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MECÂNICA DOS SOLOS SATURADOS

E NÃO SATURADOS
UNIDADE IV
TÓPICOS COMPLEMENTARES
SOBRE MECÂNICA DOS SOLOS
Elaboração
Daniela Toro Rojas

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO

UNIDADE IV
TÓPICOS COMPLEMENTARES SOBRE MECÂNICA DOS SOLOS........................................................................................... 5

CAPÍTULO 1
COMPORTAMENTO DE SOLOS ESPECÍFICOS..................................................................................................................... 6

CAPÍTULO 2
CONCEITOS GERAIS NA MECÂNICA DOS SOLOS NÃO SATURADOS..................................................................... 11

CAPÍTULO 3
CURVA DE RETENÇÃO DO SOLO NÃO SATURADO....................................................................................................... 16

REFERÊNCIAS................................................................................................................................................22
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TÓPICOS
COMPLEMENTARES SOBRE UNIDADE IV
MECÂNICA DOS SOLOS

Em capítulos anteriores foram apresentados os conceitos principais para a mecânica de


solos clássica. No entanto, o comportamento de muitos solos não pode ser generalizado
e deve ser estudado por outros modelos e teorias mais específicos e que os representem
melhor. Esse é o caso, por exemplo, dos solos cimentados, dos solos compactados, dos
solos tropicais, dos solos residuais e especialmente dos solos não saturados.

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Capítulo 1
COMPORTAMENTO DE SOLOS ESPECÍFICOS

1.1. Solos cimentados


Este tipo de solo possui substâncias cimentantes nos contatos entre as partículas, pelo
que os deslocamentos são inicialmente resistidos por essas ligações aglomerantes que
são parecidas ao efeito da cola. Justamente esta característica explica o conceito de
coesão natural, antes exposto.

Embora esse tipo de cimentação esteja presente em todos os solos, a diferença é o grau
de ligação que as partículas podem apresentar. Assim, em solos sedimentares saturados
esta característica pode não ser perceptível, e, pelo contrário, em algumas argilas de São
Paulo pode ser mais evidente.

Em ensaios de compressão o efeito da cimentação é observado quando na curva e  log'


se apresenta uma alteração importante pela diminuição do índice de vazios num certo
nível de tensão, denominado atualmente tensão de cedência, que, em outras palavras,
é o valor onde é atingida a ruptura das ligações.

1.2. Solos residuais


Estes solos possuem a anisotropia e a heterogeneidade da rocha-mãe que, em termos
práticos, dificulta a determinação de suas caraterísticas em ensaios clássicos de laboratório,
pois as amostras podem não ser representativas ou podem apresentar características
diferentes. Porém, foi demonstrado em alguns estudos que massas desse solo podem ser
encontradas em pequenas ou grandes distâncias e, portanto, são associados parâmetros
médios de comportamento.

1.3. Solos colapsíveis


Os solos colapsíveis são conhecidos por apresentar uma rápida compressão quando
aumenta a umidade no solo sem variação na tensão total a que estejam submetidos.

Na Figura 49 é apresentado um exemplo de um ensaio edométrico num solo colapsível.


Observa-se que quando umedecido no meio do ensaio, o índice de vazios se reduz
drasticamente, apresentando uma compressão imediata sem variação de tensão.

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Figura 49. Compressão edométrica em solos colapsíveis.

Fonte: Pinto, 2006.

O colapso é devido à desaparição dos meniscos capilares que são responsáveis de uma
tensão de sucção que será explicado no seguinte capítulo. Também o colapso pode ser
a resposta do rompimento do cimento entre as partículas como explicado nos solos
cimentados.

1.4. Solos expansivos


O caso dos solos expansivos é exatamente o contrário dos solos colapsíveis. Os solos
se expandem produto da entrada de água nos vazios e nas estruturas mineralógicas de
partículas argilosas ou pela liberação de pressões de sucção a que o solo estava submetido
por ação de uma compactação anterior ou pelo efeito de ressecamento.

Na prática, existe uma tensão de expansão na qual o solo para de ser expansivo e
começa a apresentar contração. Ela é possível de determinar em ensaios de compressão
edométrica, ensaiando corpos de prova inundados com pressões diferentes.

1.5. Solos compactados


A compactação é a densificação do solo por meio da remoção do ar, o que precisa de
aplicação de energia mecânica. Nesses casos, o grau de compactação é medido com base
no peso específico seco. No processo, a água é adicionada para atuar como um agente
amolecedor nas partículas do solo, permitindo o deslizamento de umas sobre outras
para assim se posicionarem numa formação compacta de alta densidade.

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O efeito da estrutura nesses solos é evidenciado com as mudanças de permeabilidade,


compressibilidade, deformabilidade e resistência.

A permeabilidade diminui, por exemplo, quando o solo for mais compacto devido à
redução do índice de vazios. Igualmente, diminui com o aumento do teor de umidade
devido à estrutura dispersa do solo quando úmido (Figura 50).

A compressibilidade por outra parte diminui com a compactação devido à estrutura do


solo e a própria tensão de sucção pela baixa saturação (Figura 51).

Já a deformabilidade do solo aumenta com o aumento de teor de umidade de compactação


e diminui continuamente com a densidade quando a umidade é inferior à ótima ou está
um pouco acima dela. Nesse caso, é importante mencionar que quando a umidade é
muito alta o excesso de compactação produz maior deformabilidade devido à geração
de uma estrutura mais dispersa do solo (Figura 52).

Figura 50. Mudança de permeabilidade com a densidade de compactação e a umidade.

Fonte: Pinto, 2006.

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Figura 51. Mudança de compressibilidade com a densidade de compactação e a umidade.

Fonte: Pinto, 2006.

Figura 52. Mudança da deformabilidade com a densidade de compactação e a umidade.

Fonte: Pinto, 2006.

A resistência não drenada correspondente ao solo compactado imediatamente após a sua


construção depende essencialmente da umidade de moldagem e, secundariamente, da

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densidade de compactação, devido ao desenvolvimento das pressões neutras e à saída do


ar. Após o adensamento, a resistência aumenta com a compactação como apresentado
na Figura 53.

Figura 53. Mudança da resistencia após o adensamento com a densidade de compactação e a


umidade.

Fonte: Pinto, 2006.

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Capítulo 2
CONCEITOS GERAIS NA MECÂNICA DOS
SOLOS NÃO SATURADOS

Nas unidades anteriores foram apresentadas noções e conceitos básicos da mecânica


de solos clássica baseada em observações de solos sedimentares saturados. Porém, na
natureza, muitas vezes é encontrado o solo em estado não saturado e, portanto, existem
diversas obras de engenharia executadas sobre eles, como aterros, barragens e taludes.

Neste capítulo é apresentada uma introdução à mecânica de solos não saturados que,
nas últimas décadas, tem sido aceita como uma ciência muito importante na engenharia
geotécnica. Os conceitos apresentados consideram o desenvolvimento teórico do professor
D.G. Fredlund, cujo trabalho é um dos mais importantes da área.

2.1. Fases dos solos não saturados


Embora o solo seja definido como um sistema trifásico, na mecânica de solos saturados o
solo passa a ser um sistema bifásico constituído por um líquido e por partículas sólidas.
Nos solos não saturados essa consideração não permite analisar o comportamento
geomecânico do solo nem adotar os parâmetros geotécnicos convencionais, já que se deve
introduzir a terceira fase do solo, o ar. Fredlund e Morgenstern (1977) afirmaram que é
necessário também considerar uma quarta fase conhecida como película contráctil
que faz alusão à interface água-ar (Figura 54).

Figura 54. Fases nos solos não saturados.

Fonte: Adaptado de Fredlund e Morgenstern (1977).

Essa película contráctil exerce uma tração nos materiais contíguos conhecida como
tensão superficial, que devido a sua ação, faz a quarta fase se comportar como uma
membrana elástica.

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Quando a fase gasosa é contínua, a membrana interage com as partículas e modifica


totalmente a resposta mecânica do material. Já quando o solo apresenta bolhas de ar, o
meio não pode ser mais considerado contínuo, porém, o solo não saturado passa a ser
analisado como um sistema bifásico se assumido que um fluido compressível preenche
os poros.

No solo não saturado considera-se que duas fases entram em equilíbrio e outras duas
fluem quando aplicado um gradiente de tensão, isto é, a película contráctil com as
partículas sólidas e a água com o ar, respectivamente.

Na prática, a película contráctil ocupa um volume muito pequeno e sua massa pode
ser parte da massa da água, considerando o solo novamente como um sistema trifásico
(Figura 55). No entanto, na análise do estado de tensão deve-se avaliar a influência das
quatro fases separadamente.

Figura 55. Fases nos solos não saturados.

Fonte: Adaptado Fredlund e Rahardjo (1993 apud BURGOS e CONCIANI, 2015).

2.2. Variáveis de estado


O comportamento dos solos não saturados é uma resposta ao estado de tensão no
solo ou as suas mudanças e, portanto, esse estado de tensão pode ser utilizado como
variável independente para descrever o comportamento do solo. Essa variável pode ser
descomposta em termos da tensão total e das pressões do ar e da água, positiva, em
solos saturados, e negativa, em solos não saturados, que, por sua vez, resulta a tensão
neta e a sucção como variáveis próprias dos solos não saturados e a tensão efetiva como
variável de estado do solo saturado. As propriedades deste solo dependem desses estados
de tensão, particularmente da pressão negativa nos poros, quantificada como sucção.

A não saturação, portanto, torna inválido o princípio das tensões efetivas, explicado
na Unidade III, devido às diferenças no estado de tensão e, em consequência, deve ser

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considerada a influência de outras variáveis para avaliar o comportamento destes solos.


Alguns autores ampliaram o conceito de tensão efetiva para solos não saturados, como
apresentado no Quadro 5. Todos eles se diferenciam na sua forma de quantificar as
variações de sucção e de pressão de ar, mas têm em comum que expressam o estado de
tensão através de uma única variável como feito na teoria clássica.

Fredlund e Morgenstern (1977) consideraram inadequado resumir o estado de tensões


no solo em função de uma única variável e adotaram duas variáveis independentes
chamadas de tensão total líquida    ua  e sucção matricial  ua  uw  .

Quadro 5. Módulos de elasticidade.

Expressão Parâmetros Autores


 = Tensão normal efetiva
 = Tensão normal total
    'uw Croney et al. (1958)
uw = Poropressão
 = Fator de ligação

     ua     ua  uw  ua = Pressão do ar
Bishop (1959)
χ� = Parâmetro associado com o grau de saturação

aa � = Área total ocupada pelo ar


a w = Área total ocupada pela água
  am  uaaa  uw a w  R  A am = Área ocupada pelos sólidos Lambe (1960)
R� = Resultante das forças de repulsão
A� = Resultante das forças de atração elétrica

    p '' p′′ = Deficiência de poropressão


Aitchison (1961)
ψ� = Parâmetro com variação 0    1

    p '' p'' = Poropressão negativa assumida como um valor positivo


Jennings (1961)
β = Fator estatístico da área de contato
χm � = Parâmetro de tensão efetiva para sucção matricial

    ua  m  hm  ua   s  hs  ua  hm = Sucção matricial Richards (1966)


χs = Parâmetro de tensão efetiva para a solução de soluto
hs = Solução de soluto
Fonte: Adaptado de Fredlund e Morgenstern (1977 apud LOPES, 2006).

Quando a sucção matricial se reduz e tende a zero tem-se as seguintes identidades:


ua = uw e    ua      uw 

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Que permite verificar que a tensão efetiva é um caso particular das duas variáveis de
estado independentes que também devem obedecer às seguintes condições limites:
ua  uw   0
   ua   0
   uw   0

2.3. Sucção
Na natureza, a água pode ser encontrada em três estados: sólido, líquido e gasoso.
Quando a pressão diminui e a temperatura se mantém constante, a água passa de estado
líquido a estado gasoso em um fenômeno conhecido como cavitação. No entanto, a
água também possui resistência à tração e sob certas condições se mantém em estado
líquido em pressões baixas (Figura 56). No solo especialmente, a água apresenta esta
característica sob pressão abaixo do zero absoluto.

A sucção matricial é a pressão de água no solo abaixo da pressão atmosférica, que não
tem nenhuma influência nela como mostrado na expressão:
ua  uw   ua  uatm   uw  uatm   ua  uw 

Essa sucção matricial  ua  uw  é devida à capilaridade explicada na Unidade II. De sua


análise é possível concluir que:

» A máxima sucção matricial que um poro pode suportar sem drenar é inversamente
proporcional ao raio do capilar cilíndrico.

» Quanto menor o tamanho do poro, maior será a sucção necessária para drenar a
água desse poro.

» A sucção matricial pode ser determinada com o raio do menisco.

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Figura 56. Fases na água: a) tradicional, b) sob pressões abaixo do zero absoluto.

Fonte: Gitirana Jr. et al. (2015).

A sucção matricial é apenas um dos componentes da sucção total ψ , já que a água


está submetida a vários potenciais físicos e químicos. A sucção osmótica π é o outro
componente da sucção total e está relacionada com a concentração de sais na água. Assim:
   ua  uw   

Porém, a sucção osmótica é tratada com pouca importância nos problemas práticos já
que se mantém constante com pequenas variações do teor de umidade. Não obstante,
se o problema inclui contaminação do solo ou evaporação da água, esta parcela deve
ser considerada.

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Capítulo 3
CURVA DE RETENÇÃO DO SOLO NÃO SATURADO

3.1. Curva de retenção


A curva característica do solo, também chamada de curva de retenção, é definida como
uma função que relaciona o teor de umidade do solo com a sucção. É uma ferramenta-
chave na análise geotécnica e na base de cálculo das funções de propriedades do solo
que, como mencionado, depende do estado de tensão.

Pode ser apresentada de diferentes formas, como ilustrado na Figura 57, onde cada
um dos gráficos corresponde à mesma curva. Essas formas de apresentação dependem
da eleição para apresentar a quantidade de água armazenada no solo e a sucção. Por
exemplo, no gráfico 57(a) a curva é apresentada em termos do grau de saturação e o
gráfico 57(b) em termos do teor de umidade volumétrico.

O gráfico 57(c) também está em função do grau de saturação, porém, a medida da sucção
é desenhada em escala linear que não permite apresentar sucções com diferentes ordens
de grandeza. O melhor é utilizar a escala logarítmica.

Figura 57. Apresentações da curva de retenção.

Fonte: Gitirana Jr. et al. (2015).

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Já o gráfico 57(d) emprega o grau de saturação efetivo, expresso por:


S  Sres
Se 
1  Sres

Sendo:

Sres = Grau de saturação na condição residual

Para entender a curva de retenção, construída por parâmetros com significado físico
definido, pode-se observar a Figura 58, onde a curva é dividida em três trechos:

» Zona saturada: a primeira parte da curva corresponde ao intervalo da sucção


para o qual o material se encontra saturado, que se estende até o valor de entrada
de ar ψ b ou  ua  uw b . Este parâmetro representa a máxima sucção que os poros
de maior tamanho são capazes de suportar sem serem drenados.

» Zona de dessaturação: este trecho da curva corresponde ao intervalo para o


qual o solo sofre drenagem sob aumento da sucção. Essa drenagem é possível para
a água em condição relativamente livre nos poros do solo. O trecho se estende até
a sucção residual ψ res ou  ua  uw res .

» Zona residual: o último trecho da curva representa a água adsorvida e aquela


armazenada nos poros em condição menos livre que a água drenada, representada
fisicamente pelo grau de saturação residual Sres .

Figura 58. Parâmetros da curva de retenção.

Fonte: Gitirana Jr. et al. (2015).

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Para alguns tipos de solo, são apresentados formatos típicos de curva característica na
Figura 59. As curvas unimodais apresentam um só trecho de desaturação enquanto
as bimodais apresentam dois e, portanto, possuem dois valores de entrada de ar que
representam dois tamanhos de poros dominantes no solo.

Figura 59. Tipos de curva de retenção.

Fonte: Gitirana Jr. et al. (2015).

3.2. Métodos para determinar a curva de retenção


Para construir a curva de retenção de um solo são utilizados diferentes métodos, quatro
deles são:

3.2.1. Placa de sucção

Esta placa permite definir a zona saturada da curva de retenção com muita precisão. É
recomendada para impor sucções entre 0 e 70kPa, porém, recomenda-se um limite de
40kPa para manter a continuidade hidráulica do sistema. Esses valores são determinados
dependendo do tipo de solo e de sua estrutura.

Como apresentado na Figura 60, a placa consiste de um elemento poroso saturado


com um valor de entrada de ar compatível com a sucção máxima a ser imposta, que é
colocado sobre um compartimento preenchido por água conectado a um tubo flexível
que possui na sua extremidade um regulador que mantém o nível de saída de água em
uma cota específica.

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Figura 60. Esquema da placa de sucção.

Câmera de proteção

Corpos de prova
Base porosa de
alta entrada de ar

Base com ajuste de altura Sistema extravasor


e regulador de nível
de água

Tubo flexível

Fonte: Marinho et al. (2015).

3.2.2. Placa de pressão

Devido à limitação da placa de sucção para controlar e medir as pressões negativas


devidas à cavitação, surge a placa de pressão com a técnica de translação de eixos que
aplica uma mudança do referencial de pressão de ar para levar a pressão de água a
valores acima do zero absoluto.

O equipamento consiste numa câmera hermeticamente fechada que contém no seu


interior uma placa porosa com elevada pressão de entrada de ar, sistema que permite
controlar a sucção pela técnica de translação de eixos (Figura 61).

Figura 61. Esquema da placa de pressão.

-
Fonte: Marinho et al. (2015).

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3.2.3. Papel filtro

Esse método é considerado o mais simples e econômico das técnicas explicadas. A técnica
determina sucções correspondentes a variações de teor de umidade previamente impostas,
permitindo medir essa sucção do material num intervalo de 10kPa a 100.000kPa com
resultados que dependem da aplicação rigorosa da metodologia, já que a falta de cuidado
leva a erros na medição.

Na técnica, um papel filtro é utilizado para quantificar a sucção matricial ou a sucção


total do solo por meio de duas técnicas ilustradas na Figura 62. Quando o fluxo ocorre
em forma de vapor é possível medir a sucção total. Quando há contato entre o solo e o
material poroso o fluxo ocorre por capilaridade e a sucção matricial é medida.

Figura 62. Papel filtro: a) sem contato, b) com contato.

Fonte: Marinho et al. (2015).

3.2.4. Método de equilíbrio de vapor

Este método consiste em determinar a sucção total por meio da umidade relativa do
ar UR :
pv
UR =
pv 0

Sendo:

pv = Pressão parcial de vapor de ar

pv0 = Pressão parcial de saturação de vapor de ar, correspondente à máxima pressão


parcial possível, depois da qual a umidade no ar não se transforma em vapor havendo
condensação.

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A umidade relativa do ar e a sucção total ψ relacionam-se por meio da expressão:


 wRT
 ln UR 
Mg

Sendo:

γ w � = Peso específico da água

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R� = Constante dos gases perfeitos 8, 3143 Jmol K 
T� = Temperatura


M� = Massa molecular da água 0, 018016 kg mol1 
g� = Aceleração da gravidade

O ensaio consiste num dessecador que contém uma solução aquosa e as amostras do solo.
Dependendo das características da solução é imposta umidade relativa. As mudanças
no teor de umidade ocorrem por transferência de vapor entre a solução aquosa e as
amostras de solo. Quando é atingido o equilíbrio de vapor, uma sucção é aplicada na
amostra (Figura 63). A medida resultante será a sucção total do solo.

Figura 63. Método de equilíbrio de vapor.

Fonte: Marinho et al. (2015).

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REFERÊNCIAS

DAS, B. M. Fundamentos de engenharia geotécnica. 6. ed. São Paulo: Cengage Language, 2011.

BODÓ, B; JONES, C. Introdução à mecânica dos solos. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017.

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CAMAPUM DE CARVALHO, J; GITIRANA JR, G.; MACHADO, S.; MASCARENHA, M.; DA SILVA FILHO,
F. Solos não saturados no contexto geotécnico. São Paulo: Associação Brasileira de Mecânica dos
Solos e Engenharia Geotécnica, 2015.

CAMAPUM DE CARVALHO, J; GITIRANA JR, G.; MACHADO, S.; MASCARENHA, M.; DA SILVA FILHO,
F. Solos não saturados no contexto geotécnico. São Paulo: Associação Brasileira de Mecânica dos
Solos e Engenharia Geotécnica, 2015.

FREDLUND, D. G.; RAHARDJO, H. Soil mechanics for unsaturated soils. New York: Wiley, 1993.

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Geotechnical Engineering Division, ASCE, 103(GT5), p. 447-466, 1977.

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GITIRANA JR., J.; MARINHO, F.; SOTO, M. A curva de retenção de água de materiais porosos.
In: CAMAPUM DE CARVALHO, J; GITIRANA JR, G.; MACHADO, S.; MASCARENHA, M.; DA SILVA
FILHO, F. Solos não saturados no contexto geotécnico. São Paulo: Associação Brasileira de
Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica, 2015.

LOPES, M. Influência da sucção na resistência ao cisalhamento deum solo residual de filito


de Belo Horizonte, MG. 2006. 178f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – PUC-Rio, Rio de
Janeiro, 2006.

MARINHO, F.; SOTO, M.; GITIRANA, J. Instrumentação de laboratório e campo e a medição


da curva de retenção. In: CAMAPUM DE CARVALHO, J; GITIRANA JR., G.; MACHADO, S.;
MASCARENHA, M.; DA SILVA FILHO, F. Solos não saturados no contexto geotécnico. São Paulo:
Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica, 2015.

PINTO, C. Curso básico de mecânica de solos em 16 aulas. 3. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2006.

TERZAGHI, K. Erdbaumechanik auf bodenphysikalischer grundlage. Leipzig u. Wien, F.


Deuticke, 1925.

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