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Alessandra Palma Amélio
Bauru, 2012.
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PROJETO DE CONCLUSÃO DE CURSO apresentado para a obtenção
do título de Bacharel em Design, Projeto de Produto da Universidade Estadual
Paulista – Unesp, pela comissão de avaliação composta pelos seguintes:
Henriot E.
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Dedicatória
Dedico este trabalho em memória do meu querido avô José Roberto Amélio, de quem ganhei
minha primeira joia e que tanto me inspirou!
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Agradecimentos
Agradeço a Deus!
Aos meus pais, pelo amor, educação, apoio, por tudo que me deram ao longo da vida. Também
aos meus irmãos, pela companhia e incentivo.
À profª Toninha, pelas aulas de Design de Joias, pelo seu estímulo, sua incrível arte em ensinar e
a oportunidade que me fez adquirir conhecimentos para a realização deste projeto.
À profª Paula Landin por tudo que ensinou nos anos de graduação e por ter aceito ser a
orientadora deste projeto.
Às minhas queridas amigas da república “Slowmotion”, Mariana e Pamela, por terem aparecido 9
juntas na minha vida e terem sido verdadeiras irmãs desde o período em que estivemos juntas.
Às amigas da república “Armazén”, Ana Paula e Renata que me acalmaram nos momentos difíceis
do projeto.
Agradeço também ao curso de Design da UNESP pela oportunidade de tê-lo cursado e estar
realizando este trabalho, pelas experiências boas que tive durante o período de graduação e que
levarei pelo resto da vida!
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Resumo
Este trabalho refere-se ao desenvolvimento de uma coleção de joias inspiradas nos desenhos e
grafismos presentes na cerâmica marajoara. Esse povo indígena da ilha de Marajó, no Pará nos
deixou um legado cultural rico em grafismos e ideogramas que se destacaram frente à outros
grupos indígenas do Brasil pela sua complexidade estética.
Como metodologia empregada, o projeto teve estudo histórico e iconográfico da cultura
marajoara e análise de similares de designers de joias da atualidade.
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Índice
15. Introdução - Escolha do Tema 65. Referências Bibliográficas
A Escolha do Tema
A escolha do tema deve-se ao fato do meu apreço pela história do Brasil. A nacionalidade é um
tema que me conquistou, porém por ser um tema abrangente foquei na civilização característica 15
do Pará, os marajoaras. A estética em sua arte é muito autêntica e isso foi algo que me atraiu
para que eu usasse esse tema em meu projeto.
O projeto uniu parte da história brasileira com o design de joias, (e todo o processo de criação
de um produto).
O Projeto
Histórico - A Civilização Marajora
Os Marajoaras foram um dos povos indígenas O povo marajoara encontra-se na 5ª posição
que ganharam destaque frente a outras culturas em ordem cronológica em relação à “fase
existentes no Brasil e que através de suas cerâmica”. Foi o auge da civilização indígena
cerâmicas e grafismos nos deixaram um legado amazônica que se destacou frente às outras
cultural rico e complexo estudado até os dias civilizações e viveram por volta de 400 d.C. a
de hoje. A região amazônica teve diferentes 1250 d.C. na Ilha de Marajó, estado do Pará.
povos indígenas que foram se desenvolvendo Antes da era cristã a população indígena vivia
em determinados períodos. dispersa pela ilha, em pequenos grupos e com
Os pesquisadores diferenciam as tribos modos de vida simples e a autoridade máxima
que existiram pelos períodos em que se era o chefe do grupo familiar.
desenvolveram e pelas cerâmicas que Após a era cristã a população teve um rápido
16 produziram, cada qual com aspectos e crescimento, os grupos aumentaram e vieram
características próprias que são definidos populações de outras localidades agregando-
como “fases cerâmicas”. Segundo um estudo se aos índios já existentes na ilha. O modo
arqueológico feito por Meggers e Evans (1957), de vida se modificou, passou do trabalho
existiram seis fases de cerâmica na Ilha de doméstico para uma organização sociopolítica
Marajó, como ilustram as figuras 9 e 10, sendo e com divisão do trabalho.
elas: Ananatuba, Mangueiras, Acauã, Formiga,
Marajoara e Aruã.
Entre o término de uma “fase cerâmica” e o
começo de outra, as populações tiveram fases
contemporâneas, como mostra a fig. 11. Com
isso por mais que tenham sido diferentes
culturalmente elas possuíam coisas em comum,
pois de alguma forma tinham algum grau de
relacionamento, fosse em casamentos ou em
guerras.
Fig. 01 - Mapa fluvial da Ilha de Marajó
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Fig. 03 - Tabela cronológica das fases cerâmicas da Ilha de
Marajó. Fonte: Schaan, Denise Pahl, De tesos e Igaçabas, de Fig. 02 - Mapa político do extremo norte do Brasil
índios e portugueses: arqueologia e história da Ilha de Marajó.
Uma das características que ganhou destaque As cerâmicas que resistiram ao tempo são as
pelo desenvolvimento de engenharia foi a únicas fontes que os pesquisadores têm para
elaboração de aterros para conter as cheias da decifrar o mundo dessa civilização extinta.
ilha. Os tesos chegavam a ter de 3 a 12 m de Sobraram poucas peças devido aos grandes
altura, eram grandes plataformas e sua base era saques, à ação do tempo e dos animais. As
construída com argila queimada e completada peças que restam estão espalhadas em museus
com areia. Todos os anos acrescentavam-se dos Estados Unidos, Brasil e Europa, porém as
mais areia como forma de dar manutenção que restaram são muito poucas em relação ao
periódica aos aterros. que existiu.
Na arte, destacaram-se com suas cerâmicas
bem elaboradas, tanto em aspectos de
qualidade técnica de fabricação como em
qualidade de expressão.
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Cerâmicas Análise Iconográfica
A maioria das peças de cerâmica eram objetos Para o desenvolvimento deste trabalho
de uso utilitário, porém existiam também as foram buscadas muitas fotos e desenhos. As
peças decorativas, usadas apenas em rituais ou fotos fazem parte da coleção de Tom Wildi,
momentos festivos. A matéria-prima básica era arqueólogo e colecionador responsável
a argila, normalmente acrescida de cascalhos, pelo importante trabalho de arqueologia da
pedaços de ossos e cinzas, pois isso as tornava cerâmica marajoara. Fotos do Museu Nacional
mais resistentes para o trabalho e para o uso. da Universidade Federal do Rio de Janeiro e
Depois de prontas, as peças iam para grandes também parte da coleção marajoara do Museu
fornos onde secavam até virarem cerâmicas. Paraense Emilio Goeldi. Os desenhos foram
Para o acabamento muitas peças ganhavam parte da pesquisa realizada por Denise Pahl
cores como preto (que provinha do jenipapo Schaan para sua dissertação de mestrado em
ou carvão mineral) e o vermelho (que retiravam 2007, bem como outros textos e pesquisas
do urucum); também faziam uso da cor branca. realizadas para o Museu Emilio Goeldi, em
Algumas tribos chegavam a utilizar um tipo de Belém-PA.
verniz para impermeabilizá-las.
As cerâmicas marajoara são ricamente detalhadas
pelos seus grafismos. Os temas abordados
nos desenhos são a mitologia indígena, lendas
com animais venenosos, (cobras, escorpiões,
jacarés), pois estes normalmente ilustravam as
histórias mitológicas. Os desenhos têm aspectos
labirínticos, são formados por grafismos
geométricos muito bem concatenados. A
zoomorfização e antropomorfização são
frequentes nas cerâmicas.
Normalmente encontram-se em um mesmo
objeto desenhos naturalistas misturados com
figuras geométricas (os grafismos como mostra
a fig. 12). Estes não são figuras aleatórias como Fig. 04 - Urna funerária. Peça do Museu
muitos pensaram durante um bom tempo, Nacional, aquarela de Manoel Pestana.
mas sim um complemento dos desenhos
naturalistas. Para os pesquisadores os grafismos compartilhados existe o uso recorrente de 19
são ideogramas cheios de significação, os índios figuras de cobras, fig. 13 e 14, de diversos
não conheciam a escrita, porém os desenhos estilos e em diversos objetos. Elas são
serviam de inspiração para a comunicação entre representadas de maneira naturalista e
eles, uma forma de conservar valores e crenças também gráfica, pictórica, assim como
de sua sociedade. As peças podem ser estudas outros animais também eram representados.
de duas formas: como objeto de uso utilitário e Por vezes os animais eram representados
artístico ou como veículo de comunicação social por inteiro, outras, apenas por partes (corpo,
e cultural. rabo, cabeça, pele...). A utilização da cobra
Um exemplo para isso são as igaçabas: urnas para decorar vários objetos nos indica que
funerárias onde os índios enterravam seus esse ser era muito importante para aquele
mortos. Nesta peça a decoração e os grafismos se povo, provavelmente por povoar o imaginário
referiam aos aspectos de personalidade de quem com lendas e mitos. Para os Tukano, que
estava sendo enterrado, se era criança, adulto ou povoaram o noroeste amazônico, contam
idoso, homem ou mulher, classe social, etc. Nos que dentro da mitologia seus antepassados
estudos da cerâmica marajoara como forma de chegaram dentro do corpo de uma cobra -
comunicação visual de significados socialmente canoa, com função de povoar o mundo.
A cobra os largou ao longo do rio, nos lugares
que ainda hoje habitam. A cobra é ainda
considerada a mãe de todos os peixes, o que
remete à relação muito íntima que existe entre
a crença de suas origens e uma subsistência
baseada na pesca.
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Fig. 05 - Vaso representando a cobra.
Desenho de Tom Wildi (1897 -1984)
Fig. 06 - Exemplos de desenhos de cobras
Além de desenhos místicos, lendários e da encontradas na cerâmica marajoara.
Desenho de Denise Schaan, 2007.
vida cotidiana, há vários estudos feitos com
a finalidade de se entender a origem dos
Muito usual entre os marajoaras é a redução de
traços indígenas, como o estudo feito por
uma representação realista a traços mínimos,
Reichel-Dolmatoff (1976), na tribo indígena
algumas vezes é difícil identificar de onde
Tukano. A ingestão de uma substância gera
surgiram e o que significam. Com base em
alucinações responsáveis por formar na retina
estudos realizados por Denise Schaan, temos
dos olhos padrões e formas (as mesmas em
na fig. 15 o desenho em diversas fases para
qualquer pessoa), e estes padrões estão
entendermos sua simplificação.
presentes em vários desenhos de tribos
ameríndias diferentes, o que leva a se pensar
erroneamente que seria uma linguagem única
entre as diferentes tribos.
A tabela, fig. 15, mostra a simplificação de um
escorpião e fig. 16, simplificação da serpente,
até atingir sua forma mais básica, tornando-
se apenas um ícone. Não se sabe o porquê
da simplificação de desenhos, porém por
mais difícil que seja entender os grafismos
e decifrá-los o resultado final sempre é uma
composição harmoniosa e rica.
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Fig. 11 - Urna funerária da Museu Nacional
UFRJ.
Esta igaçaba, fig. 20, tem excisões em vermelho
sobre fundo branco. É a representação da
figura humana como elemento principal.
Possui detalhes geométricos que por se
repetirem parecem labirintos. Esta peça
Fig. 10 - Urna funerária da coleção Tom
Wildi
encontra-se em bom estado de conservação.
Pelo fato de ser bem elaborada talvez fosse
Esta urna funerária, fig. 18, é a representação destinada a alguém com algum prestígio
estilizada do corpo feminino com formas excisas. social.
Possui olhos, braços e mãos, além do triângulo
pubiano e do útero, representado pelo triângulo
e pela circunferência desenhada em vermelho. O
corpo da peça apresenta desenhos geométricos
que simbolizam as pinturas corporais.
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Fig. 12 - Igaçaba do Museu Nacional Paraense Emilio Goeldi
Urna funerária, fig. 20, decorada com apliques é feminina, quando o sexo era identificado,
modelados (excisões) e pintura vermelha e indicando que a matrilinearidade era a maneira
preta sobre engobo branco. Acervo Museu como se organizava o grau de parentesco.
Paraense Emílio Goeldi, ilustração e livro Esta igaçaba acima congrega características de
Unkmown Amazon, editado por C. McEwan, uma coruja e do gênero feminino, representado
Cristina Barreto e Eduardo Neves. Londres: pela vagina e o útero, que neste caso está
British Museum Press, 2001. grávido.
Igaçaba zoomórfica, fig. 21, excisão Urna com excisões sobre engobo vermelho,
vermelha sobre fundo branco, a fig. 22. A base da peça possui pintura cinza
imagem ao centro tem apliques envolvendo os detalhes em relevo, apêndices
no formato de um lagarto, possui zoomorfos.
cabeça, membros e apêndices.
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Fig. 16 - Coleção do Museu Paraense
Emílio Goeldi
Fig. 15 - Urna funerária/ Coleção do Igaçaba com decoração incisa traços em cinza
Museu Paraense Emílio Goeldi sobre engobo branco, fig. 24. Possui alguns
retoques em pintura vermelha.
Esta urna, fig. 23, tem incisões em vermelho
sobre engobo branco e base sem decoração.
Seu desenho é uma textura geométrica em
zig-zag.
Esta igaçaba é uma representação feminina,
mais especificamente a sua visão frontal, fig.
25. As duas excisões na parte inferior são
pequenas pernas, a incisão ao centro entre
as pernas sugere o triângulo pubiano, já no
centro, na altura dos braços, temos outra
excisão, trata-se da cabeça do urubu-rei
circundada por um grafismo que representa
uma serpente. A parte superior da cerâmica,
região da testa temos um formato em “T”
e logo abaixo temos os olhos que são dois
escorpiões. A peça em si é bem diferenciada,
assemelha-se mais com uma escultura do
que com uma urna funerária.
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A fig. 36 é uma estatueta antropomorfa com motivos em vermelho sobre engobo branco, possui
seios em relevo e membros atrofiados.
A fig. 37 é também antropomorfa com pintura vermelha e preta sobre o branco. Possui desenhos
que sugerem serpentes em volta do corpo e olhos em formato de escorpião. O suporte possui
um formato falomorfo, porém apresenta atributos femininos como seios e região pubiana.
Tangas
As tangas foram utensílios muito populares que sugere que eram feitas de acordo com a
entre as populações marajoara e seu uso personalidade da pessoa, assim como as urnas
era predominantemente feminino. Também funerárias.
conhecidas como “tapa-sexo”, elas apresentam Um aspecto muito importante analisado
um formato triangular, côncavo e normalmente nos marajoaras é que as cerâmicas em
eram feitas de cerâmica; com furos na geral (as urnas funerárias, as tangas e as
extremidade por onde passavam cordões estatuetas com atributos femininos) são
para serem ajustados ao corpo. Usadas em evidências arqueológicas que denotam grande
cerimônias e também como vestimenta, foram participação feminina na sociedade marajoara.
encontradas em aterros-cemitérios em variados
formatos, o que leva a crer que eram feitas
sob medida. As decorações não se repetem, o
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Fig. 35 Colar
“Grafismo em Tela”,
Fig. 34 Anel “Evolução” de em ouro e quartzo
ouro e quartzo fumê com fumê em três tons.
grafismo marajoara. Da Das designers
designer Leila Salame Marcilene Rodriguese
Leila Salame
Fig. 38 Coleção “Anima
Mundi” – Espaço José Liberto
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Fig. 47 Pulseira em
prata e couro
Fig. 48 Pulseira em
prata e coco
Primeiro Processo Criativo
No processo criativo foram feitas análises das fotos de resquícios de cerâmica marajoara e seus
principais símbolos e características. Também houve uma pesquisa de similares que auxiliou no
processo. Durante a fase da criação, foi utilizado em alguns desenhos o processo da simplificação
do grafismo (como nos estudos realizados por Denise Schaan), onde observa-se a representação
realista, sua redução à traços mínimos, e posterior simplificação dos mesmos. Desta forma
desenvolveu-se a criação das peças.
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As figuras 25, 21, 26, 32, 22, 49 e 23 são vasilhames/ tigelas. A figura 26 é um pedaço de urna
funerária e a figura 32 é uma tanga feminina. Os grafismos dessas peças possuem em comum 39
desenhos geométricos (mais que orgânicos), são labirínticos formados por traços retos e
angulares, têm quinas e dobras.
Primeiro Conjunto - Sketchs
Seguem rascunhos do desenvolvimento do primeiro conjunto. Colar segmentado com desenhos
característicos.
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Fig. 50 Fig. 51
Esboço 1 Esboço 2
Utilização da unidade simplificada (como se fosse um pequeno degrau). Com este grafismo
simplificado foram desenvolvidas várias ideias.
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Fig. 52
Esboço 3
“Brincando” com módulos (a unidade simplificada).
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Fig. 53
Esboço 4
Após o estudo dos formatos geométricos (das cerâmicas acima), chegou-se ao desenho final
do primeiro conjunto da coleção. Levou-se em consideração o traço mínimo (uma unidade que
aparece várias vezes em algumas peças), um “pequeno degrau”, como ilustra a figura 62.
Unidade mínima
de significação
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Fig. 55
Esboço 6
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Fig. 56
Esboço 7
A primeira proposta mistura madeira, prata e ametista. O colar é segmentado para dar movimento
à peça.
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Fig. 57
Esboço 8
Mais esboços: o desenvolvimento da segunda proposta foca o caracol por si só, sem o triângulo.
Inicialmente foi pensado em um formato de colar que remetesse aos colares indígenas, (cheios
de segmentação).
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Fig. 58
Esboço 9
Mais esboços: o desenvolvimento da segunda proposta foca o caracol por si só, sem o triângulo.
Inicialmente foi pensado em um formato de colar que remetesse aos colares indígenas, (cheios
de segmentação).
Fig. 59 / Esboço 10
Peça escolhida para a
produção do 2° conjunto
Terceiro Processo Criativo
A seguir algumas fotos que serviram de inspiração para o terceiro conjunto.
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Fig. 61 - Formas
mínimas de
significação Estudo do
Jacaré – Pesquisa de
Denise Schaan
Fig. 21 - Prato decorado/ Coleção
Fig. 23 - Tigela decorada
Museu Paraense Emílio Goeldi -
Coleção Museu Paraense
ver pág. 31 -
Emílio Goeldi - ver pág. 32 -
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Essas figuras estudadas apresentam grafismos mais sutil do que a igaçaba zoomórfica.
labirínticos, caracóis (interessante, pois Focado na unidade mínima de significação,
lembram muito um “rococó primitivo” com a fig. 70 é a representação do lagarto e/ou
suas formas espiraladas e riqueza em detalhes). jacaré passando da forma complexa até sua
A fig. 21 é uma igaçaba zoomórfica, a imagem forma mais simples. Analisando essas figuras
ao centro tem apliques no formato de um e cruzando suas características (“rococó
lagarto (ou jacaré), possui cabeça, membros primitivo”, formas espiraladas e apêndices)
e apêndices. As fig. 29 e 31 apresentam algo houve o desenvolvimento do terceiro conjunto
em comum com a fig. 21, possuem desenhos da coleção.
que aparentam membros, mas de uma forma
Terceiro Conjunto - Sketchs
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Fig. 62
Esboço 11
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Fig. 63
Esboço 12
Peça escolhida apra a
produção do 3° conjunto
Neste último conjunto o resultado foi metal para obter-se um resultado mais rústico
satisfatório já no esboço das primeiras peças. e irregular fazendo referência ao barro, que
No desenvolvimento desta última peça foi apesar de ter sido bem moldado nas mãos
usada a desmaterialização da forma inicial do indígenas, é normalmente irregular. Cada
lagarto/ jacaré com um incremento das formas peça é única, não se repete e o acabamento
orgânicas. queimado faz com que a peça tenha essa
Para a produção desse conjunto foram usados característica, pois nenhuma será igual à outra,
a prata como metal e o couro para o colar. O mesmo sendo feito em grande escala.
acabamento foi feito com queimaduras do
A Joalheria Artesanal – Um breve relato
A fabricação das peças aqui relatadas foi feita manuais. O trabalho do ourives requer técnica,
pelo método da joalheria artesanal, ela é fruto precisão e paciência. Por se tratar de um
da habilidade de um mestre, o ourives, que a trabalho artesanal é gasto tempo na execução
partir de um desenho (o projeto inicial), produz de uma única peça, por isso além do valor dos
a peça acabada. Para a execução, utiliza-se uma materiais usados e do design, há o valor da
bancada de ourives, ferramentas e laminadoras mão de obra.
A confecção
Para a confecção de uma joia é necessário A prata foi o metal utilizado neste projeto. Isso
preparar a liga metálica (da prata ou do ouro). deve-se ao seu custo mais baixo que o ouro.
54 Em joalheria, a liga mais utilizada para o ouro A prata pura é comprada através de peso,
é a de 18 quilates (ou 750 milésimas). O ouro gramas ou quilos, em “grãos” que se
(18 quilates), costuma ser uma liga composta assemelham à grãos de feijão (como mostra a
por cobre e uma parcela de prata. Já para a liga fig. 71 ).
de prata, os componentes são a prata, o cobre
e o fundente. De acordo com as proporções
utilizadas de metal a cor e dureza serão
diferentes.
Fig. 64
Prata em grãos
A prata não é utilizada em sua forma pura, como já dito,
e isso deve-se ao fato de ser muito maleável, podendo
entortar e até mesmo se quebrar com facilidade.
Para o seu uso é feito o cálculo da liga, onde deve-se
adicionar cobre ou latão para buscar menos maleabilidade
e assim maior resistência do metal para a produção da
joia.
Após o cálculo da liga, o metal prata + cobre/latão é
colocado no cadinho, que é um recipiente de cerâmica
esmaltada, muito resistente à temperatura (como mostra
a fig. 73).
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Fig. 65
Prata e ouro
em grãos
Fig. 66
Maçarico
derretendo o metal
Fig. 67
Detalhe do maçarico
O cadinho é aquecido com um maçarico, fundindo
todo o metal e formando a prata ligada. Este metal
fundido líquido é derramado em uma forma de aço,
iniciando o processo de laminação da prata. Após a
fundição, o metal formado deve ser colocado em uma
solução de água com sal de rutênio para a limpeza
e posteriormente deverá ser recozido. O recozimento
nada mais é do que aquecer a prata ou outro metal
o bastante para ficar maleável, porém não muito para
não fundir.
Este recozimento é feito diversas vezes no processo
todo de fabricação da joia, sempre é necessário
recozer quando percebemos que o metal está muito
rígido e não propício para o manuseio. Após a limpeza
e recozimento do metal, deve-se passar a barra de
Fig. 68 metal fundido no laminador.
56 Metal já derretido Este processo fará com que a prata (ou outro metal)
comece a “tomar forma” de chapa ou fio e seja
utilizado para o início da formação da joia.
Fig. 69
Laminador
Fig. 70
Detalhe do laminador
para fazer fios
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Fig. 71
Detalhe do laminador
para fazer chapas de metal
A espessura da chapa e do fio podem ser regulados. Normalmente
usa-se a chapa de anel/aliança com 1,5mm de espessura; chapas
para cravação de pedras são usados com 0,8mm de espessura.
Fig. 72
Cera preparada para moldar
o anel que será esculpido
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Fig. 73
Processo de corte da cera
na serra-fita para eliminar
os excessos de material
Fig. 74
Com a retifica é feito os
últimos ajustes de retirada
de cera interna do anel
O peso do metal é dez vezes mais que o da Depois do material preparado (fundição,
cera, portanto é necessário que a cera esteja laminação), chega a hora de começar a dar
com 1,7 gramas, (no final) para se obter um anel forma aos anéis, brincos e colares.
de aproximadamente 17 gramas, (na prata). O Este processo de fazer a joia acontece em uma
peso da cera será conforme o modelo do anel, mesa de trabalho, que é chamada de bancada.
não necessariamente será de 17 gramas. Alguns instrumentos são necessários para
Após a escultura ficar pronta, ela é colocada o manuseio e a fabricação da peça. (Aqui
dentro de alguma caixa ou buraco e preenche- não encontram-se todos, mas alguns mais
se o espaço com concreto ou material conhecidos).
semelhante, deixando, contudo, um buraco
entre a escultura de cera e o ar. Em seguida,
aquece-se essa forma e a cera evapora,
deixando o molde da escultura. Por fim, coloca-
se a prata no molde, quando a prata esfria,
quebra-se a fôrma e a escultura está pronta.
Normalmente a peça ainda sofre polimento.
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Fig. 76
Martelo e tribulé
Fig. 75
Bancada
Fig. 78 Paquímetro
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Na fig. 88 a chapa de prata está pronta e preparada para ser recortada com a serra. Após o
recorte haverá necessidade de polimento.
A seguir, algumas peças em seu processo inicial. Na fig. 90 a prata está desenhada e sem
polimento. Houve a necessidade de desenhar sobre a peça pois ela terá um detalhe em baixo
relevo que será feito com a retifica.
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63
Websites
http://www.giovannafusco.com.br/2012/03/processo-de-fabricacao-de-joias-em_02.html
Acesso: 02/11/12
http://www.infojoia.com.br/news_portal/noticia_3622
Acesso: 11/11/12
http://www.joiabr.com.br/artigos/dez04.html
Acesso: 16-08-2012
http://joiasnahistoria.wordpress.com/2012/06/26/egipcios-joias-e-misticismo/
Acesso: 16-08-2012
http://www3.mackenzie.com.br/editora/index.php/tint/article/view/4429/3403
Acesso: 16-08-2012
http://www.marajoara.com/iconografia.html
Acesso: 24/08/2012
http://www.portalamazonia.com.br/secao/amazoniadeaz/interna.php?id=959
Acesso: 14/08/2012
http://rupestreweb.tripod.com/schaan.html
66 Acesso: 22/08/2012
http://sospiridartehelenn.blogspot.com.br/p/cultura-tapajonica.html (14-08-2012)
http://usp-br.academia.edu/CristianaBarreto/Papers/799835/Arte_e_arqueologia_na_
Amazonia_antiga
Acesso em: 26/05/2012
http://www.viafanzine.jor.br/arqueologia4.ht
Acesso: 22/08/2012
Índice de fotos
Fig. 01 - foto reproduzida do site: http://www.defesabr.com/MB/mb_novas_frotas.htm)
(9/09/2012)
Fig. 03 - foto reproduzida do texto: Schaan, Denise Pahl, De tesos e Igaçabas, de índios e
portugueses: arqueologia e história da Ilha de Marajó.
Fig. 04, 05, 06, 07, 08, 09, 12, 56, 62 - fotos reproduzidas do texto de Denise Pahl Schann. A
arte da cerâmica marajoara: encontros entre passado e o presente. Goiania, v. 5, n.1, p. 99-
117, jan./jun. 2007.
Fig. 36, 37, 38, 39, - fotos reproduzidas do site: http://blog.saojoseliberto.com.br/ (02/10/2012)
68 Fig. 40, 41 - fotos reproduzidas do site: http://blog.saojoseliberto.com.br/2010/12/colecao-
anima-mundi-retrata-em-joias-o.html) (20/10/2012)
Fig. 50, 51, 52, 53, 54, 55, 57, 58, 59, 60, 63, 64 - Esboços
Fig. 66, 69, 71, 72, 74, 80- fotos reproduzidas do livro: CODINA, Carles 2000. A Joalharia.
Editorial Estampa, 2000.
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