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Justino Alexandre Mimbir

Responsabilidade Civil Por Danos Ambientais

Uma reflexão sobre a difícil prova do nexo de causalidade

Licenciatura em Direito com Habilitação em Direito da Energia e Recursos Naturais

Universidade Púnguè

Extensão de Tete

2020
2

Justino Alexandre Mimbir

Responsabilidade Civil Por Danos Ambientais

Uma reflexão sobre difícil prova do nexo de causalidade

Monografia a ser apresentada no


departamento de letras, ciências sociais e
humanidades, Curso de Direito, como
requisito parcial para a obtenção do grau de
Licenciatura em Direito com Habilitação
em Direito da Energia e Recursos Naturais.

Supervisor

Mestre Luis Xavier Chuquela

Universidade Púnguè

Extensão de Tete

2020
3

Índice
DECLARAÇÃO .......................................................................................................................................... 4
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................................... 5
RESUMO ..................................................................................................................................................... 6
ABSTRACT ................................................................................................................................................. 7
LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................................................... 8
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 9
2. DA RESPONSABILIDADE CIVIL EM GERAL .......................................................................... 11
2.1. Conceito ..................................................................................................................................... 11
2.2. Responsabilidade Civil Obrigacional e Responsabilidade Civil Delitual ............................. 11
2.3. A Responsabilidade por Facto Ilícito-culposo, Pelo Risco e Pelo Sacrifício ........................ 12
2.3.1. Pressupostos da Responsabilidade Civil Delitual Por Facto Ilícito-culposo ................ 13
3. DA RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AMBIENTAIS ............................................. 19
3.1. Generalidades ............................................................................................................................ 19
3.2. Responsabilidade Objectiva ..................................................................................................... 19
3.2.1. Fundamento da Imputação .............................................................................................. 19
3.3. O Dano ....................................................................................................................................... 20
3.3.1. A complexidade do dano................................................................................................... 21
3.4. O Nexo de Causalidade ............................................................................................................. 24
3.4.1. A Complexidade Causal ................................................................................................... 25
4. DAS SOLUÇÕES À DIFICULDADE PROBATÓRIA DO NEXO CAUSAL ENTRE A
ACTIVIDADE PERIGOSA E O DANO AMBIENTAL ....................................................................... 26
4.1. Generalidades ............................................................................................................................ 26
4.2. Aspectos Gerais Sobre a Prova ................................................................................................ 26
4.3. A inversão do Ónus de Prova ................................................................................................... 27
4.4. A Presunção Legal de Causalidade ......................................................................................... 29
4.5. A Verosimilhança Preponderante ........................................................................................... 33
5. CONCLUSÃO ................................................................................................................................... 37
Bibliografia ................................................................................................................................................ 40
Doutrina ................................................................................................................................................. 40
Legislação............................................................................................................................................... 41
4

DECLARAÇÃO

Declaro que esta monografia é resultado da minha investigação pessoal e das orientações do meu
supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes estão devidamente mencionadas no texto,
nas notas e na bibliografia final.

Declaro ainda que o trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de
qualquer grau académico.

Tete, 07 de Dezembro de 2020

Justino Alexandre Mimbir


5

AGRADECIMENTOS

Primeiro, agradeço ao criador do universo infinito por garantir que eu desfrute da existência e por
permitir que eu estabelecesse a união com a ciência, especialmente, com o Direito.

À minha família, principalmente, aos meus pais, aos Meus irmãos Nazira Mimbir e Neto Mimbir,
pelo apoio desinteressado.

Aos meus docentes universitários, nomeadamente, o Mestre Luís Xavier Chuquela pela orientação
e pelas lições sábias, à ilustre Margarida Horta pelas aulas frutíferas e pelo apoio moral
incondicional, ao causídico Crispim Judião pelos ensinamentos de mestria.

Finalmente, aos meus colegas de jornada, especialmente ao João Carlos Maxaieie pelas lições
informáticas e metodológicas.
6

RESUMO

A responsabilidade objectiva prescinde da culpa e da ilicitude, porém, não prescinde do dano e do


nexo de causalidade, sendo que, é a responsabilidade objectiva que predomina na área ambiental.
Entretanto, o dano, como outro pressuposto da responsabilidade objectiva, tem uma natureza
complexa por ser global, transtemporal, invisível e cumulativo, o que torna o nexo de causalidade
entre o facto e o dano ambiental de prova difícil ou impossível, dificultando a realização do fim
pretendido pelo direito material que estabelece a responsabilidade civil por danos ambientais. Por
isso, nos propusemos a fazer uma busca pelas soluções à esta dificuldade de prova partindo da
definição do objectivo geral de fazer uma análise das propostas de solução à dificuldade de prova
do nexo de causalidade na responsabilidade civil por danos ambientais. Para a realização deste
objectivo recorremos ao método indutivo e ao método de procedimento documental,
nomeadamente a revisão doutrinal e legislativa. Durante o estudo, surgiram as seguintes hipóteses
de pesquisa: a inversão do ónus de prova, a presunção legal de causalidade e a verosimilhança
preponderante. A inversão do ónus de prova foi posteriormente descartada pelo facto de, o nosso
ordenamento jurídico adoptar o modelo de distribuição estática do ónus de prova, ao invés do
modelo de distribuição dinámica do ónus de prova. Outra hipótese descartada foi a presunção legal
de causalidade, uma vez que não se encontra prevista na nossa lei, tendo sido unicamente
incorporada na lei alemã, não podendo ser aplicada entre nós sem uma prévia iniciativa do
legislador. Portanto, optamos pela verosimilhança preponderante por se basear nas máximas de
experiência e com isso poder se manifestar através das presunções judiciais.

Palavras-chave: responsabilidade civil por danos ambientais; complexidade do dano; nexo de


causalidade; prova.
7

ABSTRACT

Strict liability waives guilt and wrongdoing, however, it does not dispense with damage and
causation, since it is strict liability that predominates in the environmental area. However, the
damage, as another assumption of strict liability, has a complex nature because it is global, trans
temporal, invisible and cumulative, which makes the causal link between the fact and the
environmental damage of proof difficult or impossible, making it difficult to perform the task.
Purpose intended by material law that establishes civil liability for environmental damage. For this
reason, we set out to search for solutions to this difficulty of proof, starting from the definition of
the general objective of analyzing the proposed solutions to the difficulty of proving the causal
link in civil liability for environmental damage. To achieve this goal, we use the inductive method
and the documentary procedure method, namely the doctrinal and legislative review. During the
study, the following research hypotheses emerged: the inversion of the burden of proof, the legal
presumption of causality and the prevailing likelihood. The inversion of the burden of proof was
subsequently ruled out by the fact that, our legal system adopts the static distribution model of the
burden of proof, instead of the dynamic distribution model of the burden of proof. Another
hypothesis discarded was the legal presumption of causality, since it is not provided for in our law,
having only been incorporated into German law, and cannot be applied between us without a prior
initiative by the legislator. Therefore, we opted for the prevailing verisimilitude because it is based
on the maxims of experience and with that it can manifest itself through judicial presumptions.

Keywords: civil liability for environmental damage; damage complexity; causal link; evidence.
8

LISTA DE ABREVIATURAS
Art. – Artigo
CC – Código Civil
CE – Comissão Europeia
Cfr – Conferir
CRM – Constituição da República de Moçambique
Nᵒ - Número
O.J.M. – Ordenamento Jurídico Moçambicano
Op. Cit. – Obra citada
P. – Página
PP. - Páginas
SS – Seguintes
V.g. – Verbis grata
9

1. INTRODUÇÃO

A crescente industrialização nos insere, actualmente, numa sociedade de riscos em que a


verificação de danos de qualquer natureza é frequente. O ambiente tem sido um dos bens mais
sacrificados, verificando-se, por isso, a necessidade de se ressarcir aos titulares desse direito, uma
vez que se trata de um bem jurídico constitucionalmente tutelado (art. 90, CRM).

Portanto, o mecanismo mais eficaz de restauração e compensação do ambiente é a


responsabilização civil. Na esfera ambiental, predomina a responsabilidade objectiva, que
prescinde da culpa e da ilicitude, entretanto, não prescinde do dano e do nexo de causalidade e
estes, por sua vez, são considerados complexos. O dano ambiental é, muitas vezes, global ou
transfronteiriço porque os seus efeitos excedem os limites territoriais do Estado em que o dano foi
produzido; invisível por ser imensurável pelos sentidos, sendo apurado pela ciência; transtemporal
porque os seus efeitos são indeterminados no tempo, quer quanto a sua duração, quer quanto ao
momento em que o dano se manifesta e; multicausal ou cumulativo na medida em que um dano
pode ser consequência de mais de um acto lesivo. Os elementos apresentados acerca do dano
ambiental fazem o demonstração clara da sua natureza complexa e, o nexo de causalidade, por sua
vez, torna-se complexo por virtude da complexidade do dano, ou seja, fica muito difícil fazer a
prova do nexo de causalidade por virtude da complexidade do dano ambiental.

Neste sentido, suscita-se a seguinte questão: Quais as soluções à difícil prova do nexo de
causalidade na responsabilidade civil por danos ambientais?

A justificativa do trabalho é a crescente industrialização do país, nomeadamente o


desenvolvimento da indústria extractiva e a crescente descoberta de hidrocarbonetos, aliada à
necessidade de adaptação da legislação vigente à alteração da situação ambiental do país.

O nosso objectivo geral é fazer uma análise das propostas de solução à dificuldade de prova do
nexo de causalidade na responsabilidade civil por danos ambientais. Os objectivos específicos são
os seguintes: explicar a complexidade ambiental; compreender a relevância do nexo de causalidade
na responsabilidade civil por danos ambientais e; discutir o enquadramento das soluções à difícil
prova do nexo de causalidade no O.J.M.
10

Para a realização dos nossos objectivos recorremos ao método indutivo, que parte da análise de
premissas particulares para fazer uma conclusão geral. O método de procedimento é documental,
nomeadamente a revisão doutrinal e legislativa.

Durante a busca pela realização dos nossos objectivos, a maior dificuldade enfrentada foi a
ausência de textos doutrinários nacionais relativos a esta matéria, tendo predominado o recurso à
doutrina estrangeira.

O trabalho está dividido em três capítulos. No primeiro capítulo trazemos uma abordagem acerca
da responsabilidade civil em geral para que o leitor esteja melhor situado no tema e possa
compreender com maior facilidade e exaustão o contexto do trabalho. No segundo capítulo
tratamos da responsabilidade civil por danos ambientais, onde se destaca a conceituação do dano
ambiental, a referência à sua complexidade e relevância como pressuposto da responsabilidade
civil por danos ambientais, o destacamento da complexidade do nexo de causalidade e, também, a
sua relevância como pressuposto da responsabilidade civil por danos ambientais. No terceiro
capítulo discutimos as soluções à dificuldade de prova do nexo de causalidade na responsabilidade
civil por danos ambientais, onde foram destacadas as seguintes hipóteses: a inversão do ónus de
prova, a presunção legal de causalidade e a teoria da verosimilhança preponderante.

Como o caro leitor já pode notar, na estrutura do nosso trabalho partimos do geral para o particular,
como é exigível para a apreensão de qualquer conteúdo científico.
11

CAPÍTULO I

2. DA RESPONSABILIDADE CIVIL EM GERAL


2.1.Conceito

Antes de fazer referência sobre qualquer aspecto da responsabilidade civil ambiental, mostra-se
indispensável fazer uma nota de aspectos gerais relacionados à responsabilidade civil, começando,
naturalmente, pelo conceito.

PINTO (2005, p. 128) considera que: “quando a lei impõe ao autor de certos factos ou ao
beneficiário de certa actividade a obrigação de reparar os danos causados a outrem, por esses factos
ou por essa actividade, depara-se-nos a figura da responsabilidade civil”.

“A responsabilidade civil actua, portanto, através do surgimento da obrigação de indemnização.


Esta tem precisamente em vista tornar indemne, isto é, sem dano o lesado; visa colocar a vítima
na situação em que estaria sem a ocorrência do facto danoso”(PINTO, 2005, p. 128).

2.2.Responsabilidade Civil Obrigacional e Responsabilidade Civil Delitual

Existe uma tradicional dicotomia da ciência jurídica que é a distinção entre a responsabilidade
contratual ou obrigacional e a responsabilidade extracontratual ou delitual1.

“A responsabilidade obrigacional é originada pela violação de um direito de crédito ou obrigação


em sentido técnico; é a responsabilidade do devedor para com o credor pelo não cumprimento de
uma obrigação” (PINTO, 2005, p. 137).

Outra doutrina oferece uma explicação similar, segundo a qual “ a responsabilidade obrigacional
ocorre quando é incumprido, pelo devedor, o dever de prestar correspondente ao direito de crédito
(podendo também suscitar-se a sua aplicação quando ocorra a inobservância de outros deveres que
se enquadrem numa obrigação complexa)” (JÚNIOR, 2012, p. 278).

1
A doutrina levanta uma discussão sobre as terminologias adequadas para estes tipos de responsabilidade,
refutando, maioritariamente, os termos responsabilidade contratual e extracontratual e aliando-se aos termos
responsabilidade obrigacional e delitual. Sobre isto, vide MOTA PINTO, Teoria Geral do Direito Civil, 2005, p. 137.
12

“Assim, por exemplo, se Abel prometeu vender, por certo preço, uma coisa a Bento e este obrigou-
se a comprá-la, se, na data da celebração do contrato prometido Abel não o celebra, recusando-se
a vender a coisa a Bento, Abel incorre em responsabilidade obrigacional” (JÚNIOR, 2012, p. 278).

Já a responsabilidade delitual, segundo PINTO (2005, p. 137) “ resulta da violação de um dever


geral de abstenção contraposto a um direito absoluto (direito real, direito de personalidade)”.

Entretanto, a doutrina recente, vem demonstrar a imperfeição do conceito apresentado pelo


Professor MOTA PINTO, devido a possibilidade de um terceiro poder violar um direito de crédito
devido ao dever genérico de respeito pelos direitos alheios2. Portanto, segundo JÚNIOR (2012, p.
278) “ a responsabilidade delitual resulta da inobservância de deveres gerais de respeito por
direitos alheios ou de abstenção de interferir com direitos alheios, incorrendo nela, todo aquele
que, concretizando-se na sua esfera jurídica esse dever geral, não o observe”.

A nosso ver, o último conceito de responsabilidade delitual, é o que mais se adequa, uma vez que
o primeiro apenas toma em consideração a violação de direitos absolutos (direitos reais e de
personalidade).

2.3.A Responsabilidade por Facto Ilícito-culposo, Pelo Risco e Pelo Sacrifício

“A responsabilidade por facto ilícito e culposo, que constitui regra geral (arts. 483 e 798, CC), por
o título de imputação ser um ilícito-culposo, razão por que, também se diz, em atenção à exigência
da culpa, que se trata de responsabilidade subjectiva” (JÚNIOR, 2012, p. 288).

PINTO (2005) afirma que a responsabilidade pelo risco, também chamada responsabilidade
objectiva, é a responsabilidade sem culpa. Neste sentido, PINTO (2005, pp. 133-134), sobre a
responsabilidade objectiva, preconiza:

Esta é consagrada em algumas hipóteses com características especiais. Trata-se


de domínios em que o homem tira partido de actividades que, potenciando as suas
possibilidades de lucro, importam um aumento do risco para os outros. Em alguns
destes casos está-se perante a utilização de mecanismos técnicos usados por um

2
Recorrendo ao exemplo supra, sobre a responsabilidade obrigacional: se Abel não cumprir a promessa, porque,
entretanto, foi aliciado por Carlos, que conhecia promessa, vende a coisa a Carlos, Abel será responsável
contratualmente perante Bento, mas Carlos também será responsável perante Bento, porém a sua responsabilidade
será delitual. Cfr: SANTOS JÚNIOR, Direito das Obrigações, p. 278.
13

agente como fonte de riqueza ou de comodidade. Noutras hipóteses trata-se de


uma utilização de outras pessoas3 ou animais4 no interesse próprio.

Na responsabilidade pelo sacrifício5, segundo JÚNIOR (2012), a imputação é feita com base num
mero princípio de justificação da compensação do lesado, não obstante a conduta do responsável
não só não ser objecto de um juízo de desvalor, como até o ser de um juízo de valor (para o efeito
de o responsável não responder a título de responsabilidade por facto ilícito-culposo).

Neste tipo de responsabilidade, segundo PINTO (2005, p. 136) “a actividade do agente é secundum
jus, ao contrário do que sucede no acto ilícito, em que o comportamento rebelde do agente lesa o
interesse que o direito quis fazer prevalecer”6

2.3.1. Pressupostos da Responsabilidade Civil Delitual Por Facto Ilícito-culposo

Nos ocuparemos no estudo dos pressupostos da responsabilidade civil delitual por facto ilícito-
culposo, porque é, dentre as categorias da responsabilidade civil, a que possui o leque mais amplo
de pressupostos, pelo que, importa analisar cada um deles.

LEITÃO (2010), entende que os pressupostos da responsabilidade civil delitual por facto ilícito-
culposo são: a ilicitude, a culpa, o dano e o nexo de causalidade. Do mesmo entendimento, já era
detentor o PINTO (2005).

Contudo, JÚNIOR (2012), acrescenta um pressuposto aos aludidos pelos autores acima – o facto
voluntário do lesante – ficando, segundo ele, a responsabilidade civil delitual, com os seguintes
pressupostos: Facto voluntário do lesante, ilicitude, culpa, dano e nexo de causalidade.

Passemos, portanto, a examinar cada um dos pressupostos enunciados por este último autor.

2.3.1.1.O Facto voluntário do lesante

3
Cfr. A responsabilidade do comitente (art. 500, CC).
4
Vide a responsabilidade objectiva por danos causados por animais (art. 502, CC).
5
Também designada, própria ou impropriamente, responsabilidade por actos lícitos ou por intervenções lícitas.
Sobre isto, vide MOTA PINTO, op. cit. P. 136.
6
“São exemplos de responsabilidade pelo sacrifício no nosso direito: a responsabilidade emergente de certos casos
de estado de necessidade (art. 339, n2); de escavações (art. 1348, n.2); da passagem forçada ou momentânea (art.
1349, n.3); da apanha de frutos (art. 1367); a responsabilidade decorrente da revogação do mandato (art. 1172); da
desistência do dono da obra na empreitada (art. 1229), etc. (ibid, pp. 136-137).
14

“Exige-se, pois, que haja um comportamento humano voluntário, controlado pela vontade7”
(JÚNIOR, 2012, p. 292).

Ainda sobre o facto voluntário do lesante:

Como se disse, o facto humano em causa, quando se considera este pressuposto


da responsabilidade civil, há-de ser voluntário, no sentido de ser controlado ou
controlável pela vontade, de ser uma expressão de autodeterminação do agente:
por isso, verdadeiramente – para o efeito da responsabilidade civil – há-de ser um
acto de quem seja capaz de entender e de querer, de quem seja, pois, imputável.
Daí, que o artigo 488, n.1, 1ª parte, sob a epígrafe “inimputabilidade”, determine
que não é responsável quem, no momento em que o facto danoso ocorreu, estava,
por qualquer causa incapacitado de querer e de entender8. (JÚNIOR, 2012, p. 293)

Julgamos não ser necessário alongar muito sobre este pressuposto, até porque, a nosso ver, não
estamos em fórum apropriado para tal. Portanto, a seguir, passaremos a analisar a ilicitude como
outro pressuposto da responsabilidade civil.

2.3.1.2.A Ilicitude

Segundo LEITÃO (2010), a ilicitude é caracterizada como um juizo de desvalor atribuido pela
ordem jurídica. Sendo avaliada, segundo o mesmo autor, através da prossecução de um fim não
permitido pelo Direito (intenção de praticar a lesão no ilícito doloso, ou violação do dever
objectivo de cuidado no ilícito negligente).

No mesmo sentido pronuncia-se JÚNIOR (2012, pp. 294-295):

A ilicitude é um juízo de desvalor sobre a conduta voluntária do agente que se


traduza na inobservância ou desrespeito de um dever jurídico, um juízo de
desvalor que incide sobre o comportamento em si, e não, a nosso ver, sobre o

7
“Assim, se uma rocha desprende de uma montanha e embate numa casa, não há que ajuizar a ilicitude ou culpa da
rocha” : Cfr. SANTOS JÚNIOR, op. cit., p. 292.
8
Assim, por exemplo, se um bebé, que ainda só gatinha, se agarra a uma mesinha e estende a mão sobre uma jarra
Ming, na casa de um amigo de seus pais, que ali estavam de visita, e parte a jarra, certamento que o pressuposto
em causa não se verificou, certamente que o bebé não será responsável. Ibid, p. 293.
15

resultado dele (quer dizer, é desvalor do facto e não do resultado dele que está em
causa no juízo da ilicitude)9.

Da leitura do nᵒ1 do artigo 483 do CC, resulta, inequivocamente, a ideia de que a ilicitude consiste
na violação de um direito subjectivo ou na violação de uma norma legal destinada a proteger
interesses alheios. Portanto, vale a pena examinar estas duas variantes da ilicitude.

Segundo LEITÃO (2010), a ilicitude por violação de direitos subjectivos tem como característica
especial o facto de, ao se exigir uma lesão de um direito subjectivo específico, se limitar a
indemnização à frustração das utilidades proporcionadas por esse direito, não se admitindo nesta
sede a tutela dos danos puramente patrimoniais.

Relativamente aos bens tutelados pela previsão legal da ilicitude por violação de direitos
subjectivos, iremos aflorar duas posições doutrinais, nomeadamente:

A primeira encontramos expressa por LEITÃO (2010), segundo a qual, os direitos que são
abrangidos por esta modalidade da ilicitude, são os direitos sobre bens jurídicos pessoais como a
vida, corpo, saúde e liberdade, também outros direitos absolutos como os direitos reais, os direitos
de propriedade industrial e os direitos de autor.

A outra é expressa por JÚNIOR (2012), segundo a qual, esta modalidade da ilicitude abrange os
direitos reais e os direitos de personalidade, como também abrange os direitos de crédito. Segundo
este mesmo autor, a vinculação desta variante da ilicitude, obriga o terceiro a não interferir no
direito de crédito alheio, quando este dever se concretize na sua efera (v.g. a 2ª nota de rodapé).
Finalmente, o autor vem “anular” a limitação feita, esclarecendo que todos os direitos subjectivos
são abrangidos pela tutela delitual.

Quanto a nós, somos, portanto, obrigados a concordar com esta última posição, uma vez que o nᵒ1
do artigo 483 do CC não faz qualquer especificação dos direitos subjectivos tutelados, se limitando
a estabelecer que « aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem...».

9
V.g. se Abel, sem ser em legítima defesa, atira a matar sobre Bento, mas falha a pontaria e não o atinge, nem por
isso deixa der ser um acto ilícito, ainda que civilmente não seja responsável por não ter causado dano. Ibid, p. 295.
16

No que tange à ilicitude por violação de normas de protecção LEITÃO (2010, p. 305), traz a
seguinte abordagem:

Trata-se de normas que, embora dirigidas à tutela de interesses particulares – quer


exclusivamente, quer conjuntamente com o interesse público – não atribuem aos
titulares desses interesses um verdadeiro direito subjectivo, por não lhes
atribuirem em exclusivo o aproveitamento de um bem. Estarão neste caso certas
disposições do Direito Penal, primário ou secundário, bem como do Direito de
Mera Ordenação Social. Assim, por exemplo, a falsificação de documentos ou
violação das regras do Código de Estrada prejudica as pessoas que confiam na
verdade do documento ou no correcto comportamento dos intervenientes no
tráfego, pelo que, embora não se possa dizer que existem direitos subjectivos com
esse conteúdo, é possível nestes casos exigir indemnização com fundamento na
violação de uma norma destinada à protecção de outrem.

Sobre esta modalidade da ilicitude, a doutrina por nós visitada não diverge, portanto, sem alongar,
iremos prosseguir com o exame dos restantes pressupostos da responsabilidade delitual.

2.3.1.3.A Culpa

“A culpa pode ser definida como o juízo de censura ao agente por ter adoptado a conduta que
adoptou, quando de acordo com o comando legal estaria obrigado a adoptar conduta diferente”
(LEITÃO, 2010, p. 323).

A culpa é um pressuposto da responsabilidade civil que, segundo o nᵒ2 do artigo 483 do CC, só
por excepção em que temos casos de responsabilidade sem culpa (objectiva).

Segundo LEITÃO (2010), o artigo 483 do CC admite duas modalidades de culpa: dolo e
negligência. Sobre a distinção entre dolo e negligência, LEITÃO (2010, p. 325) esclarece:

O dolo, para efeitos de responsabilidade civil corresponde à intenção do agente


de praticar o facto. Já na negligência não se verifica essa intenção, mas o
comportamento do agente não deixa de ser censurável em virtude de ter omitido
a diligência a que estava legalmente obrigado.
17

JÚNIOR (2012) nos tráz uma caracterização mais ampla do dolo, referindo que há dolo quando o
agente actua com intenção de produzir o resultado danoso ou actua aceitando que o resultado
danoso poderá advir de sua conduta.

Quanto a negligência os dois autores são unânimes, entretanto, no que tange ao dolo, preferimos
acolher a caracterização feita pelo último autor.

Analisada, em termos sumários, a culpa, partiremos para o estudo do dano, que de acordo com o
nosso tema, há uma imprescindível a análise deste pressuposto.

2.3.1.4.O Dano

LEITÃO (2010) define o dano em termos naturalísticos e posteriormente em sentido fáctico e


normativo (simultaneamente). Em termos naturalísticos, entende-se por dano a supressão de uma
vantagem de que o sujeito beneficiava. Entretanto, o autor considera que a definição não é
suficiente, uma vez que a supressão de uma vantagem que não seja juridicamente tutelada não gera
direito à indemnização. Neste sentido, o dano deve ser definido simultanemente em sentido fáctico
e normativo como a frustração de uma utilidade que era objecto de tutela jurídica.

2.3.1.5.O Nexo de Causalidade

Para que se possa ter uma compreensão nítida sobre o instituto do nexo de causalidade, necessário
é, que se faça uma breve abordagem sobre as teorias que tentam explicá-lo, nomeadamente, a teoria
da equivalência das condições, teoria da última condição, teoria da condição eficiente, teoria da
causalidade adequada e a teoria do fim da norma violada.

“A teoria da equivalência das condições, igualmente designada como teoria da conditio sine qua
non, considera causa de um evento toda e qualquer condição que tenha concorrido para a sua
produção, em termos tais que a sua não ocorrência implicaria que o evento deixasse de se
verificar”10 (LEITÃO, 2010, p. 359);

10
V.g. Se uma possoa fosse ferida ligeiramente e, logo de seguida se desloca para o hospital para tratamento, vindo
a falecer por causa de um incêndio que deflagrou o hospital, o ferimento seria causa do dano, porque, não fora isso,
a pessoa ferida não teria se deslocado ao hospital, pelo que não foi somente vítima do incêndio (JÚNIOR, p. 349.)
18

“A teoria da última condição, ou da causa próxima, só considera como causa do evento a última
condição que se verificou antes de este ocorrer e que, portanto, o precede directamente” (LEITÃO,
2010, p. 360);

“A teoria da condição eficiente, formulada por BIRKMEYER, pretende que, para descobrir a causa
do dano terá que ser efevtuada uma avaliação quantitativa da eficiência das diversas condições do
processo causal, para averiguar qual a que se apresenta mais relevante em termos causais”
(LEITÃO, 2010, p. 360);

Sobre a teoria da causalidade adequada:

A teoria da causalidade adequada, maioritariamente defendida na doutrina,


consiste na teoria elaborada por VON KRIES. De acordo com esta concepção,
para que exista nexo de causalidade entre o facto e o dano não basta que o facto
tenha sido em concreto causa do dano em termos de conditio sine qua non. É
necessário que, em abstracto, seja também adequado a produzi-lo, segundo o
curso normal das coisas (LEITÃO, 2010, p. 361);

“A teoria do escopo da norma violada defende, pelo contrário, que para o estabelecimento do nexo
de causalidade é apenas necessário averiguar se os danos que resultaram do facto correspondem à
frustração das utilidades que a norma visava conferir ao sujeito através do direito subjectivo ou
norma de protecção” (LEITÃO, 2010, p. 362).

O sistema civil moçambicano, adoptou a teoria da causalidade adequada no artigo 563 do C.C.
com a seguinte redacção: “a obrigação de indemnização só existe em relação aos danos que o
lesado provavelmente não teria sofrido se não fosse a lesão”. Esta norma vem rejeitar as demais
teorias sobre o nexo de causalidade, adoptando a causalidade adequada.
19

CAPÍTULO II

3. DA RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AMBIENTAIS


3.1.Generalidades

Segundo MEZZAROBA (2014, p. 360) “na responsabilidade civil ambiental, que é a que resulta
de danos ambientais, verifica-se a superação dos pressupostos do dever de indemnizar: dano e
nexo de causalidade”.

Diferente da responsabilidade civil tradicional, a responsabilidade civil por danos ambientais


prescinde do pressuposto da culpa, segundo o entendimento que se pode extrair do nᵒ.1 do artigo
26 da Lei do Ambiente11, segundo o qual:

Constituem-se na obrigação de pagar uma indemnização aos lesados todos


aqueles que, independentemente de culpa e da observância dos preceitos legais,
causem danos significativos ao ambiente ou provoquem paralisação temporária
ou definitiva das actividades económicas, como resultado da prática de
actividades especialmente perigosas.

Da leitura da disposição supra, resulta o entendimento inequívoco de que a responsabilidade civil


por danos ambientais é predominantemente objectiva, pelo que, cabe fazer uma análise mais ou
menos sucinta desta modalidade.

3.2.Responsabilidade Objectiva
3.2.1. Fundamento da Imputação

Segundo CANOTILHO (1998, apud SERRA, 2008, p. 558):

A verificação judicial dos pressupostos da clássica responsabilidade civil pode ser


tão difícil que o resultado seria a impunidade de muitas condutas ilícitas e a
irreparabilidade de muitos e graves danos. Porém, a justiça mantém-se hoje, como
há dois mil anos atrás, o objectivo principal do Direito e, por isso, novas formas
de responsabilidade tiveram que ser equacionadas para superar este impasse.

Ainda sobre o fundamento da responsabilidade objectiva, JÚNIOR (2012, p. 354) refere:

A imputação pelo risco pode ocorrer da consideração cumulativa ou não de certas


situações: ou porque o risco foi criado pela pessoa que por ele deva responder

11
Lei nᵒ 20/97 de 1 de Outubro.
20

(concepção do risco criado) ou porque resulta de actividades de que uma pessoa


tira proveito (ou o principal proveito), devendo assim, essa pessoa responder,
segundo o princípio de quem retira vantagens de uma actividade deve suportar
também as desvantagens que dela decorram – ubi commoda ibi incommoda
(concepção do risco proveito) -, ou porque, enfim, é um risco que resulta de
actividades que uma pessoa controla, devendo, por isso, essa pessoa responder
por ele (concepção do risco-autoridade).

Naturalmente, a responsabilidade objectiva vem, como muitos autores defendem, evitar que
ocorram nuitas situações de impunidade e irreparabilidade de danos decorrentes de uma sociadade
de riscos, entretanto, na esfera ambiental, a adopção de um tipo de responsabilidade que apenas
prescinde da culpa e da ilicitude, não está nem perto de resolver a questão. Sobre estas questões,
iremos nos debruçar em frente, porque, aliás, é o assunto que constitui o núcleo do nosso trabalho12.

Ora, como já fazíamos referência, a responsabilidade objectiva tem um número de pressupostos


reduzido, comparativamente à responsabilidade subjectiva, dentre os quais nunca se prescinde do
dano e do nexo de causalidade. Vale a pena examinar estes dois pressupostos, que se revelam
muito complexos na esfera ambiental.

3.3.O Dano

Já tivemos o trabalho de definir o dano no capítulo anterior, tendo o definido como a frustração de
uma utilidade que era objecto de tutela jurídica. Entretanto, agora teremos o trabalho de definir o
dano na perspectiva ambiental.

ARAGÃO (2007, apud FREITAS, 2017, pp. 34-35) afirma:

Os danos ambientais são aqueles que se fazem sentir em bens como a saúde
humana ou o património, tendo como meio ou veículo da lesão algum componente
ambiental (o ar, a água, o solo, etc). Os danos ambientais, rigorosamente, resultam
directa ou indirectamente de atividades humanas que, ao poluir ou causar a
degradação de um componente ambiental, causam prejuízos mensuráveis
(patrimoniais ou não) em vítimas humanas. Os danos ecológicos, por sua vez, são
situações de degradação de um meio receptor (mais uma vez, o ar, a água, o solo,
a biodiversidade, etc) independentemente de esse dano afetar o Homem. Os danos

12
Vale, desde logo, referir que, pela natureza do dano ambiental é, as mais das vezes, difícil de provar o nexo de
causalidade, que é um pressuposto que a responsabilidade objectiva não afasta.
21

ecológicos puros, sem danos ambientais associados são raros, na medida em que
sempre haverá alguns prejuízos humanos, pelo menos indirectos, pelo menos
potenciais, pelo menos futuros, resultantes daquele dano ecológico. Os danos
ecológicos sem danos ambientais (significativos) ocorrem quando os
componentes naturais afetados não estão apropriados individualmente (são res
communes ou omnium), nem são objecto de qualquer aproveitamento económico,
recreativo ou outro. Os danos ecológicos devem ser reparados prioritariamente
através da restauração natural.

Entre nós, nos é trazida a distinção entre dano ao ambiente e dano ecológico, por SERRA (2008,
p. 573), segundo o qual:

Os danos ao ambiente abrangem não somente danos ao ambiente natural propriamente dito, isto é,
a bens ecológicos ou ainda aos componentes ambientais naturais, como tambem os danos
provocados sobre os componentes culturais ou humanos, como é o caso da paisagem e do património
construido. Quanto ao dano ecológico, tende sempre a eleger o objecto material do dano – o
ambiente enquanto conjunto dos recursos bióticos (seres vivos) e abióticos (ar, água, terra) e a sua
interacção – como critério orientador.

Da conceituação feita pelos autores citados, podemos inferir o seguinte:

O dano, na perspectiva ambiental, pode ser conceituado em três modalidades, nomeadamente, o


dano ambiental, o dano ao ambiente e o dano ecológico.

Os primeiros são os que se fazem sentir em bens como a saúde humana e o património, tendo como
veículo da lesão a lesão de um componente ambiental. Os segundos recaem sobre o ambiente
natural e o ambiente cultural. Enfim, os últimos recaem sobre o ambiente ecológico ou natural.

3.3.1. A complexidade do dano

O dano ecológico possui os seguintes elementos: a irreversibilidade das


consequências, o carácter cumulativo e sinergético da poluição, a possibilidade de
manifestação em proximidades vizinhas, são danos colectivos por suas próprias
causas e seus efeitos, difusos em sua manifestação e no estabelecimento do nexo
de causalidade, implicam agressões a um elemento natural e, por rebote ou
ricochete, a interesses individuais (LEITE E AYALA, 2015, apud FREITAS,
2017, p. 38)
22

Os elementos ilustrados por esses autores nos dão uma referência do quão complexo é o dano
ambiental, o que o torna significativamente diferente do dano tradicional13.

Para CARVALHO (2013, apud FREITAS, 2017, p. 39):

os riscos ambientais são inerentes à sociedade de risco ou aos riscos abstratos,


revestidos de características bem específicas, quais sejam: a) transtemporalidade:
a ocorrência do dano gera consequências indeterminadas no tempo, não só quanto
à sua duração, como também no que diz respeito ao momento em que hão de
manifestar-se; b) globalidade: não há determinação do espaço afetado, pois pode
prejudicar desde uma comunidade isolada até todo o planeta; c) invisibilidade:
essa nova modalidade de riscos não pode ser percebida pelos sentidos, sendo sua
existência indicada apenas pela ciência e, mesmo assim, ainda não determinável
sobre sua real natureza. Ilustra bem tais situações o acidente nuclear em
Chernobyl. Vários países foram de alguma forma afetados (globalidade), sendo
que ainda há prejuízos (transtemporalidade) e não se imaginava que o ocorrido se
manifestaria daquela forma (invisibilidade).

A seguir, apresentamos as classificações do dano ambiental que, nos irão ajudar a compreender a
sua verdadeira natureza e complexidade.

Dano transtemporal

“O dano transtemporal é aquele que gera consequências indeterminadas no tempo, não só quanto
à sua duração, como também no que diz respeito ao momento em que hão de manifestar-se”
(CARVALHO, 2013, apud FREITAS, 2017, p. 39).

A título de exemplo, MEZZAROBA, et al, (2014, p. 366) ilustra o seguinte:

O acidente com o návio Exxon Waldez14 em 1989, resultando num derrame de


38000 toneladas de crude, afectando até aos dias de hoje mais de 2000 km de

13
Os mesmos autores propõem ainda uma tentativa de comparação entre o dano tradicional e o dano ambiental.
Entre outras características, o dano tradicional está ligado à pessoa e aos seus bens individuais e, por isso, a sua
lesão atinge a própria pessoa e a sua personalidade, além de constituir dano certo, atual e quase sempre visível. Por
outro lado, o dano ambiental é difuso e muitas vezes reflexo, constituindo uma lesão a um bem de uso coletivo, cuja
apuração é de difícil constatação dada a incerteza, a transtemporalidade e a cumulatividade.
14
Exxon Valdez é um navio petroleiro que ganhou notoriedade em 24 de Março de 1989, quando 40 900 a 120 000
m3 (equivalente a 257 000 a 750 000 barris) de petróleo que transportava foram lançadas ao mar, após uma colisão
23

costa e com um impacto ecológico sem precedentes. Nos cinco anos seguintes o
óleo ter-se-á dissipado a uma taxa de 70% por ano e as operações de limpeza
foram terminadas em 1992, considerando-se que o restante óleo seria dissipado
em pouco tempo. No entanto, a taxa de dissipação decaiu para 4% por ano e hoje
ainda se encontra quantidades consideráveis de óleo na região. E que vinte anos
depois as praias do Alasca ainda têm óleo do Exxon Valdez, caracterizando a
transtemporaneidade do dano.

O exemplo acima, retrata uma situação em que o dano transtemporal provoca consequências
indeterminadas no tempo, ao menos quanto à sua duração. Porém, carecemos de um exemplo de
um dano transtemporal que crie consequências indeterminadas no tempo, no que diz respeito ao
momento em que hão-de manifestar-se.

Segundo MEZZAROBA, et al (2014), outro exemplo de dano transtemporal seria a instalação de


antenas de celulares. Segundo o mesmo autor, a Organização Mundial da Saúde (OMS), alerta que
a convivência próxima às antenas de celulares pode causar glaucomas, cataratas e doenças
cardiovasculares. Este é um exemplo claro da incerteza do momento em que certos danos
ambientais se manifestam.

Dano global

“O dano global, também conhecido como dano transnacional é aquele em que não há determinação
do espaço afetado, pois pode prejudicar desde uma comunidade isolada até todo o planeta”
(CARVALHO, 2013, apud FREITAS, 2017, p. 39).

Sobre o dano global, MEZZAROBA, et al (2014, pp. 368-369), refere ainda que:

As áreas e regiões transfronteiriças, aquelas que superam as simples divisas entre


Estados; pois quando se fala em meio ambiente e, consequentemente, em
possíveis desastres ambientais, se fala em danos que vão além do comumente
conhecido e previsivelmente alcançado: fala-se de gases tóxicos, líquidos
poluentes, que percorrem uma vastidão imensurável em questão de dias, quiçá,
horas, ou seja, atravessam os limites antes “domináveis” e passam para o campo
do incontrolável, muitas vezes atingindo e prejudicando Estados e pessoas que

contra rochas submersas, causando rasgo no fundo do petroleiro. O acidente aconteceu na costa do Alasca, depois
de o navio encalhar na Enseada do Principe Guilherme ( https://pt.m.wikipedi.org/wiki/Exxon_Valdez).
24

nada contribuiram para o facto consumado, o fatídico e irremediável desastre


ecológico.

Um dos exemplos mais referenciados do dano global, seria o acidente nuclear de Chernobyl, que
iremos desenvolver mais adiante.
Dano multicausal
“É o dano que é quase impossível localizar sua origem, devido várias causas ligadas ao dano”
(MEZZAROBA, et al, 2014, p. 370)
O dano multicausal inclui os chamados danos cumulativos, que passamos a exemplificar:
Dois esgotos industriais contendo substâncias químicas diferentes são lançados, sem o devido
tratamento, no mesmo rio. Muito provavelmente, o efeito da descarga dessas duas substâncias
sobre os organismos aquáticos será diferente do resultado de cada uma das substâncias sobre os
mesmos organismos.15

3.4.O Nexo de Causalidade

Outro pressuposto da responsabilidade civil tradicional que também tem sua imprescindibilidade
na responsabilidade civil por danos ambientais, é o nexo de causalidade.

Sobre isto, segundo FREITAS (2017, p. 52) “O nexo de causalidade é um elemento indispensável
para a configuração da responsabilidade civil, seja sob o espectro subjectivo ou objectivo”.

É comum o entendimento segundo o qual, se a responsabilidade civil objectiva prescinde da culpa,


naturalmente prescinde do nexo de causalidade. Entretanto, é um entendimento equívoco segundo
a doutrina dominante.

LEITE (1999, p. 174) defende que:

A teoria da responsabilidade objectiva, prescinde da culpa, mas reclama o Direito,


da obrigação de reparar ou indemnizar o dano ambiental, a prova do nexo de
causalidade entre a acção ou omissão do agente e a lesão propriamente dita,
tratando-se, desta forma, do liame entre os outros dois elementos, isto é, da relação
entre a causa e o efeito.

15
https://tribunadoceara.com.br/blogs/blog-verde/meio-ambiente/impactos-ambientais-cumulativos/
25

Pelo facto de, o nexo de causalidade na responsabilidade civil ambiental não ter um tratamento
específico na nossa ordem jurídica, entende-se, naturalmente, que está sujeito ao tratamento geral,
o qual referenciamos no capítulo anterior.

3.4.1. A Complexidade Causal

Apesar da sua imprescindibilidade como pressuposto da responsabilidade civil, o nexo de


causalidade é de difícil prova pelos motivos que já aludimos no subtítulo da complexidade do
dano.

Nas palavras de MACHADO (2013, p. 411) “quando é somente um único emissor não existe
nenhuma dificuldade jurídica. Quando houver pluralidade de autores do dano ecológico,
estabelecer-se o liame causal pode resultar mais difícil, mas não é tarefa impossível”.

Segundo LEITE (1999, p. 175):

Sinteticamente demonstra-se a extraordinária dificuldade da prova do nexo de


causalidade da lesão ambiental, nas seguintes hipóteses: 1. complexidade de
verificação técnica para poder dar probabilidade lesão. Existem muitas dúvidas
científicas na relação de causalidade entre a exposição à contaminação e ao dano,
e pode ocorrer que a parte responsável tente refutar as provas de causalidade
apresentadas, levantando outras possíveis explicações científicas sobre o dano.
Constata-se que há dificuldades técnicas e periciais para provar inequivocamente
que um determinado dano ambiental provoca determinada lesão, resultado da
carência de conhecimento científico; 2. algumas conseqüências danosas só se
manifestam no transcurso de um longo período de tempo; 3 o dano pode ser
oriundo de emissões indeterminadas e acumuladas; 4. muitas vezes existem
enormes distâncias entre possíveis locais emissores e os efeitos danosos
transfronteiriços.
26

CAPÍTULO III

4. DAS SOLUÇÕES À DIFICULDADE PROBATÓRIA DO NEXO CAUSAL


ENTRE A ACTIVIDADE PERIGOSA E O DANO AMBIENTAL
4.1.Generalidades

No presente capítulo, o nosso foco estará direcionado aos aspectos relacionados à prova do nexo
de causalidade entre a actividade perigosa e o dano ambiental, o que implicará alguma apreciação
de matérias intrínsecamente pertencentes ao Direito Probatório, pelo que, é imprescidível que se
traga alguma abordagem dos aspectos conceptuais sobre a prova.

4.2.Aspectos Gerais Sobre a Prova

“O conceito prova provém do vocábulo latino probatio contendo um significado pluridimensional:


prova, argumento ou razão, da mesma expressão probatio deriva outra latina, probatibus a que se
traduz Probatário, ou então, o que faz a prova” (BARNABÉ, 2014, p. 11).

“A prova é um conjunto de actividades que as partes e o Tribunal realizam para demonstrar a


existência dos factos constitutivos, modificativos ou extintivos de direitos que hão-de buscar a
convicção do Juiz” (BARNABÉ, 2014, p. 11).

BARNABÉ (2014) explica ainda a prova em duas perspectivas: objectiva e subjectiva. Na


objectiva a prova significa os meios de prova e na subjectiva significando a convicção e, ou a
certeza da verdade do facto alegado, produzida pela demonstração. O que significa que na
perspectiva objectiva tem a ver com a actividade das partes, enquanto que na subjectiva com o
tribunal, o destinatário da prova.

Segundo o preceituado no artigo 341 do CC «as provas têm por função a demonstração da realidade
dos factos». O que se pode inferir deste dispositivo legal, é que as provas visam demonstrar a
verdade dos factos. Entretanto, o que se pode entender por verdade?

GASTAL (2006) define a verdade como a relação entre a realidade em si mesma e determinada
representação mental que se faz dela.

A doutrina estabelece ainda uma distinção entre verdade absoluta e relativa. Segundo BARNABÉ
(2014, pp. 68-69) “A verdade absoluta é a verdade incontestável, a verdade matématica como
2+3=5. A relativa é a contestável. É esta verdade que se invoca na nossa temática e não a verdade
27

absoluta, enquanto dogmática. A verdade dogmática não requer prova, tem a ver com o mistério
da fé”.

Neste sentido, o mesmo autor aflora que prova não conduz à certeza objectiva, à certeza absoluta.
A única meta possível é a certeza moral, a presunção da verdade, ou seja a verdade relativa.

GASTAL (2006, p. 53) afirma que “à medida que a razão passa a ser o elemento que informa a
decisão do juiz e se passa a exigir-lhe que empregue essa razão para com ela construir a sua livre
convicção, desaparece por consequência o carácter absoluto da verdade como resultado da prova”.

Deste modo, o que se pode inferir é que a verdade que se pretende provar é uma verdade relativa.

Relativamente a prova do nexo de causalidade na responsabilidade civil por danos ambientais, nos
são apresentadas algumas soluções à sua complexidade, nomeadamente: a inversão do ónus de
prova, a presunção de causalidade e a aplicação da verosimilhança preponderante.

Analisemos sucessivamente estas figuras.

4.3.A inversão do Ónus de Prova

“Etimologicamente, a palavra ónus advém do latim – onus – cujo significado é carga, fardo, peso,
significado que não difere da acepção da palavra na língua portuguesa, em que é sinônimo de
dever, obrigação” (SILVA, 2019, p. 42).

Para aclarar o sentido de ónus jurídico, é importante que se faça uma breve distinção entre ónus,
dever e obrigação.

“Apesar de comumente confundidos, são institutos que possuem características próprias,


distinguindo-os um do outro. O dever é algo imposto pelo legislador, qual a lei prevê uma sanção
em caso de descumprimento” (ABDO, 2007 apud SILVA, 2019, p. 43).

Segundo JÚNIOR (2012) a obrigação se caracteriza por seu um vínculo entre pelo menos duas
pessoas e essas pessoas são o credor e o devedor, querendo isto significar que obrigação é o que
se encontra previsto no artigo 397 do CC.

“Já com relação ao ónus, o indivíduo que não o cumprir sofrerá, em regra, as consequências
negativas do descumprimento, que recairão sobre ele próprio” (SILVA, 2019, p. 43).
28

Assim, PINTO (2005) define ónus jurídico como a necessidade de adopção de um comportamento
para realização de um interesse próprio.

Ora, tendo sido apresentados os conceitos de ónus e de prova, torna-se mais fácil extrair o
significado de ónus de prova.

Deste modo, há que fazer uma distinção entre a distribuição estática e dinámica do ónus de prova:

“Denomina-se, estática a distribuição do ónus da prova, prévia e abstrata, a qual parte do


pressuposto que o encargo da prova de um determinado facto imputa àquela parte que teoricamente
beneficiará com o facto alegado, impedindo que circunstâncias específicas em um caso concreto
sejam consideradas, obstando uma distribuição coerente” (SILVA, 2019, p. 47).

“A teoria da distribuição dinámica do ónus da prova ou teoria da carga dinâmica, foi idealizada
pelo jusfilósofo inglês Bentham, que já sinalizava que a obrigação de provar cabia a quem tivesse
melhores condições de satisfazê-la (entendido este, como aquele que está em vantagem técnica e
profissional), com menos inconvenientes” (SILVA, 2019, p. 59).

Portanto, da leitura do artigo 342 do CC, é irrefutável o entendimento segundo o qual a nossa
ordem jurídica incorporou o sistema estático de distribuição do ónus probatório.

Entretanto, a prova do nexo de causalidade entre a actividade perigosa e o dano ambiental, se


traduz numa verdadeira prova diabólica.

Conforme SILVA (2019) a prova diabólica reporta-se a um facto difícil ou impossível de provar.

A prova do nexo causal é, as mais das vezes, uma prova unilateralmente diabólica, uma vez que o
autor é que tem mais dificuldades para provar os factos constitutivos do seu direito, segundo o que
aflora FREITAS (2017, p. 72):

De acordo com as regras processuais vigentes, incumbe ao autor o ónus de


comprovar a existência dos fatos constitutivos do seu direito. No entanto,
considerando o actual contexto da sociedade de risco e a proliferação das
situações de incerteza, essa comprovação é extremamente difícil e, quando
possível, apresenta natureza extremamente técnica e custos elevadíssimos. Além
disso, esta circunstância é agravada quando se constata a desigualdade técnica
e/ou económica entre o autor ou autores e as vítimas do dano ambiental.
Consequentemente, a comprovação do nexo causal entre a lesão ao meio ambiente
29

e a conduta do agente poluidor, não raro, converte-se numa verdadeira prova


diabólica.

Sobre a prova unilateralmente diabólica, BESSA;LEITE (2016, apud SILVA, 2019, p. 67) referem
que “o facto é impossível ou extremamente difícil de ser comprovado por uma das partes, mas
viável para outra. Nesse caso, cabe ao juiz distribuir dinamicamente esse ónus, para que o facto
seja comprovado por aquela parte que tem melhores condições de fazê-lo.”

No entanto, a inversão do ónus de prova nos moldes acima, somente seria possível se o nosso
legislador tivesse incorporado o modelo da distribuição dinámica do ónus de prova, sendo que o
mesmo incorporou o modelo de distribuição estática do ónus de prova.

4.4.A Presunção Legal de Causalidade

Por uma questão metodológica, é importante partirmos do conceito de presunção para que esta
temática seja inteligível ao leitor.

“A presunção consiste no resultado de uma dedução lógica, que tem como ponto de partida um
facto conhecido e pretende demonstrar a realidade desse ou de outro facto” (ANDRADE, 2016, p.
14). Este conceito tem guarida legal no artigo 349 do CC, que nos traz um conceito com um alcance
convergente, ao apresentar a seguinte redacção: «Presunções são as ilações que a lei ou o julgador
tira de um facto conhecido para firmar um facto desconhecido».

No seio das presunções, temos as presunções legais ou de direito e as presunções judiciais ou de


facto.

“As presunções legais são aquelas que se encontram previstas e decorrem da própria lei. Neste tipo
de presunções, a verificação de um facto, vem provar outro facto, devido a relação existente entre
ambos os factos, vinculando o princípio da livre apreciação da prova.” (ANDRADE, 2016, p.15).

As presunções hominis (judiciais, naturais ou de facto) consistem naquelas que


tem como base e fundamento as máximas da experiência, ou seja através de todo
o conhecimento adquirido através da observação dos factos, da observação e
conhecimento do decurso das coisas ou como naturalmente acontecem; do
conhecimento do homem médio e da sociedade em que se insere. É um meio a
que o juiz recorre para apreciar os factos que não são objecto de prova directa ou
30

cuja presunção não se encontra legalmente prevista, de forma a formular a sua


convicção. (ANDRADE, 2016, p. 16).

Entretanto, nesta divisão, o que nos interessa são as presunções legais, pelo que, somente estas
serão aprofundadas, deixando o desenvolvimento das presunções judicias para o momento em que
iremos analisar a teoria da verosimilhança preponderante.

As presunções legais têm suas subclassificações: as presunções iuris tantum e as presunções iuris
et de iure.

“A presunção iuris tantum verifica-se nos casos em que a lei admite prova em contrário, que tem
a capacidade de descredibilizar e arruinar a presunção. Por isso é que são consideradas facilmente
refutáveis e relativas.” (ANDRADE, 2016, p. 15).

“Quanto a presunção iuris et de iure, esta verifica-se nos casos em que a presunção é considerada
absoluta e irrefutável, ou seja, que a sua validade não pode ser questionada e em que nem é admita
prova em contrário.” (ANDRADE, 2016, p. 16).

Da leitura do nᵒ2 do artigo 350 do CC extrai-se o entendimento segundo o qual as presunções


legais são, por via da regra, iuris tantum e as presunções iuris et de iure são uma excepção, sendo
admitidas nos casos expressamente previstos na lei.

Relativamente a presunção legal de causalidade, esta é uma figura atípica no nosso ordenamento
jurídico, apenas servindo de referência o ordenamento jurídico alemão, através da Lei Federal de
Responsabilidade Civil Ambiental (Umwelthaftungsgesetz, de 10.12.1990).

“O §6 traz a presunção de causalidade, estabelecendo que se as circunstâncias da actividade são


susceptíveis de causar o dano e ele ocorreu, presume-se que foi causado pela planta (a norma alemã
denomina de planta o conjunto das instalações industriais)” (CORREIO, 2015, p. 54). Eis a
redacção:

§ 6 presunção de causalidade

(1) Se, dependendo das circunstâncias do caso individual, uma planta for capaz de causar o dano,
presume-se que o dano foi causado por esta planta. A adequação no caso individual é julgada de
acordo com a sequência operacional, as circunstãncias metorológicas, a hora e local da ocorrência
31

do dano e o padrão de dano, bem como todas as outras circunstâncias que falam a favor ou contra
a causa do dano no caso individual.16

(2) O parágrafo (1) não é aplicável se o equipamento foi operado como pretendido. Uma operação
conforme o previsto é aquela em que os requisitos operacionais especiais foram cumpridos e não
existiram falhas no funcionamento.17

(3)Os requisitos operacionais especiais são aqueles que resultam das autorizações administrativas,
de disposições particulares, de ordens executórias e de normas, as quais tenham por fim impedir
impactos sobre o meio ambiente, que são os mesmos que causaram o dano.18

(4) Se a autorização, as disposições particulares, as ordens executórias ou as normas preveem


controles para a fiscalização de uma obrigação particular, há presunção do respeito da obrigação
quando19:

1. os controles tenham sido executados no período durante o qual o impacto sobre o meio ambiente
apareceu e esses controles não tenham indicado violação da obrigação ou20

2. o momento do exercício do direito à indemnização ocorra dez anos depois da realização do


impacto21.”

Sobre esta disposição, MACHADO (2013, pp. 413-414) aflora o seguinte:

16
Do alemão: Ist eine Anlage nach den Gegebenheiten des Einzelfalles geeignet, den entstandenen Schaden zu
verursachen, so wird vermutet, daß der Schaden durch diese Anlage verursacht ist. Die Eignung im Einzelfall beurteilt
sich nach dem Betriebsablauf, den verwendeten Einrichtungen, der Art und Konzentration der eingesetzten und
freigesetzten Stoffe, den meteorologischen Gegebenheiten, nach Zeit und Ort des Schadenseintritts und nach dem
Schadensbild sowie allen sonstigen Gegebenheiten, die im Einzelfall für oder gegen die Schadensverursachung
sprechen.
17
Absatz 1 findet keine Anwendung, wenn die Anlage bestimmungsgemäß betrieben wurde. Ein
bestimmungsgemäßer Betrieb liegt vor, wenn die besonderen Betriebspflichten eingehalten worden sind und auch
keine Störung des Betriebs vorliegt.
18
Besondere Betriebspflichten sind solche, die sich aus verwaltungsrechtlichen Zulassungen, Auflagen und
vollziehbaren Anordnungen und Rechtsvorschriften ergeben, soweit sie die Verhinderung von solchen
Umwelteinwirkungen bezwecken, die für die Verursachung des Schadens in Betracht kommen.
19
Sind in der Zulassung, in Auflagen, in vollziehbaren Anordnungen oder in Rechtsvorschriften zur Überwachung
einer besonderen Betriebspflicht Kontrollen vorgeschrieben, so wird die Einhaltung dieser Betriebspflicht vermutet,
wenn
20
die Kontrollen in dem Zeitraum durchgeführt wurden, in dem die in Frage stehende Umwelteinwirkung von der
Anlage ausgegangen sein kann, und diese Kontrollen keinen Anhalt für die Verletzung der Betriebspflicht ergeben
haben, oder
21
im Zeitpunkt der Geltendmachung des Schadensersatzanspruchs die in Frage stehende Umwelteinwirkung länger
als zehn Jahre zurückliegt.
32

O parágrafo (1) do art. 6 da lei alemã tem duas frases. A primeira frase diz "se
uma instalação é apta para causar o dano surgido nas circunstâncias de um caso
concreto, há presunção de que o dano é causado pela instalação”. A lei insere uma
noção de “instalação apta a causar dano”. Essa aptidão pode ser antes do
cometimento do dano e no momento da ocorrência do dano. Na segunda frase são
dadas diretrizes para constatar-se a aptidão para produzir dano. Voltando-se para
a primeira frase, devemos repisar a noção de que, havendo aptidão de uma
instalação para causar dano, e este acontecendo, há presunção de que o dano foi
causado por essa instalação. A vítima deverá apontar os elementos da aptidão para
causar dano, isto é, “regulamento da instalação, quais as instalações utilizadas,
qualidade e quantidade de substâncias químicas utilizadas e emitidas; hora e lugar
do evento danoso, o dano no seu conjunto etc.". Importa, contudo, anotar que a
lei alemã dispensou, para a presunção de autoria ou presunção de
responsabilidade, que fosse estabelecido o liame de causalidade entre os actos
praticados pela instalação e o dano. Essa “presunção de causalidade” - usando a
expressão de Breitenstcin - não é gratuita, pois “a vítima deve provar as
circunstâncias justificando a presunção”.

Segundo o mesmo autor “as provas da vítima são as circunstâncias enumeradas no § 1“ do art. 6,
pois as provas do cumprimento das obrigações particulares do § 3 e as situações do § 4 são provas
que incumbem ao empreendedor”.

MACHADO (2013, p. 414) refere ainda que:

Para a formação dessas provas, a lei alemã deu à vítima o direito de informação
contido no art. 8, § l. O empreendedor deverá informar sobre o equipamento
utilizado, a qualidade e quantidade de substância utilizadas e emitidas e sobre
outros impactos provocados pela instalação, assim como sobre as obrigações
particulares do art. 6, § 3. Se a informação for incompleta, incorrecta, insuficiente
ou se não for transmitida em um prazo razoável, a pessoa lesada pode exigir o
exame dos documenta do empreendedor (art. 8, § 3).

Segundo FREITAS (2017) é na previsão da presunção de causalidade que se encontra o mérito da


lei alemã.
33

“Entretanto, a presunção de causalidade pode ser inviabilizada para os danos à distância, que se
manifestam em locais afastados do foco de emissão, retirando toda a eficácia da presunção legal
estabelecida” (CATALÁ, 1998, apud FREITAS, 2017, p. 32). É uma afirmação com sentido, na
medida em que, a 2ª parte do parágrafo 1 do artigo 6 da lei alemã em estudo considera a hora e o
local da ocorrência do dano na averiguação da aptidão da instalação para produzir o dano.

OLIVEIRA (2007 apud FREITAS, 2017, p. 32) considera que (por conta da exigência da prova
da aptidão da instalação para produzir o dano) “o nível de dificuldade probatório da aptidão
concreta da actividade para causar o dano é o mesmo da prova concreta da causalidade, o que
enfraquece a utilidade do instituto, atribuindo-lhe uma eficácia semelhante àquela apresentada pelo
direito probatório comum”. Contudo, é difícil concordar com o posicionamento deste ilustre autor,
uma vez que o artigo 8 prevê o direito à informação a favor da vítima, atenuando os efeitos da
exigência probatória da aptidão da instalação para produzir o dano.

Os parágrafos (2) e (3) do art. 6 nos trazem uma indicação clara de que a presunção legal patente
na lei alemã é uma presunção iuris tantum porque a mesma é passível de prova em contrário, que
sequer precisa de incidir sobre a inexistência do nexo do causalidade, bastando a prova da
inexistência dos factos que servem de base à presunção (a inobservância de requisitos operacionais
especiais).

Apesar de todos os deméritos da presunção legal de causalidade incorporada pelo sistema alemão,
importa dar mérito ao facto de que é, até então, o ordenamento jurídico que mais se aproxima da
solução a este problema global.

No entanto, por se tratar de uma presunção legal feita por lei estrangeira, não nos poderá ser mais
do que uma “lei exemplar”, não podendo servir de base ao julgador nacional na solução do litígio
in concreto.

4.5.A Verosimilhança Preponderante

“A verosimilhança é a constatação de que determinada alegação corresponde a um juízo prévio e


genérico a respeito de certo de facto ou situação” (GASTAL, 2006, p. 76).

Entretanto, para sanar eventuais equívocos, é necessário aclarar a diferença entre probabilidade,
certeza e verosimilhança:
34

“A probabilidade atribui a um determinado acontecimento a qualidade deste provavelmente


acontecer; de uma determinada situação poder ocorrer; ou de estarmos perante certas
circunstâncias ou serem apresentados um conjunto de motivos que tornam algo plausível de
suceder” (ANDRADE, 2016, p. 58).

Segundo RODRIGUES (2011, apud ANDRADE, 2016, p. 58) “a probabilidade encontra-se


assente na prova que for produzida em juízo, visto que a prova resulta da procura da veracidade
da existência do acontecimento que motivou o processo, assentado isso, muitas vezes, na
probabilidade adjacente ao facto”.

Quanto à certeza, SOUSA (2013 apud ANDRADE, 2016, p. 60) a define como um “estado
subjectivo (ou muito elevado) de intensidade do convencimento do sujeito quanto à veracidade de
um enunciado”.

Já que é a verosimilhança que nos importa abordar, distinguimos a verosimilhança da certeza e


probabilidade. Segundo afirma GASTAL (2007) a certeza e probabilidade dizem respeito a
existência de elementos concretos, recolhidos do conjunto probatório, que constroem um juízo
racional sobre a atendibilidade de determinada afirmação. Ao passo que a verosimilhança é um
conceito de aquisição anterior à produção da prova (ao invés de pesquisa histórica sobre a verdade,
emprega-se um parámetro genérico e pré-adquirido).

Quando se trata de verosimilhança, não se pode descartar o conceito de máxima de experiência:


“As máximas da experiência consistem em regras retiradas de diversos casos considerados
semelhantes, em que ocorre uma expressão daquilo que sucede na grande maioria dos casos”
(ANDRADE, 2016, p. 24). “Basicamente, são juízos originários da experiência e da observação
de tudo o que ocorre normalmente” (ANDRADE, 2016, p. 25).

Como refere GASTAL (2007), a máxima de experiência é o conceito que perimite forjar a noção
de verosimilhança, e, ao mesmo tempo, é um instrumento que fará possível controlar a aplicação
jurisdicional do juízo de verosimilhança.

Há que fazer uma breve distinção entre as máximas de experiência comum, técnica e axiológica:

As máximas da experiência consideram-se comuns quando incidem sobre aspetos


do quotidiano de uma sociedade, que fazem parte da cultura do homem médio e
que chegam a ser considerados parte integrante do património da sociedade. As
35

máximas da experiência de natureza técnica são conhecimentos científicos que se


inserem no conhecimento comum e de uma colectividade, encontrando-se ao
alcance de qualquer pessoa, independentemente de ser um conhecimento
profundo ou um conhecimento mais superficial. Enquanto as máximas da
experiência comuns e as máximas da experiência técnicas são conhecimentos, as
máximas da experiencia axiológica são juízos de valor, que são criados em
harmonia com os valores da sociedade, encontrando-se inseridos no património
da colectividade. (ANDRADE, 2016, pp. 27-29).

Baseando-se nos preceitos da Convenção de Lugano, LEITE (1999, p. 179) defende a aplicação
do juízo de verosimilhança na determinação do nexo de causalidade nas demandas ambientais:

A Convenção de Lugano e a maioria da doutrina com acerto têm entendido que


há necessidade de facilitar a carga probatória do nexo de causalidade daqueles que
demandam a reparação do dano ambiental individual ou colectivo. Neste sentido,
o art. 10 da Convenção de Lugano, já salientado, exorta ao juiz, no exame do nexo
de causalidade, levar em conta “o risco acrescido de causar danos inerentes às
actividades perigosas ”. Trata-se, de facto, da aplicação da verosimilhança, pois a
Convenção de Lugano incita o juiz a mostrar-se menos exigente em matéria de
causalidade de actividades de risco. Pelo que se depreende da hipótese, o juiz deve
se contentar com as probabilidades e não trabalhar com as certezas que só
excepcionalmente aparecem nos danos ambientais22.

Todavia, eis a questão que se coloca: Com que fundamento o julgador irá recorrer a um juízo de
verosimilhança?

Um ponto de vista interessante provém de GASTAL (2007, p. 140), segundo o qual “a norma
probatória tem um fim imediato e auxiliar, que é o de estabelecer o critério para a constatação de
um facto, e o outro mediato e principal, que é o de com isso permitir que se realize o direito material
subjacente nas pretensões em conflito”. Segundo o mesmo autor, quando se interpreta e se aplica
uma norma de processo, não é possível perder de vista os propósitos do direito material que nele

22
“Nos processos relativos ao ambiente, o queixoso poderá ter mais dificuldade do que o arguido em provar factos
respeitantes à ligação causal (ou à sua ausência) entre uma actividade realizada pelo arguido e os danos ocasionados.
Por isso, vários regimes de responsabilidade ambiental nacionais contêm disposições destinadas a aliviar o ónus da
prova em relação à culpa ou à causalidade a favor do queixoso”. COMISSÃO EUROPEIA, Livro Branco Sobre
Responsabilidade Ambiental, p. 20.
36

se examina e, nas situações em que a sua finalidade prioritária vir-se frustrada pela aplicação
rigorosa do módulo de prova normal, haver-se-á de reduzi-lo.

Não obstante a dissertação acima, há que fazer um retorno às já referenciadas presunções judiciais.

ANDRADE (2016) aflora que as presunções judiciais têm por base as máximas de experiência e
o senso comum do julgador.

Novamente ANDRADE (2016) afirma que a verosimilhança prende-se com a normalidade dos
factos, sendo uma figura íntima das máximas de experiência. Assim, uma presunção feita com
base nas máximas de experiência é feita com recurso a um juizo de verosimilhança (com base no
que é verosímil).

As presunções judiciais têm acolhimento legal no artigo 351 do CC, não podendo ser admitida nos
casos em que não é admitida a prova testemunhal e não nos parece que seja o caso da prova do
nexo de causalidade em matéria ambiental (fazendo uma interpretação por exclusão de partes do
artigo 394 do CC).

“Quando o material probatório existente num processo não é suficiente, e o juiz recorre às
presunções e máximas da experiência como o seu instrumento de equidade, pois só assim consegue
fazer justiça, tomando uma decisão relativa ao caso em apreço” (ANDRADE, 2016, p. 68).

Tudo indica que o juízo de verosimilhança é o mais adequado para a superação da complexidade
causal ambiental, pois, é o único que encontra uma guarida legal, uma vez que o mesmo será
expresso através das presunções judiciais. Assim, o ónus de prova ficará a cargo do demandado
(GASTAL, 2007). A inversão do ónus de prova será feita com base numa aplicação analógica do
artigo 350 do CC.
37

5. CONCLUSÃO

Aquando da realização da presente pesquisa, os primeiros aspectos descortinados foram os


relativos à complexidade do dano ambiental, que se deve às suas características da globalidade,
transtemporalidade, invisibilidade e cumulatividade ou multicausalidade. O dano ambiental é
global devido aos seus efeitos transfronteiriços; é transtemporal porque produz efeitos
indeterminados no tempo (seja pela sua duração, seja pelo início da manifestação dos efeitos); é
invisível na medida em que, as mais das vezes, o dano não é mensurável pelos sentidos; finalmente,
é cumulativo ou multicausal porque um dano no seu todo pode ser ocasionado por uma série de
lesões.

Sendo que um dos nossos objectivos era compreender a relevância do nexo de causalidade na
responsabilidade civil por danos ambientais, ficou claro que, como pressuposto da
responsabilidade civil, o mesmo é imprescindível mesmo na responsabilidade por danos
ambientais que é puramente objectiva, ou seja, prescinde da culpa e da ilicitude, entretanto, não
prescinde do dano e do nexo de causalidade. Desta forma, constatou-se que a vexata quaestio tem
uma enorme relevância porque incidiu sobre a difícil prova de um pressuposto imprescindível da
responsabilidade civil por danos ambientais (nexo de causalidade).

Desta forma, por conta das características complexas do dano ambiental, o nexo de causalidade
torna-se complexo, na medida em que a prova da sua existência revela-se “diabólica”. Daí que
desenvolvemos um esforço enorme na busca de bases doutrinais que nos apresentassem soluções
adequadas à esta questão controvertida. Entretanto, a grande dificuldade que nos afrontou, foi o
facto de que trata-se de uma questão quase esquecida pela doutrina nacional. Felizmente, não se
trata de um problema de índole nacional mas sim global, pelo que, a doutrina estrangeira teve um
papel crucial na prossecução do nosso grande objectivo de discutir as propostas de solução a esta
problemática.

Durante o estudo, foram levantadas as seguintes hipóteses: a inversão do ónus de prova, a


incorporação de uma presunção legal de causalidade e a aplicação da teoria da verosimilhança
preponderante.

Contudo, apesar de ser aliciante a possibilidade de se inverter o ónus de prova nas demandas
ambientais para que o réu (praticante ou beneficiário da actividade perigosa) fique com o encargo
38

de provar que a sua actividade não tem nenhum nexo causal com a lesão, uma vez que, este dispõe
de melhores meios técnicos para realizar qualquer diligência probatória, é uma solução sem
acolhimento legal na nossa ordem jurídica na medida em que, através do art. 342 do CC, a nossa
lei incorporou o modelo de distribuição estática do ónus de prova que se contrapõe ao modelo de
distribuição dinámica do ónus de prova por não permitir que o ónus de prova seja invertido contra
a parte que esteja em melhores condições de provar o facto.

No que diz respeito à incorporação de uma presunção legal de causalidade, constatamos que, do
nosso lado é uma realidade um pouco distante de se alcançar porque implicaria, pelo menos, uma
reforma legislativa e, quanto a isso, os operadores de Direito nada podem fazer a não ser
intensificar a elaboração de trabalhos científicos em volta desta temática para, desta forma,
influenciar o legislador a tomar uma iniciativa a respeito. Ademais, por mais que a legislação alemã
seja exemplar quanto a adopção deste instituto, uma imitação ipsi verbis por parte do legislador
moçambicano pode não corresponder à realidade social, política e económica do nosso país.

Finalmente, fizemos um estudo da teoria da verosimilhança preponderante. A verosimilhança


corresponde a uma constatação de que determinada alegação corresponde a um juízo prévio e
genérico sobre determinados factos ou situações. Neste sentido, a verosimilhança está intimamente
ligada às máximas de experiência, que por sua vez, são regras derivadas da ocorrência reiterada e
genericamente conhecida de determinado facto, ou seja, da normalidade de um facto. Assim, um
facto é verosímil se a sua ocorrência for considerada normal e inverosímil se a sua ocorrência for
anormal.

Ora, a verificação do nexo de causalidade entre a actividade perigosa e o dano ambiental é


verosímil, do contrário, o legislador não qualificaria tais actividades como perigosas. Apesar de se
basear em máximas de experiência técnica, por estar inserido num ramo científico específico, não
deixa de ser verosímil por ser do conhecimento de todo o homem médio que determinadas
actividades produzem danos significativos ao ambiente.

Na tentativa de encontrar um enquadramento do juízo de verosimilhança no O.J.M., além de


encontrar o factor teleológico, segundo o qual a norma probatória tem como objectivo mediato e
principal a realização do fim pretendido pelo direito material suscitado pela questão controvertida
e que por este motivo o tribunal deverá encontrar um critério especial quando o comum não sirva
para alcançar tal objectivo principal, nos refugiamos nas presunções judiciais que, ou se baseiam
39

no senso comum ou nas máximas de experiência. Como já tivemos oportunidade de estudar, a


verosimilhança é um conceito íntimo às máximas de experiência, pelo que, todo o juízo formulado
com base nas máximas de experiência é um juízo de verosimilhança. Portanto, toda a presunção
judicial que se baseie nas máximas de experiência é um juízo de verosimilhança. Assim, a
verosimilhança preponderante tem acolhimento no Direito moçambicano, através do instituto da
presunção judicial, previsto no art. 351 do CC.

Portanto, em todas as demandas de responsabilização civil por danos ambientais em que seja
impossível ou difícil fazer a prova do nexo de causalidade, o julgador deve decidir a favor do
demandante através de uma presunção judicial fundada nas máximas de experiência, invertendo-
se, consequentemente, o ónus de prova contra o demandado (não porque o demandado esteja em
melhores condições de provar o facto, mas sim porque a presunção judicial é passível de prova em
contrário).

Desta forma, acreditamos que conseguimos alcançar todos os objectivos do trabalho, inclusive, o
de analisar o enquadramento das soluções à esta problemática no O.J.M..
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Bibliografia

Doutrina

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Lei nᵒ 20/97 de 1 de Outubro, que aprova a Lei do Ambiente.

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