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MATERIAIS CERÂMICOS

O assunto de hoje são os materiais cerâmicos. Para começar com o pé direito, vamos conceituar
o que é cerâmica. Trata­se de um daqueles materiais que muita gente sabe o que é, mas poucos
conseguem conceituar em palavras. Então vamos lá. Existem duas definições mais ou menos
equivalentes.

Materiais cerâmicos são aqueles obtidos a partir da argila, podendo ou não acrescentar
óxidos na composição.

Ou, posto de outra maneira,

Material cerâmico é aquele endurecido através da ação do calor sobre silicatos de


alumínio hidratados.

Como silicato de alumínio hidratado (2 SiO2 · Al2 O3 · 2 H2 O) é apenas um nome chique para
argila, então ambas as definições falam da mesma coisa. Em resumo, consideramos como cerâ­
mica o material produzido quando colocamos argila no forno para cozer. As argilas, entretanto,
variam em qualidade, de acordo com a quantidade de silicatos e de outros minerais e de impure­
zas em sua composição. A argila de melhor qualidade, aquela bem rica em silicato de alumínio,
é chamada de caulim.
A argila é plástica quando úmida, ou seja, pode ser facilmente moldada. Mas, quando seca,
ela se torna rígida. Por conta disso, a argila úmida é moldada na forma de vasos, tijolos, telhas,
xícaras, pisos de porcelana ou qualquer outra forma que se queira. Então o material é levado
ao forno para secagem e você tira de lá o produto final. Contudo, a quantidade de água para
umidecer a argila precisa ser controlada: seca, ela é rígida; água demais faz a argila se tornar um
líquido lamacento ao invés de um material moldável.
Argilas muito porosas, quando se transformam em cerâmica, deixam o material mais quebra­
diço e sensível à corrosão e abrasão. Duas características afetam a porosidade da cerâmica: o
tamanho dos grão de argila quando secos e a presença de matéria orgânica. Quanto maiores
forem os grãos de argila, mais poroso será o resultado final. Da mesma forma, quanto mais ma­
terial orgânico existir misturado à argila coletada, mais porosa será a cerâmica criada a partir do
mesmo.
Quando aquecemos a argila de 20 a 150 °C, ela seca, mas ainda não forma cerâmica. Entre
150 e 600 °C, toda água adsorvida é eliminada. Apenas a partir de 600 °C é que começam enfim
as transformações químicas na estrutura cristalina que converterá a argila em cerâmica. Se o
aquecimento continuar, a partir de 900 °C começa a vitrificação (como já discutido no material
sobre vidros).
Antes da argila ir ao forno virar cerâmica, ela sofre alguns pré­tratamentos.

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• Lavagem. Elimina sais solúveis, areia, granito, nódulos de cal e cristais de gesso.

• Peneiramento. Para retirada de partículas sólidas.

• Umidificação. Adiciona­se o teor de água para criar a plasticidade desejada da argila.

• Amassamento. Enquanto se mistura água, ao mesmo tempo se amassa a argila para ho­
mogeinizar melhor.

Preparada a argila, ela deve ser levada ao forno para se tornar cerâmica. Entretanto, um aque­
cimento rápido vai provocar rachaduras no material quando a água começa a evaporar e sair do
material. Portanto, muitas vezes, após moldado o material na forma desejada, faz­se uma seca­
gem prévia em temperatura não muito elevada para remover o excesso de água e somente depois
disso que a argila vai para o forno.

CERÂMICA BRANCA

Por definição, este tipo de cerâmica engloba os produtos que, após a queima, apresentam cor
branca ou clara, bem como apresentam uma textura mais fina. As cerâmicas brancas são obtidas
a partir de temperaturas superiores a 1200 °C.
Muitas cerâmicas brancas possuem vidrado (o qual também é chamado de esmalte ou gla­
sura). Trata­se de uma camada bem fina de vidro, aderida sobre a superfície de um corpo cerâ­
mico. O vidrado não é apenas uma questão de estética, de deixar a peça cerâmica bonita. Ele
aumenta a resistência do material e a torna mais dura e fácil de ser lavada. O vidrado também
facilita a adição de cores decorativas à cerâmica ou de criar texturas diferentes no material.
Algumas vezes, o vidrado é criado junto com a cerâmica em uma única queima no corpo, mas
é mais comum que seja criado em uma segunda queima.
Existem vários tipos de cerâmicas brancas.

• Louça comum. Também chamada semivitrificada, é porosa, opaca, possuindo vidrado


mole.

• Louça vitrificada. Algumas vezes chamada de faiança, ou grés, é porosa devido sua
composição com grande teor de quartzo. Para promover aumento de resistência, adiciona­
se feldspato e calcário. É uma cerâmica com vidrado um pouco resistente à abrasão. Como
temperatura média de queima usa­se 1150 °C para primeira queima e 1100 °C para segunda
queima (que é quando se cria o vidrado).

• Porcelana. É a cerâmica vitrificada, com vidrado duro. Muito resistente à abrasão. As


temperaturas de queima são função de sua composição, porém considera­se como valores
médios a de 900 °C para primeira queima, 1330 °C para a segunda queima (a de vidrado)
e 850 °C para terceira queima (a de decoração).

• Louça sanitária. Usada em peças para o banheiro (vasos sanitários, pias).

• Ladrilhos e pastilhas. Para pisos. São resistentes à abrasão e impermeáveis.

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CERÂMICA VERMELHA

São todos os tipos de cerâmica que, após a queima, adquirem um tom avermelhado. Seu principal
uso é na fabricação de tijolos e telhas. Estas cerâmicas são criadas em temperaturas mais baixas
que a cerâmica branca (entre 800 e 1150 °C). Como curiosidade, a fabricação de tijolo está entre
as tecnologias mais antigas da humanidade, bem como é uma que pouco progrediu desde os
tempos pré­históricos.
As cerâmicas vermelhas podem ou não conter glasura (vidrado). Entre aquelas que não pos­
suem encontram­se tijolos, telhas, vasos e filtros de água. Entre as que possuem se incluem
manilhas, objetos de adorno, ladrilhos de pisos e lajotas, pastilhas de revestimento.

CERÂMICA REFRATÁRIA

Este nome é dado a toda cerâmica que é extremamente resistente ao calor, usada no interior de
muflas de laboratório, chaminés industriais, lareiras e churrasqueiras. Tanto cerâmicas brancas
quanto vermelhas podem ser refratárias.

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