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BRUNA DENARDI
FLORIANÓPOLIS
2018
BRUNA DENARDI
FLORIANÓPOLIS
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE MATERIAIS
BRUNA DENARDI
Este Trabalho de Graduação foi julgado adequado para a obtenção do título de Engenheiro de
Materiais e aprovado em sua forma final pela Comissão examinadora e pelo Curso de
Graduação em Engenharia de Materiais da Universidade Federal de Santa Catarina.
_________________________ _________________________
Professora Sônia Maria Hickel Probst Dylton do Vale Pereira Filho
Coordenadora do Curso Professor Disciplina
Data de Aprovação:__/__/__
Comissão Examinadora:
_________________________
Orientadora
_________________________
Prof. Dr. Johnny De Nardi Martins
_________________________
Prof. Me. Marlon Vinícius Soares
AGRADECIMENTOS
Às empresas Videplast e Dow pelo apoio e pronta assistência para dar continuidade ao
projeto, e, especialmente para os colaboradores dos setores de Pesquisa e Desenvolvimento e
Laboratório da Videplast, pelos conhecimentos repassados sobre a indústria de embalagens e
principalmente pela amizade.
À orientadora deste trabalho, Profa. Dra. Claudia Merlini, pelas observações pertinentes,
disponibilidade, paciência e sensibilidade.
Aos amigos que encontrei na UFSC, pelo companheirismo e por dividirem essa
experiência comigo, tornando-a ainda mais memorável.
Aos amigos de longa data, por participarem e contribuírem com o meu crescimento
pessoal, e principalmente pela lealdade.
Filmes plásticos flexíveis foram desenvolvidos com o objetivo de utilizá-los como embalagens
para alimentos, com elevada capacidade de recuperação elástica, de modo a investigar uma
possível substituição à embalagem comercial termoencolhível. A recuperação às dimensões
originais de polímeros após uma deformação foi observada por Zitzumbo et. al (2006), e,
visando análise similar, foram escolhidos os polímeros termoplásticos Polietileno de Ultra
Baixa Densidade (PEUBD) e, para considerar aplicações onde se faz necessária a redução de
permeabilidade ao oxigênio através da embalagem, também o copolímero de Etileno e Álcool
Vinílico (EVOH). Os filmes foram fabricados por extrusão e coextrusão, caracterizados
química e mecanicamente, com atenção ao ensaio dinâmico-mecânico de recuperação elástica.
Para uma análise comparativa, amostras de material termoencolhível de espessura idêntica
foram caracterizadas da mesma forma, com os ensaios que se mostraram pertinentes. Os filmes
desenvolvidos demonstraram recuperação elástica superior a 80% em 3 das 4 condições de
deformação analisadas. Quando comparados ao material termoencolhível, exibiram maior
capacidade de deformação enquanto rigidez e resistência inferiores, e apresentaram suas
propriedades mecânicas configuradas dentro dos referenciais de mercado para grande parte do
setor de embalagens flexíveis para alimentos.
ABSTRACT
Flexible plastic films with high elastic recovery capacity were developed for use as food
packaging, examining its substitution over commercial heat-shrink packaging. The recovery of
polymers to its original dimensions after deformation was studied by Zitzumbo et al. (2006),
and seeking an analogue analysis, the thermoplastic polymer Ultra Low Density Polyethylene
was used, and, to also incorporate the necessity of low oxygen transmission rate of some
products, the copolymer Ethylene Vinyl Alcohol. The films were manufactured by extrusion
and coextrusion, characterized by its chemical and mechanical properties, with special attention
to the elastic recovery analysis. For measures of comparison, samples of a heat-shrink film of
identical thickness were characterized by the same methods. The developed films presented
elastic recovery superior to 80% in 3 out of 4 deformation conditions examined. When
compared to the heat-shrink material, they displayed higher deformation capacity and inferior
strength and stiffness, although they still remain suitable for the majority of commercial
standards for food packaging.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11
3.2 MÉTODOS.................................................................................................... 37
3.2.1 Extrusão e Coextrusão dos Polímeros...................................................... 37
3.2.2 Caracterização ......................................................................................... 39
3.2.2.1 Espectroscopia de Infravermelho (FTIR) ............................................ 39
3.2.2.2 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) ..................................... 39
3.2.2.3 Resistência à Tração e Determinação do Módulo de Elasticidade ...... 39
3.2.2.4 Resistência à Perfuração ...................................................................... 40
3.2.2.5 Resistência à Delaminação .................................................................. 41
3.2.2.6 Recuperação Elástica ........................................................................... 41
3.2.2.7 Coeficiente de Atrito (COF) ................................................................ 41
3.2.2.8 Análise de Permeabilidade ao Oxigênio (TPO 2) ................................. 42
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ 43
5 CONCLUSÃO..................................................................................................... 53
7 REFERÊNCIAS.................................................................................................. 56
1 INTRODUÇÃO
O mercado mundial de embalagens vem exigindo cada vez mais eficiência, redução de
materiais e custos sem perder os benefícios de praticidade, estilo, segurança e sustentabilidade,
o que impulsiona o constante aprimoramento nas opções de embalagem já existentes e o
desenvolvimento de alternativas (CAMILO et al., 2016).
As embalagens plásticas representam boas respostas para essas expectativas, por
atenderem às necessidades de conservação dos produtos e trazerem mais liberdade em temos
de dimensionamento, redução de peso, resistência mecânica aliada à flexibilidade, entre outros
(CAMILO et al., 2016).
Especialmente no mercado de produtos alimentícios, as embalagens plásticas flexíveis
têm seu desempenho aprimorado devido às exigências do consumidor em relação à saúde e
também em decorrência do mercado competitivo. As indústrias convertedoras devem dispor de
tecnologia e conhecimento para desenvolver embalagens que não contaminem o alimento e que
apresentem características específicas, atuando como barreira contra gases, gorduras ou
resistência ao tratamento de pasteurização, por exemplo, ao mesmo tempo mantendo o baixo
custo. Desta forma, precisam constantemente aperfeiçoar seus processos, evitar desperdícios e
reduzir gasto energético (SARANTOPOULOS & TEIXEIRA, 2017).
Em paralelo, tais embalagens não podem deixar de ser visualmente atrativas, fator
crucial na decisão de compra. Estudos apontam que, diante de produtos embalados, o
consumidor leva até 20 segundos observando-os para escolher o preferido e apenas 8 segundos
para apanhá-lo e comprá-lo. Essa decisão é pautada 35% na embalagem, 26% no preço, 21%
na marca do produto e 18% em outros fatores (CRIPPA, 2006).
Uma maneira de realçar os aspectos estéticos da embalagem de um produto é utilizando
o processo de termoencolhimento, que consiste na aplicação de calor para que a embalagem
plástica assuma a forma do produto embalado, de maneira a delineá-lo. Essa tecnologia está
presente no Brasil desde os anos 80, e, embora tenha evoluído desde seu lançamento, a etapa
de aquecimento além de indispensável, representa um gasto adicional de energia e de tempo no
processo industrial (CATUAÍ RÓTULOS, 2017).
Tendo em vista essas restrições, justifica-se a busca pelo desenvolvimento de uma
embalagem que dispense a aplicação de calor e que ao mesmo tempo mantenha as
características estéticas e funcionais das embalagens termoencolhíveis. Para atingir tais
requisitos, esse trabalho sugere uma embalagem com recuperação elástica, isto é, que possa
11
expandir-se para a inserção do produto e que, em seguida, retorne à sua condição inicial,
delineando o produto.
Diante do exposto, deve ser utilizado um polímero que apresente como característica, a
capacidade de recuperação elástica em embalagens. Para isso, foi utilizado um Polietileno
especial, denominado “Polietileno Elastomérico”. Além deste material, num segundo momento,
o copolímero de Etileno e Álcool Vinílico (EVOH) é incorporado a fim de que se possa analisar
sua influência nas propriedades de retorno elástico do Polietileno Elastomérico, haja vista que
atende à demanda de conservação para alguns alimentos, por apresentar excelente barreira à
permeação do oxigênio.
1.1. OBJETIVO
12
iv) Avaliar a viabilidade da utilização dos filmes com recuperação elástica como
embalagens para alimentos e também como substitutos de embalagens de material
termoencolhível utilizadas para alimentos;
13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
15
Figura 1 - Ilustração dos fenômenos que ocorrem na interação produto-embalagem
2.2 POLÍMEROS
17
Embora o desempenho de um material polimérico não dependa apenas da sua
composição química, mas também dos aditivos incorporados e da maneira como foi processado,
algumas características e propriedades dos polímeros se sobressaem quando se trata de
embalagens plásticas flexíveis (JORGE, 2013).
A seleção dos plásticos começa com as suas estruturas químicas e moleculares, que
demonstram de maneira ampla o comportamento esperado. Para prever condições importantes
de processamento, as transições físicas são avaliadas. Porém, estas estão intimamente ligadas
com as propriedades de massa molecular, densidade e cristalinidade. A resposta dos materiais
a agentes permeantes define sua propriedade de barreira (SARANTOPOULOS & TEIXEIRA,
2017).
18
lado, e o terceiro quando esses grupos alternam regularmente de lado em relação à cadeia
principal (SARANTOPOULOS & TEIXEIRA, 2017).
Caso os polímeros sejam constituídos de mais de um monômero, eles deixam de ser
denominados homopolímeros e passam a ser heteropolímeros ou copolímeros. Eles são
compostos de comonômeros, cuja proporção pode ser variável, assim como suas distribuições
ao longo da macromolécula. Esses fatores determinarão o balanço das propriedades químicas e
físicas do copolímero, tomando como base as associadas com os homopolímeros
(SARANTOPOULOS & TEIXEIRA, 2017).
2.2.1.3 Densidade
2.2.1.4 Cristalinidade
20
Figura 2 - Ilustração de esferulito
Embora muito menores do que os cristais de outros materiais, os cristalitos contêm mais
imperfeições. A sua ocorrência depende da estrutura química, da presença de impurezas, de
aditivos, da regularidade espacial das cadeias, de sua rigidez e forças intermoleculares e, ainda,
de fatores de processamento (CANEVAROLO JR., 2006).
A morfologia dessas regiões cristalinas e sua incidência definem muitas das
propriedades físicas, mecânicas e termodinâmicas dos polímeros. Sabe-se que a parcela
cristalina está diretamente associada a propriedades como fragilidade, dureza, rigidez ou
módulo, propriedade de barreira, claridade ótica, fluência e estabilidade em longo prazo
(SICHINA, 2000).
Por exemplo, um maior grau de cristalinidade promove menor alongamento e maior
rigidez, pois os cristais reduzem a mobilidade das cadeias poliméricas (MORRIS, 2017).
Quanto à claridade óptica, pelo fato de os cristalitos possuírem diâmetro superior ao
comprimento de onda da luz visível, essas regiões cristalizadas irão variar de translúcidas a
opacas, dependendo do seu tamanho (SARANTOPOULOS & TEIXEIRA, 2017).
A mensuração da cristalinidade dos polímeros é uma etapa indispensável em aplicações
como componentes e partes produzidas por injeção, peças automotivas, fibras, filmes e
embalagens para alimentos e bebidas. A definição dessa parcela cristalina pode ser facilmente
obtida por meio da análise de Calorimetria Exploratória Diferencial (SICHINA, 2000).
Entre os polímeros semicristalinos, os mais facilmente cristalizáveis são o Polietileno
(PE) e o Poli (Cloreto de Vinilideno) (PVDC), por se tratarem de polímeros lineares compostos
de monômeros insaturados. Polímeros assimétricos, como o Polipropileno (PP), cristalizam
apenas se a configuração espacial for regular, ou seja, isotática ou sindiotática, portanto, um
Poliproprileno atático será amorfo (SELKE & CULTER, 2016).
21
2.2.1.5 Transições Físicas
2.2.1.6 Viscoelasticidade
22
Os polímeros apresentam características de fluidos e sólidos elásticos simultaneamente,
fenômeno denominado viscoelasticidade. Diante de uma solicitação mecânica, parte do regime
de resposta será elástica, com origem na distância característica de ligação dos átomos da cadeia
principal e suas ramificações. A outra parte do regime será plástica, e se dará pelo atrito entre
as cadeias poliméricas. Essas respostas geram uma defasagem, um tempo finito entre o
momento de solicitação e a resultante desta (CANEVAROLO JR., 2006).
Polímeros no estado vítreo (abaixo da T g) não têm energia suficiente para apresentar
mobilidade entre as cadeias, portanto, apresentam resposta majoritariamente elástica. Nessas
condições, os materiais se revelam rígidos e frágeis. Acima da T g e abaixo da Tm, o polímero se
encontra em um estado denominado borrachoso e a mobilidade da fase amorfa resulta em
flexibilidade. Ainda imóvel nesse estado, a fração volumétrica cristalina contribuirá com a
resposta elástica. Acima da T m o polímero está em estado viscoso e a maior parte de sua resposta
será plástica. O processamento ocorre nessas condições, devido à grande capacidade de
conformação (CANEVAROLO JR., 2006).
As propriedades viscoelásticas dos polímeros podem ser reveladas por meio de alguns
ensaios mecânicos bem definidos, tais como o teste de fluência, de tensão de fratura, dinâmico-
mecânicos ou ainda de relaxação de tensão, sendo esses últimos capazes de indicar a capacidade
do material de recuperar suas dimensões originais após a solicitação (BELFIORE, 2010).
A recuperação das dimensões originais em polímeros após uma deformação foi
observada por Zitzumbo et. al (2006). Foi concluído que há um padrão de duas etapas, a
primeira delas seguindo o padrão da Lei de Hooke, caracterizada por uma recuperação elástica
rápida. A segunda etapa é caracterizada por uma recuperação elástica lenta, referente à parcela
plástica do material.
Na parcela regida pela Lei de Hooke, o tempo de recuperação é praticamente
independente da deformação, comportamento que indica que nenhum rearranjo ocorreu na
estrutura molecular do material. Em contrapartida, a parcela de recuperação lenta está
estreitamente relacionada com o grau de deformação, devido à formação temporária de
microdomínios estruturais nas parcelas amorfas do material, induzidos pelo cisalhamento.
Segundo Zitzumbo et. al (2006), quando dois ou mais microdomínios interagem, tempos de
recuperação ainda mais longos são necessários, pois sua interação obstrui o movimento das
cadeias poliméricas.
Para Lodge (1989), a importância do estudo da grande recuperação elástica dos
polímeros deve ser enaltecida, pois, dentre todas as propriedades, é a que mais destaca os
materiais poliméricos diante de outros sólidos e líquidos.
23
2.2.1.7 Propriedade de Barreira
24
Tabela 2 - Classificação da propriedade de barreira ao oxigênio em relação a permeação do gás
Diversos arranjos químicos e moleculares fazem parte da classe dos plásticos. Cada um
dos inúmeros arranjos recebe um nome particular e tem suas propriedades estudadas a fundo e
verificadas. De acordo com o desempenho individual de cada polímero, ele será designado para
uma determinada aplicação. Em embalagens, polímeros com baixa densidade, menor custo e
fácil processabilidade são os mais aceitos, muito embora outros que atendem a demandas
específicas nessa categoria sejam também utilizados, como os que manifestam boa resposta à
termossoldagem (selantes), os que exibem rigidez e resistência suficiente para serem
considerados estruturais, ou ainda, os que apresentam compatibilidade química com inúmeros
polímeros e possam ser utilizados como camada adesiva em coextrusão (CAMILO et al., 2017).
A Tabela 3 apresenta estas principais funções dos polímeros comumente utilizados em
embalagens.
Tabela 3 - Principais funções dos polímeros comumente utilizados em embalagens
Camada
Polímero Selante Barreira Estrutura
Adesiva
Polietileno de Baixa Densidade (PEBD) x x x
Polietileno de Alta Densidade (PEAD) x x
Polipropileno (PP) x x x
Poliestireno (PS) x
Poli(Tereftalato de Etileno) (PET) x x
Poli(Cloreto de Vinila) (PVC) x
Etileno Vinil Acetato (EVA) x x x
Poliamida (PA) x x
25
Copolímero de Etileno e Álcool Vinílico
x
(EVOH)
Poli(Cloreto de Vinilideno) (PVDC) x
Fonte: MORRIS, 2017, adaptado.
26
A parcela cristalizada após o resfriamento de um Polietileno é a que conferirá resistência
mecânica ao material, enquanto a parte amorfa fica responsável por conferir elasticidade,
flexibilidade e maciez. O PEBD apresenta cristalinidade variável entre 35 – 55% e o PEAD
pode alcançar até 85% (SARANTOPOULOS & TEIXEIRA, 2017).
27
Etileno responsável pela mobilidade das macromoléculas, e o grupo Álcool Vinílico, devido a
sua polaridade expressiva, encarregado do aumento das forças intermoleculares
(SARANTOPOULOS & TEIXEIRA, 2017). A estrutura molecular está apresentada na Figura
5.
28
2.2.2.3 Poli (Cloreto de Vinilideno) (PVDC)
2.2.3 Aditivos
29
polímero se mantenha diante das diferentes condições a que se submete nas cadeias produtivas,
até sua chegada no consumidor final (WAGNER JR., 2016).
Para isso, os aditivos podem ser agregados no próprio monômero pelos fabricantes de
polímeros ou ser acopladas antes da transformação, estando em formato concentrado ou em
masterbatches. Essas substâncias são comumente classificadas de acordo com a função que
supostamente desempenharão, como alguns exemplos descritos na sequência (WAGNER JR.,
2016).
2.2.3.1 Deslizantes
2.2.3.2 Antibloqueio
2.2.3.3 Pigmentos
30
(CAMILO et al., 2017). Cada pigmento apresenta especificidades. A título de exemplo, pode-
se mencionar o dióxido de titânio (TiO2), pigmento branco mais utilizado na indústria plástica,
que apresenta boa luminosidade, resistência à formação de manchas, é atóxico e quimicamente
inerte (SARANTOPOULOS & TEIXEIRA, 2017).
2.2.4 Adesivos
31
2.3 PROCESSOS DE PRODUÇÃO DE EMBALAGENS
Processos de produção de polímeros são aqueles que dão forma à massa polimérica,
dimensionando-a conforme sua aplicação desejada. A indústria conta atualmente com inúmeras
alternativas para processamento, embora a extrusão e a coextrusão dos tipos balão e cast sejam
as mais utilizadas para a formação de filmes para embalagens (MORRIS, 2017). Uma breve
discussão será realizada em relação a essas tecnologias.
2.3.1 Extrusão
32
Figura 7 - Métodos de extrusão tipo cast (esq.) e balão (dir.)
2.3.2 Coextrusão
33
de um nível crítico, de modo a promover uma condição de fluxo uniforme (GILES JR. et al.,
2005).
A coextrusão é capaz de produzir camadas menos espessas do que as disponíveis em
outros processos, o que a torna particularmente vantajosa, devido ao fato que provoca a redução
de quantidade de materiais de barreira, que costumam ser caros (KANAI & CAMPBELL,
1999).
Apesar disso, filmes flexíveis com camadas de polímeros apresentando propriedades de
barreira impõem alguns desafios para a coextrusão, como por exemplo, a sensibilidade do
EVOH à umidade e a dificuldade de processamento decorrente da corrosão causada pelo PVDC
nos equipamentos. No caso do PVDC, a solução encontrada é a adição de Poliolefinas que
encapsulam o ácido clorídrico em regiões sensíveis do equipamento. No caso do EVOH, ao
garantir que o material não retenha umidade anteriormente ao processo, e por meio da adição
de camadas adjacentes de Polietileno ou Polipropileno, as deficiências serão pormenorizadas
(DUNN, 2014).
Técnicas do tipo cast, balão e processos de orientação são utilizadas para produzir filmes
coextrudados com funções esticáveis, encolhíveis, termoformáveis e utilizados em aplicações
médicas, embalagens para agricultura e alimentos como carnes, pães, snacks e alimentos
congelados (GILES JR. et al., 2005).
2.3.3 Termoencolhimento
Fonte: Cryovac.
35
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 MATERIAIS
Formulação 1
Aditivo Antibloqueio
Aditivo Deslizante
Pigmento Branco
Adesivo Extrusão
36
E Polietileno Elastomérico Ultra Baixa Densidade
Aditivo Antibloqueio
Aditivo Deslizante
Pigmento Branco
3.2 MÉTODOS
Extrusora Carnevalli
Formulação 1
Velocidade de processamento 0,0528 kg/s (190 kg/h)
Velocidade de rotação 1,01 rad/s
Largura final do filme 0,54 m
Espessura final do filme 60 μm
Pressão de fusão 1,48.107 Pa
37
Temperatura zona de extrusão 1 160°C
Temperatura zona de extrusão 2 165°C
Temperatura zona de extrusão 3 170°C
Temperatura zona de extrusão 4 175°C
Temperatura zona de extrusão 5 185°C
Uma coextrusora Reifenhäuser de cinco camadas, modelo ano 2017 foi utilizada para
processamento da Formulação 2, como detalhado nas Tabelas 7 e 8.
38
Os dois filmes derivados dos processos expostos nas Tabelas 6, 7 e 8 serão denominados
doravante como Filme 1, para o que fora utilizada a Formulação 1, e Filme 2, para o que fora
utilizada a Formulação 2.
3.2.2 Caracterização
39
dos filmes: direção de extrusão, conhecido como direção de máquina, e direção transversal. Foi
utilizada uma célula de carga de 5.103 N, velocidades de 8,3.10-3 m/s (500 mm/min) e os dados
foram compilados em gráfico de resistência à tração (MPa) x deformação (%).
40
3.2.2.5 Resistência à Delaminação
A análise de resistência à delaminação foi realizada apenas no Filme 2 (Figura 10), por
ser o único a possuir mais de uma camada de material. As camadas de material coextrudado são
separadas manualmente por alguns centímetros para que sejam fixadas nas garras do
equipamento. O ensaio seguiu a norma ASTM D1876 e foi realizado na Videplast, em um
dinamômetro universal Instron 5565, com uma velocidade de 4,6.10-3 m/s (280 mm/min) e
célula de carga de 5.103 N.
Para medida de coeficientes de atrito estático e dinâmico foi seguida a norma ASTM
D1894-11, e foi feito uso de equipamento da marca Regmed, modelo MCA 2000, pertencente
41
ao laboratório da empresa Videplast. Corpos de prova de dimensões 0,15 x 0,28 m e 0,07 x 0,17
m foram utilizados, ficando o maior fixo no equipamento, e o outro envolvendo um peso
metálico denominado trenó, com massa 0,2 kg. O trenó realizou movimento com velocidade
constante de 2,5.10-3 m/s (150 mm/min).
42
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
43
Figura 11 - Gráfico resultante da análise de Espectroscopia de Infravermelho
44
Tabela 9 - Dados referentes aos picos encontrados em análise de FTIR para o Filme 1 e Filme 2 e suas
correspondências com vibrações indicadas na literatura
Tabela 10 - Dados referentes aos picos encontrados em análise de FTIR para o filme Termoencolhível e
suas correspondências com vibrações determinadas na literatura
45
Figura 12 - Termograma de DSC no Filme 1
𝐻𝑚
Xc(%) =
𝐻𝑚
46
Nesta fórmula, 𝐻𝑚 é a entalpia de fusão obtida pela análise e 𝐻𝑚 a entalpia inicial de
fusão do material, considerando-o como 100% cristalino, sendo o valor de 𝐻𝑚 para o
Polietileno de 293,6 J/g. O grau de cristalinidade apresentado pelo filme 1 é, portanto, de
aproximadamente 30%.
Já nos termogramas de DSC do Filme 2 (Figura 13), foram identificados três picos, o
primeiro na temperatura de 101,36°C, o segundo em 115,79°C e o terceiro em 157,01°C. O
primeiro e segundo pico se referem a fusão do mesmo material indicado no Filme 1, o
Polietileno Elastomérico de Ultra Baixa Densidade. Segundo Wu et al. (1991), devido a
polidispersividade dos Polietilenos comerciais de baixa densidade, amostras podem apresentar
uma variação de valores de pico e ombro com amplitude de até 10°C, constatação que justifica
a variação de temperaturas em relação ao Filme 1. O pico a 157,01°C indica fusão do EVOH,
com leve alteração em relação ao esperado – 160 °C.
A entalpia calculada pelo software por meio da área abaixo dos picos é, para o primeiro
pico, 84,67 J/g, para o segundo pico 0,37 J/g e para o terceiro 3,76 J/g. Neste caso, a fração em
massa dos polímeros na mistura devem ser considerados, conforme a fórmula 2.
𝐻𝑚
Xc(%) =
𝐻𝑚
Na Fórmula 2, 𝐻𝑚 é a entalpia de fusão obtida pela análise e 𝐻𝑚 a entalpia inicial de
fusão de cada material, considerando-o como 100% cristalino e a fração em massa do
polímero na mistura, sendo os valores de 𝐻𝑚 = 169,2 J/g e = 0,107 para o EVOH e
𝐻𝑚 = 293,6 J/g e = 0,703 para o PE. A partir desses dados obtém-se para o EVOH
uma parcela cristalina de aproximadamente 21% e de 41% para o PE.
47
Figura 13 - Termograma de DSC no Filme 2
Uma síntese dos resultados obtidos nas análises de resistência à tração e módulo está
exposta na Tabela 11. No geral, o material Termoencolhível mostra-se o mais resistente e rígido
entre os três, e o menos deformável. Esses fatos podem estar relacionados com o processamento
típico da classe de embalagens termoencolhíveis, que passam por grande estiramento, causando
deformação plástica, que acarreta em maior módulo e em menor possibilidade de deformação.
Os Filme 1 e Filme 2 apresentaram elevada deformação em ambos os sentidos,
particularidade essencial para uma apresentação posterior de recuperação elástica. Observou-
se também que a deformação em todos os casos foi superior no sentido transversal (TD). Isso
se deve ao fato que, no sentido de máquina (MD), já ocorre certo estiramento no momento do
processamento, fato comum aos processos de extrusão e coextrusão. Os valores de tensão de
cada material se mostraram similares nos dois sentidos dentro da parcela de desvio.
48
Tabela 11 - Propriedades mecânicas dos filmes
Direção de Propriedade
Filme 1 Filme 2 Termoencolhível
Processamento mensurada
Tensão
Máxima 22,35 5,69 25,37 5,27 64,73 4,52
(MPa)
Sentido de
Deformação
máquina (MD) 644 2,16 617 3,75 80 4,01
(%)
Módulo de
112,85 157,79 290
Young (MPa)
Tensão
Máxima 19,96 7,56 25,16 4,27 73,76 5,58
Sentido (MPa)
transversal Deformação
658 2,92 668 2,29 168 2,76
(TD) (%)
Módulo de
109,27 165,77 254
Young (MPa)
Uma síntese dos resultados obtidos na análise de resistência à perfuração está exposta
na Tabela 12. O Filme 2 apresentou resistência ligeiramente superior ao Filme 1, e alongamento
ligeiramente inferior. Ao resistir a maiores forças e absorver mais energia, verifica-se que a
amostra Termoencolhível apresenta uma resistência a perfuração muito superior às demais. Isso
é valido para ambos os sentidos, nas categorias de força e energia absorvida. Apesar disso, o
material apresentou menor alongamento até a perfuração. Esse comportamento, mais uma vez,
pode ser relacionado ao processamento típico da classe de embalagens termoencolhíveis,
explicado anteriormente.
49
Tabela 12 - Resistência a perfuração dos filmes
51
Tabela 15 - Coeficiente de atrito dos materiais estudados
52
5 CONCLUSÃO
53
cristalinidade reduzida do EVOH presente no Filme 2, relacionada com a grande parcela de
copolímero Etileno em sua estrutura, que fora escolhido desta forma para conferir elasticidade.
Essa escolha impactou quando na análise de permeabilidade ao oxigênio na condição de
umidade relativa 50%, pois a cristalinidade reduzida do EVOH provavelmente foi a causa da
desconfiguração do Filme 2 como material de alta barreira, especialmente por se tratar da
situação de maior vulnerabilidade do copolímero de Etileno e Álcool Vinílico.
Sob os princípios neste trabalho analisados, o Filme 1 e Filme 2 são funcionalmente
adequados para utilização como embalagens para alimentos que não demandam barreira ao
oxigênio, e o Filme 2 pode se configurar como embalagem de alta de barreira ao oxigênio
dependendo do referencial de umidade relativa. Para avaliação visual do Filme 1 e Filme 2
quando acondicionando alimentos, fora projetado um equipamento específico para o embalo
considerando o conceito de ampla recuperação elástica. Todavia, até o momento da conclusão
deste trabalho, o equipamento não estava pronto para uso. Posteriormente, a utilização de
dispositivos que possam auxiliar no embalo otimizado dos filmes desenvolvidos pautados no
conceito de grande recuperação elástica, pode contribuir com a possível aceitação estética de
embalagens que não as termoencolhíveis.
54
6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
55
7 REFERÊNCIAS
56
Silva, L. F. da. “Instabilidade Interfacial em Co-extrusão de Poliestireno e Viscosidade
Elongacional: estudo experimental e computacional.” 2009.
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