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PRESERVE SEU CORAÇÃO DA AMARGURA

Filipenses 1.1-11 (NVI)

Introdução:

O tema da revista desse 2 semestre da nossa EBD é: Triunfando sobre as batalhas e


adversidades da vida. Gosto desse tema. Gosto porque o Evangelho não fantasia, não ilude, não
engana: “No mundo, vocês passarão pelo fogo das aflições, das adversidades, das noites
cinzentas, dos dias sem sol, da estrada espinhosa e ingime” (Jo.16.33).

Vida sem percalços só no Pías das maravilhas de Alice, ou então no “mundo encantado de Bob”,
porque na vida real, os problemas são reias.

Mas as adversidades são potencialmente geradoras, ou de amargura ou amadurecimento. A


questão não é se a gente vai passar as adversidade, mas como a gente reage a ela. Aliás, a
pergunta mais importante não como a gente vence as adversidades, mas como saímos dela.
Porque o modo como saímos dela é o que determina se vencemos ou não.

Há gente cujas circunstâncias as transformaram em pessoas amargas, embrutecidas, sem alma,


sem vida. Gente que perdeu o brilho, o sorriso, a doçura: “Ela é assim porque a vida foi dura”

Mas há outras cujas circunstâncias as maturou, as embelezou, transformou-as em gente com


experiências educativas e inspiradoras pra contar

Não podemos evitar que as circunstâncias dolorosas nos atinjam, mas temos o poder de decidir
se elas vão amargar nosso coração ou nos amadurecer

Precisamos guardar o nosso coração para que essas circunstâncias e não o embruteça, não o
torne amargo.

Transição:

Paulo é um excelente exemplo de alguém que, ao longo da sua história de vida, foi provado
pelo fogo das decepções, das circunstâncias mais dramáticas e cruéis possíveis:

Em 1 de Co. 11.23-28. Paulo dar um brevíssimo testemunho do que lhe aconteceu fazendo a
vontade de Deus (Ler

Em 2 Timóteo 4.9-10 Paulo descreve algumas circunstância dolorosas que passou enquanto
fazia trabalhava na obra

1. Paulo sofreu a dor da solidão – Estava se sentindo só e pediu a Timoteo: “Procura vir ter
comigo depressa(...) toma contigo a Marcos e traze-o contigo (v. 11);

2. Paulo sofreu abandono no meio da jornada – v. 10: “Porque Demas, tendo amado o presente
século, me abandonou...”

3. Paulo sofreu a dor dar oposição e difamação injustas – v. 14: “ Alexandre, o latoeiro, causou-
me muitos males; o Senhor lhe dará a paga segundo as suas obras”
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4. Paulo sofreu a dor da ingratidão: “Na minha primeira defesa, ninguém foi a meu favor; antes,
todos me abandonaram” (v. 16

E aqui Paulo está preso. Uma carta redigida na prisão. Sabe-se que Paulo esteve preso três
vezes: Livro de atos registra relata sua prisão em Jerusalém (At. 21.15-17), em Cesaréia (At.
24.1-27), onde ficou preso por dois anos. E finalmente, Roma (At. 28.30,31).

No período em que esteve preso, Paulo escreveu uma série de cartas denominadas cartas do
cativeiro: Filipenses, Colossensses, Efésisos e Filemom entre os anos 58 a 63 (d.C.). Paulo
escreveu a carta da prisão em Roma (Fp 1.12-13), em meados de 61 d.C quando já havia
cristãos no palácio do imperador (Fp 4.22).

No entanto, diante de tudo isso, sua opção não foi pelo embrutecimento e amargura, mas sim
pela vida e maturidade, pela gratidão e alegria constante.

Transição:

Como a gente faz para que as adversidades, as circunstanciais dolorosas não amargue e não
azede nosso coração? O que fazer para, depois que atravesarmos os desertos difíceis da vida
saiamos amadurecidos, com dignidade na alma?

Paulo nos Poe diante de quatro desafios:

1. Que a gratidão seja maior que a amargura

2. Que alegria seja maior que as circunstâncias

3. Que a afetuosidade seja maior que indiferença

4. Que o amor seja sempre maior que a louco e o ódio

1. Que a gratidão seja maior que a amargura

Dito de outra maneira: só é possível vencer

A gratidão é a assepsia do coração amargo.

A gratidão é a única força com poder de manter nosso olhar incontaminado pelas amarguras
deste mundo.

Como a gente reclama! Reclamamos de tudo! Quantas vezes você já reclamou hoje?

Davi lago escreveu um livro fantástico: “Um dia sem reclamar”. O autor propõe um desafio:
passar 24 horas sem reclamar. Que desafio gigantesco!!!

Paulo era um homem grato

Como era comum em suas cartas, Paulo inicia uma calorosa expressão de gratidão a Deus pela
vida de seus leitores – v.3: “Agradeço ao meu Deus toda vez que me lembro de vocês”
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Essa carta é fruto de um coração grato. O coração de Paulo transbordava de gratidão. Onde
estava a base da gratidão de Paulo? Quais as razões de sua gratidão?

1.1. Está na sua capacidade preservar boas lembranças. “Agradeço ao meu Deus toda vez
que me lembro de vocês”. Paulo se refere à lembrança que ele tem deles.

Alguém escreveu que o “ingrato tem memória curta, esquece num instante todo bem que lhe fora
feito durante a vida toda”. Está aqui uma igreja que trazia alegria ao coração do Apostolo Paulo.
Lembrar-se da igreja fazia Paulo dar graças a Deus.

Filipos é uma igreja que produz no coração de Paulo não apenas gratidão, mas saudades – v 8:
“Deus é minha testemunha de como tenho saudades de vocês” .

Que bonito! Feliz é o obreiro que pode lembrar, sem amarguras, da igreja que pastoreou. Feliz é
a igreja da qual um pastor sente saudades. Que igreja estamos construindo? Que igreja
queremos ser? Que igreja nós somos?

1.2. Cooperação da igreja no evangelho – v. 5: “Por causa da cooperação que vocês tem
dado ao evangelho, desde o primeiro dia até a gora”.

Acho isso lindo demais!!! Note que Paulo não os chama de “concorrentes do evangelho”, ou,
“competidores do evangelho”, mas cooperadores do evangelho!! Paulo não fez carreira solo no
ministério. Ele trabalhou em equipe.

Paulo tinha vários cooperadores no evangelho. Seu rol de cooperadores é inspirador. alguns
deles: Aristarco, Tiquico, Jesus o justo, Tinha mulheres que lhe ajudavam – Evódia e Sintique
Epafras Lucas Demas 4Onesíforo – o amigo de todas as horas João Marcos – At. 15.36-41 –
2Tm. 4.1.

A lógica do mercado: eliminar a concorrência pra se dar bem. A lógica do Reino é: ninguém sai
sozinho, vão de dois em dois.

1.3. Pelo processo de aperfeiçoamento que Deus está fazendo em nós - 6:“Estou
convencido que aquele que começou a boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo
Jesus”.

O que Paulo está dizendo é que somos uma obra de Deus em contínuo processo de construção.
Ninguém nasce pronto.

Quando Paulo Freire, o brilhante educador voltou ao Brasil, depois de quase dezesseis anos
exilado em diferentes países, em virtude da perseguição política da ditadura militar, numa
palestra pra jovens universitários, disse: “somos seres inacabados, inconclusos”. Freire estava
afirmando que ninguém nasce pronto, acabado. Estamos sempre “sendo” e, em virtude dessa
incompletude, podemos crescer, melhorar, aprender coisas novas, vivenciar novas experiências,
crescer existencialmente.

Somos aquilo que Lenine pôs na letra de uma canção: Imperfeitos, incompletos, impermanentes
Inconstantes, Instáveis, variáveis, Transitórios, transitivos Não feitos, não perfeitos, não
completos Não acabados, não definitivos.

Essa consciência nos livra de pelos menos 3 sentimentos terrivelmente prejudiciais:


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1. Auto-satisfação: “Tá bom do jeito que está”

2. Arrogância: É o individuo que acha que sabe tudo. Gente que nunca senta pra ouvir o que o
outro tem pra dizer porque acha que tem todos os saberes do mundo.

3. Intolerância. É quando somos intolerantes comas deficiências, as inadequações, os erros dos


outros.

O que Paulo anseia e espera da igreja de Filipos? Primeiro, que a gratidão seja maior que a
margura. Paulo tinha todos os motivos do mundo para amargar, azedar o coração, pois afinal de
contas ele está preso injustamente. Contudo, jorra do seu coração gratidão.

2. Que a alegria seja maior que as circunstanciais

Alegria É o tema que percorre todo o livro, não é sem razão que os teólogos a intitulam de A
carta da alegria. Paulo está preso, mas não lamenta, não resmunga, não esmurra a parede, não
permite seu coração sucumbir às tristezas mil, ao contrário, ele escreve uma carta que
transborda alegria.

Versículo 4: “Em todas as minhas orações em favor de vocês, sempre oro com alegria”

Versículo 18: “Mas, que importa? O importante é que de qualquer forma, seja por motivos falsos
ou verdadeiros, Cristo está sendo pregado, e por isso me alegro. De fato, continuarei a alegrar-
me,”

Versículo 25: “Convencido disso, sei que vou permanecer e continuar com todos vocês, para o
seu progresso e alegria na fé”

Capítulo 2.18: “Estejam vocês também alegres, e regozijem-se comigo”

Capítulo 2.28: Por isso, logo o enviarei, para que, quando o virem novamente, fiquem alegres e
eu tenha menos tristeza”

Versículo 29: “E peço que vocês o recebam no Senhor com grande alegria e honrem a homens
como este”

Capítulo 4.1: “Portanto, meus irmãos, a quem amo e de quem tenho saudade, vocês que são a
minha alegria e a minha coroa, permaneçam assim firmes no Senhor, ó amados!”

Versículo 4: “Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: alegrem-se!”

Paulo tinha todas as razões do mundo para estar amargurado, triste, odioso, depressivo. As
circunstâncias não lhe eram favoráveis:

Ele está preso injustamente

Seu projeto missionário que o levaria até a Espanha, estava parado.

Alem disso, as igrejas que ele fundara estava sem sua assistência pastoral.
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As igrejas estavam vulneráveis à sedução das heresias E, além de tudo, Paulo estava na
véspera de comparecer perante Nero, o imperador, e, embora inocente, bem poderia ser
condenado à morte.

Seria compreensível se Paulo escreve A carta da amargura. Contudo e apesar das


circunstânciais desfavoráveis, Paulo escreve A carta da alegria.

Paulo introduz a carta falando de alegria (v. 4), e termina também com alegria – v. 4:4 “Alegrem-
se sempre no Senhor. Novamente direi: alegrem-se!”

Está aqui um conselho importante de Paulo, pra todos nós: Não permita que os dias cinzentos,
as noites escuras, os vales sombrios, as injustiças, a escassez solapem do seu coração essa
belíssima nota de alegria.

Não espere dias perfeitos para sorrir, celebrar, comemorar, ser feliz, alegrar-se. A alegria precisa
ser ultra circunstancial.

A experiência de Malaquias 17

Atos 16:25: “Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam louvores a Deus, e os
demais companheiros de prisão escutavam.”

Mateus 26:30: “Depois de terem cantado um hino, saíram para o monte das Oliveira” (

3. Que a afetuosidade seja maior que indiferença

Essa é a carta mais pessoal do apóstolo Paulo. É uma carta cheia de gratidão, alegria e
afetuosidade.

Veja o que Paulo diz no versículo 8: “Deus é minha testemunha de como tenho saudade de
todos vocês, com a profunda afeição de Cristo Jesus”

Que lindo!! Emocionante!! “Tenho saudades de vocês”...com profunda afeição de Cristo Jesus”

Gosto do modo como Paulo diz: “Com profunda afeição”. Profunda demonstração de afetividade,
de ternura.

Quando pensamos em Paulo o que vem a mente? Um pregador intrépido, um orador eloqüente,
um intelectual primoroso, um missionário corajoso, um santo irrepreensível. Mas era tudo isso, e
mais: um homem cheio de afetuosidade

Afetuosidade era uma das marcas do ministério de Paulo: Ao despedir-se dos presbíteros de
Éfeso – Atos 20.36-38: “Tendo dito isso, ajoelhou-se com todos eles e orou. Todos choraram
muito e, abraçando-o, o beijavam. O que mais os entristeceu foi a declaração de que nunca mais
veriam a sua face. Então o acompanharam até o navio

- A declaração do Pastor que diz não gostar de aproximação -

Deus mora nos afetos.


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Temos assistido vagarosa e dramaticamente a falência dos afetos. Na sociedade do consumo,


da produção, da competitividade as afeições, os afetos, expressões de ternura tornam-se cada
vez mais raros.

O imperativo na sociedade capitalista é: “seja forte”, “controle suas emoções”, “não chore”, “não
demonstre fraqueza”. Nessa ambiência somente os fracos choram, somente os pequenos é que
demonstram afetos. É a tirania da insensibilidade.

João 11.35: “Jesus chorou” “Jesus chorou”, eis o escândalo da divindade. Deuses não choram.
Eles são poderosos e lágrimas demonstram sensibilidade, e deuses são insensíveis. Por isso
que Jesus é diferente dos deuses gregos - inamovíveis, frios, indiferentes, distantes. Jesus, ao
contrário das divindades do panteão grego, é o Deus que chora.

Jesus assegurou que “Bem-aventurados os que choram, pois eles serão consolados.” (Mt 5,4)

4. Que o amor seja sempre maior que o ódio e a loucura

Versículo 11: “Esta é a minha oração: que o amor de vocês aumente cada vez mais”

Como que a gente guarda nosso coração da amargura, do embrutecimento? Lembrando que o
triunfo do mal é temporário. Dure quanto durar

Nero foi um imperador romano louco, ensandecido, insano. Ele manchou a historia com sangue
de gente inocente. Mandou incendiar Roma e pôs a culpa nos cristãos. Mandou matar a própria
mãe. Queimou, decapitou e lançou centenas de cristãos à feras esfomeadas. Paulo está preso
por ordem de Nero.

Mas Paulo ora e em sua oração ele pede para que Deus aumente o amor da igreja porque ele
sabe que só a força do amor pode destruir a mão destruir a mão de ferro e a crueldade de Nero.

E Nero caiu. Morreu como um louco. E Paulo ainda se imortalizou como o grande apóstolo São
Paulo.

O amor triunfará sobre o ódio

O bem sobrepujará o mal

A vida vencerá a morte

Não importa quanto tempo dure – todo tirano, todo desposta, todo genocida, todo ditador caiu

Hiteler, Pul Pot, Pinoche, Franco, Mao Tse Tung, Salazar, Faraó, Stalin, Sadan Russen.

Essa é a grande mensagem do tumulo vazio: O triunfo da morte é temporário – só durou sexta e
sábado porque no Domingo o sinete do imperador que selava o tumulo foi rompido, a pedra foi
removida e a vida venceu a morte.

O tumulo vazio nos lembra que

A dor, a crise, a angustia, o desespero, a aflição, o Diabo, as circunstãncias hotis não tem a
ultima palavra. O ultimo brado da história quem dar é aquele que está assentado no trono

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