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XXI SIMPEP Art 195
XXI SIMPEP Art 195
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XXI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
As Demandas de Infraestrutura Logística para o Crescimento Econômico Brasileiro
Bauru, SP, Brasil, 10 a 12 de novembro de 2014
1. Introdução
Para Brigas (2008) as ações paliativas são ações corretivas de cunho provisório,
sugerindo a reposição da funcionalidade do bem ou ativo mesmo que não na sua totalidade, a
fim de evitar atrasos, prejuízos e perda imediata na produção. Estudos e técnicas mais
avançadas têm sido desenvolvidos para tornar mais preciso o momento adequado para a
execução da manutenção de forma a interferir o mínimo possível no processo produtivo. No
entanto, imprevistos acontecem e as ações paliativas são inevitáveis para evitar danos ou
prejuízos maiores. A prática da ação paliativa na manutenção industrial segundo Denkena at
al (2009) conduzida de maneira técnica e com procedimento formal pode resultar em soluções
inovadoras que podem resolver problemas no dia a dia da manutenção industrial.
Este artigo visa oferecer uma abordagem mais técnica as ações paliativas no ambiente
da manutenção industrial e ratificando sua importância como modalidade de atuação,
procurando desmistificá-la como uma atividade normal no meio produtivo, desde que
praticada por profissional tecnicamente capacitado e através de critérios pré-estabelecidos.
Em função da controvérsia do termo paliativo utilizado na área de manutenção
industrial estar associado equivocadamente a “gambiarras” ou “remendos” resultando em
limitado material científico para discussão sobre o assunto, utilizou-se uma abordagem
exploratória na base de dados da CAPES, bem como em livros e revistas especializadas a fim
de elucidar conceitos e confrontá-los com as práticas vivenciadas na manutenção para poder
compor critérios e procedimento técnicos que justifiquem a prática das ações paliativas com
segurança neste ambiente, procurando discutir ideias de forma a permitir contribuições na
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2. Referencial teórico
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No entanto, o termo paliativo tem várias implicações. Para Ferreira (2004), paliativo
significa aquilo que serve para acalmar, atenuar ou adiar momentaneamente um mal,
tratamento que apenas fornece alívio, de duração variável a um doente ou ainda meio ou
expediente usado para atenuar ou procrastinar uma crise. Esta definição é precisamente usada
na área da saúde humana. Mas a ação paliativa na manutenção tem origem segundo Santos
(2013), na necessidade urgente de retomar o restabelecimento da função do elemento, mesmo
que a menor, ou seja, sem restabelecer a completa funcionalidade do bem, possibilitando de
maneira provisória a conclusão de uma atividade fabril onde o insucesso tenha consequências
desastrosas ou de grande custo financeiro.
Outra definição muito propícia é dada por Andrade (2006) na qual afirma que
manutenção paliativa é o tipo de manutenção efetuada após uma falha que, devido às
circunstâncias ou extensão da mesma, não permite fazer uma intervenção efetiva,
restabelecendo-se apenas o serviço, sem a eliminação definitiva do problema. Cabe reforçar
que a adoção consciente da solução paliativa implica numa ação curativa posterior.
Por sua vez a ação paliativa embora descrita pela NBR-5462 (1994), no Brasil é
frequentemente citada como gambiarra dentro do próprio ambiente da manutenção, denotando
um estado de baixa cultura e desconhecimento presente nesses setores. Nesses ambientes a
ação paliativa é tratada de maneira informal e às vezes inconsequente.
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se traduzem nas mais avançadas, como o FMEA (Failure Mode and Effect Analysis) e Análise
de Riscos entre outras. Em contra partida, a paliativa se encontra na extremidade oposta das
práticas evolutivas da manutenção, pois sua utilização implica em assumir grandes riscos e
custos diretos elevados.
Embora não se tenha citado anteriormente, as falhas merecem um estudo a parte, pois
dependendo de sua denominação merecem estratégias diferentes de ataque. Siqueira (2005)
desdobra os tipos de falhas pela sua: origem, extensão, velocidade, manifestação, criticidade e
idade. Ainda o mesmo autor descreve que através da Manutenção Centrada na Confiabilidade
(MCC) as falhas podem ser classificadas segundo o efeito que causam na função do sistema a
que pertencem. Na Figura 3 é possível visualizar a classificação das falhas citadas cujo estudo
pela MCC e o auxílio do FMEA, possibilita a tomada de decisões quanto às melhores
políticas de manutenção na determinação das formas de manutenção a se aplicar a cada
componente sempre procurando antever a falha.
Segundo Duarte (2010) e ETI et al (2004) mesmo com aplicação de técnicas modernas
de detecção ou antecipação à falha, a probabilidade de acontecer falhas que surpreendam o
pessoal da manutenção, embora seja pequena ela existe e pode acontecer de maneira
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inesperada, o que faz das ações paliativas uma maneira de intervenção que necessita ser
realizada de maneira profissional e consciente através de procedimentos padronizados e com
uso de critérios pré-estabelecidos.
3. Resultados e discussões
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b) Há tempo disponível e recursos suficientes para a curativa? Para responder essa pergunta
deve-se considerar que a curativa deve ser a opção natural e mais viável que a paliativa,
porém nesses momentos há grande pressão da operação para resolver o problema o mais
rápido possível, e nesses casos é necessário um debate em níveis superiores para avaliar a
real urgência da operação;
c) Existe uma alternativa possível? A resposta a essa pergunta vai depender da pró-atividade,
conhecimento técnico, e capacidade de assumir riscos controlados do responsável pela
manutenção, pois a adoção de medidas paliativas deve estar sempre sob controle do
pessoal do nível gerencial da manutenção.
d) Quais as consequências possíveis? Todas as possibilidades devem ser levantadas
contemplando os aspectos de legislação, de seguros existentes, de garantia, de segurança,
danos ao meio ambiente, propagação da degradação que afete de alguma maneira o ciclo
de vida do equipamento;
Somente após essas perguntas fundamentais o gestor pode responder pela adoção de
uma ação paliativa. Importante ressaltar a importância que a tomada de decisão seja conjunta
ou de consenso pela equipe de manutenção. O próximo passo seria detalhar as ações que
promoverão a solução do problema definindo o que cada elemento da equipe precisa fazer e o
prazo para a realização de cada tarefa.
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4. Conclusão
Ações paliativas tem recebido pouca atenção nas pesquisas na área de manutenção
industrial, este assunto tem estado às margem das pesquisas devido a caracterização pejorativa
do termo paliativo, o que deve ser combatido no ambiente da manutenção industrial.
Exemplos de tratamentos paliativos na área da medicina que por muito tempo foram
repudiados por não serem práticas curativas, hoje são aceitos, existindo farta literatura na base
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científica, procurando não negligenciar este aspecto na saúde humana que apesar dos grandes
avanços da medicina, o ser humano ainda sofre de males incuráveis. Na área da manutenção
industrial apesar dos esforços no combate à imprevisibilidade das falhas, ainda ocorre um
residual de imprevistos em momentos críticos que podem trazer grandes impactos à empresa.
Nessa pesquisa procurou-se encontrar subsídios que justifiquem a ação paliativa na
manutenção como prática inevitável para combater falhas inesperadas resultantes de situações
inesperadas que podem ocorrer mesmo em organizações de alto nível técnico na gestão em
manutenção, ou das más práticas de gestão e da cultura conservadora ainda presente em
muitas instalações produtivas.
Percebe-se pela limitação de produções científicas, que ainda a paliativa é tratada como
um tabu, sendo comum a associação do termo como “gambiarra” e assim, como uma prática
que deva ser esquecida. Também não se deseja aqui promover, a paliativa como forma de
manutenção a ser difundida. No entanto, como visto no referencial teórico ela faz parte do
processo dado a dificuldade de se antever em 100% as falhas, o que a torna, mesmo em
pequena escala, a realidade das empresas. Isto reforça que esta prática merece além de estudos
critérios e procedimentos adequados como apoio a profissionais que se depararem com as
situações em que sua adoção seja inevitável. Assim, através da pesquisa ora realizada em
conjunto com as observações das práticas observadas, sugeriu-se que a manutenção paliativa
deva ser realizada somente dentro de determinadas situações já expostas e com critérios pré-
estabelecidos para que mesmo em situações de imprevistos se tenha procedimentos
previamente analisados para executá-la de maneira a atender o seu propósito, ou seja, que a
ação paliativa traga não somente a solução, mas que possa, no desenvolvimento da solução,
desafiar as equipes de manutenção em soluções criativas que possam melhorar máquinas e
equipamentos em função do nível inovador da solução adotada. Isto definitivamente trás para
as equipes de manutenção capacitação ao adotar procedimentos criteriosos, como também
intuitivos na solução de novos problemas.
Referências
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