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Qualquer médico ou profissional da saúde que se defronte com um caso de violência doméstica contra

criança ou adolescente deve estar ciente de que está diante uma situação complexa, com risco de morte, que
quase sempre causa:
- Sequelas psíquicas;
- Sequelas físicas;
- Abalo no núcleo familiar;
- Risco de reprodução do modelo de violência.
HÁ TENDÊNCIA DA CRIANÇA REPRODUZIR O MODELO DE VIOLÊNCIA EM TODAS RELAÇÕES
INTERPESSOAIS (NA RUA, ESCOLA, TRABALHO ETC.)

Abuso doméstico contra crianças ou adolescentes = distúrbio da função parental.


Origem: os pais consideram o filho como propriedade e não como responsabilidade.
Reprodução: geralmente, os pais também foram submetidos a experiências traumáticas durante a
infância (abuso, privação, abandono emocional, castigo)
Causa e efeito: nesse modelo linear, os traumas dos pais provocarão alterações de comportamento que
os levarão a abusar de seus filhos.
Comprometimento: a violência doméstica atinge a vida da criança e também de sua família e da
sociedade.
HÁ RISCO DE SEQUELAS NOS PLANOS INDIVIDUAL, EMOCIONAL, INTELECTUAL E SOCIAL

Letra da Música: Eu não pedi para nascer

Minha mão pequena bate no vidro do carro


No braço se destacam as queimaduras de cigarro
A chuva forte ensopa a camisa, o short
Qualquer dia a pneumonia me faz tossir até a morte
Uma moeda, um passe me livra do inferno,
Me faz chegar em casa e não apanhar de fio de ferro
O meu playground não tem balança, escorregador
Só mãe perguntando quanto você ganhou
Jogando na cara que tentou me abortar
Que tomou umas cinco injeções pra me tirar
Quando eu era nenê tento me vender uma pá de vez
Quase fui criado por um casal inglês
Olho roxo, escoriação, porra, que foi que eu fiz?
Pra em vez de tá brincando tá colecionando cicatriz
Filho não nasce pra sofrer, não pede pra vir pra Terra.
(Refrão 2x)
O seu papel devia ser cuidar de mim, cuidar de mim, cuidar de mim
Não me espancar, torturar, machucar, me bater, eu não pedi pra nascer
Minha goma é suja, louça sem lavar,
Seringa usada, camisinha em todo lugar
Cabelo despenteado, bafo de aguardente `
É raro quando ela escova os dentes
Várias armas dos outros muquiadas no teto
Na pia mosquitos, baratas, disputam os restos
Cenário ideal pra chocar a UNICEF,
Habitat natural onde os assassinos crescem
Eu não queria Playstation, nem bicicleta
Só ouvir a palavra "filho" da boca dela
Ouvir o grito da janela "A comida tá pronta",
Não ser espancado pra ficar no farol a noite toda

Respondam por escrito a algumas questões, como as que se seguem:

• Esta música retrata o quê?


• Como a criança da música é tratada?
• Ela desfruta da infância? Por quê?
• Que sentimento transparece na letra que a criança apresenta de sua situação?
• Que outro final esta música poderia ter?

Figura 2- Combate a vilência infantil

Como uma segunda atividade, o professor entregará aos grupos um texto, postado abaixo, intitulado
“Caso Isabella recende debate sobre violência contra criança”, disponível
em: http://diganaoaerotizacaoinfantil.wordpress.com/2008/04/07/caso-isabella-reacende-debate-sobre-
violencia-contra-crianca/. 
Acesso em 29 set. 2009.Os grupos terão como atividade ler este texto, e com base nele deverão elaborar
um texto crítico sobre a violência contra a criança.

Especialista do Unicef diz que o problema tem origem cultural sobre a forma correta de educar. Pais que
não sabem dosar relação de poder correm risco de cometer abusos

Há uma semana, o Brasil acompanha estarrecido o desenrolar da investigação policial sobre a misteriosa
morte da menina Isabella Oliveira Nardoni, 5, encontrada com sinais de violência no jardim do edifício onde
mora o pai, num condomínio de classe média paulista.

Como num filme de suspense, cada nova revelação sobre o caso reforça nas pessoas a mais intrigante
das perguntas. Afinal, quem é o autor do crime?
Mas por trás dessa investigação e da de outros casos, como o descoberto nessa semana em Belo
Horizonte em que uma menina de apenas 2 anos foi raptada, segundo a polícia, para ser usada para pedir
esmolas, está uma realidade que preocupa os especialistas no assunto: por que tantas crianças são vítimas
de violência no Brasil?
Para a oficial de projetos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), responsável pela área de
raça, etnia e violência, Helena Oliveira, ainda que pareça inexplicável, a violência infantil tem raízes culturais
que envolvem a relação de poder entre adulto e criança e que ao longo da história foi incorporada na
sociedade como a maneia certa de educar.
Helena Oliveira explica que é natural que as relações entre adultos e crianças sejam assimétricas, tendo
os adultos mais poder e autoridade. O problema, segundo ela, está exatamente no abuso desse poder.
“Essa relação assimétrica de poder é natural da socialização. O adulto é quem tem capacidade de ajudar a
criança a se desenvolver, a crescer e a se tornar um adulto pleno. O importante é saber a dosagem e o limite
desse poder, para que ele não se torne abusivo e violento. Um adulto pensa duas vezes antes de agredir
outro adulto, mas contra a criança é muito mais fácil agir”, diz.
Estudos do Unicef apontam que, entre os tipos de violência praticados contra crianças, a negligência e os
abusos sexuais são os mais comuns.

CASTIGO
Usar a violência e castigos como método de educação e repreensão também são usuais entre as
pessoas, não só pais, mas também familiares, conhecidos e até professores, aponta a especialista. As
palmatórias usadas antigamente nas escolas são um exemplo disso.
“Palmadas, mesmo que por trás tenham a intenção de ensinar, são ações de violência e não devem ser
praticadas. É preciso desconstruir esse pensamento de que bater educa, o que já foi provado que não
funciona. Mas isso leva tempo.”
A oficial alerta que a utilização frequente da violência como método de educação pode até se intensificar
com o passar do tempo, tornando o gesto cada vez mais forte, ao ponto de causar a morte da vítima.

Lei mudou relação com menor no país

O comportamento e pensamento da sociedade em relação às crianças começaram a dar sinais de


mudanças no Brasil em 1990, com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente. É a opinião da
assistente social Fernanda Martins, mestre em psicologia social e coordenadora de Políticas Pró-Criança e
Adolescente da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese). “Foi nesse momento que a
criança passou a ser considerada como um sujeito de diretos”, afirmou.
Antes, de acordo com a assistente social, bater em crianças era um paradigma social aceitável e não
gerava prejuízos para o agressor, pois não havia denúncias. “Hoje, a lei prevê punição para a pessoa que
comete crimes violentos contra a criança, apesar de ainda ser pouco eficiente nessa questão. A Justiça
precisa se empenhar mais para tratar os casos e punir os agressores.”
Mas especialistas afirmam que a violência contra crianças ainda é um fator cultural, relacionado,
principalmente, com a relação de poder entre adulto e criança e também incorporado historicamente na
sociedade como uma maneira de educar.
Atitude pode ser repetição
O doutor em psicologia médica Vitor Geraldi Haase, professor de psicologia da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), atribui o comportamento violento de muitos adultos contra crianças como sendo um
fator de repetição ou intergeracional, que passa de geração para geração. Segundo ele, a maioria das
pessoas que comete esses crimes sofreu, quando criança, os mesmos maus-tratos. “Os indivíduos que foram
maltratados ou violentados na infância têm mais chance de repetir a violência quando adultos. Porém, isso
não quer dizer que toda pessoa que sofreu na infância repetirá a ação. E nem que uma pessoa sem traumas
não possa cometer a violência”, afirma.
Segundo Haase, em caso de violência doméstica, há uma maior facilidade de os maus-tratos
acontecerem em casas que existam padrasto ou madrasta, dependendo da relação.
Casais que brigam muito são mais propensos a cometer violência contra os filhos. “Cuidar de criança é
difícil e requer dedicação. Os adultos têm que colocar seus interesses pessoais em segundo plano para
atender aos interesses das crianças. Muitos não conseguem e negligenciam os cuidados, abusam e ou
partem para a violência.”
A assistente social Fernanda Martins, coordenadora de Políticas Pró-Criança e Adolescente da
Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, disse que álcool e drogas, assim como uma situação
vulnerável, como o desemprego, por exemplo, podem estimular a agressividade.
Assim que todos os alunos discutirem e elaborarem seus textos, o professor solicitará que eles
apresentem estes oralmente. Conforme os grupos forem apresentados, ele deve aproveitar para ressaltar a
importância da denúncia, porquanto é uma forma de atenuar a violência. Deve frisar que podem fazer
denúncia no conselho tutelar da cidade em que residem.
Além disso, ele deve dizer que há outras formas de proceder a denúncia, sendo estas:
· O Sistema de Notificação Nacional lntegrado (telefone: 100);
· · O Ministério Público Federal [ Digi-denúncia];
. WWW.mpf.gov.br/digidenuncia.htm
· Departamento da Polícia federal: WWW.dpf.gov.br
ATIVIDADE
Como uma segunda atividade, os alunos, ainda em grupo, deverão elaborar uma música
abrangendo a violência contra a criança. Esta música terá como intuito denunciar esta violência e alertar os
alunos sobre a importância da denúncia. Concluída esta confecção, eles deverão primeiramente ler a letra da
música, e após cantá-la.

oiv

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