi- de cromo hexavalente presentes
nar a corrosão prematura dos na camada fosfatizada, na pre-
produtos fosfatizados; Figura 1 – Ilustração esquemática sença de cromo trivalente esta
• converter resíduos de íons me- da ação do estágio de passivação lixiviação é reduzida (freeman,
tálicos (como zinco, cálcio e com solução contendo íons de 1988, p.109). Em geral, na au-
manganês) em fosfatos insolú- cromo hexavalente na camada sência de cromo trivalente o pH
veis que selam os poros; fosfatizada da água de selagem é mantida
24 C & P • Julho/Agosto • 2009
TABELA 2 – DEPENDÊNCIA DA ABSORÇÃO DE CROMO PELA CAMADA DE FOSFATO DE ZINCO COM O TEOR DE
ÁCIDO CRÔMICO NA ÁGUA DE LAVAGEM E COM A PRESENÇA DE ÁCIDO FOSFÓRICO (RAUSCH, 1990, P.110)
Composição da solução de imersão Quantidade de cromo absorvido (em CrO3)
pela camada de fosfato de zinco (mg/m2)
CrO3 (m g / l) H3PO4 (m g / l)
281 – 32
562 – 60
844 – 94
1 125 – 94
150 150 34
300 300 58
450 450 87
600 600 108

entre 2,0 e 4,0 e na presença de mais recomendável que esta lava- tidade de metal fosfatizada e da
cromo trivalente entre 3,8 e 4,8 gem seja feita a temperaturas eficiência do estágio de lavagem
(freeman, 1988, p.109). mais baixas para melhorar a efi- após a fosfatização.
Cabe citar ainda que não é ciência da lavagem e seja poste- O pH deve ser medido com
recomendável um excesso de riormente adotado o estágio de medidores de pH evitando-se o
ácido crômico. Segundo Woods secagem. A escolha de uma ou uso de papel indicador. No caso
& Spring (1979), um excesso de outra opção deve ser baseada em de não se ter um critério preesta-
cromo hexavalente na camada uma avaliação cuidadosa de belecido, recomenda-se que este
fosfatizada pode determinar a custo benefício. Segundo Woods controle seja realizado pelo me-
formação de bolhas sob camadas & Spring (1979), para instala- nos duas vezes por turno de tra-
de tintas em condições de alta ções de pequeno porte a lavagem balho. A concentração de cromo
umidade (como no ensaio em com água ácida com temperatu- hexavalente pode também ser
câmara úmida). ra elevada apresenta menor custo controlada por titulação.
A tendência do excesso de ao passo que, para grandes insta- Quando as camadas fosfatiza-
cromo hexavalente em causar lações, lavagem ácida a tempera- das são destinadas para proteção
problemas no ensaio em câmara tura mais baixa e secagem em contra corrosão sem proteção su-
úmida é mais acentuada nas estufa pode ser mais vantajosa. plementar (curtos tempos de ar-
marcas de escorrimento (Woods Nos dois casos, é de fundamental mazenamento) ou com trata-
& Spring, 1979). Para evitar este importância uma boa drenagem mento suplementar com óleos e
tipo de problema, Woods & para evitar que resíduos da água graxas, não se adota a lavagem
Spring recomendam o uso de de lavagem permaneçam sobre a com água após a imersão em so-
mistura de ácido crômico e ácido superfície fosfatizada. lução de cromo hexavalente,
fosfórico e manutenção do pH O tempo de contato com a submetendo-se os componentes
desta mistura ao redor de 4. solução ácida também varia, po- assim tratados diretamente à se-
Além disso, concentrações muito dendo ser desde 15 segundos a 2 cagem em estufa para promover
elevadas determinam a dissolu- minutos. Nos processos de asper- a insolubilização ou secagem de
ção da camada fosfatizada (bies- são, o tempo de contato é manti- qualquer excesso de cromatos
tek & weber, 1974, p.174). do baixo, em geral inferior a 40s presentes na camada. No caso de
A tabela 3 apresenta as reco- (rausch, 1990, p.179). fosfatização contínua, após a la-
mendações da Norma BS 3189 É importante o controle da vagem ácida (que pode ser feita
(1973) quanto à concentração água de lavagem ácida para evitar por aspersão ou por imersão) o
de cromo hexavalente para dife- que resíduos provenientes do ar- excesso da água ácida é retirada,
rentes aplicações. raste concentrem-se e acabem por exemplo, através de rolos
A temperatura da solução prejudicando o desempenho das (squeegeed) e então é submetida à
ácida contendo cromo hexava- camadas fosfatizadas oleadas ou secagem, por exemplo com ar
lente varia muito, podendo ser pintadas no que se refere à resis- quente (rausch, 1990, p.209).
mantida desde a temperatura tência à corrosão. Recomenda-se Já no caso de camadas que serão
ambiente até 70ºC. Quando se o controle do pH e a concentra- pintadas, é imprescindível a lava-
adota temperaturas mais eleva- ção de cromo hexavalente. A fre- gem com água deionizada para
das, o estágio de secagem pode quência deste controle deve ser retirar todo e qualquer resíduo
ser dispensado. No entanto, é estabelecida em função da quan- de cromo hexavalente.
C & P • Julho/Agosto • 2009 25
TABELA 3 – CONCENTRAÇÃO DE CROMO RECOMENDADA PARA A SELAGEM COM ÁCIDO CRÔMICO (BS 3189, 1973)
Aplicação Concentração recomendada em termos de CrO3* + Cr3+
Mínima Máxima
Camadas para pintura submetidas
a uma lavagem final com água deionizada 0,2 g/l 1,0 g/l
Camadas para pintura sem lavagem
final com água deionizada 0,1 g/l 0,5 g/l
Camadas destinadas à resistência à corrosão
após aplicação de óleos, graxas ou ceras 0,1 g/l 2,5 g/l

* Até 50% da quantidade de ácido crômico pode ser substituído por ácido fosfórico

Esta diferença está no se- principal de passivar o substrato Pós-tratamento com


guinte fato: o excesso de sais de de aço exposto enquanto o soluções isentas de cromo
cromo hexavalente que perma- cromo trivalente terá a função Em muitos lugares, as restri-
nece nos poros da camada fos- de selar os poros através da for- ções ao uso de sais de cromo
fatizada é benéfica sob o ponto mação de fosfatos complexos referem-se à concentração nos
de vista de corrosão, mas causa insolúveis. O resultado obtido efluentes de cromo total e não
formação de bolhas sob cama- será melhorar o desempenho somente de cromo hexavalente.
das de tintas expostas a ambi- das camadas fosfatizadas no que Assim sendo, muitos estudos,
entes úmidos. se refere à resistência à corrosão, não só no campo de fosfatização,
A ação benéfica na resistên- principalmente no caso de mas em muitas áreas da enge-
cia à corrosão pode ser explica- camadas fosfatizadas que serão nharia têm sido conduzidos com
da da seguinte maneira: se a pintadas: neste caso a lavagem o objetivo de identificar alterna-
água atingir uma camada fosfa- com água deionizada não pro- tivas para o uso de sais de cromo.
tizada, ela dissolverá os sais de moverá a lixiviação dos com- O molibdato tem sido um forte
cromo hexavalente solúveis que postos que estão selando os candidato, visto que as suas pro-
permaneceram retidos no poro. poros pois, neste caso, estes são priedades de aumentar a resis-
Nestas condições, a camada insolúveis. tência à corrosão dos metais são
fosfatizada estará em contato Com as crescentes restrições comparáveis aos sais de cromo.
com uma solução inibida o que contra o uso do cromo hexava- No entanto, o seu uso tem sido
retardará a corrosão. lente, levou-se ao uso de solu- restrito devido ao alto custo e às
A lavagem com água deio- ções contendo somente sais de restrições ambientais impostas
nizada obviamente causa dimi- cromo trivalente, sendo o mais também aos molibdatos.
nuição do poder protetivo, mas utilizado o acetato de cromo. Alternativas como o uso de
mesmo assim ela é adotada pois Uma das restrições ao uso des- taninos, nitritos, amino-fosfatos,
a formação de bolhas é alta- tas soluções é a necessidade de sais de zircônio, silicatos, bora-
mente prejudicial às camadas seu controle rigoroso. tos, também são citadas na lite-
pintadas. Uma das vantagens do uso ratura (kent, 1985; rausch,
de selagem do cromo trivalente 1990, p.141), porém, o desem-
Pós-tratamento com é a possibilidade da adoção da penho destes compostos é infe-
solução contendo sais lavagem subsequente com água rior aos cromatos. Produtos pro-
de cromo trivalente deionizada: conforme já citado, prietários à base de poliidroxies-
As primeiras tentativas de esta lavagem não diminui a efi- tirenos aplicados sobre camadas
utilização de sais de cromo tri- ciência da selagem, fato que fosfatizadas à base de ferro e zin-
valente foram realizadas com ocorre com a selagem somente co são citados na literatura como
misturas de soluções contendo com cromo hexavalente. Isto é produtos que oferecem benefí-
cromo trivalente e cromo hexa- considerado particularmente cios comparáveis aos de base cro-
valente. Soluções contendo importante quando a camada mo hexavalente (kent, 1985).
cromatos de cromo na forma fosfatizada é utilizada como Citações de uso de compostos
de complexos são utilizados base de pinturas eletroforéticas, polivinilfenólicos também são
para promover a passivação e pois uma boa lavagem com encontrados na literatura (free-
selagem dos poros da camadas água deionizada diminui o man, 1988, p.110).
fosfatizada. Neste caso, o cro- arraste das soluções de cromo Existem muitos produtos
mo hexavalente terá a função para o tanque de tinta. proprietários, alguns ácidos e
26 C & P • Julho/Agosto • 2009
outros alcalinos, que visam subs- London : British Standards Institu-
tituir o cromo hexavalente e cujo tion, 1973, 10p. Zehbour Panossian
agente inibidor de corrosão não freeman, d. b. Phospating and metal Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
é conhecido, de modo que se pre-treatment. 1st ed. New York : Paulo – IPT. Laboratório de Corrosão e
torna difícil afirmar se tais pro- Industrial Press, 229p., 1988. Proteção – LCP. Doutora em Ciências
dutos apresentam desempenho kent, g. d. Phosphate and other conver- (Fisico-Química) pela USP.
superior à selagem à base de cro- sion coating – an update. In: Encon- Responsável pelo LCP.
mo hexavalente, recomendando- tro Brasileiro de Tratamento de Célia A. L. dos Santos
se que sejam conduzidos estudos Superfície, 4. São Paulo, 1985, Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
específicos de verificação de Anais. São Paulo : ABTS, p. 286- Paulo – IPT. Laboratório de Corrosão e
desempenho, antes de se optar 298, 1985. Proteção – LCP. Doutora em Química
pela sua utilização. lorin, G. 1974. Phosphating of metals. (Fisico-Química) pela USP.
Na próxima edição, o tema Great-Britain: Finishing Publica- Pesquisadora do LCP.
pós-tratamento terá continuida- tions. 222p.
de abordando as soluções à base rausch, w. 1990. The phosphating of Contato com as autoras:
de estanho e, também, o pós-tra- metals. 1st.ed. Great Britain: Red- zep@ipt.br / clsantos@ipt.br
tamento para a conformação wood Press, 416p. fax: (11) 3767-4036
mecânica. tt-c-490d:1994 – Federal specification,
cleaning methods for ferrous surfaces
Referências bibliográficas and pretreatments for organic coa-
biestek, t.; weber, j. 1976. Electrolytic tings. USA : Federal Specification,
and chemical conversion coatings. 1st 1994.18p.
ed. Wydawnictwa : Porteceilles. 432p. woods, k.; spring, s. Zinc Phosphating.
bs 3189: 1973: Specification for phos- Metal Finishing. v.77, n.4, p. 56-60,
phate treatment of iron and steel. 1979.

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Artigos Técnicos

Fosfatização de Metais Ferrosos


Parte 19 – Pós-tratamento
Pós-tratamento das camadas fosfatizadas: utilização de solução contendo sais de estanho
e desidrogenação das camadas fosfatizadas

amadas de fosfato de so (Sn2+) para estânico (Sn3+). cas, é evitar que resíduos presen-
zinco ou de fosfato de Normalmente, a solução con- tes na superfície da camada fosfa-
manganês, destinadas à tém ácido clorídrico e ácidos po- tizada contaminem as tintas
proteção contra corrosão, podem liidroxicarboxílicos. O pH é (kent, 1985).
ser submetidas a pós-tratamento mantido entre 2 e 3, a tempera- A presença de resíduos solú-
Por Zehbour em soluções contendo sais de tura ao redor de 95ºC e o tempo veis é indesejável, pois:
Panossian estanho II. Com isto, há a incor- de imersão varia entre 5 min e • no caso dos resíduos serem
poração de óxido de estanho 10 min (rausch, 1990, p.142). constituídos de substâncias
hidratado na camada (rausch, Para se ter uma idéia do efei- agressivas, como cloretos, a re-
1990, p.141). Camadas assim to do tratamento com sais esta- sistência à corrosão será com-
obtidas apresentam elevada resis- nosos, é apresentada a tabela 1. prometida;
tência à corrosão após aplicação Pode-se verificar que o uso de • estes resíduos, sendo ou não
de óleos ou graxas. Este tipo de sais de estanho confere uma re- agressivos, favorecem a forma-
Por Célia A. L. pós-tratamento é proprietário e sistência à corrosão superior ao ção de bolhas (blistering).
dos Santos recebe o nome comercial de pós-tratamento com cromatos. Para entender o favorecimen-
Endurion. Além disso, verifica-se que o tra- to da formação de bolhas, deve-
Segundo a literatura, estas tamento com estanho aumenta a se lembrar o conceito de osmose:
camadas também são adequadas eficiência da proteção com ceras. se dois recipientes contendo uma
quando destinadas a fixadores mesma solução são separados
(freeman, 1988, p.77-78). Este Lavagem com água por uma membrana permeável
tratamento só é realizado em deionizada ao solvente e impermeável ao so-
camadas fosfatizadas espessas A lavagem final com água de- luto, o solvente atravessará a
(pelo menos 15 g/m2), pois, as ionizada é uma prática muito membrana no sentido da solução
soluções contendo sais de esta- utilizada para camadas fosfatiza- mais diluída para a mais concen-
nho utilizadas atacam as cama- das destinadas a servirem como trada, na tentativa de igualar as
das de fosfato, de modo que ca- base de pintura. A grande maio- concentrações das duas soluções
madas finas podem ser parcial- ria dos trabalhos consultados re- (Figura 1).
mente dissolvidas, o que reduz a comenda lavagem com água de- Películas de tinta são, em
resistência à corrosão. ionizada após a lavagem ácida e maior ou menor grau, permeá-
A sequência normal do trata- afirma que esta prática melhora o veis à água. Assim sendo, quando
mento com soluções contendo desempenho das tintas, pois reti- superfícies pintadas são expostas
sais de estanho é a seguinte ra da superfície fosfatizada todo e
(rausch, 1990, p.142): qualquer resíduo proveniente da Água
• fosfatização lavagem ácida. Segundo Scislow-
• lavagem em água fria ski (1989), mesmo sem a sela-
• lavagem em água quente gem, a lavagem com água deio- Solução Solução
• tratamento em solução conten- nizada determina um desempe- aquosa aquosa
do sais de estanho nho superior dos esquemas de concentrada diluída
• lavagem em água corrente pintura.
• secagem O objetivo da lavagem com Membrana permeável à água
• aplicação de óleo ou graxa. água deionizada é retirar da
Não se pode utilizar a imer- superfície da camada fosfatizada Figura 1 – Ilustração esquemática
são em ácido crômico quando se todo e qualquer resíduo solúvel e da passagem da água por uma
opta pelo tratamento com sais de assim evitar a formação de bo- membrana permeável à água,
estanho, visto que o cromo hexa- lhas. Um outro objetivo, no caso mas não ao soluto, na tentativa
valente pode oxidar o íon estano- de se utilizar tintas eletroforéti- de igualar as concentrações
26 C & P • Setembro/Dezembro • 2009
TABELA 1 – RESISTÊNCIA À CORROSÃO DE CAMADAS DE FOSFATO DE ZINCO COM DIFERENTES PÓS-TRATAMENTOS
SUBMETIDAS AO ENSAIO EM CÂMARA DE NÉVOA SALINA (RAUSCH, 1990, P.142)

Tratamento Tempo para o aparecimento


(espessura da camada) de corrosão vermelha (h)
Fosfato de zinco (20 g/m2) 1
Fosfato de zinco (20 g/m2) com pós-tratamento
em solução contendo cromatos 3
Fosfato de zinco (20 g/m2) com
pós-tratamento com cloreto estanoso 100
Fosfato de zinco (20 g/m2) com cera (5 g/m2) 80
Fosfato de zinco (20 g/m2) com cloreto
estanoso seguida de cera (5 g/m2) 200

a meios úmidos, a água atingirá deionizada são pintadas e sub- e não-submetidas à lavagem
a superfície tinta/substrato. Nes- metidas ao ensaio em câmara com água deionizada, fato já
tas condições, ter-se-á três situa- úmida, bolhas formar-se-ão mencionado.
ções de interesse: conforme já citado. Se estas Face ao exposto, recomenda-
• ausência na interface tinta/ bolhas forem abertas verificar- se sempre lavagem final com
substrato de qualquer tipo de se-á que há água sob a bolha, água deionizada dos produtos
resíduo e água limpa na super- porém não há corrosão. Isto fosfatizados que serão pintados.
fície da tinta, como por exem- ocorre devido ao fato da água Esta lavagem torna-se ainda mais
plo substratos limpos pintados estar inibida, pois dissolveu os importante para as tintas eletro-
e expostos à câmara úmida: resíduos solúveis provenientes foréticas, pois, conforme já men-
neste caso, nenhum fator con- da solução passivante; cionado, evita a contaminação
tribuirá para acelerar a passa- • ausência ou presença de resí- do tanque de tinta com os resí-
gem da água da superfície ex- duos na interface tinta/substra- duos da lavagem ácida.
terna para a interface substra- to e solução salina na superfície
to/tinta, pois a membrana da tinta, como por exemplo Secagem
(tinta) permeável à água está substratos, limpos ou não, pin- A secagem dos produtos fos-
separando água pura; tados e expostos em câmara de fatizados antes da aplicação do
• presença na interface tinta/ névoa salina: neste caso, como tratamento suplementar é um
substrato de resíduos solúveis e a água presente na superfície da estágio necessário. Esta necessi-
água limpa na superfície da tinta contém uma quantidade dade deve-se:
tinta, como por exemplo, subs- considerável de sal (3 % de • à insolubilização de qualquer
tratos contaminados pintados cloreto de sódio), a água tende- excesso de cromatos presentes
e expostos à câmara úmida: rá a voltar por osmose para ten- na camada (no caso de se ado-
neste caso, haverá tendência, tar diluir a solução salina. É por tar lavagem final com água
por osmose, da água passar da esta razão, que não se verifica a contendo cromo hexavalente);
superfície externa em direção à formação de bolhas sobre • às próprias camadas fosfatiza-
interface substrato/tinta, pois camadas fosfatizadas passivadas
tem-se uma solução concentra-
da na interface e água pura Caminho Forma bolha porque a difusão da
sobre a tinta. Isto determinará da água água é favorecida para diluir a solução
Resíduos formada com os resíduos solúveis
a formação de bolhas. É o caso solúveis Camada de tinta
das camadas fosfatizadas passi- Camada fosfatizada
vadas e não lavadas com água
deionizada, ou camadas fosfa- Substrato Substrato
tizadas lavadas com águas
duras ou águas com alto teor
de sólidos dissolvidos. Este Antes da exposição Depois da
à água exposição à água
caso está ilustrado na figura 2.
Convém citar o fato que quan- Figura 2 – Ilustração esquemática da formação de bolhas sob camadas
do camadas fosfatizadas passi- de tintas. A presença de resíduos solúveis favorece a passagem da água
vadas e não-lavadas com água através da membrana (tinta) em direção à interface substrato/tinta
C & P • Setembro/Dezembro • 2009 27
TABELA 2 – CONDIÇÕES RECOMENDADAS PARA O TRATAMENTO TÉRMICO DE DESIDROGENAÇÃO
PARA AÇOS FOSFATIZADOS (ISO 9717, 1990)

Limite de resistência Temperatura* e tempo recomendados


1 000 N/mm2 a 1 400 N/mm2 130ºC a 200ºC durante no mínimo 1 hora
1 400 N/mm2 a 1 800 N/mm2 150ºC a 200ºC durante no mínimo 4 horas
Maior que 1 800 N/mm2 170ºC a 200ºC durante no mínimo 6 horas

* Camadas a base de fosfato de zinco e de fosfato de manganês podem perder água de hidratação durante o tratamento de desidrogenação, o que
reduz o seu desempenho no que se refere à resistência à corrosão. Assim recomenda-se que camadas a base de fosfato de zinco não sejam subme-
tidas a temperaturas superiores a 150ºC e camadas a base de fosfato de manganês não sejam submetidas a temperaturas superiores a 170ºC. Do
mesmo modo, aços submetidos a algum tipo de tratamento de endurecimento superficial, como carbonatação, devem ser tratados a temperaturas
entre 130ºC e 150ºC, durante no mínimo 6 horas, para que o tratamento superficial não seja afetado. Maiores considerações sobre a desidrata-
ção da hopeíta podem ser encontradas no trabalho de Arnaud e colaboradores (1988).

das as quais não apresentam ou um produto que contém 30 pontos1;


uma resistência à corrosão in- agentes desaguantes. • em processos que exigem tem-
trínseca necessitando de trata- peraturas elevadas as quais
mento suplementar. Assim, de- Desidrogenação favorecem a incorporação de
vem-se manter os produtos Qualquer tratamento de su- hidrogênio. Assim, recomen-
fosfatizados secos para evitar o perfície em meio aquoso pode da-se o uso de banhos que ope-
início do processo de corrosão; determinar a penetração de hi- ram a temperaturas mais baixas
• ao fato de que muitos dos tra- drogênio atômico no substrato (rausch, 1990, 112);
tamentos suplementares não o que pode elevar a probabili- • durante o estágio da decapa-
podem ser aplicados sobre su- dade de falhas em serviço devi- gem ácida. Assim, deve-se evi-
perfícies molhadas. Cite-se do ao hidrogênio incorporado. tar este estágio. Caso seja extre-
como exemplo óleos e graxas, O processo de fosfatização não mamente necessário, devem-se
tintas e vernizes. Se a água esti- constitui uma exceção, visto usar ácidos diluídos, porém
ver presente na interface entre que além de ser um processo sempre que possível deve-se
a camada fosfatizada e este tipo em meio aquoso, tem vários substituir este estágio por deca-
de tratamento suplementar, estágios, incluindo a própria pagem alcalina ou limpeza
poderá ser desencadeado o pro- fosfatização, em que se têm mecânica;
cesso de corrosão. condições para a formação de • para aços de limite de resis-
A secagem pode ser feita sim- gás hidrogênio na interface tência igual ou superior a
plesmente pela exposição do substrato/solução. 1000 N/mm2.
produto fosfatizado à atmosfera. A probabilidade de danifica- Quando a probabilidade de
Neste caso, a secagem é lenta e a ção por hidrogênio nos processos danificação por hidrogênio é
probabilidade de ocorrência de de fosfatização aumenta nos elevada, as peças fosfatizadas de-
corrosão é elevada, principal- seguintes casos: vem ser submetidas a um trata-
mente, se o local de secagem for • nos processos de fosfatização mento térmico de desidrogena-
pouco ventilado e úmido. Para não-acelerados com compostos ção, após o estágio de secagem e
evitar problemas, recomenda-se oxidantes, como cloratos e antes da aplicação do tratamen-
acelerar a secagem, podendo isto nitratos. Assim, quando há pe- to suplementar (como óleos,
ser feito por meio de uma ou rigo de danificação por hidro- graxas, tintas e vernizes). As
mais das seguintes medidas: gênio recomenda-se o uso de condições de tratamento de de-
• secagem em estufa (a tempera- banhos fosfatizados contendo sidrogenação são apresentadas
tura recomendada é de 110ºC aceleradores do tipo oxidante, na tabela 2.
a 170ºC); isenta de íons de cobre e baixa Na próxima edição, será
• secagem com ar quente; acidez total. A norma BS EM abordado o pós-tratamento so-
• adoção de temperatura elevada 12476 (2000) recomenda bre camadas fosfatizadas destina-
na última etapa de lavagem. manter a acidez total inferior a do à conformação mecância.
Em alguns casos específicos a
secagem pode ser dispensada,
1
como, por exemplo, quando no Volume em ml de hidróxido de sódio 0,1N utilizado para neu-
tratamento suplementar é utili- tralizar 10 ml do banho de fosfatização utilizando fenoftaleína como
zado um produto a base d’água indicador
28 C & P • Setembro/Dezembro • 2009
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ARNAUD, Y.; SAHAKIAN, E.; de Superfície, 4. São Paulo, 1985, Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
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FREEMAN, D. B. Phospating and
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York : Industrial Press, 1988, zep@ipt.br / clsantos@ipt.br
229p. fax: (11) 3767-4036
ISO 9717:1990. Phosphate conversion
coatings for metals – methods of spe-
cifying requirements. 19 p.
KENT, G. D. Phosphate and other con-

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Artigo Técnico

Fosfatização de Metais Ferrosos


Parte 20 – Pós-tratamento
para conformação
Pós-tratamento das camadas fosfatizadas empregadas nos processos de conformação mecânica

s camadas fosfatizadas redor de 90ºC (RAUSCH, 1990, (RAUSCH, 1990, p.232; ISO
apresentam, entre ou- p.232). A cal tem a vantagem 9717, 1990; BS 3189, 1991).
tras, a propriedade de de apresentar baixo custo. A A necessidade de neutralização
melhorar a retenção de lubrifi- desvantagem é que a cal não é devida ao fato de ocorrer a
cantes. Esta propriedade é de pode ser usada sozinha para de- precipitação de ácido esteári-
Por Zehbour fundamental importância nas formações severas (RAUSCH, co, quando se aplica o esteara-
Panossian operações de conformação me- 1990, p.232). to de sódio sobre superfícies
cânica, pois as superfícies a se- O bórax é utilizado, em fosfatizadas que trazem consi-
rem deformadas devem se man- geral, nos casos de conformação go os vestígios de ácido das
ter lubrificadas para tornar pos- a seco. A aplicação de bórax operações anteriores ( FREE -
sível deformações severas, sem a pode ser feita através da imersão MAN, 1988, p.110). Quando
necessidade de tratamentos tér- em solução aquosa diluída (5 % se utiliza sabão sólido, solu-
micos intermediários e, para a 10 %) de tetraborato de só- ções mais concentradas de bó-
Por Célia A. L. minimizar o desgaste das ferra- dio (Na2B4O7•10H2O) a uma rax, cal ou metassilicato de só-
dos Santos mentas. temperatura entre 80ºC e 90ºC dio são requeridas. Neste caso,
Assim sendo, camadas fos- durante 5 s a 10 s (RAUSCH, estes têm a função de portador
fatizadas destinadas à confor- 1990, p.232). Como o bórax é do lubrificante (em inglês
mação devem ser tratadas com higroscópico, após a sua aplica- lubrificant carrier) (ISO 9717,
compostos com propriedades ção, deve-se armazenar o pro- 1990, BS 3189, 1991).
lubrificantes. Os compostos duto fosfatizado em locais se-
mais utilizados para esta finali- cos. Caso contrário, o bórax ab- Pós-tratamento com
dade são bórax, cal, metassili- sorve a umidade do ar o que estearato (sabão)
cato de sódio, sabão (estearato pode determinar a corrosão do O pós-tratamento com
de sódio) e alguns tipos de lu- produto fosfatizado. estearato de sódio é indicado
brificantes. Uma vantagem do bórax é a para componentes destinados
facilidade de sua remoção após à conformação mecânica e que
Pós-tratamento com solução a conformação, sendo possível a foram fosfatizados em banhos
contendo bórax, cal ou sua utilização em operações de à base de fosfato de zinco. O
metassilicato de sódio conformações mais severas do tratamento é realizado logo
Para alguns processos de que são permitidos quando se após a fosfatização e após a
conformação mecânica, como utiliza cal. neutralização com solução de
trefilação de fios, cal ou bórax Quando o lubrificante uti- bórax, cal ou metassilicato de
podem ser utilizados como lu- lizado é o sabão, soluções con- sódio. Consiste na imersão da
brificantes. tendo bórax ou metassilicato peça fosfatizada em solução de
A aplicação de cal pode ser de sódio têm sido utilizadas estearato de sódio seguida de
feita por imersão em uma sus- com o objetivo de neutralizar secagem. A concentração de
pensão aquosa diluída de qualquer arraste de solução á- estearato de sódio pode variar
Ca(OH)2 (0,3 % a 3 %), cida para o estágio de aplica- de 2 % a 20 % (pH entre 8 e
mantida a uma temperatura ao ção do sabão (estearato) 10), sendo recomendada uma

Zn3(PO4)2 + 6Na[CH3(CH2)nCOO] → 3Zn[CH3(CH2)nCOO]2 + 2Na3PO4


Fosfato de zinco Estearato de sódio Estearato de zinco Fosfato de sódio

Figura 1 – Reação entre o fosfato de zinco neutro e o estearato de sódio


30 C & P • Março/Abril • 2010
TABELA 1 – MASSA DE ESTEARATO DE SÓDIO E ESTEARATO DE ZINCO DE AMOSTRAS FOSFATIZADAS TRATADAS
COM ESTEARATO DE SÓDIO COM E SEM PASSIVAÇÃO

Condições de aplicação Massa de estearato Massa de estearato de


do estearato de sódio de sódio retida (g/m2) zinco formada (g/m2)
Primeira série
Camada fosfatizada + sabão 0,10 0,42
Camada fosfatizada + passivação + sabão 0,17 0,30
Segunda série
Camada fosfatizada + sabão 0,29 0,36
Camada fosfatizada + passivação + sabão 0,17 0,31

temperatura entre 70ºC e parte da solução de estearato de para conformação (LEITE et


80ºC e um tempo de imersão sódio é arrastada e fica aderida al., 2000) mostraram clara-
entre 2 min e 10 min. à superfície após a evaporação mente este fato.
Para bobinas, a concentra- da água. A camada fosfatizada Nestas experiências, foram
ção do sabão pode ser mantida assim obtida terá a estrutura preparadas duas séries de duas
entre 2 % e 3 %. Para con- mostrada esquematicamente na amostras, a saber:
formação moderada de discos, figura 2. • camada fosfatizada + estearato
a concentração do sabão pode Dependendo das condi- de sódio;
ser mantida entre 2 % e 10 %. ções de aplicação do sabão e • camada fosfatizada + passiva-
Para conformação mais severa da massa de fosfato por unida- ção + estearato de sódio.
de itens maiores, a concentra- de de área, a massa de sabão A quantidade de estearato
ção do sabão pode ser mantida (estearato de sódio + estearato de sódio retida e de estearato
entre 5 % e 10 % (RAUSCH, de zinco) pode atingir valores de zinco formada foi determi-
1990, p.247-248). de até 20 g/m 2 ( RAUSCH , nada para estas duas amostras,
Quando se imerge uma 1988, p. 214). Desta quanti- tendo sido obtidos os resulta-
peça fosfatizada em uma solu- dade, 50 % pode ser consti- dos apresentados na tabela 1.
ção de estearato de sódio, ocor- tuída de estearato de zinco. Pelos resultados apresenta-
re uma reação entre o fosfato de Para tiras conformadas a frio, dos na tabela 1, pode-se verifi-
zinco neutro (constituinte da com uma massa de fosfato de car que a passivação causa di-
camada fosfatizada) e o esteara- 3 g/m 2 a 6 g/m 2, pode-se minuição da quantidade de es-
to de sódio com formação de recomendar massa de estearato tearato de zinco formada. Quan-
estearato de zinco e fosfato de de zinco mínima de 0,5 g/m2 e to à quantidade de estearato
sódio, de acordo com a reação massa de estearato de sódio de de sódio retida, a presença do
(FREEMAN, 1988, p.93) expres- 0,5 g/m2 a 1,3 g/m2. passivador ora determinou di-
sa na figura 1. Convém lembrar que, minuição ora aumento, ou
O estearato de sódio é solú- quando a camada fosfatizada seja, não apresentou uma in-
vel em água e o estearato de for submetida a operações de fluência bem definida. Estes
zinco não. Assim, à medida que conformação, não se adota o resultados são coerentes, visto
a reação prossegue vai forman- estágio de passivação ou sela- que o estearato de zinco se for-
do o estearato de zinco insolú- gem, pois a camada de passi- ma como resultado da reação
vel que adere perfeitamente à vação interfere na reação com entre o estearato de sódio e a
superfície da camada fosfatiza- o estearato. Experiências reali- camada de fosfatos, portanto,
da. Ao se retirar o produto fos- zadas em uma empresa produ- a passivação interfere porque
fatizado da solução de sabão, tora de chapas fosfatizadas forma um barreira entre os
dois reagentes. Já o estearato
de sódio é retido por arraste,
Estereato de Sódio portanto, não depende da pre-
sença ou não da camada de
Estereato de Zinco Camada fosfatizada passivação, mas de outros fa-
tores, tais como: temperatura,
velocidade de remoção e con-
centração da solução de estea-
Figura 2 – Ilustração esquemática de uma camada de fosfato de zinco rato de sódio.
tratada com estearato de sódio (FREEMAN, 1988, p.93) Vários fatores devem ser le-
C & P • Março/Abril • 2010 31
No entanto, um aumento sig- aplicar sobre o sabão uma ca-

Estearato de Zinco formado (g/m )


2
nificativo é verificado quando mada de óleo protetivo.
se aumenta o pH de 9 para É bom citar o fato de que
10. Acima de 10, novamente quanto maior a quantidade de
o aumento de pH exerce pou- estearato de zinco em relação
ca influência na quantidade ao estearato de sódio, melhor
de estearato de zinco forma- será a resistência à corrosão.
da. Assim sendo, é aconselhá- Isto é devido ao fato do esteara-
vel manter o pH próximo ao to de zinco ser insolúvel e
limite superior da faixa opera- hidrófobo. Assim, se a imersão
Figura 3 – Influência do pH do cional, ou seja, próxima a 10; no sabão for feita de maneira a
sabão na quantidade de estearato • a quantidade de sabão (estea- não favorecer a formação do
de zinco formada (Lorin, 1974, rato de sódio + estearato de estearato de zinco, a probabili-
p.178) zinco) é maior quanto maio- dade de ocorrência de corrosão
res são os cristais de fosfato durante o armazenamento e
vados em consideração para (BIESTEK & WEBER, 1976, transporte será maior (RAUSCH,
aumentar a eficiência da apli- p.158). 1990, p.247).
cação do estearato de sódio, a Além do estearato de sódio,
saber: estearato de cálcio, zinco ou Outros lubrificantes
• no caso de utilização de solu- alumínio também são utiliza- Em alguns casos, óleos lu-
ção de estearatos por imersão, dos. Uma seqüência típica de brificantes ou polímeros orgâ-
a vida útil da solução é limita- aplicação de sabão é a seguinte: nicos são utilizados como lu-
da pela contaminação com • fosfatização; brificante de superfícies fosfa-
metais pesados trazidos para • lavagem; tizadas destinadas à conforma-
dentro da solução por arraste. • neutralização; ção. A mistura de polímeros
A remoção dos metais pesa- • imersão em estearato; em pó com carbonato de cál-
dos pode ser realizada por • secagem. cio e pó de grafite, óleos emul-
centrifugação; O estearato de zinco é pou- sionáveis (concentração entre
• o arraste de soluções ácidas, o co solúvel, hidrófobo, alta- 10 % e 20 % e temperatura
que abaixa o pH da solução mente aderente e é um lubrifi- entre 70ºC e 80ºC) também
do sabão. Isto determina a cante muito potente para con- são utilizados (RAUSCH, 1990,
precipitação do ácido esteári- dições de pressão elevada a que p.232, 241).
co. Para evitar isto, deve-se superfícies metálicas são sujei- Para conformação muito
intercalar um estágio de neu- tas durante a conformação severa, grafite e dissulfeto (bis-
tralização com solução de mecânica, possibilitando que sulfeto) de molibdênio são
bórax, cal ou metassilicato de operações de conformação se- mais recomendados do que o
sódio (ver item anterior); jam realizadas a velocidades próprio sabão (RAUSCH, 1990,
• a quantidade de estearato de elevadas e com menor desgaste p.248). As excelentes proprie-
zinco formada aumenta com das ferramentas. dades lubrificantes destes dois
a temperatura da solução de A camada de sabão não é produtos devem-se a sua natu-
estearato de sódio (JAMES, capaz de conferir uma elevada reza lamelar: as lamelas escor-
1961, p.177); proteção contra corrosão. En- regam umas sobre as outras o
• quanto maior o tempo de saios realizados com camadas que melhora o desempenho.
imersão maior é a quantidade fosfatizadas com sabão em O dissulfeto de molibdênio
de estearato de zinco formada; câmara de névoa salina mos- pode ser aplicado por tambo-
• quanto maior o pH da solu- traram que após 24 horas já reamento (partículas de dissul-
ção de estearato de sódio (que ocorre corrosão vermelha em feto de molibdênio são tambo-
deve ser mantida entre 8 e 10) mais de 50% da superfície readas juntamente com as pe-
maior é a quantidade de ensaiada (LEITE et al., 2000). ças fosfatizadas), ou, por imer-
estearato de zinco formada. A Assim sendo, produtos fosfati- são das peças fosfatizadas em
dependência entre estas duas zados submetidos apenas a um suspensão aquosa de dissulfeto
grandezas está apresentada na tratamento suplementar de de molibdênio.
figura 3. Pode-se verificar que sabão não podem ser armaze- Na próxima edição, serão
a quantidade de estearato de nados em ambientes úmidos abordadas as características fí-
zinco aumenta pouco quando por tempos prolongados. Caso sico-químicas das principais
se aumenta o pH de 8 para 9. isto seja necessário deve-se camadas fosfatizadas.
32 C & P • Março/Abril • 2010
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Metal Industries Special conference, zep@ipt.br / clsantos@ipt.br
p. 171-189, 207, March 1961. fax: (11) 3767-4036
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