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Danças da pré-história à idade média.

Como sabemos a pré-história é o período marcado pela falta de documentos escritos,


sendo contempladas gravuras que representavam o cotidiano de tais seres que deram
origem a nossa sociedade. Com a dança não foi diferente, os registros que marcam a
presença da movimentação do corpo eram expressos em pinturas rupestres como a gruta
de Gabilou (12.000 A.C) e a figura de Trois-Fréres (10.000 A.C), onde ambas retratam a
questão do homem em domínio da natureza executando rituais e se revestindo com peles
de animais, tanto sozinho como em grupo, registrado na gravura da roda de Addura.
A concepção de rituais ligado as danças se perpetuou para o antigo Egito, onde se
iniciaram as representações na escrita. Neste contexto é de importância notar que a classe
social era uma questão eminente para tal prática, tendo sua maior presença nos rituais
sagrados ou funerários.
O começo de retratos escritos se transformou em uma concepção mais aberta na Grécia
onde as obras literárias passaram a discernir sobre a dança, como a alusão em Odisseia ao
pé brilhante de Apolo que se levantava, ou a origem de palavras que representassem o
movimento como algo de alegria, algo agradável(um grande exemplo é a palavra “orkesys”
que tem como significado a arte de dançar).
Além desse início às representações escritas, começaram também as representações de
maiores rituais, ainda ligado muito a religiosidade, porém começando a aparecer em
cerimônias cívicas, festas, nos jogos pan-helênicos, na educação infantil, no treinamento
militar e etc... Grandes exemplos desses rituais são o ritual de Creta em celebração a
Dionísio (Deus do entusiasmo, embriaguez, do êxtase e da fertilidade), onde a dança era
tida como algo oferecido pelos deuses para que os mortais os honrassem e se alegrassem,
sendo um meio de comunicação de homens e deuses, tendo ritmo e ordem. Vale ressaltar
suas diversas variações, como as danças dionisíacas que tinham mulheres dominadas pela
loucura (mênades), ou em Esparta que era chamada de festa de Artemis, onde as mulheres
se vestiam com falos postiços e dançavam com os membros e cabeças esticados, cheios
de movimentos vivos e passos corridos. Outro grande exemplo é o Ditumbre realizado por
volta do séc VI, que incluía coros para a dança e para o canto do hino. Separados do
menos liberto ao mais liberto, existiam o coro de tragédia, comédia e sátira, todos eram
executados com chefes do coro que iniciavam um diálogo e deixavam todos em êxtase,
sendo esses chefes aqueles que eram punidos pelo coro, onde conforme o tempo foi
passando o coro foi se diminuindo e os chefes aumentando. Nestes coros a estrutura da
realização do ritual começou a ser bem pautada, com número de fileiras e partes de
entradas e saídas, sem contar a frequência métrica que dava o sinal para as danças e
cantos. As danças de ambos assim como dito anteriormente, vão do menos liberto ao mais
liberto, na comédia era muito presente as ondulações no quadril projetado pelo busto, e na
sátira, havia a dança chamada de skinnis que contendo passos ainda mais movimentados
acabou transformando-se gradativamente em farsa.
Nesta linha da dança começar a sair um pouco do religioso entrando como mais como
diversão, passamos a ver ela mais inserida em contextos sociais da época, como por
exemplo: nas danças de nascimento e pós-parto contempladas com peaõs de milho e grãos
de sésamo; nas danças de núpcias indo de noite até a manhã com o canto do epitalâmio;
nas danças de banquetes sendo executadas por bailarinos profissionais mais acrobáticas e
provocantes, e nas danças que celebravam a passagem de efebos a cidadãos.
Um último grande exemplo de dança Grega é a dança pírrica, onde era contemplada pelos
soldados, guerreiros, utilizada para aprendizado, competição, reflexão estética e filosófica
do corpo espírito. Sendo dita como o meio de alcançar a sabedoria o conhecimento e
equilíbrio.
Em cronológica a tal seguimento histórico, podemos citar também as danças romanas que
foram separadas em 3 períodos: reis, república e império onde cada período contemplou
uma característica diferente. Na época de reis a dança Saliana era contemplada, era uma
dança de origem agrária feita por guerreiros, celebradas com mais ênfase na primavera em
honra a marte; tal dança se consistia em um altar onde era feito um sacrifício, iniciando os
movimentos pelo chefe e indo gradativamente até todos dançarem. Já na república o
caráter religioso era quase inexistente se introduzindo mais danças voluptuosas e por fim,
no império, vemos uma revolução na dança entrando como moda e sendo praticada por
mulheres de alta classe, iniciando também o triunfo do circo.
Contudo após tais fases, há uma quebra na idade média, onde por conta do enorme
crescimento da religião cristã diversas manifestações da dança foram tidas como
pecaminosas, sendo proibidas por diversos interditos, onde seus decretos apenas
legitimavam a continuidade desta prática. As danças mais famosas de tal período foram a
carola ou choreos (constituída de uma dança executada em roda aberta ou fechada) e o
tripudium (constituído de uma dança de três tempos, onde não se tinha contato físico).
Conforme o passar do tempo foi-se liberando o dançar, mais executado em celebrações
religiosas ou sociais, como diversão.
Em viés de tais bagagens antigas, conseguimos notar as suas transformações e ligações
conforme os períodos, tendo tais conexões até os dias atuais onde se refletem grande parte
do preconceito e das heranças corporais deste período. Tanto na malícia perante
movimentos executados por áreas consideradas sensuais, sendo contidas em diversas
áreas artísticas da dança, como alguns grandes registros corporais em categorias mais
clássicas, ou mais folclóricas, também incluindo o caráter desvalorizador desta arte como
um todo sendo implicitamente naturalizado; mas como já dizia Sócrates “a dança é um
exercício que da proporções corretas ao corpo” seja lá como será executada pelas
reverberações absorvidas por este corpo.

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