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U N I D A D E

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Ética, moral e Direito
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Diferenciar os conceitos de ética e moral.


„ Identificar as implicações éticas no âmbito profissional do farmacêutico.
„ Reconhecer os dispositivos legislativos que regem as atividades
farmacêuticas.

Introdução
Na busca por uma vida digna e de qualidade, a ética está presente no
cotidiano de todo cidadão. Quando se busca diferenciar ética e moral, os
seus conceitos são referidos como um conjunto de normas e condutas.
Ambas são responsáveis por construir os alicerces que vão guiar a conduta
do homem, definindo o caráter e as virtudes, bem como a melhor forma
de agir e se comportar em sociedade. O Direito impõe uma conduta,
sempre ligada à ética, na qual as leis devem ser cumpridas sob risco de
penalidade. Na vida em sociedade, é essencial a organização de regras de
conduta que regularizem a interação entre os seres humanos, buscando
um bem comum, a paz e a organização social.
Nesse contexto, busca-se inferir o conceito de ética profissional, classi-
ficada como o conjunto de normas éticas que definem a consciência do
profissional. Ser ético é cumprir os valores estabelecidos pela sociedade
em que se vive, em todas as suas atividades profissionais, seguindo os
princípios definidos pela sociedade e pelo grupo de trabalho.
Neste capítulo, você, primeiramente, aprenderá a diferenciar os con-
ceitos de ética e moral. Em seguida, reconhecerá as implicações éticas
no âmbito profissional do farmacêutico e os dispositivos legislativos que
regem as atividades da profissão.
16 Ética, moral e Direito

Ética versus moral


Os significados dos termos moral e a ética podem causar dúvidas, uma vez que
ambos se referem a um conjunto de regras e condutas, muitas vezes obrigatórias.
Segundo La Taille (2007), herdamos do latim (moral) e do grego (ética) duas
culturas antigas que geravam reflexão sobre os costumes dos homens, a sua
validade, legitimidade, desejabilidade e exigibilidade.
Para Cortella (2015), a ética está ligada à ideia de liberdade, ao livre-arbítrio
e aos critérios utilizados por todas as pessoas para conduzir a sua vida. Nessa
perspectiva, a ética pode ser vista como um grupamento de ideias que guiam a
humanidade na busca por uma convivência satisfatória. Alles (2014), por sua
vez, descreve ética como um conjunto de normas e princípios que norteiam
os seres humanos na distinção entre o bem e o mal, o certo e o errado, para
que se tenha uma melhor convivência em sociedade, configurando, assim,
um conjunto de conhecimentos e teorias, expostos por meio de princípios e
normas que conduzem à ação da vontade humana.

Ao se falar de ética, lembramos de Kant, um filósofo muito importante do século


XVIII, famoso por frases como: “Tudo o que não puder contar como fez não faça”. A
expressão representa o pensamento de que, se o indivíduo não puder falar sobre o
que fez, então não faça, pois, se algo o envergonha no ato, está ferindo a sua moral.

Dessa forma, a ética é a união de valores morais e princípios que guiam


a conduta humana na sociedade. Contudo, a ética, embora não possa ser
confundida com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça social,
com base em valores históricos e culturais. Assim, a ética é parte da filosofia
que estuda a moral, refletindo e empreendendo questionamentos sobre as
regras morais.
Enquanto a ética está relacionada com o comportamento e as atitudes do
homem, a moral pode ser entendida pelo conjunto de regras aplicadas no
cotidiano, que são utilizadas como elementos norteadores das avaliações sobre
o que é certo e errado, moral e imoral, assim como as suas ações.
Ética, moral e Direito 17

Segundo Lopes Filho et al. (2018), a moral é construída mediante os va-


lores antecipadamente estabelecidos pela própria sociedade e pelas condutas
aceitas e passíveis de serem questionadas pela ética. Nesse contexto, buscamos
entender que os valores humanos são peças importantíssimas na construção
cultural das normas que regem a sociedade em que vivemos, vão formar a
realidade e dar significado a fenômenos, acontecimentos e interações sociais
(CRISOSTOMO et al., 2018).
No cotidiano da vida humana, deparamo-nos com diversas dúvidas sobre
qual posição tomar frente a diferentes questionamentos. Isso não manifesta
apenas nosso senso moral, mas coloca à prova a consciência moral, pois exige
uma posição de qual caminho seguir que justifique para nós e para a sociedade
as razões das nossas decisões, a fim de que assumamos todas as consequências
dessas atitudes, pois somos responsáveis pelas nossas opções.
Chaui (2000), em Convite à filosofia, descreve que o senso e a consciência
moral estão relacionados com o respeito a:

„ valores;
„ sentimentos;
„ intenções;
„ decisões;
„ ações sobre bem, mal e desejo de felicidade.

A autora enfatiza que o senso moral e a consciência moral referem-se a:

„ valores (justiça, honradez, espírito de sacrifício, integridade,


generosidade);
„ emoções geradas pelos valores (admiração, vergonha, culpa, remorso,
contentamento, cólera, amor, dúvida, medo);
„ decisões que geram ações com consequências para nós e para os outros.

Chaui (2000) descreve, ainda, vários exemplos de senso moral. Dois exem-
plos citados pela autora exprimem o senso de moral e a consciência moral
(CHAUI, 2000, p. 429):

1. Muitas vezes, tomamos conhecimento de movimentos nacionais e inter-


nacionais de luta contra a fome. Ficamos sabendo que, em outros países e no
nosso, milhares de pessoas, sobretudo crianças e velhos, morrem de penúria e
inanição. Sentimos piedade. Sentimos indignação diante de tamanha injustiça
(especialmente quando vemos o desperdício dos que não têm fome e vivem
na abundância). Sentimos responsabilidade. Movidos pela solidariedade,
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participamos de campanhas contra a fome. Nossos sentimentos e nossas ações


exprimem nosso senso moral.
2. Quantas vezes, levados por algum impulso incontrolável ou por alguma
emoção forte (medo, orgulho, ambição, vaidade, covardia), fazemos alguma
coisa de que, depois, sentimos vergonha, remorso, culpa. Gostaríamos de
voltar atrás no tempo e agir de modo diferente. Esses sentimentos também
exprimem nosso senso moral.

Vale ressaltar que a moral não é universal. Na vivência de cada sociedade e cultura,
institui-se uma moral com os seus valores relativos ao bem, ao mal e à conduta correta
envolvendo comportamentos permitidos ou proibidos para os seus integrantes. Pode
variar de acordo com a sociedade e a classe social de que faz parte.

Pedro (2014) expressa perfeitamente a relação entre ética e moral. Ainda que
cada uma mantenha as suas particularidades, elas se completam e tornam-se
desejáveis e necessárias.
Outro conceito relacionado com moral e ética é o Direito. Tanto a moral
quanto o Direito fundamentam-se em regras que visam estabelecer previsibili-
dade para as ações humanas. No entanto, diferenciam-se em diversos aspectos.
A moral independe das fronteiras geográficas e garante uma identidade entre
cidadãos que possam não se conhecer, mas empregam o mesmo referencial
moral comum. O Direito busca estabelecer um regramento de uma sociedade
em que as leis têm uma base territorial, já que valem apenas para aquela área
geográfica em que uma determinada população ou seus delegados vivem.
No decorrer da vida, o homem aprende valores que — com o aumento do
conhecimento, possibilidades e escolhas — vão construindo a sua moral e vi-
vendo conforme as ideias impostas pela sociedade. Caso não concorde com esses
valores, viverá desrespeitando os padrões éticos estipulados pela comunidade
em que vive e poderá, assim, viver em conflito constante com as suas ideologias.

Código de Ética da Profissão Farmacêutica


Código de ética profissional é o conjunto de normas éticas que devem ser
seguidas pelo profissional no exercício da sua profissão. Cada profissão tem o
seu próprio código de ética, com as suas particularidades, mas há elementos
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da ética profissional universais, aplicáveis a qualquer atividade profissional,


como competência, honestidade, responsabilidade e dignidade.
Um código de ética é elaborado pelos conselhos, que representam e fis-
calizam o exercício da profissão. Na profissão farmacêutica, não é diferente,
já que o seu código de ética foi criado por meio da Resolução do Conselho
Federal de Farmácia (CFF) nº. 596, de 21 de fevereiro de 2014, e seu exercício
e sua fiscalização foram regidos pela lei nº. 13.021, de 11 de agosto de 2014.
O Código de Ética da Profissão Farmacêutica determina:

O farmacêutico é um profissional da saúde, cumprindo-lhe executar todas as


atividades inerentes ao âmbito profissional farmacêutico, de modo a contribuir
para a salvaguarda da saúde e, ainda, todas as ações de educação dirigidas à
coletividade na promoção da saúde (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA,
2014, documento on-line).

A ética farmacêutica é reconhecida pelo conjunto de normas e valores que envolvem


as condutas profissionais no exercício das atribuições da profissão nas relações com
a comunidade. Para saber mais sobre o Código de Ética da Profissão Farmacêutica,
acesse o link abaixo.

https://goo.gl/XEsgHN

Para saber mais sobre a relação ética entre o profissional farmacêutico com os
usuários de medicamentos, leia o artigo de Oliveira (2015): Atenção farmacêutica:
considerações éticas na relação do profissional de saúde com o usuário de medicamento,
disponível no link a seguir.

https://goo.gl/8eHZN8

Alguns princípios fundamentais que devem ser seguidos pelo profissional


farmacêutico são descritos de maneira clara e concisa no Código de Ética da
Profissão Farmacêutica. Neste, enfatiza-se a existência de Conselhos Regionais
de Farmácia (CRFs), aos quais o profissional farmacêutico atuante deve ser
credenciado e contribuir financeiramente para o seu funcionamento. Qualquer
transgressão resultará em medida repressiva por parte do CRF, após apuração
pelas suas comissões de ética, independentemente das penalidades estabe-
lecidas pelas leis do País. O farmacêutico também poderá responder cível e
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criminalmente quando seus atos ou atos de terceiros sob a sua responsabilidade


proporcionem prejuízos ao usuário do serviço.
Independentemente da área de atuação do profissional farmacêutico, há
diferentes implicações éticas que devem ser seguidas, uma vez que há neces-
sidade de se ter uma ligação complementar entre deveres e direitos. A prática
profissional deve ser motivada e promovida, atendendo a atribuições inerentes
à profissão, à formação e ao desejo de desempenhar as suas atribuições pro-
fissionais, sempre buscando o bem comum.

A ética no âmbito da farmácia comercial vem ao encontro das necessidades do farma-


cêutico na consecução do diálogo e da convivência com os usuários de medicamentos,
estabelecendo um vínculo de confiança e buscando a qualidade de vida do paciente.
Nesse contexto, o profissional farmacêutico é a referência máxima de conhecimento,
devendo agir de maneira ética e profissional, a fim de auxiliar da melhor forma os
usuários de medicamentos, colaborando com a orientação, prevenção e recuperação
da saúde dos cidadãos.

Diferentes leis regem a atividade do profissional farmacêutico. Em 1960,


criou-se uma das mais importantes (Lei nº. 3.820, de 11 de novembro de 1960),
que descreve as atribuições do CFF e dos CRFs, cuja principal função é fiscalizar
o exercício da profissão, impedindo e punindo as infrações à lei. Quando há uma
relação entre um profissional de saúde e um usuário (farmacêutico versus paciente),
ocorre um envolvimento que se relaciona a esse profissional, com a constituição
de deveres a serem praticados e outros relacionados ao usuário, principalmente
na compreensão de que direitos devam ser respeitados. Nessa relação de deveres
e direitos, deve prevalecer uma parceria complementar e indissociável.

Para ler na íntegra a Lei nº. 3.820/1960, sobre a criação do CFF e dos CRFs, acesse o
link a seguir.

https://goo.gl/ihXTWk
Ética, moral e Direito 21

A ética do profissional farmacêutico, nesse sentido, é um conjunto de


valores que auxiliam o exercício da profissão, como:

„ honestidade;
„ dignidade;
„ competência;
„ prudência;
„ responsabilidade.

A ética complementa um extenso conjunto de qualidades do indivíduo,


que deve ser transferido para o campo profissional, resultando em benefícios
recíprocos. Deve, assim, ser um aprendizado constante ao longo do processo
de formação do indivíduo.

Um exemplo de ética farmacêutica é a aplicação da atenção farmacêutica feita por


profissionais que têm um contato direto com o paciente, em que a atuação farmacêutica
inclui uma somatória de atitudes, comportamentos, responsabilidades e habilidades
na prestação da farmacoterapia, na busca de resultados terapêuticos eficientes e
seguros, privilegiando a saúde e a qualidade de vida do indivíduo.

Dentro desse âmbito profissional, deparamo-nos com a deontologia. Esse


termo vem acompanhado da designação “de uma determinada profissão”, que
são as conveniências e regras designadas para cada profissão. Dessa forma, a
deontologia farmacêutica é um conjunto de regras que definem o comporta-
mento do indivíduo, na função de membro da profissão farmacêutica. Essas
regras são essenciais para garantir a conveniência e o profissionalismo desse
grupo social, a fim de que ele possa alcançar, de maneira digna, as finalidades
propostas à sociedade (ZUBIOLI, 2004).
O CFF, por meio de resoluções específicas, dita o conjunto de regras da
profissão farmacêutica, que, com a ajuda dos CRFs, fazem cumprir as normas
preestabelecidas. O Código de Ética da Profissão Farmacêutica estabelece que o
farmacêutico é considerado um profissional de saúde, tem a obrigação de zelar
pela saúde pública e deve promover ações que contribuam com a promoção
da saúde da comunidade (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA, 2014).
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O farmacêutico necessita ter consciência de seus atos e suas escolhas, além


de desenvolver competências e habilidades necessárias para a sua atuação,
visto que tem a iminente necessidade de evitar prejuízos a terceiros, ainda
que sem intenção. Mediante as normas e regras a serem seguidas, caso o pro-
fissional farmacêutico cometa infrações sujeitas a penalidades, a fiscalização
primeiro fica sob responsabilidade do CRF, responsável por instaurar um
processo ético-disciplinar. Em caso de condenação, o profissional condenado
em primeira instância pelo CRF pode recorrer ao CFF. O rito processual é
o seguinte (ADAMI, [2018]):

„ recebimento de denúncia;
„ instauração ou arquivamento;
„ montagem do processo ético;
„ instalação dos trabalhos da Comissão de Ética;
„ conclusão da Comissão de Ética;
„ julgamento em plenário;
„ recursos e revisões;
„ execução.

Para saber mais sobre o julgamento ético do profissional farmacêutico, acesse o link
a seguir.

https://goo.gl/69Aocy

A ética farmacêutica é o conjunto de normas de procedimentos, valores e


condutas profissionais executadas pelo profissional farmacêutico no exercício
das atribuições profissionais e nas ações exercidas na sociedade. O Código de
Ética Farmacêutica brasileiro foi desenvolvido visando orientar o profissional
no dever de suas atribuições, buscando a saúde do paciente e orientando
todos que necessitam de sua contribuição. Podemos citar algumas dicas para
a conduta ética no trabalho farmacêutico:

„ ter sempre em mente obrigações, valores e direitos na empresa em que


trabalha;
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„ definir atribuições e responsabilidades;


„ respeitar a hierarquia dentro da empresa;
„ estar comprometido e envolvido com a missão;
„ buscar ser pontual e responsável com seus compromissos;
„ ser humilde e tratar todos com respeito;
„ assumir uma atitude imparcial e impessoal;
„ exercer as suas funções com competência e eficiência;
„ conhecer os aspectos legais dos seus direitos e deveres.

Leis que regem a atividade farmacêutica


Em 8 de setembro de 1931, foi assinado o decreto que aprovaria a regu-
lamentação do exercício da profissão farmacêutica no Brasil: Decreto nº.
20.377, de 8 de setembro de 1931. Nele, o farmacêutico foi reconhecido
como profissional.
De 1931 até hoje, diferentes leis passaram a reger a atividade do profissional
farmacêutico. A primeira regra a ser seguida é a inscrição desse profissional
no CRF, a fim de criar um vínculo por meio do qual o farmacêutico receberá
as informações necessárias para o exercício da profissão. Os CRFs foram
criados pela Lei nº. 3.820/1960, no Diário Oficial da União (DOU), de 21 de
novembro de 1960.
Algumas exigências dos CRFs são:

„ fiscalizar o exercício da profissão;


„ exigir a atuação ética do farmacêutico;
„ defender a atuação do farmacêutico;
„ punir eticamente o farmacêutico que recebe abaixo do piso salarial;
„ exigir que o farmacêutico cumpra a legislação sanitária e profissional;
„ exigir que as farmácias e drogarias tenham farmacêutico durante todo
o horário de funcionamento;
„ promover a valorização da profissão farmacêutica.

Diferentes legislações tratam das atribuições da profissão farmacêutica,


tendo em vista regulamentar as funções e deixar claro as responsabilidades no
desempenho desse profissional nos diferentes ambientes em que este pode atuar:

„ Decreto nº. 85.878, de 7 de abril de 1981 — descreve as atribuições


privativas dos profissionais farmacêuticos, desempenho de funções,
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assessoramento e responsabilidade técnica, fiscalização profissional,


área de atuação farmacêutica, entre outras atribuições.
„ Lei nº. 5.991, de 17 de dezembro de 1973 — dispõe sobre o controle
sanitário do comércio de substâncias, medicamentos, insumos farmacêu-
ticos e correlatos e dá outras providências. Nesse contexto, encontram-se
as diretrizes que regem a farmácia homeopática.
„ Lei nº. 6.360, de 23 de setembro de 1976 — dispõe sobre a vigilância
sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos, as substâncias, os
insumos farmacêuticos e correlatos, cosméticos, saneantes e outros
produtos e dá outras providências.
„ Portaria nº. 344, de 12 de maio de 1998 — aprova o regulamento
técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial.
Muito utilizada nas farmácias, drogarias e hospitais, essa portaria
regulamenta os medicamentos de controle especial, suas peculiaridades
e modo de aquisição por parte dos usuários de medicamentos. É de
extrema importância no exercício da profissão farmacêutica, pois o
domínio dos medicamentos de controle especial é de inteira responsa-
bilidade do farmacêutico em um estabelecimento. Diferentes relatórios
são gerados buscando o controle total desses medicamentos, a saída
para os usuários e sua destinação em caso de vencimento.
„ Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº. 354, de 23 de março de
2020 — atualiza a Portaria nº. 344/1998 e dispõe sobre a atualização do
Anexo I (listas de substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras
e outras sob controle especial) da Portaria nº. 344/1998.
„ RDC nº. 44, de 17 de agosto de 2009 — dispõe sobre as boas prá-
ticas farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da
dispensação, da comercialização de produtos e da prestação de servi-
ços farmacêuticos em farmácias e drogarias e dá outras providências.
Nessa RDC, encontra-se descrita a necessidade de um manual de boas
práticas farmacêuticas do estabelecimento em que o profissional está
inserido. Nele, devem constar as atribuições e as responsabilidades do
farmacêutico e ser acessível e compreensível por todos os funcionários.
„ Resolução nº. 521, de 16 de dezembro de 2009 — dispõe sobre a ins-
crição definitiva e provisória, o registro, o cancelamento de inscrição
e a averbação nos CRFs e dá outras providências. Nessa resolução,
encontra-se como proceder em casos de profissional farmacêutico
estrangeiro.
„ Resolução nº. 577, de 25 de julho de 2013 — dispõe sobre a direção
técnica ou responsabilidade técnica de empresas ou estabelecimentos
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que dispensam, comercializam, fornecem e distribuem produtos far-


macêuticos, cosméticos e produtos para a saúde.
„ Resolução nº. 585, de 29 de agosto de 2013 — trata-se de uma ementa
que regulamenta as atribuições clínicas do farmacêutico e dá outras
providências.
„ Resolução nº. 586, de 29 de agosto de 2013 — regula a prescrição
farmacêutica e dá outras providências. Essa resolução trata de um novo
modelo de prescrição como prática multiprofissional. O farmacêutico
poderá realizar a prescrição de medicamentos e outros produtos com
finalidade terapêutica, cuja dispensação não exija prescrição médica.
„ Lei nº. 13.021, de 8 de agosto de 2014 — dispõe sobre o exercício e
a fiscalização das atividades farmacêuticas, no campo da assistência
farmacêutica. As farmácias de qualquer natureza requerem, obrigato-
riamente, para seu funcionamento, a responsabilidade e a assistência
técnica de farmacêutico habilitado na forma da lei, além de confirmar
as farmácias e drogarias como estabelecimentos de saúde, permitindo
que, no local, sejam oferecidos serviços pelo farmacêutico.

Para saber mais e ler na íntegra a Lei nº. 13.021/2014, acesse Manual de orientação ao
farmacêutico, disponível no link a seguir.

https://goo.gl/qP2FCd

„ Resolução nº. 596, de 21 de fevereiro de 2014 — dispõe sobre o Có-


digo de Ética Farmacêutica, o Código de Processo Ético e estabelece
as infrações e as regras de aplicação das sanções disciplinares. Nele,
constam os deveres, as proibições, os direitos, a relação da publicidade
e dos trabalhos científicos, das relações profissionais, das relações com
o CFF e os CRFs, das infrações e sanções disciplinares e dá outras
providências.

No Código de Ética, o profissional encontra as normas que devem ser


seguidas pelo farmacêutico e pelos demais inscritos nos CRFs no exercício do
âmbito profissional, até mesmo nas atividades relativas ao ensino, à pesquisa
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e à administração de serviços de saúde, bem como nas atividades referentes


à profissão.
Vale ressaltar o capítulo V do Código de Ética da Profissão Farmacêutica,
que dispõe sobre a publicidade e os trabalhos científicos. Esse capítulo é de
extrema importância no ambiente acadêmico, pois deixa claro que é vedado
ao farmacêutico:

„ divulgar assunto ou descoberta de conteúdo inverídico;


„ publicar trabalho com seu nome, caso não tenha participado ou excluir
participantes de uma publicação;
„ promover propaganda enganosa se utilizando da boa-fé alheia;
„ anunciar produtos farmacêuticos que possam induzir ao uso indevido e
indiscriminado de medicamentos ou de outros produtos farmacêuticos
pelos usuários;
„ utilizar-se de dados ou informações, publicadas ou não, de outro autor
sem referenciá-lo.

As leis que regem a atividade farmacêutica são muitas, visto que a atuação
desse profissional é ampla e diversificada. Além dos deveres e das proibições,
o farmacêutico tem os seus direitos garantidos e assegurados pela lei, podendo,
assim, atuar de forma ética e responsável.

1. Os conceitos de ética e moral aceitas e passíveis de serem


geram reflexão sobre costumes dos questionadas pela ética.
homens, validade, legitimidade, b) A ética é parte da história
desejabilidade e exigibilidade. que estuda o Direito com
Assinale a alternativa que princípios e normas que conduz
diferencie ética e moral. a ação da vontade humana. A
a) A ética é a união de valores moral está relacionada a leis
morais e princípios que guiam a estabelecidas pela sociedade.
conduta humana na sociedade. c) A ética pode ditar algumas
A moral é construída mediante ideias que guiam a humanidade
os valores antecipadamente em busca do bem individual.
estabelecidos pela própria A moral é o senso e a
sociedade e pelas condutas consciência do coletivo,
Ética, moral e Direito 27

relacionados com o respeito dispensação de medicamentos.


a valores morais e éticos. Qual é a resolução que trata da
d) A ética são leis relacionadas responsabilidade técnica do
com o sentimento de justiça profissional farmacêutico?
social. Enquanto a moral segue a) Resolução nº. 586/2013.
regras preestabelecidas e b) Resolução nº. 577/2013.
exigidas pela sociedade. c) Resolução nº. 585/2013.
e) A convivência amigável com d) Resolução nº. 596/2014.
a sociedade é vista como e) RDC nº. 44/2009.
antiética pelos cidadãos. 4. No Código de Ética da Profissão
A imoralidade é o que Farmacêutica, o profissional
chamamos de senso moral. encontra as normas que devem
2. O CFF é quem dita o conjunto ser seguidas pelo farmacêutico e
de regras da profissão pelos demais inscritos nos CRFs no
farmacêutica, que, com ajuda exercício do âmbito profissional.
dos CRFs, fazem cumprir as Sobre o Código de Ética e
normas preestabelecidas. trabalhos científicos publicados,
Assinale a alternativa que assinale a alternativa correta.
representa uma atividade a) É vedado ao farmacêutico
desempenhada pelos CRFs. divulgar assunto ou descoberta
a) Estabelecer leis de punição para de conteúdo inverídico.
estabelecimentos farmacêuticos. b) É vedada a publicação de
b) Defender a atuação trabalhos científicos no
do farmacêutico em primeiro ano de formação.
horários reduzidos no c) A exclusão de participantes de
ambiente hospitalar. trabalhos científicos é permitida
c) Fiscalizar o exercício da sem autorização prévia.
profissão farmacêutica, d) É permitida a publicação
independentemente de de conteúdos referentes
sua área de atuação. à comercialização de
d) Incentivar o farmacêutico medicamentos sem autorização
ao exercício da profissão, prévia do estabelecimento.
mesmo que este receba e) É vedada a participação de
abaixo do piso salarial. mais de duas pessoas em
e) Exigir do profissional publicações científicas.
farmacêutico relatório 5. A Lei nº. 13.021/2014 dispõe sobre
de medicamentos de o exercício e a fiscalização das
controle especial. atividades farmacêuticas no campo
3. Entre as atribuições do da assistência farmacêutica. Dispõe
profissional farmacêutico, também sobre o estabelecimento
destaca-se a presença integral de comercialização de
no estabelecimento em que se medicamentos, assim como
tenha a comercialização ou apenas farmácias de qualquer natureza.
28 Ética, moral e Direito

Para seu pleno funcionamento, c) Prestar orientação farmacêutica,


deve ter a assistência técnica esclarecendo ao usuário de
de farmacêutico habilitado em medicamento a maneira
tempo integral. Qual é a obrigação correta de conservação e
do profissional farmacêutico? o modo de utilização de
a) Rastrear todas as vendas fármacos, bem como salientar
e a distribuição de as interações medicamentosas
medicamentos, a fim de obter e a importância do uso correto.
um controle dos fármacos d) Apenas realizar a venda
que podem eventualmente indiscriminada de qualquer
causar intoxicação. tipo de medicamento,
b) Fazer acompanhamento independentemente
domiciliar de todos os usuários da receita médica.
de medicamentos, visto que e) Cuidar somente de receitas
qualquer processo errado de medicamentos de controle
pode causar intoxicação especial e suas aquisição,
medicamentosa. conservação e dispensação.

ADAMI, A. M. Ética farmacêutica e julgamento ético. Portal Educação, [2018]. Dispo-


nível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/farmacia/etica-
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Leituras recomendadas
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