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PC - CE

Noções de
Direito Penal

Livro Eletrônico
AULA ESSENCIAL 80/20
Noções de Direito Penal

Sumário
Douglas Vargas

Noções de Direito Penal.. ................................................................................................................ 3


Introdução......................................................................................................................................... 3
1. Análise Estatística da Disciplina.. ............................................................................................. 3
2. Outros Aspectos Importantes.. ................................................................................................. 4
3. Princípios do Direito Penal........................................................................................................ 5
Conceito de Princípio.. ..................................................................................................................... 5
Princípios em Espécie..................................................................................................................... 5
4. Teoria do Crime...........................................................................................................................13
Das Teorias sobre o Conceito de Crime......................................................................................13
Teoria Tripartite. . ............................................................................................................................ 14
Fases de Realização do Delito.. ....................................................................................................15
Resumo Esquematizado: Fato Típico.. ........................................................................................16
5. Dicas sobre Crimes em Espécie.............................................................................................. 24
Dicas sobre os Crimes Contra a Administração Pública. . ...................................................... 25
Dicas sobre os Crimes contra a Vida......................................................................................... 28
Dicas sobre Crimes Contra o Patrimônio.................................................................................. 29
Exercícios......................................................................................................................................... 35
Gabarito............................................................................................................................................ 41

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Noções de Direito Penal
Douglas Vargas

NOÇÕES DE DIREITO PENAL


Introdução
E aí queridos(as) aluno(as)!
Na aula de hoje vamos trazer uma abordagem inovadora, com um resumo caprichado dos
tópicos mais importantes sobre o Direito Penal com foco total no nosso edital e com base nas
estatísticas da organizadora!
Preparamos um levantamento especial para você. Você verá um retrato bastante inte-
ressante dos assuntos historicamente mais cobrados, com destaque para os campeões
em questões, contando com algumas dicas bem direcionadas para essa reta final da sua
preparação!
Ademais apresentaremos diversas dicas, de forma esquematizada, sempre com base nas
estatísticas mencionadas supra ao passo que também chamaremos a sua atenção para de-
talhes importantes e específicos para o nosso certame.
A ideia por trás da aula essencial é apresentar o conteúdo com base no chamado princípio
de Pareto, ou regra 80-20, segundo a qual 80% dos efeitos advém de 20% das causas.
Nesse sentido, é imprescindível mencionar que a Aula essencial 80-20 não substitui o es-
tudo integral da matéria, e que não se recomenda, de forma alguma, que você conte apenas
com o conteúdo aqui apresentado em sua preparação.
Ademais, nunca há garantias de que apenas o conteúdo mais cobrado continuará a ser
cobrado. Lembre-se, sempre: toda escolha é uma perda.
Mas dito isso, é claro que a presente aula contribui, sobremaneira, para que você tenha um
retrato sobre o histórico da banca e possa construir uma estratégia sobre o conteúdo previsto
em nosso edital.
Espero sinceramente que gostem dessa abordagem. Foi feita com muito carinho para
todos vocês!
Estamos juntos! Um abraço e bons estudos!
Professor Douglas Vargas

1. Análise Estatística da Disciplina


Em primeiro lugar, o objetivo da aula de hoje é apresentar para você quais são os assuntos
que compõem “a nata” do Direito Penal.
Especificamente quanto ao Direito Penal, é possível encontrar nas bases de concursos
anteriores de diversas bancas (a amostra da IDECAN, por si só, é muito pequena):
1) Os crimes contra a administração pública são tópico de destaque no estudo da disci-
plina do Direito Penal, compreendendo boa parte das questões de Noções de Direito Penal;

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2) Entre os demais crimes previstos no edital, crimes contra o patrimônio e contra a pes-
soa merecem destaque e possuem grande relevância temática;
3) Dentre os aspectos da parte geral do Direito Penal, merecem destaque os temas ine-
rentes ao fato típico e à tipicidade em si (tópicos da parte de Teoria do Crime), bem como o
assunto princípios.
É claro que não se deve desconsiderar a importância dos demais tópicos previstos no
edital. No entanto, a estatística apresentada é um bom norte para orientar o candidato sobre
o histórico da banca.
Diante dos pontos apresentados, nessa aula essencial você verá uma retomada dos prin-
cipais crimes (contra a administração pública, contra o patrimônio, contra a pessoa) bem
como tópicos de destaque quanto ao assunto teoria do crime e quanto ao assunto princípios.

2. Outros Aspectos Importantes


Sabemos ainda que os examinadores usualmente mantêm um padrão na elaboração de
questões, mas não podemos esquecer de um detalhe importante: inovações legislativas são
sempre um assunto benquisto pelos examinadores.
Assim sendo, é importante considerar as seguintes alterações legislativas que ocorreram
e que podem ser objeto de elaboração de questões inovadoras e não previstas em nossa
estatística:

As bancas em geral tem adotado o hábito de cobrar entendimentos sumulados em con-


cursos de carreiras jurídicas, hábito esse que pode reverberar em concursos tribunais de ma-
neira geral. Assim sendo, a leitura de súmulas recentes e de informativos do STJ e do STF
pode constituir também um hábito diferencial caso a banca decida ampliar essa prática para
todos os concursos sob sua tutela.
De todo modo, é preciso ressaltar que as inovações legislativas tendem sempre a receber
destaque, qualquer que seja a organizadora, de modo que devem ser priorizadas e que a fa-
miliaridade com textos legais que sofreram alterações em 2018, 2019 e 2020 deve sempre ser
um dos nossos principais objetivos.
Excelente. Já temos um bom direcionamento sobre o qual trabalhar, concordam? Então
mãos à obra. Vamos ao conteúdo.

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3. Princípios do Direito Penal


Conceito de Princípio
Princípios são padrões decisórios que se constroem historicamente e que geram um dever de obe-
diência.

Princípios em Espécie
Princípio da Subsidiariedade

A aplicação do Direito Penal deve ser subsidiária, ou seja, somente quando as outras for-
mas de sancionar o indivíduo não forem suficientes.
O Direito provê diversas formas de controle social capazes de coagir o indivíduo, não ape-
nas as sanções penais. Nem sempre há necessidade de recorrer ao Direito Penal para sanar
determinadas situações.

Princípio da Legalidade Penal

Constituição Federal, Art. 5º, XXXIX – Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal.

Tem como principal objetivo limitar o poder do estado. A premissa é básica: para que o
Estado defina crimes e comine penas, deve editar uma lei, a ser aprovada pelo Congresso.

 Obs.: Lembre-se: apenas a lei em sentido estrito, aprovada pelo Congresso Nacional, pode
ser utilizada para tal finalidade (criar crimes e cominar penas).

Mas o que é lei em sentido estrito?

Como consequência da restrição da criação de crimes a apenas estas espécies de lei,


o princípio da legalidade também é chamado de princípio da legalidade estrita ou da re-
serva legal.

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Ponto chave!

001. (CESPE/TJ-SE/TÉCNICO JUDICIÁRIO) É legítima a criação de tipos penais por meio


de decreto.

Só lei em sentido estrito pode criar tipos penais. Não há exceção!


Errado.

Certo. Vamos passar agora ao estudo de outras funções do princípio da legalidade, que
são um pouco mais avançadas, mas que também são fáceis de entender e que você, como
bom candidato, deve conhecer. Vamos lá:
Por força do princípio da legalidade, é vedada a utilização de analogias que prejudiquem o
réu (as chamadas analogias in malam partem).

Demais consequências do princípio da legalidade

a) Não há crime sem lei anterior.


Por força do princípio da legalidade, temos como desdobramento o chamado princípio da
anterioridade, segundo o qual a criação de crimes e cominação de penas existe LEI ANTE-
RIOR, vedando-se a existência de retroatividade em prejuízo do acusado.
b) Não há crime sem lei ESCRITA.
Outro desdobramento do princípio da legalidade está na exigência de lei escrita, a qual se
traduz na EXCLUSÃO da possibilidade de que os COSTUMES (na figura do chamado direito
consuetudinário) sejam base para a criminalização de condutas.

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Veja bem: Não se admite a criação de crimes ou a agravação da pena por meio dos costu-
mes. Mas é claro que os costumes, de forma geral, são fonte válida do Direito Penal, possuin-
do formas específicas de utilização.
O importante é que você saiba que há a vedação quanto à criação de crimes por tal fonte
do direito.
c) Não há crime sem lei CERTA.
Importante desdobramento do princípio da legalidade, o chamado princípio da taxativida-
de ou determinação veda a criação de tipos penais obscuros ou vagos. Tipos penais devem
ser CLAROS e não deixar margem de dúvidas, de modo que a população tenha a devida com-
preensão das condutas criminalizadas pelo legislador.
d) Não há crime sem lei NECESSÁRIA.
Por fim, verificamos uma influência do chamado princípio da intervenção mínima no pró-
prio princípio da legalidade: Quando se fala em direito penal, não se admite a criação de tipos
penais desnecessários.
Agora sim! Arrematamos todos os desdobramentos mais importantes do princípio da le-
galidade. Vamos fazer um esquema simples para consolidar o entendimento?

002. (CESPE / DETRAN-DF / ANALISTA – ADVOCACIA)O princípio da legalidade veda o uso da


analogia in malam partem, e a criação de crimes e penas pelos costumes.

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Relembrando: só lei em sentido estrito pode criar crimes e penas. E como acabamos de es-
tudar, no Direito Penal, por força do princípio da legalidade, é vedado o uso da analogia em
prejuízo do acusado! Questão correta.
Certo.

Legalidade em formal e material

Princípio da Fragmentariedade

O chamado princípio da Fragmentariedade determina que não é razoável que o Estado


utilize o Direito Penal para tutelar qualquer bem jurídico. Apenas os bens mais relevantes para
a sociedade devem ser protegidos pela norma penal.

Fragmentariedade x Subsidiariedade

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Princípio da Pessoalidade ou da Intranscendência da Pena

CF, art. 5º, XLV Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar
o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e
contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.

Previsto na própria Constituição Federal, este princípio existe para evitar que as sanções
penais sejam executadas em face de terceiros.
Lembre-se: As únicas responsabilidades que podem ser transferidas aos herdeiros são as
de reparar o dano e a decretação de perdimento de bens. E mesmo assim, essas últimas ficam
limitadas ao valor da herança que foi deixada.

Princípio da Ofensividade (Nullum Crimen Sine Iniuria)

Determina que apenas condutas que causem dano ou pelo menos perigo de dano podem
ser consideradas ilícitas pelo Direito Penal!
Existem quatro determinações relacionadas ao princípio da ofensividade, a saber:
• Vedar a incriminação de estados e condições existenciais;
− O indivíduo deve ser punido por seus atos – e não por simplesmente “ser” alguma
coisa.
• Não incriminação de condutas incapazes de causar dano ou perigo de dano a algum
bem jurídico;
• Vedar a incriminação de condutas que não excedam o próprio autor:
− Exemplo: Ninguém pode responder criminalmente por causar lesões corporais a si
próprio (autolesão).
• Proíbe a incriminação de atitudes internas, como por exemplo ter a ideia de cometer
um crime.

Princípio da Adequação Social

Condutas socialmente aceitas e adequadas não podem ser criminalizadas. Está é a premis-
sa do chamado princípio da adequação social.

Princípio da Humanidade

“É por força do princípio da humanidade que qualquer pena que desconsidere o homem como pes-
soa está proscrita”.
Rogério Greco – Direito Penal

O princípio da humanidade garante que os infratores da lei não sejam submetidos a penas
cruéis ou degradantes, o que causaria o desrespeito à dignidade da pessoa humana.

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A Constituição Federal, em seu Art. 5º, XLVII, trata sobre o tema, ao proibir penas:
• De morte, salvo em caso de guerra declarada;
• De caráter perpétuo;
• De trabalhos forçados;
• De banimento;
• Cruéis.
• Princípio da Proporcionalidade

Segundo o princípio da proporcionalidade, não basta aplicar a lei ao caso concreto para
que se atue com justiça. É necessário comparar a lesão causada pelo crime praticado e a
gravidade da sanção, para se garantir que a medida imposta ao autor é adequada.
Segundo Alberto Silva Franco, o princípio da proporcionalidade:

É o princípio que exige que se faça um juízo de ponderação sobre a relação existente entre o bem
que é lesionado ou posto em perigo (gravidade do fato) e o bem deque pode alguém ser privado
(gravidade da pena).

Princípio da Insignificância

“Segundo o princípio da insignificância, que se revela por inteiro por sua própria denominação, o
direito penal, por sua natureza fragmentária, só vai aonde seja necessário para a proteção do bem
jurídico. Não deve ocupar-se de bagatelas. ”
Rogério Greco / Assis Toledo

Teoria do Crime e Princípio da Insignificância

O princípio da insignificância tem o poder de excluir o próprio crime, atuando sobre o pri-
meiro elemento deste: o fato típico.
A adequação entre o tipo penal e a conduta praticada é o que chamamos de tipicidade for-
mal. De uma forma simples, é a confirmação de que o comportamento do autor é compatível
com o que está escrito na norma penal.
Com isso, o Juiz já irá saber que ocorreu um fato formalmente típico. Mas não é possível
ainda dizer que existe crime. Isso porque o segundo passo, é verificar se houve a chamada
tipicidade material.
A tipicidade material, por sua vez, é a avaliação do desvalor da conduta e do prejuízo causa-
do. Ou seja: só existe tipicidade material se o ato praticado produzir um prejuízo RELEVANTE.
Confirmada a ausência da tipicidade material, não haverá o fato típico, e consequente-
mente... não haverá crime!
O princípio da insignificância atua sobre a tipicidade. Logo, se couber a sua aplicação, não
haverá crime, (a conduta se tornará atípica).

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Casos recorrentes em prova:


• Crime Ambiental: Aplicável;
• Ato infracional: Aplicável;
• Furto de celular: Aplicável.
• Lei Maria da Penha (Violência doméstica): Não aplicável;
• Moeda Falsa: Não aplicável;
• Porte de Drogas: Não aplicável;
• Furto em unidade penitenciária: Não aplicável;
• Furto qualificado: Não aplicável;
• Descaminho: Aplicável até R$ 20.000,00 (STF & STJ)

STF & Insignificância

Um último tópico importante sobre o princípio da insignificância (o qual é recorrente em


questões) está nos requisitos para aplicação do princípio da insignificância, segundo o en-
tendimento vigente no Supremo Tribunal Federal. São eles:
1) Mínima ofensividade da conduta;
2) Ausência de periculosidade social da ação;
3) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
4) Inexpressividade da lesão jurídica.

Princípio da Culpabilidade

O princípio da culpabilidade versa sobre a chamada reprovabilidade da conduta do agente.


Antes de mais nada, vamos dar uma olhada no que diz o grande doutrinador Rogério Greco:

Culpabilidade diz respeito ao juízo de censura, ao juízo de reprovabilidade que se faz sobre a con-
duta típica e ilícita praticada pelo agente. Reprovável ou censurável é aquela conduta levada a
efeito pelo agente que, nas condições em que se encontrava, podia agir de outro modo.

A culpabilidade está relacionada ao conceito do chamado “homem médio”, que nada mais
é do que o se espera que um homem comum faria diante de determinada situação.
Entende-se dessa forma, que há um comportamento normal a ser esperado de uma pessoa.
Uma das consequências desse princípio é a vedação à chamada responsabilidade pe-
nal objetiva.

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Princípio da Exclusiva Proteção dos Bens Jurídicos

De simples compreensão (e muito utilizado para confundir os alunos, sendo comparado


ao princípio da lesividade), o princípio da exclusiva proteção aos bens jurídicos rege que a
norma penal deve ser criada apenas para tutelar bens jurídicos cuja relevância mereça a pro-
teção que o Direito Penal oferece.
Assim sendo, veda-se a chamada “proibição pela proibição”, ou a criminalização como
“instrumento de mera obediência”, como nos ensina Rogério Sanches em seu Manual de Di-
reito Penal.

Princípio da Intervenção Mínima

Quando falamos em intervenção mínima, falamos em aplicação do Direito Penal apenas


quando estritamente necessário. A doutrina entende que os casos de estrita necessidade
são aqueles em que outras esferas do direito fracassaram no controle social (subsidiarie-
dade) e nos quais a lesão é relevante o suficiente para ensejar a utilização do Direito Penal
(fragmentariedade).

Princípio da Materialização ou Exteriorização do Fato

Parte da doutrina ainda enumera o chamado princípio da exteriorização do fato, segundo o


qual o Estado só pode criminalizar condutas, humanas e voluntárias, e não condições exter-
nas ou estados existenciais.

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Veja que aqui não há nada de muito novo, e que há uma correlação muito parecida entre
tal princípio e as consequências do princípio da lesividade que estudamos anteriormente.

Princípio da Individualização da Pena

Por fim, temos o princípio da individualização da pena, previsto no art. 5º, XLVI, da Cons-
tituição Federal:

XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:


a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;

Trata-se de princípio que cuida de que cada cidadão terá uma avaliação individualizada
sobre o fato criminoso praticado. Segundo a melhor doutrina, tal princípio se divide em três
fases, devendo ser observado tanto no momento da elaboração da norma pelo legislador,
quanto na imposição da sanção pelo juiz e até a própria fase da execução penal.

4. Teoria do Crime
Das Teorias sobre o Conceito de Crime

Teoria majoritariamente adotada pela doutrina

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Teoria Tripartite
Define-se crime como:

Elementos do Fato Típico

• Conduta: Ação ou comportamento humano.


• Resultado: Modificação do mundo exterior, causada pela conduta.
• Nexo de Causalidade: Vínculo entre a conduta e o resultado.
• Tipicidade: Adequação da conduta praticada com o modelo abstrato previsto na lei.

Antijuridicidade (ou Ilicitude)

A ilicitude é, em regra, presumida! Ou seja, via de regra, o fato típico é antijurídico – e


apenas excepcionalmente (como no caso de legítima defesa) ocorrerá a chamada excludente
de ilicitude.

Culpabilidade

O Código Penal adota a chamada teoria normativa pura para definir a culpabilidade.
São Elementos da Culpabilidade:
• Imputabilidade: Capacidade de entender o caráter ilícito do fato praticado.
• Potencial Consciência da Ilicitude: O agente tem que praticar o fato sabendo, ou ao
menos tendo a possibilidade de saber que a conduta era ilícita.
• Exigibilidade de conduta diversa: A prática da conduta deve ser realizada numa situa-
ção regular, normal.

Esquematizando a Teoria Tripartite

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Classificação das Infrações Penais

• Divisão bipartida: As infrações penais se dividem em CRIMES e CONTRAVENÇÕES


PENAIS. É a adotada pelo CP.
• Divisão tripartida: As infrações penais se dividem em CRIMES, DELITOS e CONTRA-
VENÇÕES.

Fases de Realização do Delito

Cogitação

A cogitação é uma fase interna, na qual surge a intenção de praticar um determinado


crime. Por força do princípio da lesividade, a cogitação não é uma fase punível, pois ela não
causa ofensa alguma a nenhum bem jurídico.

Preparação

O autor começa a trabalhar para que possa iniciar a execução do delito. O autor busca
encontrar meios e locais que possibilitem lograr êxito no delito que está buscando cometer.
Via de regra, a preparação também não é punível – a não ser que o ato preparatório seja
um crime por si só!

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Execução

O agente inicia, de fato, a execução da conduta criminosa. A fase de execução pode re-
sultar na próxima fase (a consumação) caso o agente logre êxito na prática da infração penal
pretendida por ele, ou em uma tentativa (quando o agente não logra êxito por circunstâncias
alheias à sua vontade).

Consumação

A consumação é a fase em que o agente atinge o resultado do crime, ou como define o


código penal, o crime reuniu todos os elementos de sua definição legal (Art. 14, inciso I, CP).
A consumação tem uma influência direta na classificação das condutas criminosas.

Exaurimento

Embora em regra não seja listado como uma das fases regulares do iter criminis, o exau-
rimento é uma fase específica de algumas infrações penais, que após sua consumação, ainda
não sofreram o completo esgotamento de seu potencial lesivo.

Resumo Esquematizado: Fato Típico


Elementos Básicos que Foram o Fato Típico:

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Conceito de Conduta:

Podem Excluir a Conduta:

Elementos Inerentes ao Resultado:

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Nexo Causal

Relação entre a conduta e o resultado


• Regra: Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais
• Necessita de dolo ou culpa para evitar o regresso ao infinito.

Tipicidade

Tipo Penal

• Estrutura da Norma incriminadora. Descreve o fato que o Direito Penal quer inibir;
• Composto de Preceito primário (fato) e secundário (Sanção).

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Tipo Penal Doloso

Tipo Penal Culposo

• Violação do dever de cuidado;


• Deve ser expressamente previsto pelo legislador;
• A conduta é voluntaria e o resultado involuntário;
• O resultado culposo deve ser previsível.

Modalidades de Culpa

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Crime Preterdoloso

Aspectos Intermediários sobre o Fato Típico

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DICA
Para fins de prova, sempre percorra os seguintes passos: Pri-
meiro verifique se houve uma conduta HUMANA, VOLUNTÁ-
RIA e CONSCIENTE.
Após isso é que você deverá analisar se a ação foi DOLOSA
(intencional) ou CULPOSA (praticada por negligência, impru-
dência ou imperícia).

Hipóteses em que Não Haverá CONDUTA

• Inconsciência: Agente inconsciente (como um indivíduo sonâmbulo ou hipnotizado, por


exemplo) não possui consciência, o que exclui a conduta.
• Atos Reflexos: Atos reflexos são considerados involuntários, e se não há voluntarieda-
de, também não há conduta!
• Coação FÍSICA irresistível: Hipótese muito cobrada em provas. Ocorre quando o agente
é forçado fisicamente a praticar a conduta criminosa.

Outras Dicas sobre Teoria do Crime

Excludentes de Ilicitude

• Legitima defesa
• Estado de necessidade
• Estrito Cumprimento do Dever legal
• Exercício Regular de um Direito

Legítima Defesa

• Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários,


repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
• Recebeu nova previsão (parágrafo único) com a edição do pacote anticrimes.

Requisitos

• Agressão Injusta
• Atual ou Iminente
• Em defesa de direito próprio ou alheio
• Usando moderadamente dos meios necessários

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Excesso

• Ato praticado por agente que, inicialmente em legitima defesa, se excede nos atos des-
tinados à reprimir a agressão sofrida;

Legitima Defesa Putativa

• Agente não está diante de uma injusta agressão, mas acredita que está, motivo pelo
qual acaba repelindo a agressão inexistente.

Legítima Defesa Sucessiva

• É a legítima defesa perpetrada pelo agressor vítima de um excesso.

Legítima Defesa Subjetiva

• É a legítima defesa praticada com excesso por um agente que não percebeu, de forma
justificável, que a injusta agressão já cessou.

Estado de Necessidade

• Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atu-
al, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio
ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.

Requisitos

• Ameaça a direito próprio ou alheio


• Situação de Perigo não causada voluntariamente pelo agente
• Perigo ATUAL
• Inevitabilidade da ação lesiva
• Inexigibilidade de sacrifício do direito ameaçado
• Inexistência de dever legal de enfrentar o perigo

Exercício regular de um direito

• Agente atua amparado por um direito legalmente constituindo, não podendo ser res-
ponsabilizado por seus atos

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Estrito Cumprimento do Dever Legal

• Agente atua por ordem legal, cumprindo seu dever, também não podendo ser responsa-
bilizado pelos atos praticados.

Culpabilidade

• Terceiro Elemento do Conceito Analítico de Crime.


• Trata do juízo de Reprovabilidade da Conduta do Agente.

Teoria da Culpabilidade

• CP adota a teoria normativa pura.


• Determina que a culpabilidade é composta por três elementos:
− Imputabilidade;
− Potencial Consciência da Ilicitude;
− Exigibilidade de conduta diversa.

Imputabilidade

• É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incom-
pleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de en-
tender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Imputável

• Aquele capaz de ser responsabilizado criminalmente por seus atos.


• Capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

Inimputável

• Indivíduo inteiramente incapaz, ao tempo da ação ou da omissão, de entender o caráter


ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Excludentes de Imputabilidade

• Doença Mental que cause incapacidade ABSOLUTA de compreender a ilicitude do fato.


− Critério Biopsicológico.

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• Menoridade
− Até completar 18 anos.
− Critério Biológico.
• Embriaguez Completa Acidental
− Proveniente de caso fortuito ou força maior.

 Obs.: Emoção, paixão e embriaguez voluntária não removem a imputabilidade do agente.

Actio Libera in causa

• Embriaguez pré-ordenada para ter coragem de perpetrar a conduta delituosa.


• Agrava a pena do autor!

Potencial Consciência da Ilicitude

• Capacidade de reconhecer que a conduta praticada é ilícita, ilegal.


• O desconhecimento da lei não é justificativa para o seu não cumprimento.
• Entendimento deve ser analisado de acordo com o contexto social e cultural do autor
(conhecimento do profano).

Exigibilidade de Conduta Diversa

• Possibilidade de agir de outra forma, de acordo com as circunstâncias.


• Pode ser excluída pela inexigibilidade de conduta diversa.

Inexigibilidade de Conduta Diversa

• Pode ocorrer nos seguintes casos:


− Coação moral irresistível:
◦ Depende de ameaça grave;
◦ Ameaça perpetrada contra o agente ou contra terceiro;
◦ Deve ser irresistível.
− Obediência hierárquica:
◦ Deve emanar de um superior;
◦ Só se aplica em relações de direito público;
◦ Ordem não pode ser manifestamente ilegal.

5. Dicas sobre Crimes em Espécie


Sem dúvidas os campeões em questões de concursos anteriores, os crimes em espécie
merecerão uma atenção especial em nosso resumo direcionado.

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Trata-se, é claro, de assunto MUITO EXTENSO, de modo que iremos priorizar os crimes
mais cobrados e os detalhes que costumam despencar em provas, principalmente quanto
aos crimes contra a administração pública, contra a vida e contra a dignidade sexual.

Dicas sobre os Crimes Contra a Administração Pública


Peculato

• Conduta de um funcionário público que se apropria, desvia ou furta um bem do qual


tem posse em razão do cargo.
• O objeto subtraído, apropriado ou desviado pode ser tanto público quanto particular.

Peculato-Apropriação

... Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
particular, de que tem a posse em razão do cargo...

• É de fundamental importância a expressão EM RAZÃO DO CARGO. Não basta SER fun-


cionário público para praticar a conduta. O autor tem que se valer de sua condição de
funcionário público para que se configure a conduta do art. 312!
• Essa condição inclusive é válida para todos os delitos praticados por funcionário públi-
co contra a administração pública!
• As questões costumam focar muito nesse ponto, tornando fundamental observar se a
conduta foi praticada por funcionário público e se a utilização do cargo influiu de algu-
ma forma no êxito da prática delitiva!

Entendendo as Modalidades

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Furto e Peculato “de uso”

O furto de uso não é punível no Direito Penal (Não existe o fato típico de furto de uso). O
peculato de uso, na mesma esteira, também não é um delito previsto no CP – mas pode en-
sejar responsabilidade por IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.

Furto de Uso Peculato de Uso


Não é conduta típica Não é conduta típica
Particular sem vínculo com a administração
Pode resultar em responsabilização por
pública não está sujeito à lei de
improbidade administrativa.
improbidades administrativas

Concussão (Art. 316 CP)

Concussão
Art. 316 – Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa.

Segundo o STJ (HC 54776/2014), se o funcionário público usar de violência ou grave ame-
aça para exigir a vantagem, haverá EXTORSÃO e não CONCUSSÃO. Esse entendimento do STJ
já foi objeto de prova por diversas vezes!

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Corrupção Passiva (Art. 317 CP)

Art. 317 – Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Segundo a doutrina, a vantagem indevida não precisa ser necessariamente uma vanta-
gem financeira – embora essa seja a forma mais comum.

Classificações de Corrupção Passiva

Prevaricação (Art. 319 CP)

A conduta é parecida com a de corrupção passiva, visto que o agente também retarda ou
deixa de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou o pratica contra disposição expressa de lei.
Entretanto, a diferença principal está na motivação do agente público: Ele infringe seu dever
funcional para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.

Prevaricação x Corrupção Passiva Privilegiada

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Dicas sobre os Crimes contra a Vida


Homicídio

• Conduta: Matar alguém;


• Sujeito ativo: Qualquer Pessoa;
• Sujeito passivo: Qualquer Pessoa;
• Bem jurídico protegido: Vida humana;
• Crime comum;
• Pode ser praticado por comissão (um fazer) ou omissão;
• Crime material;
• Hediondo quando qualificado ou praticado em atividade típica de grupos de extermínio.
• Aumento de pena:
− 1/3: Vítima menor de 14 anos ou maior de 60;
− 1/3 a 1/2: Quando praticado por milícia privada sob pretexto de prestação de serviço
de segurança ou por grupo de extermínio;
• Homicídio privilegiado
− Redução de 1/6 a 1/3, quando praticado:
◦ Por relevante valor social ou moral;
◦ Sob DOMÍNIO de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima;
• Homicídio qualificado
• Quando praticado:
− Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
− Por motivo fútil;
− Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso,
cruel ou de perigo comum;
− Com traição, emboscada, dissimulação ou recurso que dificulte ou torne impossível
a defesa da vítima;
− Para assegurar a execução, ocultação ou impunidade de outro crime.
• Feminicídio
− Quando praticado:
◦ Contra mulher em razão da condição de sexo feminino;
− Aumento de 1/3 a 1/2 se:
◦ Durante a gestação ou até 3 meses após o parto;
◦ Contra menor de 14 anos ou maior de 60 anos;
◦ Na presença de ascendente ou descendente;
◦ É qualificadora objetiva seguindo o STJ.

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• Homicídio Funcional
− Quando praticado, no exercício da função ou em razão dela:
◦ Contra autoridade ou agente dos incisos 142 ou 144 da CF;
◦ Agentes do sistema prisional ou força nacional;
◦ Contra cônjuge, companheiro ou parente de até 3º grau;
• Homicídio Culposo:
− Quando praticado por:
◦ Negligência;
◦ Imprudência;
◦ Imperícia;
− Aumento de pena (1/3) quando o autor:
◦ Não observa regra técnica de profissão;
◦ Deixa de prestar socorro;
◦ Não procura diminuir as consequências de seus atos;
◦ Foge para evitar a prisão em flagrante.

Induzimento, Instigação ou Auxílio ao Suicídio

• Sujeito ativo: Qualquer pessoa;


• Sujeito passivo: Qualquer pessoa;
• Bem jurídico tutelado: Vida humana;
• Há divergência quanto à automutilação;
• Lembre-se de que existem três possibilidades, cada qual com diferentes responsabi-
lizações criminais (vítima capaz, vítima relativamente incapaz e vítima absolutamente
incapaz).

Infanticídio (Matar sob a Influência do Estado Puerperal, Durante o Parto


ou Logo Após)

• Sujeito ativo: A mãe;


• Sujeito passivo: Próprio filho;
• Bem jurídico tutelado: Vida humana;
• Permite o concurso de agentes;
• Admite a tentativa;

Dicas sobre Crimes Contra o Patrimônio


Furto (Art. 155 CP)

• Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel;

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Elementares do Tipo:
• Coisa:
− Coisa é todo objeto de natureza corpórea.
− Pode ter valor financeiro ou sentimental.
• Alheia:
− Coisa pertencente a um terceiro;
− Coisa sem dono não serve como objeto de furto;
− Coisa perdida não caracteriza o delito do art. 155 e sim o do artigo 169, II;
− Coisa própria também não enseja o delito de furto.
• Móvel:
− A coisa deve ser passível de remoção;
− Energia elétrica, sinal de telefone e redes de água são coisas móveis por equiparação;

Furto de Uso

• É fato atípico em nosso ordenamento jurídico;

Tentativa e Consumação do Furto

• Delito de furto se consuma no momento em que o autor remove a coisa (quando essa
passa para sua posse);
• A posse não tem de ser mansa ou pacífica;
• Aplica a teoria da amotio ou apprehensio.

Crime impossível e Furto

• Sistema de vigilância ou segurança em estabelecimento comercial não enseja crime


impossível.

Furto Noturno ou Majorado

• A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.

Furto Privilegiado

• Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a


pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente
a pena de multa.
• Cuidado: Se a coisa tiver uma valor INSIGNIFICANTE, ocorrerá a aplicação do princípio
da insignificância, que tornará a conduta atípica.

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Furto Qualificado

• Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;


• Com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
• Com emprego de chave falsa;
• Mediante concurso de duas ou mais pessoas.
• A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que
venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
• A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente do-
mesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração.
• Reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum.

Furto Privilegiado-Qualificado

• É possível segundo o STJ.

Furto de Coisa Comum

• Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitima-


mente a detém, a coisa comum;
• É crime próprio.

Roubo (Art. 157)

• Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violên-
cia a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência;
• Destaca-se pela violência ou grave ameaça;
• Não admite a aplicação do princípio da insignificância;
• É um delito pluriofensivo;

Espécies de Roubo

• Roubo próprio: Violência ou grave ameaça aplicadas antes ou durante a conduta;


• Roubo improprio: Violência ou grave ameaça aplicadas logo depois da subtração;

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Consumação

• Ocorre quando o indivíduo toma posse do bem subtraído.


• Aplica-se a teoria da amotio assim como no furto.

Roubo Majorado

• Se há o concurso de duas ou mais pessoas;


• Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circuns-
tância.
• Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Esta-
do ou para o exterior;
• Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
• Subtração de substâncias explosivas;
• Com uso de arma branca.

Roubo Majorado 2/3 (§2º-A)

• Uso de arma de fogo de uso permitido;


• Destruição ou rompimento de obstáculo com emprego de explosivo;

Roubo Majorado com Pena em Dobro (§2º-B)

• Uso de arma de fogo de uso proibido ou restrito.

Roubo Qualificado

• Não se confunde com o roubo majorado;


• Ocorre na seguinte situação:
− Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze
anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem preju-
ízo da multa.

Latrocínio

• É o roubo qualificado pela morte.


• É hediondo.
• Consumação ocorre com a morte da vítima.
• É de competência de juiz singular, e não do tribunal do júri.

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Roubo de Uso

• Não é atípico por conta do desvalor do emprego de violência ou grave ameaça.

Extorsão

• “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter


para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou
deixar de fazer alguma coisa.”
• Tipo previsto no art. 158 do Código Penal.
• Não envolve, na forma simples, qualquer restrição ou privação de liberdade da vítima.

Extorsão Majorada

• Modalidade prevista no §1º do art. 158 do Código Penal.


• Se configura nos casos em que o referido crime é cometido por duas ou mais pessoas,
ou com emprego de arma, aumentando-se a pena de um terço até metade.

Extorsão Qualificada

• Modalidade prevista no art. 158, § 2º, CPB: Aplica-se à extorsão praticada mediante
violência o disposto no § 3º do artigo anterior.
− (Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze
anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem preju-
ízo da multa).

Extorsão com Restrição de Liberdade da Vítima

• Primeira das modalidades de extorsão que envolve a liberdade da vítima como parâme-
tro de discernimento de tipicidade.
• É conhecida como “sequestro-relâmpago”.
• Configura-se nos casos em que o crime é cometido mediante a restrição da liberdade
da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica.
• A pena, em regra, é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta
lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º,
respectivamente.
• Base legal: Art. 158, §3º, CPB.

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Extorsão Mediante Sequestro

• Delito previsto no art. 159 do CPB.


• Configura-se com a conduta de sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para
outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate.
• Qualificadoras do delito de extorsão mediante sequestro:
− Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de
18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou
quadrilha (associação criminosa).
− Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
− Se resulta a morte.
• Admite possibilidade de redução de pena nos casos em que o crime é cometido em
concurso e o concorrente que denuncia à autoridade, facilitando a libertação do se-
questrado. (§4º).

“Delação Premiada” & Extorsão Mediante Sequestro

• Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facili-


tando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.

Extorsão Indireta

• Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documen-


to que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro.
• Delito comum entre agentes de usura (agiotas).

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EXERCÍCIOS
001. No que se refere à teoria do crime, é possível asseverar a conduta é ação ou comporta-
mento de qualquer espécie, não necessariamente um comportamento humano.

Na verdade, a conduta é uma ação ou comportamento humano. De outro modo, não há que se
falar em crime. É por esse motivo que um animal (como um cão) não comete crime – pois há
ataque, e não agressão. Lhe falta o fator humano para que se possa falar em conduta!
Errado.

002. Ainda sobre a teoria do crime, é correto afirmar que não existe presunção de ilicitude do
fato típico. Assim sendo, apenas excepcionalmente é que a prática de fato previsto na parte
especial do Código Penal será considerada um ato ilícito.

Na verdade, a regra é que a ilicitude é presumida. Se o fato é típico, em regra será também an-
tijurídico (ilícito), e apenas excepcionalmente (na presença de alguma excludente) é que não
haverá ilegalidade ou antijuridicidade.,
Errado.

003. A respeito da culpabilidade, o Código Penal, para a maioria da doutrina, adota a chamada
teoria normativa pura

Exatamente! Embora existam algumas divergências, prevalece na doutrina que o CP adotou


expressamente a teoria normativa pura na conceituação da culpabilidade.
Certo.

004. Infração penal é gênero que, segundo a divisão tripartida, possui três espécies: Crime,
delito e contravenção. Este é o modelo adotado pelo Código Penal Brasileiro

De forma alguma. Não confunda a teoria tripartida sobre o conceito analítico de crime (como
fato típico, antijurídico e culpável) adotado pelo CP com a divisão tripartida da infração penal
(a qual não é adotada pelo nosso ordenamento jurídico.
No Brasil, adotamos a divisão bipartida, na qual crime é sinônimo de delito, e a infração penal
se divide apenas entre crimes e contravenções.
Errado.

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005. No que se refere às fases de realização do delito, não é possível, em nenhum caso, a pu-
nição de atos preparatórios em nosso ordenamento jurídico.

Muito embora em regra seja impossível realizar a punição de atos preparatórios para a prática
de uma infração criminal, é preciso lembrar da exceção: nos casos em que os atos prepara-
tórios constituem crime autônomo (como no caso do porte ilegal de arma de fogo) existe
possibilidade de punição.
Errado.

006. José estava na fazenda de sua tia, dona Vitimilda. Enquanto descascava uma laranja,
acabou dormindo em uma rede na varanda. Vitimilda, determinada a pregar um susto em
José, corre para acordá-lo com um grito.
Ao acordar, José acaba se assustando muito com a brincadeira de Vitimilda, e em ato reflexo
acaba movimentando seu braço e cortando o pescoço de sua tia, que vem a falecer em razão
dos ferimentos.
Nessa situação, é correto afirmar que José praticou o delito de homicídio culposo, pois não
teve a intenção de matar.

Na situação hipotética narrada não há CONDUTA por parte de José (que acabou praticando o
delito em um ato reflexo, involuntário). Assim sendo, não há que se falar em crime de homicí-
dio, mesmo na modalidade culposa.
Errado.

007. A legitima defesa putativa é aquela que ocorre quando o agente não se encontra diante
de verdadeira injusta agressão, mas acredita, em razão da situação de fato, que está diante
da justificante.

Exatamente! A diferença entre a legitima defesa real e a legitima defesa putativa está na exis-
tência da injusta agressão, sendo que no caso da descriminante putativa, o agente acredita
que está sendo agredido, quando na verdade, não está.
Certo.

008. A culpabilidade se constitui em verdadeiro juízo de reprovabilidade da conduta do agen-


te, e é composta, nos dizeres da doutrina majoritária, de três elementos: A imputabilidade, a
potencial consciência da ilicitude e da exigibilidade de conduta diversa.

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De fato, o conceito de culpabilidade relaciona-se diretamente com o juízo de reprovabilidade


da conduta do agente. Os elementos narrados pela assertiva são efetivamente os que com-
põem o conceito de culpabilidade.
Certo.

009. A embriaguez pré-ordenada (aquela na qual o agente se embriaga para “criar coragem”
de cometer o delito) é causa de redução de pena em nosso ordenamento jurídico.

Pelo contrário! A chamada actio libera in causa aumenta a reprovabilidade do agente, que aca-
ba tendo sua pena agravada em razão da embriaguez!
Errado.

010. Jhonny, agente do Detran, decide subtrair rodas aro 20’ de um veículo apreendido no pá-
tio do órgão público. Haja vista que as rodas do referido veículo não são patrimônio público,
não há que se falar no delito de peculato, mas sim no delito de furto comum.

Uma vez que Jhonny utilizou de sua qualidade de funcionário público para subtrair as rodas
do veículo apreendido, está configurado o delito de peculato. A natureza do objeto subtraído
(se bem público ou particular) é irrelevante para a configuração do tipo penal.
Errado.

011. Se o funcionário público exige, para sim ou para outrem, em razão de sua função, vanta-
gem indevida, em tese configura-se o delito de concussão. Entretanto, segundo entendimento
emanado pelo STJ, caso o delito seja praticado mediante violência ou grave ameaça, a tipifi-
cação adequada é a de extorsão.

Efetivamente, existe entendimento jurisprudencial do STJ no sentido de que, se o agente pú-


blico exigir vantagem mediante ameaça ou violência configura-se o delito de extorsão, e não
o de concussão previsto no art. 316 do CP.
Certo.

012. Se o agente público retarda a prática de ato de ofício por sentimento pessoal, em tese
praticará o delito de prevaricação. Entretanto, caso pratique a mesma conduta cedendo a pe-
dido ou influência de um terceiro, incorrerá no delito de corrupção passiva privilegiada.

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Exatamente isso. A motivação do agente ao retardar ou deixar de praticar ato de ofício (in-
fringindo seu dever funcional) é elemento constitutivo do tipo penal. Assim sendo, se a moti-
vação foi interesse ou sentimento pessoal ocorrerá o delito de prevaricação, enquanto que se
a motivação for um pedido ou influência de outrem, configura-se o delito de corrupção ativa
privilegiada.
Certo.

013. Atualmente, todo delito de homicídio praticado contra mulher será enquadrado como
feminicídio, independentemente da motivação do agente delitivo.

Muito cuidado. Na verdade, para que o homicídio seja caracterizado como feminicídio é ne-
cessário que seja praticado contra mulher em razão da condição de sexo feminino. Assim
sendo, nem todo caso irá configurar a qualificadora em questão.
Errado.

014. O chamado homicídio funcional pode ser praticado contra autoridade ou agente dos in-
cisos 142 e 144 da CF/88. Dessa forma, sempre que um agente delitivo praticar um homicídio
cuja vítima é Policial Civil do Distrito Federal, configurar-se-á a qualificadora.

Muito embora os Policiais Civis do DF incluam-se no rol de agentes públicos do art. 144 da
CF/88, a configuração da qualificadora do homicídio funcional depende da prática do delito
em razão da função ocupada pela vítima ou contra a vítima no exercício de sua função.
Errado.

015. A prática do delito de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio é passível de dupli-


cação da pena caso o delito seja praticado por motivo egoístico.

De fato, essa é a previsão expressa contida no Código Penal. Outra hipótese de duplicação da
pena seria no caso de vítima menor (de 14 a 17 anos) ou de reduzida capacidade de resistência.
Certo.

016. O aborto possui três previsões legais, contidas entre os artigos 124 e 126 do Código Pe-
nal. Dentre essas condutas, no entanto, o sujeito ativo é sempre o médico ou responsável pela
prática das manobras abortivas.

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Na verdade, a conduta prevista no art. 124 do Código Penal tem como sujeito ativo a gestante,
a qual provoca o próprio aborto ou consente que um terceiro pratique as manobras abortivas.
Errado.

017. (CESPE/TER-BA/TÉCNICO JUDICIÁRIO – SEGURANÇA JUDICIÁRIA/2010) A subtração


de energia elétrica pode tipificar o crime de furto.

Com certeza. Há expressa previsão legal nesse sentido:

Furto
Art. 155 – Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 3º – Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
Certo.

018. (CESPE/PC-TO/DELEGADO DE POLÍCIA/2008)O roubo nada mais é do que um furto asso-


ciado a outras figuras típicas, como as originárias do emprego de violência ou grave ameaça.

Isso mesmo!
Tal relação se dá por força do princípio da subsidiariedade. Algumas condutas consideradas
menos graves são subsidiárias de condutas mais graves (como é o caso do roubo, cujas ele-
mentares envolvem o furto e delitos como o constrangimento ilegal ou o de ameaça)
Certo.

019. (CESPE/TER-BA/TÉCNICO JUDICIÁRIO – SEGURANÇA JUDICIÁRIA/2010) Para que


o crime de extorsão seja consumado é necessário que o autor do delito obtenha a vanta-
gem indevida.

Negativo! O delito de extorsão é classificado como FORMAL, e se consuma com a mera exi-
gência da vantagem indevida. Recebê-la ou não é mero exaurimento – o delito já estará
consumado!
Errado.

020. (CESPE/TJ-AC/TÉCNICO JUDICIÁRIO – AUXILIAR/2012) Na madrugada de 20 de agosto


de 2012, Francisco escalou o muro que cercava determinada residência e conseguiu entrar na
casa, onde anunciou o assalto aos moradores.

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Francisco ameaçou cortar a garganta das vítimas com um caco de vidro, caso elas gritassem
por socorro ou tentassem chamar a polícia. Ele então amarrou as vítimas, explodiu o cofre
localizado no andar de cima da casa e subtraiu as joias que encontrou. Essas joias foram
vendidas a Paulo, que desconhecia a origem do produto por ele adquirido.
Com base na situação hipotética apresentada, é correto afirmar que Francisco praticou o cri-
me de roubo.

Com certeza. Francisco subtraiu, mediante violência ou grave ameaça, coisa alheia móvel.
Incidiu, portanto, no crime de roubo. Se é qualificado ou não, é outra história – e como o
examinador não especificou que “Francisco praticou o delito de roubo SIMPLES”, a assertiva
está correta.

Roubo
Art. 157 – Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Certo.

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GABARITO
1. E 8. C 15. C
2. E 9. E 16. E
3. C 10. E 17. C
4. E 11. C 18. C
5. E 12. C 19. E
6. E 13. E 20. C
7. C 14. E

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Agente da Polícia Civil do Distrito Federal, aprovado em 6º lugar no concurso realizado em 2013. Aprovado
em vários concursos, como Polícia Federal (Escrivão), PCDF (Escrivão e Agente), PRF (Agente), Ministério
da Integração, Ministério da Justiça, BRB e PMDF (Soldado – 2012 e Oficial – 2017).

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