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pragMATIZES - Revista Latino Americana de Estudos em Cultura

A Potência da linguagem simbólica1

El poder del lenguaje simbólico

The power of symbolic language

Liliana Magalhães2

Resumo:

Palavras chave: A relação entre o avanço do papel das instituições culturais no país,
especificamente dos centros culturais e museus, e o amadurecimento das
Mentalidade práticas de gestão cultural é abordada a partir do questionamento sobre
como essas práticas têm se desenvolvido no sentido de ativar os arranjos
Gestão criativos e o desenvolvimento local. A partir de uma visão sobre o impacto
da mentalidade investidora – seus propósitos e objetivos - nos processos de
Processos
produção das iniciativas culturais nos últimos 20 anos, o artigo desperta para
Diálogo a potência estratégica da cultura e de seu valor simbólico na sociedade do
conhecimento diante do desafio de estar em sintonia com as transformações
Setor produtivo sociais. Ao citar modelos que foram apontando as novas tendências, alerta
sobre a urgência de definições mais claras para os papeis, as funções e
objetivos dos modelos de gestão agora em voga e para a consequente
necessidade de criação de metodologias específicas que sejam capazes
de adotar uma atitude de desenvolvimento do setor da economia criativa.
Caracteriza as moedas de troca entre o interesse do investidor e a resposta
da gestão cultural até agora, desperta para a tendência dos interesses dos
agentes transformadores e empreendedores hoje e exemplifica como as
qualidades e capacidades da cultura podem responder a essa demanda
na conexão com outros setores da sociedade. Apresenta em seguida um
conceito de gestão empreendedora com um relato da implantação de uma
instituição cultural que estabeleceu suas premissas centradas em promover
inovação para própria cidade – pautadas por princípios éticos – resultantes
de estudo e investigação permanentes do meio artístico-cultural e em
sintonia com as tendências de comportamento, mercado, consumo, mídia
e comunidade. Descreve a sequência de providências necessárias a uma
atuação própria e legítima de instituição do terceiro setor para ser agente de
mudanças. As múltiplas interseções estabelecidas entre os atores sociais
permite compreender o fôlego multiplicador do modelo de gestão em
parceria adotado e para exemplificar, descreve como uma mostra de arte
eletrônica pode ser muito mais que uma iniciativa de exibição de um projeto
cultural, pode ser um fio condutor de um movimento cultural de integração
e de arranjos criativos. A dinâmica de desenvolvimento é apresentada com
enfoque na nova mentalidade criada com as metodologias de gestão da
iniciativa, de modo a corresponder às características da produção da arte
contemporânea. Os resultados das iniciativas realizadas com os vários
setores produtivos são descritos, bem como seus impactos de inovação.
Para finalizar, é feita uma reflexão sobre a importância da criação de novos
parâmetros e métodos de gestão a partir de uma atitude que potencialize a
força transformadora da cultura.

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Ano 4, número 7, semestral, setembro 2014

Resumen:

La relación entre el avance del papel de las instituciones culturales Palabras clave:
en el país, específicamente los centros culturales y museos, y
la maduración de la gestión cultural práctica se aborda desde la Mentalidad
cuestión de cómo se han desarrollado estas prácticas para los
arreglos creativos y el desarrollo local. A partir de una idea de la Gestión
repercusión de la mentalidad de los inversores -sus propósitos
Procesos
y objetivos- en los procesos de producción de las iniciativas
culturales en los últimos 20 años, el artículo despierta al poder Diálogo
estratégico de la cultura y su valor simbólico en la sociedad
del conocimiento frente al desafío de estar en sintonía con las Sector productivo
transformaciones sociales. Al citar los modelos que apuntan a las
nuevas tendencias advierte sobre la urgencia de definiciones más
claras de los roles, funciones y objetivos de los modelos de gestión
ahora en boga y la consiguiente necesidad de crear metodologías
específicas que son capaces de adoptar una actitud de desarrollo
de la economía creativa. Caracteriza la moneda de cambio entre el
interés del inversor y la respuesta de la gestión cultural hasta ahora,
despertando a la tendencia de los intereses de los procesadores,
agentes y empresarios de hoy, ejemplificando cómo las cualidades
y habilidades de la cultura pueden responder a esta demanda
en relación con otros sectores de la sociedad. A continuación se
presenta un concepto de la gestión emprendedora con un relato
de la implantación de una institución cultural que ha establecido
sus premisas centradas en la promoción de la innovación en la
propia ciudad –basada en principios éticos- resultantes de estudios
e investigaciones permanentes en el ambiente artístico-cultural y
en consonancia con las tendencias de comportamiento, mercado,
consumo, medios de comunicación y la comunidad. Describe
la secuencia de pasos necesarios a una actuación adecuada y
legítima de la institución del tercer sector para convertirse en un
agente de cambio. Las múltiples intersecciones entre los actores
sociales nos permite comprender el aliento multiplicador de lo
modelo de gestión en asociación adoptado y, para ejemplificar, se
describe como una muestra del arte electrónico puede ser mucho
más que una iniciativa de exhibir un proyecto cultural, puede ser
un hilo conductor de un movimiento cultural de integración y de
arreglos creativos. La dinámica del desarrollo se presenta con
un enfoque en la nueva mentalidad creada con las metodologías
para la gestión de la iniciativa con el fin de que coincida con las
características de la producción del arte contemporáneo. Los
resultados de las iniciativas emprendidas por los diversos sectores
productivos se describen, así como su impacto en la innovación. Por
último, se hace una discusión sobre la importancia de la creación
de nuevas normas y métodos de gestión a partir de una actitud que
potencialice el poder transformador de la cultura.

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Abstract:

Keywords: The relationship between the advancement of the role of cultural


institutions in the country, specifically the cultural centers and museums,
Mentality and the maturing of practical cultural management is approached from
the question of how these practices have been developed to enable
Management the creative arrangements and local development. From an insight into
the impact of investor mentality -its purposes and objectives- in the
Processes
production processes of cultural initiatives in the last 20 years, the
Dialogues article awakens to the strategic power of culture and its symbolic value
in the knowledge society facing the challenge being in tune with the
Productive sector social transformations. When citing models that were pointing to new
trends, warns about the urgency of clearer definitions for the roles,
functions and objectives of management models now in vogue and the
consequent need for creating specific methodologies that can be able
to promote an attitude to development of the creative economy sector.
Characterizes the trading currencies between investor interest and
the delivery results of cultural management until now and alert to the
tendency of the interests of transformers agents and entrepreneurs
today and also shows the examples how the qualities and skills of
culture can respond to this demand in connection with other sectors
of society. Then presents a concept of entrepreneurial management
culture and describes about the implementation of a cultural institution
that has your goals focused on promoting innovation from the town
itself –based on ethical principles- resulting in permanent study
and research of the artistic-cultural environment and in line with the
behavioral tendencies, market, consume, media and community.
Presents the sequence of steps necessary to a proper and legitimate
role of the third sector institutions to be a change agent. The multiple
intersections between the social actors allows us to understand the
multiplier power of a partnership management model that was adopted
and also exemplifies how a exhibition of electronic art can be much more
than an initiative of displaying a cultural project, can be a conductor
thread of a cultural movement of integration and creative arrangements.
The dynamics of development is presented with a focus on new mind
set created with the methodologies for managing initiative in order to
match the characteristics of the production of contemporary art. The
results of the initiatives undertaken with the various productive sectors
are described as well as its impacts innovation. Finally, a reflexion
discussion is done about the importance of creating new standards
and management methods through an attitude that potentiates the
transforming power of culture.

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Podemos perceber a lógica dessa


evolução apresentando uma síntese dos
A Potência da linguagem simbólica impactos que caracterizam cada fase na
gestão cultural como um espelho desse
quadro. A primeira, que se refere à be-
Nos últimos anos muito temos vis- neficente, subsidia a expressão artística
to no avanço do papel das instituições com foco no artista e na sua obra e tende
culturais no país, especificamente com a reforçar a função decorativa e diletante
relação aos centros culturais e museus. da arte. Portanto, não atende a qualquer
Pode-se dizer que o amadurecimento processo de produção que consequente-
das práticas de gestão cultural tem nos mente se vê sob a situação de ser via-
evidenciado duas realidades: a de que bilizado a qualquer custo. Essa fase nos
os processos são os meios para quali- leva à velha imagem do artista ou o seu
ficar o desempenho (não mais os proje- agente com o chapéu na mão. A segunda
tos), e a de que é fundamental ter foco fase viabiliza ações pontuais com foco na
(afinal!) nos públicos a serem atendidos produção do projeto ou produto cultural
e não mais apenas nos temas de acer- e é mais voltada à oportunidade, já que
vos, memórias e afins. serve a fins promocionais do financiador
a custo zero com a chegada da lei de in-
Nesse ambiente revelam-se mo- centivos fiscais. Na produção, ela estimu-
delos que, de alguma forma, também la uma disciplina nos papéis e na relação
refletem as tendências da gestão em dos envolvidos e na organização de mé-
todos os setores produtivos no Brasil e todos, mas reforça atitudes estanques e
no mundo em busca de dinâmicas que ensimesmadas de trabalho. Essa fase
atendam à sede da inovação. O que nos remete à imagem do produtor com
chama atenção no desenvolvimento do seus projetos atrás de patrocinadores, e
nosso complexo meio produtivo cultural esses ainda sem a noção real dos benefí-
é como essas práticas espelham uma cios, participam pelo estímulo do governo
evolução para a qual a gestão cultural com 100% (cem por cento) de incentivo
precisa estar atenta, se a intenção é fiscal. Ou seja, zero de investimento so-
ativar os arranjos criativos e o desen- mado à descoberta da visibilidade pro-
volvimento local. Ao darmos uma olha- porcionada pela experiência da benfeito-
da rápida para a trajetória dos inves- ria. Já na 3º fase, que desperta para a
timentos na cultura, também ao longo característica das relações comerciais,
dos últimos anos, vemos na postura surge o foco nos públicos e com isso a
do investidor - empresas, governo, se- formatação dos bens e serviços passam
tores e pessoas - uma sequência evo- a demandar novas questões como a iden-
lutiva que vai da atitude beneficente e tificação do perfil das pessoas, a diversi-
assistencialista, passando pela pontual dade de formatos, abordagens e de con-
e oportunista até a comercial e criativa teúdos. Essas exigências surgem para
e, por fim, se chega à desenvolvedo- alinhar os significados das mensagens e
ra e participativa. Porém, essa evolu- experiências das iniciativas culturais com
ção não invalida que todas as atitudes os atributos de marcas e de produtos, tra-
existam ao mesmo tempo e que suas zendo um consequente aperfeiçoamento
mentalidades, propósitos e objetivos nos processos de produção para garan-
impactem de forma decisiva nos pro- tir a qualidade na entrega e o necessá-
cessos, nas maneiras e nos formatos rio diálogo com os públicos, agora vistos
de desenvolvimento das iniciativas cul- também como consumidores. Aqui, a
turais todos os dias. evolução na produção ou gestão cultural

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acontece com o surgimento dos interes- bilidades e dos papéis no desenvolvi-


ses e ganhos do marketing que impulsio- mento econômico e social (período dos
nam o relacionamento do investidor para modelos de comissões, editais etc.) e
uma relação mais duradoura com os pro- o surgimento da visão de complemen-
jetos, num período que se caracterizou tariedade de competências para solu-
pela chegada do mecanismo de naming cionar modelos de operação. Momento
right e das instituições culturais. também relevante para o entendimen-
to dos importantes impactos das ações
Por fim, chegamos a 4ª fase, culturais na vida das pessoas (educa-
quando há o despertar para a compre- ção e consumo) e das cidades. Assim,
ensão de que a cultura é um setor pro- nascem novos e promissores proces-
dutivo e a relação se torna mais atenta sos colaborativos de trabalho e ges-
à riqueza das trocas e ganhos, a partir tão. Essa consciência se estabelece de
de um amadurecimento de diagnóstico, forma gradativa, tanto por parte do in-
de afinidades, de valores e de objetivos vestidor, mantenedor ou participante do
por meio de experiências mais multidis- investimento (crowdfounding), quanto
ciplinares e Intersetoriais. Nessa fase, por parte de todos que fazem a cadeia
há o reconhecimento das responsa- produtiva da economia da cultura.

Figura 1

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Sabemos que essas quatro dimen- versos públicos e com a arte como meio de
sões existem ao mesmo tempo, de forma conexão com os territórios da cidade.
subliminar e latente nas relações e práticas
de gestão e que são naturalmente bastan- Diante dos modelos de gestão ago-
te regidas de acordo com a mentalidade ra em voga -praticados por organizações
investidora, mas temos que reconhecer sociais como responsáveis pela gestão de
que são também estabelecidas pelo grau instituições públicas, por instituições cultu-
de sensibilidade, de capacidade e de com- rais referenciais do terceiro setor mantidas
petência de todos os atores envolvidos no e geridas pela iniciativa privada, por espa-
desenvolvimento das iniciativas culturais e ços culturais oferecidos e promovidos atra-
das suas percepções de valor dentro do vés de setores produtivos da economia,
próprio universo cultural. O equilíbrio de como os do sistema S, e ainda por museus
forças dentro dessas relações só pode ser e espaços criativos geridos por ONGs e por
estabelecido a partir da tomada de cons- coletivos com apoio público e privado- pa-
ciência da potência estratégica da cultura rece urgente a criação de percepções cla-
e de seu valor simbólico na sociedade do ras sobre seus papéis, funções e objetivos
conhecimento. Essa consciência aliada à para consequentemente saber escolher ou
capacidade de desenvolver novas e cria- criar metodologias para balizar a gestão.
tivas formas de atuação são ingredientes Seus desempenhos e os consequentes im-
decisivos e necessários para o desafio de pactos no meio cultural influenciam e refle-
operar nesse cenário de acirradas trans- tem, ao mesmo tempo, em todo o sistema
formações com maior co-responsabilida- de relações na sociedade.
de e em sintonia com os anseios sociais.
O que é certo é que a gestão que
Hoje podemos citar modelos que reforça apenas a exibição e oferta de pro-
entre outros, foram surgindo, se adaptando dutos ou iniciativas culturais, a atração de
e apontando essas tendências. O OI Futuro públicos (às vezes utilizando práticas de-
no Rio de Janeiro, por exemplo, foi implan- sastrosas para responder à imposição de
tado com foco em arte e tecnologia e com volume de visitação) e a busca de geração
fomento ao setor cultural, portanto comple- de visibilidade como moedas de troca, já
tamente alinhado à área de expertise do faz parte de um passado que insiste em se
investidor/mantenedor que é uma empre- fazer presente, mas seu legado deve ser
sa de telecomunicação. Também voltado à visto como meio de aprendizagem e supe-
educação para o jovem, teve principalmen- ração, não como modelo a ser seguido.
te uma atitude aberta e parceira com o meio
cultural e inovou nas metodologias de ges- A gestão que promove o diálogo es-
tão alimentando inclusive redefinições de tratégico da cultura com a diversidade das
política pública. O SESC São Paulo e o Itaú vocações locais adota uma atitude parceira
Cultural - que para além de atender aos in- de desenvolvimento do setor da economia
vestidores/mantenedores, respectivamen- criativa e está voltada ao relacionamento
te uma empresa e um setor da economia com os movimentos sociais e as causas se-
- desenvolveram um papel fundamental de toriais. Quanto mais legitimidade e interes-
experimentação da gestão cultural e hoje se coletivo houver na atitude ou no propósi-
se caracterizam como escolas e fonte de to da instituição, maior será o interesse dos
pesquisa em gestão cultural. Por fim, pode- agentes transformadores e empreendedo-
mos citar o recente Museu de Arte do Rio, res (parceiros, patrocinadores e investido-
que pratica uma gestão público-privada e res) em estarem aliados. Afinal é numa rela-
se estabelece com um propósito afinado ção de afinidade e cumplicidade de ideias,
com a formação, com as relações com di- valores e causas que se estabelece uma

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conexão aberta e de compartilhamento. É Para além de alinhar seus interesses no


nesse momento que a cultura, como um fortalecimento da marca e no relaciona-
bem coletivo, tem as qualidades essenciais mento com os públicos por meio do fomen-
de fazer a conexão com outros setores da to às artes, fatores comumente presentes à
sociedade e estimular a inovação. época, como os investimentos seriam fei-
tos prioritariamente de forma direta (e não
O exercício da gestão cultural ao lon- por incentivos fiscais), entrou na pauta um
go dos anos passa a demonstrá-la como uma diferencial que exigia novas contrapartidas
ação empreendedora, organizadora, gera- que justificassem sua atuação.
dora de ideias, processos e bens de caráter
multiplicador para o desenvolvimento. Essa Essa tarefa foi baseada em algumas
definição tem na apresentação da implan- premissas básicas como olhar o local com
tação de uma instituição cultural, relatada a o diálogo global, integrar as diversidades
seguir, um exemplo prático do surgimento de das artes e criar um agente de reconheci-
um modelo novo de gestão cultural. mento e representatividade, fazendo com
que esse agente, essa instituição, poten-
No início dos anos 2000, uma or- cializasse as forças da cadeia criativa da
ganização financeira internacional (Grupo cultura e do conhecimento. Mas a estraté-
Santander) compra bancos com atuação gia central estava na aposta do diálogo e
no sul e sudeste do país e decide criar um do envolvimento da cultura com os setores
instituto cultural (Santander Cultural) com produtivos da sociedade e do governo para
sede instalada na cidade de Porto Alegre. promover inovação para própria cidade.

Figura 2

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Diante do desafio, uma questão foi desse esforço que nasceu o perfil da entida-
formulada para servir de norte e manter o de de se constituir como uma plataforma de
foco e especialmente para a qual todos os relacionamento e integração de parcerias.
esforços deveriam trazer respostas: Como Para isso, era elementar que sua estrutura,
conseguir gerar empreendedorismo e tanto política como operacional, se desse
ser agente de mudanças uma vez que de forma independente, o que configurou a
se tem de gerar políticas – pautadas por oportunidade de se viver uma experiência
princípios éticos – resultantes de estu- em busca de um modelo novo, um modelo
do e investigação permanentes do meio associativo de gestão cultural.
artístico-cultural e em sintonia com as
tendências de comportamento, merca- Na sequência o objetivo foi de adaptar
do, consumo, mídia e da comunidade? os processos de governança, administrativos,
jurídicos e operacionais para atender à na-
Como numa sequência natural para tureza flexível e ágil dos processos criativos,
que essa questão fosse atendida foi neces- evidenciar o protagonismo dos parceiros e, ao
sário criar um modelo de gestão que não re- mesmo tempo, marcar o caráter da instituição.
plicasse as práticas do investidor e mante-
nedor (tão bem desenvolvidas para atender As múltiplas interseções entre os
a sua natureza privada), mas que tornasse atores sociais, vista no mapa visual abaixo,
viável uma atuação própria e legítima de formou o modelo resultante dessa prática
instituição do terceiro setor. Essa atuação e permitiu a compreensão de concentrar
necessariamente estruturada em parcerias esforços nas parcerias e de manejar a im-
exigiu, numa primeira instância, um grande plantação mantendo a gestão fiel e atenta
esforço de entendimento da função da en- na identificação de expertises locais e glo-
tidade por parte do mantenedor e também bais e na aproximação e no equilíbrio de
das equipes envolvidas na implantação. Foi suas contribuições e protagonismos.

Figura 3

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Dessas interseções resultaram vi- Apresentação de caso


vências estimulantes que impactavam
muitos setores, a partir de seus atores Com a definição de abordar a arte
representativos que, instigados, desenvol- e tecnologia e a firme orientação de que o
viam novas ações para agregar reflexão e processo e os produtos surgidos na inicia-
inovação em seus campos. Vale destacar tiva de fazer a mostra tivessem o foco nas
que no mix de atores do universo cultural pessoas, o objetivo identificado foi o de des-
se integravam associações e sindicatos pertar vivências e reflexões sobre as múlti-
da sociedade civil, empresas, governos, plas possibilidades criativas oferecidas pela
instituições, ONGs e coletivos com ênfa- tecnologia e provocar a percepção de como
se nos campos da arte, educação, ciência a sociedade estava se inserindo, voluntaria-
e tecnologia, mídia, design, arquitetura, mente ou não, no tempo presente (2004).
economia, marketing, psicanálise e saúde
nos setores do comércio, indústria, gover- A forma de condução para realizar a
no e comunidade. iniciativa se constituiu em comissões de de-
senvolvimento de planejamento e gestão, de
De forma colaborativa, a gestão conteúdo e de iniciativas. Os trabalhos das
desenvolvida na instituição cultural explo- comissões se desenvolveram simultanea-
rava uma linha baseada na soma, nas tro- mente e alguns de seus membros participa-
cas e na equivalência dos ganhos em per- ram das três, formando o núcleo gestor da
manente observação, pesquisa e análise iniciativa que a definiu como um empreendi-
para formulação de metodologias. mento cultural. O termo teve o propósito de
romper com as visões estabelecidas sobre a
O fôlego dessa linha de gestão realização de uma mostra de arte e de pro-
se mostrou multiplicador com um cres- por a realização de um movimento criativo
cimento intenso no volume de ativida- e cultural da cidade. O objetivo era de que
des e públicos, e as variadas soluções enquanto os processos de pesquisa e de-
desenvolvidas sustentavam a condu- senvolvimento dos conteúdos (artísticos e de
ção do cotidiano revelando sempre outras áreas de conhecimento) fossem inte-
novas qualidades no processo. Com o grados, também houvesse a mobilização das
tempo, foi possível contar com ferra- demandas (carências, ofertas, ideias e dese-
mentas de gestão especialmente cria- jos) dos agentes da cidade e do país, que
das para aferir metas como o volume identificados com o tema central ou os temas
de parcerias, as iniciativas por elas análogos, participassem de alguma forma.
geradas, a diversidade de áreas de in- Ao mesmo tempo, a comissão das iniciativas
terlocução e de segmento de públicos identificava e conduzia para a realização das
envolvidos, bem como as contribuições ideias que se mostravam pertinentes e viá-
e impactos desse modelo no desenvol- veis a partir das outras duas comissões.
vimento socioeconômico.
Juntas essas comissões atuaram
Para exemplificar esse modo de de forma interdisciplinar, exigindo de to-
gerir e de mapear os impactos provoca- dos os participantes o desapego das for-
dos, descrevemos a seguir um exemplo mas próprias e predefinidas de trabalhar
de como uma mostra de arte eletrônica para co-criar novas dinâmicas provocadas
pode ser muito mais que uma iniciativa de a corresponder com as características da
exibição de um projeto cultural. Pode ser produção da arte contemporânea. Essas
um fio condutor de um movimento cultu- características são bem descritas por Ana
ral de ativação, de integração, de arranjos Mae Barbosa, que sob a perspectiva da
criativos e inovação para um território. arte educação, observa que “a riqueza es-

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tética das hibridizações de códigos e lingua- com perfis variados de profissionais como
gens operadas pela arte hoje é resultado da curadores, artistas, gestores, produtores, téc-
intensificação da colaboração entre as ar- nicos, designs, educadores, arquitetos, políti-
tes e os meios de produzi-la” (BARBOSA, cos, comunicadores, empreendedores, urba-
2008, p. 23). Portanto, o meio de produção nistas, filósofos, engenheiros, empresários e
da mostra HIPER foi, da mesma forma, uma claro, muitos especialistas em tecnologia.
intensa experiência híbrida de gestão.
Estabeleceram-se conexões com o
Nesse processo coletivo, surgiu o meio acadêmico, as instituições e os pro-
conceito do empreendimento que a partir gramas da área de ciência e tecnologia,
da inquietação (como o estado provocado educação e cultura dos governos, com a in-
nas pessoas pela velocidade das mudan- dústria e os serviços da iniciativa privada e
ças que a tecnologia cria) teve como base a mobilização das organizações de classe
filosófica para estudos e exploração dos e comunitárias, todos participantes de um
conteúdos o pensamento da hipermoderni- fluxo agregador e relacionado ao conceito
dade do francês Gilles Lipovetsky (2004). geral da mostra. Todos envolvidos a partir
da ideia de gerar valor, identificando opor-
Sob a ótica de produção de uma tunidades de ganho ao formatar atividades
mostra de arte contemporânea foi formatado paralelas e simultâneas à mostra, conferin-
um abrangente panorama das linguagens do significado, uso e função à arte, atrelan-
artísticas proporcionadas pelas inovações do seus saberes e fazeres do cotidiano e
tecnológicas e apresentado por um grande dialogando com seus públicos específicos.
elenco de artistas nacionais e internacionais
com o título hiPer>relações eletro//digitais. Com essa integração de complemen-
Interativa, a mostra enfocou as relações es- tariedade de competências e desejos foi ge-
téticas e interpessoais, bem como as rela- rado um processo intenso de desenvolver
ções de produção, reunindo ao todo 41 ar- bens e serviços que revelou soluções e aten-
tistas que apresentaram trabalhos utilizando deu a demandas latentes e desconhecidas.
técnicas de cinema e vídeo, multimídia, web Mas foi na experimentação de uma prática
instalação, VJ/DJ, música, bioarte, fotogra- de trocas corajosas -que depositava no outro
fia, arte cinética, plotagem e ciberarte. a confiança de encontrar juntos novas solu-
ções e produzir algo novo- que se caracteri-
A nova poética tecnológica da arte zaram o aprendizado e os métodos.
que à época emergia modificava a tradicional
percepção autocentrada do processo artísti- O resultado final dessa rede foi cria-
co solitário e demonstrava que – pela soma ção de um extenso calendário de atividades
dos vários e díspares conhecimentos neces- simultâneas à mostra feito com a parceria e
sários – era possível produzir uma obra de a expertise de 94 parceiros em 21 iniciativas
arte de forma coletiva. Essa nova mentali- que resultaram em 514 atividades para os
dade foi adotada na gestão da iniciativa, en- mais diversos públicos, especializados e inte-
volvendo questões conceituais e metodológi- ressados. Nessas atividades oferecidas, um
cas, que assim exerceu em sua pluralidade e público participante de cerca de 30 mil pesso-
ação empreendedora no desenvolvimento do as se envolveu (MAGALHÃES, 2009, p. 242).
projeto em um dinâmico ambiente de rede.
Dentre as inúmeras iniciativas realiza-
Nessa perspectiva, desenvolver o das destacamos algumas criadas especial-
empreendimento composto pela mostra, e mente em torno do empreendimento e que
as atividades em torno dela com outros seto- podem representar o impacto de inovação nos
res produtivos, constituiu-se num laboratório territórios dos setores produtivos da cidade.

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- Lançamento e Seminário do Cei- Porto Alegre e as comissões de desenvolvi-


tec – A mostra foi aberta marcando também o mento de iniciativa da mostra. Entre as inú-
lançamento do Centro Independente de Ex- meras atividades ocorreu o lançamento do
celência em Tecnologia Eletrônica do Estado Creative Commons Brasil -a nova modalidade
/ CEITEC, com um evento oficial e com a re- de disponibilização de licenças jurídicas para
alização de um Seminário Internacional que circulação de bens culturais. A atividade com
seguiu por três dias após a abertura da mos- um show do então Ministro Gilberto Gil contou
tra. Com forte caráter político empresarial, a com a presença de mais de 500 (quinhentas)
abertura contou com a presença do ministro pessoas, com transmissão simultânea para
da Ciência e Tecnologia, do Governador do um público de 2.000 (duas mil) pessoas que
Estado do Rio Grande do Sul, do Secretá- se encontravam na praça no entorno do local.
rio da Ciência e Tecnologia do Rio Grande A iniciativa de lançamento oficial do Creative
do Sul, do Prefeito da cidade de Porto Ale- Commons Brasil no país teve grande reper-
gre e de empresários de diversos setores. cussão na mídia e no meio cultural.
Esse lançamento foi articulado e organizado
durante as reuniões da comissão de iniciati- - Casa Digital – foi um showroom da
vas da mostra ao lado da equipe do próprio Casa do Futuro, apresentando a moradia com
CEITEC com a Secretaria de Tecnologia do serviços e produtos de automação predial.
Estado, do Ministério da Ciência e Tecnolo- Essa solução criativa surgiu da identificação
gia e da Financiadora de Estudos e Projetos- do problema do setor da construção civil com
-FINEP. O seminário envolveu palestrantes relação à tecnologia naquele momento. Por
da Motorola, da Altus Sistemas de Informa- meio da soma de esforços da Seta Tecnolo-
ção, da América Latina da Advanced Micro gia (microempresa formada por jovens em-
Devices (AMD) e da própria FINEP, conferiu preendedores), a Associação de Arquitetos
a posição de representação de inovação tec- de Interiores do Rio Grande do Sul, do SIN-
nológica do Estado do Rio Grande do Sul, DUSCOM-RS e da comissão de iniciativas da
mas também revelou a força articuladora e mostra foi criada essa ação com o objetivo de
de diálogo estratégico da arte por ter sido promover o conhecimento e a experiência do
criado a partir das iniciativas de um projeto público com uma casa digital e os benefícios
cultural. É importante revelar que na decisão da automação. O empreendimento envolveu
de organização desse seminário, promovida cerca de 90 profissionais diretamente, qua-
pela comissão de iniciativas de Hiper (citada tro patrocinadores (Cabosul, Home Systems,
acima) com seus parceiros, havia uma meta: Infotec e Melnick Construções), sete empre-
a de que em torno dos envolvidos do setor sas/entidades apoiadoras e 35 empresas for-
seria debatida e estimulada a viabilidade do necedoras, todas oriundas do Rio Grande do
investimento necessário para implantação Sul. A Casa Digital recebeu 5.344 visitantes
da fábrica que seria o maior centro de pro- durante 40 dias e despertou grande interes-
dução de chips da América Latina, uma de- se para vários segmentos de público. As em-
manda identificada com o setor. Isso ocorreu presas aproveitaram o espaço para realizar
e a fábrica do CEITEC foi implantada. demonstração de seus produtos, conquistar
e mobilizar clientes, efetuar vendas e princi-
- 5º Fórum do Software Livre PUC palmente capacitar as pessoas para os usos
RS /lançamento do License Commons e funções inovadoras dos produtos. Uma
Brasil – hiPerse tornou o lugar de convivên- síntese dos impactos pode ser apresentada
cias do Fórum, que reuniu 5.000 (cinco mil) com: a promoção da quebra paradigmas so-
internautas, como resultado de uma parceria bre a moradia - agregando valor criativo para
entre a organização do Fórum, Ministério da um setor produtivo normalmente ligado a arte
Cultura, Fundação Getúlio Vargas- FGV, As- pela arquitetura -, a atração de uma nova
sociação Software Livre.org, a Prefeitura de gama de público ao local que não iria a um

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Ano 4, número 7, semestral, setembro 2014

centro cultural nem ver uma mostra de arte dice de criminalidade. A integração de esfor-
digital, a oferta de uma experiência criativa ços entre a Secretaria de Municipal de Direitos
ao público que visitava a mostra e desperta- Humanos, a Companhia de Processamento
va para a ligação da arte e da criatividade no de Dados –Procempa, a Secretaria de Edu-
cotidiano. E ainda, foi aferido que durante e cação, a Fundação Pensamento Digital da
logo após o período do showroom houve um UFRGS, o Parque Tecnológico da PUC RS
aquecimento de 40% nas vendas dos pro- e a área educativa da mostra/instituição criou
dutos de automação predial de acordo com um modelo para gerir e apoiar a implantação
informações do SINDUSCOM-RS. Por sua desses centros. Como estratégia de exercício
vez, o sucesso da iniciativa fez a Seta Tecno- e prática desse modelo, foi instalado o primei-
logia fazer nascer de vez o produto “Casa do ro Telecentro na instituição cultural durante a
Futuro” e passou a empreendê-lo em outras mostra Hiper que atendeu 4.000 (quatro mil)
cidades e estados da região. estudantes e 61 instituições de ensino públi-
co. Além de operar como local central para as
- Criação e instalação do 1º Tele- capacitações e a difusão de métodos a serem
centro de Inclusão Digital, surgiu por meio aplicados nos demais locais da cidade, o Te-
da identificação da necessidade da Prefeitura lecentro se tornou uma atividade permanente
em instalar e operar uma série de centros de na instituição cumprindo uma função inova-
inclusão digital em áreas de baixo índice de dora na inclusão digital para vários públicos
desenvolvimento humano – idh e com alto ín- especiais e da terceira idade.

Figura 4

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pragMATIZES - Revista Latino Americana de Estudos em Cultura

Para não deixarmos de citar iniciati- com a manutenção dos investimentos de for-
vas mais conhecidas em torno de mostras, ma direta, pôde experimentar a força da lingua-
vale registrar as inúmeras iniciativas educa- gem da arte como impulso para inovação. Uma
tivas com professores, estudantes, escolas, prática que foi conscientemente desenvolvida
universidades com a área educativa da mos- para buscar caminhos que fizessem fazer valer
tra (atendeu 15 mil estudantes, 1.500 profes- os novos paradigmas de uma economia criati-
sores e 400 instituições de ensino) e ainda as va que ainda engatinhava no país.
Oficinas Digitais promovidas pela Associa-
ção Rio-grandense de Artes Plásticas Fran- É sob esse olhar que busca novos pa-
cisco Lisboa; o Ciclo hiPer, com palestras de râmetros para atuação que os gestores cultu-
artistas e especialistas da arte nas novas mí- rais precisam buscar seus princípios, propósi-
dias, proposto pela curadoria; os Encontros tos e metodologias. É preciso que algo muito
das Inovações, em parceria com o Instituto caro e inspirador possa conduzir a todos de
Amanhã, elucidando os impactos causados forma a garantir que as qualidades da ação
pela revolução tecnológica na economia; o artística sejam exaltadas e suas caracterís-
Fórum das Inquietações, em parceria com ticas e seus códigos transformadores sejam
veículos de comunicação, para a troca de respeitados nos modelos de gestão a serem
ideias com gente que faz; o seminário “A Mú- criados. Mas é também relevante estarmos
sica Eletrônica em Questão”, que discutiu os atentos ao que nos distingue para saber lidar
diferentes aspectos da produção da música com os conhecidos e impostos modelos im-
eletrônica; as lan houses, que instalaram portados, e já ultrapassados, de outras áreas,
máquinas de games de última geração para dos quais ainda somos contaminados e in-
testar produtos promovendo competições conscientemente adaptados. Há muito a fazer
entre estudantes e escolas. Essas iniciativas para diminuir a distância entre o que somos e
condensaram e difundiram uma profusão de o que podemos ser na gestão da cultura.
hiperatividades que, durante três meses, ge-
raram conhecimentos, bens e serviços a par-
tir da cidade de Porto Alegre e mobilizaram
um público de 94.101 pessoas, numa média
diária de quase mil participantes. Bibliografia

BARBOSA, Ana Mae; AMARAL, Lilian (orgs)


Os arranjos criativos estimulados Interterritorialidade: mídia, contextos e edu-
durante esse empreendimento surgiram na- cação. São Paulo: Editora SENAC ; Edições
turalmente, atendendo a demandas locais, SESC SP, 2008.
e geraram soluções originais identificadas
com os seus valores e competências. Já os LIPOVETSKY, Gilles. Tempos Modernos. São
processos vividos e registrados pelo núcleo Paulo: Editora Barcarolla, 2004.
gestor da iniciativa foram fonte para formular MAGALHÃES, Liliana. Marketing Cultural: O
as novas metodologias, que ampliadas con- que é que eu ganho com isso. In: CRIBARI, Isa-
solidaram o modelo de gestão associativa da bela ; REIS, Ana Carla Fonseca (org.). Econo-
instituição cultural, passando definitivamente mia da Cultura. Recife: Fundação Joaquim Na-
a orientar sua governança e administração. buco ; Editora Massangana, 2009. p. 231-242.

Fontes das figuras


Não cabe aqui elencar os inúmeros im- Fig. 1, 2.e 4: ilustração de material didático Li-
pactos e reconhecimentos conquistados com liana Magalhães, design gráfico Ado Azevedo.
esse modelo de gestão, mais vale destacar a Fig. 3: ilustração do relatório Santander Cultu-
contribuição ímpar na evolução das mentalida- ral 2001 l 2006, organizado por Liliana Maga-
des vigentes. A jornada que sustentou por nove lhães e com design gráfico de Jair de Souza.
anos (2001-2009) a implantação da instituição, São Paulo: publicação institucional.

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