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3.3.

Da ausência de nexo de causalidade –


Inexistência de culpa da ré – Aplicação do artigo 14,
§3º, II do CDC – responsabilidade da operadora de
telefonia

Imperioso salientar que, para existir a responsabilidade


objetiva do fornecedor e, por consequência, o seu dever de indenizar, é necessária a presença
de três pressupostos: defeito, dano e nexo de causalidade.

Inexiste conexão entre o fato ocorrido com o autor e a


ré. Neste sentido tem sido a jurisprudência de nossas cortes no seguinte entendimento:

A responsabilidade civil não pode existir sem a relação de causalidade


entre o dano e a ação que o provocou. (RT 224:155; 466:68; 477:247;
Ciência jurídica. 69.101, RJ TJSP 28:103)

Apelação cível – indenização responsabilidade civil objetiva ou


extracontratual (aquiliana) – nexo de causalidade entre a conduta da
apelação e o evento danoso não evidenciado – recurso improvido. (Apel.
Cível nº 2005.008618- 4. Des. Rel. Sérgio Roberto Baasch Luz, TJSP)
Em que pese tratar-se de responsabilidade objetiva, isto
é, sem análise de culpa, extrai-se da inteligência do artigo 14, §3º, II, do Código de Defesa do
Consumidor que são causas de exclusão da responsabilidade a culpa exclusiva de terceiro ou
do próprio consumidor.

Conforme disposto pelo Código de Defesa do


Consumidor, não há responsabilidade do fornecedor em caso de culpa exclusiva do
consumidor ou terceiro. O artigo 14, § 3º, II, do CDC, dispõe que:

O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência


de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando
provar:
II – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros.
Entender que a ré é responsável pela ação de terceiros
seria uma grande inversão de papéis, uma vez que cabe ao Estado coibir e repreender tal
situação.

Por conseguinte, se alguma conduta pode ser definida


como causa direta e imediata dos alegados danos, esta jamais será imputada à ré.
De todo modo, importante ressaltar que a ré nunca agiu
com negligência, sendo sempre diligente, visando inibir qualquer prejuízo ao autor, motivo
pelo qual, não havendo nexo de causalidade, a presente demanda deverá ser julgada
improcedente.

A doutrina e a jurisprudência são taxativas a respeito da


exclusão de responsabilidade quando o nexo causal atribui a terceiro a causa adequada ao
advento do evento danoso.

Sérgio Cavalieri Filho assim ensina:

Terceiro, ainda na definição de Aguiar Dias (ob. Cit. V. II, p. 299), é


qualquer pessoa além da vítima e o responsável, alguém que não tem
nenhuma ligação com o causador do dano e o lesado. Pois, não raro,
acontece que o ato do terceiro é a causa exclusiva do evento, afastando
qualquer relação de causalidade entre a conduta da requerente a
aparente e a vítima (...). Em tais casos, o fato de terceiro, segundo
opinião dominante, equipara-se ao caso fortuito ou força maior, por ser
uma causa estranha à conduta do agente aparente, imprevisível e
inevitável.
No presente caso, não há de se imputar qualquer
conduta dolosa ou responsabilidade à ré, uma vez que não há qualquer conjunto
comprobatório nos autos que indique que o dano narrado pelo autor se originou pela sua ação
ou omissão. Muito pelo contrário, evidencia-se que, se houve algum dano, este foi causado
por terceiro.

Em entendimento do STF:

Em nosso sistema jurídico, como resulta do disposto no artigo 1.060 do


Código Civil, a teoria adotada quanto ao nexo de causalidade é a teoria
do dano direto e imediato, também denominada teoria da interrupção
do nexo causal. (...) Essa teoria (...) só admite o nexo de causalidade
quando o dano é efeito necessário de uma causa, o que abarca o dano
direto e imediato sempre, e, por vezes, o dano indireto e remoto,
quando, para a produção deste, não haja concausa sucessiva. (STF,
Revista Trimestral de Jurisprudência nº 143, p. 270).
Inexistindo, assim, o essencial liame de causalidade
entre o fato narrado e o dano alegadamente suportado, não há que se falar em indenização
por danos morais, motivo pelo qual o pedido deve a presente ação ser julgada totalmente
improcedente.

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