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CONTEÚDO

Ano 21 • Edição 251 •


Agosto de 2017

Fotos de capa:
Correio
Dúvidas e comentários dos leitores 6 Brasilio Wille,
Diego Meneghetti,
Vitor Marigo e

8
Richard Cheles
Grande Angular
Notícias e novidades

Tecnologia & Produto


Lançamentos e novidades digitais 16 A FOTOPUBLICIDADE
Revele-se
Fotos dos leitores em destaque 18 SEM CRISE
Dicas de Richard
Portfólio do Leitor
Um newborn especial de Sônia Almeida 24 Cheles para ter
mais clientes

32
62
Natureza
Como fotografar cachoeiras
Brasilio Wille

Richard Cheles

Teste: Canon
EOS 77D

42
Com bons recursos
para fotógrafos
avançados

Retratos no quintal
Dicas para usar só a luz natural 70 Die
go
Me
neg
he
tti

Com o foco nas emoções


76
Shutterstock

Um ensaio de Alexandre Mazzo

Lição de Casa
Dicas para fazer boas imagens em P&B 80
Raio X
As fotos dos leitores comentadas 86

COMPOSIÇÃO
Linhas, formas, textura e espaço
52 FilmMaker
Casamento e áudio: erros mais comuns

Fique por Dentro


Exposições, concursos e cursos
92
100
Agosto 2017 • 3
CARTA AO LEITOR

O
Diretores:
Aydano Roriz
mundo hoje aceita mais tranquilamente os diferentes, seja por gênero,
Luiz Siqueira raça ou qualquer outro quesito. O politicamente correto, por mais cha-
Tânia Roriz
to que seja em alguns aspectos, tem suas virtudes. Quando era meni-
Editor e Diretor Responsável: Aydano Roriz no, e lá se vão quase 50 anos, um casal vizinho recebeu uma notícia que
Diretor Executivo: Luiz Siqueira
Diretor Editorial e Jornalista Responsável:
chocou a pequena cidade onde nasci: o bebê tão esperado tinha nasci-
Roberto Araújo – MTb.10.766 – araujo@europanet.com.br do com Síndrome de Down. Na época, não se usava esse termo, e sim outro,
felizmente abolido. A criança viveu escondida da sociedade por anos. Só quan-
REDAÇÃO do chegou na pré-adolescência é que os pais tiveram a coragem de dar mais
Diretor de Redação: Sérgio Branco (branco@europanet.com.br)
liberdade àquele menino doce, alegre, um mestre em fazer colagens com fo-
Editor-contribuinte: Mário Fittipaldi tos recortadas de revistas.
Repórteres: Livia Capeli
Editora de arte: Izabel Donaire Hoje essas crianças especiais vivem como as outras e merecem nossa
Revisão de texto: Denise Camargo atenção e carinho, jamais o preconceito. Por isso, fiquei feliz quando meu ami-
Colaborador especial: Diego Meneghetti
Colaboraram nesta edição: Brenda Zacharias, Guilherme Mota, go Orlando Brito me ligou de Brasília para falar de um trabalho que havia vis-
José Carlos Fernandes, Laurent Guerinaud e Vitor Marigo to e que merecia atenção. A médica obstetra Sônia Almeida, também fotógra-
PUBLICIDADE fa profissional há três anos, havia feito um ensaio de newborn com um bebê
Diretor Comercial: Mauricio Dias (11) 3038-5093
E-mail: publicidade@europanet.com.br
portador da Síndrome de Down. Até onde sei, é inédito, e você poderá vê-lo na
pág. 24. Que Sônia inspire outros trabalhos assim.
São Paulo
Equipe de Publicidade: Angela Taddeo, Alessandro Donadio,
Já a síndrome do pânico é um mal contemporâneo que deve ter feito mui-
Elisangela Xavier, Ligia Caetano, Renato Perón e Roberta Barricelli ta gente sofrer no passado, pois a medicina ainda não sabia tratar o problema
Criação: Adriano Severo – (11) 3038-5067
nem remédios adequados havia. Para quem é acometido por ela, é desespe-
Outras Regiões rador – sei do que falo, pois acompanho de perto um caso na família. Assim,
Bahia e Sergipe: Aura Bahia – (71) 3345-5600/9965-8133
Brasília: New Business – (61) 3326-0205
fui surpreendido com um e-mail de Alexandre Mazzo, editor de fotografia do
Paraná: GRP Mídia – (41) 3023-8238 grupo Gazeta do Povo, de Curitiba (PR). Nele, Mazzo, um excelente profissio-
Rio Grande do Sul: Semente Associados – (51) 8146-1010
Santa Catarina: MC Representações – (48) 9983-2515 nal, me apresentava um trabalho denso, perturbador, fruto de sua experiência
Outros estados: Mauricio Dias – (11) 3038-5093 como portador da síndrome do pânico.
Publicidade – EUA e Canadá: Global Media, +1 (650) 306-0880
Quando muitos evitam se expor nessas condições, Mazzo escancarou as
ATENDIMENTO AO LEITOR janelas do olhar para mergulhar nas profundezas da sua alma sofredora. Di-
Gerente: Fabiana Lopes (fabiana@europanet.com.br)
Coordenadora: Tamar Biffi (tamar@europanet.com.br) vidiu isso com os curitibanos, pois expôs as fotos lá, e agora divide com você.
Desse subsconsciente amargurado, emergiram ima-
Equipe: Josi Montanari, Camila Brogio, Regiane Rocha, Gabriela
Silva, Bruna Fernandes e Bia Moreira gens de impacto, produzidas em P&B, que você pode
conferir na pág. 76.
ATENDIMENTO LIVRARIAS E BANCAS – (11) 3038-5100
Equipe: Paula Hanne (paula@europanet.com.br) Assim é a vida. Todos temos problemas. Ao en-
cará-los, a solução, na maioria das vezes, surge mais
EUROPA DIGITAL (www.europanet.com.br)
Gerente: Marco Clivati (marco.clivati@europanet.com.br) rápido. Boa leitura.
Equipe: Anderson Cleiton, Anderson Ribeiro e Karine Ferreira

PRODUÇÃO E EVENTOS
Juan Esteves

Gerente: Aida Lima (aida@europanet.com.br)


Equipe: Beth Macedo (produção) Sérgio Branco
LOGÍSTICA
Diretor de Redação
Coordenação: Henrique Guerche branco@europanet.com.br
(henrique.moreira@europanet.com.br)
Equipe: Luís Aleff e William Costa

ADMINISTRAÇÃO
Gerente: Renata Kurosaki SE FOR O CASO, RECLAME.
Equipe: Paula Orlandini

DESENVOLVIMENTO DE PESSOAL
NOSSO OBJETIVO É A EXCELÊNCIA!
Tânia Roriz e Elisangela Harumi
Correspondência Atendimento: 0800-8888-508 e
Rua MMDC, 121, São Paulo, SP - CEP 05510-900 Rua MMDC, 121 (11) 3038-5050 (cidade de São Paulo),
Telefone: 0800-8888-508 (ligação gratuita) e CEP 05510-900 – São Paulo – SP Das 8h às 20h
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A Revista Fotografe Melhor é uma publicação da Editora Europa Ltda e-mail: fotografe@europanet.com.br e-mail: publicidade@europanet.com.br
(ISSN 1413-7232). A Editora Europa não se responsabiliza pelo
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Prol Editora Gráfica

4 • Fotografe Melhor no 251


CORREIO
dúvidas e comentários dos leitores

COMPOSIÇÃO tentando aprender a usar a câmera no


Tirei bastante proveito do artigo pu- modo manual. Prefiro usá-la no modo
blicado na edição 250 sobre composi- de prioridade de abertura ou no mo-
ção. Não conhecia as outras fórmulas do totalmente automático. Depois de
de compor além da famosa regra dos ler o artigo, estou tentando colocar as
terços e fiquei encantada com as pos- fórmulas em prática, e espero que em
sibilidades. Fiz um curso básico de fo- breve possa mandar uma foto para a
tografia aqui no Rio, mas não ensina- seção “Revele-se”.
ram muito sobre composição. Acho is- Abigail Noronha,
so muito mais importante do que ficar Rio de Janeiro (RJ)

JANE EVELYN ATWOOD de câmeras DSLRs e lentes em vá-


Jane Evelyn Atwood

Assumo a minha ignorância fo- rias partes do mundo? Seria para


tográfica e confesso que nunca havia aumentar o capital de giro para ala-
ouvido falar da fotógrafa Jane Evelyn vancar alguma surpresa? Vamos ver
Atwood. Graças a Fotografe a des- o que a Nikon está preparando, con-
cobri e, pesquisando o trabalho dela, siderando o que foi publicado na re-
achei-a fenomenal. Que mulher co- vista francesa Chasseurs d’Images,
rajosa! Espero poder ir vê-la ao vivo numa entrevista com Benoit Dieu-
no Paraty em Foco. leuveut, presidente da Nikon Fran-
Edmar Salgado, ça. Segundo ele, a Nikon não parou
via e-mail de produzir a câmera D810; a Nikon
tem muitos “sensores de boa qua-
NIKON 100 ANOS lidade”; desistiram das câmeras
Apreciei muito a abordagem da DL porque estavam atrasadas (tar-
revista sobre o futuro da Nikon no de demais para se manterem com-
centenário da empresa. Por que se- petitivas); haverá importantes lan-
rá que ela está fazendo promoções çamentos de produtos da Nikon em
breve; estão trabalhando em uma
pequena câmera para competir com
Retrato de irmãs cegas,
um dos documentários os smartphones; a Nikon não vai sair
fortes feitos por Jane do negócio de câmeras; e estão gas-
Evelyn Atwood tando muito dinheiro em pesquisa e

6 • Fotografe Melhor no 251


desenvolvimento. Já o presidente da
Nikon, o japonês Makoto Kimura, em
uma entrevista à imprensa interna-
cional, disse que antes do final do ano
fiscal (termina em março de 2018), a
empresa planeja lançar uma câme-
ra compacta híbrida com lentes inter-
cambiáveis e sensor de DSLR. É es-
perar para ver.
Mário Jorge Tavares,
Londrina (PR)

CIDADE INVERTIDA
Gostaria de parabenizar o profes- Reportagem dos 100
sor Ricardo Hanztschel e sua equipe anos da Nikon repercutiu
bem entre os leitores
pelo belíssimo trabalho desenvolvi-
do no projeto Cidade Invertida. Tomei
conhecimento dele justamente ao ler Desafio Fotografe
a reportagem na edição 250 e preten-
do um dia conhecer o trailer-câmera.
Espero que o projeto continue levan-
do a cultura da fotografia e da ima-
A leitora Jane Amorim, de São
Paulo (SP), foi a vencedora do
“Desafio Fotografe”, realizado pe-
aos 10 anos, quando ganhou da sua
mãe uma Olympus OM-1. Jane é
formada em Jornalismo e atua na
gem para muitas escolas. lo Facebook da revista e disputa- área há 6 anos sem nunca conse-
Ronaldo Chaves, via e-mail do entre os dias 23 de junho e 7 de guir dissociar a fotografia da profis-
julho de 2017 com o tema “Olha o são. A foto vencedora foi feita num
passarinho”. A foto escolhida pela fim de tarde, quando ela tinha aca-
redação de Fotografe teve 106 cur- bado de sair do serviço, e viu a cena
tidas e 1 compartilhamento, totali- numa praça do centro de São Pau-
zando 107 interações. Ela conta que lo. Ela usou uma Canon EOS 5D
seu contato com a fotografia surgiu com objetiva 75-300 mm.
Arquivo Cidade Invertida

Jane Amorim

EGO NA FOTOGRAFIA
Quero dar os parabéns pelo tex-
to do editor Sérgio Branco na “Car-
ta ao Leitor” publicada na edição
250. Ele falou exatamente o que
eu pensava há muito tempo. Tenho
certeza de que muitos “coleguinhas
fotógrafos” que leram o texto vesti-
ram a carapuça e tiveram que en-
golir o orgulho.
O carinho entre os pardais foi registrado com maestria por Jane Amorim
Miguel Melleiro Junior,
via e-mail
mm f/2.8-4.0 (praticamente nova, telefone (21) 99600-2651. Dou pre-
CANON À VENDA com pouquíssimo uso), conjunto de ferência para quem possa retirar
Vendo Kit com câmera Canon filtros em 72 mm e um flash Sunpak na cidade do Rio de Janeiro.
EOS Rebel XSi (usada, em excelen- DF3600U novo, compatível com Ca- Ricardo Ottati,
te estado) mais lente Sigma 17-70 non e-TTL. Tratar com Ricardo pelo via e-mail

Agosto 2017 • 7
GRANDE ANGULAR
notícias e novidades

Flavio Bari
Marco de Bari num dos ambientes de que mais gostava: fotografando carros em estúdio; acidente causou a morte dele há um ano

Um ano depois, morte de Marco de Bari


ainda não tem culpados
N
o dia 8 de julho de 2016 uma notícia cho- breviveu – mas teve uma perna amputada. Contata-
cou o meio fotográfico: Marco de Bari, 53 do por Fotografe, Guedes preferiu não se manifestar.
anos, editor de fotografia da revista Quatro Segundo Zeca Chaves, redator-chefe de Quatro
Rodas, havia sofrido um acidente dentro de um es- Rodas, a Editora Abril prestou toda a assistência aos
túdio da Burti HD, na zona oeste da capital pau- fotógrafos e seus familiares. “Infelizmente, não pude-
lista. Enquanto fotografava, uma pesada estrutu- mos cuidar muito do Marco. Mas providenciamos a
ra metálica que sustentava equipamentos de ilu- transferência do Daniel para um hospital particular e
minação desabou, atingindo Bari na cabeça e cau- pagamos boa parte do seu tratamento, incluindo sa-
sando traumatismo craniano profundo – três dias lários ao pai para que pudesse cuidar dele”, lembra.
depois ele morreu. Passado um ano, o que cha- “Aos poucos, o Daniel vem retomando a carreira. Es-
ma a atenção é a morosidade com que o caso vem tá usando uma prótese e já fez até alguns trabalhos
sendo apurado, a despeito de sua gravidade. para a revista”, afirma Chaves.
Não se tem notícia de que algum fotógrafo tenha Espirituoso, companheiro, exigente e perfeccio-
morrido no Brasil (quem sabe no mundo) por uma fa- nista, o fotógrafo especializado em automobilismo
lha estrutural no estúdio em que trabalhava – no ca- Marco de Bari era desses raros casos de unanimi-
so, espaço alugado pela Editora Abril. O inquérito po- dade. Não há entre fotógrafos e jornalistas do meio
licial, conduzido pelo 910 Distrito Policial de São Pau- quem não o considerasse, entre outras qualidades, o
lo (SP), ainda está em andamento. Foi feita perícia no melhor fotógrafo de automóveis do Brasil. Fotogra-
local do acidente, mas o laudo ainda não foi concluí- fe reafirma o compromisso assumido na ocasião do
do. A estrutura atingiu também o assistente de Marco acidente e continuará acompanhando o caso até que
de Bari, Daniel Guedes Dionizio, de 26 anos, que so- ele seja esclarecido pelas autoridades.

8 • Fotografe Melhor no 251


uanyuan Tian
Annamaria Bruni
Mulher egípcia aproveitando o sol (à esq.) e operários de uma fábrica de ferro na China geram as imagens premiadas

Nikon contest anuncia


OS PREMIADOS DE 2017
A italiana Annamaria Bruni foi a vencedora
do Nikon Contest 100th Anniversary 2016-
2017 com a foto Greeting to the Sun. No total,
concorreram 21.511 fotógrafos de 170 países
com 76.356 trabalhos, marcando um novo re-
corde para o concurso em termos de n mero
de nações das quais foram feitas as inscrições.
“A foto é minha homenagem pessoal ao

Dorte Verner
meu amado Egito, que tem sido minha casa
por mais de dez anos. A intenção por trás de-
la é expressar calma e tranquilidade para dar
um novo sentido à palavra celebração”, co-
mentou a fotógrafa. ma intensa e emotiva, feita de forma mais im- Pescador
O Grande Prêmio foi dado ao fotógrafo chi- pactante por estar em P B”, definiu Tian. em ação na
nês uanyuan Tian, autor de uma imagem po- Na categoria Voto Popular, o vencedor foi o Tailândia com
derosa que aborda o tema global das mudanças americano Dorte Verner, que fez um flagran- um arpão
climáticas e a necessidade de novos rumos em te incrível de um pescador com um arpão. Ele rudimentar:
direção a práticas industriais menos poluentes. pratica uma forma ancestral de pescar em cena ganhou em
“A foto de trabalhadores de uma fábrica de fer- Moken, na Tailândia, “que infelizmente está de- Voto Popular
ro procurou capturar essa preocupação de for- saparecendo”, segundo Verner.

NIKON BATE RECORDE DE “CÂMERA HUMANA”


E m comemoração ao centenário da
empresa, um grupo de represen-
tantes da Nikon na Itália resolveu ho-
menagear a marca de um jeito inusi-
tado. No dia 17 de junho de 2017, fo-
ram reunidas 1.454 pessoas à frente de
um palácio em Turim, no norte do país,
para compor o que viria a ser a maior
imagem de uma câmera formada por
humanos. A façanha foi registrada no
Guinness Book, referência mundial pa-
ra o registro de recordes. Não há prê-
mios para os ganhadores de nenhum
título no livro, que recebem apenas um
certificado atestando a conquista.
Divulgação

O desenho da câmera
Nikon formado por quase
1.500 pessoas em Turim

Agosto 2017 • 9
GRANDE ANGULAR

Concurso de fotografia de cães


anuncia ganhadores
F otografar a vida selvagem é um sonho de muitos
fotógrafos, mas exige muita prática que pode
começar dentro de casa. O Dog Photographer of the
Maria Davison
ear é dedicado a fotografias de cachorros, seja eles
interagindo com os seus donos ou em ação. Esta é a sensação é de conforto e sossego. Acima, a foto da
12a edição do concurso, que recebeu cerca de 10 mil O prêmio inclui um dia de consulto- portuguesa
inscrições de fotógrafos de 74 países. ria com Andy Biggar, especialista na Maria Davison
A vencedora foi a portuguesa Maria Davison, que fotografia de cães, e uma pintura a
também foi a primeira colocada na categoria O Melhor óleo da foto pela artista Sara Abbott, além de certificado
Amigo do Homem. O clique foi da cadela zma descan- e troféu. Vale a pena conferir as fotos disponíveis no site
sando ao pé de sua dona, uma colega da fotógrafa, e a do concurso www.dogphotographeroftheyear.org.uk.
Alasdair MacLeod

Kaylee Greer
Outras duas fotos premiadas: de Alasdair MacLeod na categoria Cães Assistentes (à esq.) e de Kaylee Greer na Cães Brincando

PR MIO PARA FOTOS COM Foto feita pelo


brasileiro Gabriel
IPHONE COMPLETA DE ANOS Ribeiro venceu na
categoria Retrato

O concurso iPhone Photography


Sebastiano Tomada

Awards completou 10 anos com


uma seleção surpreendente de ima-
gens enviadas por fotógrafos de cer-
ca de 140 países. Para participar,
Gabriel Ribeiro

as fotos devem ser produzidas por


iPhones ou iPads, e editadas em apli-
cativos no próprio aparelho.
O grande vencedor foi o fotojor-
nalista americano Sebastiano To- O brasileiro Gabriel Ribeiro, de
mada, com a foto feita com um iPho- Mato Grosso do Sul, foi o primeiro
ne 6s em Qayyarah, no Iraque. As colocado na categoria Retrato. Ele
duas crianças, paradas em uma rua, fotografou o priminho perto de uma
parecem alheias à fumaça preta de- janela para aproveitar o máximo de
pois de alguns poços de petróleo te- luz natural e fez as últimas corre-
rem sido incendiados por bombas ções com os aplicativos Lightroom
do Estado Islâmico. Ele ganhou um para smartphone e Snapseed. Ele e
iPad Pro como prêmio. os demais primeiros colocados nas
19 categorias levaram uma barra de
Imagem de fotojornalismo ouro. A imensa galeria de fotos ga-
feita no Iraque por Sebastiano nhadoras ou finalistas pode ser vis-
Tomada ganhou o 10 lugar ta em: www.ippawards.com.
GRANDE ANGULAR
Grandes nomes da fotografia estarão nos
Workshops do Paraty em Foco
A s inscrições para os workshops
e as masterclass do 130 Festival
Paraty em Foco, de 13 a 17 de setem-
amplo, de 50 pessoas, num
valor de R 250.
Até o fechamento desta
bro de 2017, estão abertas, e con- edição a organização do even-
tarão com grandes nomes da foto- to ainda não havia divulgado to-
grafia brasileira, além dos convida- dos os 12 workshops progra-
dos internacionais, a francesa Maia mados na edição 2017 do fes-
Flore, a americana Jane Evelin tival. Os nomes já confirmados
Atwood, o queniano Osborne Ma- são do documentarista André
charia, o italiano Roberto Kusterle Cypriano; do venezuelano Jor-
e o espanhol Sebastian Liste. ge Luis Santos, vencedor da Imagem lúdica da francesa
Todos os cursos serão de um dia, Convocatória PEF 2015; das fo- Maia Flore, atração no
com duração total de sete horas. Os tógrafas Nana Moraes e Kitty Paraty em Foco 2017
workshops oferecem de 15 a 20 va- Paranaguá; do fotógrafo, crítico
Maia Flore
gas e propiciam uma maior interação e pesquisador Pedro Karp Vas-
com o fotógrafo. Custam R 450. Já quez; e do paranense Nilo Biazzetto, Mais informações, novidades e
os cursos no formato masterclass que dará um workshop prático volta- inscrições estão disponíveis no site
serão abertos a um p blico mais do ao exercício da fotografia de rua. www.pefparatyemfoco.com.br.

SP-ARTE FOTO TEM SUA 11a EDIÇÃO


E stá prevista para o perío-
do de 24 a 27 de agosto de
2017 a 11a edição da SP-Arte
desse ano é maior para o públi-
co: nos quatro dias, serão realiza-
das visitas guiadas às exposições,
Foto, braço especializado na co- transformando o evento também
mercialização de fotos do even- em um passeio cultural para os
to anual de arte em geral. Par- visitantes e facilitando a comuni-
te do calendário cultural de São cação com o público e possíveis
Paulo, ele movimenta grandes consumidores. A SP-Arte Foto
Visitante
galerias, amantes da fotogra- está prevista para o terceiro an-
admira
fia e curiosos para ver grandes dar do Shopping JK Iguatemi, que
obras à
venda no imagens expostas e à venda. fica na Av. Presidente Juscelino
evento Estão previstos 31 exposi- Kubitschek, 2.041. Para a relação
de 2016 tores, sendo quatro de galerias completa de expositores, veja o
inéditas na feira. A novidade site: www.sp-arte.com/foto.
Jéssica Mangaba

EXPEDIÇÃO PARA O URUGUAI COM ZÉ PAIVA


O fotógrafo e professor é Pai-
va está programando para o
período de 2 a 9 de setembro de
cultura, natureza e gastronomia.
O pacote da expedição tem
preço de R 5.240 (à vista) e inclui
2017 uma expedição fotográfica hospedagem com café da ma-
para o Uruguai, em que preten- nhã, transporte em veículo 4x4,
de dar dicas práticas sobre foto- almoço e um exemplar do livro
grafia de paisagem, fauna, flora, Expedição Natureza Tocantins, au-
macro e light painting. A ideia é tografado pelo fotógrafo. Para co-
percorrer em veículo 4x4 desde nhecer o roteiro completo, aces-
a Praia do Cassino, no Rio Gran- se https://goo.gl/geXzCB. Pa-
de do Sul, até Montevidéu, a ca- ra fazer a reserva é preciso en-
pital do país, incluindo no cami- trar em contato por meio do fone
é Paiva

nho a passagem por praias, la- (48) 3232-5747 ou celular/what-


gos, rios e dunas, misturando sapp (48) 99127-4558, ou e-mail
as dicas de fotografia com muita reanta braziltrails.com. Cena registrada no litoral uruguaio por Zé Paiva

12 • Fotografe Melhor no 251


GRANDE ANGULAR Rogerio Von Kruger

Assegure sua vaga no evento


Vivência com Fotografe
D e ideia a projeto em andamento,
Vivência com Fotografe tem co-
mo maior objetivo aproximar os leitores
que usa para book de noi-
vas; Lidi produzirá um en-
saio com uma gestante den-
assinantes da redação da revista. Des- tro de seu estilo l dico; Can-
se relacionamento, ambas a partes sai- disani montará uma arma-
rão ganhando. Os jornalistas e colabo- dilha fotográfica e mostra-
radores que fazem Fotografe por estar rá como ela funciona para Marcos Hermes e sua supertele
mais próximo do leitor, ouvindo ideias, fotos noturnas de animais silvestres; durante a cobertura de um show
sugestões e críticas, sempre em busca Marcos Hermes fotografará um m -
de uma revista cada vez mais antenada sico dando dicas de como produzir re- O evento ocorrerá no auditório prin-
com o mercado e com as necessidades tratos e material para divulgação do ar- cipal do Senac-SP, Campus de San-
de quem gosta de fotografar. Os leitores tista; Newton clicará uma modelo para to Amaro, e será gravado em vídeo pa-
por terem a chance de expor ideias, su- mostrar como fazer um book profissio- ra que todos os assinantes de Fotografe
gestões e críticas à redação e conhecer nal; Cheles produzirá uma imagem pu- possam ter acesso ao conte do exclusi-
de perto a equipe que faz a revista. blicitária de culinária, uma de suas es- vo. Como as vagas são limitadas, já que
Para abrilhantar esse encontro, oi- pecialidades. A performance mais inu- não há espaço para reunir todos os lei-
to palestras performáticas foram pro- sitada será a dos retratistas Garrido e tores assinantes, a participação presen-
gramadas com alguns grandes nomes Scavone. Pela primeira vez juntos nu- cial requer a renovação da assinatura da
da fotografia brasileira Brasilio ille, ma palestra, uma fará o retrato do ou- revista saiba mais detalhes acessan-
Everton Rosa, Lidi Lopez, Luciano Can- tro, cada um no seu estilo, e existe a do www.vivenciacomfotografe.com.br
disani, Luiz Garrido, Marcio Scavone, possibilidade de eles fazerem retratos ou ligando para os telefones 0800-8888-
Marcos Hermes, Newton Medeiros e de pessoas escolhidas entre o p blico. 508 ou (11) 3038-5050.
Richard Cheles ille e Cheles, aliás,
estão nesta edição de Fotografe dando
dicas valiosas. Programação
O fotógrafo Luciano
Durante as palestras, cada fotó- Candisani em ação DIA 10 DE SETEMBRO
grafo fará uma demonstração prática para registrar uma Abertura da manhã – 10h15
Brasilio mostrará como produzir um tartaruga marinha 10h30-11h45 – Newton Medeiros
ensaio sensual; Everton clicará uma na reserva do Atol Performance: fará um book de modelo ao vivo
noiva fake para exemplificar a técnica das Rocas (RN) 12h-13h15 – Brasilio Wille
Performance: fará um ensaio sensual com modelo ao vivo
Intervalo para almoço
Abertura da tarde – 14h30
14h45-16h – Richard Cheles
Performance: fotografará um produto para anúncio
publicitário ao vivo
16h15-17h30 – Lidi Lopez
Performance: fotografará uma grávida ao seu estilo ao vivo
17h45-19h – Everton Rosa
Performance: fará um book de noiva ao vivo
Encerramento – 19h15

DIA 2 DE SETEMBRO
Abertura da manhã – 10h15
10h30-11h45 – Marcos Hermes
Performance: fotografará um músico em ação ao vivo
12h-13h15 – Luciano Candisani
Performance: mostrará como funciona na prática uma
armadilha para fotos noturnas na natureza ao vivo
13h30-14h45 – Marcio Scavone/Luiz Garrido
Arquivo Pessoal

Performance: um fará o retrato do outro, cada um ao seu


estilo, ao vivo
Encerramento – 15h

14 • Fotografe Melhor no 251


TECNOLOGIA & PRODUTO
lançamentos do mundo digital
NOVAS LENTES Canon anuncia os modelos EOS
A Nikon lançou em julho a nova
telezoom Nikkor 70-300 mm 6D Mark II e SL2
A
f/4.5-5.6E EF VR da linha AF-P, para Canon anunciou em julho de 2017
sensores DX ou FX da marca. Mesmo dois novos modelos de câmeras
não sendo muito clara, é uma lente para EOS DSLR a full frame 6D Mark II (que
uso em fotos de esportes, natureza, re- substituiu a 6D de quase cinco anos
tratos e viagens, que conta com diafrag- atrás) e a APS-C Rebel SL2 (no lugar
ma eletrônico e motor de foco rápido e da SL1, lançada há quatro anos).
silencioso. A distância mínima de foco é A 6D Mark II chega com um novo
de 1,2 m. Preço no exterior: US$ 750. sensor CMOS de 26 MP e o proces-
sador DIGIC 7. Conta com o sistema Por fora, a 6D Mark II se parece com a
Dual Pixel AF para mais agilidade no antecessora; por dentro, é bem diferente
autofoco, que atua com 45 pontos em
disposição cruzada. O ritmo de dispa- tor de 3 polegadas com tela sensível
ro chega a 6,5 fotos por segundo e o ao toque. Ela tem suporte i-Fi, Blue-
ISO máximo alcança 40.000 (expansí- tooth e NFC para controle de ajustes
vel para 102.400). A principal diferen- e compartilhamento de fotos. No ex-
ça física com a an- terior, custa US 1.999 (ou US 2.599
A nova Rebel tecessora é o moni- com a lente 24-105 mm IS STM).
SL2 tem nome A Rebel SL2 segue o design compac-
A chinesa 7 Artisans lançou uma de 200D em to da antecessora. Tem sensor CMOS de
lente fixa para câmeras mirror- alguns mercados 24 MP, processador DIGIC 7 e sistema
less que usam baione- Dual Pixel AF. O monitor de 3 po-
ta Sony E, Canon M e Fuji legadas sensível ao toque tem in-
X: a 35 mm f/2, que conta terface gráfica para iniciantes. Já o
com obturador de 10 lâmi- autofoco conta com apenas 9 pon-
nas, tem abertura mínima tos e o ISO máximo atinge 25.600
f/16 e diâmetro para filtro (expansível para 51.200). O dispa-
de 43 mm. O preço é con- ro em sequência chega a 5 fps (3,5
vidativo: US$ 156 no exterior. com AF contínuo). Entre as opções
de conectividade estão i-Fi, NFC
e Bluetooth. O preço no mercado
A chinesa Venus Optics anun- externo é de US 549 (ou US 699
ciou a criação do Laowa Magic com a lente 18-55 mm IS ST).
Shift Converter, projetado para ser usa-
do com lentes Canon ou Nikon e de
montagem E full frame da Sony.
O adaptador promete um de de- LEICA APRESENTA A MIRRORLESS TL2
C
sempenho de lente tilt-shift, om algumas especificações téc- – realmente um número espantoso.
com correção de perspecti- nicas bem interessantes, a Leica Por ser uma Leica, o preço no exte-
va, por um preço (ainda não anunciou recentemente o lançamen- rior é salgado: US$ 1.950, só o corpo.
anunciado) mais em conta to da mirrorless TL2, com design ele-
que uma lente especializa- gante, sensor APS-C de 24 MP e um A nova Leica
da. Para saber mais, acesse processador ágil e poderoso. Com is- TL2 com o
http://bit.ly/2vdfpB1. so, a nova câmera é capaz de dispa- visor Visoflex,
rar à velocidade de até 20 fps, além vendido à parte
de capturar vídeos em 4K/30p.
A Lensbaby anunciou a lente A Leica destaca que a TL2 tem
Velvet 85 mm f/1.8 para mon- uma altíssima velocidade de respos-
tagens Canon, Nikon, Sony E, Sony ta e precisão no sistema de foco au-
A, Pentax K, Samsung NX, tomático. Segundo a empresa alemã,
Fuji X e Micro 4/3. De fo- a câmera consegue focar em apenas
Fotos: Divulgação

co manual, promete um 165 milissegundos, ou seja, três vezes


bokeh acima da média pa- mais rápido que o modelo anterior, a
ra retratos. O preço no ex- TL. Outro avanço é o obturador con-
terior é US$ 499,95. trolado eletronicamente, que possibi-
lita alcançar 1/40.000s de velocidade

16 • Fotografe Melhor no 251


REVELE-SE
fotos dos leitores em destaque

:: Autor: Mateus Cavalcanti Félix Oliveira


:: Cidade: Brasília (DF)
:: Câmera: Canon EOS 6D
:: Objetiva: Canon EF 100 mm macro
:: Exposição: f/3.5, 1/350s e ISO 100

ESPELHO DA ALMA
Azul, castanha, verde, acinzentada Ca- os surpreendentes padrões gráficos coloridos
da íris é nica, como um espelho da al- e quase psicodélicos revelados pela macrofo-
ma de cada pessoa. E é justamente essa sin- tografia. A imagem acima, do olho de uma jo-
gularidade que fascina o fotógrafo Mateus Fé- vem de 22 anos, ganhou um efeito formidável
lix, de Brasília (DF). Ele vem se dedicando a fo- criado pelo reflexo do anel de led acoplado à
tografar íris de diferentes pessoas, acentuando objetiva usada para a iluminação.

18 • Fotografe Melhor no 251


COM O FOCO
NO INFINITO
A fotógrafa Marcielle Monize
adora contemplar e fotografar o
céu estrelado de São Bento do Sapu-
caí (SP), na região da Serra da Manti-
queira, como uma forma de medita-
ção e renovação espiritual. A foto ao
lado, no entanto, ganhou destaque
especial devido à noite fria e mi-
da de lua nova, quando as estrelas, e
em especial a Via Láctea, se tornam
mais brilhantes devido à ausência
de luar. Marcielle usou ainda o Pho-
toshop para remover um fio de ele-
tricidade que cortava a imagem e fez
ajustes de cor e exposição para acen-
tuar o brilho das estrelas.

:: Autor: Marcielle Monize


:: Cidade: São Bento do Sapucaí (SP)
:: Câmera: Nikon D90
:: Objetiva: Sigma 10-20 mm
:: Exposição: f/3.5, 30s e ISO 6.400

Agosto 2017 • 19
REVELE-SE

LEMBRANÇAS
NO OLHAR
O retrato ao lado tem um sig-
nificado muito especial para
Ederson Porto de Moura Lopes, de
Maricá (RJ). Fotógrafo e educador fí-
sico, ele registrou a Dudinha, a filha
adotiva que não vive com ele, acari-
ciando o meigo Koda, seu mascote
e companheiro que estava desapa-
recido quando ele enviou a imagem.
O retrato, fiel à proporção áurea, re-
vela um momento nico de ternura
e serenidade no olhar da menina. A
iluminação foi feita com flash.

:: Autor: Ederson Porto de Moura Lopes


:: Cidade: Maricá (RJ)
:: Câmera: Canon Rebel EOS T3
:: Objetiva: Canon 50 mm
:: Exposição: f/1.8, 1/40 s e ISO 100

20 • Fotografe Melhor no 251


:: Autor: Riedel Pedrosa
:: Cidade: São Paulo (SP)
:: Câmera: Nikon D60
:: Objetiva: Nikkor 18-55 mm
:: Exposição: f/4, 1/60s e ISO 200

NO CICLO DA VIDA E DAS ÁGUAS


A vida na Amaz nia, especialmen- novas paisagens. Em incursão por um
te para as populações ribeirinhas, dos muitos igarapés durante uma via-
é regida pelo ciclo das águas. Durante a gem à Amaz nia, o fotógrafo Riedel Pe-
época das cheias, cujo auge ocorre nos drosa teve a oportunidade de registrar
meses de junho e julho, a água da chu- esse ciclo, revelado pela marca d água
va alaga a floresta e cobre boa parte da no tronco da enorme árvore. Com o ci-
vegetação. Nos seis meses seguintes, clo da seca, os igarapés ficam rasos,
as águas começam a baixar, revelando garantindo a alegria das crianças.

Agosto 2017 • 21
REVELE-SE

:: Autor: Paulo Marques


:: Cidade: São Paulo (SP)
:: Câmera: Nikon D700
:: Objetiva: Nikkor 17-55 mm
:: Exposição: f/5, 1/800s e ISO 320

POLE DANCE DA CONSTRUÇÃO


O olhar atento para todos os ângulos rante o trabalho de desmontagem de estru-
possíveis é o diferencial para se obter turas tipo box truss, usadas para sustentar
boas imagens. No caso do fotógrafo paulis- equipamentos de iluminação em shows. O
tano Paulo Marques, a imagem diferencia- céu muito azul e sem nuvens garantiu o des-
da estava nos céus da cidade. Ao virar suas taque extra para os operários, que parecem
lentes para cima, flagrou dois operários du- dançar sobre as estruturas.

22 • Fotografe Melhor no 251


POR UNA CABEZA
A paraibana Joana D arc gos- Paraíba, Joana percebeu que, quan- :: Autor: Joana D’arc
ta de fotografar a natureza, com do o animal saltava um determinado :: Cidade: João Pessoa (PB)
preferência para plantas e animais. E, obstáculo, a cabeça dele se empare- :: Câmera: Nikon D7100
na primeira vez que se aventurou na lhava com a cabeça do cavalo do bra- :: Objetiva: Nikkor 70-300 mm
fotografia de esportes, mostrou olhar são do clube. Foram diversas tentati- :: Exposição: f/7, 1/2500s
aguçado. Ao registrar uma competi- vas até que cavalo e brasão se fundis- e ISO 1.250
ção de saltos no Clube de Hipismo da sem perfeitamente.

Mande fotos e ganhe uma bolsa para equipamento fotográfico


Os autores das fotos selecionadas Paulo (SP), CEP 05510-900, ou para o
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PORTFÓLIO DO LEITOR
mostre seu trabalho

A médica Sônia Almeida fotografa newborn há três anos: acima, uma produção com o bebê João Victor que teve manipulação digital

Um newborn
muito especial
Sônia Almeida, médica obstetra e fotógrafa, registra pela primeira
vez um bebê com Síndrome de Down. Acompanhe
POR BRENDA ZACHARIAS

N
o est dio aconchegante no mia do cromossomo 21. A fotógrafa, descoberta nos exames pré-natal.
bairro de Alphaville, em Ba- que também é médica obstetra há 28 A família de João Victor descobriu a
rueri, na Grande São Pau- anos, se concentra no manuseio da condição somente depois do parto.
lo, a mineira S nia Almeida, criança para um ensaio muito espe- E a essa notícia inesperada soma-
51 anos, prepara o peque- cial a escassez de ensaios com be- ram-se os dias longe do bebê, que
no João Victor para as pri- bês portadores da Síndrome de Do- ficou na UTI para confirmar a sín-
meiras fotos da sua vida. Com ape- wn no mercado é uma realidade. drome. Foi a avó do bebê, pacien-
nas 19 dias, a criança estava somen- A médica-fotógrafa credita es- te de S nia Almeida, que indicou a
te há dois fora do hospital, onde pas- se fator ao período pelo qual os pais fotógrafa como forma de encerrar
sou por uma bateria de exames pa- passam “anestesiados” com a in- o ciclo de apreensão e distância, e
ra confirmar que nascera com trisso- formação, que muitas vezes não é dar as devidas boas-vindas para a

24 • Fotografe Melhor no 251


Fotos: S nia Almeida
Acima, o pequeno João Victor, de 19 dias, recebeu o cuidado necessário de Sônia para ficar nas poses ideais recomendadas aos
bebês nessa fase e situação; abaixo, a tradicional foto dos pais com o bebê, que a médica-fotógrafa aproveitou para registrar

Agosto 2017 • 25
PORTFÓLIO DO LEITOR

Acima, a produção com João Victor


incluiu fotos com a mãe; ao lado,
Sônia, que fotografa em paralelo
à atividade como médica obstetra

criança. Esse foi o primeiro ensaio


dela com uma criança deficiente
nos três anos que atua como fotó-
grafa de newborn.
S nia recomendou aos pais que
convivessem um pouco com o bebê
em casa, depois que saísse do hos-
pital, para assegurar que os dois la-
dos se familiarizassem com a nova
vida. “Foi um clima bem emocio-
nante, e o ensaio significou o mar-
co de uma coisa boa acontecendo”,
afirma. Ela usou uma câmera com
sensor fullframe Nikon D810 com
lente 24-70 mm f/2.8 ou 50 mm
Arquivo Pessoal

f/1.4 e trabalhou apenas com ilumi-


nação natural.
Mesmo atraída pela fotogra-

26 • Fotografe Melhor no 251


Fotos: S nia Almeida
Acima, uma das diversas produções
do ensaio; ao lado, a fotógrafa no
estúdio prepara outro bebê para
sessão no mesmo cenário

fia durante a vida, S nia nunca che-


gou a estudá-la, até que seu sobri-
nho, Guti, quis aprender a manuse-
ar uma câmera. “Comprei uma câ-
mera digital para ele e mostrei as
configurações mais básicas. Algu-
mas semanas depois, já tinha qua-
se umas cinco mil fotos no cartão
Marcia Porto

de memória”, conta. O próximo pas-


so seria matriculá-lo em uma esco-
la de fotografia, e a tia, aproveitando
a situação, também tirou um tempo
para aprender e auxiliá-lo. O rapaz, ria um jeito de praticar a fotografia ra a edição dos trabalhos. A maioria
hoje com 27 anos, foi diagnosticado e não me distanciar da minha área das clientes, ao contrário do que se
com fenilceton ria, doença genéti- na medicina”, explica a doutora S - pode pensar, chega por meio de in-
ca que altera a produção de fenila- nia. Ela investiu no espaço e em cur- dicações e de sua página no Face-
lanina e pode causar déficit cogniti- sos com profissionais famosas no book, bit.ly/2sajrsS.
vo. Os dois cursaram a Escola Pana- segmento, como a americana Ana
mericana e se formaram em 2013. Brandt e a australiana Kelly Bro- Para participar desta seção, envie no
Foram cerca de dois anos aper- wn. Hoje, equilibra as duas carrei- máximo dez fotos do seu portfólio, em
baixa resolução, para o e-mail: fotografe@
feiçoando sua habilidade na fotogra- ras, agendando clientes aos fins de europanet.com.br. Serão publicados
fia quando decidiu, enfim, abrir um semana e reservando as noites, de- somente os que forem selecionados pela
est dio. “A fotografia de newborn se- pois de atender no consultório, pa- redação, um portfólio a cada edição.

Agosto 2017 • 27
Fo o raFia de Na ure a

Fotos: itor Marigo


Duas maneiras criativas de registrar uma cachoeira: com uso de tele (acima) e grande angular (na pág. ao lado)

Como fotografar
cachoeiras
Registrar quedas-d’água parece fácil, mas não é. Há aspectos técnicos e práticos
que precisam ser dominados para que a foto seja de nível profissional. Veja quais

T
Por VITOR MARIGO

odo fotógrafo que curte natureza ou tanto como um tibum em águas claras ou
paisagens com certeza já se depa- aquela cascata massageando o trapézio su-
rou (ou vai se deparar) com a vonta- perior. Faz bem para o estresse, para a vi-
de de fazer um clique bem-feito de da e para o arquivo de fotos. Aqui, vou contar
uma cachoeira. Neste Brasil ma- para você muito do que sei e aprendi em cer-
ravilhoso e gigantesco, dados não ca de dez anos vestindo apenas uma sunga
confirmados estimam que exista em torno na hora de fotografar.
de um zilhão de lindas quedas-d’água. Se- Para começar, não se esqueça de um
ja profissionalmente ou em viagens de lazer, grande amigo e aliado: o filtro polarizador.
poucas coisas refrescam e renovam a alma Você já tem um? Pode parecer brincadeira,

32 • Fotografe Melhor no 251


agosto 2017 • 33
Fo o raFia de Na ure a

Fotos: itor Marigo


Cachoeira das Loquinhas, na Chapada dos Veadeiros: f/10, 1,6s e ISO 100 com lente em 24 mm e filtro polarizador

mas essa fina peça à frente da lente mais atraente e agradável. Na práti- ele é capaz de eliminar os raios po-
é indispensável na fotografia de ca- ca, revela as pedras no fundo do rio, larizados da cena enquadrada, re-
choeiras e paisagens. É também um o azul da água do mar e um verde velando assim o que há sem os re-
dos poucos filtros que não podem mais intenso na floresta, ao eliminar flexos claros. Se você já usou óculos
ser simulados no Photoshop, já que o reflexo da água e o brilho das fo- escuros polarizados, viu como tudo
causa uma mudança dramática no lhas. O efeito também é forte no azul fica mais interessante através deles.
resultado da imagem. Em inglês, é do céu, que se torna mais profundo O efeito na fotografia é o mesmo.
conhecido como Polarizing Filter ou em contraste com as nuvens bran- Você também vai notar que o po-
CPL (Circular Polarizer). E o que ele cas. E por que isso ocorre? larizador é “escuro”, e não transpa-
é capaz de fazer por você? A luz do sol, ao refletir em cer- rente como um filtro UV. Portanto,
O polarizador elimina reflexos e tas superfícies, se torna polarizada. ele normalmente rouba entre 1.5 e 3
satura as cores, deixando a imagem Quando você usa o filtro polarizador, stops de luz, dependendo do mode-

Veja a diferença entre não usar o polarizador (à esq.) e usar o filtro, que elimina os reflexos na água, entre outras vantagens

34 • Fotografe Melhor no 251


Acima, corredeiras em cânion da Chapada dos Veadeiros com lente grande
lo. Perder luz e, consequentemente, angular e, abaixo, detalhe da fauna registrado com uma macro de 105 mm
velocidade poderia ser um proble-
ma em vários segmentos da foto-
grafia. Mas no caso das cachoeiras
pode até ser uma vantagem. Com
um tempo de exposição mais longo
fica mais fácil conseguir o efeito lei-
toso na água.
Se for comprar um polarizador,
preste atenção ao diâmetro das suas
lentes e opte pelo modelo correto pa-
ra que a rosca funcione sem necessi-
dade de anéis adaptadores. A maio-
ria das minhas lentes tem 77 mm de
diâmetro. Então, tenho 4 CPL nes-
se tamanho e mais alguns de outros
diâmetros para as outras lentes. Uso
filtros da Hoya, muito confiáveis.

QUAIS LENTES LEVAR


Em se tratando de cachoeiras,
a referência é a lente grande angu- um pouco menos de qualidade, por ainda a macro Nikkor 105 mm para
lar – e quanto mais, melhor. Tenho uma simples razão: a grande angu- detalhes de microfauna.
duas, uma para a câmera cropa- lar cropada permite a rosca de um Quando quero levar só uma câ-
da, de sensor APS-C (Nikkor 10-24 polarizador 77 mm, a full frame, não. mera, opto pela cropada Nikon
mm f/3.5-5.6), e outra sensor full fra- Também levo sempre a lente Nikkor D7200. Assim, as duas lentes (10-
me (Nikkor 14-24 mm f/2.8). Nas ca- 24-70 mm f/2.8, que permite a ros- 24 mm e 24-70 mm) juntas me ofe-
choeiras, acabo usando muito mais ca de polarizador e aumenta meu recem alternativas de 10-70 mm,
o conjunto cropado, mesmo tendo alcance. Em alguns casos, carrego equivalente a 15-105 mm na full

agosto 2017 • 35
Fo o raFia de Na ure a

Fotos: itor Marigo


Tomada mais panorâmica da Cachoeira do Tabuleiro, em Conceição do Mato Dentro (MG), feita com grande angular 16-35 mm

frame. É uma ótima variação entre tes de kit começam em 18 mm, co- câmera em situações que você en-
grande angular e meia-tele, e sem- mo a básica 18-55 mm ou a zoom contre pouca luz e/ou precise de lon-
pre resolveu minha vida. O sensor da ampla 18-200 mm. Elas não resol- gas velocidades de exposição. Com o
câmera cropada com 24,2 MP sur- vem o caso da grande angular, pois a tripé é possível abusar da profundi-
preende, em especial quando usa- 18 mm equivale a uma 27 mm em 35 dade de campo fechando o diafrag-
do com a lente full frame, resultando mm, embora permita alguns bons ma para f/16, por exemplo – o que re-
em nitidez máxima do sensor. cliques mais fechados. sultaria em baixa velocidade para se
Se sua câmera é full frame, bus- clicar com a câmera na mão. Tam-
que uma lente que comece por vol- O TRIPÉ bém com ele você consegue fotos níti-
ta de 14 mm a 16 mm. Gosto da 16- Acessório praticamente obriga- das de cachoeiras enquanto a água se
35 mm, pois permite a rosca de po- tório, o tripé não pode ser esqueci- movimenta e cria aquele efeito leitoso.
larizador. Com qualquer outra que do. Nunca vou para cachoeiras sem Existem os mais variados mo-
se inicie acima disso, você vai sen- o meu. Escrevo “praticamente”, pois delos disponíveis no mercado, des-
tir falta de grande angular. Caso sua quero acrescentar que boas fotos de pequenos e portáteis até os gran-
câmera seja cropada, busque uma podem ser feitas sem ele. Mas é de- des e difíceis de carregar. A regra é
lente que comece em 10 mm, como le que vou tratar agora. simples: quanto maior e mais pe-
a 10-24 mm ou a 10-18 mm. As len- A principal função é estabilizar a sado, mais estável. Contudo, co-
mo muitas vezes cachoeiras envol-
vem pegar trilhas na floresta, procu-
luísa israel

rei um que coubesse dentro da mo-


chila. Encontrei no tripé Benro Tra-
vel Angel A1350 uma boa solução.
Além de ficar surpreedentemente
pequeno quandro dobrado, suporta
bem uma câmera full frame.

PARÂMETROS
Para que você entenda melhor o
tema, vou separar a fotografia de ca-
choeira em duas categorias: mui-

Vitor Marigo fotografando o Vale


das Andorinhas, na Chapada dos
Veadeiros: tripé ideal deve ser
robusto e leve ao mesmo tempo

36 • Fotografe Melhor no 251


ta luz e pouca luz. Muita luz quer di- fazer fotos de longa exposição no tri- Acima, cachoeira em lugar
zer cachoeiras grandes, com bastan- pé. Por mais que você reduza o ISO, com pouco sol e 1,6s de
te incidência de sol e quedas-d’água feche o diafragma e coloque filtro velocidade; abaixo, cena
em cachoeira com muito
brancas largas. Ótimos exemplos são polarizador, a velocidade alta conti- sol e salto congelado com
as Cataratas do Iguaçu e as cachoei- nua. Para conseguir baixas veloci- velocidade de 1/500s
ras do cerrado. A categoria de pouca dades nesses casos, vou falar mais
luz são as cachoeiras enclausuradas à frente sobre o filtro de densidade
na floresta, em que o sol quase não neutra, o famoso ND.
penetra e o verde-escuro da mata
prevalece, como os pequenos poços COM POUCA LUZ
e as cachoeiras da Mata Atlântica. Em cachoeira com pouca luz o
O grande barato da cachoeira bicho pega e o tripé se torna funda-
com muita luz é que você pode foto- mental. Fica mais fácil conseguir bai-
grafá-la com a câmera na mão, sem xas velocidades e o efeito leitoso. Por
tripé. Use ISOs baixos, entre 100 e outro lado, é muito difícil clicar com a
200, para o máximo de qualidade do câmera na mão. Tendo um tripé es-
sensor e mínimo ruído. O diafrag- tável, a recomendação é a mesma de
ma pode ser mais fechado, entre f/9 sempre: use ISOs baixos, como 100 e
e f/13, para garantir uma maior pro- 200, e diafragmas mais fechados, en-
fundidade de campo, ou seja, a foto tre f/11 e f/16. A velocidade vai ficar
toda em foco, mais nítida. A veloci- entre 2 segundos e 1/5s.
dade acaba ficando alta, entre 1/60s Se você for rebelde e estiver sem
e 1/200s, perfeito para clicar com o tripé, ainda dá para fazer alguma
uma grande angular. coisa. Minha experiência prática me
Também é uma ótima oportu- ensinou que o limite para se foto-
nidade para fotos de esportes em grafar na mão sem tremer com uma
cachoeiras. Rafting, rapel ou sal- grande angular é 1/40s de velocida-
tos funcionam muito bem quando de, com o ideal sendo entre 1/60s ou
há bastante luz. Se precisar de mais 1/80s. Você pode atingir essas veloci-
velocidade, compense subindo um dades aumentando o ISO e abrindo
pouco o ISO e abrindo levemente o um pouco o diafragma. Outra técni-
diafragma. O ideal para congelar o ca que uso quando a velocidade con-
movimento são velocidades como tinua baixa (entre 1/15s e 1/30s) é o
1/500s e 1/1000s. disparo contínuo da câmera, clicando
O único problema em situações uma sequência de seis ou sete fotos.
de muita luz é quando você quiser A maioria vai tremer, mas pode sair

agosto 2017 • 37
5s 1s 1/2s
A diferença do efeito leitoso entre a velocidade de 5s e a de 1/2s é muito pequena, quase imperceptível, como se vê acima

Fotos: itor Marigo


1/10s 1/30s 1/60s
O efeito leitoso na água começa a se perder a partir de 1/10s, com o aumento da velocidade do obturador, como se vê acima

uma foto nítida daí. Não é o ideal, mas xei um minuto de exposição” e qua- fícil para o modelo ficar parado muito
já me quebrou alguns galhos. se chorei. Note que em cachoeiras a tempo. Peça para que ele fique imó-
Cachoeiras cercadas de flores- água se move rapidamente na verti- vel e faça algumas opções para ga-
ta são boas oportunidades para vo- cal, caindo de cima para baixo. Com rantir que uma imagem saia boa. Ca-
cê explorar o enquadramento. Pro- menos de um segundo, você já con- so não haja ninguém no enquadra-
cure por plantas interessantes, ga- segue belos efeitos. mento, recomendo velocidades entre
lhos submersos, folhas secas, pe- Veja a sequência de fotos nes- 1 e 5 segundos de exposição.
dras no fundo do rio e outros ele- ta página. Observe que entre 1/2s
mentos para usar a seu favor. Tente (meio segundo) e 5 segundos a di- OS ESCUROS FILTROS ND
entender o caminho que a água faz. ferença é muito pequena. Ou se- O filtro de densidade neutra (de
Muitas fotos boas contam a história ja, com meio segundo de exposição, Neutral Density, em inglês), as-
do percurso do rio. Não tenha medo você já consegue um bom efeito lei- sim como o polarizador, é colocado
de molhar um pouco o tripé e cuida- toso em cachoeiras verticais. A par- à frente da lente, normalmente por
do para não escorregar. tir de 1/10s e velocidades mais rápi- sistema de rosca. Raramente são
das (1/20s, 1/30s...) é que realmente necessários na fotografia geral, mas
O TAL EFEITO LEITOSO se perde o efeito leitoso. frequentemente são úteis em fotos
Para atingir aquele belo efei- Também é importante se pergun- de paisagem e quando se trata de
to leitoso da água em movimento é tar: estou fazendo uma foto com ou cachoeiras. O objetivo desse aces-
preciso de longas exposições. Mas sem pessoa(s)? Quando há alguém sório é um só: deixar entrar menos
o que ainda não é claro para mui- posando na foto, você precisa usar luz através da lente.
tos é o quão longa a exposição pre- velocidades mais rápidas, como 1/2s Em cachoeiras com muita luz,
cisa ser. Já ouvi gente dizendo “dei- ou no máximo um segundo, pois é di- por mais que a gente feche o dia-

38 • Fotografe Melhor no 251


HDR e tratamento
Comento sempre com alunos
e amigos fotógrafos que o processo
fotográfico só acaba quando você diz
que acaba. No meu caso, a foto fica
pronta apenas depois do tratamento.
Tomo bastante cuidado para nunca
postar nenhuma foto direto da câmera,
pois sempre quero dar uma pincelada
final via Lightroom. Os puristas da
fotografia gostam de trabalhar sem
retoques, resolvendo tudo com a
câmera. Acho válida a ideia, pois nos
força a dominar ao máximo os aspectos
técnicos na hora da captura. No entanto,
se podemos deixar a imagem melhor
depois, por que parar aí?
Ao clicar cachoeiras, você pode
se deparar com situações de alto
contraste de luz, com sombras muito
escuras e brilhos muito claros na
mesma imagem. É o pesadelo do
fotômetro. Se quiser mostrar os
detalhes das sombras, os brancos
vão estourar. Se quiser destacar as
nuvens claras, os pretos vão ficar
escuros demais. Isso ocorre porque
os sensores das câmeras têm apenas
um determinado alcance dinâmico,
um conceito importante de se
entender, já que você pode pedir uma
ajudinha do HDR.
O alcance dinâmico (dynamic
range) é a faixa de luminância que
uma câmara fotográfica consegue
captar – ou os limites dessa faixa. Ou
seja, em algumas situações, o alcance
dinâmico de uma foto não é o suficiente
para retratar toda a informação que
você deseja. É aqui que entra a técnica
do High Dynamic Range (HDR), ou alto
alcance dinâmico. Para obtermos um
bom efeito, é preciso de pelo menos
duas fotos da mesma situação, uma
subexposta, com os detalhes das
partes claras, e outra superexposta,
com os detalhes das sombras.
Para fazer diferentes exposições
Acima, Cachoeira da Régua, em Guapiaçu (RJ), com um atraente efeito leitoso em cachoeiras, você precisa do tripé,
na água; abaixo, exemplo de como o filtro ND escurece uma cena com muita luz já que é importante manter o mesmo
enquadramento. Gosto muito de usar
divulgação

o bracketing da câmera para criar


diferentes exposições, configurando
em três disparos com variação de
2 pontos de diafragma entre eles.
Assim, fico com uma imagem bem
escura, uma média e uma muito clara.
Depois, basta usar um software de
edição de HDR para trabalhar sua
imagem final, ou o Adobe Lightroom,
que já tem seu próprio plug-in.
Mas HDR é que nem vodca: use
com moderação. Gosto de fazer uso
da técnica o mínimo possível, já que
traz mais trabalho e tempo gasto com
edição e tratamento. Seja seletivo e
treine seu olhar para entender bem
as diferentes situações de luz.

agosto 2017 • 39
Fo o raFia de Na ure a

Ao lado, imagem que o filtro ND


e a técnica de HDR deixaram a
imagem com a exposição certa

rosqueado sobre o outro. A ordem


certa é colocar primeiro o ND (por
baixo) e em seguida o filtro polariza-
dor (por cima). Quando for fazer as
contas, lembre-se de somar os dois
filtros. Se o polarizador perde 2 stops
e o ND perde 7 stops, você vai perder
9 stops com os dois juntos.
No mercado existem muitos
NDs que prometem variações en-
tre ND4 e ND400 em apenas um fil-
tro, são chamados filtros ND variá-
veis. Embora sejam baratos e práti-
cos, trazem grande perda de nitidez
e fortes distorções de cores. Não re-
comendo. Para atingir a qualidade

itor Marigo
máxima, use apenas filtros ND fixos.
Por fim, evite clichês e seja cria-
tivo. O simples fato de ter uma água
fragma e abaixe o ISO, muitas ve- segundo) quando coloco o filtro ND. leitosa e uma pessoa na foto não faz
zes a velocidade continua acima do Outra medição que tenho com fre- dela uma boa foto. Busque enqua-
ideal para obter o efeito leitoso. Ao quência em cachoeiras de Mata Atlân- dramentos interessantes, bons ele-
usar um filtro ND com a câmera no tica é algo em torno de 1/15s. Colo- mentos para composição, e oriente
tripé, você pode perder luz suficien- cando o filtro ND, consigo transformar seu modelo a ficar onde você quer.
te para atingir a velocidade e o efei- o clique em 8 segundos de exposição. Lembre-se também de que fotos
to desejados. Veja na tabela nesta pá- Você vai encontrar os termos boas de cachoeira não precisam ser
gina como a velocidade se comporta ND2, ND4, ND8 etc. Para facili- em longa exposição. O efeito leitoso
em relação à variação de stops de luz. tar a compreensão, saiba logo que muitas vezes distancia a imagem da
Tenho um ND200 da Hoya que per- o ND2 perde 1 stop de luz, o ND4 realidade. Uma boa foto de um po-
de aproximadamente 7 stops de luz. O perde 2 stops, o ND8 perde 3 stops, ço feita em 1/50s pode passar mais
que quer dizer que uma foto com mui- o ND16 perde 4 stops, e assim por refrescância e ser mais convidativa a
ta luz nas Cataratas do Iguaçu que es- diante. O filtro pode ser usado em entrar na água do que uma foto feita
tá medindo 1/250s cai para 1/2 (meio conjunto com o polarizador, um com 2 segundos.

Velocidade Com filtro ND – Redução de luz em f-stops


do obturador
sem filtro 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
1/1000 1/500 1/250 1/125 1/60 1/30 1/15 1/8 1/4 1/2 1 2 4 8 15 30
1/500 1/250 1/125 1/60 1/30 1/15 1/8 1/4 1/2 1 2 4 8 15 30 1 min
1/250 1/125 1/60 1/30 1/15 1/8 1/4 1/2 1 2 4 8 15 30 1 min 2 min
1/125 1/60 1/30 1/15 1/8 1/4 1/2 1 2 4 8 15 30 1 min 2 min 4 min
1/60 1/30 1/15 1/8 1/4 1/2 1 2 4 8 15 30 1 min 2 min 4 min 8 min
1/30 1/15 1/8 1/4 1/2 1 2 4 8 15 30 1 min 2 min 4 min 8 min 16 min
1/15 1/8 1/4 1/2 1 2 4 8 15 30 1 min 2 min 4 min 8 min 16 min 32 min
1/8 1/4 1/2 1 2 4 8 15 30 1 min 2 min 4 min 8 min 16 min 32 min 1h 4min
1/4 1/2 1 2 4 8 15 30 1 min 2 min 4 min 8 min 16 min 32 min 1h 4min 2h 8min
1/2 1 2 4 8 15 30 1 min 2 min 4 min 8 min 16 min 32 min 1h 4min 2h 8min 4h 16min
1 2 4 8 15 30 1 min 2 min 4 min 8 min 16 min 32 min 1h 4min 2h 8min 4h 16min 8h 32min

40 • Fotografe Melhor no 251


Brasilio Wille DICAS PROFISSIONAIS
Retratos
no quintal
O fotógrafo Brasilio Wille usa o próprio quintal de
casa para mostrar na prática como produzir fotos
de pessoas com luz natural e recursos simples
POR LIVIA CAPELI

F
otografar pessoas com qualidade profissional nem
sempre significa a necessidade de usar um estúdio,
parafernálias caras e esquemas de iluminação mira-
bolantes. Logicamente, tem como fazer muita coisa
bacana com isso, porém, com a luz natural gratuita e
disponível para todos (e alguns improvisos) é possível
criar retratos e books no próprio quintal ou garagem de casa.
O fotógrafo Brasilio Wille, que também estará no evento
Vivência com Fotografe, colocou em prática sete maneiras di-
ferentes de usar a luz do sol para fotografar uma modelo – e
que você pode aplicar em retratos gerais e ainda em books de
gestantes, crianças, adolescentes e famílias. O experiente fo-
tógrafo usou acessórios básicos, como tecidos, espelhos, re-
batedor e difusor, para criar os sets. Escolheu a objetiva fixa 85
mm e a zoom 28-200 mm, mas lembra que também funciona
se você tiver uma 50 mm ou a 18-135 mm. Confira.

Nesta foto, difusor e luz natural


foram úteis para criar o fundo
branco: elementos simples
podem proporcionar resultados
profissionais, desde que tudo
seja feito com dedicação

agosto 2017 • 43
DICAS PROFISSIONAIS

LUZ DIRETA
E DIFUSA
P ara este set, a parede branca do
quintal foi utilizada como fundo.
O dia em que a produção foi feita al-
ternou entre sol e períodos nublados.
A imagem ao lado foi captada em um
rápido momento em que as nuvens
encobriam o sol. Perceba como as
sombras são mais amenas.
Outro ponto interessante nes-
ta foto é que o piso acinzentado do
quintal serviu como um grande re-
batedor para a cena, reproduzin-
do rebatida de luz neutra na pele
da modelo. O guarda-chuva, além
de ser um item de interação com a
modelo, tornando-se ponto interes-
sante na composição da cena, serviu
também para ajudar a amenizar a
incidência da luz e atenuar as som-
bras no rosto da garota.
A dica de ouro é começar o en-
saio oferecendo à pessoa algo com
que ela possa interagir e que seja in-
teressante para agregar à produção.
As pessoas que não estão acostuma-
das a posar para fotos de nível profis-
sional tendem a ficar mais tímidas no
início do ensaio e vão se soltando no
decorrer da sessão de fotos.

FICHA TÉCNICA

:: Equipamento: Canon EOS 5D


Mark III com objetiva 70-200 mm
:: Exposição: abertura f/5.6, veloci-
dade 1/100s e ISO 100
:: O que foi usado: luz natural do
sol entre nuvens, parede branca e
um guarda-chuva

44 • Fotografe Melhor no 251


Fotos: Brasilio Wille
NA CONTRALUZ DO SOL
E sta imagem é um típico exem-
plo de como tirar proveito da luz
no pico do meio-dia. Aqui a mode-
modelo. A luz do sol incidindo direta-
mente na lente da câmera permitiu
um efeito flaire bem moderado, sem
rebatedor para amenizar as som-
bras na pele da modelo.
Para esse tipo de retrato é preci-
lo foi posicionada em frente ao sol, transformar o resultado em um cli- so ter um fundo neutro, que minimi-
permitindo que a iluminação geras- chê. Veja como a parede branca em ze elementos de distração. Aqui foi
se um impactante contorno no ca- frente a ela, mostrada na foto de usada uma parede com tom neutro
belo e também no casaco peludo da making of, serviu como um grande que o fotógrafo dispunha no quintal
de casa. Porém é possível improvi-
sar fundos neutros até com lençóis.
A brincadeira é desfocar bem o fun-
do. Para isso, basta ajustar um va-
lor de abertura de diafragma am-
plo (f/1.8, f/2.8, f/3.5 ou f/4) e deixar a
pessoa mais distante do fundo.

FICHA TÉCNICA

:: Equipamento: Canon EOS 5D


Mark III com objetiva 70-200 mm
:: Exposição: abertura f/3.5, veloci-
dade 1/500s e ISO 100
:: O que foi usado: luz do sol na
contraluz, parede colorida como fundo
e parede branca como rebatedor

agosto 2017 • 45
DICAS PROFISSIONAIS

lu iNdire a Na soMbra
E sta configuração foi criada a par-
tir de um fundo feito com tecido
usado para revestir sofá. É uma esco-
de roupas, contam com tramas mais
fechadas, o que evita que a luz de trás
escape facilmente para a frente.
desde que você saiba como coorde-
nar as cores e as estampas com a
produção da roupa da pessoa.
lha de improviso para fotografar. Es- Esticado sobre um suporte de Neste exemplo, Brasilio mon-
ses tecidos, além de serem encon- fundo fotográfico de estúdio com a tou o set à sombra, afastando a mo-
trados em dimensões maiores em ajuda de prendedores, o fundo pro- delo cerca de 2 metros do fundo pa-
relação aos tecidos para fabricação porcionará um resultado agradável ra ajudar no desfoque traseiro da ce-
na. Veja na foto de making of que há
uma parede branca na lateral direita.
Ela foi usada para rebater a luz do sol
na pele e uniformizar as sombras na
modelo retratada.

FICHA TÉCNICA

:: Equipamento: Canon EOS 5D


Mark III com objetiva 70-200 mm
:: Exposição: abertura f/3.5, veloci-
dade 1/320s e ISO 100
:: O que foi usado: luz natural
na sombra, parede branca como
rebatedor, suporte de fundo, tripés,
prendedores e tecido estampado
próprio para revestimento de sofá

46 • Fotografe Melhor no 251


Fotos: Brasilio Wille

lu aMbieN e e FuNdo Na soMbra


A qui há outro bom exemplo de
como improvisar um fundo fo-
tográfico com materiais não conven-
to de contorno agradável nos cabe-
los da garota. Em frente ao set mon-
tado no quintal, existe uma parede
cionais e fáceis de serem encontra- branca, que ajudou a refletir a luz do
dos. Uma arara tubular de roupas sol no rosto da modelo, tornando as
substituiu perfeitamente um supor- sombras mais suaves na pele dela.
te de fundo fotográfico e serviu para
esticar, com a ajuda de pregadores,
um tecido antigo que o fotógrafo re-
ciclou usando tinta e esponja. FICHA TÉCNICA
A arara e o tecido foram coloca-
dos propositalmente à sombra, en- :: Equipamento: Canon EOS 5D
quanto a modelo se posicionou a um Mark III com objetiva 85 mm
metro e meio de distância do fun- :: Exposição: abertura f/2, veloci-
do, o que fez surgir desfoque junto dade 1/1.250s e ISO 100
ao uso de um diafragma mais am- :: O que foi usado: luz natural com
plo. A foto foi feita num momento o fundo à sombra e a modelo na
em que a luz do sol chegava suave- contraluz do sol; tecido reciclado
mente por trás da modelo, permitin- e arara de roupas
do que a contraluz gerasse um efei-

agosto 2017 • 47
DICAS PROFISSIONAIS

FICHA TÉCNICA

:: Equipamento: Canon EOS 5D


Mark III com objetiva 85 mm
:: Exposição: abertura f/2.8,
velocidade 1/500s e ISO 100
:: O que foi usado: luz do sol,
arara de roupas, tecido estampado
para revestir sofá e difusor

LUZ DO SOL DIFUNDIDA


N esta configuração de luz, mais
uma vez o fotógrafo usou arara
de roupas como suporte. Outro teci-
da cena para amenizar a luz inciden-
te na pele da modelo. Brasilio optou
pelo difusor translúcido, denominado
O pulo do gato em sessões foto-
gráficas com pessoas é ter a manha
para fazer uma boa direção. A em-
do para revestir sofá foi utilizado pa- de retangular pela Mako, acoplado a patia entre fotógrafo e fotografado
ra servir de fundo. Já a modelo ficou um tripé. Contudo, o fotógrafo diz que é muito importante para um resul-
posicionada a aproximadamente um você pode improvisar um difusor com tado de nível profissional. Ao deixar
metro e meio de distância dele para um bom pedaço de tecido de voal co- a pessoa à vontade e com coman-
ajudar no desfoque. locado em uma estrutura para que dos certos, é possível extrair expres-
Com a luz do sol próxima das 15h, permaneça esticado. Lembre-se de sões mais espontâneas e ter fotos
foi preciso lançar mão de um difu- que quanto maior o difusor, mais ele mais impactantes. Estude o assun-
sor posicionado na lateral esquerda interferirá na cena. to e pratique bastante.

48 • Fotografe Melhor no 251


Fotos: Brasilio Wille

LUZ SUAVE E USO DE ESPELHOS


U ma alternativa simples e bem
interessante para variar nas fo-
tos feitas em externa é usar o refle-
interessante é imprimir uma pala-
vra ou desenho e recortar como se
fosse uma máscara e colocar dian-
projetado na barriga de uma grávida.
Por outro lado, esse recurso exi-
ge a ajuda de um assistente para dire-
xo de um espelho para criar efeitos te do espelho para que reflita em al- cionar a luz refletida do espelho. É ne-
em fotos de pessoas. Quanto mais guma parte do corpo da pessoa. Al- cessário ainda que a pessoa fotogra-
variado o formato do espelho, mais guns exemplos: um coração para en- fada esteja em uma área de sombra
heterogêneo fica o efeito. Uma ideia saio de um casal ou o nome do bebê para que o resultado seja preciso, co-
mo mostrado neste exemplo feito por
Brasilio. Lembre-se de que é preci-
so cuidar para que o reflexo não inci-
da diretamente nos olhos da pessoa.
Se for preciso, é válido pedir para que
ela feche os olhos suavemente duran-
te a sessão. Isso também pode gerar
expressões bem bacanas.

FICHA TÉCNICA

:: Equipamento: Canon EOS 5D


Mark III com objetiva 70-200 mm
:: Exposição: abertura f/3.5, veloci-
dade 1/3.200s e ISO 100
:: O que foi usado: sombra
e espelho para refletir luz

agosto 2017 • 49
DICAS PROFISSIONAIS

FICHA TÉCNICA

:: Equipamento: Canon EOS 5D


Mark III com objetiva 85 mm
:: Exposição: abertura f/2.8,
velocidade 1/320s e ISO 100
:: O que foi usado: luz do sol,
Fotos: Brasilio Wille

difusor e rebatedor

DIFUSOR USADO PARA FAZER FUNDO


A técnica de usar o difusor como
fundo cria uma luz suave e não
direcional no rosto. É ótima para ser
sor, dá para utilizar algo que difunda
a luz atrás da pessoa, como um teci-
do de voal ou mesmo uma cortina.
O fotômetro da câmera vai ten-
tar pregar uma peça no fotógrafo,
lendo a luz que vem de trás e subex-
usada em pessoas de qualquer ida- O difusor deve ser posicionado pondo o modelo. Para corrigir isso,
de e gênero, pois não marca mui- entre a fonte de luz e o retratado, e é preciso medir a luz na pele do fo-
to a pele – além de criar um brilho um rebatedor branco ou prata deve tografado. Fora isso, para alcançar
atraente no cabelo do fotografado e ser colocado em frente à pessoa, di- a exposição correta, haverá perda
proporcionar um fundo 100% branco. recionando a luz para o rosto. Aqui de detalhes na parte de trás da ce-
Deve ser realizada com uma luz vin- Brasilio usou a própria parede bran- na, mas a ideia é que isso aconteça,
da de trás (aqui, o sol). Além do difu- ca do quintal como rebatedor. pois o fundo é branco.

50 • Fotografe Melhor no 251


Shutterstock DICAS TÉCNICAS

52 • Fotografe Melhor no 251


Use linhas, ForMas,
textura e esPaço Para

acertar na
composição
O grande objetivo de uma foto é chamar a atenção do
observador. Por isso, todos os recursos devem ser usados
para atingir essa meta. Conheça alguns deles
Por José de AlmeidA

E
xceto em casos de flagrantes ou textura são artifícios que podem ser apro-
em algumas coberturas de fotojor- veitados em várias situações.
nalismo, pensar na composição de O ideal é que o fotógrafo passe a obser-
uma cena é o primeiro passo pa- var com mais atenção elementos que pos-
ra que a imagem captada chame sam agregar valor ao seu olhar, pois qua-
a atenção do observador. Além de se tudo ao redor pode ser fotografado e re-
harmonizar os elementos no quadro com presentado por uma imagem. Em muitos
base em regras para compor (veja na edi- casos, a composição com linhas, formas e
ção 250), outros recursos podem ser usa- texturas pode ser a base para referências,
dos para que a foto seja algo mais próxi- como a regra dos terços ou o rácio de Fibo-
mo de uma manifestação artística, e não nacci (conforme explicado na edição 250),
um simples registro. Linhas, formas, fun- excelentes alternativas para a organização
do, iluminação, espaço, profundidade e de elementos no quadro fotográfico.

A textura da água e as linhas no


fundo da piscina foram usadas
nesta tomada do alto para uma
composição equilibrada, que
atrai o olhar do observador

agosto 2017 • 53
DICAS TÉCNICAS

Linhas convergentes não são a


regra em fotos de arquitetura,
mas podem ser usadas em
composições mais artísticas

OLHO NAS LINHAS


Linhas horizontais, verticais, dia-
gonais, curvas, convergentes ou de
intersecção são comumente usa-
das na fotografia, mas nem sempre
o fotógrafo presta a devida atenção
a elas para usá-las como elemen-
to de composição. Fotógrafos espe-
cializados em imagens de arquitetu-
ra são os que mais usam linhas no
momento de compor, pois apresen-
tá-las de forma correta (sem con-
vergência excessiva), equilibrada e
criativa faz parte do desafio de re-
presentar uma obra arquitetônica,
externa ou internamente.
Os desenhos primitivos, feitos em
cavernas, partiam de linhas, pois é a
maneira mais simples de represen-
tação, assim como os primeiros es-
boços infantis, em que o corpo hu-
mano é reduzido a um conjunto de li-
nhas e um círculo, que representa a
cabeça. Na fotografia, saber usar as
Fotos: Shutterstock

linhas, reais ou virtuais (como as que


demarcam a regra dos terços), é cru-
cial para conduzir o olhar do observa-
dor pelo quadro fotográfico e desta-
car o objeto mais importante da cena.
O próprio quadro fotográfico é li-
mitado por duas linhas horizontais
e duas verticais paralelas. As linhas
horizontais estão ligadas a conceitos
de continuidade, equilíbrio, estabili-
dade e tranquilidade. Já as verticais
passam a sensação de força e con-
vicção e, de certa forma, estão rela-
cionadas à espiritualidade e à reli-
giosidade ao remeterem a uma co-
nexão entre a terra e o céu.
A sensação de energia, ação e di-
namismo pode ser explorada nas li-
nhas diagonais. Apesar do limite bidi-
mensional da fotografia, as diagonais
reforçam uma sensação de tridimen-
sionalidade. Já as linhas convergen-
tes rementem à ideia de potência, dis-

Ao lado, linhas, formas e espaço


usados magistralmente em uma
foto de cunho institucional

54 • Fotografe Melhor no 251


Aqui, as curvas e os arcos da escada
em caracol ganharam um aspecto
surreal graças a uma composição
estudada milimetricamente

tância, escala, altura e de encontro em


um ponto longínquo, como nos trilhos
de uma estrada de ferro, que parecem
terminar no mesmo lugar quando vis-
tos na linha do horizonte.
As linhas de intersecção são os
cruzamentos das verticais com hori-
zontais ou diagonais. Tanto na regra
dos terços quanto no rácio de Fibo-
nacci é possível compor a cena com
base em intersecções, também cha-
madas de ponto de ouro. O rácio de
Fibonacci (ou proporção áurea) ain-
da conta com linhas em espiral pa-
ra o equilíbrio de elementos no qua-
dro fotográfico. Parte dessa espiral,
baseada no design de elementos da
natureza, pode ser vista em curvas e
arcos, que promovem um dinamis-
mo sutil à imagem captada.

Linhas diagonais e convergentes


apontam para o horizonte e dão
uma noção de escala na imagem

agosto 2017 • 55
Fotos: Shutterstock DICAS TÉCNICAS

As silhuetas em contraluz
são o jeito mais comum
EXPLORE A FORMA reto da luz, da objetiva, do ângulo e da ma-
Dar mais atenção às formas pode ser neira como o fotógrafo compõe o quadro.
de trabalhar com as
formas; abaixo, forma uma maneira de driblar o limite bidimen- Esse cuidado é fundamental para passar
e textura se unem em sional na fotografia. O contorno dos ele- a sensação de tridimensionalidade, esca-
uma foto de culinária mentos deve ser ressaltado com o uso cor- pando de planos achatados, espaços mal
resolvidos e composição desorganizada.
Um fundo simples, que destaque o te-
ma no primeiro plano, sem distrações ou
distorções, é um dos truques mais co-
muns para conseguir valorizar as formas
de um elemento. Um dos temas mais cor-
riqueiros para esse efeito são as silhuetas.
O escuro em contraponto ao claro, com
formas que possam ser identificadas, é de
extrema eficiência para atrair o olhar do
observador. Basta uma boa composição.
Contudo, o jogo de primeiro e segundo
planos precisa ser mais equilibrado quan-
do o tema não é apenas um elemento pre-
to (ou bem escuro) na contraluz, como a
silhueta. Nesse caso, entra a iluminação,
que deve fazer com que as formas do te-
ma pareçam tridimensionais. Cabe ao fo-
tógrafo trabalhar com o contraste de for-
ma controlada, para que as sombras au-
xiliem na definição do tema ou mostrem a

56 • Fotografe Melhor no 251


Em trabalhos de nu artístico, a manipulação da luz, com o
jogo de claro/escuro, destaca as formas do ser humano

sua posição no cenário. O recurso do


claro/escuro vem da pintura renas-
centista italiana, tendo em Leonardo
da Vinci um pioneiro e em Caravag-
gio um grande mestre. Outra ótima
referência para fotógrafos que se in-
teressam pelo tema é o pintor ho-
landês Johannes Vermeer.

TEXTURA DEPENDE DA LUZ


A posição da luz é fundamental
quando a composição trabalha com
textura. Sem isso, o detalhe, princi-
pal atrativo desse tipo de imagem,
não é valorizado. Linhas e formas
podem ser exploradas em uma tex-
tura com objetiva macro ou tele (ou
outra lente) que consiga uma dis-
tância de foco curta para capturar
closes significativos. Ao usar esse
recurso, o controle de profundidade
de campo pode ser valioso quan-

A textura da folha e as formas das


gotas dão um caráter de arte a uma
imagem simples feita em macro

agosto 2017 • 57
DICAS TÉCNICAS

Fotos: Shutterstock
Parece arte abstrata, mas são texturas rochosas banhadas de luz encontradas no Antelope Canyon, no Arizona, EUA

do se trabalha com foco seletivo, ou composição. A exploração da textura ESPAÇO A SER OCUPADO
seja, focalizar apenas uma peque- muitas vezes remete a uma imagem Quando o fotógrafo define o te-
na porção do detalhe e deixar o res- abstrata, em que o que importa é o ma, precisa também pensar no es-
to desfocado. efeito que se obtém com a variação paço que ele ocupará no quadro fo-
Superfícies ásperas geralmen- de cores e desenhos formados ale- tográfico. Há uma série de fatores
te pedem uma luz direta e forte que atoriamente. A boa composição des- que definem isso: a distância da len-
ressalte, por exemplo, os veios de ses elementos é que atrairá o olhar. te com relação ao objeto, o ponto de
uma rocha, as estrias de uma folha,
os nós de uma tábua de madeira ou
a rugosidade de uma casca de ár-
vore. Também é possível usar uma
luz lateral para destacar rugas de
um rosto, a sinuosidade de um con-
junto de dunas ou as saliências de
um rochedo.
Já o claro/escuro pode ser apro-
veitado em condições de luz mais
baixa e abrangente para provocar
contrastes fortes entre áreas ilu-
minadas e à sombra, como o inte-
rior de uma caverna, folhas secas
amontoadas, a palma de uma mão
em close ou um velho e rústico por-
tão de tábuas de madeira.
Mesmo as superfícies lisas, co-
mo metal e vidro, podem ter a tex-
tura explorada em macro ou em clo-
se com reflexos bem posicionados na A composição minimalista explora espaço, formas, textura e linhas nesta imagem

58 • Fotografe Melhor no 251


vista, o ângulo de visão da objetiva...
Fotografar uma paisagem é muito
diferente de fazer um retrato, e ca-
da tema ocupa o seu espaço no vi-
sor. É função do bom fotógrafo tor-
nar essa ocupação a mais organiza-
da e atraente possível para os olhos
do observador.
Geralmente, o que muita gen-
te faz é ocupar o máximo de espa-
ço com elementos. No entanto, em
muitos casos, a melhor solução seria
o contrário: cortar elementos e tra-
balhar com espaços vazios. Menos é
mais em várias formas de fotografar,
e a sobra de espaço, usada com cria-
tividade, pode gerar efeitos interes-
santes, como o de profundidade, am-
plitude e tridimensionalidade, e sen- Forma dos objetos e desfoque seletivo são recursos para atrair o olhar
sações que o observador poderá per-
ceber, como abandono, melancolia, rá bem desfocado e o primeiro pla- Tudo que os olhos podem ver é te-
limpeza, falta de hospitalidade, tran- no terá mais importância. Com um ma da fotografia – e até o que não é
quilidade, elegância, minimalismo... diafragma bem fechado (como f/16), visto, como em imagens feitas com
Uma forma de destacar um ele- primeiro plano e plano de fundo es- supermacros ou com superteles ou
mento de outro é usar a relação es- tarão nítidos, gerando a sensação telescópios. Basta uma simples pe-
pacial entre eles na composição. A de tridimensionalidade. Com uma dra molhada à beira de um riacho, por
distância entre esses elementos e a teleobjetiva, o efeito é o contrário: o exemplo, para resumir uma imagem
posição que cada um ocupa podem tema parecerá mais próximo do que com linhas retas e curvas, formas e
ser exploradas pelo fotógrafo de ma- realmente está. O efeito provocado contornos, relação espacial, texturas
neira a torná-la indefinida, ou seja, o pelo ajuste de diafragma mais aber- áspera e lisa. É missão do bom fotó-
observador pode ter a sensação de to (desfoque) ou mais fechado (niti- grafo tirar da simplicidade uma ima-
que estão próximos quando na ver- dez) permanece, mas há a sensação gem atraente, em que a composição
dade estão mais distantes do que de que a cena foi comprimida, per- de todos os elementos chame a aten-
se imagina ou ao contrário. Quando dendo a profundidade. ção do observador.
bem composta, essa ambiguidade
força o observador a visualizar a ima-
gem com mais atenção, pois ela foge
do lugar-comum, principalmente se
o ângulo de captura for ousado.
O controle da profundidade de
campo e o uso de determinadas
distâncias focais podem se consti-
tuir em técnica eficaz para criar ce-
nas ambíguas, que atraem de ime-
diato o olhar de quem vê a imagem.
Com uma objetiva grande angular,
é possível enquadrar uma cena em
que, aparentemente, o tema este-
ja mais longe do que realmente es-
tá. Com um diafragma bem aberto
(como f/1.4), o plano de fundo fica-

A simplicidade de uma pena


caída na água resume os
vários recursos que podem
ser usados na composição

agosto 2017 • 59
Ne cios Fo o raFia

Expert em fotopublicidade, Richard Cheles pretende mostrar ao vivo como fazer esta foto no evento Vivência com Fotografe

uia Para sobre i er No Mercado de


fotografia publicitária
O fotógrafo Richard Cheles, que estará no evento Vivência com
Fotografe, fala sobre como superar os desafios no mercado de
publicidade e mostra alternativas para driblar tempos de crise
Por LIVIA CAPELI

U
m segmento sofreu mais do que os vida de um fotógrafo publicitário virou um su-
outros quando a era digital na fotogra- plício. Mas há exceções. Uma delas é Richard
fia se consolidou: o publicitário. Gran- Cheles, fotógrafo autodidata com 14 anos
des nomes da área, que outrora eram de experiência na área e que recentemen-
pagos a peso de ouro, viram os traba- te inaugurou um novo estúdio, com 400 m2,
lhos minguarem e os valores de re- em São Caetano do Sul, na Grande São Pau-
muneração baixarem radicalmente. Muitos lo. Cheles, 37 anos, diz que ainda existe bas-
estúdios fecharam, câmeras de médio for- tante trabalho no mercado. Entretanto, os or-
mato da era do filme (como a icônica Hassel- çamentos vêm sofrendo uma forte redução.
blad) passaram a decorar prateleiras de lojas Há muitos profissionais disputando o mesmo
de equipamentos usados a preços convidati- espaço, fazendo com que o cliente busque os
vos e o glamour do setor virou fumaça. Adi- que oferecem preço mais atrativo.
cionando a isso a atual crise na economia, a “De fevereiro de 2017 em diante perce-

62 • Fotografe Melhor no 251


Fotos: richard cheles

Cheles, que já foi designer gráfico, está no mercado de fotografia há 14 anos e dá dicas de estratégias contra a crise

agosto 2017 • 63
Ne cios Fo o raFia

Muitas vezes, uma foto publicitária


precisa ter cada elemento
fotografado separadamente...

bi certa aquecida no volume de tra-


balho aqui no estúdio. Porém os or-
çamentos continuaram módicos. As
melhoras vieram do segmento de
alimentação, como fotografia para
embalagens de congelados, prin-
cipalmente as de frango e de bata-
ta frita, além de muitos cliques pa-
ra lançamentos na área de chocola-
tes”, comenta Cheles.

SEMPRE ALERTA
Uma das medidas adotadas por
Cheles para manter o estúdio sem-
pre ativo na captação de novos tra-
balhos é a ação do contato constan-
te com o cliente. “Isso evita que ele
suma de vista e que o fotógrafo caia
Em tempos turbulentos, é importante manter uma rede de contatos na área no esquecimento”, ensina. Ligar,
de publicidade e fazer com que seus trabalhos possam ser sempre vistos mandar mensagem, fazer uma visi-

64 • Fotografe Melhor no 251


Fotos: richard cheles
... por isso é necessário
manter parceiros para ajudar
nas fusões das imagens

ta quando possível e mostrar um no-


vo trabalho são estratégias simples,
mas eficientes, para ser lembrado, O setor de alimentação
assegura ele. foi o que mais trouxe
Vale recordar que o termo “clien- novos trabalhos ao
te” não se refere apenas ao compra- estúdio de Richard
Cheles, principalmente
dor final de uma foto. Agências de
na área ligada a
publicidade são o maior foco, porém congelados e chocolates
ilustradores, designers 3D, produto-
ras, maquiadores, modelos e retou-
chers (tratadores de imagens) de-
vem ser vistos como parceiros, tanto
para ajudar a fazer as coisas acon-
tecerem quanto para ser aliados im-
portantes de uma rede de contatos.
Um cliente pode chegar por meio
de um ilustrador, que pode precisar de
uma imagem. É aí que o fotógrafo en-
tra na história. Cheles diz que a regra
de ouro é ser o tipo de parceiro que vo-
cê gostaria de ter.
O fotógrafo recomenda começar
uma rede de contatos partindo da
própria região onde você mora, pro-

agosto 2017 • 65
Ne cios Fo o raFia

Imagens divulgadas por influenciadores de opinião, como


blogueiros, é uma divulgação que pode ser feita com parcerias

curando agências pequenas e mé- Um simples retrato de família pode ca que essas pessoas precisam ser
dias, assim como parceiros. A ideia é levar a um trabalho maior. Alguém ricas financeiramente, e sim abas-
incluir na rede contatos desde pes- naquela foto pode ser dono de um tadas de sabedoria”, diz o fotógrafo.
soas que possam ter participado de negócio e um dia precisar de um fo- Parcerias com influenciadores da
um curso com você até donos de es- tógrafo para fazer publicidade. mídia, como blogueiros e personali-
tabelecimentos comerciais. “Uma dica de sucesso é procurar dades, são outra estratégia interes-
Ninguém deve ser menospreza- se cercar de pessoas vencedoras, e sante de exposição para o fotógrafo,
do, assim como nenhum trabalho. que são referências. Isso não signifi- desde que a postagem seja feita pelo
formador de opinião e que a troca seja
saudável para ambas as partes.

MOEDA DE TROCA
Com a crise afetando todos os
segmentos da economia, as tran-
sações por meio de permuta têm
atraído cada vez mais interessados.
Além de manter os negócios aque-
cidos, esse sistema de pagamen-
to via troca pode conquistar clien-
tes, assim como ser um diferencial
na área de fotografia para a aber-
tura de novos negócios, já que as
pessoas podem usufruir do servi-
ço e depois se tornar consumidores
efetivos do trabalho, pagando futu-
ramente em dinheiro.
Mas há uma questão: vou tro-
car meu serviço de fotografia com
o quê? A série de possibilidades é
Novos nichos de mercado, como o de cervejas artesanais, podem ser explorados grande: para adquirir produtos e ser-

66 • Fotografe Melhor no 251


viços para o estúdio, como impres-
são, produtos de papelaria, material
de limpeza, entregas, logística e pu-
blicidade da sua empresa. E também
o fotógrafo pode reverter isso para
benefícios pessoais ao usar os crédi-
tos adquiridos. “Fiz parceria com res-
taurante e até um salão de cabelei-
reiro, trocando imagens por cortes de
cabelos tanto para mim quanto para
a minha mulher e filha”, diz Cheles.
Para realizar a troca de serviços
é necessário certo critério: primeira-
mente é importante que a proposta
de permuta seja previamente avalia-
da. Os valores praticados devem es-
tar de acordo com o mercado, assim
como os prazos e as condições da
venda. O fruto da permuta deve ter a
mesma qualidade de algo adquirido
em dinheiro, assim como o valor, pois
é algo que se “paga” por ele, mesmo
que não seja em moeda vigente.

OUTROS RECURSOS
Richard Cheles lembra que as
turbulências econômicas atualmen-
te vividas no Brasil não fazem parte
do cenário do exterior. É aí que mui-
tos fotógrafos de publicidade preci-
sam enxergar no mercado externo
novas possibilidades de negócios.
Uma maneira de atrair parceiros
e clientes estrangeiros é ter uma
conta na rede virtual de relações

Fotos: richard cheles


profissionais, o Behance Network
(www.behance.net). A rede permi-
te de maneira simples e sem custo
que profissionais da área criativa de
diversas partes do mundo (como de-
signers gráficos, ilustradores e fotó-
grafos) se conectem.
Com uma conta no Behance é
possível trocar avaliações, buscar
referências e procurar emprego
em grandes empresas. Cheles es-
clarece que é um canal que permite
visibilidade. Contudo, é preciso ter
trabalhos impactantes para postar
e nivelar-se aos outros usuários.

O fotógrafo Richard
Cheles produz fotos para
a divulgação de Matheus
Donaire, campeão
de fisiculturismo

agosto 2017 • 67
Ne cios Fo o raFia

Fotos: richard cheles


Clientes da área institucional, como a rede hospitalar acima, também fazem parte do trabalho na fotopublicidade

“Vale a pena postar making ofs, tex- ilustradores e retouchers interessa- tante ter sempre um site atualizado,
turas, imagens do antes e depois e dos em trabalhar com minhas fotos um investimento no Google AdWor-
usar o recurso para criar coleções e estou avaliando”, conta. ds, uma conta no Instagram e uma
de referências. Outro uso é captar Além da rede de relacionamen- Fanpage. Fora isso, o bom e velho
parceiros. Já recebi propostas de tos, o especialista diz que é impor- portfólio impresso ainda é parte es-
sencial da estratégia. Com a explo-
são de ofertas de álbuns fotográficos
no mercado, eles são boas opções
Fotógrafo é embaixador da marca Sony para quem deseja algo sofisticado e
do Grande ABC e São Paulo, atendendo
versátil para apresentar aos clientes.
Autodidata com 14 anos de
experiência, o ex-designer gráfico Richard também a clientes de outros Estados, A dica de Cheles é preparar algo
Cheles, 37 anos, mantém um estúdio tanto em estúdio ou viajando até eles. com fotos de qualidade, mesmo que
próprio em São Caetano do Sul, na Grande Cheles inaugurou recentemente um sejam poucas: é melhor ter uma fo-
São Paulo. Especializado em fotografia novo estúdio com área de 400 m2. Lá,
são produzidas imagens de splashes, to impactante do que 20 medianas.
de publicidade, ele tem como clientes
várias agências de publicidade e empresas culinária, produtos complexos, joias, “Peça a ajuda de alguém com uma
entre outros. Além disso, ele ministrou boa percepção para ajudar na esco-
aulas de Fotografia no Pronatec, lha das fotos. E evite mostrar mui-
programa do governo federal em São
Caetano, e dá diversas palestras. Em tas fotos da mesma sessão. Menos
2017 recebeu um convite da Sony para é sempre mais”, recomenda.
ser um dos embaixadores da marca no Em momentos de crise, é preciso
Brasil ao lado de outros grandes nomes
da fotografia. Também foi convidado pela
menos lamentação e mais ação, diz
Editora Europa para palestrar no evento Cheles. Deve-se investir em aprendi-
Vivência com Fotografe – ele mostrará zado técnico, ler livros e revistas para
ao vivo como produzir uma foto de se manter atualizado e aprender coi-
comida para uma campanha publicitária.
Para saber mais sobre o fotógrafo, sas novas, sempre. A fotografia publi-
acesse: www.rcheles.com.br. citária sofreu uma forte retração, mas
não acabou. O mercado está aí.

68 • Fotografe Melhor no 251


TESTE
DSLR

A EOS 77D difere da


Rebel T7i em alguns
recursos, no LCD
superior e em alguns
botões no corpo

Canon EOS 77D


uMa básica coM boas habilidades
Por DIEGO MENEGHETTI

A
Modelo APS-C EOS 77D é uma câmera dire- com tecnologia Dual Pixel AF (que fo-
de 24 MP filma cionada a um público entusias- caliza em live view de maneira rápida
em full HD, tem ta e que, na linha da Canon, se e precisa), monitor de 3 polegadas ar-
situa entre a Rebel T7i (anun- ticulado e sensível ao toque, flash em-
monitor articulado ciada no mesmo dia) e a EOS butido, conexão Wi-Fi e capacidade de
e touchscreen, 80D (lançada em 2016). Em al- filmar em full HD. As diferenças ficam
conexões Wi-Fi e guns mercados, ela também leva o no-
me de EOS 9000D, o que ajuda a enten-
nos detalhes, que podem até dificultar
a escolha por uma delas...
Bluetooth embutidos e dê-la como a real sucessora da Rebel A 77D difere pouca coisa da T7i (tal-
um corpo compacto, T6s, chamada de EOS 8000D em alguns vez fosse melhor chamá-la de T7s).
países. Essa bagunça nos nomes se re- Elas têm um corpo bem compacto,
de boa pegada, mas flete nas especificações das câmeras: com ótima pegada, mas não tão resis-
não tão resistente todas elas têm sensor APS-C de 24 MP tente quanto a 80D (a única com prote-

70 • Fotografe Melhor no 251


Visitante fotografa escultura de
bambu, feita pelo artista japonês
Chikuunsai IV Tanabe, na Japan
House em São Paulo (SP)

ção contra umidade e poeira). O pai-


nel LCD superior da 77D traz infor-
mações completas da exposição e é
uma boa adição em relação à linha
Rebel. A mesma coisa ocorre com
o botão AF-ON, disponível na 77D e
em modelos mais avançados.
No teste de Fotografe, um aspec-
to que decepcionou um pouco foi a
carga da bateria da 77D, que poderia
ser maior. Ela é suficiente para o uso
em fotografia (faz em torno de 600
disparos sem uso do live view), mas
acaba rapidamente quando a câmera
grava vídeos (dá para filmar cerca de
15 minutos com uma carga comple-
ta). Para fotógrafos mais exigentes, o

50 mm, iso 4.000, 1/60s, f/4.5


visor da 77D (pentaespelho) também
deixa a desejar, pois tem cobertura li-
mitada a 95% do quadro.
Em qualidade de imagem, por
outro lado, a 77D cumpre o seu pa-
pel, fotografando com ruído digital
aceitável até ISO 3.200 e uma fideli-
dade cromática que fica na média de
outras câmeras da Canon. No modo Abaixo, interior da Catedral Nossa Senhora do Paraíso, em São Paulo (SP),
de vídeo, infelizmente, não há opção fotografada com a Canon EOS 77D em ISO 1.600, com pouco ruído na imagem
de compactação ALL-I, apenas IPB
– que é cerca de três vezes maior.
O disparo contínuo de 6 imagens
por segundo na 77D é suficiente pa-
ra a maioria dos usos, assim como o
autofoco, baseado em 45 pontos AF
(a Rebel T6s tem apenas 19 pontos).
O autofoco pelo monitor, em foto ou
vídeo, continua muito bom.
A 77D chega a superar a 80D em
alguns aspectos, como no processa-
dor Digic 7 (mais recente), que viabi-
liza memória buffer para até 27 ar-
quivos RAW consecutivos (ou 190
JPEG); na sensibilidade, que chega a
ISO 25.600 (expansível até 51.200); e
na exclusiva conexão Bluetooth LE.
A avaliação do custo-benefício é
relativa ao perfil do fotógrafo. A 77D
custa US$ 900 (no exterior, apenas
o corpo), pouco mais que a T7i, que
sai por US$ 750. Não há previsão de
quando elas chegarão oficialmente
ao mercado brasileiro.
18 mm, iso 1.600, 1/40s, f/4

agosto 2017 • 71
TESTE
DSLR
CONEXÕES LATERAIS
As entradas para controle
remoto e microfone ficam MODOS DE OPERAÇÃO
sob tampas separadas das O disco de seleção tem
conexões HDMI e USB opções padrão de cenas
e filtros criativos, mas
nenhum personalizado

MONITOR ARTICULADO
A tela sensível ao toque
não traz novidades, tem
boa definição e resposta
rápida ao comando

LCD SUPERIOR
Esse item é bem-vindo,
aproximando a câmera
dos modelos mais
avançados da Canon

CARTÃO SOLITÁRIO
A EOS 77D tem apenas
uma entrada para
cartões de padrão SD

72 • Fotografe Melhor no 251


TESTE
DSLR
A conexão sem fio
ESPECIFICAÇÕES possibilita controle por
aplicativo, transferência
:: Sensor: APS-C (22,3 x 14,9 mm) de 24 MP de arquivos entre
:: Resoluções: 6.000 x 4.000 px (24 MP RAW câmeras, impressão
ou JPEG), 3.894 x 2.656 (11 MP JPEG), 2.976 remota e acesso a
x 1.984 px (5,9 MP JPEG), 2.400 x 1.600 px serviços on-line
(3,8 MP JPEG)
:: Monitor: touchscreen articulado de
3 polegadas (1,04 MP)
:: Visor: pentaespelho, com cobertura de 95%,
magnificação de 0,82x
:: Cartão de memória: 1 entrada, SD/
SDHC/SDXC (UHS-I)
:: Objetiva: encaixe Canon EF-S/EF
:: Processador: Digic 7
:: Arquivos: JPEG, RAW, JPEG + RAW
:: Perfis de cor: sRGB, Adobe RGB
:: Sensibilidade ISO: auto, 100 a 25.600
(expansão para 51.200)
:: Equilíbrio de branco: automático
(prioridade de ambiente ou de branco), luz do
dia, sombra, nublado, tungstênio, fluorescente
branco, flash ou personalizado
:: Velocidades: 1/4000s a 30s
:: Flash embutido: número-guia 12
:: Sincronismo de flash: 1/200s
:: Autofoco: 45 pontos
:: Medição de luz: matricial, parcial,
ponderado ao centro ou pontual
:: Modos de exposição: automático (com Interface do
ou sem flash), manual, prioridade de abertura, aplicativo para iOS:
prioridade de velocidade, programa, criativo auto, controle completo
cenas (11 tipos), filtros criativos (10 tipos) das configurações
:: Disparos contínuos: 6 ims da câmera, com boa
resposta na rede
:: Alimentação: bateria LP-E17 (600 disparos) Wi-Fi gerada pela
:: Conexões: USB 2.0, mini-HDMI, microfone, própria câmera
controle remoto, Wi-Fi 802.11b/g/n + NFC,
Bluetooth LE
:: Dimensões: 131 x 100 x 76 mm
:: Peso: 540 gramas
Uma câmera conectada
VÍDEO
:: Resoluções: 1.920 x 1.080 px (full HD, A ssim como a Rebel T7i e ou-
tras tantas câmeras recentes,
a EOS 77D tem conexão Wi-Fi nati-
de smartphone ou tablet (no caso, o
Canon Camera Connect, para iOS
ou Android, que substituiu o anti-
59.94p, 29.97p, 23.98p), 1.280 x 720 px (HD,
59.9p, 29.9) e 720 x 480 (VGA 29.9p) va, compatível com o protocolo NFC. go EOS Remote). No teste de Fo-
:: Taxa de quadros: 30p, 25p, 24p (4K), 60p, Ela também traz a opção de co- tografe, a conexão mais estável e
50p, 30p, 25p, 24p (full HD), 60p, 50p (HD) nexão via Bluetooth LE – ambas de melhor desempenho foi via Wi-
:: Compactação: IPB (30 Mbps em full HD são caminhos possíveis para co- -Fi gerado pela própria câmera –
24 fps), IPB Light (12 Mbps em full HD 30 fps) nectar a câmera a dispositivos co- também é possível usar uma rede
:: Microfone: estéreo mo smartphones, tablets, impres- sem fio doméstica, mas nesse mo-
:: Arquivos: MP4, H.264 soras, desktops ou acessar servi- do a conexão sofre de atrasos (de-
PREÇO OFICIAL ços on-line. De todas as opções, a lay) na imagem.
:: US$ 900 (só o corpo, no exterior)
mais útil atualmente ainda é o dis- Por meio do aplicativo da Ca-
paro remoto por meio de aplicativo non é possível alterar quase to-

74 • Fotografe Melhor no 251


dos os ajustes na câmera: além
do controle manual da exposição,
é possível focalizar, ajustar o equi- Qualidade da imagem
líbrio de branco, mudar definições
de captura, entre outros. Só não
é possível ajustar a distância fo-
A eos 77d foi testada em labora-
tório junto com a objetiva eF-s
18-200 mm f/3.5-5.6 is, uma zoom
também gerou baixa aberração cro-
mática, mas apresentou grande dis-
torção óptica de barril em grande an-
cal (por conta da lente sem power- lançada ainda em 2008, e a única dis- gular. o sensor e o processador de
zoom) e alterar o modo de opera- ponível até hoje com essa faixa de dis- imagem digic 7 têm bom desempe-
ção da câmera (selecionável por tância focal. em geral, o conjunto re- nho em iso elevado – melhor que
meio do disco principal). As confi- gistrou boa nitidez – em todas as dis- outras câmeras da canon, mas ain-
gurações de visualização de ima- tâncias avaliadas, a abertura f/8 ren- da atrás de modelos concorrentes
gem e revelação de arquivo RAW deu os melhores resultados. a lente da sony ou Nikon de sensor aPs-c.
também não estão disponíveis.
NITIDEZ RELATIVA DE IMAGEM - MTF50 - MÁXIMO: 4. 000 LW/PH (24 MP)
Os recursos do aplicativo ainda
são úteis no modo de vídeo, possi-

ÓTIMA
ABERTURA
bilitando usar um tablet como mo- MAIS NÍTIDA 68%
nitor externo, por exemplo. Como
f/8
BOA
os arquivos de vídeo gerados pela
77D são muito compactados (IPB
em 50 mm
ou IPB leve), a transferência de ar- MÉDIA
2.720 lw/ph
quivos para o dispositivo conecta-
BAIXA

do não demora muito. ABERRAÇÃO CROMÁTICA


Um dos pontos a serem melho-
rados é a ausência da interface em f/4 f/5.6 f/8 f/11 f/16 f/22
MÍNIMA

português no aplicativo e a pou- DISTÂNCIA FOCAL ÁREA DA LENTE


ca oferta de serviços on-line. Pa- 18 mm 50 mm 85 mm centro periferia
BAIXA

ra compartilhar imagens na rede, 0,08 0,08 0,08

o melhor é transferir os arquivos


MODERADA

para o smartphone ou computador


OBJETIVA TESTADA
e fazer a publicação por lá. EF-S 18-200 mm f/3.5-5.6 IS

Avaliação final
10%
Mesmo com perfil neutro, a 77D
FIDELIDADE CROMÁTICA satura as cores em torno de 10%, na
SATURAÇÃO MÉDIA DE média de outras câmeras da Canon
O QUE SE DESTACA
Sensor de 24 MP com Dual Pixel CMOS;
filma em full HD; autofoco com 45 ALCANCE DINÂMICO
pontos; Wi-Fi e Bluetooth embutidos; JPEG RAW

monitor touchscreen articulado


11,2EV
PODIA SER MELHOR FOTO EM RAW, 11,2
ISO 100 10,4
Bateria com pouca carga; não filma em
4K; não tem saída para fone de ouvido; Quanto mais EV, mais
corpo de plástico com baixa resistência; detalhes a imagem tem
apenas um cartão de memória
SENSIBILIDADE ISO 100 200 400 800 1.600 3.200 6.400 12.800 25.600

ENGENHARIA E DESIGN Canon EOS 77D


14/15 RUÍDO DIGITAL
RECURSOS A partir daqui, as
14/15 ACEITÁVEL ATÉ fotos precisam de

ISO 3.200
DESEMPENHO redução de ruído
20/25
QUALIDADE DE IMAGEM
22/25 Quanto mais alta a curva,
CUSTO-BENEFÍCIO mais ruído há na imagem
17/20
METODOLOGIA DO TESTE: Fotografe usa o software Imatest em seus testes com câmeras e lentes. Confira os
TOTAL 87/100 parâmetros adotados nas avaliações em www.fotografemelhor.com.br/metodologiadostestes.

agosto 2017 • 75
ida de Fo raFo

Fotos: alexandre Mazzo


No ensaio, Alexandre Mazzo contou com a ajuda de um modelo para interpretar alguns dos sentimentos que o oprimiam

Com o foco
nas emoções
O fotógrafo Alexandre Mazzo enfrentou a síndrome do pânico com sua câmera.
Desse desafio nasceu o trabalho Ressignificar, que não tem prazo para terminar

O
Por JOSÉ CARLOS FERNANDES

s detratores das poéticas contempo- lhor deixar quietas as almas tolas e se atirar
râneas costumavam dizer que nin- nas águas turvas mergulhadas por Alexan-
guém – com um mínimo de sanida- dre Mazzo – esse fotógrafo que se faz adulto
de – gostaria de ter um Anselm Kie- e prova das vertigens. Ele o faz na ponta dos
fer na parede da sala, sob o risco de pés e à beira do abismo.
se atirar pela janela. As más línguas, Mazzo não escolheu o pânico – o da sín-
incontinentes, usavam Kiefer como sinônimo drome e suas variações para o tema. O pânico
de tudo que é cinza e soturno, de modo a afir- é que o elegeu para Cristo. Não teve remédio
mar que o papel da arte é passar pó-de-arroz – passou pelo medo em escala Richter, pela
nas manchas roxas cunhadas pela vida. Me- tontura, cerrou as portas e o cenho, mas com

76 • Fotografe Melhor no 251


O medo de locais públicos é
um dos principais sintomas da
síndrome do pânico, que chega a
afetar 5% dos adultos, segundo
pesquisas internacionais

agosto 2017 • 77
ida de Fo raFo

Quem é Alexandre Mazzo O artista plástico alemão Anselm


Kiefer e o fotógrafo Miguel Rio
Natural de Londrina (PR), iniciou Ziviani. Em 2007, montou seu primeiro Branco são referências no olhar
na fotografia como repórter fotográfico. estúdio para atender às agências do de Mazzo para este trabalho
Depois, trabalhou como assistente de Paraná. Dois anos depois, recebeu o
fotografia de Sergio Sade e Fernando prêmio da revista Archive como um dos
200 melhores fotógrafos do mundo. a máquina de fotografar em punho.
henry Milleo

Em 2011, foi convidado a assumir Doeu – e ele registrou a dor. Desse


como editor-chefe de fotografia do grupo
GRPCOM, que edita o jornal Gazeta do percurso no vale das sombras – sim,
Povo, em Curitiba (PR). Em 2012, fez a está na Bíblia e o endereço pelo visto
exposição e o livro Pequenas e Grandes existe – nasceu essa coleção povoada
Histórias (retratos) no Museu Oscar
Niemeyer; em 2013, lançou o livro Marca
de fantasmas. Têm os que ele retrata
de Chef. E, em 2016, expôs o trabalho debaixo de um lençol, qual na infân-
Ressignificar no Memorial de Curitiba, cia, com a pureza de um principian-
no qual dá continuidade em 2017. te. E os que se escondem debaixo de
Mazzo, 45 anos, espera fazer outra
exposição maior no final de 2017 e lançar referências e citações, liberados pelo
um livro sobre o tema em 2018. subconsciente para fazer uma noita-
da de festa na Caverna de Platão.

78 • Fotografe Melhor no 251


O sentimento de medo, dor,
sufocamento e isolamento
estão presentes nas
imagens que nasceram no
subconsciente do fotógrafo

Quem é
José Carlos Fernandes
Conhecido pelos amigos como
Zeca, José Carlos Fernandes, 52
anos, é jornalista no jornal Gazeta
Fotos: alexandre Mazzo

do Povo desde 1989 – atua como


repórter, cronista e editorialista.
É ainda professor do curso de
Comunicação Social na Universidade
Federal do Paraná (UFPR). Tem
graduação em Jornalismo, Belas
Artes e Filosofia, mestrado e
doutorado em Estudos Literários pela
Reparem – aqui tem a sombra cada uma dessas cenas. “É uma UFPR e pós-graduação em História
da Arte do Século 20.
de Geraldo de Barros. De Miguel água forte”, diríamos nós, sobre Nascido e criado em Curitiba,
Rio Branco. De Koudelka. É uma os sulcos profundos, aqui deixados filho de um casal de imigrantes
baía de todos os Kiefers. Ninguém sem maquiagem. O chão do quintal, portugueses, é hoje um grande
que tenha vivido de fato – ou seja, os bichos mortos, a alucinação dei- cronista do cotidiano da capital
paranaense, dono de um estilo
que tenha pulado fogueiras, fugido xada por prósperas folhas de abóbo- criativo, inteligente e bem-humorado.
de um maníaco, sido escravizado ra – tudo, em alguma medida, revela A convite de Mazzo, Fernandes fez
por uma paixão, cegado pelo ciúme os nervos expostos à voltagem má- o texto de apresentação do trabalho
do colega. Nele, cita o pintor e escultor
ou alvejado por um pobre de espíri- xima. Mas nada de suar em bicas. A alemão Anselm Kiefer e os fotógrafos
to – se sente um estranho nesse ni- casa de Mazzo nos é familiar. Somos Geraldo de Barros, Miguel Rio Branco
nho de pregos desenhado com luz também moradores de um grande e Joseph Koudelka, todos tidos como
por Alexandre Mazzo. sobrado repleto de portas fechadas, referência por Mazzo. O texto ficou tão
bom que Fotografe decidiu publicá-lo
“É áspero”, resume o homem, onde são guardadas histórias proibi- em vez de fazer outro.
sobre o que sentia quando armou das. Ele nos convida a entrar.

agosto 2017 • 79
LIÇÃO DE CASA
temas ilustrados pelo leitor

Adriano Kirihara
Pedra Chapéu do Sol, em Cristalina (GO), clicada pelo leitor Adriano Kirihara: conversão em P&B para dar mais ênfase ao céu

COMO VER O MUNDO


em preto e branco
POR LAURENT GUERINAUD

C
Fazer imagens omo o olho humano enxerga lação em laboratórios caseiros. Portan-
digitais em P&B não em cores, fotografar em pre- to, o primeiro passo para fotografar bem
to e branco não é algo óbvio. Os em P&B é justamente aprender a en-
se resume a registrar pioneiros da fotografia faziam xergar o mundo em tons de cinza, pre-
qualquer cena imagens monocromáticas não to e branco.
colorida e depois por escolha, mas porque as
primeiras emulsões não permitiam re-
O olho humano é sensível às co-
res, mas uma bela cena colorida pode
convertê-la. O olhar gistrar o mundo em cores. E, apesar da ser totalmente sem interesse quando
é fundamental para chegada do filme colorido, o P&B sem- passada para o P&B. Por isso, apren-
pre atraiu fotógrafos e admiradores de der a ver os tons e as nuances de cinza
a boa qualidade da fotografia tanto pelas qualidades esté- é essencial. E o ideal é prestar muita
foto. Confira ticas quanto pela simplicidade de reve- atenção na luz, nas texturas e nas for-

80 • Fotografe Melhor no 251


Wander Rocha

Acima, o leitor Wander Rocha explorou a textura de uma árvore no Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG), fotografando
de baixo para cima; abaixo, o grupo de zebras bebendo água foi registrado na Tanzânia pelo leitor Flaubert Santos

Flaubert Santos

Agosto 2017 • 81
LIÇÃO DE CASA
O leitor Paulo Hopper
explorou com maestria
em P&B a cena do homem
trabalhando na fiação elétrica

mas. As melhores fotos em P&B ge-


ralmente exploram as nuances de
cinzas e compensam a falta de co-
res por uma excelente iluminação e
um forte contraste.
Na fotografia digital, é possível
trabalhar direto em P&B e visualizar
em tempo real a imagem monocro-
mática no monitor da câmera. Assim,
a alternativa mais simples é passar a
câmera para o modo monocromáti-
co e fotografar em formato RAW. Por
quê? Vamos lá: o P&B produzido di-
retamente pela câmera raramente
agrada, principalmente por falta de
contraste. Um lembrete: você visua-
liza a imagem diretamente em P&B
na câmera, mas o arquivo RAW capta
todas as cores.

NEGATIVO DIGITAL
O formato RAW, chamado por
muitos de negativo digital, oferece
grandes possibilidades nos acertos
no P&B. Permite ajustar de manei-
ra muito precisa o contraste e a lumi-
nosidade, assim como as camadas de
cores e o equilíbrio de branco, que têm
Paulo Hopper

grande impacto no resultado sem cor.


Faça o teste no seu software de pós-
-produção e veja como o resultado em
P&B muda quando se altera o equilí-
brio de branco.
Caso sua câmera não possua o
formato RAW, o que é raro hoje em
dia, é preciso escolher entre captu-
rar as fotos em cores ou monocromá-
ticas. Fora isso, o P&B digital. é prova-
velmente o tipo de imagem que mais
necessita de uma pós-produção ca-
prichada. Não é sem motivo que se
recomenda fotografar em RAW, pois
existem muitos métodos de conver-
são, e cada fotógrafo tem a sua pre-
João Henrique Steinemann

ferência. Todavia, a chave é jogar na


mistura das camadas ou no ajuste
de equilíbrio de branco. E a dica é só
uma: passar um tempo no computa-
dor para testar e escolher o resultado
que mais lhe agrade.
Na foto do leitor João Henrique Steinemann, a contraluz desenhou o contorno Para ir além, é possível fotografar

82 • Fotografe Melhor no 251


Marcelo Lima
Ricardo Sanchez

Ao lado, um imigrante no Largo do Paissandu, em São Paulo,


em foto do leitor Ricardo Sanchez; acima, o céu claro serviu
para destacar o gavião registrado pelo leitor Marcelo Lima

em RAW + JPEG. Embora quem bus- OLHAR EM P&B


ca caprichar na conversão para P&B Fotografar sem uso de cor exige
prefira capturar em cor (ou RAW) pa- a escolha de um tema mais adequa-
ra conservar um grande potencial de do. Embora o P&B convenha a vários
tratamento, outros podem optar pela tipos de assunto, as melhores ima-
facilidade de trabalhar direto no mo- gens monocromáticas compensam
nocromático. O RAW + JPEG ofere- a falta de cor quando o fotógrafo fo-
ce as duas possibilidades. Afinal, nem ca em alguns detalhes, como linhas,
todo mundo domina os softwares de sombras, texturas, formas e contras-
pós-produção para converter fotos tes. O P&B costuma ressaltar as tex-
para P&B ou não tem disposição para turas dos objetos que as cores ten-
passar horas à frente do computador dem a eclipsar: madeira bruta, pe-
tratando suas fotos. Obter uma ima- dra, folhas, pele enrugada de um ho-
gem pronta em P&B permite dedicar mem marcado pelo tempo ou pe-
mais tempo à fotografia em si e fazer le suave de uma moça etc. Destaca
mais fotos para educar o olhar. igualmente as formas, notadamente
Nesse caso, vale a pena persona- as repetições e as formas simétricas.
José Roberto Peruca

lizar o modo monocromático da câ- Silhuetas em contraluz são também


mera, se ela permite isso, aumen- formas que podem ser bem aprovei-
tando o contraste e brincando com tadas, assim como a jogo entre o cla-
a exposição para obter imagens ro e o escuro em retratos e cenas em
atraentes. Contudo, fotografar so- ambientes internos.
Retrato feito com luz
mente em JPEG pode impedir uma A questão do contraste é primor- natural feito com
pós-produção mais fina, assim como dial, já que no P&B perde-se a refe- capricho pelo leitor
a chance de voltar para a imagem co- rência da cor. Então, é preciso encon- José Roberto Peruca,
lorida original. trar outra maneira de separar os dis- de Araçatuba (SP)

Agosto 2017 • 83
LIÇÃO DE CASA

Heneide Sgarbi de Lolo


Francisco Palmieri

Acima, retrato de menina indígena


da leitora Heneide Sgarbi de Lolo; ao
lado, silhuetas de rapazes registradas
pelo leitor Francisco Palmieri

nublados ou com sol a pino, por exem-


plo, que podem ser horrorosos para
imagens coloridas, mas perfeitos para
as monocromáticas.
E o fotógrafo deve ter claro que
nem toda cena fica bem em P&B. O
que não dá para fazer é simplesmente
fazer uma imagem colorida qualquer e
depois zerar a saturação. Isso é apenas
uma foto sem cor e sem vida. Um P&B
de responsabilidade exige treinamento
do olhar, muita noção de composição,
técnica e criatividade.
Retrato feito em
Priscila Durão

Londrina (PR) pela


leitora Priscila Durão
Mande sua foto para a
seção Lição de Casa
tintos elementos da composição e trastes e destacar as formas. E não O tema para a próxima edição,
guiar o olhar do observador na ima- esqueça que basta se movimentar ou a 252, é fotos com filtros polarizador
gem. A única forma de fazê-lo é por mover o tema para influenciar na di- ou de densidade neutra (ND). Caso
você tenha uma foto bacana sobre
meio das diferenças de tonalidades reção da luz. Uma simples mudança o tema, envie-a para a redação pelo
entre claro e escuro, ou seja, os con- de posição pode alterar volumes, tex- e-mail fotografe@europanet.com.
trastes. Uma cena muito colorida po- turas e contrastes de uma cena quan- br até o dia 7 de agosto de 2017 e
coloque no assunto “Lição de Casa”.
de ficar bem “lavada” em P&B se não do vista em P&B. Cada leitor pode mandar apenas
houver diferenças de luminosidade. Nos dias de hoje, o P&B se tornou uma foto. As imagens enviadas
O segredo é prestar muita atenção uma linguagem, com forte expressão serão avaliadas e poderão ser
usadas como exemplos no artigo
à luz, tanto na qualidade quanto na di- artística, e não uma limitação tecno- de Laurent Guerinaud. A ideia é
reção. Luzes duras e sombras são lógica. É uma escolha forte para tra- que o leitor ilustre as informações
grandes aliadas para imagens de im- balhos autorais ou com pegada de fi- passadas pelo especialista.
Apenas as fotos selecionadas pela
pacto em P&B. Uma luz lateral (ou até ne art. Até a escolha do momento para redação serão publicadas.
a contraluz) permite reforçar os con- fotografar pode ser positiva: dias muito

84 • Fotografe Melhor no 251


RAIO X POR LAURENT GUERINAUD
fotos de leitores comentadas

DILMA NOGUEIRA,
Como participar São J. dos Campos (SP)

O objetivo desta seção é dar


ao leitor informações e dicas que
1 A composição é atraente e o
formato paisagem se justifica
pela estrada que abre para o fundo,
A foto ficou ótima, e não merece
nenhuma crítica. Parabéns!
Equipamento: Canon EOS Rebel T5i
sirvam para um aprimoramento à direita, sem desviar a atenção do com objetiva Canon 75-300 mm
do ato de fotografar. Ela é aber- observador graças ao desfoque. Exposição: f/4, 1/60s e ISO 400
ta a qualquer tipo de fotógrafo:
amador, expert ou profissional.
Antes de enviar suas fotos para 1
análise, você precisa ler e aceitar
as regras a seguir:
• É importante ressaltar que um
comentário é necessariamente
subjetivo. Não é um julgamento,
mas apenas uma apreciação pes-
soal que, portanto, pode ser con-
testada e criticada. Já que o obje-
tivo de uma foto é agradar ao ob-
servador, qualquer crítica, mesmo
que formulada por uma só pes-
soa, aponta um elemento que po-
de ser melhorado ou ao menos
discutido. Assim, a crítica é sem-
pre de caráter construtivo.
• Quem envia as fotos para aná-
lise com a finalidade de comentá-
rios e dicas para melhorar a téc-
nica o faz sabendo disso.
• A publicação das fotos envia-
das não é garantida. As imagens
publicadas serão escolhidas pe-
lo mérito do comentário que per- RAFAEL PADOVANI,
mitirem, não por sua qualidade. Itu (SP)
Apenas uma foto de cada leitor
será comentada.
• Alguns comentários poderão
2 Gostei muito da sua foto. As
lâmpadas de natal desfocadas
passaram a formar bolas brancas
erro de foco, o que parece ser o caso
ao olhar a foto; ou uma velocidade
insuficiente que fez a mão tremer.
até parecer duros, porque o que enfeitando o fundo preto. A Equipamento: Canon AE-1 com
vai ser avaliado é a qualidade téc- composição é boa, e meu nico objetiva Canon FD 50 mm
nica da imagem (enquadramento, comentário diz respeito à nitidez. Exposição: f/1.4, 1/15s, filme
composição, foco, exposição...),
sem levar em conta o aspecto Difícil dizer se se trata de um (leve) Kodak Tri-X ISO 400
afetivo que pode ter para o au-
tor que registrou uma pessoa, um
momento ou uma cena importan- 2
te e emocionante da sua vida.
Como enviar
Envie até três imagens em
formato JPEG e em arquivo de
até 3 MB cada um para o e-mail:
fotografe@europanet.com.br.
Escreva “Raio X” no assunto e in-
forme nome completo, cidade
onde mora e os dados da foto
(câmera, objetiva, abertura, ve-
locidade, ISO, filme, se for o ca-
so, e a ideia que quis transmitir).
É importante que os dados pedi-
dos sejam informados para aju-
dar na avaliação das fotos e na
elaboração dos textos que as
acompanham.

86 • Fotografe Melhor no 251


CARLOS MATIASSI, RODRIGO TAIANI, LINDENBERG DIAS, MAIRÊ SILVA,
Criciúma (SP) Gravataí (RS) Rio de Janeiro (RJ) Florianópolis (SC)

3 Gostei da foto e da
composição. Uma longa
exposição de 25s com a
4 É uma foto
interessante, que conta
uma história e toca o
5 A iluminação é boa,
a exposição e a
composição também. Foi
6 Apesar de a moça estar
olhando para o alto, o espaço
em cima parece demasiado.
câmera no tripé, conforme observador. O ponto de providencial a escolha É uma questão de proporção
você informa, para captar a vista e a profundidade pelo preto e branco, o que o corte ao nível das coxas,
luz do luar sobre o mirante de campo reduzida são facilita a leitura da imagem, combinado com o formato
da Serra do Rio do Rastro. atraentes. O que faltou, enfatiza a textura da parede paisagem, passa uma sensação
Talvez a exposição devesse a meu ver, é uma atitude e evita que o fundo desvie de “esmagamento” da modelo.
ser mais longa para você mais legível e significativa a atenção. Contudo, só Além de abaixar um pouco a
conseguir mais luz na cena e das crianças para lamento que a senhora câmera, teria recomendado
uma melhor definição da lua finalizar a narrativa. esteja olhando para o pedir para a moça se posicionar
cheia, pois ela está coberta Equipamento: Canon EOS outro lado, e não na levemente mais para o lado
pelas nuvens. Dá para ver 70D com objetiva Canon direção da câmera, como esquerdo, em combinação com
um resto de céu azul, o que 24-105 mm o cachorrinho dela o olhar dela para o lado direito,
é ótimo para fotos noturnas. Exposição: f/4.5, 1/1.600s embaixo da cadeira. evitando assim a centralização e
Fundo preto fica sem graça. e ISO 200 Equipamento: Canon EOS trazendo mais dinamismo
Equipamento: Nikon D90 Rebel T5i com objetiva à imagem.
com objetiva Nikkor Canon 50 mm  Equipamento: Canon
18-105 mm Exposição: f/1.8, 1/200s EOS 50D com objetiva
Exposição: f/4, 25s e ISO 100 Canon 50 mm
e ISO 200  Exposição: f/1.8, 1/400s
e ISO 100
3
4

5
6

Agosto 2017 • 87
RAIO X POR LAURENT GUERINAUD

LUIZ ANTONIO P. RAFAEL RENATA LUCIA JULIANO FERREIRA,


DE SOUZA, EVANGELISTA, SANTOS, Taubaté (SP)
São Paulo (SP) Santa Rita do Petrópolis (RJ)

7 Fazer o retrato de uma


pessoa no meio da multidão
Sapucaí (MG)
9 A inclinação da foto
no sentido horário
10 A primeira sensação
diante desta foto é que
falta algo. Na realidade, o
não é tarefa fácil, e você se
saiu bem. Aqui a centralização
do tema, a moça sorridente,
8 Foi difícil avaliar sua
foto, em que a pequena
lua minguante faz toda a
não agrada. Minha
recomendação seria
inclinar para o outro
que falta é um dinamismo,
algo que faça o olhar se
movimentar. A principal
não incomoda. Com as outras diferença. A simplicidade lado, conforme sugerido. massa ficou centralizada,
pessoas desfocadas, ela agrada, o corte da árvore Além disso, você poderia o que não incentiva o olhar
se destaca, ainda mais por nem tanto. Talvez um ter apontado a câmera a percorrer a imagem. A
olhar para a câmera. Faltou enquadramento um pouco de maneira a deixar presença de um elemento
caprichar um pouco mais no mais aberto tivesse rendido mais espaço à frente da de destaque, que chamasse
foco. Ao ampliar a imagem, um resultado ainda melhor. borboleta e eliminar o a atenção do observador,
nota-se que o rosto dela ficou Talvez. O nico elemento espaço in til à esquerda, poderia ter quebrado a
tremido. A baixa velocidade que realmente incomodou cortando bem no limite da monotonia e trazido um
(1/8s) que você usou não é o ponto preto no terço asa. Enfim, dava para evitar movimento visual. Por outro
combina com a distância focal esquerdo da imagem. o corte da asa em cima. lado, as duas outras fotos
de 105 mm informada. Você Um pássaro ou uma sujeira Equipamento: Canon EOS enviadas estavam lindas
precisava de uma velocidade no sensor? 7D Mark II com objetiva e não receberam crítica
de pelo menos 1/90s. Aqui um Equipamento: Canon EOS Canon 100 mm nenhuma.
flash de preenchimento talvez Rebel T3 com objetiva Exposição: f/5, 1/60s Equipamento: Canon
resolvesse o problema. Canon 28-135 mm e ISO 320 EOS 5D Mark III com
Equipamento: Nikon D300s Exposição: f/6.3, 1/100s objetiva Canon 24-70 mm
com objetiva Nikkor e ISO 1.600 Exposição: f/10, 1/160s
18-105 mm e ISO 100 
Exposição: f/5.6, 1/8s
e ISO 3.200
8
7

10

88 • Fotografe Melhor no 251


SHALA FELIPPI, RONALDO CESAR FERRARO, FABIO AZEVEDO,
Rio de Janeiro (RJ) DOLABELLA, Rio de Janeiro (RJ) Goiânia (GO)
Nova Lima (MG)
11 Por causa da cor e da
textura do fundo, os
cachorros não se destacam 12 Efeito especial, como
a desaturação seletiva,
13 Foto confusa. As
pessoas no fundo
estão min sculas e não
14 Considero que são
três os principais
pontos de melhoria na foto.
bem. Se você tivesse se sempre rende imagens cuja se destacam o suficiente Primeiro, a grade muito
abaixado, além de evitar o avaliação é muito subjetiva. para captar o olhar do presente no fundo incomoda
ângulo em mergulho (de cima Aqui a composição é boa, observador. O pequeno abrindo mais o diafragma
para baixo), que não valoriza com o elemento principal tamanho e o tratamento em (menor valor de f/) você teria
o tema, você teria fugido da idealmente posicionado preto e branco as deixou conseguido desfocá-
sobreposição dos cães com em um ponto de ouro com a mesma tonalidade do -la mais, deixando-a menos
as folhas, que perturba a (cruzamento de duas das fundo. Por isso, a imagem presente. Segundo, embora
leitura da imagem. Além quatro linhas imaginárias não consegue despertar pequeno, teria recomendado
disso, o espaço à direita não que dividem o quadro em o interesse, pois não se reduzir ainda mais o espaço
acrescenta nada à imagem. três terços iguais nos encontra tema ou ponto de acima da cabeça da harpia,
Pela posição dos cachorros, o eixos horizontal e vertical). destaque. Em termos de devido ao corte embaixo e
ideal seria o formato retrato, E o tronco guia habilmente enquadramento, já que ao formato paisagem. Por
conforme sugerido. o olhar do observador havia bastante espaço fim, a ave está em contraluz,
Equipamento: Nikon até o tema. embaixo, você poderia ter o que incomoda. A parte
D7200 com objetiva Equipamento: Canon evitado cortar a parte de branca acima de bico, por
Nikkor 55-300 mm EOS 6D com objetiva cima dos coqueiros. exemplo, ficou superexposta,
Exposição: f/5, 1/160s Canon 24-105 mm Equipamento: Nikon D5300 estourada.
e ISO 720 Exposição: f/8, 1/400s com objetiva Nikkor 50 mm Equipamento: Nikon D3300
e ISO 100 Exposição: f/13, 1/200s com objetiva Nikkor 200 mm
e ISO 250 Exposição: f/8, 1/250s
e ISO 250

11
12

13
14

Agosto 2017 • 89
RAIO X
LIANA DE LEONARDO MEDEIROS, DIOGO NUNES, BRUNO SOARES,
FREITAS ROCHA, Caieiras (SP) Taboão da Serra (SP) Além Paraíba (MG)
João Pessoa (PB)

15 A flor desfocada
no primeiro
16 Acredito que o
ângulo escolhido não
corresponde à ideia que
17 Em fotografia de
arquitetura, é muito
importante prestar bem
18 Foi necessário observar
bem a foto, com o
intuito de comentá-la, para
plano incomoda, pois você queria passar. Em atenção às linhas, à finalmente descobrir o tema. O
ela ocupa bastante mergulho (de cima para geometria, à perspectiva vagão de trem não se destaca
espaço e passa a baixo), o tema passa uma e à verticalidade/ o suficiente para captar a
sensação de esconder sensação de fraqueza e horizontalidade. Aqui, a atenção do observador, que
a cena fotografada. inferioridade. Para valorizar inclinação das escadas, não encontra interesse na
E a ausência de um melhor a criança, você imediatamente percebível imagem. Você deveria ter se
elemento de destaque deveria ter se abaixado, a por comparação com aproximado mais da grade
forte no fundo, que fim de fotografar na altura a borda do quadro, grudando a lente nela, ela
ajudaria o olhar a dos olhos dela. Além disso, incomoda. Além disso, sumiria totalmente, deixando
“pular” o desfoque, seria preciso deixar um teria recomendado o trem mais visível. Além
agrava a situação. espaço maior à esquerda, apontar a câmera um disso, outro ponto de vista,
Equipamento: Nikon evitando assim cortar pouco mais para baixo. que evitasse a sobreposição
D5200 com objetiva os dedos do modelo e, Assim, você incluiria do trem com o prédio branco,
Nikkor 18-55 mm sobretudo, acompanhando melhor a escada e permitiria igualmente destacá-
Exposição: f/5.6, 1/250s melhor a ação ao respeitar reduziria o espaço de céu -lo, formando o ponto de início
e ISO 250 a direção para a qual está vazio em cima. da leitura da foto.
apontando a câmera. Equipamento: Nikon Equipamento: Nikon
Equipamento: Fuji X10 com D3200 com objetiva D5200 com objetiva
objetiva Fujinon 28-112 mm Nikkor 18-55 mm Nikkor 18-55 mm
Exposição: f/2.2, 1/10s Exposição: f/7.1, 1/200s Exposição: f/5.6, 1/200s
e ISO 100 e ISO 100 e ISO 1.250

15 16

17
18

90 • Fotografe Melhor no 251


FILMMAKER Frame de um filme
de casamento feito
por Samuel Rose: ter um
estilo de trabalho é crucial

Fotos: Samuel Rose


O QUE NÃO FAZER EM VÍDEOS DE
CASAMENTO E NA
CAPTAÇÃO DE ÁUDIO
Descubra os equívocos mais frequentes que ocorrem com iniciantes em
filmagens de eventos sociais e na gravação do som. E previna-se
POR GUILHERME MOTA

N
em tudo que é moda áudio estão ruins, alerta o especia- criadores do setor audiovisual em
em vídeo de casamen- lista Julian J. Ludwig. O termo au- início de carreira e como corrigi-
to precisa ser imedia- diovisual já diz tudo: imagem e som -los, com a opinião de profissio-
tamente incluído na de boa qualidade devem andar jun- nais especializados em videocli-
sua produção, principalmente se tos, e o conjunto é que faz com que pes, publicidade e produções inde-
você está começando a vida profis- o filme – seja de um casamento, um pendentes. Nesta edição, o foco é
sional. Também não há razão para clipe ou um curta-metragem – tenha voltado para as áreas de casamen-
supervalorizar equipamentos e dei- um nível profissional, capaz de ar- to e áudio. Samuel Rose, da NKG
xar de imprimir o seu estilo à pro- rancar elogios tanto de conhecedo- Filmes, e Julian J. Ludwig, da Jaca-
dução, ensina o filmmaker Samuel res do assunto quanto de leigos. randá Áudio, falam de suas experi-
Rose. Por outro lado, de nada vale Na edição 250 de Fotografe, a ências nos setores que dominam e
uma filmagem impecável se a cap- seção “Filmmaker” abordou os er- dão dicas pontuais para filmmakers
tação do som e a pós-produção do ros mais comuns cometidos por iniciantes evitarem problemas.

92 • Fotografe Melhor no 251


Frame de vídeo do
casamento da cantora
Thaeme feito com iPhone 6:
desapego ao equipamento

DICAS DE SAMUEL ROSE PARA VÍDEOS DE CASAMENTO


FALTA DE ATENÇÃO COM A No fim das contas, o registro da presentes. Por isso o registro da ceri-
CERIMÔNIA NO CASAMENTO cerimônia em si continua sendo o mônia é um material ainda mais es-
Antigamente, vídeos de casamen- motivo principal da produção e, ao pecial e importante”, explica.
to eram formatados como um regis- contrário dos outros formatos, se
tro “duro” da cerimônia, além de torna mais valioso à medida que o ENCONTRAR SEU ESTILO
pouco inovadores. Com a evolução tempo passa. “Daqui a alguns anos o O que você mais valoriza em seus
tecnológica e dos estilos de filmagem, casal pode sentir falta do registro, es- vídeos? A cerimônia? A festa? A his-
o vídeo se tornou mais atraente e pecialmente em relação às pessoas tória dos noivos? Todas essas abor-
criativo. Novos elementos foram adi- próximas que podem não estar mais dagens são possíveis. O mais impor-
cionados ao pacote de produtos ofe-
recidos ao cliente, como Save the Da-
te, Trash the Dress, Same Day Edit, en-
tre outros. Aos poucos, essas novida-
des têm tomado cada vez mais espa-
ço na montagem do trailer final – o fil-
me que será entregue ao cliente. “Ho-
je, estamos no outro extremo. A ceri-
mônia praticamente não está presen-
te nos vídeos”, conta Samuel Rose. Se-
gundo ele, é um erro grave e cada vez
mais cometido por filmmakers.

A equipe da NKG Filmes em


ação na produção de um
vídeo com os noivos: nem
tudo que é moda deve ser
incorporado de imediato

Agosto 2017 • 93
FILMMAKER / Consultoria profissional

Samuel Rose captando imagens em


um resort no México: acessórios são
ferramentas para a criação, e não
existe obrigatoriedade em usá-los

Fotos: Samuel Rose


tante é encontrar o seu próprio jeito ele contratou”, avalia. Rose diz que Ele conta que um exemplo foi a
de filmar e contar histórias, em vez tenta manter um estilo bem carac- migração de muitos profissionais
de tentar abraçar todas as novidades terístico, com um nível de alterações das câmeras Canon para equipa-
que surgem no mercado. Caso con- muito baixo nos vídeos que faz. “Não mentos Sony, como a A7S, A6000 e,
trário, o vídeo pode se tornar uma tenha medo de ter um estilo, seja ele mais recentemente, a Sony A7SII.
mistura sem identidade nem estilo, P&B, retrô, balada ou qualquer ou- “As pessoas estão sempre preocupa-
ensina Samuel Rose. tro. Procure seu estilo e o alimente”, das com o que é novo. Apenas agora,
“Na minha produtora, a NKG, te- aconselha o filmmaker. há menos de um ano, compramos a
mos nosso próprio estilo de filmar, primeira câmera da Sony, pois sem-
muito focado na cerimônia, e geral- TARA POR EQUIPAMENTO pre usamos ao máximo o que já te-
mente ficamos entre nove e dez ho- Primeiro eram a passagem de fo- mos em mãos”, diz.
ras no evento. Não queremos inven- co, os sliders e a grua. Em seguida, Segundo o filmmaker, o clipe da
tar ou transformar a empresa apenas veio o slow motion. Agora são os dro- festa de casamento da cantora bra-
para oferecer a última novidade. As nes e as gimballs eletrônicas. Cada sileira Thaeme, registrado em Can-
modas vão chegando e vamos nos um desses recursos e acessórios po- cún, México, pela NKG Filmes, é uma
adaptando a elas devagar”, conta. de e deve ser usado quando for real- prova disso. Ao chegar ao local da fes-
Segundo ele, manter a fidelida- mente aplicável. No entanto, esses ta, ele descobriu que não era possível
de a um estilo ajuda o filmmaker a elementos influenciam o estilo de utilizar as câmeras. Todo o registro foi
se posicionar no mercado na hora produzir, o fluxo de trabalho e a pró- realizado apenas com um iPhone 6.
de encontrar clientes que buscam o pria linguagem de um filmmaker. “O resultado ficou ótimo porque sa-
seu produto. “Não adianta o clien- “Eles servem como ferramentas, bíamos o que e como registrar. Uma
te esperar um vídeo romântico e eu mas não são obrigatórios para nin- pessoa obcecada por equipamento
entregar um vídeo de balada, porque guém realizar seu trabalho”, alerta teria desistido da gravação”, acredi-
isso não tem nada a ver com o que Samuel Rose. ta. Para ele, o estilo vem em primei-

94 • Fotografe Melhor no 251


Rose observa drone ser operado
por um membro da NKG Filmes:
recursos da moda devem ser usados
apenas em caso de necessidade

ro lugar, antes de equipamento ou


qualquer outra coisa. “Acredite: ape-
nas com o que você tem em mãos já
é possível fazer muita coisa”, afirma.

O SEGURO DO BACKUP
Um evento social, seja ele um ca-
samento, uma festa de 15 anos, um
noivado ou um batizado, só acon-
tece uma vez. Todas as imagens são
únicas e extremamente importan-
tes para o cliente. Assim, é essen-
cial ter um fluxo de trabalho que ga-
ranta a proteção de todas as imagens, tas das mesmas imagens, “além dos
com diversas cópias dos vídeos. “O
backup é extremamente importante.
arquivos nos cartões, que ficam em
lugares fisicamente separados”, diz.
SAMUEL ROSE
Na NKG, descarregamos o cartão no Ao gravar cópias, é importante tam-
dia e tudo fica armazenado no com- bém observar a integridade dos ar- O filmmaker Samuel Rose
putador e em um HD somente de quivos para garantir que eles não fo- é um dos sócios da NKG Filmes,
backup do casamento”, informa Ro- ram corrompidos no processo. Por uma das primeiras produtoras
se. “Além disso, no dia do evento, fim, para a máxima preservação das brasileiras especializadas em vídeos
sempre mantemos os cartões cheios imagens, os cartões são formatados de casamento com abordagem
com quem os gravou, sem sobres- diretamente nas câmeras somente cinematográfica, com diversos
crever nenhum deles”, explica. trabalhos realizados em todas as
ao início do próximo evento, ofere-
regiões do Brasil, e também em países
Dessa forma, a equipe sempre cendo tempo suficiente para a con-
como México, Portugal, Itália e Estados
tem pelo menos duas cópias distin- ferência de todas as cópias.
Unidos. Além de trabalhar ao lado de
referências mundiais em filmes de
casamentos cinematográficos, como
Ray Roman e Joe Simon, Samuel
Rose também faz palestras em
eventos especializados no tema,
como a Wedding Select e Video Elite,
entre outros.

Samuel Rose com os companheiros Fábio Nagaguishi, Denise Machado e Márcio Nagaguishi

Agosto 2017 • 95
FILMMAKER / Consultoria profissional

O áudio deve ter tanta


importância quanto a
captação de imagens em
qualquer tipo de filmagem

Fotos: Shutterstock
DICAS DE JULIAN J. LUDWIG SOBRE ÁUDIO
PRÉ-PRODUÇÃO TABAJARA direcional para cobrir o deslocamen-
Pensar o áudio antes de partir to de atores, o uso de microfones de
para uma locação é fundamental. lapela em entrevistados e outros de-
Isso ocorre na etapa de pré-produ- talhes. “O segredo é tentar prever to-
ção, e serve para conhecer as con- dos os problemas de antemão, e não
dições de ruído do ambiente e para deixe para descobrir na hora”, ensina.
ter um planejamento detalhado da
quantidade de microfones e equi- ERROS TÉCNICOS BANAIS
pamentos necessários. Toda gravação audiovisual envol-
Assim, é possível escapar de pro- ve uma lista de itens que precisam ser
blemas comuns como a reverberação checados antes, durante e depois de
excessiva, algo que pode ser difícil de apertar o botão de REC da câmera.
corrigir na pós-produção – e que dá Iniciantes tendem a pular ou esque-
para ser evitado com o uso de mantas cer alguns detalhes essenciais. “Certi-
de som. No entanto, só é possível se o fique-se de que os seus equipamen-
filmmaker prever o problema na eta- tos estão funcionando apropriada-
pa de pré-produção. mente, sem mal contatos ou interfe-
Outra vantagem de conhecer a rências. Sai muito mais caro tentar ar-
locação de antemão é poder organi- rumar algo na pós-produção do que
zar a ordem do dia para evitar horá- gravar corretamente desde o início”,
rios de maior ruído, como a saída de afirma Ludwig.
crianças de uma escola próxima ou Ele alerta ainda para que não se
mesmo a hora do rush se a locação use um equipamento de baixa quali-
estiver em uma rua movimentada, dade, que compromete o resultado fi-
explica Ludwig. A pré-produção tam- nal do trabalho. Em áudio, é possível
Fazer um check list para verificar se tudo bém permite avaliar se será necessá- se preparar antecipadamente, gra-
está funcionando bem é fundamental rio empregar mais de um microfone vando versões de teste para avalia-

96 • Fotografe Melhor no 251


O monitoramento do
áudio é um procedimento
imprescindível para uma
produção de qualidade

ção, e descobrir as melhores configu- O microfone de lapela é uma


ótima opção de captação de
rações do equipamento. “Estude dife-
áudio de fala, mas precisa ser
rentes técnicas sobre como esconder e instalado com alguns cuidados
fixar microfones de lapelas. A proximi-
dade da lapela em relação à fonte so- ra evitar problemas de sincronismo
nora melhora muito a relação sinal/ na edição; deixar os níveis pelo me-
ruído. Contudo, é preciso cuidado es- nos 12dB abaixo do corte, para que
pecial ao trabalhar com fones de lape- eventuais picos na fala não corram o
las para evitar ruídos de contato”, diz. risco de estourar na gravação; utili-
zar uma claquete para realização de
SEM MONITORAR sincronismo na pós; e fazer sempre
Ludwig ensina que é fundamen- backups ao fim da gravação.
tal monitorar o áudio durante a gra- Outro ponto é a posição dos mi-
vação. Esse procedimento impres- crofones: “Quanto mais perto vo-
cindível serve para garantir que o cê conseguir chegar com o microfo-
que está sendo gravado é de fato a ne direcional da fonte sonora, melhor
fala dos atores, dos entrevistados etc. será a relação sinal/ruído”, ensina. Se
E não apenas ruídos ou chiados de for possível, use sempre mais de um
interferência – que podem enganar microfone, como o de lapela com-
alguém que observa visualmente os plementando o direcional (também
níveis de gravação. chamado de boom mic), diz ele.
Na hora de configurar o som,
Ludwig recomenda alguns pro- SUBESTIMAR O ÁUDIO
cedimentos: gravar o áudio em Não dar a devida atenção ao áu-
48Khz/24 bits e certificar-se de cap- dio é um erro que percorre todas as
tar o som na mesma velocidade da instâncias da produção. Se para a
filmagem (24 fps, 29.9 fps etc.) pa- imagem o filmmaker pensa no en-

Agosto 2017 • 97
FILMMAKER / Consultoria profissional

Uma pós-produção de um microfone de lapela. Já um corte


áudio com profissionais de frequências numa zona entre 300
especializados pode fazer
uma grande diferença e 600Hz pode remover uma resso-
nância pouco agradável em alguns
casos”, ensina Ludwig.
Outro ajuste comum, após a eta-
pa de equalização, é na ferramen-
ta “compressor”, para fazer o contro-
le dinâmico do diálogo. “No final do
processo, utilize um Limiter para evi-
tar que picos ultrapassem o limite de
-0dBFS e gerem distorção na saída.
Por fim, tenha cuidado com fades e
transições”, alerta.

SEM AJUDA PROFISSIONAL


Julian J. Ludwig

Por mais bem captado que se-


ja, o áudio também precisa rece-
ber atenção profissional na etapa de
pós-produção. Mais que uma ques-
tão de cortar custos, o problema po-
quadramento correto, iluminação, de estar, muitas vezes, no desconhe-
correção de cor e edição, muitas ve-
JULIAN J. LUDWIG zes o mesmo não ocorre em relação
cimento e na falta de entendimento
dos iniciantes para a relevância do
às instâncias do áudio, como falas, tema. “Um bom técnico de som di-
Julian J. Ludwig é diretor da foley, trilha sonora, efeitos sonoros reto pode gerar um resultado exce-
produtora de áudio Jacarandá etc. O que muitos iniciantes se es- lente, deixando você livre para focar
Licensing e Loc On Demand. Já quecem é que, sem um som de qua- em outros aspectos da filmagem. Da
trabalhou para empresas e marcas lidade, o resultado final comprome- mesma forma, um finalizador de áu-
como Nissan, Danone, Trip, Cuatro te o vídeo todo. “Existe um ditado dio pode utilizar ferramentas mui-
Cabezas, Peugeot, Natura, TV Gazeta, antigo que diz: ‘Um som bom não to mais avançadas em um ambiente
Editora Globo, Adidas, Nestlé, Itaú, salva um filme ruim, mas um som tratado a fim de trazer melhores re-
MTV, C&A, YouTube, SESC, TicTac, ruim estraga um filme bom’. É uma sultados do ponto de vista técnico e
entre muitos outras. Além de atuar realidade”, diz Ludwig. criativo”, informa o especialista.
como compositor, também finalizou Na edição, escolha os
(edição e mixagem) diversos longas- takes do vídeo levando o
-metragens, séries de TV, curtas áudio em conta. Ouça os
independentes, exposições para diferentes microfones de
o Sesc e para o Instituto Inhotim. forma a “abrir” o som so-
É também professor na Academia mente quando necessá-
Internacional de Cinema.
rio e o fechando quan-
do houver silêncio. Ou-
tra dica é a equalização
para remover ruídos gra-
ves que interferem com
a voz, em geral situados
entre 50 e 100Hz. “Tam-
bém é comum ajustar o
brilho (agudo) necessá-
rio para abrir o som de

Improvisar na captação
do som pode ter
consequências bem
negativas para o vídeo
Shutterstock

98 • Fotografe Melhor no 251


FIQUE POR DENTRO
exposições, concursos e cursos

sp
A afinidade com os cães deu a Erwitt um olhar especial para flagrar cenas do cotidiano envolvendo humanos e os animais

Cães de Elliott Erwitt


chegam à exposição em São Paulo
P
ara alguns, o melhor amigo é o cachorro de gráfica. Mas foi nos anos 1940 que começou a ga-
estimação; para outros, a câmera. O franco- nhar destaque como fotógrafo comercial. Em 1950,
americano Elliott Erwitt, prestes a comple- trabalhando como fotógrafo do exército america-
tar 89 anos, pôde desfrutar desses dois mundos du- no, conheceu o húngaro Robert Capa, um dos cria-
rante os quase 50 anos de carreira na fotografia. A dores da lendária Magnum. Três anos depois, em
irreverência no trato dos animais com os seus res- 1953, foi trabalhar com Capa e Cartier-Bresson na
pectivos donos ou semelhantes na rua é uma das agência. Segundo João Kulcsár, curador da mostra,
chaves para se divertir na exposição Elliott Erwitt, Vi- “o que mais lhe atrai na hora de registrar uma cena
da de Cão, que será apresentada na Galeria de Fotos é a espontaneidade”. Esta é a quarta exposição das
do Centro Cultural Fiesp, em São Paulo (SP). cinco programadas pela Magnum no Brasil.
As centenas de fotografias que envolvem ca-
chorros – que já renderam oito livros – começa-
Fotos: Elliott Erwitt

ram por volta de 1946, o que, segundo o fotógra-


fo, aconteceu pela sua afinidade com os animais.
Anos depois, quando já fazia parte do time da
Agência Magnum, ao analisar algumas fotos reve-
ladas e colecionadas dentro de uma caixa, o pa-
drão dos cães chamou-lhe a atenção. Para esta
exposição, foram selecionadas 50 fotos, todas em
P&B e feitas em diversos países, como Brasil, Ar-
gentina e França.
Erwitt é filho de russos, mas nasceu na França
e mudou-se para os Estados Unidos aos 11 anos.
Já na juventude, adquiriu a primeira câmera foto-

:: Data: até 24 de setembro de 2017


:: Local: Centro Cultural Fiesp, Av. Paulista,
1.313 – Jardins, São Paulo
:: Informações: (11) 3146-7439 A primeira foto envolvendo cachorros foi feita em
www.centroculturalfiesp.com.br 1946 e daí em diante o fotógrafo não parou mais

100 • Fotografe Melhor no 251


Fragmentos
A introspecção é tema deste tra-
balho da fotógrafa Sinisia Coni,
com fotos feitas entre 2013 e 2015.
As 22 imagens selecionadas estão
expostas no Espaço Pierre Verger
de Fotografia Baiana, uma galeria
a céu aberto, contraponto propos-
to pela própria artista como reflexão
do seu trabalho.

Sinisia Coni
:: Data: até 30 de agosto de 2017
:: Local: Farol de Santa Maria, Rua Sete
BA de Setembro, s/n – Barra, Salvador
:: Informações: (71) 3203-8400

sp CÂMERAS
FOTOGRÁFICAS
DO FILME AO DIGITAL
Marcelo Masagão

Helcio Peynado
ANTILOGIAS RJ
A primeira biblioteca pública de São Paulo,
a Mário de Andrade, foi o objeto de estudo
do fotógrafo Marcelo Masagão, que frequen- :: Data: até 20 de agosto de 2017 E m comemoração ao aniversá-
rio da fotografia, no dia 19 de
tou e registrou o cotidiano do espaço durante :: Local: Biblioteca Mário de agosto, quando foi anunciada em
meses. A mostra reúne 25 fotos que brincam Andrade, Rua da Consolação, 94 – Paris a invenção do daguerreóti-
com a passagem do tempo nas figuras abs- Consolação, São Paulo po, o fotógrafo Helcio Peynado re-
tratas dos visitantes e empregados. :: Informações: (11) 3775-0002 cuperou algumas das câmeras de
sua coleção para fotografá-las em
seu estúdio. Foram escolhidas 67

ENTREELAS sp
câmeras, que foram agrupadas
Dielo Aliados

por períodos de importância e que


estarão na mostra.

A s diferenças entre gêneros,


classes e gerações são explo-
radas nesta exposição como uma
:: Data: até 31 de agosto de 2017
:: Local: West Shopping, Estrada do
forma de reflexão sobre um tema Mendanha, 555 – Campo Grande,
tão atual. Uma maneira de com- Rio de Janeiro
batê-las. A mostra apresenta uma :: Informações: (21) 3427-4031
série do fotógrafo Dielo Aliados,
que examina a presença feminina
no espaço público. Aliados faz ain-
da a curadoria dos trabalhos das :: Data: até 25 de agosto de 2017
artistas gráficas Carol Nascindin, :: Local: Favela Galeria, R. Archangelo
Grazie Gra, Linoca Souza, Nena Archina, 587 – São Mateus, São Paulo
Madalena e Talita Squeenzel. :: Informações: (11) 94008-6040

Agosto 2017 • 101


cursos
SÃO PAULO (SP) BRASÍLIA (DF)
O Rever – Estudos em Fotografia está O Espaço F/508 de Fotografia apre-
com novas turmas do Curso de Fotogra- senta o Curso Intermediário de Foto-
fia Básica, focado em fotógrafos inexpe- grafia, que trabalha os aspectos ar-
rientes. São 22 aulas, divididas entre tísticos da imagem e outras configu-
teóricas e práticas, uma vez por mês. rações mais avançadas.
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Preço: a partir de R$ 120 Preço: consultar com a escola
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– Pinheiros Asa Norte
Informações: (11) 3062-8686 Informações: (61) 3347-3985
reverfotografia.wordpress.com www.f508.com.br

O Instituto da Foto conta com a seguin- CURITIBA (PR)


te grade de cursos para julho de 2017: A Escola Portfólio oferece o Módulo 1
Técnica Completa em Operação Manu- do Curso de Formação Básica em Fo-
al, Debulhando o Flash Externo, Dire- tografia, com turmas de durações va-
ção de Arte para Fotojornalismo e Mo- riadas entre um e três meses. A esco-
da, Eventos Sociais Repaginados, Foto- la também traz o Módulo II do Curso
jornalismo: Conceito e Vivência, Desen- de Iluminação e Linguagem na Pro-
volvimento de Certificação Profissional. dução de Retratos, que apresenta au-
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Preço: a partir de R$ 500 modelos e testes de iluminação.
(Modalidade Multi Rede a Distância) Data: a partir de 7 de agosto de 2017
Local: Rua Itararé, 123 – Bela Vista Preço: R$ 860 à vista
Informações: (11) 98165-2073 Local: Rua Alberto Folloni, 634 A –
www.institutodafoto.com Centro Cívico
Informações: (41) 3252-2540
A Fullframe Escola de Fotografia traz www.escolaportfolio.com.br
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Digital Básico ou Básico e Intermediá- FLORIANÓPOLIS (SC)
rio. São seis aulas, e o material didático A Escola Saulo Fortkamp promove
é fornecido pela própria escola. em agosto de 2017 os cursos Básico,
Data: a partir de 14 de agosto de 2017 Intermediário e Avançado de Fotogra-
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– Pinheiros dutos para Web e Câmera Compacta.
Informações: (11) 3097-9448 Data: a partir de 7 de agosto de 2017
www.fullframe.com.br Preço: consultar com a escola
Local: Rua Djalma Moellmann,
RIO DE JANEIRO (RJ) 80 – Centro
O Curso de Fotografia Helcio Peynado Informações: (48) 90404-6269
está com novas turmas às quartas-fei- www.saulofortkamp.com.br
ras, além das turmas regulares de Fo-
tografia e de Iluminação aos sábados. Caxias do Sul (RS)
O curso disponibiliza câmeras e aces- A Sala de Fotografia promove curso
sórios para as aulas práticas do curso intensivo de fotografia com a profes-
de fotografia. sora Lidiane Giordano, que abrange
Data: a partir de 17 de agosto de 2017 dos conceitos básicos aos mais avan-
Preço: consultar com a escola çados, com turmas à tarde e à noite. O
Local: consultar com a escola objetivo das aulas é familiarizar o alu-
Informações: (21) 3427-4031 no com a linguagem fotográfica, bem
www.helciopeynado.com.br como promover o entendimento e o
domínio da técnica. O percurso didá-
O Curso Grande Angular oferece cur- tico visa a uma inserção do aluno no
sos especiais de Photoshop, Lightroom universo imagético.
e Fotografia Empreendedora. Data: a partir de 10 de agosto de 2017
Data: a partir de 12 de agosto de 2017 Preço: consultar com a escola
Preço: consultar com a escola Local: Rua Garibaldi, 789, sala 177 –
Local: consultar com a escola Edifício Estrela, Exposição
Informações: (21) 97415-7569 Informações: (54) 3534.8994
www.cursograndeangular.com www.saladefotografia.com

ATENÇÃO: para participar desta seção, envie a programação para a redação de Fotografe
Melhor até o dia 1o do mês anterior ao evento, pelo e-mail fotografe@europanet.com.br

102 • Fotografe Melhor no 251

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