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A construção da política de segurança alimentar e nutricional

ARTIGO ARTICLE
no Brasil: estratégias e desafios para a promoção
da intersetorialidade no âmbito federal de governo

Construction of the food and nutrition security policy in Brazil:


strategies and challenges in the promotion of intersectorality
at the federal government level

Luciene Burlandy 1

Abstract This article analyzes institutional strate- Resumo Este artigo analisa estratégias institucio-
gies of the Brazilian federal government that aim at nais do governo federal brasileiro destinadas à pro-
promoting intersectorality in the field of Food and mover a intersetorialidade no campo da Segurança
Nutrition Security (FNS), based on bibliographic Alimentar e Nutricional (SAN), com base em revi-
review and document analysis. It is assumed that, são bibliográfica e análise documental. Pressupõe que,
although formal institutionality in this government embora a institucionalidade formal neste nível de
level is not enough to promote intersectorality, it is governo não seja suficiente para promover a interse-
important in process induction. It follows that the torialidade, ela é importante para induzir o proces-
combination of different institutional mechanisms so. Conclui-se que a conjugação de diferentes meca-
favors intersectorality, such as: the existence and lo- nismos institucionais favorece a intersetorialidade,
cation of councils integrated by government sectors tais como: a existência e localização de conselhos in-
and civil society in the presidency; political support tegrados por setores de governo e sociedade civil na
by the presidency and inclusion of the issue as being presidência da república; o apoio político da presi-
strategic in the governmental agenda; assembly of dência e inclusão do tema como estratégico na agen-
institutional spaces that articulate the highest gov- da governamental; conjugação de espaços institucio-
ernment spheres and that integrate technical levels; nais que articulem os primeiros escalões de governo e
programs that integrate food production, commer- que aproximem os níveis técnicos; programas que
cialization, and consumption. Challenges concern integrem produção, comercialização e consumo de
interrelation with economic policy and the construc- alimentos. Os desafios referem-se à articulação com
tion of budget agreed among sectors, integrated to a política econômica e construção de um orçamento
policy management and monitoring. pactuado entre os setores, que seja integrado à gestão
Key words Food and nutrition security, Intersecto- e ao monitoramento da política.
rality Palavras-chave Segurança alimentar e nutricional,
Intersetorialidade
1
Centro de Ciências
Médicas, Faculdade de
Nutrição, Universidade
Federal Fluminense. Rua
São Paulo 30/4º andar,
Centro. 24015-110
Niterói Rio de Janeiro RJ.
burlandy@uol.com.br
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Introdução podem estar confinados aos espaços decisórios


setoriais. Consequentemente, ambos os sistemas
As estruturas de proteção social no Brasil, especi- têm como um de seus princípios ordenadores a
almente até meados da década de noventa, carac- intersetorialidade e vêm implementando estratégi-
terizavam-se pela fragmentação institucional e pela as institucionais para operacionalizá-la.
predominância dos objetivos setoriais sobre estra- Reconhecendo que a política de SAN vem sen-
tégias que viessem a alterar a distribuição dos re- do construída por atores governamentais e da so-
cursos de poder, tanto no sentido horizontal (en- ciedade civil, no nível local, estadual e nacional, este
tre setores) quanto vertical (entre níveis de gover- artigo focaliza os mecanismos implementados pelo
no)1. Consequentemente, geraram uma alocação governo federal para promover a articulação entre
pouco eficiente dos recursos, superposição de ações setores. Embora a institucionalidade formal neste
e clientelas, além de limitar a construção de pactos nível de governo não seja suficiente para efetivar a
nacionais mais amplos para o enfrentamento de intersetorialidade, ela é importante para induzi-la.
problemas complexos, como saúde e segurança Visando sinalizar potencialidades e desafios deste
alimentar e nutricional (SAN). Visando superar processo, o estudo pautou-se numa revisão histó-
este quadro, o país vem formalizando ideários in- rica e na análise de documentos técnicos do gover-
terdisciplinares e iniciativas institucionais pauta- no, dos relatórios das Conferências Nacionais de
das na intersetorialidade. SAN realizadas até então e da legislação federal.
Na Constituição de 1988, a saúde foi instituída
como um direito, garantido mediante políticas soci-
ais e econômicas. Ao ser compreendida como resul- Desafios e potencialidades
tante das condições de alimentação, habitação, edu- para a coordenação de políticas públicas
cação, renda, meio ambiente, trabalho e transporte,
emprego e lazer, liberdade, posse da terra e acesso A coordenação entre diferentes setores governa-
aos serviços de saúde, impôs a integração de um mentais relaciona-se com o grau de integração e
conjunto de políticas públicas implementadas por segmentação do processo decisório e com as for-
diferentes setores de governo2. De igual modo, atra- mas como os interesses se organizam e interagem
vés de Lei Orgânica, institui-se a SAN como a reali- institucionalmente. Processos altamente integra-
zação do direito humano a uma alimentação saudá- dos, com forte interdependência do conjunto de
vel, acessível, de qualidade, em quantidade suficiente e políticas e uma implementação global e interse-
de modo permanente, sem comprometer o acesso a torial das ações, caracterizam as modalidades de
outras necessidades essenciais, com base em práticas planificação social estatal. Noutro extremo, o má-
alimentares saudáveis, respeitando as diversidades cul- ximo de segmentação ocorre quando há múltiplas
turais e sendo sustentável do ponto de vista sócio-eco- agências decisórias, especializadas em itens seto-
nômico e agro-ecológico3. Este direito também só se riais da agenda, e as negociações giram em torno
realiza por meio da integração entre setores. de atores significativos para cada setor de política
A construção destes campos foi fruto de uma em campos de interesses específicos4.
dinâmica social participativa e compartilhada en- A instituição de mecanismos de coordenação
tre governo e organizações sociais que alcançou via planificação social estatal dificilmente se opera-
estatuto institucional através do Sistema Único de cionaliza, frente aos processos crescentes de dife-
Saúde (SUS), em 1988, e do Sistema Nacional de renciação funcional em curso em diferentes países.
Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN), em Áreas como economia, leis, ciência, educação e a
2006. A implementação destes sistemas vem pro- própria política desenvolveram racionalidades e
movendo uma revisão dos modelos vigentes de dinâmicas próprias, relativamente fechadas e auto-
atenção à saúde e à alimentação, visando uma ló- referenciadas em subsistemas funcionais. Essa di-
gica integrada de atuação. O SUS objetiva a inte- nâmica acentua a setorialização da política e a au-
gralidade das ações de promoção, proteção e recu- tonomia de cada subsistema, o que dificulta a cons-
peração e as inter-relações entre as dimensões bi- tituição de um único centro coordenador, função
opsicossociais do processo saúde-doença. O SI- tradicionalmente assumida pelo Estado5.
SAN destina-se a aproximar a produção, abasteci- Em distintos contextos nacionais, a partir da
mento, comercialização e consumo de alimentos, década de oitenta, estruturas centralizadas de po-
considerando também suas inter-relações. der e processos decisórios, antes limitados às insti-
Objetivos de políticas públicas de natureza in- tuições governamentais, deram lugar a formatos
tegrada, como estes, são estratégicos para a políti- de gestão híbridos, que congregam diferentes se-
ca de desenvolvimento do país e, portanto, não tores de governo e sociedade. Conformam-se as-
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sim “redes de articulação de políticas”, formadas bre um problema ou que tenham efeito simultâ-
em torno de problemas ou programas políticos e neo em diferentes dimensões determinantes. Como
caracterizadas por múltiplos centros decisórios não exemplo, o apoio à produção de alimentos da agri-
hierárquicos e por um padrão mais ou menos es- cultura de pequeno porte e à comercialização des-
tável de relações entre atores. A interdependência é tes produtos potencializa o bem-estar social e ali-
o principal fator para sua constituição e sustenta- mentar dos produtores e também dos consumi-
bilidade e varia em função dos objetivos em jogo e dores, ao favorecer o acesso à alimentos frescos a
do quanto eles implicam a mobilização de recur- um custo mais baixo10.
sos do conjunto de atores envolvidos6- 8. Os desafios são vultosos, considerando os con-
Como os principais problemas não são confi- flitos políticos em torno da alocação dos bens pú-
nados a uma única área, a tensão que se coloca é blicos. Exigem, portanto, negociações nos diferen-
como balancear a diferenciação e a integração. Se a tes escalões e níveis de governo (competidores pe-
cooperação entre as organizações está intimamente los recursos existentes) para que sejam pactuados
ligada à interdependência, como ela convive com o investimentos de médio e longo prazo, ainda que
processo em curso de maior autonomia dos sub- venham a adiar ganhos mais imediatos de alguns
sistemas? segmentos. Para que isto aconteça, é necessário que
Para responder a esta pergunta, é importante haja comprometimento e adesão dos atores aos
compreender que se, por um lado, a setorialização projetos integradores, para além de seus objetivos
gerou uma maior autonomia e fragmentação da específicos; o Estado seja capaz de promover acor-
vida social, por outro, ocasionou uma multiplica- dos e coordenar as ações para que objetivos de
ção do número de atores envolvidos no processo curto prazo dêem lugar a ganhos futuros; que se
político e acentuou as demandas pela intervenção formem “consensos estratégicos”, somente possí-
do Estado. Consequentemente, ocasionou não só veis com a construção de novas solidariedades
uma maior diferenciação interna do aparato esta- políticas e compromissos firmados a partir de um
tal, mas também uma delegação de funções e co- extenso processo de negociação11.
responsabilização, bem como uma necessidade de
compartilhar recursos que abriu espaços para no-
vas formas de coordenação5. Possíveis mecanismos institucionais
Neste cenário, alguns fatores devem ser consi- de articulação entre setores
derados: a crescente complexidade dos processos
decisórios; a multiplicação de atores envolvidos e a Neste contexto complexo, novas estratégias de pla-
importância da cooperação; a combinação de di- nejamento e gestão são fundamentais. A orques-
ferentes estruturas organizacionais; o amplo es- tração desta dinâmica pelo Estado (que atua como
pectro de tarefas de coordenação (desde a coleta um “intermediário multilateral”) impõe que as tra-
de informações até a construção de consensos po- dicionais estruturas decisórias tornem-se mais des-
líticos); a diferenciação das funções estatais e dos centralizadas e flexíveis e que os sistemas de infor-
instrumentos utilizados (decretos, leis, incentivos mação possibilitem que os atores tenham uma
financeiros, acordos formais e informais, etc.)5. compreensão compartilhada dos problemas10,12.
Analiticamente, identificam-se níveis distintos Isto implica a identificação de pontos potenciais de
de articulação e coordenação entre os setores: a coordenação (áreas de interesses e práticas comuns
multissetorialidade – quando a partir de um obje- entre eles) e a disseminação de informações estra-
tivo de política pública, que transcenda os setores, tégicas que sinalizem de que forma a cooperação
identificam-se programas prioritários que são pode servir simultaneamente aos interesses mais
potencializados através de uma ação convergente. amplos e às demandas particulares13, 14.
Este processo pode gerar ganhos pontuais nos pro- Conselhos integrados por diferentes lideran-
gramas setoriais e uma maior aproximação dos ças setoriais podem constituir-se em importante
diferentes setores a uma abordagem macrosseto- mecanismo institucional de coordenação ao pos-
rial; a intersetorialidade – quando os setores pac- sibilitarem, dentre outros, a construção de pactos
tuam um projeto integrado, identificam determi- em torno de decisões-chave sobre alocação de re-
nantes-chave do problema em pauta, formulam cursos; um planejamento global que dê direção
intervenções estratégicas que transcendem os pro- comum aos vários setores, evidencie as áreas de
gramas setoriais e alocam os recursos em função interseção e permita a identificação de interven-
dessas prioridades9. ções estratégias. Além disto, são também necessá-
O planejamento integrado possibilita a identi- rios espaços de interação mais cotidiana entre os
ficação de intervenções-chave de alto impacto so- setores10.
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Sistemas de monitoramento que subsidiem um NAN; (c) o Programa de Alimentação Popular -


planejamento integrado devem contemplar infor- Ministério da Agricultura - que comercializava ali-
mações sobre o próprio processo decisório, no mentos a preços reduzidos à população urbana de
sentido de identificar de que forma decisões de um baixa renda, adquiridos pelo governo dos produ-
setor minimizam ou potencializam o impacto de tores locais; (d) Rede Somar - COBAL (órgão que
outros. Medidas da área econômica, por exemplo, foi posteriormente transformado na atual Com-
podem potencializar o bem-estar social ou anular panhia Nacional de Abastecimento – CONAB) que
o impacto de estratégias desenvolvidas por outros consistia numa rede de comercialização que abas-
setores. tecia pequenos varejistas com cerca de 600 itens a
preços inferiores ou comparáveis aos praticados
pelos supermercados e prestava apoio técnico. Es-
Iniciativas de articulação intersetorial tas estratégias foram pontuais devido às dificulda-
no âmbito da política de SAN des de gestão do próprio INAN19, 20.
Como estes programas eram vinculados a dife-
Ações governamentais na área de alimentação e rentes ministérios, caberia ao INAN coordená-los,
nutrição remontam ao início do século passado consolidando uma política para o setor. No entan-
(como o Comissariado de Alimentação Pública – to, ao ser criado como uma autarquia federal liga-
1918 – que controlava estoques e tabelava alimen- da ao Ministério da Saúde (MS), o órgão não rece-
tos básicos). No entanto, iniciativas de construção beu o peso institucional necessário à sua atribui-
de uma política de âmbito nacional, integrada por ção. Além disto, seu Conselho de Administração,
diferentes instituições e ministérios, são posterio- composto pelos ministérios envolvidos, não con-
res, a exemplo do primeiro Plano Nacional de Ali- seguiu promover a necessária articulação interse-
mentação e Nutrição (1952). A intersetorialidade já torial. Até sua extinção em 1997, o INAN não se
se colocava como questão estratégica uma vez a po- constituiu de fato como instância de coordenação,
lítica envolvia ações referentes à produção, comer- inclusive porque praticamente não interferiu em
cialização, abastecimento, acesso e consumo dos ali- programas desenvolvidos por outros Ministérios,
mentos. No entanto, sua operacionalização sempre como o Programa de Alimentação do Trabalho
se mostrou complexa, pois os ministérios potencia- (PAT) - Ministério do Trabalho - e o Programa
lizavam a utilização setorial dos recursos15-18. Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) - Minis-
Historicamente, diversos mecanismos institu- tério da Educação9, 19. Documentos internos e pes-
cionais de coordenação foram criados tais como a quisas reiteram as fragilidades de gestão do órgão,
Comissão Nacional de Alimentação – CNA (1945), tais como a falta de clareza do governo sobre o
órgão do Conselho Federal de Comércio Exterior, melhor arcabouço institucional para abrigar as
regulamentada e transferida para o Ministério da ações de alimentação e nutrição; um quadro de pes-
Saúde em 1951 e o Instituto Nacional de Alimenta- soal quantitativamente reduzido e frágil em quali-
ção e Nutrição (INAN) em 1972, que centralizava dade (pela alta rotatividade e impossibilidade de
as atividades de alimentação e nutrição no país e contratação mais estável); restrição orçamentária e
que elaborou e coordenou o Programa Nacional fraco peso político do órgão junto ao governo17-19.
de Alimentação e Nutrição (I PRONAN [1973- Na década de oitenta, o orçamento social e a
1974] II PRONAN [1976-1989] 16-18. cobertura populacional dos programas foram
Alguns programas do II PRONAN (o primei- expandidos. No entanto, o caráter desordenado
ro não se realizou) tinham forte caráter interseto- deste processo acentuou a superposição de cliente-
rial por impactarem simultaneamente as condi- las e acirrou a disputa interministerial por recur-
ções de produção, comercialização e consumo de sos, dificultando ainda mais a articulação interse-
alimentos, tais como: (a) o Programa de Abasteci- torial20. Permaneceu, portanto, o desafio de se defi-
mento de Alimentos Básicos (PROAB) - INAN/ nir onde e como se processaria a articulação da
MS - que comercializava um elenco de alimentos política de alimentação e nutrição do ponto de vista
básicos subsidiados às populações de periferias institucional. Seria necessária uma instância supra-
urbanas através da rede de pequeno comércio va- ministerial?
rejista; (b) o Projeto de Aquisição de Alimentos A intensa mobilização social vivida desde mea-
Básicos em Áreas Rurais de Baixa Renda (PRO- dos dos anos oitenta, após vinte anos de ditadura
CAB) - INAN/MS - que garantia o escoamento de militar, marcou a construção de propostas para o
produtos de pequenos agricultores a preços esta- enfrentamento das questões sociais, incluindo a
belecidos a partir da cotação do mercado ataca- alimentação e nutrição. É neste contexto, pautado
distas e canalizava-os para programas do PRO- pela ação de organizações da sociedade civil, que a
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Segurança Alimentar assume progressiva relevân- social (1990-1993), uma confluência de processos
cia na agenda governamental21, 22. que ocorreram tanto no plano societário quanto
Cabe lembrar que este conceito emergiu como governamental dinamizou as iniciativas federais.
questão estratégica no plano internacional por oca- O governo instalado em 1993 estabeleceu como
sião da Primeira Guerra Mundial, quando a auto- prioridade o combate à fome, num contexto de
suficiência produtiva dos estados nacionais assu- intensa mobilização social, com destaque para o
miu centralidade. O tema se fortaleceu por ocasião MEP - Movimento pela Ética na Política - que deu
da crise internacional de abastecimento e a Confe- raízes à formação da Ação da Cidadania contra a
rência Mundial de Alimentação (1974) definiu-o Miséria e pela Vida. Neste cenário, formula-se o
como “uma oferta de alimentos segura e adequa- “Plano de Combate à Fome e à Miséria”, pactuado
da com base em critérios de necessidade fisicamente entre governo (incluindo o INAN) e a sociedade,
estabelecidos”. O foco inicial do conceito era, por- com base na proposta de Política Nacional de SAN
tanto, disponibilidade de alimentos23. do “governo paralelo” do Partido dos Trabalha-
Em meados da década de oitenta, registrou-se dores. O plano previa a implementação “conjunta,
a primeira referência à expressão “segurança ali- interdependente e coordenada” de diversos pro-
mentar” nas políticas governamentais brasileiras, gramas setoriais, associada a melhorias gerenciais
quando, em 1985, foi formulada no Ministério da em sua execução, visando potencializar recursos.
Agricultura uma proposta de “política nacional de O órgão máximo de coordenação na estrutura
segurança alimentar”. Uma possível distinção em organizacional era o Conselho Nacional de Segu-
relação ao enfoque internacional da década de se- rança Alimentar (CONSEA), que seria presidido
tenta refere-se a uma definição de objetivos para pelo Presidente da República e integrado por nove
além da auto-suficiência produtiva nacional, in- ministros de Estado e 21 representantes da socie-
cluindo o atendimento das necessidades alimenta- dade civil (Decreto 807 de 24/4/1993)28, 29.
res. Já nesta ocasião, sinalizou-se a criação de um Por iniciativa do CONSEA e do movimento da
Conselho Nacional de Segurança Alimentar, presi- Ação da Cidadania, realizou-se em 1994, em Bra-
dido pelo Presidente da República, composto por sília, a primeira Conferência Nacional de SAN, que
ministros de Estado e representantes de sindicatos foi definida como um componente estratégico de
patronais e de trabalhadores, que teve na época governo que abarcava um conjunto de princípios,
pouca repercussão23, 24. políticas, medidas e instrumentos que assegurem per-
Em 1986, com a I Conferência Nacional de Ali- manentemente o acesso de todos os habitantes em
mentação e Nutrição (um desdobramento da VIII território brasileiro aos alimentos, a preços adequa-
Conferência Nacional de Saúde), consagrou-se a dos, em quantidade e qualidade necessárias para sa-
alimentação como direito de cidadania e o Brasil tisfazer as exigências nutricionais para uma vida
inseriu progressivamente a gramática do direito digna e saudável bem como os demais direitos da
humano em seu ordenamento legal, especialmente cidadania30.
o direito humano à alimentação, contemplado no A Conferência atribuiu à SAN status de um pro-
Plano Nacional de Direitos Humanos de 1996. O jeto integrador das ações setoriais, capaz de insti-
conceito foi então redimensionado, uma vez que a tuir-se como eixo estratégico de um novo modelo
conferência protagonizou a idéia de incorporar a de desenvolvimento nacional25, 26, 30. No entanto,
dimensão nutricional. Foram também propostas avaliou que o CONSEA não conseguiu romper com
a formação de um Sistema Nacional de SAN inte- a fragmentação e mesmo com a contradição das
grado por conselhos e sistemas nas esferas estadu- políticas governamentais, mas promoveu a aproxi-
al e municipal (proposição retomada em 2004) e mação entre setores de governo e sociedade, conju-
de um Conselho Nacional de Alimentação e Nu- gando pactuação política e controle social. Além dis-
trição destinado a formular uma Política Nacional to, constituiu-se numa instância de parceria na de-
de Alimentação e Nutrição ((PNAN), instituída em finição de prioridades e num espaço de pressão po-
1999 pelo MS)24-27. lítica pela alocação de recursos em função de objeti-
Em documento interno do INAN de 1992, já se vos compartilhados30-32. No entanto, sua interven-
identificava a necessidade de criação de um Comi- ção na política econômica foi limitada, expressando
tê de SAN composto por ministérios das áreas eco- a dificuldade das áreas sociais e econômicas de go-
nômica e social, no qual o INAN exerceria o papel verno em adotar prioridades integradas33.
de secretaria-executiva visando à articulação inter- Na conjuntura subsequente, o CONSEA foi
governamental17. extinto e institui-se a estratégia Comunidade Soli-
Na década de noventa, após um forte esvazia- dária (CS), operacionalizada nas duas gestões do
mento técnico e político das instituições de política governo federal (1995-1998; 1999-2002), integra-
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da por uma secretaria executiva (SE) e um conse- passado aos municípios e expansão da clientela
lho, também composto por diferentes ministérios atendida pelo programa. Como desafios, desta-
e organizações sociais. Seu principal objetivo era o cam-se a baixa interferência na alocação de recur-
combate à pobreza a partir da convergência de sos, principalmente em relação ao plano plurianu-
programas setoriais para os municípios e famílias al e ao orçamento 2004, limites em fomentar a in-
mais pobres, visando a sua integração e sinergia tersetorialidade, dada a baixa participação dos pri-
no território. A temática da SAN foi pautada na meiros escalões dos ministérios e em construir um
agenda do conselho através de “rodadas de inter- sistema de monitoramento integrado41, 42.
locução” com a sociedade civil conduzidas por um Um avanço expressivo foi a promulgação da
comitê de SAN integrado por técnicos de governo, Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricio-
mas não instituído formalmente34, 35. nal (2006) que instituiu o já citado SISAN, integra-
Estudos sobre a CS indicaram aprimoramen- do por conselhos e conferências que congregam
to na focalização de programas específicos a partir órgãos e entidades de diferentes setores em todos
de negociações feitas caso a caso com cada minis- os níveis de governo. Além disto, a lei instituiu uma
tério, especialmente na primeira gestão do gover- câmara interministerial composta pelos ministros
no federal (até 1998)36. A SE do CS conduziu este de Estado e secretarias federais, sob coordenação
processo e o conselho investiu em programas não da Casa Civil, que tem como função formular a
governamentais considerados inovadores, a par- política e o plano nacional de SAN. A câmara po-
tir de parcerias com organizações sociais locais. tencializa a participação dos primeiros escalões de
Havia, portanto, dois movimentos convivendo, um governo e os compromete em torno da constru-
que visava potencializar os programas governa- ção de uma agenda própria de negociação (consi-
mentais através da coordenação e outro, os recur- derando as dificuldades prévias de participação sis-
sos societários das comunidades locais. Na segun- temática dos mais altos escalões no CONSEA). No
da gestão da CS, o último objetivo assumiu cen- entanto, pode enfrentar alguns desafios para pro-
tralidade e a consolidação da estrutura governa- mover a intersetorialidade por ter sido vinculada
mental da CS no nível local foi frágil, dificultando ao Ministério do Desenvolvimento Social e Com-
o planejamento territorial integrado 9,37. bate à fome e não à Casa Civil da presidência da
Documentos internos do INAN/MS deste pe- República, como o CONSEA3, 43, 44.
ríodo reiteram a necessidade de articulação do ór- O relatório da III Conferência Nacional de SAN45
gão com diversos setores de governo presentes no reconhece os avanços da incorporação da política
conselho do CS que apresentavam interfaces mais de SAN na agenda pública no país e sua contribui-
estreitas com as ações do MS38. ção para a integração de ações na direção da inter-
Também no âmbito deste ministério, é impor- setorialidade. Neste sentido, alguns programas se
tante mencionar a Comissão Intersetorial de Ali- destacam, como o Programa de Aquisição de Ali-
mentação e Nutrição (CIAN) do Conselho Nacio- mentos da Agricultura Familiar – PAA (2003) – re-
nal de Saúde (CNS), estabelecida pela Lei 8.080 de conhecido como inovador por constituir-se simul-
19 de setembro de 1990, que se destaca como espa- taneamente em instrumento de política agrícola e
ço potencial para o diálogo da saúde com outros de acesso à alimentação adequada e saudável46. O
setores. Composta por representantes de diferen- PAA é coordenado por um grupo gestor composto
tes ministérios, sociedade civil e setor privado lu- por diferentes ministérios e conjuga instrumentos
crativo (que incluiu no contexto em pauta um re- de apoio à produção e à comercialização, utilizan-
presentante da CS), a CIAN subsidia o CNS no do preços de referência diferenciados para a pro-
acompanhamento da PNAN que tem como uma dução familiar, simplificando os procedimentos
de suas diretrizes a intersetorialidade24, 27. para a aquisição governamental dos seus produtos
Em 2003 (governo Lula), o CONSEA foi reins- e destinando-os a determinados segmentos popu-
tituído como órgão de assessoramento ao Presi- lacionais43,47. A experiência do PAA remonta às ini-
dente da República composto em 1/3 por setores ciativas já presentes no PRONAN que incidem si-
de governo e 2/3 pela sociedade civil39,40. Documen- multaneamente em múltiplas dimensões da cadeia
tos avaliativos atribuem ao CONSEA alguns mé- agroalimentar e que favorecem uma aproximação
ritos como a formulação do Plano de Safra da Agri- entre produção e consumo de alimentos e uma óti-
cultura Familiar, que articulou ministérios e orga- ca mais integrada de ação pública.
nizações sociais numa proposta negociada; a reali- De igual modo, o atual projeto de Lei da Ali-
zação da II e da III Conferência Nacional de SAN; mentação Escolar (PL 2877/2008), em tramitação
modificações no Programa Nacional de Alimenta- no Congresso Nacional, estabelece que, do total
ção Escolar, incluindo ampliação do per capita re- dos recursos financeiros repassados pelo FNDE,
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no âmbito do PNAE, no mínimo 30% sejam utili- As iniciativas de diálogo do INAN foram difi-
zados na aquisição de gêneros alimentícios prove- cultadas pela fragilidade político-institucional do
nientes da agricultura familiar. Desta forma, ga- órgão e por seu lócus setorial, que sujeitou os es-
rante a comercialização desta produção e qualifica paços de coordenação intersetorial aos limites da
a alimentação escolar, disponibilizando produtos própria dinâmica do setor saúde, limitando sua
frescos produzidos localmente. intervenção em programas de outros ministérios.
O CONSEA também dá maior visibilidade a No caso de conselhos supra-setoriais, como o
conflitos e posições diferenciadas do próprio go- CONSEA e o conselho do Comunidade Solidária
verno em torno de alguns temas, como a comerci- (CS), a possibilidade de interferir nas dinâmicas
alização de alimentos transgênicos e demandas dis- setoriais se potencializa pela própria vinculação à
tintas da agricultura familiar e do agronegócio. A presidência da república. As prioridades assumi-
própria existência de dois ministérios que lidam de das por cada conselho, o apoio político da presi-
modo distinto com estas questões (o da Agricultu- dência e a inserção do tema de forma estratégica
ra e o do Desenvolvimento Agrário) já expressa a na agenda do governo (que foram frágeis no caso
cisão de dinâmicas setoriais ao interior do governo, da CS e fortes no âmbito do CONSEA) condicio-
que se torna mais visível através do conselho42, 45. naram o desempenho diferenciado destes espaços
na promoção da intersetorialidade. Ainda que a
secretaria executiva da CS tenha empreendido es-
Considerações finais forços para coordenar os programas federais, vi-
savam-se principalmente ganhos de eficiência em
A promoção da intersetorialidade é tarefa desafia- programas específicos, particularmente na focali-
dora que exige a confluência de distintos mecanis- zação nos segmentos mais pobres (objetivo que,
mos, processos e instrumentos institucionais. O segundo avaliações, foi atingido). No entanto, a
balanço entre a autonomia dos subsistemas e sua construção de uma política integrada de governo
integração é especialmente complexo no campo da permaneceu como um desafio. Deve-se considerar
SAN. Por ser uma política supra-setorial, abarca as dificuldades de uma SE em articular por si só os
ações de subsistemas com estruturas institucionais ministérios, uma vez que o conselho priorizou o
próprias e robustas, como o próprio SUS, e tam- fortalecimento de iniciativas não-governamentais
bém de políticas setoriais como a Política Nacional e este tornou-se o foco de toda a estratégia CS na
de Alimentação e Nutrição do MS, dentre outras. segunda gestão do governo9.
A análise de estratégias de promoção da inter- O primeiro CONSEA (1993), apesar do apoio
setorialidade implementadas pelo governo federal presidencial, foi frágil na promoção da intersetori-
indica que fatores como o lócus institucional, o alidade, em parte por seu pouco tempo de existên-
peso político dos espaços de coordenação e o grau cia. O segundo (2003) adquiriu legitimidade políti-
de inserção do próprio tema na agenda governa- ca tanto pela prioridade dada a SAN pelo governo
mental favorecem este processo. Num sistema pre- quanto pelo fato da presidência da república efeti-
sidencialista, ou os objetivos integradores são in- var as proposições do conselho (ainda que nem
corporados pela presidência e os primeiros esca- sempre acatando todas elas), evidenciado na pro-
lões de governo, como prioridade política e não mulgação da Lei Orgânica de SAN e em progra-
apenas técnico-administrativa (de melhor geren- mas como o PNAE e o PAA. Coalizões de apoio
ciamento de programas), ou dificilmente se reali- entre a burocracia estatal e a presidência podem
zam. Destaca-se que o papel mobilizador das or- ter contribuído neste processo, considerando as
ganizações da sociedade civil dinamizou de forma alianças e trocas de diversos tipos de recursos que
significativa todo este processo. se estabeleceram entre os atores envolvidos48.
O progressivo fortalecimento e ampliação do Outro fator que favorece a intersetorialidade
conceito de SAN até consolidar-se em Lei Orgâni- no âmbito do CONSEA é a conjugação de diferen-
ca com uma Política e um Sistema Nacional em tes mecanismos e instrumentos institucionais,
curso vêm favorecendo a promoção da interseto- como a legislação, a formação de grupos gestores
rialidade no âmbito da histórica atuação do go- interministeriais vinculados a programas, que pro-
verno federal na área de alimentação e nutrição. movem uma aproximação no plano técnico e po-
Ainda que este princípio já estivesse presente na lítico (como no PAA), além da própria câmara in-
política de alimentação e nutrição desde seus pri- terministerial que envolve gestores dos mais altos
mórdios, dificilmente se realizou a partir de meca- escalões.
nismos e estratégias setoriais e a SAN reforçou o A articulação com a área econômica ainda é
caráter supra-setorial desta institucionalidade. um desafio a ser enfrentado, uma vez que os mi-
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Burlandy L

nistros da área social comumente estão distantes falta de consenso, o CONSEA tem como prática
das arenas decisórias que definem políticas relaci- evidenciar todas as posições existentes42, 45.
onadas a temas cruciais da economia (negociação Permanecem alguns desafios, como a constru-
da dívida externa, ajustes econômicos, etc.)10. ção de um sistema de monitoramento integrado e
Conselhos deste tipo também dão maior visi- a articulação entre orçamento e gestão, evidencia-
bilidade aos conflitos e posições divergentes tanto dos pelas dificuldades de intervenção no processo
ao interior do próprio governo quanto com a so- orçamentário. Além disto, embora a intersetoria-
ciedade civil. Esta dinâmica é importante para a lidade possa avançar no plano mais formal, no
construção de pactos nacionais mais amplos; no cotidiano de trabalho outras dificuldades se colo-
entanto, ela complexifica o processo decisório. A cam para a ação integrada, tais como as diferenças
adesão dos setores de governo pode diferenciar-se de valores, idéias, a redistribuição de recursos fi-
dependendo do quanto cada um vislumbra gan- nanceiros, humanos e políticos, tempo, disposi-
hos concretos. ção para reordenar processos de trabalho, dentre
No caso do CONSEA, alguns fatores favore- outros. Por outro lado, quando os setores vislum-
cem esta adesão: o fato do governo assumir a SAN bram ganhos na troca de recursos, a aproximação
como objetivo estratégico faz com que o CONSEA é favorecida.
não represente uma ameaça no sentido de canalizar Para além do governo federal, outros desafios
para si os possíveis louros políticos das ações; os se colocam para a promoção da intersetorialidade
setores fortalecem sua capacidade de interferência nos estados e municípios. Portanto, são fundamen-
no processo decisório, pois o CONSEA amplia o tais no âmbito do SISAN os mecanismos de diálo-
escopo do debate sobre decisões que tradicional- go entre níveis de governo, a exemplo das comis-
mente são tomadas nos gabinetes de ministros e sões intergestoras que existem no SUS.
secretários, com baixo poder de influência dos téc- Por fim, face ao cenário árido que marcou a
nicos. Ao ampliar o poder de vocalização de de- fragmentada institucionalidade estatal no país, os
mandas setoriais, o conselho pode favorecer a ade- avanços apontados são promissores, mesmo que
são, o diálogo entre eles e destes com a presidência seja longo o caminho a ser percorrido em direção a
da república, aprimorando programas setoriais. Na um planejamento que integre o orçamento e a ges-
tão pública dos diferentes setores governamentais.

Agradecimentos

Ao Renato Maluf, por suas valiosas contribuições


ao texto.
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Ciência & Saúde Coletiva, 14(3):851-860, 2009


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