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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
Apresentação.................................................................................................................................. 4
Introdução.................................................................................................................................... 7
Unidade I
DIREITO CONCORRENCIAL..................................................................................................................... 9
Capítulo 1
A defesa da concorrência: introdução e questões relevantes................................... 9
capítulo 2
Restrições horizontais....................................................................................................... 32
capítulo 3
Condutas verticais............................................................................................................. 53
capítulo 4
Questões judiciais............................................................................................................... 61
Unidade iI
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes............................................................. 77
capítulo 1
Princípios constitucionais da propriedade intelectual................................................ 77
capítulo 2
As modalidades contratuais da propriedade intelectual........................................... 130
capítulo 3
Tutela jurídica da propriedade intelectual................................................................... 145
Referências................................................................................................................................. 155
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
5
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
6
Introdução
O material se encontra divido em duas unidades.
E nesse espectro cabe ressaltar a análise da abrangência dos seguintes termos: atos
de concentração, Mercado dominante, mercado relevante, A imposição de restrições
e os acordos administrativos, os diversos acordos entre concorrentes, Condutas
Predatórias, monopólios. Analise das condutas verticais de Fechamento de Mercado
(Market Foreclosure), de Aumento de Custos dos Rivais, de Acordos de Exclusividade,
de Fixação de Preço Mínimo de Revenda, de Recusa de Venda (Essential Facilities), de
Discriminação, de Venda Casada (Tying e Bundling) e de Descontos.
E, por último será abordado o direito de tutela dos direitos intelectuais e sua interseção
com o direito da concorrência.
7
Objetivos
»» Promover o estudo lógico-sistemático e crítico-reflexivo do instituto do
direito concorrencial com a propriedade intelectual.
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DIREITO Unidade I
CONCORRENCIAL
Capítulo 1
A defesa da concorrência: introdução e
questões relevantes
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UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
Por outro lado, o legislador diminuiu o valor da proporcional das penas pecuniárias ao
propor que a multa irá variar de 1% até 20% sobre o faturamento da empresa ou grupo
de empresa no setor de atividade afetado pela conduta, mas por outro lado alargou a
possibilidade de penalizar o grupo de empresas, o que não era permitido na vigência da
lei revogada.
Atos de concentração
Vaz (2000, p. 227) compreende o ato de concentração como a “operação por meio da
qual dois ou mais agentes econômicos juntam seus patrimônios, podendo até unificar
sua direção, com o intuito de racionalizar o emprego de fatores de produção, de reduzir
custos e aumentar a produtividade”.
Pela leitura do art. 90 da Lei no 12.529/2011 pode se concluir que os atos de concentração
derivam das seguintes circunstâncias dispõe que quando duas ou mais empresas
anteriormente independentes se fundem (instituto da fusão), quando uma ou mais
empresas adquirem, direta ou indiretamente, por compra ou permuta de ações, quotas,
títulos ou valores mobiliários conversíveis em ações, ou ativos, tangíveis ou intangíveis,
por via contratual ou por qualquer outro meio ou forma, o controle ou partes de uma
ou outras empresas (controle direto), quando uma ou mais empresas incorporam outra
ou outras empresas (instituto da incorporação) ou quando duas ou mais empresas
celebram contrato associativo, consórcio ou joint venture.
Apenas não são considerados atos de concentração, para os efeitos legais, os consórcios
ou associações destinadas às licitações promovidas pela administração pública direta e
indireta e aos contratos delas decorrentes.
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DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
Controle de estrutura
A base jurídica fundamental para o controle de estrutura se encontra no art. 170, IV, da
Constituição da República (CF), que prevê a livre concorrência como um dos princípios
gerais da atividade econômica, e do artigo 173 parágrafo 4o da CF que coíbe os atos que
visem à denominação de mercado e à eliminação da concorrência.
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UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
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DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
f. concentrações verticais;
g. Joint ventures.
Somente serão submetidos ao controle prévio do CADE pelas partes envolvidas os atos
de concentração que, cumulativamente:
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UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
II. pelo menos outro grupo envolvido na operação tenha registrado, no último
balanço, faturamento bruto anual ou volume de negócios total no País, no
ano anterior à operação, equivalente ou superior a R$ 30.000.000,00
(trinta milhões de reais).
O art. 88 da Lei no 12.529/2011 nos mostra uma dupla trava para que o CADE
intervenha nos atos de concentração: de um lado o faturamento de uma das partes
seja equivalente ou superior a R$ 400.000.000,00 (quatrocentos milhões de reais) e
por outro lado, o faturamento da outra parte envolvida seja equivalente ou superior a
R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais).
Podendo o prazo (duzentos e quarenta) dias ser prorrogado por até 60 (sessenta)
dias, improrrogáveis, mediante requisição das partes envolvidas na operação; ou por
até 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada do Tribunal, em que sejam
especificadas as razões para a extensão, o prazo da prorrogação, que será não renovável,
e as providências cuja realização seja necessária para o julgamento do processo (art. 88,
§ 9o da Lei no 12.529/2011).
De acordo com Taufick (2012, p. 415) o filtro disposto no art. 88 da Lei no 12.529/2011
procura nos critérios objetivos uma maior segurança.
Outro aspecto da nova lei é a não exigência que os atos de concentração efetivamente
acarretem uma maior ou menor participação de mercado, isso se deu na seara de evitar
a utilização de critérios subjetivos relacionados à definição do mercador relevante e
geravam, assim, insegurança jurídica e incerteza ao sistema jurídico concorrencial.
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DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
O excedente do produtor é o lucro obtido por ele na venda no mercado pelo maior preço
em relação ao mínimo que concordariam em vender, podendo ser individual ou total.
O excedente do produtor individual é o ganho líquido de um vendedor ao vender um
bem. Ele é igual à diferença entre o preço recebido e o custo do vendedor. O excedente
do produtor total em um mercado é a soma dos excedentes do produtor individuais de
todos os vendedores de um bem.
Bruna (2001, pp. 77 e 80) explica que o termo mercado relevante constitui um
anglicismo, decorrente da tradução literal da expressão relevant, cujo sentido, ao
contrário de relevante, não é importante (ou aquele que tem relevo), mas sim o de
pertinente ou correspondente. Assim, mais do que o mercado importante, o conceito de
mercado relevante denota algo como mercado relativo, ou mercado pertinente.
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UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
c. temporal.
Para analisar esta questão se indaga: quem são os concorrentes? A partir da lei do Ato
de Concentração no 08012.0057-99/2001-92 do CADE podemos concluir que a análise
do mercado relevante por meio dos produtos e serviços passa pela análise de todos os
produtores (ou fornecedores de serviços) de bens substituídos próximos que ameacem
aquela empresa.
Forgioni (2008, p. 241) propõe que o mercado relevante material deve ser encarado
como “aquele em que o agente econômico enfrenta a concorrência, considerando o bem
ou o serviço que oferece” [...] e conclui que deve se analisar a fungibilidade dos produtos
para o consumidor com que integrem mercado relevante material idêntico.
Pode-se concluir que análise do mercado relevante material deve ser analisado caso
a caso pelo CADE, pois cada mercado possui a suas particularidades. O mercado de
combustível é diferente do mercado de cerveja que diferente do mercado de refrigerante
que é diferente do mercado de cremes dentais.
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UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
A análise deste aspecto depende da observação dos outros dois aspectos. Assim, o
mercado relevante temporal pode ser encarado como a relação temporal entre à entrada
no mercado relevante do produto e do serviço dentro de um determinado espaço
geográfico.
Pego (2001, p. 37) ensina que há alguns mercados relevantes que dependem
exclusivamente do fator tempo. Assim, trazendo-nos um exemplo para melhor
entendimento do tema, cita o caso da banana, que é produzida o ano inteiro, porém,
tem mais concorrentes durante o verão, já que nessa época existem outras frutas
similares disponíveis no mercado. O tempo produz dois mercados relevantes distintos:
o mercado relevante do verão e o mercado relevante do resto do ano.
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DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
Presume-se posição dominante sempre que uma empresa ou grupo de empresas for
capaz de alterar unilateral ou coordenadamente as condições de mercado ou quando
controlar 20% (vinte por cento) ou mais do mercado relevante, podendo este percentual
ser alterado pelo CADE para setores específicos da economia (art. 36, § 2o da Lei no
12.529/2011).
Para a sua análise se faz necessária uma ponderação numérica interessante que
observada da seguinte maneira. Pegam-se o total que a empresa vendeu pelo total de
unidades vendidas pelo segmento em que a empresa atua ou, ainda, pelo valor total em
vendas da empresa ou do grupo pelo valor total de vendas do segmento.
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UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
Forgioni (2008, p. 333) expõe que mesmo possuindo parcela não dominante no
mercado, pode possuir a capacidade de impor preços.
b. importações.
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DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
A ideia é a de que no caso das importações não sejam expressivas e a entrada não seja
provável, tempestiva e suficiente, poderá acarretar poder adquirido, pois a existência de
rivalidade entre os agentes econômicos já instalados e da empresa resultante do negócio
pode inexequível o exercício do abuso, isso ocorre porque os concorrentes procurariam
aumentar as suas práticas agressivas para aumentar a participação no mercado.
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UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
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DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
Isso ocorre pelo seguinte silogismo: a entrada de produtos importados acarreta menor
possibilidade controle do mercado pelos produtos nacionais.
Forgioni (2008, p. 336) afirma que a “atuação dos agentes econômicos estrangeiros
representa uma concorrência potencial, se há possibilidade de seu ingresso no mercado
interno”.
Mas é certo que o controle se dará pelo próprio mercado, isso porque se o agente
econômico, ao aumentar seu preço de forma excessiva, atrairá para seu mercado outros
agentes, tornando atual a concorrência, de outra parte, demora na correção da distorção
poderá trazer consequência danos para o mercado.
23
UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
Não obstante essas questões, a teoria do poder compensatório na barganha pode ser
uma ferramenta útil, na análise de casos referentes ao controle do poder de mercado,
24
DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
b. de escopo,
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UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
Economia de escala
De acordo com a Portaria Conjunta SEAE/SDE no 50, “as economias de escala são
reduções nos custos médios derivadas da expansão da quantidade produzida, dados
os preços dos insumos”, ou seja, o custo médio diminui com o volume de produção. Os
custos médios podem diminuir, entre outros fatores, porque:
Economia de escopo
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DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
nos custos médios derivadas da produção conjunta de bens distintos, dados os preços
dos insumos.
(a) insumos comuns aos distintos bens são melhor aproveitados por
uma só empresa do que por várias;
Já as externalidades negativas sejam bastante frequentes não podem ser excluídas pela
mera fusão, visto que é um é um incremento de eficiência específica da concentração.
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UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
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DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
A diferença entre APRO e TCD refere-se ao momento de sua concessão, pois o APRO
é mecanismo preventivo, sendo fruto de um processo negocial de consenso entre as
partes e o CADE. Já o TCD ocorrer após a decisão do CADE, sendo considerada uma
imposição unilateral.
Deve-se deixar claro que o TCC somente será realizado se o CADE entender
conveniente e oportuno, e ao mesmo tempo, atender aos interesses protegidos pela
Lei antitruste.
29
unidAdE i │ dirEito ConCorrEnCiAl
A defesa da concorrência não é um fim em si, mas um meio para se criar uma
economia eficiente e preservar o bem-estar econômico da sociedade. Em uma
economia eficiente os consumidores dispõem da maior variedade de produtos
pelos menores preços possíveis. Em tal contexto, os indivíduos desfrutam de um
nível máximo de bem-estar econômico.
Súmulas do CAdE
30
dirEito ConCorrEnCiAl │ unidAdE i
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capítulo 2
Restrições horizontais
a. cartéis;
d. preços predatórios.
As definições apresentadas para cada uma dessas práticas pela Resolução em questão
são:
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DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
Assim, os acordos horizontais são aqueles celebrados entre agentes econômicos que
atuam em um mesmo mercado relevante e estão em direta relação de concorrência.
Cartel seria o acordo temporário entre empresas do mesmo ramo de produção, adotando
uma política comum, em nível nacional ou internacional, quanto ao preço, condições
de pagamento ou crédito, divisão de mercado, apresentação e qualidade do produto
33
UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
O cartel hard core teria uma infraestrutura de apoio e implementação mais elaborada,
fixa, ou seja, uma verdadeira institucionalização, o que potencializaria seu potencial
ofensivo em virtude da maior eficácia da concentração.
Essa forma de cartel se diferencia da forma difusa que seria o ato de coordenação entre
empresas com caráter eventual e não institucionalizado, o que ocorre normalmente na
espécie de cartéis para aumento e controle de preços.
A ideia básica do cartel é regular o mercado evitando que mercado regule o preço das
mercadorias, produtos e serviços.
Após uma análise das decisões do CADE pode-se enumerar os seguintes cartéis punidos:
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DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
O cartel constitui um dos vilões da economia brasileira, sendo, assim, uma das piores
ameaças ao desenvolvimento do mercado nacional (FORGIONI, 2008, p. 401).
Cartéis de preço
Em regra o acordo de preços, quer acima, quer abaixo do preço de mercado ou de custo
pode ser considerado como cartel, isso porque a ideia que os preços deveriam decorrer
da livre atuação das forças do mercado.
Forgioni (2008, p. 405) aponta dois tipos de acordos uniforme de preços, de acordo
com estrutura do mercado relevante em que atuam os agentes econômicos:
A cartelização não se dará apenas como ponto de partida o preço, poderá ocorrer por
meio do produto, isso porque do ponto de vista concorrencial não há diferença material
entre um acordo entre concorrentes fixando os preços a serem cobrados por produto,
e um acordo nos mesmos moldes, contudo apenas fixando a quantidade de um dado
componente ou mesmo propondo restrições qualitativas.
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UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
A doutrina afirma que não. Pois segundo Forgioni (2008, p. 412) a existência da prática
concentrada seria necessária que houvesse um concurso expresso de vontade, ou ao
menos a consciência do agente econômico de estar participando de uma estratégia
comum tendente a restringir a concorrência, ou seja, “a simples comparação da curva
de preços praticados em um determinado mercado relevante por vezes é insuficiência
para determinar a existência de acordo”.
a. paralelismo de preços;
c. um comportamento de conluio.
Assim, para facilitar a obtenção de provas a Lei no 12.529/2011 no art. 86, dispôs acerca
do acordo de leniência.
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DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
Esse acordo de leniência poderá ser celebrado em qualquer fase investigativa, desde
que o procedimento preparatório, se assim, vier a ser caracterizado pelo CADE ou no
processo administrativo.
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UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
Do processo administrativo
A Lei no 12.529/2011 não estipula os elementos que devem contar a peça inaugural do
processo administrativo, simples menciona que a peça será a nota técnica final, mas
pode ser apontado um paralelo com a Portaria no 465/2010 do Ministério da Justiça,
em especial, o art. 47, que dispõe ser imprescindível incluir:
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DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
Deve-se deixar claro que as consequências da revelia referem-se apenas previstos na lei
e não devem constitui óbice ao exercício do direito de defesa, tanto que a lei permite no
parágrafo único do art. 70 da Lei no 12.529/2011 que o revel poderá intervir em qualquer
fase do processo, sem direito, no entanto a repetição de qualquer ato já praticado.
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UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
O acusado será notificado para apresentar alegações finais no prazo de 15 dias. Após a
expiração do prazo indicado haja ou não alegações finais, o Conselheiro-redator solicitar
a inclusão do processo em pauta para julgamento.
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DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
O art. 79 da lei antitruste refere-se ao conteúdo mínimo que a decisão deve conter no
processo administrativo para imposição de sanções administrativas por infrações à
ordem econômica.
Medida preventiva
b. periculum in mora.
É muito complicado identificar o líder em um cartel, pois o mero fato de uma empresa
ter agendado uma reunião ou manter os arquivos do cartel não a caracteriza como
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UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
líder do cartel. Além disso, poderá não haver um líder se duas ou mais empresas
desempenharem papéis equivalentes no funcionamento da prática.
Com a Lei no 12.529/2011, nos termos do art. 86, por intermédio da sua
Superintendência-geral, o CADE poderá celebrar acordo de leniência com pessoas
físicas e jurídicas que forem autoras de infração à ordem econômica, coma extinção
da ação punitiva da administração pública ou a redução de um a dois terços da
penalidade, desde que haja colaboração efetiva com as investigações, o processo
administrativo e que da colaboração resulte:
Deve-se deixar claro que se uma pessoa jurídica se qualificar para a leniência, nos
termos da lei antitruste, todos os seus diretores, executivos e empregados que admitirem
42
DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
43
UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
Os atos devem ter por objeto ou possam produzir determinados efeitos descritos
na norma, ficando claro que, pela interpretação, mesmo ilícitos que não possam ser
cometidos por um agente econômico, podem ser penalizados.
A ideia leva em consideração duas posições importantes quando a ilicitude dos atos.
a. regra da razão e
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DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
É certo que o CADE entendeu não existir qualquer tipo de infração à ordem econômica,
por não considerar ilícita a concorrência oferecida por agente econômico que conquistou
seu poder de mercado, sem infringir a concorrência.
Pode-se concluir que a mera posição dominante não é punida por si só, mas apenas
quando há abuso capaz de provocar prejuízo à livre concorrência.
Condutas predatórias
A conduta predatória pode ser caracterizada como aquela que visa à eliminação da
concorrência no futuro. O exemplo clássico deste tipo de conduta é a prática do dumping.
Dumping é a expressão usada para indicara organização, que tem por objetivo vender
mercadorias de sua produção ou comércio em país estrangeiro por preço inferior
aos artigos similares, neste mercado, a fim de que possa afrontá-los ou retirá-los da
concorrência. Uma das formas de evitar o dumping é criar um regime alfandegário para
reduzir a entrada destes produtos no país.
45
UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
O inciso citado acima aparentemente trata de quatro condutas que podem, inicialmente,
serem compreendidas como distintas entre si, mas na verdade trata-se da formação de
cartel, que uma prática restritiva horizontal, que consiste em um acordo entre agentes
econômicos que atuam no mesmo estágio da cadeia produtiva de um determinado
mercado relevante, com o objetivo e o potencial de eliminar a concorrência.
A ideia da norma citada é a concepção da conduta típica das associações de classes que
adotam ou divulgam práticas para serem adotadas por outros concorrentes de modo a
influenciar a uniformização das condutas comerciais dos concorrentes em um mercado
determinado.
46
DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
47
UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
Coelho (2010, p. 237) afirma que a diferença de preços pode ser basear em critérios
objetivos, como no caso de descontos concedidos em função da quantidade de
mercadorias adquiridas, ou do momento do pedido. Assim, “somente estarão presentes
os elementos do tipo infracional se a prática de preços diferenciados tiver por objetivo
a limitação da concorrência, o domínio de mercado ou o aumento arbitrário dos lucros”
A recusa pura e simples é considerada como um bloqueio e foi analisada pelo CADE no
Processo Administrativo no 53500.000359/99 no qual a empresa “DirecTV” pleiteava
acesso ao sinal da TV aberta da “TV Globo”. O CADE, por maioria, conclui pela licitude
da recusa investigada, na medida em que o canal de TV aberta não configuraria insumo
essencial.
A conduta prevista no inciso XV se refere aos “preços predatórios”. Essa prática envolve
a cobrança deliberada de preços baixos do custo variável médio, visando eliminar
concorrentes para, em um momento posterior, poder praticar preços e lucros mais
próximos do nível monopolista. Pode ser analisado o Processo Administrativo no
08012.001826/2003-10.
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DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
A ideia de justa causa deve ser analisada caso a caso, pois a simples paralização da
atividade econômica sem qualquer motivo relevante será considerado como prática
restritiva.
Para o CADE por meio da Resolução no 20/1999, a prática do preço predatório exige
três condições:
49
UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
Tomazete (2007) afirma que “além desses elementos, usa-se o critério de Areeda
e Turner, exigindo-se que os preços praticados sejam inferiores aos custos variáveis
médios, nos termos da Portaria no 70/2002 da Secretaria de Acompanhamento
Econômico – SEAE. Portanto, no Brasil usa-se para a identificação do preço predatório
o teste de Areeda Turner ampliado”.
Monopólios
O termo monopólio caracteriza pela falta de competição em determinado mercado, no
qual o agente econômico em poder para estabelecer preços dos produtos. Assim, para a
sua caracterização deve haver:
50
dirEito ConCorrEnCiAl │ unidAdE i
O monopólio pode ser natural, bilateral e legal. O natural reside na estrutura de mercado
onde a atividade econômica desenvolvida requer, para que se inicie a produção, altos
investimentos em maquinários, instalações etc. A estrutura do monopólio natural reside
nas condições próprias da estruturação do agente econômico. O monopólio bilateral
ocorre quando há apenas um agente econômico do lado da oferta que vende bens ou
serviços para apenas um agente econômico do lado da demanda. Contrapõe-se ao modelo
de mercado de concorrência perfeita e, da mesma forma, é paradigma teórico, ideia, de
difícil visualização na prática (NUSDEO, 2010, p. 274). E por último o monopólio legal
que independentemente das condições estruturais do mercado, a legislação impõe que
determinada atividade econômica seja explorada em regime de monopólio.
51
unidAdE i │ dirEito ConCorrEnCiAl
52
capítulo 3
Condutas verticais
Conceitua como condutas verticais à concorrência o acordo firmado entre uma empresa
que atua em fase primária ou secundaria de uma dada cadeia de produção e uma outra
empresa que atua em fase secundária ou primária desta cadeia de produção.
Acordos de exclusividade
Trata-se de acordos de fidelidade negocial entre fornecedor e o consumidor. A
Resolução no 20/1999 dispõe que “os compradores de determinado bem ou serviço
se comprometem a adquiri-lo com exclusividade de determinado vendedor (ou
vice-versa), ficando assim proibidos de comercializar os bens dos rivais”.
53
UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
Forgioni (2008, p. 447) afirma que “a partir do momento em que o distribuidor vincula-se a
um só fornecedor, comercializando apenas uma marca, os concorrentes desse fabricante
podem perder um importante casal de escoamento de produção”.
54
DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
SKY e a Rede Globo. A exclusividade na distribuição de seus canais não foi considerada
como infração, pois os usuários da DirecTV não estavam impedidos de acessar os canais
da TV Globo, pois poderia fazer uso dos canais apenas mudando a posição de uma
chave na televisão do assinante.
55
UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
Como nas demais práticas verticais, é possível que existam eficiências advindas da
redução de custos de transação, que, inequivocamente, devem ser levadas em conta na
avaliação dos efeitos anticoncorrenciais.
No que toca à fixação de preços máximos de revenda, estes podem oferecer riscos
anticoncorrenciais em condições nas quais os distribuidores e revendedores do mercado
“alvo” tenham poder de mercado e agreguem valor substancial ao produto ou ao serviço,
e em que haja intenção e possibilidade de o produtor eliminá-los do mercado.
b. a conexão for factível, isto é pode ser realizada sem que transtornos
substanciais à infraestrutura venham a ocorrer;
Discriminação e descontos
A discriminação de preços terá balanço concorrencial negativo quando o vendedor
procura, com tal discriminação, eliminar concorrentes do mercado.
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DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
A exclusão de competidores por meio de preços diferenciados pode ser feita com
descontos ou sistemas de fidelidade cuidadosamente desenhados para promover a
exclusão.
57
UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
Assim, a prática de venda casada apresenta uma ideia negativa desde que:
Impende observar que a prática de venda conjunta pode constituir uma forma lícita e
eficiente de vender produtos ou serviços, com sensíveis benefícios para o consumidor,
tal como acontece com os pacotes turísticos, onde o preço unitário de cada produto é
reduzido em face da aquisição de todos os produtos juntos.
58
dirEito ConCorrEnCiAl │ unidAdE i
Em suma, a teoria econômica aponta como efeito anticompetitivo desta prática a possível
exploração monopolista dos utentes de serviços pós-venda. Tal fato ocorre porque
o consumidor, que adquiriu o produto ou serviço, torna-se cativo no que concerne à
reposição de peças, manutenção de serviços o que se convencionou de chamar lock-in.
59
unidAdE i │ dirEito ConCorrEnCiAl
PONDÉ, João Luiz Simas Pereira de Souza; FAGUNDES, Jorge Luiz Sarabanda da
Silva Fagundes; POSSAS, Mario Luiz. Política de Defesa da Concorrência e Práticas
Restritivas Verticais. Anais do XXIX Encontro Nacional de Economia. 2001.
Disponível em: <http://www.anpec.org.br/encontro2001/artigos/200104158.
pdf>. Acesso em: jun. 2014.
60
capítulo 4
Questões judiciais
A Lei no 12.529/2011 regulamenta no §2o do art. 9o que “as decisões do Tribunal não
comportam revisão no âmbito do Poder Executivo, promovendo-se, de imediato, sua
execução e comunicando-se, em seguida, ao Ministério Público, para as demais medidas
legais cabíveis no âmbito de suas atribuições”.
E aqui entra a discussão acerca do controle jurisdicional dos atos do CADE em face da
inafastabilidade da tutela judicial (art. 5o, XXXV, da CF).
Revisão judicial
Existem, entretanto, posições contrárias que defendem que a revisão ou não das decisões
administrativas pode independer da natureza jurídica do ato, mantendo relação com a
existência de conceitos fluidos e indeterminados na norma jurídica.
A questão principal, com relação à natureza jurídica das decisões do CADE, reside em
considerá-las como atos vinculados ou discricionários.
61
UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
A administração pública realiza sua função por meio de atos jurídicos administrativos.
Para o surgimento do ato administrativo é necessário à reunião de algumas condições,
tais como que a Administração Pública aja nessa qualidade, usando a supremacia do
interesse do Poder Público, que contenha manifestação de vontade apta pra produzir
efeitos jurídicos para os administrados, para a própria Administração ou para seus
servidores e que provenha de agente competente, com finalidade pública e revestido da
respectiva forma legal.
a. competência;
b. finalidade;
c. forma;
d. motivo;
e. objeto.
Mello (p. 2008, p. 416) demonstra a distinção do ato vinculado e do ato desvinculado
da seguinte forma:
Souza (apud TAUFICK, 2012, p. 62) demonstra que “a natureza vinculada dos atos
administrativos levados a efeito pelo CADE é incontestável, sobre tudo porque,
em sua maioria, são atos com efeitos sancionatórios e restritivos da liberdade dos
agentes privados o que, de forma alguma, pode decorrer de uma simples conveniência
administrativa”.
Meirelles (apud TAUFICK, 2012, pp. 61-62) afirma que as decisões do CADE têm uma
natureza administrativa, mas também jurisdicional amparada pelo artigo 3o, da Lei
62
DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
no 8.884/1994, que tratou a autarquia como um órgão judicante e que o legislador quis,
efetivamente atribuir a essa decisão uma natureza especificamente judicial, posto que
de origem administrativa.
A autonomia e independência do CADE fazem com que suas decisões não comportem
revisão no âmbito do Poder Executivo. A revisão Administrativa das decisões do CADE
é realizada pela própria autarquia, sendo vedada, por determinação expressão do
art. 9o, § 2o da Lei no 12.529/2011.
A efetividade das decisões do CADE pode ser considerada no aspecto de que as decisões
constituem título executivo.
63
UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
Desta forma, se o agente econômico efetua aumentos excessivos dos seus preços
poderíamos estar diante de um ilícito concorrencial.
O preço abusivo é aquele que resulta de infração à ordem econômica, como a cartelização,
ou obtenção de monopólio por meios espúrio, com a influência junto ao legislador,
ou ao ente regulador em setores regulados, ou seja, os preços abusivos como preços
injustamente elevados, que são preços destinados a alcançar, para o agente econômico
dominante, lucros maiores do que alcançariam em um ambiente mais competitivo.
O uso regular ou abusivo do aumento de preços poderia ser considerado como infração
concorrência? Como considerar a abusividade na conduta de preços?
Para analisar a questão Bellamy (apud TAUFICK, 2012, p. 36) aponta os seguintes
parâmetros:
b. a natureza do mercado;
64
DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
A ideia central é que o preço abusivo cause efeitos danosos à livre concorrência, assim,
só seria justificado “o aumento excessivo de preço que encontre correspondência na
variação a maior dos custos nos respectivos insumos ou decorrentes da introdução de
melhorias de qualidade”.
65
UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
Barbosa (2011) aponta que “especialmente, o abuso se apura não em abstrato, mas
em uma situação concreta; o exercício de uma faculdade, abstratamente constante
dos poderes necessários do titular de uma propriedade, pode ser configurar contra
direito. Contudo, se análise se der em relação à tutela da concorrência o CADE possui
competência para análise dos atos de concentração”.
Caso ocorra integração vertical por meio de contrato de franquia se faz necessária
a intervenção do CADE para que se evite a existência de Monopólio, isso porque,
configura, em tese, ofensa à ordem econômica a cláusula de contrato de franquia que
veda ao franqueado o exercício de intermediação de vendas junto a consumidores finais
que não se encontrem estabelecidos e/ou situados no território a ele designado.
66
DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
A exploração do invento, quanto maior for a clientela que ele cria, maior será o lucro do
inventor. Restringindo a exploração ao seu titular, os lucros que este cria são estipulados,
e conduz ao preço elevado para o consumidor, mas , em outras situações, o consumo
fica bem limitado, abrangendo apenas e tão-somente pequenas fatias do mercado. Para
coibir essas situações as legislações possuem mecanismos para evitar tal abuso, neste
caso a licença compulsória é um mecanismo eficaz para evitar as especulações e os
lucros exagerados (BLASI, 2010, p. 45).
67
UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
Após a constatação o CADE com base na Lei antitruste poderá recomendar aos órgãos
públicos competentes para que seja concedida licença compulsória de patentes de
titularidade do infrator. No caso da aplicação da penalidade o INPI possui uma atuação
complementar, pois, “apurada a infração e determinada a pena, será necessário instruir
um procedimento administrativo específico no órgão de marcas e patente” (DIAS,
2007).
Tendo em vista que o mérito já foi apurado administrativamente pelo CADE o objetivo
precípuo desse procedimento de licença compulsória no INPI é o de assegurar o
cumprimento das regras disposta nos arts. 68 a 74, da Lei no 9.279/1996.
68
DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
O CC prevê que
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
69
UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
O prazo para a propositura das ações prevista no art. 47 da Lei Antitruste é de cinco
anos, contados da data da prática do ilícito ou, no caso de infração permanente ou
continuada, do dia em que tiver cessada a prática do ilícito.
O Código Civil prevê que “a indenização mede-se pela extensão do dano”, podendo
se “houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz
reduzir, equitativamente, a indenização” (art. 44).
70
DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
d. repercussão da conduta.
Com isso, A CF tem como princípio da ordem econômica a livre concorrência, que vem
garantir aos agentes econômicos a oportunidade de competirem de forma justa no
mercado.
71
UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
72
DIREITO CONCORRENCIAL │ UNIDADE I
O Código de Processo Civil (CPC) no art. 16 estipula que se o sujeito pleitear de má-fé
como autor, réu ou interveniente responderá por perdas e danos. A má-fé poderá ser
analisada em sede administrativa ou judicial, isso porque o procedimento de verificação
de abuso concorrenciais não interessa apenas as partes mas sim ao próprio Estado, que
possui a função de pacificar o conflito de interesses ou mesmo fiscalizar as condutas
anticoncorrenciais.
O CPC prevê no art. 17 que reputa-se litigante de má-fé aquele que: I – deduzir pretensão
ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II – alterar a verdade dos
fatos; III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; IV – opuser resistência
injustificada ao andamento do processo; V – proceder de modo temerário em qualquer
73
unidAdE i │ dirEito ConCorrEnCiAl
A Lei no 9487/1999 que trata do processo administrativo dispõe que são deveres do
administrado perante à Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato
normativo:
74
dirEito ConCorrEnCiAl │ unidAdE i
O direito de ação ou petição pode sofrer que tipo de limitações? Como o exercício
regular do direito de ação limita a competência do Sistema Brasileiro de Defesa
da Concorrência?
75
UNIDADE I │ DIREITO CONCORRENCIAL
TEIXEIRA, Rosane dos Santos. O uso ilícito dos Meta-Tags e a lesão ao Direito
da Concorrência – a normatização cível dos instrumentos utilizados pelos
motores de busca no meio virtual. Âmbito Jurídico. Rio Grande, XIII, no 73, fev
2010. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_
link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7198>. Acesso em: jun. 2014.
76
Direito da
Propriedade Unidade iI
Intelectual e
Marcas e Patentes
capítulo 1
Princípios constitucionais da
propriedade intelectual
Considerando a livre concorrência (art. 170, IV da CF) como um bem a ser protegido,
a partir de dispositivo constitucional, não há tutela absoluta. A própria CF prevê a
possibilidade da existência de monopólios de titularidade da União Federal, nos termos
do art. 177, relacionados com jazidas de petróleo e de gás natural bem como de minérios
e de minerais nucleares, tendo em vista a necessidade atendimento de interesses
estratégicos relevantes.
A questão dos monopólios privados é tratada no art. 173, §4o da CF, atribuindo-se a
competência ao legislador ordinário para editar normas objetivando a repressão
ao abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da
concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. Esse é o objetivo da Lei no 12.529/2011
que permite apenas a existência de monopólios privados naturais, resultantes da
conquista de mercado por meio de processo fundado na maior eficiência do agente
econômico em relação aos seus concorrentes.
77
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
Assim, os direitos intelectuais são exclusivos dos seus titulares, o que gera inicialmente
a existência de “monopólios” na seara econômica sem estarem os mesmos insertos
nas disposições da ordem social, pois a outorga de direitos de propriedade intelectual
em qualquer de suas doutrinas específicas é a tolerância de um monopólio, de uma
exclusividade por parte do Estado em favor do indivíduo.
78
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
Então os dois princípios são fundamentais para uma economia pulsante e equilibrada,
o que acarreta duas faces de uma moeda, pois por um lado à proteção à liberdade e do
outro a proteção à exclusividade.
A patente confere ao seu titular o direito de impedir terceiros, sem o seu consentimento,
de produzir, usar, colocar à venda, vender ou importar com estes propósitos produto
objeto de patente ou produto obtido diretamente por processo patenteado.
O direito do criador nasce com a invenção, mas é a partir da expedição da patente (título
de propriedade) que o mesmo é declarado legalmente existente pelo Estado, mediante
requerimento e concessão do INPI e durante certo período (BLASI, 2010, p. 43).
79
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
A liberdade de cópia gera maior criatividade, mas por outro lado pode gerar concorrência
desleal e falta de incentivo para que os pesquisadores e idealizadores da pesquisa iniciais
sejam reembolsados a contento.
Segundo Blasi (2010, pp. 43-46) a patente possui as seguintes razões de existência:
razões de direito; de economia; de técnica; de desenvolvimento; e sociais.
80
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
81
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
A Lei no 9.279/1996 estabelece no art. 195 e seus incisos os ilícitos acerca da concorrência
desleal, considerando como crime as seguintes condutas:
82
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
A incidência dos fatos narrados acima acarreta uma confusão no entendimento de cada
consumidor, ocasionando uma falsa realidade acerca do produto ou mesmo da empresa.
83
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
Para evitar a confusão tanto as marcas como os nomes empresariais são de exclusividade
do seu titular. Assim, diante da exclusividade não se admite que exista num mesmo
Estado dois nomes empresariais idênticos ou similares, seja na grafia seja na pronúncia.
A única garantia de que uma marca seja distinta e não possa ser igualada ou assemelhada
a outras é o seu registro no Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Não podemos
esquecer que marca sem registro é marca sem dono.
Assim sendo, apenas após o registro no órgão competente é que nasce o direito à
exploração econômica com exclusividade.
84
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
Deve deixar claro que o Acordo de TRIPS importou a regra dos três passos da Convenção
de Berna, segundo a qual o direito dos usuários de reprodução ou cópia de uma obra de
arte existe quando três condições são cumulativa preenchida:
No caso do TRIPS, a regra foi ampliada para atingir não somente o direito de reprodução,
mas qualquer outro direito patrimonial.
Direito autoral
Os direitos autorais estão devidamente fundamentados e regulados pela Constituição
de 1988.
85
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
De acordo com o art. 215, cabe ao Estado incentivar e valorizar as atividades culturais,
a produção de conhecimento.
direito de comercialização de sua obra. Na verdade o Copyright sempre foi uma das
vertentes dos direitos de autor desde o seu nascedouro e, este, por seu turno, constitui
hoje uma parte do chamado direito intelectual.
No âmbito interno a lei criada foi a Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998 (Direito
autoral) que regula os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação os
direitos de autor e os que lhes são conexos e a Lei no 9.609, de 19 de fevereiro de 1998
que trata da propriedade intelectual de programa de computador.
87
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
Contudo, nem toda criação pode ser protegida, pois alei de direito autoral exclui as
seguintes situações:
88
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
O criador de um a obra intelectual será sempre uma pessoa física, contudo poderá
ocorrer situações em que uma pessoa contrata um indivíduo para produzir determinada
obra, sem, contudo o criador ser o titular desta, pois a lei autoral concede as pessoas
jurídicas os mesmo direito do criador (art. 11 da Lei no 9.609/1998).
Art. 12. Para se identificar como autor, poderá o criador da obra literária,
artística ou científica usar de seu nome civil, completo ou abreviado até
por suas iniciais, de pseudônimo ou qualquer outro sinal convencional.
89
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
No último caso a criação é autoral, sendo do seu criador e não se trata de obra
encomendada em si. No segundo caso a obra poderia ser considerada de ambos, da
empresa que forneceu direta ou indiretamente meios e informações e do empregado e
no terceiro caso a obra é da empresa, podendo o contrato realizado estipular as regras
da titularidade e suas responsabilidades.
90
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
O Plágio e confração
Chaves (1981, p. 460 apud AQUINO, 2014) “é certo que ao examinar os conceitos referidos
se torna indissociável a captura dos significados e a diferença reside fundamentalmente
na autoria, uma vez que na contrafação o usurpador não assina como sua a obra, o que
não ocorre no plágio, visto que o usurpador afirma que as ideias expostas são de sua
autoria”.
Dessa forma, o plágio literário “irá ocorrer sempre que ocorrer a apropriação de trechos
de obra publicados na forma total ou parcial sem a devida indicação do verdadeiro
autor da obra e independentemente da forma impressa ou digital, tenha ou intenção de
lucro direito ou indireto” (AQUINO, 2014).
O autor poderá durante a sua existência e segundo os seus interesses ceder ou licenciar
total ou parcialmente a sua obra. Após a sua morte tais direitos são transferidos aos
seus sucessores.
O direito autoral por ser um bem móvel não se faz necessário o seu registro nem para
aquisição da titularidade e nem para a transferência.
91
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
O prazo de proteção dos direitos autorais depende da sua espécie, pois se for um
programa de computador é diferenciado, pois, de acordo com a Lei de Software, o prazo
de validade do direito é estipulado em 50 anos a partir de sua publicação ou de sua
criação e é o titular que autoriza derivações do programa.
O prazo dos demais direitos autorais é vitalício para o autor, ou seja, o autor está
protegido desde o momento da criação da obra e sua exteriorização até a morte do autor.
Além disso, a legislação em vigor prevê um prazo de proteção “complementar” no qual a
contagem se inicia no dia 1o de janeiro subsequente ao ano da morte do autor, pelo prazo
de 70 anos, com exceção das obras fotográficas, audiovisuais e coletivas, que duram por
70 anos contados da publicação. E no caso das obras anônimas ou pseudônimas, o
prazo será de setenta anos o prazo de proteção aos direitos patrimoniais contado de 1o
de janeiro do ano imediatamente posterior ao da primeira publicação.
Aos titulares de obras intelectuais são garantidos os direitos morais e patrimoniais frente
a sua criação intelectual, e é a utilização da obra pelo público que lhes proporciona a
remuneração à qual a proteção lhes dá direito.
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Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
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UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
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Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
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UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
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Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
O ECAD é uma sociedade civil, de natureza privada, sem finalidade econômica e sem
fins lucrativos, que foi instituído pela Lei Federal no 5.988/1973 e é mantido pela
atual Lei de Direitos Autorais. É dirigido e administrado pelas nove associações que o
compõe, sendo sua principal função centralizar a arrecadação e distribuição de direitos
decorrentes de execução pública de obras musicais, lítero-musicais e fonogramas.
a. o nome empresarial;
b. a marca;
c. o domínio;
d. nome fantasia;
e. a insígnia;
f. a logomarca;
g. a trade dress e;
h. indicações geográficas.
97
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
A Marca, segundo o art. 122 da Lei no 9.279/1996 (LPI) “é todo sinal distintivo,
visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e serviços de outros
análogos, de procedência diversa, bem como certifica a conformidade dos mesmos com
determinadas normas ou especificações técnicas”. O art. 123, da LPI preceitua que a
marca é usada para “distinguir produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou
afim, de origem diversa” (marca de produto ou serviço, at. 123, I). Se a marca pode
identificar um produto ou um serviço, dentro da sua classe, salvo a marca de alto
renome. O que seria serviço e produto. Serviço é uma atividade desenvolvida, se trata de
um bem intangível, isto é, sem existência física. Produto é um bem, ou serviço, ou ideia
com atributos tangíveis e intangíveis que, coletivamente, cria valor para um comprador
ou utilizador. A diferença entre serviço e produto é que esse apesar de ser também um
bem, é um bem tangível. Outra forma de caracterizar um serviço (e o de distinguir de
um produto) é pelo fato deste não poder ser armazenável, isto é, apenas é possível de
ser consumido no momento em que está a ser produzido.
A insígnia segundo Requião (2005, p. 296) “seria, pois, a sigla, o emblema ou figura
característica usada ao lado do título do estabelecimento” e esclarece linhas abaixo que
“a insígnia é, de fato, uma representação gráfica, podendo expressar-se por sinais como
palavras, destinados sempre a fixar na mente da clientela determinado local. Pode desta
maneira, ser emblemática ou nominativa”.
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Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
A LPI não define o que é Indicação Geográfica, estabelecendo apenas suas espécies,
a Indicação de Procedência e a Denominação de Origem, inexistindo hierarquia legal
entre elas, sendo possibilidades paralelas à escolha dos produtores ou prestadores de
serviços que planejam buscar esta modalidade de proteção, atendidos os requisitos da
lei e de sua regulamentação. Todavia, pode-se conceituar Indicação Geográfica como
a identificação de um produto ou serviço como originário de um local, região ou país,
quando determinada reputação, característica e/ou qualidade possam ser vinculadas
essencialmente a esta sua origem particular. Em suma, é uma garantia quanto à origem de
um produto e/ou suas qualidades e características regionais. Quando o nome geográfico
se houver tornado de uso comum, designando produto ou serviço, não será considerada
indicação geográfica. Função primordial de trazer desenvolvimento econômico aos
países, vez que os produtos protegidos representam aumento na economia regional,
pois, estes são reconhecidos no mercado e, ainda, há um aumento na credibilidade
dos consumidores, esta preferência do consumidor permitirá a expansão da produção
e comercialização, incrementando a economia e a renda nas regiões demarcadas
(LOCATELLI, 2008. p. 18).
É certo que as definições acima não podem ser utilizadas para enganar o consumidor
e tanto é verdade que se considera crime a utilização dos termos de terceiros para
identificar seja o produto, o serviço, a empresa ou qualquer outro elemento alheia ao
titular.
99
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
Art. 190. Comete crime contra registro de marca quem importa, exporta,
vende, oferece ou expõe à venda, oculta ou tem em estoque:
100
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
Para surtir efeito necessário a tecnologia deve ser nova, o que corresponde à introdução,
no mercado, de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente aperfeiçoado
para a empresa ou à implementação de um processo novo ou significativamente
aperfeiçoado dentro da empresa.
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UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
A patente confere ao seu titular o direito de impedir terceiros, sem o seu consentimento,
de produzir, usar, colocar à venda, vender ou importar com estes propósitos produto
objeto de patente ou produto obtido diretamente por processo patenteado. A patente
é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade,
outorgado pelo Estado aos inventores com o objetivo de proteger sua criação (BLASI,
2010, p. 26).
Requião (2007, p. 302) explica que “descobrir é o ato de anunciar ou revelar um princípio
científico desconhecido, mas preexistente na ordem natural, e inventar é dar aplicação
prática ou técnica ao princípio científico, no sentido de criar algo novo, aplicável no
aperfeiçoamento ou na criação industrial”.
Aqui, ressalta-se a distinção entre invenção, ou seja, criação de algo que antes não existia
na natureza, e descoberta, algo que já existia na natureza e era apenas desconhecido.
Não é passível de registro de uma mera descoberta sem que haja algum tipo de criação.
A descoberta somente será patenteável se junto com ela houver alguma atividade
inventiva como a descoberta de uma função específica e relevante. Cerqueira (1946, p.
215) diferencia invenção de descoberta e afirma que as duas noções não se confundem.
A invenção, de modo geral, consiste na criação de uma coisa até então inexistente, a
descoberta é a revelação de uma coisa existente na natureza. Ele explica que descobrir
é o ato de anunciar ou revelar um princípio científico desconhecido, mas preexistente
na ordem natural, e inventar é dar aplicação prática ou técnica ao princípio científico,
no sentido de criar algo novo, aplicável no aperfeiçoamento ou na criação industrial.
102
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
I - pelo inventor;
O invento ou o melhoramento não pode estar nos impedimentos legais descritos no art.
18 da LPI que dispõe:
104
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
A LPI lista-se como não sendo inventos: as descobertas, teorias científicas e métodos
matemáticos; concepções puramente abstratas; esquemas, planos, princípios ou
métodos comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários, de sorteio e de
fiscalização; obras literárias, arquitetônicas, artísticas e cientificas ou qualquer criação
estética; programas de computador em si; apresentação de informações; regras de jogos;
o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos tal como encontrados na
natureza, ou ainda que dela isolados, e os processos biológicos naturais.
As modalidades de patentes
Patente de invenção
É concedida para a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva
e aplicação industrial. Dessa forma, a invenção é produto do engenho humano, é o
“bem imaterial resultado de atividade inventiva” (BLASI, 2010, p. 29). A novidade é
determinada pela criação de coisa nova antes do estado da técnica, que é tudo aquilo
que é tornado acessível ao público, por descrição oral ou escrita, por uso ou qualquer
outro meio, no Brasil ou no exterior, antes do depósito do pedido de patente. A atividade
inventiva consiste na novidade atestada por um técnico no assunto e a utilidade
industrial é a viabilidade da exploração industrial da invenção. Trata-se de uma invenção
completamente nova. Por exemplo: Uma invenção relativa a aparelhos telefônicos,
em que, inicialmente, resolveu-se o problema da comunicação pela aplicação da ação
eletromagnética.
105
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
É concedida para o objeto de uso prático, ou parte deste, que apresente nova forma ou
disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou
em sua fabricação. Trata-se de uma inovação em equipamento ou produto já existente
e não protegido por patente. Por exemplo: A modificação de forma e estrutura de um
aparelho telefônico inicialmente utilizado, em que a modificação consistiu em integrar
o transmissor e o receptor numa só peça, visando seu uso prático. Assim, devemos
entender por patente de modelo de utilidade a criação industrial de um produto ou
utensílio novo destinado à aplicação industrial com na finalidade de melhorá-lo. Coelho
(2010, p. 139) afirma que o “modelo de utilidade é uma espécie de aperfeiçoamento
da invenção”, ou seja, é uma nova configuração em objetos conhecidos de maneira a
proporcionar um aumento de sua capacidade de utilização.
Negrão (2010, p. 119) aponta como exemplos de modelos de utilidade: Acoplamento para
liquidificador; Dispositivo de trava para copo de liquidificador; Caixa desmontável para
transporte de frutas e verduras; Adaptador universal para mangueiras de aspiração de
piscinas; Espelho retrovisor reversível; dispositivo de vassoura; dispositivo introduzido
em janela; Dispositivo em viveiro; Dispositivo introduzido em ferro de passar roupa;
Utensílio doméstico para feitura de pipoca, cozimento de alimentos e atividades
congêneres em fornos de micro-ondas.
Titularidades
106
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
107
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
108
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
O pedido que não atender formalmente ao disposto no art. 19, da LPI, mas que contiver
dados relativos ao objeto, ao depositante e ao inventor, poderá ser entregue, mediante
recibo datado, ao INPI, que estabelecerá as exigências a serem cumpridas, no prazo de
30 (trinta) dias, sob pena de devolução ou arquivamento da documentação. Bastará
ao requerente do pedido, portanto, cumprir as exigências necessárias ao correto
cumprimento das formalidades, e o depósito será considerado como efetuado na data
do recibo.
Seguindo, sendo o pedido denegado abre-se novo prazo, agora de 90 dias, para nova
manifestação do inventor (art. 36 da LPI). Deferido o pedido recolhe-se, no prazo de 30
dias da publicação do deferimento prorrogáveis por mais 30 dias, a retribuição devida
e finalmente é expedida a carta patente (art. 38 da LPI).
A patente confere ao seu titular o direito de exploração exclusiva do bem objeto por
um período máximo de 20 anos se invento e de 15 anos, se modelo de utilidade. Tais
prazos sempre serão contados do depósito do pedido. Existindo eventual mora do INPI
em julgar o pedido em um prazo superior a 10 anos para a invenção e oito anos para o
modelo de utilidade, fará jus o inventor ao prazo mínimo de exploração exclusiva sobre
o bem, equivalente há 10 anos para as invenções e há sete anos para os modelos de
utilidade (art. 40 do LPI).
A extensão da proteção conferida pela patente será determinada pelo teor das
reivindicações, interpretado com base no relatório descritivo e nos desenhos. Contudo,
vale destacar que o ingresso do pedido de patente não assegura o direito de exclusividade,
ou mesmo em razão da precariedade do direito do titular e das particularidades do
sistema de patentes, como dispõe a jurisprudência que se segue:
109
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
A patente confere ao seu titular, segundo o art. 42 da LPI, o direito de impedir terceiro,
sem o seu consentimento, de produzir, usar, colocar à venda, vender ou importar com
estes propósitos:
II. aos atos praticados por terceiros não autorizados, com finalidade
experimental, relacionados a estudos ou pesquisas científicas ou
tecnológicas;
110
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
111
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
exclusividade, não poderá ser objeto de oferta. A concessão da licença, da qual deverão
constar as condições de remuneração bem como as condições relacionadas com a
exploração do privilégio, está sujeita à averbação no INPI (art. 62 da LPI).
112
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
O art. 94 da LPI assegura ao autor, seja pessoa física ou jurídica, o direito de obter o
registro de desenho industrial que lhe confira a propriedade, nas condições estabelecidas
nesta Lei. Deve-se aplicar no que couber, as disposições dos art. 6o e 7o da LPI.
O art. 121, da LPI determina que as regras sobre cessão e direito de empregados deve
se observar o regime das patentes. Há, assim, desenho industrial de empresa, desenho
industrial livre e desenho industrial misto, comum ou conexo, podendo ser cedidos total
ou parcialmente, desde que faça as anotações junto ao INPI, observando as seguintes
condições:
113
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
Cultivares
A Lei no 9.456/1997 e o Decreto no 2.366/1994, que regulamenta, protege direitos
concernentes à propriedade intelectual alusiva a cultivar, mediante a concessão de
certificado de proteção de cultivar, considerando bem móvel, permitindo melhoria
a sua livre utilização no País. A Portaria no 527/1997 do Ministério da Agricultura e
Abastecimento traça normas sobre o Registro Nacional de cultivares, imprescindível
para a produção e comercialização de sementes e mudas no Brasil. E pela Lei Federal
no 10.711, de 5 de agosto de 2003, que institui o Sistema Nacional de Sementes e
Mudas (SNSM), este, por sua vez, regulamentado pelo Decreto 5.153, de 23 de julho de
2004. O Sistema Nacional de Proteção de Cultivares (SNPC), criado pela Lei Federal
no 9.456/1997 e mantido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é o
órgão máximo do setor.
114
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
115
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
Essa proteção poderá ser requerida por pessoa física ou jurídica que tiver obtido cultivar,
por seus herdeiros ou sucessores ou por eventuais cessionários mediante apresentação
de documento hábil. Quando o processo de obtenção for realizado por duas ou mais
pessoas, em cooperação, a proteção poderá ser requerida em conjunto ou isoladamente,
mediante nomeação e qualificação de cada uma, para garantia dos respectivos direitos.
Se a obtenção for decorrente de relação de trabalho, o pedido de proteção deverá indicar
o nome de todos os melhoristas que, nas condições de empregados ou prestadores de
serviço, obtiveram a nova cultivar essencialmente derivada.
116
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
Pela Lei no 9.456/1997 não fere o direito de propriedade sobre o cultivar protegida aquele
que na forma do art. 10
117
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
Topografias de semicondutores
Lei no 11.484/1997 Dispõe sobre os incentivos às indústrias de equipamentos para TV
Digital e de componentes eletrônicos semicondutores e sobre a proteção à propriedade
intelectual das topografias de circuitos integrados, instituindo o Programa de Apoio ao
Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (PADIS) e o Programa
de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Equipamentos para a TV
Digital (PATVD); altera a Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993; e revoga o art. 26 da Lei
no 11.196, de 21 de novembro de 2005.
Da Titularidade do Direito
118
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
A Lei no 11.484/2007 estabelece, em seu art. 26, que topografia de circuitos integrados
é uma série de imagens relacionadas que representa a configuração tridimensional das
camadas que compõem um circuito integrado e na qual cada imagem represente, no todo
ou em parte, a disposição geométrica ou arranjos da superfície do circuito integrado em
qualquer estágio de sua concepção ou manufatura. Neste mesmo artigo, é apresentada
uma definição de circuito integrado como sendo um produto com elementos dos quais
pelo menos um seja ativo e com algumas ou todas as interconexões integralmente
formadas sobre ou no interior uma peça de material, cuja finalidade seja desempenhar
uma função eletrônica.
A topografia que seja original, no sentido de que resulte do esforço intelectual do seu
criador ou criadores e que não seja comum ou vulgar para técnicos, especialistas ou
fabricantes de circuitos integrados, no momento de sua criação. Uma topografia que
resulte de uma combinação de elementos e interconexões comuns ou que incorpore,
com a devida autorização, topografias protegidas de terceiros somente será protegida
se a combinação, considerada como um todo, atender ao disposto no caput do art. 29
da Lei no 11.484/2007. A proteção não será conferida aos conceitos, processos, sistemas
ou técnicas nas quais a topografia se baseie ou a qualquer informação armazenada pelo
emprego da referida proteção.
2. Desenhos/fotos da topografia.
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UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
8. GRU paga.
A proteção da topografia será concedida por 10 (dez) anos contados da data do depósito
ou da 1a (primeira) exploração, o que tiver ocorrido primeiro.
Barbosa (2007) afirma que “no caso específico das topografias, os princípios
constitucionais implicam que um direito exclusivo só seja conferido na proporção
que se respeite a inderrogabilidade do domínio público o que pressupõe que a forma
configurada pela topografia não seja usual, conhecida, ou já ingressa no acesso comum”
e complementa que, “é indispensável que o balanceamento dos interesses revelado
120
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
Os efeitos da titularidade não se aplicam aos atos praticados por terceiros não autorizados
com finalidade de análise, avaliação, ensino e pesquisa; aos atos que consistam na
criação ou exploração de uma topografia que resulte da análise, avaliação e pesquisa
de topografia protegida, desde que a topografia resultante não seja substancialmente
idêntica à protegida; aos atos que consistam na importação, venda ou distribuição por
outros meios, para fins comerciais ou privados, de circuitos integrados ou de produtos
que os incorporem, colocados em circulação pelo titular do registro de topografia
de circuito integrado respectivo ou com seu consentimento; e aos atos descritos nos
incisos II e III do caput do art. 36 desta Lei, praticados ou determinados por quem não
sabia, por ocasião da obtenção do circuito integrado ou do produto, ou não tinha base
razoável para saber que o produto ou o circuito integrado incorpora uma topografia
protegida, reproduzida ilicitamente (art. 37 Lei no 11.484/2007).
Aquino (2014a) afirma que o administrador de sistema autônomo pode ser pessoa física
ou jurídica que administra blocos de endereço IP específicos e o respectivo sistema
autônomo de roteamento, devidamente cadastrada no ente nacional responsável pelo
registro e distribuição de endereços IP geograficamente referentes ao País.
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Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
VI. responsabilização dos agentes de acordo com suas atividades, nos termos
da lei;
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UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
VIII. liberdade dos modelos de negócios promovidos na internet, desde que não
conflitem com os demais princípios estabelecidos na Lei no 12.965/2014.
124
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
125
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
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Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
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unidAdE ii │ dirEito dA ProPriEdAdE intElECtuAl E MArCAS E PAtEntES
Da análise dos dispositivos acima citados, pode se chegar à conclusão que o provedor de
aplicações na Internet pode ser responsabilizado civilmente por conteúdo gerado por
terceiros apenas se descumprir ordem judicial determinando a retirada desse conteúdo
(AQUINO, 2014a).
128
dirEito dA ProPriEdAdE intElECtuAl E MArCAS E PAtEntES │ unidAdE ii
129
capítulo 2
As modalidades contratuais da
propriedade intelectual
c. o contrato de franquia;
d. fornecimento de tecnologia;
130
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
8. serviços de marketing;
A Resolução no 91/2013, dispõe no art. 5o que “os contratos averbados pelo INPI serão
protegidos como segredo de indústria ou de comércio, nos termos do art. 206 da Lei
no 9.279/1996, combinado com as razões dispostas no § 2o do artigo 5o do Decreto no
7.724/2012, sem limite de prazo de sigilo, divulgados apenas por decisão judicial ou
para gentes públicos devidamente autorizados”.
131
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
b. a identificação do contrato;
c. as Definições de termos;
f. a vigência do contrato;
h. a remuneração;
i. da fiscalização e auditoria;
m. condições gerais;
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Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
O Desenho industrial diz respeito à forma dos objetos, especificidades que permitem
sua imediata identificação, com caráter meramente estético.
A Marca segundo a lei brasileira é todo sinal distintivo, visualmente perceptível, que
identifica e distingue produtos e serviços de outros análogos, de procedência diversa,
bem como certifica a conformidade dos mesmos com determinadas normas ou
especificações técnicas.
O nome de domínio ou site tem o seu registro realizado no Comitê Gestor Internet
Brasil, delegando as funções de registro de nomes de domínio ao Núcleo de Informação
e Coordenação do Ponto br-nic (http://registro.br/). Decreto no 4.829/2003 dispõe
sobre a criação do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), sobre o modelo de
governança da Internet no Brasil, e dá outras providências. Assim, prevê o art. 10 do
Decreto: “a execução do registro de Nomes de Domínio, a alocação de Endereço IP
133
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
O nome empresarial possui o seu registro na junta comercial no caso das empresas e no
caso das sociedades simples no Registro Civil de Pessoas Jurídicas.
Licenciamento
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Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
I – na área tecnológica:
II – na área contratual:
135
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
No caso do direito autoral, o seu registro não é constitutivo, assim, não é necessário
o registro para o autor ser titular de direitos no âmbito autoral (art. 18 da Lei no
9.610/1998). É facultado ao autor registrar a sua obra no órgão público definido no
caput e no § 1o do art. 17 da Lei no 5.988, de 14 de dezembro de 1973. Para os serviços
de registro previstos nesta Lei será cobrada retribuição, cujo valor e processo de
recolhimento serão estabelecidos por ato do titular do órgão da administração pública
federal a que estiver vinculado o registro das obras intelectuais. Os serviços de registro
de que trata Lei de Direitos Autorais serão organizados conforme preceitua o § 2o do art.
17 da Lei no 5.988, de 14 de dezembro de 1973 (art. 20 da Lei no 9.610/1996).
Assim, cada Estado é legitimo para regulamentar o assunto, que no caso brasileiro pode
ser observado nos tratados internacionais e no direito interno.
136
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
Franco (2011, p. 382) aponta que know-how pode ser puro ou misto (conjugada). No
puro a transferência reside na licença de uso e cessão de tecnologia, devendo nesse
caso, o contrato prevê de forma clara e perfeita o produto que será concedida a licença.
No misto (ou conjugada) a licença de uso ou cessão de tecnologia vem acompanhada da
utilização da marca, como é o caso da franquia.
137
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
A Licença para uso de Marca é um contrato que se destina a autorizar o uso efetivo, por
terceiros, de marca regularmente depositada ou registrada no país. O contrato de licença
para uso da marca e propaganda “visa autorizar o efetivo uso, por terceiro, de marca ou
propaganda regularmente depositada ou registrada no Brasil, consubstanciando direito
de propriedade industrial” (DINIZ, 2005b, p. 1036). De acordo com Dannemann (2013,
p. 342) “a averbação de um contrato de licença de marca não é essencial ou requisito
indispensável à formação do ato como seria, por exemplo, no caso de transmissão do
domínio sobre imóveis, pois se assim desejasse nessa hipótese, a lei deveria ser taxativa”.
Assim, na elaboração do contrato de Licença de Uso de Marca deverão conter o número
do pedido ou do registro da marca, as condições relacionadas à exclusividade ou não da
licença e permissão para sublicenciar. Em relação ao valor pactuado pela cessão deve
se observar os limites de dedutibilidade fiscal estabelecidos na Lei no 4.131/1962 e na
Portaria MF no 436/1958, conforme artigo 50 da Lei no 8.383/1991. Em relação ao prazo
é importante ressaltar que deve ser no máximo pelo prazo de vigência dos direitos. Os
contratos de cessão de marcas (transferência de titularidade) são passíveis de averbação
quando envolverem remuneração e o titular desses direitos for domiciliado no exterior.
Assim, não é requisito de validade entre as partes a averbação, mas constitui efeito erga
omnes para com terceiro a averbação do contrato no IPI.
138
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
As formas de pagamento mais usuais negociadas são valor fixo por unidade vendida e
percentual sobre o preço líquido de venda.
139
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
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Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
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UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
Contrato de franquia
Os contratos são registrados até o prazo de vigência das marcas envolvidas na franquia.
Por não caracterizarem transferência de tecnologia, nos termos do art. 211 da Lei
no 9.279/1996, alguns serviços técnicos especializados são dispensados de registro
pelo INPI.
142
dirEito dA ProPriEdAdE intElECtuAl E MArCAS E PAtEntES │ unidAdE ii
SILVA, Rodrigo Alberto Correia da. Franquia e segurança jurídica. Âmbito Jurídico.
Rio Grande, XI, no 52, abr. 2008. Disponível em: <http://ambitojuridico.com.br/
site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2676&revista_caderno=11>.
Acesso em: jun. 2014.
143
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
144
capítulo 3
Tutela jurídica da propriedade
intelectual
Há uma máxima que a obra deve perseguir, ou seja, na propriedade intelectual interessa
colocar o titular do direito na mesma posição que estaria se não tivesse ocorrido a
violação de seu direito tutelado. Isso correrá sempre que o mercado falar (Falha de
Mercado é a situação em que o custo marginal social não é igual ao benefício marginal.)
na análise das práticas concorrenciais, onde os agentes econômicos se utilizando de
diversos mecanismos vêm a tentar dominar o mercado, usando direitos alheios ou
abusando dos seus direitos.
Devemos deixar claro que a Convenção de Berna e outras convenções deixam para o
domínio interno das legislações de cada Estado-membro a determinação dos meios de
tutela e execução, não impondo uma tutela penal.
145
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
146
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
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UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
Art. 109. A execução pública feita em desacordo com os arts. 68, 97, 98
e 99 desta Lei sujeitará os responsáveis a multa de vinte vezes o valor
que deveria ser originariamente pago.
148
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
§ 1o Poderá o juiz, nos autos da própria ação, para evitar dano irreparável
ou de difícil reparação, determinar liminarmente a sustação da violação
ou de ato que a enseje, antes da citação do réu, mediante, caso julgue
necessário, caução em dinheiro ou garantia fidejussória.
149
UNIDADE II │ Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes
A pretensão substitutiva pode ter por objeto a reparação de danos materiais (prejuízos
emergentes e lucros cessantes) e a reparação por danos morais, sendo comum à
cumulação de pedidos nas controvérsias que envolvem o direito intelectual.
A tutela indenizatória não limita aos danos patrimoniais emergentes, mas também aos
lucros cessantes e aos danos morais que por ventura venha ser gerado em decorrência
do uso indevido de uma marca, desenho industrial ou patente gerados, por exemplo,
pela concorrência desleal.
150
Direito da Propriedade Intelectual e Marcas e Patentes │ UNIDADE II
É certo que a nulidade administrativa poderá ser concedida sempre que a patente ou
registro de marca ou desenho industrial for concedido contrariando os dispositivos
legais da LPI.
151
unidAdE ii │ dirEito dA ProPriEdAdE intElECtuAl E MArCAS E PAtEntES
SALES, Jose Kennedy Rodrigues de. A tutela dos direitos autorais e os consectários
de sua violação. Âmbito Jurídico. Rio Grande, XVI, no 114, jul. 2013. Disponível em:
<http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_
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SOUZA, Antonio André Muniz de. O INPI como interveniente especial nas ações
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<http://www2.cjf.jus.br/ojs2/index.php/revcej/article/viewFile/653/833>.
Acesso em: jun. 2014.
152
Para (não) finalizar
Contudo, dúvidas ainda persistem, pois como caracterizar mercado relevante? Com
as novas regras a imposição de restrições e os acordos administrativos trará maior
segurança jurídica ao mercado? As decisões administrativas do CADE possuem eficácia?
Podem ser reformadas pelo Poder Judiciário? Como atribuir o valor indenizatório para
os casos de infrações concorrenciais?
Em relação aos direitos intelectuais como criações humanas não há dúvida de que
o direito concedido ao titular da patente, ao titular do registro de marca e desenho
industrial é um privilégio atribuído pela ordem jurídica, que excepciona os princípios
fundamentais da ordem econômica.
153
Para (Não) Finalizar
subordinados entre si? O CADE pode impor ou recomendar algum tipo de conduta ao
INPI?
Isso nos mostra que o direito concorrencial é rico em questionamentos e que muitos
deles não se encontram resposta na legislação devendo para tanto buscar na prática
diária a solução mais adequada para manter a simplicidade, celeridade, universalismo
e a onerosidade presente neste ramo do direito.
154
Referências
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