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Índice

A Amante Proibida do Milionário Alfa

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

OUTRA HISTÓRIA QUE TALVEZ VOCÊ APRECIE

A Amante Roubada do Sheik

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze
Capítulo Doze
A Amante Proibida do Milionário Alfa

Por: Nicki Jackson

Todos os direitos reservados. Copyright 2017 Nicki Jackson.

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Capítulo Um

Jennifer White revisou o arquivo que seu secretário, John, havia colocado à sua frente dois
minutos atrás. Ela examinou os dados que seu novo cliente havia preenchido no formulário de

registro de sua agência, absorvendo-os como uma esponja.


Jennifer levava sua empresa de encontros muito a sério. Ela havia diferenciado seus serviços
por atender apenas as pessoas mais altamente educadas e bem posicionadas em Los Angeles. Nos
cinco anos seguintes desde quando abrira a agência, ela havia recebido clientes de todo o país

que confiaram nela por causa de sua confidencialidade e pelo fato de que ela verificava
cuidadosamente o background deles. Não apenas dos miliários e até mesmo dos bilionários que
estavam procurando alguém para dividir seu tempo, mas também de seus possíveis pares. Seus
serviços eram nada mais, nada menos do que perfeitos.
Em geral, seus clientes eram de padrão tão elevado que tudo o que ela realmente precisava
era dos seus nomes. A internet fornecia o resto, e foi exatamente onde ela mais descobriu sobre
este cliente, Christian Henderson.
Ela olhou para cima assim que a porta se abriu e John entrou, apontando o caminho para
Christian – que adentrou o recinto com um ar de autoridade e privilégio. Havia uma clara

diferença entre Christian e todos os outros clientes de alto padrão que ela havia conhecido durante
os anos. Primeiro, ela ficou surpresa ao ver como ele era bonito. Seu cabelo maravilhoso era denso,
cor de areia com mechas loiras naturais, arrumado de uma maneira simples e sofisticada que de
alguma forma parecia não ter dado o menor trabalho.
Seus olhos eram de um verde penetrante. Mesmo através de seu escritório espaçoso, ela
podia dizer que aqueles olhos eram únicos. Perigoso e atraente, ele se aproximou dela. Ela teve a
sensação de que enquanto olhava para ele, percebendo seu nariz reto e seu maxilar quadrado e
anguloso, seus olhos a mantinham cativa. Ela tinha visto inúmeras fotos dele durante sua pesquisa.
Mas a câmera não lhe fazia justiça. Sua pele formigava, e ela se forçou a pensar em outra coisa,

mas ele era o seu dever no momento. Ela deveria se recordar dos detalhes que havia reunido

sobre este homem que estava diante dela.


Em termos claros e simples, Christian Henderson era um playboy. Ele já havia sido visto com

inúmeras celebridades em seus braços, que foram fotografadas saindo de sua casa pela manhã.
Ele nunca havia tido um relacionamento sério e frequentemente dava festas suntuosas na piscina de
sua casa. As mulheres o rodeavam aonde quer que ele fosse, seduzindo-o sutilmente e disputando
uma chance de ver o seu lado mais selvagem na cama.

Jennifer não havia ficado surpresa quando a ficha dele chegou ao seu escritório. Homens
como ele se cansavam da adoração constante. Eles eram cautelosos com as alpinistas sociais. Ter
um monte de mulheres não significava necessariamente que ele estava feliz com seus
relacionamentos pessoais. Isso só queria dizer que ele buscava algo mais significativo, mais
profundo, algo que ele poderia chamar de seu com orgulho, que ele teria orgulho de mostrar como
sendo seu.
Ela sorriu e cumprimentou-o educadamente, estendendo o braço para um aperto de mão.
Seus dedos fortes e longos apertaram sua mão firmemente. Agradáveis ondas de calor agradável
lhe percorreram dos dedos até as omoplatas. Ela quase tremeu, e sua garganta ficou seca. Mas

ele soltou a mão dela e se sentou, e ela teve dois segundos para se recompor. Inspirando
profundamente, ela se abaixou até sua cadeira e fez exatamente isso.
“Você teve alguma dificuldade para encontrar o escritório?”, ela perguntou na tentativa de
quebrar o gelo.
Ele balançou a cabeça, parecendo desinteressado em falar. Ele se recostou na cadeira e
olhou para ela como se estivesse esperando que ela chegasse ao ponto. Seus olhos correram pelo
seu rosto até suas mãos, que estavam repousando beirada da mesa. Ela reprimiu o súbito desejo
de se esconder, de sumir de seu campo visão.
Jennifer ficou surpresa com sua reação à grosseria dele. Ela limpou sua garganta
novamente, perguntando-se por que diabos não conseguia controlar o nervosismo que corria por

suas veias. Ela nunca havia ficado paralisada por causa de ninguém. Muitos homens bem-sucedidos

haviam sentado na mesma cadeira que Christian e nenhum deles a intimidara. Mas, por alguma
razão, aquele homem de cabelos grossos e cor de areia, ombros largos e olhos verdes brilhantes a

deixava tensa e nervosa. Seu profissionalismo estava aos poucos se esvaindo para dar lugar a
uma atração descarada.
“Vamos ao ponto.” Sua voz soou surpreendentemente normal, considerando que seus dedos
dos pés estavam se encolhendo de vergonha pela atração por aquele homem. Ela se posicionou

com a coluna rígida e ereta, cada fibra do seu corpo consciente do magnetismo dele.
“Isso me parece uma ideia fantástica.”
Ela recorreu ao seu sorriso profissional muito bem treinado, e seus olhos caíram até os lábios
dele – lábios maravilhosos, esculpidos e perfeitos que foram feitos para estar na boca de uma
mulher.
Os olhos de Christian se estreitaram quando Jennifer White, a mais famosa casamenteira de
Los Angeles, examinou o documento à sua frente. Os cílios dela eram longos e faziam sombras
sobre suas maçãs do rosto. Ele já a vira antes – ele nunca esquecia um rosto tão bonito –, mas
tinha sido do outro lado do salão em um evento de caridade. Ele nunca havia imaginado que a

casamenteira fosse tão linda de perto. Seus olhos eram do mesmo castanho-chocolate que seus
cabelos, que caíam em ondas voluptuosas em torno de seus ombros e pelas suas costas. Sua pele
clara e imaculada o fazia se lembrar de creme. Seus olhos de corça eram grandes e incrivelmente
únicos. Quando ela piscava, seus cílios se pareciam com cobertores grossos que desciam e subiam
como uma tampa. Ele ficou petrificado quando ela começou a falar, perguntando sobre seus
interesses e seus lugares favoritos para viajar. Ele respondeu de forma robótica, um tanto fria, mas
ele simplesmente estava desfrutando demais a visão dela para se concentrar no que estava sendo
dito. A voz dela, um pouco rouca, o intrigou.
“Embora normalmente demore alguns dias para organizar um encontro, acho que tenho a
combinação perfeita para você”, disse ela alegremente. “Você estaria disponível para encontrar

seu par amanhã às 18h?”

“Claro.”
“Ótimo. Meu assistente vai telefonar com os detalhes.”

Jennifer passou a mão por seus cabelos grossos e apoiou o queixo nos dedos entrelaçados,
mordendo o lábio enquanto ele saía da sala. Christian era um cliente desafiador. Ele tinha padrões
incrivelmente altos, mas ela adorava um desafio. Ela também sabia que tinha a combinação
perfeita para ele.

Ele é tão atraente. Ela sorriu para si mesma ao pegar sua bolsa e sair para almoçar.
Mesmo que a reunião não tivesse acontecido como o planejado, devido ao total desinteresse
do homem em falar, ela tinha gostado. Ela tinha bastante experiência em fingir que era
completamente inabalável por homens ricos e intimidadores, e ela precisou de suas melhores
habilidades hoje. Por um momento, ela se preocupou que, se ele fosse eternamente tão mal-
humorado, as mulheres que ela combinaria com ele não ficariam totalmente encantadas. Então ela
riu com sarcasmo. Christian Henderson era tão bonito que era impossível olhar para ele sem ter
pensamentos pecaminosos. Mesmo se ele mantivesse seu comportamento mal-humorado durante
todo o encontro, como ela estava esperando, não faria diferença.

***
Jennifer tinha um protocolo para os primeiros encontros de seus clientes. Eles aconteciam em
uma sala de estar bem decorada que ela montou em seu escritório, que ela chamou – bastante
previsivelmente – de Lounge de Encontros. Tinha um bar, sofás e cadeiras de encosto alto.
Hoje, Jennifer havia se reunido com Clara, a arquiteta loira que era o cérebro por atrás de
um dos arranha-céus os mais espetaculares do país. Clara não era apenas bem-sucedida e
deslumbrante; ela também era espirituosa, encantadora, e uma mistura de doçura e sedução que
poderia fazer qualquer homem perder o chão. A única razão pela qual estava solteira era porque
ela não tinha tempo suficiente para sair e encontrar um homem apropriado, e, enquanto
trabalhava, ela se recusava a entrar em qualquer tipo de romance. Então ela havia recorrido a

Jennifer, que havia encontrado o par perfeito.

Christian Henderson.

A batida na porta sinalizou que Christian estava lá, então Jennifer se levantou e saiu,
deixando os pombinhos em potencial a sós. Ela queria de todo o coração que Clara e Christian
dessem certo, mas ela não conseguia parar de pensar em seu maxilar quadrado e anguloso e em
como seria deslizar os dedos dela sobre sua quase imperceptível barba por fazer, enquanto

mordia a boca e ele se inclinava para beijá-la.


Ela sacudiu a cabeça para se livrar desse pensamento. Isso é loucura. Ela culpou seus
hormônios por sua súbita insanidade em relação a esse homem. Talvez fosse apenas um daqueles
dias em que seu corpo causava estragos em seus sentimentos. Enquanto percorria o caminho para o
seu escritório, ela se deu conta de que nunca havia tido um desses dias até encontrar Christian.
***
Jennifer se demorou no escritório ao examinar as fichas de alguns clientes novos. Seu
secretário, John, enfiou a cabeça pela porta da sala. “Desculpe incomodar, Jennifer.”
“Por que você ainda não foi para casa ainda, John? Eu falei para você que eu daria conta.”

“Sr. Henderson me impediu de sair. Ele gostaria de te ver, e ele disse que é urgente. O que
você…”
Jennifer ficou boquiaberta quando Christian abriu a porta e entrou como se fosse o dono do
lugar. "Olá, Sra. White. Espero não estar interrompendo.”
“É…” Jennifer lutou para desviar o olhar do homem que fazia sua respiração parar e olhou
para um intimidado John, que parecia prestes a chorar. “Está tudo bem, John. Você pode ir
embora.”
Christian se aproximou da sua mesa, e ela indicou uma cadeira. “Por favor, sent...” Mas ele já
estava se sentando, e ela franziu os lábios para evitar sorrir. “Como eu posso te ajudar?”
“Eu acho que você falhou em sua pesquisa sobre mim.”

“Perdão?”

Ele se inclinou para frente, com suas sobrancelhas franzidas enquanto ele a encarava
intensamente. “A mulher que você encontrou para mim não é o que eu estou procurando.”

Os pelos dos braços de Jennifer se arrepiaram, e ela discretamente tentou disfarçá-los. “Ah,
eu entendo. Você pode explicar o que exatamente nela você não gostou para que eu possa ser
mais...”
“Tudo. Tudo nela é o que eu não quero. Ela é... estranha.”

“Estranha?”
“Hmm.” Ele se recostou na cadeira como se já tivesse se explicado o suficiente.
Jennifer ficou boquiaberta com ele. Era a primeira vez que isso acontecia. Normalmente, seus
clientes eram mais delicados e mais específicos sobre o que eles não gostaram em uma pessoa.
“Peço desculpas pela incompatibilidade. Vou examinar sua ficha novamente e ver o que posso
fazer.”
“Não. Isso não vai funcionar. Sem querer ofender, mas as perguntas que você me fez para
preencher o formulário não me deram chance de expressar minhas exigências.”
“Tudo bem.” Ela se inclinou para frente e cruzou os braços, sentindo-se mais ela mesma, mais

confortável. Quanto mais ela falava com ele, mais ela percebia como ele era real. Seu primeiro
instinto tinha sido que ele era um homem arrogante e pretensioso e totalmente cheio de vaidade e
soberba. Na verdade, ele era apenas um homem bonito de trinta e dois anos procurando alguém
para passar a vida com ele. “O que você sugere?”
“Eu sugiro que você me conheça melhor, assim você pode me arrumar encontros melhores.”
Ela riu e se conteve tarde demais.
“Isso é engraçado?”
“Não. De forma alguma. É apenas que... Esta é a primeira vez que isso me acontece, e eu
estou nesse negócio há sete anos.”
“Então talvez você deva atualizar o seu modelo de negócio.”

Ela tentou se ofender; ela realmente tentou, mas isso não aconteceu. Ele parecia tão

acessível, tão real. “Tudo bem, então.” Ela se levantou e deu a volta na mesa, dirigindo-se para a
porta. “Você pode vir comigo, por favor?”

Ele ficou boquiaberto pelas costas dela, confuso, surpreso pela sua reação. Ele havia tentado
ofendê-la, mas isso não funcionou. No máximo, ela parecia estar se divertindo com toda aquela
situação. Que espirituosa! Ele a seguiu para fora do seu escritório, onde o secretário dela estava
sentado, parecendo mal-humorado.

“Você pode ir embora agora, John. Sr. Henderson e eu vamos socializar no Lounge de
Encontros.”
Cristian conteve um sorriso pela tentativa dela em lhe agradar e entrou no lounge onde
apenas uma hora atrás ele encontrara a loira bonitona que Jennifer havia escolhido para ele.
Ao fechar porta, Jennifer pediu a ele que se sentasse e, então, se sentou na outra ponta do
mesmo sofá, tirando seus sapatos de salto e cruzando suas pernas sob ela. “Então, como você está
se sentindo esta noite?”
Um lampejo de sorriso no rosto dele fez o estômago dela se revirar de nervoso.
“Eu estou bem. Obrigado. E você?”

Jennifer sorriu. “Isso não é sobre mim. Eu que tenho que conhecer você, e não o contrário.”
“Seria mais divertido se eu conhecesse você melhor também.”
Sentindo-se estranhamente maliciosa, Jennifer mordeu o lábio e sorriu, olhando para as mãos
dela, porque olhar nos olhos dele era muito íntimo, considerando as circunstâncias. O prédio de
escritórios estava deserto àquela hora da noite, e agora até mesmo John havia ido embora. Eles
estavam completamente sozinhos, ela estava exausta de um longo dia de trabalho, e ela estava
secretamente em êxtase com o resultado das coisas. “Mesmo? Como assim?”
Ele se virou de lado e passou a mão pelos cabelos, bagunçando-os e fazendo a respiração
dela parar. “Eu acho que se você e eu tivermos uma parceria mais à vontade, eu poderia transmitir
melhor as minhas necessidades e desejos, e você estaria mais apta a preenchê-los.”

O sangue de Jennifer se transformou em lava derretida. Ele quis dizer o que eu acho que ele

quis dizer? Metade dela esperava que não, mas a outra metade queria que sim. Amadora! Atenha-
se ao ponto. Não seja tão amigável. Ela limpou a garganta e fingiu que não havia encontrado

qualquer duplo sentido nas palavras dele. “Então, continuando. No futuro, você se vê estabelecido
com uma mulher?”
Ele riu. “Você acha que eu não gostaria disso?”
“Isso não é sobre o que eu acho.”

“Você acha que eu não gostaria de me estabelecer com uma mulher se eu pensasse que ela
é perfeita para mim?”
A garganta de Jennifer trancou. A autoridade e a dominância na voz dele percorreram seus
membros, apertando seu umbigo. “Eu não tenho certeza.”
Christian olhou longamente para ela, sentindo o calor exalando de seu corpo. Meu Deus, ela
era linda. Doce e simples. A maneira como ela tinha tirado seus sapatos e enrolado as pernas sob
seus quadris foi o suficiente para deixá-lo excitado. Seus seios empurrando sua blusa para frente,
o decote discreto escondendo tudo de suas vistas. Era isso. Ela não tentou jogar sua sensualidade
por aí. Ela não fez nenhuma tentativa de exibir seus atributos abundantes. Ele se perguntou se ela

sequer sabia como ela devia afetar todos os membros do sexo oposto, como ela devia intrigá-los.
Ele não conseguira tirá-la de sua mente desde o primeiro encontro. Ele podia ver sinais de
quão obstinada ela era, quão independente. Ele nunca havia estado com uma mulher que
desafiava seu status alfa, nunca havia conversado com uma mulher que o forçava a ficar dentro
dos limites sem dizer uma palavra. Tudo, do jeito como ela se movia até como ela falava, gritava
autoridade e dominância, e ele não conseguia suprimir o desejo de lutar contra ela, domar seu
espírito, fazê-la discutir e expressar suas opiniões. Ele tinha a sensação de que não respeitara
nenhuma mulher nem metade do que já respeitava sua buscadora de parceiras. “Por que você não
tem certeza?”
Jennifer engoliu em seco e limpou a garganta. “Bem, para começar, você nunca esteve em

um relacionamento sério.”

Ele sorriu, e então piscou para ela, pegando-a de surpresa. Ela olhou para um Christian que
de repente tinha uma aparência muito infantil e fez um grande esforço para reconhecê-lo.

“Estou errada?”, ela exclamou com um sorriso.


Ele deu de ombros. “Na verdade, não. Mas isso pode simplesmente significar que eu não
encontrei alguém que faça meu tempo valer a pena. Eu raramente quero sentar e conversar com
as mulheres, sabe? Elas atendem a outros propósitos.”

Os olhos de Jennifer se arregalavam enquanto ela absorvia suas palavras. Ele se levantou e
andou em direção ao bar, e ela tentou se forçar a lhe perguntar tarde demais se ele queria uma
bebida. Mas ela não conseguiu, porque seu coração estava disparado. Ele acabara de admitir que
nunca havia passado tempo conversando com nenhuma mulher... Além dela...
Mas nós temos um relacionamento profissional. É diferente. Isto é como uma reunião de
negócios.
Ela lutou para sair da névoa eufórica, feliz e alegre que a envolvia, dizendo a si mesma
para parar com a lamentável obsessão a cada palavra que aquele homem falava. “Me desculpe.
Fui uma péssima anfitriã”, disse ela quando ele voltava com duas taças de vinho.

“Não se preocupe. Tenho certeza de que eu tinha liberdade para me servir.”


“Claro”. Ela pegou uma das taças dele, e as pontas dos dedos dela roçaram sua mão quente
e forte. Lá estava ela de novo, no abismo do desejo sombrio e secreto que fez sua calcinha ficar
encharcada. Seus dedos dos pés se encolheram embaixo dela, e ela endireitou a barra de sua
saia, parando quando ele começou a falar de novo.
“Como as suas habilidades de encontrar pares te ajudaram na sua vida? Você está saindo
com alguém?”
Jennifer ergueu seu olhar para ele. Seu coração gritava para ela se entregar, para se
deixar levar, o desejo correndo ao redor dela. “Eu acho que eu deveria ir para casa agora.”
Ele estava esperando por isso. Ela era uma lutadora. Ela havia deixado a concha rígida do

profissionalismo se quebrar às vezes, mas ela se recuperou rapidamente em todas as ocasiões. Ele

tinha um forte impulso de continuar desafiando-a e ver seu profissionalismo ruir. “Eu estou
entediando você?”

De forma alguma. E é por isso que eu preciso sair daqui. “Não, não é isso. Está tarde, e eu
deveria ir para casa.”
Ela claramente estava tentando sair daquela situação antes que ficasse fora de controle. A
eletricidade estática tangível que carregava o ar entre eles não podia ser ignorada. Não tinha

como ela não sentir isso também.


Ele acenou com a cabeça e se levantou. Eles fizeram o caminho de volta para o escritório
que ela usava, onde ele havia deixado seu casaco. Ela estava prestes a pegar o casaco dela
quando ele o tirou de seus dedos, segurando-a para ela. Sorrindo timidamente, ela deixou que ele
a ajudasse. Quando os dedos dele deslizaram sobre seus ombros, ela endureceu, engolindo em
seco enquanto sua respiração acelerou.
“Você está bem?”, ele perguntou, porque não era suficiente vê-la sofrendo por causa do
calor do seu toque. Ele estava se divertindo, se torturando no processo, mas tudo valia a pena.
“Sim.” Ela se recusou a se encolher e levantou os olhos para ele, fingindo indiferença.

“Obrigada.” Ela apontou o caminho para o elevador, e eles desceram em silêncio.


Ele saiu do elevador depois dela e, quando ela se virou para se despedir educadamente,
ele andou para trás. “Me liga”, ele falou. Ela endureceu, e um sorriso malicioso se espalhou pelos
lábios dele. “Você sabe... Quando você tiver outro encontro para mim.”
Jennifer se recuperou instantaneamente, confusa e atordoada pelos encantos daquele
homem. O que ele está fazendo? Jogando? Ela se encaminhou para o estacionamento subterrâneo e
escorregou para trás do volante da sua Mercedes. Ele estava brincando com ela, e ela estava
lutando para manter seu equilíbrio. Ela sempre havia se orgulhado por ser absolutamente
inabalável por qualquer homem que atravessasse a porta do escritório, por mais bem-sucedido ou
bonito que ele fosse. Christian não só havia destruído completamente o seu histórico, mas tinha

deixado seu cérebro rodopiando em confusão. Ela ficou sentada em seu carro por longos minutos,

sua mente remoendo o que ele dissera.


Claramente, ele estava tendo muito interesse por ela. Claramente, ele estava encontrando

desculpas para passar tempo com ela. Ela tinha que interromper isso, o mais rápido possível, antes
que ela ficasse muito fraca para resistir a seus avanços, porque a energia dinâmica dele era muito
poderosa para a frágil vontade de lutar que ela tinha.
Ela ligaria para ele. Ela ligaria para ele em breve. Ela iria bombardeá-lo com mulheres tão

lindas e tão maravilhosas que ele finalmente se apaixonaria por alguém e a deixaria em paz. Ela
não tinha tempo para um relacionamento. Ela já havia estado em relacionamentos.
Sua mente vibrou com uma epifania.
Era isso. Enquanto ela havia sido pisoteada e emocionalmente espancada por ter estado em
relacionamentos, Christian nunca tinha tido um. Ele não tinha ideia de quão negativamente ela via
os relacionamentos. O pobre homem deve pensar que “encontrar a pessoa certa” significa que ele
vai encontrar a felicidade. Não era assim tão fácil. Ela era casamenteira, não mágica. Apesar de
estar no mercado da busca do amor, ela era cética, e nada poderia mudar isso.
Capítulo Dois

Christian estava no meio de uma reunião quando seu telefone tocou. Vendo o número de
Jennifer, sorriu para si mesmo e afastou-se da mesa de conferência onde seus advogados estavam

no meio de uma discussão acalorada. O silêncio se espalhou pela sala enquanto esperavam que
ele voltasse, mas ele caminhou até o canto do escritório espaçoso, aproximando-se da janela com
vista para o horizonte de Los Angeles. “Suponho que você encontrou outra gostosona burro para
mim.”

Apesar de suas bravas tentativas de disfarçar, um sorriso estava em sua voz quando ela
falava. “Receito que ela seja extremamente inteligente.”
“Agora ela é? Inteligência é interessante.”
“Hmm. Suas metas incluem concorrer à presidência.”
Christian riu, enfiando sua mão livre no bolso da calça. “Estou desapontado com a sua
escolha para mim.”
“Sério?”
“Quero dizer, em palavras mais gentis, você poderia ter feito uma escolha melhor para um
segundo encontro.”

“Eu não entendo.”


Você. Eu quero dizer você. “Quando eu vou encontrar a aspirante a presidente?”
“Lounge de Encontros às 17h?”
“Você acha que poderia ser às 18h?”
“Perfeito.”
“Combinado. Verei você em breve, Jennifer. Mal posso esperar.” Ele desligou e seus olhos se
estreitaram quando percebeu que tinha usado o primeiro nome dela pela primeira vez. Para
começar, ela não tinha pedido a ele que a chamasse assim, e ele ainda não tinha feito isso. Dessa
forma, eles foram o Sr. Henderson e a Srta. White. Ele desejou ter visto a cara dela quando a

chamou pelo seu primeiro nome para ver como ela reagiu. Ele já tinha fantasias de gemer esse

nome em seu ouvido enquanto ela estava embaixo dele, suas pernas enroladas ao redor de seus
quadris. Sua mandíbula se apertou enquanto a excitação o atravessava. Ele ficou lá, sabendo que

sete homens esperavam atrás dele em silêncio, provavelmente olhando para suas costas, mas ele
estava envolvido em uma batalha secreta consigo mesmo. Ele sabia que a estava levando muito a
sério, e ele duvidava da seriedade disso. Mas ele não podia evitar. Na verdade, ele mal podia
esperar para vê-la novamente e puxar suas cordinhas como uma marionete.

Mulheres carentes o rodearam a vida toda, clamando por um olhar, por um elogio. Jennifer
penetrou na casca dura que ele havia reservado para todos os membros do sexo oposto. Ela tinha
padrões impecavelmente altos para si mesma por causa de seu profissionalismo. Ele tinha que
encontrar uma maneira de fazê-la ignorar isso, fazê-la se esquecer de tudo e agir sobre a
eletricidade tangível que crepitava entre eles cada vez que se encontravam. Ela tentou o máximo
possível ignorar todos os seus sinais sutis, e ele havia sido bem descarado em seus avanços. Ela
sabia exatamente o que ele queria, mas mesmo assim ela conseguiu ficar longe dele. Por quanto
tempo?
Ela sucumbiria a ele mais cedo ou mais tarde. Mas ele sabia que o profissionalismo dela não

era a única coisa que a mantinha distante dele. Era o fato de que ela tinha um conhecimento
detalhado sobre sua vida, o que ele fazia, como ele tinha mulheres em seu braços em cada evento.
Ela o via como um playboy, e ele não podia negar que ele passara a última década se
entregando à tentação. Isso poderia depor contra ele.
Uma mulher como Jennifer nunca se contentaria em ser “uma daquelas mulheres”. Ela nunca
permitiria que ele a fizesse ser uma delas, e ela não ficaria satisfeita com aquela minúscula
quantidade de atenção dele. Mesmo que ele tivesse se inscrito em sua agência porque queria
encontrar algo mais profundo, para descobrir se algo assim existia, ele não tinha certeza de que
ele servia para esse tipo de coisa. Mas ele estava tentando, e mesmo que Jennifer tivesse marcado
outra data para ele em tempo recorde, era ela que ele queria.

***

Quando Christian foi ao lounge encontrar sua segunda combinação, Jennifer não estava lá.
Ela o deixaria ter seu próprio espaço com Nadine, uma garota colombiana com jeito de Sofia

Vergara. Mas ele mal olhou para ela. Ele desejou poder dizer a Nadine que não estava
interessado e entrar pela porta do escritório de Jennifer dizendo-lhe para sair com ele no lugar
dela. Ela nunca concordaria com isso, então ele concentrou sua atenção na executiva colombiana
que Jennifer havia escolhido para ele.

Jennifer esperou que John lhe informasse quando o casal saísse do Lounge de Encontros.
Quando John lhe disse que eles haviam saído, Jennifer agarrou sua bolsa, instruindo John a fechar
o escritório. Ela tinha a sensação de que Christian mais uma vez deixaria o encontro mais cedo e
iria procurá-la em seu escritório, e ela estaria perdida se ainda estivesse lá. Não aconteceria uma
segunda vez. Ele assumiria que ela estava ficando lá de propósito, e todo o seu trabalho árduo
seria desperdiçado. Ela fazia isso para ganhar a vida. A agência de relacionamentos era sua
paixão, e Christian estava debochando dela. Ela desligou seu celular no caminho para casa e se
deitou na cama com um livro, feliz por fugir do trabalho, pelo menos por um tempo.
Nadine era absolutamente linda; ela tinha um sotaque sexy que a tornava ainda mais

atraente. E ela era bem-sucedida em sua carreira – assim como Christian. Eles teriam muito para
conversar. Ela não conseguia manter sua mente no livro e o jogou longe, pegando seu telefone fixo
para ligar para seu amigo, Spencer. Quando ele insistia em cutucá-la para lhe dizer o que a
incomodava, ela contou uma meia verdade.
“Tem esse meu novo cliente cujo nome eu obviamente não vou revelar porque –”
“Porque não seria profissional.” Ele riu do outro lado da linha. “Sim, eu sei. O que tem ele?”
“Ele está me deixando meio doida.”
“Doida assim... Do jeito bom?”
“De jeito nenhum!”, ela gritou, se jogando na cama. “Ele está me enrolando. Eu só o combinei
com duas pessoas até agora, e é claro que leva dezenas de garotas até a maioria dos clientes

encontrar alguém que os interesse. Mesmo assim, eu tenho a sensação de que ele não está

realmente interessado nas minhas combinações.”


“E você está preocupada porque...? Você ainda está recebendo, não está?”

“Não é isso. Ele está desperdiçando meu tempo, e ele... bem.”


“Ele é extremamente atraente?”
Jennifer riu, ficando vermelha mesmo que Spencer não pudesse vê-la. “Isso ele é. Mais
atraente do que qualquer outro que eu já tenha visto.”

“Ah, estou arrasado.”


“Você é diferente”, ela se defendeu.

“Eu sei, eu sei. Então você gosta dele e está sendo difícil combiná-lo com outra mulher.”
“Não. Na verdade, estou fazendo de tudo para combiná-lo com outra pessoa, porque, sendo
sincera, eu acho que ele quer ser combinado comigo.”
***
Como esperado, Christian apareceu no escritório de Jennifer na manhã seguinte.
“Então, suponho que seja sobre a Nadine”, ela perguntou enquanto ele se sentava.

“Sim, é.” Ele se reclinou na cadeira. “Eu não gostei dela.”


O delírio feliz de Jennifer ao vê-lo se dissipou um pouco. Está claro. Agora não precisa mais
fazer rodeios. Ela mordeu a língua para evitar responder rispidamente a ele. De alguma forma,
conversar com ele sozinha no Lounge de Encontros tinha acabado com a formalidade entre eles.
Ela preferiu não dizer nada sobre Nadine. “Sem problemas. Vou continuar procurando uma
combinação espetacular. Você pode contar com os nossos serviços.”
“Tenho certeza de que eu posso”, disse ele vagarosamente.
Embora seu coração estivesse se jogando contra sua caixa torácica, ela preferia acreditar
que ele não podia perceber isso em seu rosto.
Durante as duas semanas seguintes, ela o combinou com mais seis mulheres. Todas as vezes,

ele apareceu em seu escritório em vez de ligar para ela e ficou lá por mais de duas horas. Uma

vez, ela brincou sobre se ele realmente trabalhava, porque ele estava sempre em seu escritório, e
ele disse que o escritório dela tinha uma vista melhor.

Sempre que ele dizia ou fazia algo que indicava seu interesse por ela, ela simplesmente
ignorava e mudava de assunto. Antes que ela percebesse, ela começou a brincar com ele e eles
passavam horas rindo em seu escritório ou no Lounge de Encontros. Ele não a convidou para sair, e
ela ficou contente. Ela começou a acreditar que ele era simplesmente um cara incrível que gostava

de passar um tempo com ela como amigos.


Duas semanas depois do fiasco com Nadine, eles estavam falando sobre sua família no
lounge quando Jennifer olhou para o relógio. “Meu Deus, são nove horas!” Ela corou, sabendo que
deveria ter posto fim a esta reunião, mas ela havia ficado lá, conversando com seu cliente.
Ele não parecia abalado.
“Nós devemos ir”, disse ela, levantando-se e virando-se em direção à porta. Ele agarrou seu
braço.
A eletricidade subiu pelo braço de Jennifer e ela se virou em direção a ele, espantada com
a ternura do toque. Ele se aproximou até ficar a apenas alguns centímetros de distância e seus

olhos ficaram colados aos olhos castanho-chocolate dela. “Estou com fome.”
Ela engoliu em seco. “Está?”
“Claro. Eu almocei às 13h. Você é uma péssima anfitriã.”
Jennifer corou mesmo sabendo que ele estava brincando. “O tempo passa tão rápido
quando estamos juntos”, ela disse sem pensar. “Quer saber de uma coisa? Vamos comer antes de ir
para casa. Eu não tenho nenhuma vontade de ir para casa e cozinhar.”
“Nem eu.”
“Você cozinha?”
Jennifer sorriu e deixou que ele a conduzisse até seu carro, um Coupé Phantom prateado e
cintilante. Deslizando para o interior luxuoso, sua mente a censurava por ter sugerido isso. Mas ela

sacudiu a cabeça. Eles eram amigos. E isso era parte do negócio. Estou começando a conhecê-lo

melhor para que eu possa encontrá-lo uma parceira para ele. Pare de inventar! Ela estava discutindo
consigo mesma, tentando justificar suas ações, mas a cada momento ela estava cada vez mais

atraída pelo homem. Não, é só um relacionamento profissional. Ah, por favor! Antes que ela pudesse
se preocupar com as consequências de suas ações, ele estava perguntando de que tipo de música
ela gostava, e ela se esqueceu de tudo.
Eles foram jantar em um restaurante exclusivo onde era impossível conseguir uma reserva. De

alguma forma, Christian sendo Christian, eles foram recebidos de braços abertos e ganharam uma
mesa isolada. A comida estava ótima, assim como a companhia dele. Quando eles foram para o
carro, já era quase meia-noite.
“Não consigo acreditar que passei as últimas sete horas com você”, disse ela angustiada.
“Bem, você passou, e eu me diverti muito.”
Jennifer parou; isso tinha começado a soar como o fim de um belo encontro, de forma
bastante suspeita. “Sim, eu também.”
Ele desviou o olhar rapidamente, pois ele podia sentir a batalha em seu interior. Ela estava
lutando com ele de novo, empurrando-o para longe e lamentando gastar tanto tempo com ele.

“Posso deixá-lo na sua casa, e meu motorista vai levar seu carro pela manhã.”
“Ok!”, disse Jennifer, e então ela se lembrou de algo tarde demais. “Meu carro está no
escritório. Eu esqueci.”
“Isso só facilita as coisas.”
Ela lhe disse onde morava, e ele estacionou fora de sua casinha pitoresca que se adaptava
perfeitamente a ela; acolhedora, simples, autêntica e humilde.
Ele a acompanhou até a porta da frente, e Jennifer retorceu os dedos em seus bolsos. O que
está acontecendo? Ele precisava ir embora.
“A propósito...”, disse ele, e ela se virou. “Eu me esqueci de mencionar. Eu preciso de uma
parceira amanhã ao meio-dia porque eu tenho um casamento para ir.”

"O quê?"

“É… Eu preciso que você me combine com a próxima garota amanhã ao meio-dia.”
Jennifer riu, achando que ele estava brincando, depois ficou sóbria quando viu que ele

permanecia sério. “Christian, com todo o respeito, você encontra garotas através da minha agência
para conhecê-las melhor. Eu não tenho um serviço de acompanhantes.”
Christian jogou a cabeça para trás, riu e começou a se afastar. “Eu juro que vou conhecê-la
melhor. Vou buscar a garota ao meio-dia”.

“Essa é uma expectativa ridícula, Christian.” Mas ela não tinha ideia do motivo pelo qual
estava fugindo dele. Ele parecia tão satisfeito consigo mesmo, era cativante. “Não consigo
encontrar ninguém em um prazo tão curto. Ninguém está tão desesperado assim.”
Ele parou e enfiou as mãos nos bolsos das calças. “Bem, nesse caso, você está disponível,
certo? Faça isso dar certo.”
Jennifer congelou com o sorriso em seu rosto. “Você só pode estar brincando comigo.”
“Ah, vamos lá. É só em encontro falso. E nem vou ser obrigado a conhecê-la melhor.”
Jennifer deu um passo em direção a ele novamente, sua mente em frenesi, mas era tarde e
ela estava cansada e um tanto confusa com a atenção que ele estava tendo com ela. “Ok, então,

eu acho que não vou morrer por isso.”


“Não vai. Eu prometo.”
***
Christian se orgulhava de ter um autocontrole excepcional. Ele confiava em si mesmo perto
de Jennifer, mesmo quando estavam sozinhos. Ele havia parado de negar que a achava
extremamente maravilhosa. Mas, quando ele foi para a casa dela ao meio-dia e ela abriu a porta
da frente, ele não podia sequer dizer “oi”.
Ela sorriu timidamente, e até mesmo isso acabou fazendo o sangue pulsar em suas orelhas.
“Você está encantadora.”
Jennifer ficou vermelha, mas sorriu para minimizar o elogio que parecia incrivelmente sincero,

e se virou para deixá-lo entrar.

Os olhos de Christian estavam colados às suas costas, à lateral de sua cabeça, ao seu perfil.
Qualquer coisa de que sua sede pudesse se deleitar. O vestido cor-de-rosa pálido era um tomara-

que-caia que se agarrava a seus peitos cheios, dando lhe o primeiro vislumbre de seu decote nas
várias semanas desde que ele a havia conhecido. Sua pele lisa e cor de creme convidava seus
lábios e seu toque. Em seu pescoço, havia uma fina corrente de ouro com um minúsculo pingente.
Seu cabelo estava amarrado em um coque artístico, ondulado e bagunçado, com mechas soltas

emoldurando seu rosto. Os brincos de ouro em suas orelhas, uma única flor branca em seu cabelo,
as sandálias dourado-envelhecidas em seus pés, tudo era espetacular. A saia do vestido rosa-
pálido estava na altura de seus joelhos, um vestido encantador de chiffon macio e seda. Jamais em
sua vida ele havia visto algo tão bonito quanto ela naquele momento.
“Você gostaria de um café antes de sair? Você está adiantado.”
“Eu estou adiantado, e você está pronta. Impressionante.”
Jennifer riu. Seu nervosismo habitual estava lá em cima porque eles não estavam mais no
ambiente profissional de seu escritório ou de um restaurante. Ela não podia mais se forçar a
acreditar que este era um encontro profissional. “Eu não queria fazer você esperar.”

“Quer saber de uma coisa…”


“O quê?” Seus olhos se arregalaram quando os olhos verdes de Christian brilharam com
intensidade. Ela pensou que ele iria beijá-la, ou talvez fosse apenas um desejo que surgia na
superfície de seus pensamentos.
Em vez disso, ele puxou gentilmente a mão dela em direção à porta. “Eu mal posso esperar
para te exibir por aí.”
O casamento era extravagante e excessivo, exatamente como ele. Seu parceiro de negócios
e velho amigo estava se casando, e ele tinha deixado de mencionar o fato de que ele era o
padrinho do casamento. E eles estavam atrasados. Felizmente o noivo não se importou e Jennifer
viu o homem bonito, de cabelos cor de areia ser algo diferente de um magnata de negócios e seu

cliente. Ela o viu sendo um amigo, rindo com os caras, conversando com as mulheres. Mas ele

continuava olhando para ela, até que finalmente trouxe dois de seus amigos para conhecê-la como
sua colega.

Quando eles chegaram à festa, ele imediatamente a puxou para o centro da pista de dança
assim que “Fly Me to the Moon”, de Frank Sinatra, começou a tocar.
Jennifer estava rindo enquanto ele a fazia girar, e sua alegria logo virou admiração quando
o homem que ela tinha imaginado ser um bilionário pomposo começou a cantar, sorrindo,

rodopiando-a ao seu redor, e agindo como se ele estivesse vivendo o melhor dia de sua vida. Ela
estava encantada, enfeitiçada pelo seu sorriso, pela sua voz – que não era assim tão melodiosa.
Mas ele estava cantando, e ele era divertido, e ele estava rindo com ela, e isso a fazia... Feliz... Só
de olhar para ele.
Enquanto ela ria e gargalhava em seus braços, a casca dura que tinha ela tinha colocado
em seu coração por tanto tempo – depois que seu último relacionamento desmoronou – começou a
se dissipar. Ela nunca esteve com um homem como Christian; Seu lado áspero, seu lado dominante,
seu lado divertido... Quem mais poderia ser como ele?
Quando a música mudou e o DJ começou a tocar uma música mais lenta romântica, Christian

apertou seu braço ao redor da cintura dela e a puxou para mais perto, seus seios meio
esmagados contra seu peito. Ele não perdia uma única expressão no rosto dela. Ele percebia que
ela estava vendo-o de forma diferente, lutando para compreendê-lo enquanto ele rodopiava a
única mulher que o excitava como ninguém jamais havia.
“Não pense”, ele sussurrou perto de sua orelha, e seus lábios deslizaram ao longo de sua
têmpora até o topo de sua orelha.
Os dedos de Jennifer apertaram a manga da camisa dele, sua testa descansando em seu
ombro sem querer, enquanto arrepios de desejo atravessavam sua espinha. “Você tão um cheiro
tão bom”, ela sussurrou sem pensar.
Christian rangeu os dentes, porque ele também estava inalando o cheiro de seu cabelo,

ingerindo o doce aroma frutado de sua pele. O corpo dela encaixava perfeitamente com o dele

enquanto se balançavam juntos, as luzes iluminando suavemente salão. Uma das mãos dele se
estendia sobre a parte inferior das costas dela, e a outra deslizava sobre seu braço. Quando ela

estremeceu com o toque, seu autocontrole estourou. Sua mão pressionou suas costas com força, e
ele a apertou firmemente, pressionando seus lábios em sua orelha.
Sua respiração era quente e úmida na orelha dela, e ela se aconchegou em seu peito,
respirando lentamente, seus pés mal se movendo conforme a música. Quando a mão dele deslizou

de suas costas para seu pescoço, ele escorregou seus dedos sobre sua nuca. Jennifer gemeu
suavemente e levantou a cabeça, inclinando-se para trás. Antes que ela soubesse o que estava
fazendo, ela ofereceu sua boca para um beijo.
Os lábios de Christian esmagaram os dela, e o gemido que ele ouviu foi o seu próprio. O
choque durou pouco, pois lábios dela, macios e carnudos, se moviam contra os dele, lentamente, em
perfeita sinfonia. Ele memorizava os contornos, seus lábios se agarrando aos dela enquanto os
explorava, deslizando seus lábios para frente e para trás suavemente, lentamente, querendo que
esse momento não terminasse nunca. Seus dedos apertaram sua nuca e ele enlaçou seu braço livre
em torno de sua cintura, segurando-a no lugar. As pernas dele começaram a se mover com a

música novamente e ele a carregou consigo, balançando suavemente. O tempo todo, a cabeça
inclinada sobre a sua boca, saboreando e explorando, seus sentidos ardendo com o gosto dela, o
cheiro dela, a maneira como ele a sentia em seus braços.
Jennifer agarrou a camisa dele, seus olhos fechados, seu pescoço tensionado. Ele deixou que
ele mordiscasse seus lábios, sentindo-se minúscula em seu abraço, tão vulnerável e pequena. Ele
estava literalmente a segurando, porque suas pernas estavam tremendo, e ele estava lhe dando
apoio. Ele a envolvia completamente; seu corpo, seus membros, sua boca. A ponta da língua dele
tocou suavemente seu lábio inferior. Suas entranhas se apertavam, o lugar entre suas pernas se
contraindo em vontade, desejando ser preenchido por ele. Foi então que ele se moveu e a
protuberância dura nas calças dele empurrou o seu umbigo.

O pânico disparou através dela. Seus membros se enrijeceram enquanto seu subconsciente

lutava para ela parar. Ela escapou de seu abraço e forçou um sorriso. Christian se afastou, com as
mãos ao lado do corpo.

“Estou exausta. Quero me sentar.” Suas palavras não tinham nenhuma emoção.
Ela estava vermelha e parecia que ia fugir. Ambos sabiam que tudo o que ela queria era
manter distância entre eles. Christian pegou sua mão e ficou contente por ela não ter se soltado. O
silêncio se estendeu, não de forma desajeitada, mas compreensivo e confortável, enquanto ele a

conduzia pelo corredor, saindo do salão da festa, indo para o exterior, nos amplos jardins onde o
sol quase se aconchegava, espalhando sua luz suave por toda parte.
Ele parou no meio do caminho. “Está congelando aqui.”
“Está ok.”
“Não está.” Ele tentou lembrar onde estava o seu paletó, mas ele não se importou tanto
assim. Em vez disso, ele a arrastou para dentro novamente, subindo uma escada, ao longo de um
corredor e direto para um quarto.
Jennifer esqueceu que tinha acabado de beijar seu cliente e ficou boquiaberta. “De quem é
este quarto?”

“É do meu amigo. Eu estive aqui mil vezes. Podemos apenas conversar aqui.”
“Você sabe que nós provavelmente deveríamos permanecer em público e não trancados
dentro deste quarto, certo?”
Ele sorriu e levou as juntas dos dedos até a bochecha dela. “Não vai acontecer nada.” Sua
determinação, sua convicção de que ele podia se controlar perto dela, se dissipou quando ela se
curvou em direção à sua mão, com seus olhos escuros pesados. “Jesus...”, ele sussurrou com a
luxúria flagrante em seu rosto, sabendo que sua expressão refletia a dela. “Nós provavelmente
deveríamos sair daqui.”
Jennifer engoliu em seco, sua consciência lutando com seu coração. “Eu nem sei por que eu
vim com você.” Ela falou suavemente, tentando lembrar se ela tinha bebido demais. Ela não tinha.

Ela estava sóbria e perfeitamente bem, e queria Christian.

Christian esfregou o polegar sobre a bochecha e pegou a mão dela com a sua mão livre.
“Porque eu estava destinado a te beijar.”

Jennifer queria se afastar, mas não conseguia. “Devíamos sair daqui, certo?”
“Eu quero você”, disse ele.
“Christian”, ela sussurrou, seu peito subindo e descendo em respirações curtas.
Seus seios se espalhavam sobre o corpete de seu vestido, sua pele com textura de creme que

ele queria em suas mãos. Ele queria ouvi-la gemer embaixo dele, fazê-la estremecer com a agonia
do orgasmo. Ele queria vê-la bagunçada e acabada, preenchida por seu mastro enquanto ela se
agarrava nele querendo mais. “Você está certo. Não é uma boa ideia ficar aqui.”
Jennifer se livrou dele e caminhou até a porta, virando a maçaneta furiosamente. Ele foi
atrás dela. “Espere”, ele sussurrou em seu ouvido e girou a chave uma vez, e em seguida ele
gemeu quando ela deu uma volta ao redor dele e jogou seus braços ao redor de seu pescoço,
empurrando sua boca ávida contra a dele.
Christian se afastou, segurando sua cintura, deslizando as mãos pelo vestido rosa-pálido. A
boca de Jennifer se agarrou a ele, com fome e desespero, como se pensasse que ele

desapareceria a qualquer momento... Que ele a deteria.


“Shhh”, ele sussurrou. “Eu estou bem aqui.” Ele se afastou e deslizou sua mão sobre o rosto
dela, vendo-a fazer aquela mesma coisa com os olhos novamente, quando eles ficaram pesados,
entorpecidos. Suas bolas subiram ao saber que um toque seu era suficiente para fazer isso com
ela. “Você sabe quanto tempo eu esperei para poder tocar seu rosto assim? Não vou a lugar
nenhum.”
Ele afastou os braços delas de seu pescoço e puxou-os para trás, seus olhos colados aos
dela.
“Não pense mais.” Ele beijou sua boca suavemente enquanto apertava os pulsos dela com
apenas uma mão atrás de suas costas. Seus olhos grudaram em seus seios, que se espalhavam

sobre o corpete que se agarrava a eles. E então sua boca mergulhou novamente.

Jennifer gemeu em sua boca, seu sangue chiando de calor, com desejo, e uma pitada de
excitação pelo modo como ele tinha prendido suas mãos atrás dela. Ele a trocou de lado,

empurrando-a contra a parede e soltando seus pulsos, deslizando as mãos pela sua cintura.
Jennifer murmurou em sua boca enquanto as mãos deles cobriam seus seios sobre o corpete
sem alças e os apertavam suavemente, antes que seus dedos se dirigissem ao zíper na parte de
trás do vestido.

“Christian...” Ela tateou os botões da camisa dele enquanto ele puxava o zíper pelas suas
costas. O corpete se soltou, liberando seus seios. E enquanto o puxava para fora de seu corpo, ela
empurrou seus ombros para trás sem vergonha, deixando-o observá-la.
“Jesus.”
Ela saiu do vestido que havia caído aos seus pés e empurrou seus peitos nus contra o peito
dele. Ele puxou sua camisa para fora de seus ombros, e o calor de seu peito contra os seios dela
era sublime. Ela não com seguia falar, e cada poro em seu corpo permanecia alerta ao cheiro que
a envolvia. O cheiro que se misturava com o dela, as mãos que deslizavam sobre suas costas, seu
pescoço, seus quadris e seus seios.

Christian a pegou pela cintura. Sem tirar sua boca da boca de Jennifer, ele a puxou para a
cama com seu corpo. Uma vez lá, ele a empurrou para trás, fazendo-a aterrissar em suas costas,
balançando levemente e ficando ofegante.
A cabeça dela girava enquanto ela o observava, de pé ao lado da cama, olhando para seu
corpo que nu, exceto pela calcinha de renda cor-de-rosa. Ela se ergueu sobre os cotovelos e
deslizou para cima na cama, e sua respiração parou quando ele desabotoou o cinto.
Os olhos de Christian percorreram seu corpo, seus seios cheios que se espalharam para o
lado enquanto ela estava deitada de costas. Sua cintura era minúscula, sua barriga era lisa. Seus
quadris curvados, arredondados e cheios. “Você é linda.” Ele desabotoou o cinto e abriu o zíper,
deixando-a suspensa enquanto ele agarrava seu tornozelo e lentamente tirava uma de suas

sandálias de salto alto. O toque de seus dedos em seu tornozelo nu era como um ferro em brasa,

quente, escaldante, deixando uma marca dela. Ele tirou o outro sapato dela e ficou com a postura
mais ereta.

Jennifer viu o 1,90 metro de um belo Christian com cabelos de cor de areia, o playboy por
quem ela jamais teria uma queda, tirando seus sapatos e puxando suas calças para fora.
A cueca boxer branca se agarrava ao seu mastro, a masculinidade que queria transbordar
presa nas laterais, absurda e maravilhosamente visível. Ela habilmente se levantou e se aproximou

de Christian, deslizando sua mão sobre o longo volume aprisionado. Um silvo escapou dos lábios
dele.
“Me deixe tirar isso." Ela enganchou seus dedos através da cintura da cueca e puxou-a
para baixo, liberando o mastro, observando-o brotar e apontar para ela. Ela só havia tirado a
cueca dele até a metade quando deslizou a mão sobre a cabeça dura e intumescida do seu
membro.
“Meu Deus!” Ele agarrou seu pulso ferozmente, puxando a mão dela, tirando sua cueca e se
deitando sobre o corpo dela. Ela estava esmagada embaixo dele, seu mastro empurrando sua
coxa enquanto a língua dele mergulhava em sua boca.

Todo o comprimento de seu corpo pressionava o dela. Ela era macia e seu corpo era mais
bonito do que ele jamais poderia ter imaginado. Suas curvas eram abundantes, sua carne macia
enchendo suas mãos quando ele agarrou seus seios, seus quadris. Ela entregou tudo livremente, sem
segurar nada, dando-lhe tudo.
“Você é voraz”, ele disse ao interromper o beijo e sair de cima dela, puxando suas pernas
sobre as dele, inclinando-se ao se sentar entre elas. Deixando ambas as pernas dela juntas, ele
manteve o olhar fixo enquanto enganchava seus dedos na cintura frágil de sua calcinha e a
arrastava para fora de seus quadris.
A mente de Jennifer rodopiava. Seus seios balançavam enquanto ela se movia, deitada de
costas quando na verdade ela queria estar em cima dele. Ela queria estar montada nele, levando-

o a alturas de desejo sem precedentes e fazendo-o implorar para que ela parasse.

Sua calcinha deslizou por suas pernas e ele a deixou pendurada em seu tornozelo, antes que
ele separasse suas pernas e a puxasse para mais perto dele. Então, rapidamente, como se ele

fosse o dono de tudo, sua boca se fechou em torno daquele lugar sensível entre suas pernas.
“Christian!” Suas costas arquearam e ela agarrou a cabeça dele com ambas as mãos, sua
boca aberta, seus quadris levantando no tempo com suas mordidas e beijos famintos.
Sua língua deslizou ao longo da fenda, provando-a, inalando seu cheiro, memorizando-a.

Sua língua sondou a entrada de seu corpo e ela se apertou, negando-lhe a entrada. Isso o fez rir.
“Você tem um gosto tão bom.” Um dedo sondou a entrada e percorreu todo o caminho. O coração
dele bateu contra suas costelas quando ela soltou um longo gemido de satisfação. “O quanto você
me quer?”
“Vai!” Ela estremeceu e sua pele começou a queimar enquanto os lábios dele mordiscavam o
nódulo inchado escondido em sua fenda úmida. “Vai... Christian...” Ela não podia acreditar. Foi tão
rápido. “Está vindo.” Ela gritou, do alto do seu calor, sem saber por que ela estava dizendo o que
estava dizendo, não se importando com nada. Sua timidez, sua reserva, tudo foi embora pela
janela. Por causa da maneira como ele a tocou, agarrou, beijou, mordeu, dominou. Ele estava

tomando conta de seu corpo, como se tivesse tomado conta de sua mente. Ela se debateu,
balançando, desejando que ele nunca parasse. “Vai.” O dedo dele entrou em seu sexo apertado,
depois saiu, e depois entrou novamente em riste. Rapidamente, seus lábios foram ao encontro de
seu clitóris.
“Christian, Christian, Christian...” Ela entoou quando já não estava mais olhando a cabeça de
cabelos cor de areia enterrada entre suas pernas. Ela abria a boca em direção ao teto, suas mãos
agarravam os lençóis, seus quadris se levantavam no ritmo de suas mordidas, e então ela estava
gozando. Ela se debatia selvagemente, estremecia e se balançava, gritando longos gemidos
enquanto o orgasmo consumia todo o seu corpo pela primeira vez em mais de um ano,
arrebatando-a loucamente. As lágrimas queimaram seus olhos e seu coque se soltou, com os

grampos cutucando sua cabeça.

Cada expressão em seu rosto estaria estampada na mente dele por toda a eternidade.
Jamais em sua vida ele vira uma mulher assim, ou talvez ele não tivesse se preocupado com isso. As

preliminares nunca tinham sido essa coisa mágica, excitante, para ele, e hoje foi diferente. Suas
mãos deslizaram ao longo de suas pernas enquanto ele mordiscava o clitóris uma última vez,
fazendo o corpo dela inteiro tremer em resposta. Então ele traçou um caminho até barriga lisa, até
o umbigo, mergulhando a língua nele, segurando sua cintura enquanto ela estremecia novamente.

Jennifer segurou o rosto dele entre as palmas das mãos e o puxou para cima, empurrando-o
até que ele se deitasse de costas. “Ei”, disse ele com um sorriso em sua voz, e ela pegou sua boca,
montou em sua cintura, abaixando-se e empurrando sua língua em sua boca.
Christian pegou a língua dela, sugando-a, depois puxando até que ela gritou e se soltou,
olhando para ele. “Isso é por você tentar me dominar.”
Jennifer mordeu o lábio, então empurrou a boca contra seu pescoço, beijando, mordendo e
arrastando seus lábios úmidos ao longo de seus ombros e sobre o músculo arredondado do seu
bíceps.
Ele tentou arrastar sua boca de volta para a dele. “Eu quero você. Você inteiro.”

Seus lábios se arrastaram sobre o peitoral dele, e quando sua língua chicoteou seu mamilo
liso e marrom, ele ofegou e agarrou a parte de trás da cabeça dela. Ela arrastou seus lábios para
baixo, descendo para seus músculos abdominais definidos, depois para o V sexy abaixo do
umbigo que levava até seu mastro. Seus lábios mal tinham pressionado o talo do membro quando
ele gemeu, agarrou uma parte do seu cabelo e afastou sua boca do pau, sacudindo sua cabeça.
Arrastando os lábios dela até os dele outra vez, ele mordeu a boca com fome e de forma
gentil, sua língua se enrolando com a dela enquanto sua mão livre cobria seu peito e o apertava,
torcendo seu mamilo e engolindo seus gritos de prazer em sua boca.
Assim que ele soltou sua boca, ela desceu até o umbigo dele novamente, até que ele agarrou
seu rosto e a levantou. “Agora não.”

“Por quê?”

Ele engoliu em seco, perguntando-se se ele deveria contar a ela, perguntando-se se ela iria
entender errado. “Eu estou sem transar há quatro semanas. Acho que não é uma boa ideia me

torturar hoje.”
Jennifer congelou, ficando boquiaberta. “Quatro semanas?” Quando ele acenou com a
cabeça, ela entendeu. Desde o dia em que entrara em seu escritório, ele não transou com mais
ninguém. Desde que ela o viu sentado na sua frente, ele era dela.

Jennifer segurou a cabeça dele com as duas mãos e se abaixou até a sua boca de novo.
Desta vez, seus beijos eram suaves, suplicantes e possessivos. Era isso que ele queria dizer quando
disse que não iria a lugar algum. Ela não queria pensar em mais nada naquele momento. Que ele
era seu cliente, que isso era errado. Tudo o que importava era que ele era incrível; ele era
divertido, encantador e dominante, mas, ah!, tão gentil no meio disso tudo. Ela estava
completamente fisgada, e quando seu clitóris começou a pulsar novamente, ela interrompeu o beijo
e se levantou um pouco, levando seu mamilo até a boca dele.
O desejo de Christian explodiu quando ela ofereceu seu seio para ele. Ele puxou o mamilo
com firmeza, sentindo-o alongar-se em sua boca enquanto chupava. Ele o contornou com a língua,

os olhos fechados, as mãos ásperas sobre o seu corpo, descendo pelas costas até os quadris. Ele
os apertava e seus dedos se enterravam na carne arredondada.
Jennifer sentiu que ele a empurrava de cima dele e lentamente se deixou ser esmagada por
seu peso novamente. Sua boca devorou o outro mamilo, chupando, segurando ambos os seios,
puxando com firmeza. Seus olhos se fecharam enquanto ele chupava seu peito como se nunca
quisesse soltar.
Ele soltou os mamilos e brincou com seus seios. Lentamente, ele deu um beijo em seu queixo.
“Seus peitos são lindos.” Seus lábios se arrastaram até o braço dela e ele se movimentou,
afastando as pernas de Jennifer e colocando-as ao seu redor. Ela ergueu os quadris, sentindo sua
respiração úmida em seu ouvido. “E eles são todos meus...”

“Sim, eles são”, ela sussurrou.

Ele estremeceu quando a cabeça do seu mastro entrou suavemente na abertura entre suas
pernas, gemendo enquanto a abundante lubrificação dela o apertava. “Você está encharcada

para mim...”
“Me come, Christian.”
Ele se ergueu sobre seus cotovelos e empurrou um centímetro para dentro. Enquanto seu
interior se expandia para recebê-lo, sugando-o cada vez mais fundo, seu fôlego escapou de uma

vez e ele balançou a cabeça. “Você é tão apertada... Você está me sugando para dentro...”
“Me come!”, gritou ela com um soluço.
Ele cerrou os dentes, mantendo seu olhar fixo nela, enquanto ele socou seu pau dentro dela.
Jennifer gritou, apertando os olhos quando seu mastro grande e grosso a abriu, enterrando
profundamente, batendo até no fundo. “Vai.”
“Você está preenchida com meu pau”, ele sussurrou em seu ouvido enquanto batia seus
quadris nela de novo e de novo. Ele socava dentro dela, rangendo seus dentes enquanto o incrível
calor dela o envolvia, arrastando-o, puxando-o cada vez mais perto do limite.
Jennifer abraçou seu pescoço, segurando-o mais perto, lutando contra o impulso de jogá-lo

sobre as costas dele e cavalgá-lo rapidamente. Estava muito intenso. Quando ele tirou seu pau e
socou com força novamente, a cabeça pulsante a tocou por dentro, saciando completamente uma
necessidade profunda que lhe fez ficar toda arrepiada em um prazer delirante.
Ela ergueu seus quadris para as estocadas dele, fazendo-as ir mais fundo, mais firme em um
ângulo, quando ele atingiu seu ponto G. “Ai, meu Deus. De novo não...”
Seu grito o fez ir mais fundo, mais devagar, porque a fricção, a incrível fricção quente e
molhada, estava fazendo-o ficar louco. Seus calcanhares se enterraram em seus quadris enquanto
ele os socava contra ela, espremendo, apertando, suas mãos estendidas sobre suas costas largas e
os bíceps redondos. Quando ele ergueu a cabeça para vê-la, seu orgasmo jorrou fora de controle.
“Christian...”, ela gemeu e estremeceu embaixo dele, seus dedos do pé se curvando, seus

calcanhares apertando em torno dele. Christian apertou as mandíbulas, sacudindo-as, até que um

leve gemido irrompeu por seus dentes cerrados. Ele enterrou o rosto em seu pescoço e gemeu
novamente quando outro jorro quente saiu do seu corpo para preenchê-la. Suas entranhas se

contorciam ao redor dele, as contrações do orgasmo o sugavam mais para o fundo. E ele continuou
gozando, estremecendo acima dela, lutando para tirar seu peso de cima dela enquanto derramava
cada gota de seu sêmen profundamente dentro do seu interior.
Capítulo Três

Foi difícil Jennifer se concentrar quando cada momento seu estava cheio de lembranças de
ontem à noite. Ela acordou de madrugada e saiu da cama, deixando Christian dormindo no quarto

de sabe deus quem onde eles fizeram amor. Ela não podia dizer que sentia falta dele, porque
nunca se esqueceu dele nem por um momento. Ele estava sempre lá, no fundo de sua mente; na
forma como ela se movia, como se sentava, como se encontrava com os clientes. Não havia como
escapar das lembranças do homem que a fazia questionar suas escolhas do passado.

Ela há muito tempo havia aceitado o fato de que nunca mais cairia na magia do amor e dos
relacionamentos, porque tudo morre no final. O amor era inconstante. Havia um momento e o
seguinte... puf. Foi. Ela havia se condicionado a planejar todas as suas ações em torno dessa
mesma crença. Mas agora, ela duvidava.
Porque Christian Henderson nunca a fez se sentir inadequada. Ou um fracasso. Ela se
lembrava de seu ex e de como ele ficava insatisfeito com tudo o que ela fazia. Ela tentou
arduamente, e depois tentou mais ainda, mas nada era bom o suficiente. Ela havia sido infeliz, mas
nunca o fato de ela nunca ter pensado em terminar atravessou sua mente. Ela era exatamente
assim. Comprometida, estupidamente ligada a tudo e a todos que cruzavam seu caminho. Ela

estava começando a pensar que talvez ele tivesse percebido que eles estavam em dois polos
diferentes em seus pensamentos e planos, e ele tinha feito um favor ao terminar o relacionamento
enquanto ela se preparava para o casamento.
Não. Ela não estava totalmente convencida disso. Seus pensamentos eram instáveis. Christian
era diferente, mas também era playboy. Sem dúvidas, ela estava convencida de que ele nunca
mais iria querer vê-la novamente. Afinal, era isso que ele fazia, certo? Dormia com as mulheres e
descartava-as. Nenhuma mulher foi vista em seu braço duas vezes.
Seu telefone tocou e ela olhou para o aparelho, congelando da cabeça aos pés quando viu
o nome piscando na tela. Ela olhou fixamente para o visor, como se estivesse aterrorizada pelo seu

próprio celular, perguntando-se por que ele estava ligando. “Vamos, Christian, você já dormiu

comigo. Você já terminou o que queria fazer. Pare de me ligar”, murmurou ela baixinho.
A porta do escritório se abriu, mas ela demorou um pouco para olhar em direção a ela

porque estava olhando para o telefone. E então sua garganta ficou seca.
“Christian?”
Ele tirou o telefone da orelha e lentamente fechou a porta atrás dele, andando em direção a
ela. “Por que você não está me atendendo?”

“Eu... Eu não sabia o que dizer.”


Ele assentiu com a cabeça e sentou-se do outro lado da mesa. “Ok, que tal você começar me
dizendo por que você me largou no meio da noite?”
Ela convocou um pouco de sua força e coragem, que estavam tendo dificuldade para
aflorar ultimamente. “Eu precisava vir trabalhar.”
“Você não poderia ter me acordado?”
Jennifer olhou para ele, perguntando-se seria apropriado mentir sob essas circunstâncias.
Não tinha jeito. Ela não tinha nada a esconder e não precisava inventar desculpas para nada. Ela
poderia fazer o que ela bem quisesse e ela não tinha que mentir para se salvar ou para agradar

a ninguém. “Eu não queria acordar você.”


“Posso saber o motivo?”
Engolindo, ela se inclinou para frente, tentando se afastar do desejo que brotava de cada
poro de seu corpo quando ela o viu. Sua boca esculpida tinha devastado a dela e lhe ferido os
lábios. Ela tinha adorado aquilo, estava tocando sua boca desde cedo, satisfeita por ele ter
deixado uma marca em seu corpo. “Acho que o que aconteceu foi um engano”, disse ela com ar
puro.
Christian respirou fundo e endireitou a jaqueta. “Eu tinha a sensação de que você diria isso.”
“Mas você concorda com isso, certo?”
Christian olhou para ela em silêncio, perguntando-se o que diabos ele tinha que fazer para

entrar por baixo da casca dura com que ela se protegia. Ele tinha passado pela armadura

impenetrável ontem. Não havia como esquecer a grande sedutora que ele encontrara na cama.
Como ela gemia com cada toque, como sua pele era lisa... Como tudo foi perfeito. Seu corpo foi

feito para suas mãos; firme, cheio e arredondado em todos os lugares certos. Mais do que
qualquer outra coisa, ele tinha amado cada momento que ele tinha passado com ela naquele
casamento, longe do escritório, longe do ambiente que fez dele seu cliente. Ele não queria mais que
fosse desse jeito. Mas ele tinha a sensação de que ela nem sequer o deixaria ficar perto dela se

ele não fosse seu cliente. “Eu não tenho certeza se eu concordo ou discordo com isso. Só estou
espantado com o fato de você ter tanta certeza.”
“Eu não estou. É errado e não deveria ter acontecido.”
“Por quê?” Ele a desafiou, seus olhos prendendo seu olhar.
“Porque...” ela clamou agitada. “Você é meu cliente. Eu não posso... Eu tenho que encontrar
uma parceira adequada, não ir a encontros de mentira com você, ou jantares, ou dormir com você
na cama de um estranho.”
“Jennifer, e se você for a parceira adequada?”
Jennifer saiu de sua cadeira, em pânico, sua pele tremendo em negação e medo. Ela queria

fugir dele. Queria ficar longe de qualquer possibilidade de ser ferida novamente, destruída
novamente. Ela tinha sofrido bastante, havia sido humilhada o suficiente. Ela não seria vulnerável
novamente.
“Eu não posso fazer isso. Eu não sou... E eu digo isso de novo, adequada para você, ou para
qualquer um. Eu não acredito nesses... relacionamentos... Enfim. Eles dão errado e se destroem. Eu
sei que é uma opinião bizarra para ter quando eu sou dona de uma agência de relacionamentos,
e olha que eu vendo amor.” Ela riu sarcasticamente. “Mas não. É isso. Não posso fazer isso. E eu
acho que... Você deveria ir para outra agência de relacionamentos.”
“Nem fodendo.” Ele se levantou, preocupado e também furioso por ela estar tão nervosa,
protegendo seus sentimentos de forma tão feroz. Se ao menos ela o deixasse se aproximar. Ele

não tinha noção do amor ou de relacionamentos. Mas ele sabia que o que eles tinham era

precioso. Ele nunca havia experimentado algo assim antes, e não seria fácil encontrar novamente.
Era isso. “Eu não vou a outra agência.”

“Por favor”, implorou ela suavemente.


“Jennifer.” Ele segurou ambos os lados de seu rosto. “Escute, se acalme.” Ela parecia tão
temerosa que ele soltou seu rosto. “Tudo bem, faça do seu jeito. Não vou mencionar o que
aconteceu, nunca mais, e você só tem que me encontrar alguém adequado. Tudo bem? Vou ficar

com esta agência.”


Ele deu um passo para trás e se virou para a porta, seu coração se retorcendo em seu peito.
“Você sabe que eu posso simplesmente me recusar a te atender, certo?”
Ele se virou na porta e olhou duramente para ela. Ela parecia absolutamente devastada.
“Você pode, mas eu sei que você não vai. Mande seu secretário me ligar quando você marcar o
próximo encontro.”
Jennifer abraçou a si mesma fortemente quando ele saiu, sentindo como se tivesse evitado
um tiro. Ela estava contente por ele ter entendido, mesmo que ele não parecesse concordar com
ela, e ele estava certo. Ela não se recusaria a atendê-lo na sua agência, porque ela o queria por

perto, mesmo que ela o mandasse embora com outras mulheres. A calmaria se infiltrou por ela. Ela
se forçou a senti-la. Ela não tinha que dormir com ele. Ela não precisava ser nada mais do que
uma agenciadora de relacionamentos.
Mas um fato duro a atingiu como um soco no rosto. Ela não podia resistir a ele. Especialmente
depois de vê-lo dançar e rir no casamento, seus braços ao redor dela enquanto ele a rodopiava
na pista de dança. Ela havia se sentido tranquila, segura e protegida. Esse sentimento havia fugido
dela durante grande parte de sua vida. Mal se lembrava da última vez em que sentira assim.
Mesmo o domínio dele se chocasse com a natureza obstinada dela, ele era cuidadoso, protetor, e
ela nunca poderia imaginá-lo forçando-a a fazer algo que ela não queria fazer. Seu domínio
estava em seu toque, em sua voz, na forma como ele a pegou nos braços e a girou em qualquer

direção que ele quisesse, na forma como ele tomou o controle de seu corpo na pista de dança e

mais tarde na cama. Ele controlava, ele se importava, mas ela era muito cínica para confiar que
ele permaneceria sendo assim. As coisas mudavam; as pessoas mudavam. E quanto mais ela se

lembrasse disso, melhor seria para ela.


***
Já fazia duas semanas desde que Christian tinha falado com Jennifer, mas John tinha
telefonado para informá-lo sobre o próximo encontro. Ele iria buscar a garota no Lounge de

Encontros, e mal podia esperar por isso. Não porque ele estivesse ansioso para encontrar a
combinação que Jennifer tinha escolhido para ele, mas porque estaria perto de Jennifer e talvez
conseguisse vê-la de relance. Ele não podia acreditar que estava pela simples visão de uma
mulher. A mulher que o deixara dormindo no meio da noite. A mulher que o fizera ver como era ser
abandonado depois de uma foda, sozinho em uma cama fria, sem nem um recado e sem
esperança de falar com a pessoa de novo. Tinha sido horrível, e ele criou uma nota mental para
nunca mais fazer isso com nenhuma mulher.
Se Jennifer concordar em ficar com você, você não vai mais precisar dormir com outras
mulheres.

O pensamento o pegou desprevenido. Ele estava pensando em longo prazo. Ele nem sabia
que era capaz de levar seus pensamentos tão longe. E ele estava pensando em monogamia. Ele
olhou para seu reflexo no espelho para tentar se certificar de que ele ainda era Christian, e ele
ainda estava com a cabeça no lugar.
Aquela noite foi uma das muitas nas quais ele foi buscar sua combinação, conseguiu ter um
vislumbre de Jennifer e trocou cumprimentos, e então telefonou para ela pela manhã para dizer
que não estava interessado.
Jennifer ficou preocupada. Ela estava inquieta. Sua reputação estava em jogo. Ela havia
feito Christian encontrar algumas das mulheres mais lindas, bem-sucedidas e inteligentes que
haviam se inscrito em sua agência, e ainda assim ele não havia gostado de nenhuma. Embora ela

se lembrasse de cada detalhe daquela noite passada com ele quatro semanas atrás, ela foi capaz

de deixá-lo de lado e pensar objetivamente. Então ela pegou seu telefone e ligou para que ele
viesse ao seu encontro.

John deixou Christian entrar no escritório quando ele chegou, e Jennifer levantou-se para
apertar a mão dele da mesma maneira fria, profissional e desapegada que ela usou quando ele
veio pela primeira vez. Christian retribuiu. Isso quebrou seu coração um pouco, e ela perdeu a sua
determinação de ser profissional. Era fácil ser desprendida, mas doía ver que ele era capaz de se

sentir assim também.


Ouça a si mesmo. Ele é um playboy. Claro que ele já superou você.
“Então, o objetivo desta reunião é você me dar feedback e mais insights sobre o que
exatamente você não está encontrando nas combinações que fazemos para você.”
Elas não são você. “Eu não tenho certeza.”
Jennifer tentou ser paciente. “Compreendo. Mas é porque algumas são muito ambiciosas?
Muito cabeça-dura?”
“Elas não são cabeça-dura o suficiente”, disparou ele, com seus olhos em chamas.
Jennifer engoliu em seco e anotou o que ele disse. Seus dedos tremiam um pouco com a

intensidade de seu olhar. “Você acha que as mulheres se deixam levar por planos de longo prazo
e encontros futuros?”
Ele encolheu os ombros. “Elas são ok. Mas não sei.”
“Christian, eu preciso do seu feedback sobre isso para que possamos fazer isso funcionar.”
“Eu te passei todas as minhas exigências. Não sei mais o que dizer.”
Jennifer se irritou um pouco, mas manteve seu temperamento sob controle, pegando uma
folha de seu arquivo. “Isso é o que você escreveu. Esperta. Inteligente. Capaz de manter uma
conversa interessante. Talvez interessada em política e negócios.” Cada uma dessas mulheres
correspondia aos pedidos. O que você está procurando?”
Christian rangeu os dentes e encontrou os olhos castanhos dela irritados. “Você. Eu quero

você.”

Jennifer congelou, seus lábios se separaram. “Decidimos não falar sobre isso nunca mais”,
ela sussurrou rapidamente.

“Não.” Ele balançou a cabeça. “Você disse que não queria falar sobre isso novamente, e eu
discordei. Mas você estava em pânico, então eu tinha que concordar. Isso foi chantagem.”
“Como que é?”, gritou ela.
Ele se levantou e bateu as mãos em sua mesa. “Chega disso, Jennifer. Sério. Você sabe o

quanto eu me importo com você, e eu concordei com essa condição só porque parecia que você
estava prestes a chorar.”
“Eu não ia chorar!”, disparou ela.
“Bem, obrigado por me avisar. Agora vou manter isso em mente. Então, como eu estava
dizendo... Eu quero você.”
“Eu não estou interessada”, murmurou ela, levantando-se como se não se importasse com
nada e recolhendo os papéis.
Christian rangeu os dentes. Ele podia ver através dela. Ela estava tremendo, seus dedos
estavam tremendo, e seus olhos fugiam de seu olhar. Porque ela estava mentindo. “Se você não

está interessado, me diga que sua agência não quer mais me atender.”
Ela o odiava naquele momento. Ele sabia que ela não faria isso. Esta era a única coisa que
os mantinha conectados, mesmo que ela não quisesse estar conectada, mesmo que ela estivesse
apavorada com seus sentimentos por ele. Ela era, sem dúvida, a mulher mais idiota que já existira.
Ela havia sido destruída por relacionamentos passados e então ela saiu disso e encontrou um
homem que só ficava com as mulheres até dormir com elas.
Mas ele ainda está aqui, não é mesmo? Ele não foi embora. Ele ficou aqui. Ele está fazendo um
esforço.
“Você sabe que eu não consigo fazer isso. Isso agora é sobre o meu ego, na verdade. Se eu
te deixar ir embora sem te encontrar uma parceira, você será o primeiro cliente a sair daqui sem

um segundo encontro com a mesma mulher.”

Ele riu. “Você escuta você mesma falando?”


“Acho que terminamos com essa reunião”, respondeu ela. “John vai ligar para você com mais

detalhes.”
“Jennifer...”
“Já te disse uma vez e vou te dizer novamente. O que aconteceu naquele quarto foi um erro.
Eu nunca deveria ter deixado isso ir tão longe, e isso não deveria ter acontecido.”

Christian caminhou em sua direção, contornando a mesa. Ela se afastou, mas ele a agarrou
pela cintura e a puxou para o seu peito, ao mesmo tempo em que sua boca se fechava sobre a
dela, engolindo seu protesto. Ela amoleceu.
Seus lábios brutais e punitivos pediam que ela abrisse a boca, se mexesse, mas ela estava
paralisada em seu abraço, sua boca imóvel.
“Jennifer...” Ele acariciou as laterais de sua cintura, deslizando-os pelos seus braços,
segurando sua nuca. E quando sua boca se separou da dela, ela arfou em sua boca. Então ela
estava o beijando de volta, seus lábios se movendo contra os dele, mordiscando lentamente seu
lábio superior, então o inferior, inclinando sua cabeça quando ele inclinava a dele, entregando-lhe

sua língua quando ele silenciosamente a pedira. Suas respirações se misturaram, seus lábios se
moviam juntos em perfeita sintonia. Ele tinha um cheiro tão bem, e a lembrança de ter aquele
cheiro ao seu redor enquanto estavam fazendo o amor fez seu peito se contrair em nostalgia. Suas
entranhas desejavam ser preenchidas de novo, e enquanto isso sua língua molhada e aveludada
deslizava sobre a dela, enrolando-se com a dela, seus lábios puxando sua boca, implacáveis...
famintos... vorazes.
Suas mãos subiam pelo peito dele até a gravata e ela a enrolava em suas mãos, puxando-o
para baixo. Ele gemeu e tirou a gravata, segurando-a pela cintura e levantando-a sobre a mesa
como se ela pesasse apenas alguns gramas.
Seus quadris deslizaram para frente na borda da mesa para ficar mais perto dele. Tudo

era cadenciado, natural. Ela deixou suas mãos fluírem por seus ombros largos, sobre o paletó do

terno, enquanto ele continuava a beijá-la. As mãos dele deslizaram em seu penteado elegante,
tirando os grampos, deixando seu cabelo escuro longo e grosso ficar solto em torno de seu rosto e

ombros. Então ele tirou o cabelo dela da frente de seu rosto, deixando os fios sedosos deslizarem
através de seus dedos. Ele estava inebriado pelo gosto dela, por saber que seu instinto estava
certo. O que quer que ela dissesse era uma mentira, com o intuito afastá-lo, de mantê-lo à
distância. Ele não era o único a sofrer por isso. A fome dela estava lá em cada respiração, em

cada suspiro, no modo como suas mãos passavam sobre seus ombros e braços. Ele a puxou para
mais perto, empurrando sua virilha entre as pernas dela. O gemido que ele ouviu quando ela
enroscou as pernas em seus quadris foi dele.
Ele estava cercado pelo aroma do perfume dela, o aroma natural do qual ele não tinha
conseguido se livrar mesmo depois de tomar banho. O aroma continuou assombrando-o por
semanas e lá estava ele de novo, deixando que o perfume se entrelaçasse em cada fibra de seu
ser. Mais uma vez, ele estava sendo estúpido. Ele estava sendo louco. Ele não sabia o que estava
fazendo, nem por que ele continuava voltando para ela, mas ele não conseguia se afastar. Ele não
conseguia esquecer.

“Jennifer...” ele sussurrou contra sua boca. “Eu te quero tanto... Só você...” Ela se enrijeceu em
seus braços e as mãos dele soltaram seus cabelos, deslizando por suas costas, acalmando-a,
relaxando-a. Ele sabia que estava machucando os lábios dela agora. Ele teve que parar. “Sua
boca é tão viciante... Eu não consigo parar.”
“Então não pare”, sussurrou ela contra seus lábios, e o controle dele explodiu. As mãos dele
percorriam seus cabelos, agarrando aos punhados, puxando seu couro cabeludo. Sua boca
deslizou pelo pescoço dela, deixando-a ofegante, seus dedos agarrando as mangas do seu paletó.
Ele beijou o pescoço dela, então tirou sua blusa branca de seu ombro e o mordeu também. Ela
gemeu e se encolheu e a boca dele estava de volta sobre a dela de novo, mais dura desta vez,
apressada, insaciável. Seu sangue pulsava em seus ouvidos, retumbando com o som de seu próprio

batimento cardíaco desenfreado. Ele apertou o espesso cabelo dela em suas mãos e puxou para

trás, seus lábios se agarram aos dela por pouco tempo até que ele estava olhando para seu rosto
corado. “Você é linda”, sussurrou ele.

Os olhos dela se abriram, suas bochechas coradas, seus lábios inchados e rosados.
Apertando os lábios, ela ergueu a boca para ele novamente, não querendo se separar dele, e ele
a soltou completamente, levantando-a da borda da mesa e colocando-a sobre seus sapatos de
salto novamente no tapete grosso.

Silenciosamente, ele colocou o cabelo dela atrás de suas orelhas e se inclinou para dar um
beijo em sua testa. Para seu deleite, ela permitiu que ele fizesse isso, inclinando-se para perto dele,
e ele deixou que o beijo durasse mais do que ele pretendia. “Eu venho te buscar às cinco horas e
nós vamos ter o nosso primeiro encontro oficial.”
Ela cambaleou e inclinou a cabeça para trás, seus olhos arregalados. Ela queria balançar a
cabeça, queria dizer não, mas havia deixado ir longe demais. Ela havia lhe dado muito poder
sobre ela, e não havia como recuperá-lo agora. Ela o queria. Ela o queria loucamente. E ela não
podia negar que ela estava vulnerável em suas mãos. Ela já tinha provado isso duas vezes. Duas
vezes!

“Tudo bem?”, ele insistiu quando os olhos dela diziam que sim, mas ela permanecia em
silêncio.
Finalmente, ela assentiu com a cabeça, e ele soltou um suspiro de alívio.
Capítulo Quatro

Embora Jennifer continuasse punindo a si mesma, era difícil não ficar animada com o
encontro. Como ela não tinha tempo para ir para casa e trocar de roupa, obrigou-se a se

contentar com as calças pretas e a blusa branca que estava usando. Ela reaplicou sua maquiagem
e, mais uma vez, prendeu os cabelos que ele tinha soltado quando a beijou e a deixou sem fôlego.
Ela estava pronta cinco minutos antes das 17 horas e o encontrou esperando no saguão do
escritório.

“Ei.” Ele se levantou e sorriu lentamente quando a viu. A ansiedade estava visível em seus
olhos, a mesma timidez que ele tinha visto quando a buscou para levá-la ao casamento. Ele viu o
olhar dela para John e, tarde demais, percebeu que ela não queria que seu funcionário soubesse
que estava saindo com ele. Não havia nada que ele pudesse fazer, exceto se abster de abraçá-la
na frente de John. “Vamos?”
Assentindo, ela deu algumas instruções para John e entrou no elevador com Christian. “Para
onde estamos indo?”, perguntou ela, ficando surpresa como sua voz soou tão forte, embora ela
estivesse tremendo por dentro.
“Você vai ver. Nenhum lugar especial.”

Ela olhou para ele meio de lado. “Você vai me deixar tentando adivinhar?”
Ele riu e deslizou um braço ao redor de seus ombros. “Apenas relaxe e divirta-se.”
Ela ficou surpresa quando ele a levou até uma limusine e a impeliu a entrar. Só por um
momento, ela deixou que um breve choque a atingisse, antes de entrar no luxuoso veículo. Ele
deslizou para o lado dela e a limusine saiu do estacionamento.
Ela olhou para as janelas escurecidas, sem pensar em nada, até que se lembrou da noite em
que havia dormido com ele. Ela não podia negar que ele a tinha levado até o paraíso. Talvez, ela
tentava se forçar a acreditar, já que fazia anos que não dormia com ninguém, a emoção fosse
resultado do sexo, e não do fato de estar com ele. Mas ela sabia que estava mentindo quando ela

o flagrou a observando, e um sorriso leve se espalhou em seu rosto. “Não acredito que vou sair

com você.”
“Eu não deixaria você sair com mais ninguém.” O deleite fez os olhos dela brilharem, e ele

inspirou fortemente quando a paixão e a admiração agarravam seu peito, deixando imóvel,
“Eu não acredito nisso.”
Ele riu. “Mesmo? Você acha que eu não iria arruinar o seu encontro, se você tivesse um com
outra pessoa, e tentar matar o bastardo por querer sair com a minha garota?”

Ela não conseguia acreditar que ele tinha dito isso, e mais uma vez sua discrição e cautela
caíram por terra, cegando-a momentaneamente com sua afeição por ele. O encanto parecia
consumir o ar de seus pulmões. De um jeito bom, de uma forma que a fazia desejar que ele fizesse
aquilo sempre. “Eu duvido que você iria arruinar meu encontro.”
Ele sorriu. “Mas você acredita que eu mataria o bastardo?”
Jennifer riu e a tensão foi embora de seus membros. Este era o mesmo homem com quem ela
se sentara durante horas no Lounge de Encontros, falando sabe Deus sobre o quê, sem nunca
haver um momento constrangedor entre eles. Sempre tinha sido excitante, fantástico, e ela tinha se
re-energizado depois de se encontrar com ele.

A limusine parou, e ele a ajudou a sair. Para sua surpresa, ela se viu parada do lado de
fora de uma casa noturna, com uma fila de 30 metros mesmo sendo um dia de semana. “Meu Deus.
Você está brincando comigo.”
“Eu pensei que você tivesse gostado de dançar comigo.”
“Bem, eu gostei... Mas...”
Ele pegou a mão dela e a puxou para frente da fila, onde os guardas os deixaram passar
sem uma única pergunta e sem um segundo olhar.
“Eu não consigo acreditar que isso acabou de acontecer. Este é The Den, não é? Eu ouvi muito
sobre esse lugar”, ela disse em voz alta para ser ouvida sobre a música.
Ele a levou ao longo das mesas ao redor da pista de dança para um canto isolado, onde ele

a arrastou para o assento em frente a ele. “Então, o que você gostaria de dançar?”

Jennifer riu. “Eu não consigo acreditar que eu estou dentro de uma balada.”
Ele sorriu, inclinando-se para poder escutá-la melhor. “Por quê?”

Ela encolheu os ombros. “Faz um ano que eu não entro em uma.”


Seu queixo caiu. “Você está brincando. Você odeia casas noturnas.”
“Não.” Ela agarrou sua mão porque estava muito perto e simplesmente porque parecia
certo. “Porque eu nunca tinha tempo e raramente vejo meus amigos.”

Ele sorriu enquanto uma bandeja cheia de nozes sortidas e duas taças de champanhe foram
colocadas diante deles. “Quando você pediu isso?” Ela riu.
“Eu fiz uma pré-compra. Antes de entrar.”
“Você conhece alguém aqui, eu acho.”
“Mais ou menos”, disse ele com uma careta, e então ele se inclinou para perto dela. “Eu sou
o dono desse lugar.”
Jennifer fez uma pausa, depois riu. “Então, para o nosso primeiro encontro, você quer me
mostrar a sua boate?”
“É a melhor da cidade.”

Jennifer reprimiu um sorriso e girou o champanhe em seu copo. “O que estamos


comemorando?”
"Ok, eu quis ser realmente brega agora”, disse ele, tirando o paletó e soltando a gravata,
jogando-a ao lado dele no assento. “Estamos comemorando nosso primeiro encontro.” Ele levantou
a taça e ela aproveitou a deixa, sorrindo para ele acima da borda de vidro.
Depois de uma hora conversando sobre seus dias e os dele, e outra taça de champanhe, ela
se deixou ser levantada e levada para o centro da pista de dança. Ele a puxou para perto e ela
bateu em seu peito, sua respiração parando quando suas mãos propositalmente deslizaram por
suas costas, parando logo acima de seus quadris.
Por alguma razão, ele não estava pensando em sexo, ou em se agarrar, ou em qualquer

outra coisa. Ele só queria saborear seu corpo e suas curvas e inalar o perfume maravilhoso de sua

pele. Ele estava decorando tudo. Eles dançaram, brincaram e riram no centro da pista de dança, e
ele foi levado de volta àquela noite no casamento.

Ela dançava tão bem, como um líquido vivo, suave, lindo, maravilhoso e divertido. Ele não
conseguia acreditar que estava apreciando as habilidades de dança e o senso de humor dela em
vez de seu corpo lindo que estava constantemente tocando o dele. Foi a primeira vez para ele.
Seu interesse pelas mulheres sempre fora muito singular. Até que ele a viu sentada em sua frente

no escritório dela. Esse dia marcou uma mudança em toda a sua perspectiva. Ele via tudo
diferente; ele se via como uma pessoa diferente, seu futuro, sua vida. Ele havia começado a fazer
planos, mas nada importava se ele não conseguisse fazer isso funcionar. Se ele não conseguisse
fazer Jennifer acreditar que o que eles tinham era especial, extraordinário, e que ela não iria
encontrar nada como isso novamente. Quando dançava, ela se liberava, e depois de uma hora de
dança louca e insensata, ele sentiu que ela se aproximava, esmagando-se nele e inclinando a
cabeça para trás para olhar em seus olhos.
Jennifer desejava que ele a beijasse. Talvez fosse o álcool que subia à cabeça, talvez
fossem as mãos dele, talvez fosse o seu sorriso. Ela não sabia exatamente, exceto que ela queria

provar a boca dele novamente. Seus lábios estavam morrendo por ele.
Infelizmente, ele não pegou a deixa. Em vez disso, ele a levou para outro andar do clube,
onde ela comeu o melhor filé que já havia provado em sua vida, e então ele a deixou na casa
dela
***
Quando ela acordou, de ressaca e sentindo um lixo, ela pôde apreciar melhor a decisão de
Christian de não a beijar. Era melhor assim. Ela tinha sido muito descarada e obviamente não
estava refletido direito. Metade dela queria ligar para ele e dizer que mal podia esperar para
vê-lo novamente, e a outra metade estava feliz por ele não ter proposto outro encontro. Ela não
tinha certeza sobre quanto tempo isso poderia durar. Ela havia sido eternamente marcada pela

humilhação de seu último rompimento, e ela não confiava totalmente em Christian – ainda não. Ela

duvidava que confiaria. Era algo que simplesmente não lhe pertencia. Ela se forçou para
aproveitar as lembranças do encontro, mas sabia que recusaria se ele a chamasse para sair

novamente.
Mas ela tinha acabado de chegar para trabalhar quando ele telefonou, apenas para dizer
oi, porque ele tinha uma reunião importante para participar. Então ele estava esperando fora do
escritório dela às 18 horas, e de alguma forma ela estava vendo um filme com ele. Ela se obrigou

a pôr fim nisso, mas sair com ele era tão divertido, e depois de tentar fazer com que ele a beijasse
na boate, ela não tinha cometido erros graves. Ele também não estava começando nada. Então
estava tudo bem, não estava? Enquanto eles estavam se divertindo e nenhum beijo acontecia, ela
permitiria que isso continuasse.
Christian ficou mais surpreso com sua própria ânsia de vê-la do que com qualquer outra
coisa. Todos os dias, ele fazia algo que nunca havia feito antes. Ele surgia com ideias para o
próximo encontro, ele a levou às compras – ocasião na qual ela o irritou porque se recusou a
deixá-lo pagar – cinema, uma caminhada, um passeio. Ele até mesmo a levou patinar no gelo, e
suas mandíbulas doíam de tanto dar risada enquanto estava com ela. Ainda assim, o desejo de vê-

la nunca morria. Se ao menos ela parasse de abraçá-lo tão perto, erguendo sua boca para o
beijo. Ele estava morrendo a cada segundo que não a tomava em seus braços e não tirava cada
peça de vestuário de seu corpo lindo, mas ele perseverou. Porque ele era o aclamado playboy de
reputação duvidosa, e ele não queria que ela pensasse que seu interesse nela era sexo. Ela
poderia até estar querendo e mostrar o quanto ela queria, mas ele não iria ceder, até que ela
soubesse de seus sentimentos por ela.
“O que vamos fazer hoje?”, perguntou Jennifer quando ele a pegou em uma manhã de
domingo para levá-la tomar café da manhã.
“Estamos tomando café da manhã e depois decidiremos se queremos voar para Las Vegas
ou algo assim.”

Ela riu.

Ele sorriu, porque ela pensou que ele estava brincando. “Eu não estou brincando. Eu tenho
um jatinho esperando.”

“Meu Deus. Você é louco!” Ela não tinha gostado da sugestão dele para o café da manhã,
então perguntou se eles poderiam ir à sua padaria preferida, e ele concordou imediatamente. Ela
fez uma careta de bom humor quando o anfitrião da confeitaria reconheceu Christian, pediu seu
autógrafo e então disse: “Um convidado especial precisa da melhor mesa”.

“Estou tão ofendida”, Jennifer disse com uma risada quando eles se sentaram e abriram os
menus.
“Por quê?”
“Porque eu venho aqui quase todos os domingos, e ele dá a melhor mesa para você.”
“Mas você está comigo, então nós dois temos a melhor mesa.”
“Não, mesmo asso.” Ela olhou para o menu e depois para ele. “Estou ofendida.” Ela franziu
os lábios e ouviu-o rir, sorrindo instantaneamente. “É tão rude! Eu sou a cliente valiosa; você é
apenas o cara rico cuja foto ele viu na revista GQ.”
Christian revirou os olhos. “Agora eu que estou ofendido.”

Jennifer bateu no ombro dele com o cardápio quando uma loira bateu no outro ombro de
Christian.
Christian ergueu os olhos para a estranha que a interrompera, e seu sorriso se alargou antes
de se levantar e envolver seus braços em torno dela. “Estou tão feliz em te ver!”
Jennifer ficou boquiaberta com o casal, notando como a mulher abraçava Christian
possessivamente, o Christian de Jennifer. Ela engoliu em seco para empurrar a raiva ciumenta em
sua garganta até o abismo de seu estômago.
“Eu não consigo acreditar ...”, disse a mulher, “...que finalmente estou te vendo, e foi por
acaso. Se eu tivesse pedido para sair com você para tomar café da manhã, não tenho a menor
dúvida do que você teria respondido.”

Christian riu e passou o braço em torno dela. “Bem, você deveria estar feliz por finalmente

ter me visto.” Então ele se virou para Jennifer. “Jennifer, esta é minha irmã Anne-Marie.”
Irmã! Jennifer lentamente se levantou, observando imediatamente os olhos verdes brilhantes

da mulher, o mesmo verde que os de Christian. Ela ficou instantaneamente encantada pela mulher
que era tão parecida com ele.
“Anne-Marie”, disse ele dramaticamente. “Conheça Jennifer White, minha namorada.”
A respiração de Jennifer ficou presa em sua garganta, mas ela conseguiu apertar a mão de

Anne-Marie, sorrir e conversar um pouco. O tempo todo, Christian olhou para ela, rindo por dentro
de seu óbvio choque e de seu esforço para disfarçá-lo. Anne-Marie não iria perceber, mas ele sim.
Ele viu. Tão claro quanto a luz do dia.
O encontro do café da manhã se transformou em um encontro de três pessoas, não porque
Christian pediu a Anne-Marie para se juntar a eles, mas porque Jennifer não aceitaria se fosse de
outra forma.
“De forma alguma você vai comer sozinha quando seu irmão está nesta mesa.”
“Mas eu realmente não quero me intrometer. É claro que vocês saíram para passar algum
tempo sozinhos.”

Christian viu Jennifer gentilmente empurrar Anne-Marie para se juntar a eles em sua mesa, e
seu coração inchou com orgulho. Ele estava feliz por ter encontrado Anne-Marie. Ele não a via há
vários meses. Mas naquele momento, ele sabia que o que ele estava sentindo era o amor, por
Jennifer.
Ela era feita para ele. Não havia absolutamente ninguém tão completa, maravilhosa e
perfeita como Jennifer, e ele estava acostumado a ter o melhor de tudo. E ele tinha encontrado o
melhor. Sua mandíbula se apertou ao olhar para Jennifer enquanto ela conversava com Anne-
Marie.
Eu amo você, Jennifer. Ele deixou seu olhar descer para o menu novamente, porque sentiu seu
peito se contrair. Uau. É isso que se sente quando se ama?

Aquilo era fantástico. Ele se sentia forte e fraco ao mesmo tempo, porque agora ele tinha

que se certificar de que ela estaria exatamente onde ela estava, com ele ao seu lado, e ele não
tinha certeza de como iria convencer a obstinada Jennifer a concordar com isso.

***
Uma semana depois, Christian estava esquentando a cabeça com algo que tinha acontecido
em um de seus locais de trabalho. Sentou-se à sua escrivaninha, tocando a caneta em sua agenda,
dando ordens à sua secretária e, basicamente, querendo atirar algo contra a parede. Estava em

pânico. O sentimento era tão novo que ele não sabia o que fazer a respeito. Se não se acalmasse,
ele sabia que ia se arrepender.
Vinte minutos depois, viu-se perseguindo John em direção ao escritório de Jennifer. “Ela está
sozinha?” Ele se certificou, a fim de não a interrompê-la com outro cliente.
John assentiu com a cabeça. A essa altura, todos em torno de Jennifer e Christian sabiam
que havia algo entre eles.
Apenas um olhar para o rosto de Jennifer, que mostrou surpresa e depois alegria como ele
indo atrás dela em seu escritório, fez seu coração se encher de amor.
O sorriso de Jennifer vacilou quando ele foi em direção a ela, seu rosto com uma expressão

áspera, e seus braços envoltos em torno dela como faixas de aço. Ela deixou que ele a abraçasse
e colocou seus braços em torno da cintura dele, puxando-o para mais perto sem dizer uma
palavra. E por um longo minuto, o homem que era uma força a ser levada muito sério, o homem
cuja voz explodia em salas de conferência como a ordem suprema, abaixou suas defesas e a
arrastou para seu peito.
Quando ele finalmente a soltou, ela sorriu e lutou contra a vontade de beijar seu queixo.
Agora, depois de todas essas semanas sem ser beijada, sem nem mesmo vê-lo querer beijá-la, ela
tinha começado a se sentir um pouco rejeitada.
“Você gostaria de um café?”
“Eu não vim aqui para tomar café”, gritou ele na direção dela, lamentando
instantaneamente, mas sem fazer nenhum esforço para consertar. Em vez disso, ele apenas

pressionou sua própria testa com a mão e se virou.


O choque fez os ossos dela ficarem gelados. Ele nunca tinha falado com ela assim. Ela nunca
o tinha visto assim com ninguém. Lentamente, ela inclinou seu quadril na borda da mesa perto do
joelho dele, e deslizou uma mão sobre seu ombro. “Você quer falar sobre isso?”

Ele olhou para cima, feliz por ela não parecer ofendida ou zangada. “Eu sinto muito por ter
gritado com você.”
Ela balançou a cabeça. “Se você não veio aqui para tomar café, por que veio aqui?”
Você. Só você. “Acabei de descobrir que... Cinco trabalhadores da construção civil morreram
em uma das minhas empresas.”
Jennifer arfou.
Ele balançou sua cabeça. “Não sei o que aconteceu. Temos regras muito rígidas, medidas de
segurança e precauções. O sindicato convocou uma greve até nós darmos a eles um equipamento
de segurança melhor. Eu nem dou a mínima para a construção. Cinco homens morreram sob a minha

vigilância... Como vou viver com isso?”


“Aconteceu hoje?”
“Sim.” Ele olhou para ela, seu rosto devastado, tristeza em seus olhos. “Eu me sinto tão
culpado.”
Jennifer escorregou da mesa e deslizou os braços ao redor de seu pescoço. “Não é sua
culpa. Não é sua culpa. Algumas coisas estão destinadas a acontecer.”
“Os caras têm filhos, Jennifer. Os cinco homens tinham doze filhos no total. Doze.”
Ela se afastou. “E você pode se certificar de que eles estarão bem cuidados.”
“Sim.” Seu coração disparou. “Sim, eu posso fazer isso. Quero dizer, não vai trazer seus pais
de volta, mas mesmo assim...”

“Sim... E quanto ao sindicato...”

Christian sorriu, e de repente ficou tímido porque ele se havia se aberto tão facilmente para
ela. E ela tinha sido um anjo. Ele estava nu e cru, completamente vulnerável diante dela, e ela

estava lá. “Eu vou dar uniformes à prova de balas da cabeça aos pés para eles, porque,
sinceramente, essa é a única coisa que pode ser feita para melhorar suas medidas de segurança
atual. Eles já têm o equipamento mais seguro possível.”
Jennifer riu e abraçou-o com força novamente. “Vai dar tudo certo. Ainda bem que você não

veio aqui para tomar um café.”


Ele riu e abraçou-a com força. “Como eu conseguia sobreviver sem você?” Azar se ele
estava sendo vulnerável, ele confiava que Jennifer para não o machucaria, e ele não conseguia
mais se preocupar por deixá-la ter tanto controle sobre sua mente e coração.
Capítulo Cinco

Christian havia tido um dia muito cheio, e Jennifer também, aparentemente, mas agora eram
seis horas da manhã e ele estava ligando sem parar, mas a ligação sempre caía na caixa de

mensagens. Ele sabia que John havia tirado dia de folga, e ninguém estava atendendo o telefone
no escritório.
Ele terminou sua última reunião mais cedo e pegou seu casaco, deixando os homens ainda em
seu escritório enquanto se afastava, dando passos largos ao passar pela secretária. “Peça a

Hefner que leve o carro para fora daqui a trinta segundos.”


Ele teve de esperar uns bons dois minutos diante das portas frontais de seu prédio de
escritórios, ficando cada vez mais impaciente com todos ao seu redor. Quando o velho motorista
finalmente chegou, Christian abriu a porta dos fundos, mesmo sabendo que o motorista ficava
ofendido quando ele fazia isso.
Christian não se importou. “Me leve ao escritório de Jennifer.” Ele estava rangendo os dentes,
mas sua fúria se transformou em medo quando ele encontrou o escritório trancado. “Que diabos!”
Ele voltou para seu carro e disse ao motorista para levá-lo à casa de Jennifer.
A porta estava trancada, ela não atendia a campainha e estava escuro por dentro. A única

coisa que o fazia supor que ela estava em casa era que o carro dela estava na garagem quando
ele olhou através da janela.
Ele andou pela parte de trás da casa e espiou a janela do quarto. Seu coração parou.
“Fodeu, fodeu.” Ele caminhou até a janela do quarto de hóspedes e verificou se ela estava aberta.
“Estão todas trancadas”, murmurou para si mesmo.
Ele quebrou a janela com o cotovelo, puxando-a para cima e finalmente conseguindo entrar.
Christian a encontrou na cama amontoada sob as cobertas. Ele se abaixou até o chão, temendo o
pior. “Jennifer?”, ele chamou, mas ela não respondeu.
Ela estava ofegante, arquejando, sua testa coberta de suor.

“Jennifer!”, ele disse mais alto e tirou uma das cobertas. “Você está cozinhando em sua

própria pele.” Ele encheu um copo com água e a colocou em uma posição sentada, fazendo-a
choramingar e abrir os olhos.

“Quê?”, exclamou ela, desorientada.


“Tome um pouco de água.”
“Como você entrou aqui?”, sussurrou ela, tomando um gole de água. “Você sabe, eu não
estou me sentindo muito bem.”

“Eu posso ver isso.” Ele estava preocupado e olhou para o relógio. “Quando foi a última vez
que você comeu?”
“Hoje à noite.”
Ele tirou o cabelo úmido de sua testa e o colocou para trás, seu coração em frangalhos
quando percebeu que ela estava queimando. “Hoje à noite? O que você quer dizer com isso?”
“Algumas horas atrás.”
Christian apertou as mandíbulas. Ela estava tão fora de si que o que ela dizia não fazia
nenhum sentido. Ela provavelmente havia estado assim desde ontem à noite. “Eu não consigo
acreditar que não vim aqui antes arrebentar a sua porta.” Ele a deitou de costas na cama e tirou o

celular do bolso, saindo do quarto enquanto ligava para o médico. Mas não faria diferença: ela
estava dormindo mais uma vez.
Uma hora depois, ele fez com que ela acordasse. “Levante. Fale comigo. Você está me
assustando, Jennifer.” Ele alisou o cabelo no rosto dela.
Ela abriu os olhos e ergueu o braço. “Ai!”
Ele endireitou o braço dela. “O médico te deu uma injeção. Ele disse que vai voltar para te
ver de manhã.”
“Você chamou um médico”, murmurou ela.
Ele estava tão perto, mas ela continuou piscando porque não conseguia vê-lo.
Christian mal a reconheceu. Ela era a mesma garota linda por quem ele havia se

apaixonado, mas ele sempre a vira forte e rindo. Não podia suportar vê-la assim. “Claro que

chamei o médico. Você vai ficar bem agora. Ele disse que é uma...”
“O que diabos...?” Ele a agarrou, segurando-a. “Aonde você vai?”

Ela balançou a cabeça, os olhos arregalados, a boca coberta pela mão. Ele a puxou pela
cintura e a levou para o banheiro um segundo antes de ela vomitar.
Ele acariciou as costas dela, tirando seus cabelos do rosto, enquanto ela fracamente o
afastava.

“Vou ficar aqui”, disse ele, sabendo perfeitamente o que ela estava tentando fazer: tirá-lo
de lá. “Não vou embora. Você mal consegue se sentar sozinha.”
Ele a ajudou a enxaguar a boca e a lavar as mãos e o rosto, antes de deslizar os braços
por baixo dela e levá-la de volta para a cama. Ela se aconchegou, ofegante.
Ele se sentou na beira da cama, puxando para trás seus cabelos úmidos. “Você vai ficar
bem.”
“Eu sei. É tão estranho.”
“O que é estranho?” Ele perguntou lentamente, fascinado pelo seu rosto. Seu nariz era
pequeno e apontava para cima, seus cílios longos, suas bochechas coradas pela febre.

“É estranho que você esteja aqui”, ela balbuciou, com sua testa franzida. Ela provavelmente
estava ficando mais sonolenta por causa da injeção que o médico havia lhe dado. E então ela
começou a falar sobre um gato chamado Pongo, e uma garota loira com quem ela jogava futebol
na quinta série. Ele começou a rir porque ela simplesmente não calava a boca e porque suas
histórias soavam muito engraçadas, já que ela ria, meio bêbada, enquanto contava.
Então ela ofegou e sua hilaridade desapareceu de seu rosto. “E Mark acabou de ir embora.
Ele nem me disse que estava indo. Nós iríamos dividir este apartamento, e ele o deixou para mim.
Eu não queria o maldito apartamento.”
Ele diminuiu a velocidade de sua mão na testa dela. Era óbvio que essa história não era
engraçada, porque seu rosto estava cheio de dor, e ela parecia que ia chorar a qualquer

momento enquanto falava com ele.

“Ele me pediu em casamento. Eu não disse que queria casar. Ele simplesmente jogou isso para
cima de mim. Estávamos juntos desde o colégio.”

“Ok”, ele murmurou, enquanto ela fechava os olhos novamente e se virava de lado. Ele se
moveu para lhe dar mais espaço e acariciou o interior de seu braço. Ele pensou que ela havia
parado de falar. Mas ela claramente tinha mais a dizer.
“Você sabe o que mais? Chorei por ele durante meses. E, por anos, eu sussurrava seu nome

quando eu estava sozinha porque eu sentia falta de falar o nome dele. Mark... Mark... eu dizia.
Acho que fui um pouco psicopata. Porque ele simplesmente foi embora. Ele nem me disse. Ele
simplesmente foi. Eu o amava.”
A mão de Christian diminuiu a velocidade ao passar pelo cabelo dela, mas ele continuou a
observando, sem saber se continuaria falando e desejando que ela descansasse. Ele tentou não
pensar que ele tinha finalmente ouvido aquela palavra que começava com a letra “A” vinda dela,
mas ela estava falando sobre seu ex. Ela não havia dito isso a ele. Ele não sabia nada. Ele não
sabia nada tão importante assim sobre ela. Por isso ela não confiava nele. Por isso ela não o
deixava entrar. Porque ela tinha sido abandonada como um cachorro vira-lata.

“Aquele filho da puta”, disse ele à mulher adormecida que ele amava. “O pau no cu imbecil.”
E então ele riu e se inclinou para beijar sua sobrancelha.
Mesmo que aquele homem destruído Jennifer e quebrado seu coração, ele tinha que
agradecê-lo por não ter se casado com ela. Senão, ele não a teria encontrado, e ela não seria
sua. Ele afrouxou a gravata e tirou-a do seu pescoço, então se deitou de costas na cama ao lado
dela, por cima das coberturas. Ele estendeu mão para tocar o topo de sua cabeça.
***
Jennifer acordou com um sobressalto, sentindo como se seu corpo inteiro tivesse sido
pisoteado. “O que...” Então ela se lembrou e se levantou. Foi quando viu Christian dormindo perto
dela, de lado, ainda calçando seus sapatos.

Ele estava de frente para ela, e seu rosto estava suave e tranquilo em seu sono. Parecia um

menino, e ela se lembrou da outra vez que o tinha visto dormir, quando ele fez amor com ela, e ela
o abandonou na cama para correr para o seu trabalho.

Quando ele entrou em seu escritório meses atrás, ela tinha visto um bilionário – mais um dos
homens pomposos, frios e cheios de opinião que pensavam que mereciam ser tratados com respeito
apenas porque valiam bilhões. Ela julgara esse homem da mesma maneira, esse belo homem de
cabelos cor de areia, que havia entrado com uma aura de autoridade e privilégio carimbada em

cada fibra de seu corpo, e agora estava deitado ao lado dela, com seus sapatos, porque...
“Merda...” Ela se lembrou dele em alguns flashes. Perto dela. Acordando-a. Depois, ele a
levou para a cama após ela ter... Vomitado.
“Ai, meu Deus”, murmurou ela, pois não ousava fazer nenhum som e acordá-lo. Ele estava em
um sono profundo, um sono extremamente pesado. Ela tinha visto isso quando fugiu dele aquela
vez. Ela tinha derrubado uma luminária naquele dia, e ele conseguiu ficar profundamente
adormecido. Contando com isso, ela lentamente saiu da cama e ficou ao lado dele, não querendo
parar de observá-lo. Ele era muito bonito.
E eu estou fedida!

Ela se afastou quando percebeu estava uma lástima. Ao ver seu reflexo no espelho, seus
pensamentos foram confirmados. Parecia que um gato selvagem tinha tido um ataque de fúria em
sua cabeça. Seu cabelo estava correndo em todas as direções, sua pele estava úmida e grudenta,
e ela se sentia pegajosa e nojenta. Sem pensar duas vezes, ela entrou no banheiro, dolorida e
envergonhada. Ela não podia acreditar que havia vomitado na frente dele, e ele ainda estava lá.
Ela segurou a pia do banheiro quando uma onda de vertigem a engolfou; ela ainda estava
ligeiramente febril e até seus ossos doíam. Mas de forma alguma o homem que a vira vomitar e
iria vê-la assim. Ela se recusava a acreditar que ela estivesse com essa aparência de monstro
demente na noite anterior, quando ele estava cuidando dela.
***

Christian não sabia o que havia o despertado, mas ele demorou vários segundos antes de se

lembrar de onde estava. Jennifer não estava ao lado dele.


“Jennifer!” Ele pulou da cama, saindo do quarto. Ouviu o som da água corrente e dirigiu-se

ao banheiro, girando a maçaneta e sacudindo a porta. “Merda. Você trancou a porta?”


“O quê?”, ela gritou lá de dentro.
“Abra a porta.”
“Estou tomando um banho”, disse ela calmamente.

“Eu sei. Estou ouvindo a água. Você não está bem. Abra esta porta antes de cair e eu ter
que levá-la ao hospital.” Ele estava tentando falar de uma forma legal mesmo estando irritado.
“O que há de errado com você?”, ela gritou, desligando a água para ouvi-lo melhor.
“Não tem nada de errado comigo. Me perdoe por não querer vê-la cair no banheiro. Você
ainda está com febre?”
Ela parou momentaneamente, perguntando-se o que dizer. Minta. Apenas minta. “Não.”
“Você hesitou”, disse ele lentamente. “Abra a porta ou eu juro que vou arrebentá-la.”
“E então você vai pagar o conserto!”, disparou ela de volta com raiva.
A mão dele se soltou da maçaneta. “Você está falando sério? Você ficou desmaiada um dia

inteiro e agora você está brigando sobre quem pagará pela porta que eu quebrar?”
“Eu não estou brigando”, disse dela humildemente.
“Só me deixe entrar. Vou te ajudar a se vestir.”
“Não!”
“O que está acontecendo com você, Jennifer?” Ele perguntou incrédulo. “Eu não consigo
acreditar que eu estou tendo essa conversa.”
Jennifer enrolou a toalha ao redor de si mesma e abriu a porta. “O que aconteceu com
você, Christian?”, sibilou ela com raiva.
Christian lutou para não rir da fúria em seu rosto. Seu cabelo estava encharcado, seus
ombros estavam nus, e suas mãos agarravam a toalha acima de seus peitos como se sua vida

dependesse disso. “Que coisinha adorável você é.”

A boca de Jennifer se abriu, e ela segurou a toalha ainda mais apertada ao redor de si
mesma, os cabelos escorrendo pelas costas. “Pare de se meter. Eu não te pedi para vir aqui e me

tratar feito um bebê. Você não é meu marido.”


Christian fechou a boca e olhou para ela por um momento, vendo um flash de aborrecimento
desaparecer de seu rosto recém-lavado, impecável, para ser substituído por arrependimento. Ela
tinha acabado de abrir a boca para se desculpar quando ele a arrancou do chão e a jogou

sobre seu ombro.


Ela gritou. “Christian, pare com isso. Me coloque no chão”, gritou ela, e ele a jogou na cama.
Ela se levantou, apoiando seu peso nos ombros. “Isso é loucura.” Ela agarrou sua toalha, que
estava prestes a cair. “Você não deveria ter vindo. Agora saia e deixe eu me vestir.”
Ele agarrou sua cintura sobre sua toalha, inclinando sua cabeça para trás para olhar para
ela, porque ela estava de pé na cama. “Jennifer? Cale a boca.”
“Eu não estou brincando!”, ela reclamou.
“Eu estou aqui porque você estava desmaiado na cama. Você sabia que eu tive que quebrar
uma janela para entrar? Você acha que foi legal ver você tremendo e pingando de suor, sem

saber onde você estava ou quem eu era? Deixe de ser criança!”


Jennifer apertou os lábios, sua voz autoritária fez seus joelhos se tornarem fracos. Ela
engoliu em seco e relaxou um pouco, tentando se lembrar da última vez que um homem falou com
ela assim e ela havia permitido. Nunca. Jamais. Mas vê-lo na cama ao lado dela, dormindo com ela
porque estava preocupado, estava deixando-a tonta de felicidade, mesmo que ela estivesse
tentando não se deixar levar. As ações tinham sido inacreditavelmente gentis. Ele se importava. Ela
estaria deitada na cama sem ninguém se ele não tivesse vindo até ela. Seu devaneio foi
interrompido por choque quando ele tentou tirar a toalha de seus seios. “Meu Deus. Não!”
Ele apertou o dorso de sua mão contra a testa dela e apertou sua mandíbula. Ela ainda
estava queimando. Deixando-a de pé ali, ele abriu o armário e passou três segundos procurando

uma calça de moletom e uma camiseta de manga comprida. Ele trouxe as peças para onde ela

estava e levantou um dedo para seus lábios. “Não quero ouvir mais nenhuma palavra de você.
Estou te dizendo. Você está queimando de febre, você precisa descansar e você está agindo como

uma criança. Não tenho tanta paciência assim.”


“OK. Saia que eu vou me vestir.”
“Não!” Ele tentou tirar a toalha de suas mãos novamente, mas ela apertou mais forte. “Ah,
pelo amor de Deus, Jennifer. O que é que tem?”

“Eu não posso. Não é...”


“Não é o quê? Apropriado?” Ele se aproximou da toalha novamente. “Eu já te vi nua antes.”
Jennifer balançou a cabeça, mas estava se sentindo fraca. Estava exausta do banho e de
todas as discussões. Ela só queria se deitar de novo. “Eu sei que você acha que isso faz com que
eu me sinta melhor sobre isso, mas, acredite em mim, não faz.”
Christian riu e recuperou seu encantamento quando ela olhou para ele e finalmente o deixou
tirar a toalha.
Christian respirou fundo quando seu maravilhoso corpo nu foi revelado a ele. Ele arrastou a
toalha por suas pernas, secando-as, mantendo os olhos fora do triângulo de cabelos finos no ápice

de suas coxas. Ele engoliu, seu corpo traidor estava reagindo à visão. Sentindo-se como um
pervertido, ele a ajudou a entrar nas calças, tentando não vê-la balançar os seios enquanto se
inclinava, então ele a puxou para baixo para se sentar e ajudá-la com a camisa.
“Viu? Você não morreu.” Mas Jennifer permaneceu em silêncio. Seu corpo estava furioso, com
luxúria, desejo e febre. Felizmente, sem fazer nada estúpido, ela se moveu em direção a seu
travesseiro.
“Se segure. Ele a pegou e a levou para a sala, colocando-a no sofá. “Vou trocar a roupa de
cama.”
Ela se aconchegou no sofá, tremendo ligeiramente quando o homem que valia bilhões trocou
seus lençóis e então levou Jennifer de volta à cama novamente. “Fique aqui, eu vou pegar alguma

coisa para você comer.”

Ela assentiu com a cabeça e ouviu-o ir sair. Aninhada profundamente sob as cobertas
frescas, ela fechou os olhos e deixou-se afogar em seu afeto. Se ela pensou que havia se

apaixonado por ele antes, ela estava em sérios problemas agora. Porque, a partir deste dia em
diante, ela nunca o veria da mesma forma. Ela nunca seria capaz de se convencer de que o
homem não queria tê-la como um de seus troféus. Ele tinha mulheres caindo aos seus pés, atirando-
se sobre ele. No entanto, ele estava sempre com Jennifer, levando-a para sair, dançando e rindo

com ela. Agora ele estava aqui, cuidando dela quando ela estava no seu pior estado.
Capítulo Seis

Christian caminhou até onde Jennifer estava deitada, segurando uma bandeja com de suco
de laranja, torradas com manteiga e ovos. Ela estava dormindo profundamente. “Jennifer?”

Ela acordou com um sobressalto. “Sim?”


“Levante-se e coma. Você deve estar morrendo de fome.” Ele a segurou e insistiu que ela
tinha que comer. Ela lutou contra ele, mas finalmente desistiu e acabou comendo alguns pedaços do
ovo e duas mordidas das torradas. “Eu não consigo comer mais. Eu juro.”

Ele suspirou e empurrou a bandeja. “Fique acordada. O médico estará aqui a qualquer
momento.”
***
O médico examinou Jennifer e lhe deu alguns remédios, e Christian colocou-a na cama,
fazendo-a rir. “Pare de me mimar.”
Ele afastou o cabelo da testa dela e suspirou. “Eu juro que só vou ficar fora por três horas,
depois eu estarei de volta.”
“Tudo bem, eu estou melhor agora. Além disso, tenho que ir trabalhar daqui a pouco”. Ela o
viu fazendo uma careta, claramente desaprovando seus planos, mas ele não disse nada, e ela

sentiu uma pontada de respeito por isso. Febril e sonolenta, ela desejava que ele a beijasse. Fazia
tanto tempo que ela havia sentido aquela boca sobre a dela. Mas ela não pediu.
“Eu já volto.” Ele deu um beijo em sua testa e afastou-se abruptamente, notando tarde
demais que ela estava se movendo para prolongar o contato de seus lábios em sua pele. Ele fez
uma pausa e seus olhos se encontraram por um breve instante. Sem pensar, ele se inclinou e
pressionou os lábios ao lado de sua boca.
Jennifer ofegou e fechou os olhos. Tão perto. Sua boca estava tão perto, mas seu orgulho e
seu ego proibiam que ela puxasse sua boca para a dela. Ela o deixou ir embora.
Quando ela acordou novamente, estava escuro lá fora e ela imediatamente lembrou que

Christian havia dito que estaria de volta em três horas. Ela puxou seu telefone da mesa de

cabeceira e discou o número de John. “Por que você não me ligou, John? Perdi dois dias de
reuniões.”

“O Sr. Henderson ligou e disse que você não viria e que eu deveria cancelar todos os seus
compromissos.”
“Ai, meu Deus.” Ela apertou sua testa, grata por finalmente não estar febril. “Vejo você na
segunda-feira então.”

Ela tinha acabado de desligar quando viu Christian de pé na porta. Tentou ficar zangada
com ele por interferir em seu trabalho, mas não conseguiu fazer isso. O homem estava se matando
para cuidar dela. Sabe Deus quanto tempo ele tinha ficado com ela enquanto ela dormia. Além
disso, usando uma calça de abrigo e uma camiseta pretas, ele parecia tão jovem e despreocupado,
tão diferente do personagem bilionário que sempre a havia impressionado. Mesmo enquanto seu
corpo se esforçava para estar perto dele, ela estava muito alerta de que seu subconsciente estava
compelindo-a a lutar por ele. Para mantê-lo ao seu lado. Porque, pela primeira vez em sua vida,
ela não estava sozinha. Ela finalmente tinha alguém que assumia a responsabilidade por ela, que
se preocupava e que não estava apenas cuidando dela, mas de seu trabalho também. Ele estava

cuidando dela o tempo todo. Pela primeira vez, ela sentiu que tinha um companheiro.
“Você conseguiu voltar em três horas como você havia prometido?”, brincou ela.
Ele riu. “Eu voltei em duas horas e meia, e felizmente você estava dormindo profundamente.”
Quando ela apenas sorriu, ele colocou suas mãos em seus bolsos das calças. Ela parecia melhor.
Incrivelmente melhor, e ele ficou feliz. Ela tinha o assustado até não querer mais. Ele nunca desejou
deixá-la sozinha neste momento, e ele sabia que sempre iria se perguntar se ela estava bem caso
ela não atendesse seus telefonemas. “Espero que você esteja com fome. Eu pedi uma pizza.”
“Oh, você é um enviado dos céus.”
Rindo, ele deu um passo à frente. “Eu posso te carregar.”
“De jeito nenhum.” Ela jogou as cobertas, tropeçando pelo caminho de onde ela podia

farejar pizza. “Me mostre a comida.”

***
Jennifer estava de volta ao trabalho na segunda-feira e ria cada vez que Christian

telefonava para ela – uma vez por hora – para perguntar se ela estava se sentindo bem. Eles
jantaram juntos, e mais uma vez ele a deixou na porta de casa. Agora ela estava morrendo de
vontade de ser beijada, apenas uma vez. Ela não podia pedir. O que ele estava pensando,
deixando que ela desejasse por isso tão desesperadamente? Ele não percebe que eu quero? Seu

beijo. Sua boca. Suas mãos.


A semana passou em um piscar de olhos. As reuniões perdidas haviam se acumulado, e ela
estava o tempo todo se reunindo com clientes, verificando os arquivos sobre eles e os detalhes das
mulheres que haviam se registrado em sua agência. Ela gostava de trabalhar, ela sempre gostou,
mas, desta vez, ela estava perdendo algo vital em sua vida.
Christian.
Ela se amaldiçoou por estar tão apegada a ele, por pensar sobre ele o tempo todo. Era uma
necessidade constante ouvir sua voz, ver seu sorriso e até mesmo vê-lo preocupado por causa
dela. Era um sentimento de entorpecimento, e ela estava envergonhada por admitir que gostaria

de ficar doente de novo só para que ela pudesse ficar perto dele mais uma vez.
Ela ligou para ele assim que sua reunião da tarde de sexta-feira terminou, e ele atendeu no
primeiro toque.
“Finalmente.” Foi a única coisa que ele disse. “Eu não ouvi sua voz desde manhã.”
“Eu sei”, disse ela com um lamento, com muito sentimento em sua voz. “Senti sua falta.”
Christian segurou um sorriso lento, comemorando enquanto se levantava de sua mesa e
caminhava até a janela.
“Quer dizer...”, retrocedeu ela, seu coração martelando quando percebeu o que havia dito.
Ela tinha acabado de destruir sua armadura perfeita. O homem acreditava que ela não estava
clamando por ele, que eram apenas amigos. Ou não? Certamente havia algo a mais ali. “Porque

eu estava tão ocupada, e eu... Acho que o cansaço está me deixando louca.”

Christian riu em voz alta do seu óbvio desconcerto. “Ah, eu queria que você estivesse na
minha frente agora.”

Enrubescendo e ficando feliz por não estar, ela mordeu o lábio. Não havia mais nada que
ela pudesse fazer. Ela já havia piorado o erro umas dez vezes ao ficar tão afobada.
Eles passaram a manhã de sábado tomando café com dois de seus amigos mais próximos e,
no domingo, eles foram assistir a um filme. Fazia anos que ela não fazia nada divertido e

descontraído no fim de semana. Estar com Christian fazia com que ela percebesse o quanto se
tornara solitária. Seu fim de semana típico era repleto de leitura. Agora ela tinha uma pilha de
livros não lidos esperando em sua estante, pois ela nunca tinha tempo para eles. Ela tentou achar
consolo no fato de que ela simplesmente voltaria aos seus livros se algo acontecesse para destruir
esse estranho relacionamento que ela tinha com Christian. Ela ainda estava cem por cento segura
de que ele seria destruído. Porque isso é o que acontecia com as coisas boas, elas morriam e
terminavam, deixando você magoada e machucada por meses.
Na segunda-feira, ela estava esperando por um de seus clientes no escritório quando a
porta se abriu e Christian entrou, com uma aparência tensa mesmo que ele estivesse sorrindo.

Ela se levantou rapidamente, dando a volta na mesa. “Está tudo bem?”


“Sim, tudo está perfeito.” Ele a abraçou brevemente e tomou uma cadeira. “Eu sinto muito por
me intrometer tanto assim, mas o seu cliente estava em uma ligação e disse que não se importaria
se eu tomasse dez minutos do seu tempo.”
Jennifer riu. “Obrigada por me apoiar tanto no meu trabalho.” Ela se lembrou de como era
ter longos dias no escritório e ir para casa encontrar um Mark irritado, insatisfeito. Ele nunca ficava
feliz com nada que ela fizesse. Sempre a ponto de gritar, brigar, procurando formas de começar
uma discussão. Ela também se lembra de pisar em ovos para não irritá-lo. Automaticamente, ela
ergueu sua mão paga pegar a de Christian.
Christian olhou silenciosamente para seu rosto, tão desejoso, tão adoravelmente infantil. Como

se ela quisesse alguma coisa, mas sabia que não podia pedir. Ele cerrou a mandíbula e lutou

contra as palavras que derramavam de seu peito, lutando para serem libertadas. Ele não podia
prometer nada; ele sabia que ela o rejeitaria. Agora, mais do que nunca, ele sabia exatamente o

que a mantinha tão distante dele. Porque ela tinha falado sobre Mark, e agora ele sabia que seu
belo anjo estava emocionalmente marcado, e isso o fazia a querer ainda mais. Ele desejava a
oportunidade de protegê-la de tudo o que era mau, de lhe dar felicidade, risos e sorrisos, e ele a
desejava. Queria fazer dela sua, só sua. Embora isso o aterrorizasse, não mudava o fato de que

ele tentado deixar passar, tentado ir mais devagar, mas ele não conseguia. Era isso. Christian
Henderson estava nas nuvens e havia encontrado o amor em uma casamenteira.
Ele segurou a mão dela nas suas e a puxou para mais perto, observando seus olhos se
alargarem e sua boca se erguer. Suas bolas enrijeceram, e ele mais uma vez apertou cada músculo
em seu corpo para lutar contra a luxúria que fluía através dele. Fazia semanas que ela desejava
beijá-lo, que ela esperava ser beijada, e ele negava isso a ela, porque ele sabia que ela fugiria
no momento em que ele a beijasse. Ela era impulsiva; ele tinha visto isso no casamento quando ela
se jogou em seus braços e o beijou, fez amor com ele, e depois foi embora. Então ela tentou
romper todo o contato com ele. Ela faria isso de novo. Foi o que ela fez. Ela havia se entregado a

suas fantasias proibidas e então, para escapar das consequências, fugiu. Eu vou te beijar, querida,
tanto você vai me implorar para parar.
“Eu vim aqui para discutir algo com você.”
“Sim?”
“Eu sei que estou interrompendo o seu trabalho, mas eu estava realmente estressado, e você
é a única solução para quando eu perco a cabeça ultimamente.”
Jennifer deixou que seus dedos se entrelaçassem discretamente, sem querer pensar na
intimidade disso, mas se lembrou de como os dedos dele haviam mergulhado em seu corpo, aqueles
mesmos dedos longos e grossos haviam esticado suas entranhas e ficado empapados em sua
luxúria. Sua respiração ficou curta, e ela tentou se concentrar. “O que está te estressando?”

"Ah, é só... Uma nova empresa que eu quero assumir, mas o meu conselho de administração é

contra. Pela primeira vez, eles não concordam comigo, e acho que estaríamos em desvantagem se
não aceitarmos.”

Jennifer se aproximou, e seus olhos se estreitaram. “Não conheço você há muito tempo, mas
sei que, se você acredita em algo, normalmente não escuta mais ninguém.”
Ele a olhou nos olhos, sabendo exatamente o que ela queria dizer. O estresse, as
preocupações e a indecisão lentamente começaram a se desfazer. Seus olhos estavam repletos de

confiança e fé, e mesmo que ele nunca tivesse duvidado de si mesmo em sua vida, ver a confiança
espelhada nos olhos de outra pessoa era impressionante. Ele nem sabia que seria capaz de
encontrar isso, ou que, se o fizesse, que isso seria bem-vindo. “Então você acha que eu deveria
confiar em meu instinto e segui-lo?”
Jennifer sorriu. “Eu acreditaria em seu instinto e iria atrás dele. Há alguma coisa em você,
esta energia... Dinâmica. Eu acho que você deve fazer o que você tem vontade, e eu não duvido
nem por um momento que será a decisão correta.”
El deixou que seus olhos perambulassem pelo rosto dela, bebendo seus belos traços gloriosos
e suas maçãs do rosto elevadas. “Ok.”

O coração de Jennifer girou. De repente, ele não estava tão estressado e tenso. Ela poderia
dizer que havia aliviado completamente seus medos e preocupações apenas falando com ele
sobre o problema. Ela queria jogar seus braços ao redor de seu pescoço e abraçá-lo, mas era
uma ideia ruim. Realmente terrível. “E sabe de uma coisa?”
“O quê?” Ele sorriu porque os olhos dela estavam brilhando de alegria, e isso era
contagiante.
“Mesmo que a aquisição dê muito errado ou o que for, qual é a pior coisa que pode
acontecer? Você vai perder alguns dólares.” Ela encolheu os ombros.
Christian riu, com a cabeça jogada para trás, e antes que pudesse perceber, ele a puxou
para perto de seu peito, empurrando seu rosto para o meio e segurando-a mais apertada,

balançando-a suavemente. Isso o aliviou de dentro para fora, o acalmou. Um sentimento

aconchegante irradiava do centro do peito para seus membros até que ele foi tomado por um
calor reconfortante.

Ao se soltar, ela enganchou seu cabelo atrás de suas orelhas. “Apenas para me certificar...
Se você seguir meu conselho, você não pode reivindicar danos se a aquisição realmente se revelar
uma péssima decisão.”
Ele riu. “Vou seguir o seu conselho, e eu vou reclamar os danos.”

Jennifer sorriu, e ele notou uma leve sugestão de desorientação em seus olhos.
Jennifer estava estupefata. É assim que os relacionamentos felizes de verdade são?
Debater as coisas, compreender quando a outra pessoa estava ocupada e precisava
trabalhar, nunca ficar irritado e esperar ansiosamente para ver o rosto um do outro no final do
dia. Ela não conseguia acreditar que ele a respeitasse tanto. A opinião dela importava. O que ela
pensava, o que ela sugeria. Nunca lhe haviam pedido sugestões, especialmente quando envolvia
milhões de dólares.
O dia de hoje tinha sido um marco em sua vida, e mesmo que ela sempre tivesse acreditado
ser uma mulher independente, obstinada e inteligente que poderia fazer qualquer coisa que

quisesse, ela nunca tinha se sentido tão poderosa.


Quando Christian saiu e seu cliente entrou para conhecê-la, seus pensamentos rodopiaram
rapidamente, dizendo-lhe apenas uma coisa. Sozinho, este homem era capaz de fazê-la
reconhecer mais forças em si mesma. Sua natureza dominante, autoritária e às vezes ditatorial não
a minava, não a oprimia. Isso a fazia mais forte, lhe dava liberdade, e metade do seu coração
parecia estar ligada a ele permanentemente.
Capítulo Sete

Jennifer estava nervosamente tentando compensar sua recusa em ir até a casa de Christian
para jantar.

Ela queria ficar longe de lugares privados com quartos. Porque ela se conhecia e sabia o
quanto ficava fraca perto dele. Certamente não ajudaria em nada estar em um ambiente que
literalmente a compeliria a tirar suas roupas e deixá-lo mergulhar seu corpo dentro dela
novamente.

Então eles se sentaram nos banquinhos, esperando um lugar no agitado restaurante


exclusivo. Mas, surpreendentemente, Christian não estava de mau humor. Ele entendia, ele sorria e
ele fazia piadas. Ela sacudia a cabeça para se esquecer dos pensamentos recorrentes sobre Mark
que recentemente haviam tomado conta de sua mente. Ela não deveria comparar os dois. Foi
desrespeitoso com Christian. Porque este homem sentado ao seu lado não guardava ressentimentos,
não lutava para fazê-la pagar por algo que ele queria e ela tinha negado.
“Você está irritado comigo?”
As sobrancelhas dele se juntaram. “Por que eu estaria irritado com você?”
Ela engoliu em seco, sua ansiedade aumentando, e ela mordeu o lábio. Ela precisava parar

de falar. Ela precisava parar de comparar os dois homens que não tinham nada em comum, exceto
que ela tinha caído aos pés dos dois. “Eu não sei. Você queria me levar para a sua casa, e eu não
quis ir.”
Ele fez uma careta. “Você está louca? Eu ficaria irritado porque você fez o que queria
fazer?” Ele balançou a cabeça. “Você tem o seu próprio livre arbítrio, Jennifer. Caso você não
tenha notado, eu não acredito forçar as pessoas a viver como eu quero que elas vivam.” Ele se
acalmou quando ela ficou de queixo caído e a vergonha corou suas bochechas. Ela desviou o
olhar, e instantaneamente ele soube exatamente o que isso significava. Mais uma vez, seu instinto
lhe deu um alerta. “Você pode fazer o que quiser, sempre que quiser, e mesmo que eu não esteja

de acordo com você, você sempre pode contar com meu apoio.”

Ela encontrou os olhos dele, e seus dedos ficaram frios. Ela ficou de repente aterrorizada...
Com medo de perdê-lo.

Ele se inclinou para mais perto e tirou uma mecha de cabelo cor de chocolate de seu rosto.
“Se eu alguma vez eu estiver irritado, eu vou te falar. Mas nunca seria porque você não fez o que
eu queria. Sério. Como você pôde pensar nisso?”
Jennifer sorriu, e eles foram direcionados para a mesa. Quando se sentaram, seus

pensamentos erráticos e insanos se dissiparam para serem substituídos por contentamento. Tudo
parecia diferente. A música, as pessoas tagarelas, o tênue som das taças tilintando. Positividade e
felicidade fluíam através de seus membros.
“Então eu encontrei um edifício espetacular em Miami, e eu estou decidido a compra-lo e
transformá-lo em uma loja de departamentos”, disse Christian depois de fazer os pedidos ao
garçom. “Mas... Eu estaria sempre viajando de um lado para outro e eu não sei... Eu pensei que eu
deveria conversar com você.”
O coração de Jennifer começou a bater mais rápido. No entanto, ela tentou não acreditar no
que seu coração lhe dizia. “O que você quer dizer?”

Ele suspirou. “Olha, eu sei que nós somos apenas... Você sabe... Amigos”, disse ele com um
sorriso, forçando seus olhos a esconder o quanto ele se importava com ela. Ele tinha que esconder
isso se quisesse mantê-la ao seu lado. Transar, beijar, significava pouco quando ele temia que ela
cortasse todo o contato com ele. Isso ele não podia arriscar. “Todos os meus negócios principais
estão aqui, e há algum tempo eu já queria diversificar. Mas o problema é: se eu seguir este
projeto, vou ter que viajar tanto para Miami que eu não vou conseguir te ver com a mesma
frequência.”
O coração de Jennifer afundou. Ele estaria longe. Ela estava muito perto de encontrar seus
velhos amigos – seus livros – novamente. “Hm. Não sei o que você espera que eu diga.”
Ela parecia estar de coração partido por causa da notícia, o que fez o coração flutuar. “Eu

queria saber se você acha que devo prosseguir com o projeto.”

Jennifer pegou seu copo de água e olhou para ele como se fosse a coisa mais fascinante do
mundo. “Posso ser um pouco egoísta agora?”

Christian deu uma risadinha. “Sim. Você pode ser realmente egoísta.”
Ela encontrou seus olhos. “Eu não quero dizer que estou extasiada com uma ideia quando eu
não estou.”
“Hmm.” Ele engoliu em seco. “Você estaria disposta a me acompanhar nas minhas viagens?”

Jennifer riu. “Viagens? Eu não posso acompanhá-lo em ‘viagens’. Isso está no plural.”
Ele riu. “Sim, e eu vou me certificar de planejá-la de acordo com as suas reuniões
importantes. Você poderia delegar mais. Contratar um gerente e estabelecer dias da semana nos
quais você participaria das reuniões. Quer dizer... Você poderia tentar. A outra opção é que eu
simplesmente não vou seguir com o projeto. Porque eu não vou sem você.”
Ela ficou de queixo caído e se segurou para não sorrir, delirando com as palavras dele. “Isso
é extorsão.”
“Não. Olha, eu tenho que estar lá na noite de sexta-feira, e eu não quero ir sem você.”
“Esta sexta? Tipo esta sexta?” Seus olhos se arregalaram.

“Sim. É só por dois dias. Eu vou ter reuniões, e você pode ir comigo se quiser, ou aproveitar
parar tirar umas miniférias.”
“Hmm... Sim. Não. Não sei.”
“Vamos. Eu não quero voltar para um quarto de hotel vazio.”
Jennifer corou e fechou a boca. “Não vamos ficar no mesmo quarto de hotel.”
“Claro que não. Se soou como se eu estivesse insinuando isso, foi um erro. Eu quis dizer que
eu quero ficar acordado até tarde, sair, e depois cair na cama exausto no meu próprio quarto de
hotel, ao lado do seu quarto de hotel.” Ele riu quando ela deu um sorriso para a sua explicação.
“Você topa? Estaremos de volta na segunda-feira à noite, então você só vai faltar um dia de
trabalho. Você não tem que ir se você não quiser. Você decide. Eu só pensei que você poderia

querer dar uma pausa do trabalho.”

Ela não conseguia acreditar que tinha sido tão fácil convencê-lo. Metade dela dizia que ela
estava sendo incrivelmente infantil por não dormir com ele, sendo que ela queria, e isso a

assustava, seus impulsos. O diabinho que morava dentro da sua cabeça continuava dizendo a ela
para ceder. Afinal, eles já tinham dormido juntos, certo? “Eu adoraria dar uma pausa do trabalho.”
***
Jennifer ficou feliz por ter concordado em viajar com Christian para Miami. Christian havia

saído para uma reunião. O hotel era um colírio para os olhos, e ela não conseguiu resistir a ir
nadar na piscina. O dia estava lindo, e ela estava desfrutando cada momento que passava com
Christian.
Eles tinham chegado na sexta-feira à noite e jantaram tarde no restaurante do hotel antes
de ir dormir. Seus quartos eram lado a lado e, embora ela tivesse passado boa parte da noite
desejando estar ao lado dele, e não do outro lado da parede, ela se saiu bem e não se entregou
a suas tentações ilícitas.
Sabendo que Christian estaria de volta a qualquer momento, ela rapidamente saiu da
piscina, querendo ter tomado banho e se vestido antes que ele chegasse. Ela tinha pegado sua

toalha quando ouviu alguém chamar seu nome.


Seu sangue congelou em suas veias, seus olhos se arregalaram e sua respiração ficou presa
em sua garganta. Ela conhecia aquela voz. Ela conhecia. Mas ela não queria acreditar. Ela se virou
lentamente e viu o rosto dele uma fração de segundo antes de seus braços fortes envolverem seu
corpo molhado e pingando.
“Meu Deus. Não consigo acreditar que é você.”
O cheiro de Mark atingiu suas narinas. A nostalgia a arrebatou, e ela lutou contra isso,
fugindo, encolhendo-se. Era a primeira vez que o via em cinco anos. E ela não queria. Ela entrou
em pânico, queria correr, escapar da sensação de ser abraçada por ele, de seu cheiro, de sua
voz, de seu rosto. Sem pensar, seu corpo entrou em ação, empurrando o peito dele com seus

braços, que foram esmagados entre seus corpos.

Ele se afastou e sorriu para ela, seus olhos azuis brilhando de felicidade ao vê-la. Ela tinha
sonhado em ver aqueles olhos durante anos, e agora que ela estava vendo, ela os odiava com

furor. Não havia nada bom lá. Apenas frio. A fúria brilhou dentro dela.
“Você está linda.” Os olhos dele deslizaram por seu corpo de biquíni, e ela desejou poder se
cobrir com alguma coisa. Só para que ele não a visse.
Ela tentou dizer algo, mas não conseguiu. Ela deu um passo para trás, e seus olhos passaram

pelo rosto de Mark, olhando por cima do ombro dele. E seus olhos encontraram os de Christian.
Ele estava com as mãos nos bolsos, e seus olhos se estreitaram. O coração dela pulava em
sua garganta. E ela queria correr até ele, por alguma razão imbecil, se esconder em seu perfume,
como se pudesse lavar o toque e o cheiro de Mark e a marca das mãos dele em seu corpo.
Christian não sabia quem era aquele homem ou o que estava acontecendo. Ele quis
surpreendê-la voltando cedo da reunião, mas apenas encontrou o quarto dela vazio com a equipe
de limpeza trocando os lençóis. Ele tinha vindo até a piscina e estava caminhando até ela quando
outro homem fez isso antes dele.
Ele não reconheceu o olhar no rosto de Jennifer enquanto ela olhava para ele. Meio desejo,

meio medo. Não tinha certeza de qual sentimento era para ele. Porque ela parecia rígida e
desconfortável. Ele não queria tirar conclusões precipitadas, mas sua cabeça estava em parafuso.
Ele avançou lentamente, segurando o olhar desesperado de Jennifer.
Jennifer não se importava mais por ter sido destruída. Ela pensou que choraria, gritaria e
ficaria arrasada ao ver Mark. Mas tudo o que sentia era um vazio. E ver Christian por trás de
Mark fez o chão tremer sob seus pés. Ela não deu a mínima para Mark. Tudo com que ela se
importava era Christian. Somente Christian. Ele lhe dera seu tempo e atenção. Ele a deixara tão
feliz. E ele parecia estranhamente desconcertado.
O coração dela martelou violentamente e seu corpo se dirigiu para ele, sem ouvir uma
palavra do que Mark disse quando Christian veio e ficou ao lado dela.

Ela sorriu brevemente, como costumava fazer. Ele sempre a fazia delirantemente feliz por

estar viva. Por que você está lutando contra isso? Por causa de Mark? Por causa do filho da puta que
te deixou apodrecer? Você está punindo Christian, que passou todos os momentos em que esteve

acordado com você nos últimos meses. Ela estava fazendo-o sofrer por qual motivo? Por algo que
Mark fez a ela há cinco anos. Ela estava envergonhada e furiosa consigo mesma, e viu as coisas
mais nitidamente. A única coisa que ela não entendia era por que Christian não a odiava por isso.
“Ei”, ela murmurou e se virou para Mark, evitando o olhar dele porque era simplesmente

nojento. Ela era nojenta e patética por ter chorado por ele por tanto tempo. Ela estava furiosa
consigo mesma.
“Mark, este é Christian Henderson. Christian, Mark Sanders.”
Ela não conseguia enxergar tamanho frio que emanava do corpo inteiro de Christian. Era
como um golpe, e ela o viu desviar seu olhar para longe do dela. Pela primeira vez, a irritação
marcou o rosto dele. Mais do que aborrecimento, decepção. Dor. Mas ele desviou o olhar, apertou
a mão de Mark e já pediu licença antes que Jennifer pudesse dizer alguma coisa. Ele saiu,
caminhando ao longo da piscina para entrar no hotel.
Jennifer ofegou em pânico, olhando para onde ele ia. Ela o havia visto ficar irritado quando

ela estava doente; eles discutiram, eles haviam brigado, mas nunca desse jeito. Nunca assim.
Não vá embora. Eu te amo. Mas seu coração estava partido. Algo não estava certo. Por que
ele foi embora? Por que ele não ficou? Por que ele não olhou para mim e sorriu como se eu fosse
tudo para ele?
E seus ouvidos zumbiam enquanto Mark tentava chamar sua atenção. Ela não ouviu uma
palavra do que ele disse. Tudo o que ela sabia era que o homem que usava um terno ao lado da
piscina, afastando-se dela, era o homem que tinha feito mais por ela do que qualquer outra
pessoa. Era ele. Sua vida girava em torno dele há meses. Por que ela não tinha visto isso? Por que
não o deixara se aproximar? Por causa de Mark? Ela levantou o olhar para Mark e viu que o
sorriso dele havia desaparecido. Ele estava irritado por não ter conseguido chamar sua atenção.

Como sempre.

Agora ele estava com uma expressão que ela havia visto milhões de vezes. Ela tinha visto
tantas vezes ela a odiava do fundo da sua alma, mesmo quando eles estavam juntos.

“Tchau, Mark”, disse ela em uma voz forte, sem emoção, porque era assim que ela estava se
sentindo. Apenas frieza e desapego; ela não se importava se esse homem estava vivo ou não.
Ela pegou sua camisa e a colocou sobre seu biquíni, entrando no hotel. Christian havia dito
que nunca quis forçá-la, obrigá-la a fazer qualquer coisa, e ela poderia fazer o que quisesse, sem

explicações. Mas, naquele momento, ela queria lhe explicar, ela queria suplicar e implorar e dar a
ele uma explicação e depois dizer que ela o amava.

Eu te amo, Christian. Sua mente continuava gritando essas palavras, e ela não conseguia mais
esperar para pronunciá-las. Ela procurou por ele no saguão, depois subiu para o quarto dele. Ele
não estava em lugar nenhum. Ele não atendia o celular. Ela rapidamente tomou banho e se vestiu,
pegando a primeira camisa de seda e calças azuis que encontrou. Depois que terminou de se
vestir, ela apressadamente secou seu cabelo e amarrou-o em um rabo de cavalo – ela estava
muito estressada para fazer qualquer esforço. Ela tinha que encontrar Christian, e ela andaria

pelas ruas de Miami durante toda a noite se tivesse que fazer isso. Ela estava saindo pela porta
da frente do hotel quando o instinto lhe disse para virar, e ela o viu sentado sozinho em um dos
sofás, olhando para a mesa diante dele, com a mandíbula apertada.
Seu coração se partiu. Ela se lembrou do homem frio e distante que tinha entrado em seu
escritório e depois do homem brincalhão que inventava desculpas para rejeitar as garotas mais
incríveis com quem ela o combinava. E então ela se lembrou do homem apaixonado, ofegante,
forte, que cobriu seu corpo e mergulhou dentro dela, ansiando por ela. Ela também se lembrava
da visão dele dormindo em sua cama, com seus sapatos, enquanto ela estava doente e febril.
Pedindo-lhe conselhos, sorrindo e fazendo-a rir, rodopiando com ela pela balada...
Eu te amo. Eu te amo. Ela caminhou lentamente para mais perto, uma sensação de ruína

tentando fazê-la cair de joelhos, mas a visão do rosto dele era suficiente para mantê-la em pé. Ele

era a sua força. Ela não sabia como tinha acontecido, mas este homem estava lá para ela, e ele
era seu parceiro. Ele sempre a tinha de volta, e ela o queria para a eternidade – mesmo que isso

não fosse impossível com um homem como ele.


Sem saber o que dizer, ela afundou no sofá ao seu lado o olhar dele se levantou.
Christian respirou fundo. Ela tinha vindo. E ela parecia envergonhada, aterrorizada. Ele
odiava vê-la assim. Pelo menos, ela tinha se importado o suficiente para que ele soubesse que ela

queria Mark. Ela queria seu ex, e não ele. Ela era livre para fazer o que quisesse, contanto que
ela estivesse feliz.
“Ei.”
Jennifer ficou surpresa por ele soar tão normal, tão cordial. “Ei.” Ela sorriu brevemente. “Por
que você está sentado aqui?”
Ele encolheu os ombros. “Só estou pensando.”
Jennifer emitiu uma respiração trêmula. Ele já estava tão desapegado. Ela sentiu como se
fosse morrer. Não podia dizer que o amava. Não agora. “Acho que te devo uma explicação.”
“Nunca”, disse ele vigorosamente, balançando a cabeça. “Você nunca me deve uma

explicação para nada.”


Jennifer deslizou uma mão sobre seu braço e sua mandíbula apertou. “Apenas me deixe
falar, por favor. É importante. Isso pode mudar o que temos, mas eu sempre...” Sua voz fraquejou, e
os olhos dele encontraram o rosto dela enquanto as lágrimas corriam.
Era isso. Finalmente, depois de todo esse tempo, ele tinha perdido Jennifer para Mark. O
homem que a tinha abandonado, que tinha partido seu coração. “Eu entendo.”
“O cara na piscina hoje, ele não é apenas uma pessoa aleatória. Ele é meu...”
“Ele é o seu ex-noivo. Ele abandonou você sem nem dizer. Você o amava, e ele simplesmente
foi embora.” Ele se virou para encará-la. “Você não tem que explicar, de verdade.” Ele levantou
uma mão para acariciar sua bochecha. “Eu entendo.”

“Como... Como você sabe tudo isso?”

“Você falou sobre Mark quando estava doente.”


Seu queixo caiu e ela ficou boquiaberta. “Por que você não falou sobre isso comigo depois?”

Ele encolheu os ombros. “Eu não sei. Achei que ele estivesse no passado. Que não importava
mais. Agora importa.” Ele se forçou a sorrir. “Você ainda o ama. Está tudo bem.”
“O quê? Não!”, gritou ela, mais alto do que ela queria.
Christian olhou ao redor quando estranhos aleatórios pararam de conversar para olhar

para eles. “Não o quê?”


“Eu não o amo. Você está louco?”
As sobrancelhas de Christian se juntaram, seu sangue correndo por seus membros frios, seu
coração martelando. “Então, o que está acontecendo? O que você está explicando?”
Ela estava horrorizada. “Christian... Pelo amor de Deus! Pensei que você estava bravo comigo
por abraçar o Mark, ou por qualquer outra coisa.”
Ele riu. “Por que eu estaria bravo com você abraçando alguém? Pare de me comparar com
aquele cara. Eu não sou ele. Eu nunca te abandonaria como ele fez. E eu não fico irritado com
qualquer coisinha.”

Jennifer se encolheu e ficou com a cara no chão.


“Sinto muito”, disse ele rapidamente.
“Não, você está certo. Eu faço muito isso. Eu tenho tentado não comparar vocês dois... Porque,
sendo sincera, eu acabei de perceber que vocês são opostos de qualquer maneira. E ele não
significa nada para mim.”
Christian refletiu sobre as palavras dela. “E outra coisa. Ninguém tem o direito de ficar
bravo com você por nada. Faça o que você quiser e pare de pedir desculpas por isso. Eu consigo
entender que você esteja acostumada com isso. Eu não sei por quê, mas você está, mas se livre
disso. Essa é a única coisa que eu não gosto em você. Você acha que qualquer pessoa aleatória
tem algo a dizer sobre o que você faz da vida. Nunca peça desculpas por algo que você acredita

estar certo.”

“Você não é uma pessoa aleatória.”


“De tudo o que eu falei, foi só isso que você entendeu?”

Jennifer riu. Ela não conseguiu segurar, e ele riu junto com ela, balançando a cabeça. “Eu
não consigo acreditar que você achou que eu amava Mark.”
“Eu não consigo acreditar que você achou que eu tivesse o direito de ficar bravo com você.”
Jennifer mordeu o lábio. “Eu pensei...” Ela parou, encontrando os olhos dele. “Eu pensei que

amava Mark de um jeito que eu morreria se ficasse sem ele. E eu realmente acreditava que eu meu
destino seria desaparecer porque ele não estava mais por perto. E então...” Seu rosto se iluminou.
“Eu te encontrei. O que eu tinha com ele, nosso relacionamento, era uma droga! Não entendíamos
os objetivos e as ambições de cada um, eu nunca ouvi seus conselhos e ele nunca pediu os meus.”
Christian absorveu suas palavras, cada expressão, cada palavra. Ela soava ofegante e
melancólica novamente, e ela não amava seu ex. Ele estava simplesmente feliz por ela ter
reconhecido isso, mas, através de suas palavras, ele tinha entendido o quanto ele significava para
ela. O quanto ela notava tudo o que ele dizia ou fazia. Inferno, ele tinha percebido que tê-la por
perto significava que ele sempre tinha alguém com quem contar, mas ela havia percebido também.

“Christian.” Ela deslizou uma mão sobre seus nós dos dedos e baixou seus olhos. “Eu nunca
tive um companheiro antes de te conhecer.”
Christian viu nos olhos dela. Ela era dele. Toda dele. Ele não precisava mais lutar. Era algo
esmagador, e ele precisava fazer alguma coisa, qualquer coisa, para selar isso. “Voltarei em duas
horas”, disse ele friamente e se levantou, saindo do saguão.
Jennifer ficou boquiaberta, confusa, perplexa. Que diabos?
Capítulo Oito

Jennifer andava de um lado para o outro no quarto do hotel, entrando em pânico. Christian
ainda não tinha voltado, e ela estava se amaldiçoando por revelar tanto. Ele tinha fugido. Ele tinha

se intimidado. Afinal de contas, ele era o fóbico de compromissos, o cara que nunca tinha estado
em um relacionamento. Por que ela supôs que ele iria agarrar a chance de ficar com ela? O que
ela fez foi basicamente assustá-lo completamente. Ela agradeceu aos céus por não ter dito que o
amava. Isso teria selado seu destino completamente.

Uma hora depois, ela estava deitada sobre as cobertas, lutando contra as lágrimas. Ela
estava desolada e irritada consigo mesma por ficar tão apegada a ele. Tinha sido inevitável. Ele
era o tipo de homem que você respeitava e se apaixonava. Ela tentou não fazer isso. Ela tinha
tentado tanto. Mas ela falhou miseravelmente. Especialmente agora que ela tinha percebido como
havia sido tola por se manter longe de um homem como ele, por causa de algo que aconteceu no
passado, por causa de um homem que não a merecia, em primeiro lugar. Um homem que não
servia para ela. Ela ficou ainda mais arrasada quando se convenceu de que ela era a única
responsável por perder Christian.
Uma batida na porta fez com que ela se levantasse como um raio. Ela esfregou o rosto para

remover qualquer traço de suas lágrimas e correu para a porta, sabendo com certeza que seria
Christian. Seu coração lhe disse que ele não iria simplesmente deixá-la sem dizer nada. Ele voltaria
para conversar sobre as coisas, para resolver qualquer problema que ele tivesse. Mas era o
serviço de quarto, e ela abriu a porta, seu coração se afundando em seus calcanhares.
“Sim?”
“Tenho um pacote para você.”
Suas sobrancelhas se franziram. “Para mim? Você tem certeza?”
O homem verificou um papel em sua mão. “Jennifer White?”
“Sim.” Ela pegou as duas grandes caixas, olhando para o reluzente logo da Gucci

estampado em um deles e o da Jimmy Choo no outro. É claro que ela sabia o que estava dentro

delas muito antes de reunir coragem para abri-las.


Ela não podia deixar de pensar que eram de Mark. Ele parecia extasiado ao vê-la, e ela

simplesmente ficou aturdida. Seus dedos tremendo, ela tirou tampa na caixa de Gucci, empurrando
para longe o papel e puxando para fora um vestido azul-cobalto-intenso. Sua respiração escapou
com um leve assovio. Era o vestido mais lindo que ela já tinha visto. Sem alças, o vestido se parecia
com o vestido que ela havia usado no casamento – quando ela havia tido um encontro falso com

Christian. Ele tinha tirado aquele vestido de seu corpo e tocado cada centímetro dela, antes de
mergulhar dentro dela de novo e de novo.
“Christian”, ela disse com um suave suspiro, melancólica e carente, segurando o vestido em
seu peito. Não havia nenhuma forma de este vestido ser de Mark. Em primeiro lugar, Christian tinha
o gosto mais requintado, e em segundo lugar, ela sabia o significado do vestido. Tinha escolhido
apenas para lembrá-la daquela noite. Ah, como ela foi estúpida em rejeitá-lo. Em mantê-lo
afastado. Ele deveria ter passado os últimos meses na cama com ela, constantemente, em todas as
chances que eles tiveram.
Lutando contra as lágrimas, ela abriu a segunda caixa e tirou sapatos de ouro-envelhecido.

Os saltos eram mais altos do que ela jamais havia usado, mas ela estaria bem. O homem que os
comprara ainda a dominaria, do jeito que ela tanto amava. Fazendo-a se sentir pequena e
minúscula, com necessidade de proteção. Sua independência, sua personalidade mudava quando
ela estava com ele. Ou talvez não. Com ele, ela era seu verdadeiro eu, o eu que ela nunca soube
que existia.
Um pouco depois, seus olhos caíram sobre o bilhete enfiado embaixo da fita na caixa.
Vejo você às seis.
E se não fosse Christian, e se fosse Mark?
Ela sacudiu a cabeça para limpá-la desse pensamento. Ela atravessaria aquela ponte
quando ela chegasse. No momento, ela acreditava que era Christian, e isso era suficiente para ela.

Ela arrumou o cabelo no mesmo coque que ela havia usado no casamento. Ele tinha adorado,

soltando-o com os dedos no quarto, deixando para trás uma confusão emaranhada. O vestido
servia perfeitamente e o corpete era confortável, um pouco mais revelador do que qualquer

vestido que ela já havia usado.


Com seu Jimmy Choos dourado em seus pés, ela se sentou na cadeira, esperando o relógio
marcar seis horas. Exatamente cinco minutos antes da hora, uma batida na porta a fez tremer em
uma respiração trêmula.

Não querendo olhar através do olho mágico, ela fechou os olhos e desejou fervorosamente
que fosse Christian. Caso contrário, seria extremamente embaraçoso. Ela arrancaria este vestido de
seu corpo e jogaria fora os sapatos, e os atiraria no lixo se não fossem dele.
Ela abriu a porta e ofegou, seu coração martelando.
Christian apertou a mandíbula. Seus olhos flutuavam sobre seu rosto, seu vestido, seus seios
redondos e cheios, apertados no corpete sem alças do vestido que fazia sua pele parecer
luminosa. Ele sorriu brevemente. “Você é uma mulher linda”, disse ele com uma risada provocadora.
O corpo de Jennifer se aqueceu, atordoado e delirantemente feliz por ter sido ele. Ela se
esqueceu completamente de Mark, deslizando sua mão para a mão dele estendida. “Ah, é o

vestido. Seja lá quem tenha comprado, ele tem um gosto requintado.”


Seus olhos flamejaram, e ele se inclinou para dar um beijo em sua testa. “Realmente, eu
tenho.”
O elogio fluía através dela, e enquanto o elevador fazia o seu caminho para baixo a partir
do décimo segundo andar, ela recostou sua bochecha contra a frente do terno dele, acariciando a
lapela, seus olhos fechados enquanto ela saboreava seu cheiro. Me desculpe por tudo. Eu te amo.
Ela ia falar, mas outras pessoas entraram no elevador. Ela estava prestes a se afastar quando o
braço dele passou em torno de sua cintura, segurando-a mais perto. Jennifer fechou os olhos e
confiou nele completamente, sabendo que o que quer que fosse, ela não se importava. Ela estava
segura.

***

“Você está brincando comigo?”, gritou Jennifer, rindo enquanto ele segurava sua mão e a
puxava para um iate luxuoso. “Isso é uma loucura.”

Christian tirou o paletó e entregou-o a uma das tripulantes e guiou Jennifer até a frente do
iate, onde assentos confortáveis ao redor de uma mesa a fizeram sorrir.
“Você superou a si mesmo, rapaz”, brincou ela, tão feliz que não conseguia parar de sorrir.
Christian estava feliz por ela estar de bom humor. Suas entranhas estavam cheias de

nervosismo e apreensão. Ela não sabia o que ele queria dela, e ele estava cem por cento certo de
que ela iria fugir dele assim que ele falasse. Pois enquanto o iate saía do porto e os garçons
começaram a lhes trazer bebidas e aperitivos, ele sabia que Jennifer White era complicada e
imprevisível.
“Como foi sua reunião?”
Christian encolheu os ombros. “Foi tudo bem. As necessidades financeiras foram um pouco
mais acentuadas do que eu tinha presumido, e eu quero que eles consertem isso antes de
prosseguirmos com a renovação do edifício.”
“Você já tem uma loja de departamento em algum lugar?”

“Não. Esta é a primeira. E você, Jennifer? Quais são seus planos para o futuro? Você não
quer diversificar seus serviços?”
Ela riu. “Como o que, por exemplo? Começar a fornecer acompanhantes?”
Ele riu.
“Ou...”, ela parou com o garfo no ar. “Eu poderia oferecer um novo serviço. Encontre sugar
daddies para estudantes universitárias.”
Christian engasgou com seu vinho e riu alto, sacudindo a cabeça. “Isso parece uma ideia
fantástica. Talvez você possa me inscrever como um sugar daddy.”
A comida de Jennifer ficou presa em sua garganta. Ela olhava fixo para os olhos verdes
dele, sentindo um pouco de desafio. “Nem por cima do meu cadáver.”

Christian olhava para ela, afogando-se na maravilhosa cor de chocolate de seus olhos. Ele

sentiu que ela estava diferente. Essa declaração foi a primeira e única coisa que ela já havia dito
que o fazia sentir que ela o queria somente para si. Ela sempre falou sobre encontrar combinações

e mulheres, e isso foi inédito. Seu coração estava martelando violentamente, ele decidiu meter a
cara mais cedo do que tinha planejado originalmente. “Jennifer... Quando cheguei à sua agência
pela primeira vez, eu disse que estava procurando algo significativo.”
“Sim, eu me lembro.”

“Eu não estou brincando, Jennifer.”


Jennifer fez uma pausa e respirou fundo. Era isso. “Eu tenho que te dizer uma coisa.”
“Não, eu primeiro.”
“Por favor.” Ela foi mais perto dele e pegou sua mão. “É importante. É importante que você
saiba disso.”
Seu coração murchou, mas ele inspirou agudamente e esperou. “Continue.”
“Eu já desperdicei tanto do seu tempo e... Me deixe falar!”, disse ela quando ele estava
prestes a interromper e discordar. “Apenas me ouça. Eu passei anos e anos pensando que o que
aconteceu com Mark tinha destruído todas as chances de eu encontrar algo significativo na minha

vida. E eu estava enganada. Christian...” Ela balançou a cabeça. “Eu te amo.”


A respiração de Christian escapou apressada. Ele olhou para ela, seus dedos apertando os
dela, sua respiração ficando irregular. “Eu... É...” Ele tinha planejado dizer coisas, mas isso acabou
bagunçando tudo, fez seus discursos cuidadosamente ensaiados se tornarem inúteis. Ele se afastou
dela e se abaixou no assoalho do iate, que balançava suavemente, enquanto observava seu belo e
confuso rosto, os fios de seu cabelo voando ao redor de seu rosto na brisa úmida e salgada.
“O que você...”
Christian enfiou a mão no bolso e tirou o anel, apertou-o entre os dedos e o levantou. “Eu
não esperava encontrar algo tão maravilhoso com você. Mas eu encontrei, e agora eu não posso
fingir que, toda vez que eu vejo seu rosto, eu não quero agarrar você no meu peito e te beijar até

você gritar para eu te soltar.”

“Ah, meu Deus!”, ofegou Jennifer, lágrimas rolando por suas bochechas, seus nódulos brancos
enquanto ela apertava suas mãos. “Ah, meu Deus!” Um soluço escapou de seu peito.

Christian respirou fundo. “Case comigo. Por favor.”


Jennifer se jogou em seus braços, quase o derrubando enquanto ele se ajoelhava. Mas ele a
agarrou firmemente pela cintura, inalando seu cheiro, saboreando a maravilhosa sensação de ter
seu corpo encaixado contra o dele de novo.

“Meu Deus, como eu senti falta disso.” Os ombros dela se chacoalhavam e o fizeram
perceber tardiamente que ela estava chorando, e ele abriu os braços, puxando-a de volta para
olhar seu rosto. “Jennifer, nunca chore. Nunca.” Ele sorriu. “Se você odiou o anel, você sempre pode
ganhar outro.”
“Não.” Ela bateu no peito dele e enxugou as lágrimas.
“Então, você está disposta a me aturar pelo resto de sua vida?”
“Claro que sim!”
Christian apertou os lábios contra a face dela, beijando-a profundamente, sentindo seu
corpo se tornar macio, flexível e submisso nos braços. “Eu não consigo esperar para fazer amor

com você.”
Ela empurrou seus lábios contra a garganta dele e deslizou-os em seu pescoço, seu corpo
inteiro ardendo com suas palavras, o desespero ressoando em cada sílaba. Ela inspirou
profundamente, apenas pensando por um momento no jantar que seria servido a qualquer
momento. Isso poderia esperar. Tudo poderia esperar... Exceto isso.
“Você não precisa esperar”, sussurrou ela em seu ouvido.
As mãos de Christian apertaram seus braços e ele a puxou para ficar em pé, pegando sua
mão. O coração dele disparou, e ele não conseguiu conter seu nervosismo. Ele nunca tinha passado
tanto tempo sem sexo. A abstinência tinha valido a pena totalmente, porque ele não queria
qualquer outra mulher. Ele não queria sexo. Ele queria Jennifer. Somente ela.

O pequeno quarto dentro do iate havia sido magnificamente mobiliado. Ela se sentou na

cama quando ele trancou a porta e afrouxou a gravata, atirando-a longe. Enquanto desabotoava
as mangas de camisa, seus olhos se fixaram nela. Ele tirou sua camisa, observando as bochechas

dela se aquecerem e sua respiração ficar irregular. Seus seios incharam sobre o corpete do
vestido. “Desde que te conheci, não houve ninguém além de você.”
A onda de amor que fluía através do peito dela estava restringindo sua respiração, mas ela
nunca quis que ele parasse. Era orgásmico, louco, e ela se levantou, maravilhada com o fato de

que o homem que ela havia classificado como playboy, o homem que ela havia presumido que
nunca seria fiel a ela, nunca seria suficiente, havia se transformado por causa dela. “Eu não
consigo acreditar que você é real.”
Ela deslizou as mãos pelo peito dele, sua respiração ficando mais pesada conforme sua pele
nua deslizava sob as mãos dela. “Christian...” Ela ergueu os olhos para ele e gemeu quando ele
afastou o cabelo dela do rosto dela, suas mãos deslizando por seus ombros nus, sobre seu decote.
“Eu te amo.”
Ele a ouviu sussurrar as palavras de novo e seu peito ficou apertado de emoção. Ele a
puxou para dentro de seu peito e agarrou sua mandíbula ao mesmo tempo, puxando seu rosto

para cima, tomando sua boca em um beijo que anunciou sua fome desenfreada, sua absoluta
privação e necessidade.
Seus lábios deslizaram sobre os dela, saboreando, memorizando, sabendo que não havia
ninguém como ela. Sua mão encontrou sua mão esquerda e ele segurou seu dedo anular. “Você
não vai mais a lugar nenhum.”
Ela balançou a cabeça. “Eu não sonharia com isso.”
A loucura fluía através de suas veias. Segurando seu dedo anular, ele a empurrou para trás
com seu corpo até que eles estavam de pé ao lado da cama, então ele interrompeu o beijo,
empurrando ambas as mãos através de seu cabelo para soltar os grampos que o prendiam.
Jennifer ofegou quando sua mão deslizou audaciosamente, possessivamente sobre seus seios

cheios, e então pelas costas dela para abrir o corpete. Ele caiu de seus seios, em torno de seus

tornozelos, a linda seda e chiffon rodeando os sapatos dourados que ele tinha amorosamente
comprado para ela.

O volume em suas calças gritava para ser libertado, para sentir sua pele contra ele, o calor
dela deixando-o. Ele baixou o olhar para seus seios nus. Os mamilos e os seios se enrijeceram
antecipadamente ao seu toque.
“Seu corpo é meu...”, ele respirou e deu um beijo em sua testa, depois em seu queixo, seu

pescoço, até que ela estava se curvando para trás e a boca dele estava em seu peito.
“Ah, Meu Deus!” Ela caiu para trás e ele a seguiu para baixo, sua boca puxando, segurando
seu peito, apertando a carne firme enquanto seu corpo empurrava entre as pernas dela. A virilha
dele pressionava contra sua calcinha de renda, e ele moveu sua boca faminta para o peito dela,
querendo sugá-la para sempre. Mas o frenesi de tocá-la, provando seu corpo em todos os lugares,
fez com que ele soltasse seu peito muito cedo. Ele deslizou seus lábios molhados até seu umbigo,
seus dedos agarrando o cós da calcinha de renda. Ele a arrancou de suas pernas, indo para trás
para observá-la.
A suave carne de suas coxas deslizava como seda sob a ponta dos dedos dele enquanto ele

tirava sua calcinha e pressionava o lábio contra a coxa dela. Ele tirou um sapato e atirou para
fora da cama, então o outro, segurando seu olhar.
Suas mãos desabotoaram o cinto de suas calças com rigidez, e ele as tirou, depois tirou sua
cueca, saboreando o calor dos olhos dela em seu mastro. Então ele estava a esmagando, seus
gemidos altos e febris enquanto suas peles aquecidas se encontravam. Seus seios esmagados sob
seu peito, e ela ergueu a cabeça para mergulhar sua língua em seus lábios entreabertos.
O rosnado de Christian fazia seu coração bater. Suas mãos estavam em toda parte,
deslizando sobre sua cintura, seus quadris, sua barriga, antes de voltar a apertar seus seios.
Jennifer empurrou seu peito até que ela estava sobre sua cintura, curvando-se sobre ele,
agarrando mechas de seu cabelo grosso cor de areia enquanto ela mordia os seus lábios e lhe

oferecia sua língua.

Era uma batalha sem fim enquanto suas línguas se enredavam, seus lábios mordiam, e eles
bebiam um na respiração e gosto. Seu corpo estremeceu quando Christian enfiou uma mão

embaixo dela, cobrindo o lugar úmido e quente entre suas pernas.


“Isso.” Ela balançou seus quadris, apertando-os contra a mão dele enquanto ele esfregava o
abundante líquido sobre os lábios de seu sexo. O líquido pingava para fora dela abundantemente,
desejoso, desesperado, lubrificando o caminho que sua masculinidade invadiria.

Um puxão brusco, e ela gritou surpresa quando ele a ergueu sobre a boca dele. Antes que
ela pudesse protestar, ele a levou até sua boca.
Seu cabelo estava uma bagunça selvagem em torno de seu rosto enquanto ele a balançava
com os arrepios que engoliam seu corpo, seus quadris chacoalhando enquanto sua língua tremia em
seu clitóris, suas mãos apertando seus quadris para segurá-la para baixo.
“Christian... Christian...” Ela estava tremendo, pronta para gozar, tão rápido, tão
apressadamente. Ela ficou surpresa. Ela passou a mão em seus cabelos, e seus seios ficaram
esmagados entre seus cotovelos.
Christian devorava seu sexo e a visão diante dele. Ela estava tão selvagem, desinibida. Ele

não se lembrava dela assim. Era assim que ela ficava quando confiava nele, quando se entregava
completamente a ele, não segurando nada. Ela não era tímida ou reservada, e enquanto ele
mordiscava o botão inchado e ela estremecia selvagemente acima dele, ele a puxou para baixo
de seu corpo, mergulhando dois dedos dentro de seu interior que se contraía.
“Eu quero entrar aqui...”, sussurrou ele, beijando suas bochechas, deslizando seus lábios para
sua orelha. Seus dedos mergulharam dentro e fora dela, suas contrações o apertando conforme
ele enfiava suas juntas dentro dela.
“Só você...”
“Só eu.” Ele mordeu o lábio inferior dela, sua barba por fazer raspou seu queixo. Seus
lábios já estavam sensíveis e ela o beijou de volta fervorosamente, apertando os quadris dele e

atraindo-os para dentro dela.

Ele esmagava o comprimento do seu pau para cima e para baixo ao longo da abertura
dela, sem penetrar, deixando-a desejosa, ofegante, torturando-a.

Ele começara a gostar disso; ele não queria nunca parar de esfregar a pele dela contra a
dele, a umidade de sua fenda em seu mastro.
Jennifer lutou para ficar em cima dele novamente, e ele caiu para trás, agarrando seus
quadris para fazer com que ela montasse nele. Mas ela estava morrendo de vontade de sentir seu

mastro, e quando ela abruptamente baixou a boca para a cabeça de seu pau, ele estremeceu e
apertou sua mandíbula. “Jennifer... Jennifer, meu amor.”
Ela passava seus lábios sobre a cabeça do mastro e viu uma gota brilhante do líquido
lubrificante dele aparecer ali. Sua língua deslizava sobre ele com fome, saboreando o sabor
picante e salgado dele, enquanto ele se chacoalhava embaixo ela.
“Merda...”, xingou ele em voz baixa, seus olhos se fechando, suas mãos descansando em
cima da cabeça dela.
Seus lábios se abriram e chuparam seu pau para dentro da boca; ele gemia, seus dedos
puxando o cabelo dela enquanto ela balançava a cabeça para cima e para baixo, seus lábios

fluindo sobre seu mastro grosso.


Jennifer deixou a cabeça do pau bater na parte de trás de sua garganta, inalando o cheiro
dele, saboreando o gosto dele, querendo que isso nunca terminasse. Sua mão cobriu suas bolas e
as segurou levemente, acariciando-as e rolando-as em suas palmas.
“Foda-se!” Ele empurrou para fora dali e a posicionou embaixo dele, a cabeça dela
deslizando para fora da cama enquanto ele montava nela. “Eu não consigo segurar. Eu não
consigo.” Ele abriu as pernas dela e empurrou a cabeça molhada e cheia de saliva do seu mastro
para dentro das dobras de seu sexo. Jennifer ergueu seus quadris até ele, incitando-o a se
abaixar enquanto seus quadris se erguiam.
Por toda a sua vida, ele se lembraria daquela visão. Seu rosto corado, seus seios

derramando-se de lado, balançando ligeiramente, suas mãos tentando alcançá-lo. Ele abaixou seu

peito sobre ela e mordeu seu queixo enquanto seus braços se enrolavam ao redor de seu pescoço.
Ele mergulhou profundamente dentro dela.

Jennifer gritou suavemente e seus lábios deslizaram sobre seu pescoço, sobre sua mandíbula
até a boca. Enquanto ele se movia para dentro e para fora dela, suas estocadas eram profundas.
Seu mastro se afundava profundamente dentro dela, de novo e de novo.
“Christian...”, ofegou ela quando ele girou seu mastro dentro dela, esmagando seu clitóris

com o talo. Sua cabeça caiu para trás, e os dentes dele morderam seu pescoço.
“Estou aqui”, sussurrou ele. “Eu sempre estarei aqui...” Suas mãos alisavam as laterais de seu
corpo, sua virilidade socando, firmemente aconchegada no calor dela, que o para dentro. “Dentro
de você. Droga, você está queimando...”
Ele batia a pélvis com mais força dentro dela, e ela gritava. Ele pegou sua boca na dele,
engolindo seus gritos de dor enquanto sua masculinidade batia fundo demais. Eles estavam
ofegantes, um contra os lábios do outro, suas mãos pequenas apertando os quadris dele, e ela o
puxou mais para o fundo, suas unhas cravadas na carne firme enquanto ele enterrava
profundamente. A dor maçante e profunda em seu interior a fez acelerar em direção ao orgasmo.

Ela apoiou seus quadris nele, sua cabeça caindo para fora da cama enquanto a boca dele
baixava para seus seios novamente. E quando ele começou a morder seu mamilo, ela apertou os
dentes e as ondas de um orgasmo enlouquecido a carregaram. Ela estremeceu selvagemente, seus
calcanhares cravados nos quadris dele, sacudindo, sua cabeça chacoalhando descontroladamente.
Christian pegou o corpo dela em seus braços e a puxou até que a cabeça dela estivesse na
cama de novo e então ele olhou fixamente para. Suas investidas se tornaram mais duras, mais
duras, socando dentro nela. Ele deslizou seus braços sob ela para segurar seus ombros e impedir
que o corpo dela deslizasse para cima.
Completamente presa e preenchia com o mastro dele, Jennifer observava o homem que ela
amava, os traços de seu belo rosto áspero, as veias inchadas de seu pescoço e sua pele

enrubescida pelo calor de sua luxúria.

Christian viu o amor brilhando nos olhos dela, a adoração deixando seus olhos castanhos
mais quentes, mais doces. Seus lábios abertos e inchados, seus seios balançando enquanto ele

socava, ele tirou seus braços debaixo dela e segurou as laterais de sua cabeça, socando mais
profundo, porém devagar. Enquanto as ondas do orgasmo passavam pelo corpo ele, ele olhou
furiosamente em seus olhos. Seus gemidos o chocaram quando seu orgasmo irrompeu junto com seu
sêmen.

“Eu te amo. Jennifer, eu te amo.” Ele estremeceu em cima dela.


***
Eles se deitaram na cama, braços e pernas emaranhados, o mastro úmido pressionando
contra o umbigo dela enquanto ele se deitava de lado, a cabeça apoiada em seus seios. Ela
acariciava seu cabelo, sua têmpora e depois sua bochecha. O silêncio era reconfortante. Movendo-
se, Christian a arrastou para o seu peito, sorrindo quando ela riu ao ser deslocada.
“Quer saber de uma coisa? Para de me maltratar!”
Ele aproximou de sua boca e pegou seus lábios. “Ok...” Ele encontrou seus olhos, afogando-
se neles. Ali, ele estava em casa. Foi ela que transformou sua vida, transformou o significado de

tudo para ele. “Você quer se casar comigo no mês que vem?”
Seus olhos se arregalaram, e ela deslizou a mão sobre a bochecha dele.
Ele pensou que ela diria não. Claro que não seria fácil planejar um casamento em um mês.
“Eu sei que não é tempo suficiente, mas quero que meu nome se junte ao seu. Eu quero que você
seja toda minha.”
Jennifer sentiu a agitação do desejo latejar em seu umbigo novamente, e ela deslizou sobre
ele, esmagando seus seios contra seu peito, seu mastro endurecendo sob ela instantaneamente. Suas
mãos agarraram os quadris dela territorialmente. “Tudo o que você quiser, Christian.”
Seus braços a envolveram como faixas de aço, e ele tomou conta do corpo dela novamente,
saboreando e tocando cada centímetro, memorizando as curvas que ele planejava devorar pelo

resto de sua vida.

FIM

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Capítulo Um

Amy Monroe sorriu para o cartão postal que sua irmã, Alexis, havia enviado. Há mais ou
menos dois anos, sua irmã havia sido raptada pelo Xeique Farzad Yassin e agora ela era xeica. A

foto que ela tinha enviado era de si mesma com o filho, Farid, brincando nos amplos jardins do
palácio. Era uma imagem adorável e, mesmo que a princípio Amy não tivesse ficado empolgada
com o novo rumo da vida da irmã, agora ela estava contente. Não era possível fingir aquele nível
de felicidade e, além disso, Farid era basicamente a criança mais fofa que ela jamais havia

conhecido. Parte dela estava sentindo ciúmes enormes da irmã por ela ter encontrado alguém –
mesmo que da maneira menos convencional possível. Sim, uma parte de Amy também se
preocupava que Alexis tivesse basicamente arruinado sua carreira em direito em troca de romance,
mas, ao mesmo tempo, ela nunca tinha visto a irmã sorrir tanto. Suspirando, ela largou o cartão
postal e as demais fotos e se dirigiu para seu armário.
Fuçando lá dentro, ela puxou um dos onipresentes conjuntos de calça e camisa preta e
passou as mãos por seus cabelos negros, curtos e picados. A cor não era natural e ultimamente ela
se sentia tentada a fazer umas mechas azuis escuras ou roxas. Ela trabalhava numa cafeteria no
campus da Universidade de Boston e mudar a cor provavelmente a faria se sentir mais como parte

da contracultura do campus do que o contrário. Colocando uma faixa para segurar seu cabelo
curto para trás, Amy agarrou sua bolsa e saiu correndo pela porta.
A noite seria longa: hoje ela trabalhava no último turno e fechava à uma da manhã. Sendo
um negócio familiar, o Café Lem’s tinha se desdobrado para conseguir uma licença para vender
álcool. Poder colocar conhaque no café – como os irlandeses – assim como ter uma lista de bandas
universitárias locais que tocavam lá, garantiam que eles sempre fechassem tarde. Amy preferia
assim. Era melhor do que se levantar antes do sol, especialmente nos invernos intermináveis de
Boston.
Teoricamente, depois de se formar ela tinha vindo pra cá para tentar um mestrado em belas

artes, em escrita criativa. Ela largou o curso em pouco tempo e descobriu que, mesmo tendo muitas

ambições, no momento a única coisa apropriada para sua atitude e seu tédio era preparar café e
bolinhos. Não era exatamente o que ela achava que estaria fazendo aos vinte e três anos. Diabos,

considerando que duas meninas do seu círculo de amizades (sem brincadeira!) eram literalmente
rainhas de seus próprios países, ela realmente parecia uma preguiçosa. Não que ela fosse uma,
exatamente, mas ela se sentia de fato uma fracassada, como se ela não tivesse a menor ideia do
que fazer da vida ou mesmo do que queria.

Claramente, não era servir café batizado com álcool para graduandos, mas era o melhor
que ela podia fazer por enquanto.
O fim do seu turno estava se aproximando. Era uma quinta feira, o que significava que hoje
não tinha nenhuma banda, que eram exclusivas de sexta e sábado à noite. Além disso, o semestre
estava apenas começando. As pessoas ainda não estavam desesperadas o suficiente para estarem
digitando seus trabalhos às pressas depois da sexta xícara de café. Elas estariam. Quando as
provas finais chegavam, conseguir um bom assento próximo a uma tomada no Café Lem’s era um
esporte violento. Ainda assim, a noite estava calma e, à exceção de dois clientes regulares que
estavam ao fundo lendo romances russos do tamanho de pesos de portas, ela estava sozinha

quando começou a esfregar a pia e a máquina de cappuccino.


Pelo menos, era o que ela pensava. Quando faltavam vinte minutos para a hora de fechar, o
homem mais lindo que ela jamais tinha visto entrou na loja. Ele era alto, mais de um metro e oitenta,
com ombros largos e a pele morena. Seus olhos eram de um impressionante e profundo verde jade,
e ele tinha uma barba curta. O único pequeno “defeito” em seus traços era uma cicatriz por cima
da sobrancelha esquerda; mas sério, ela tinha certeza que, para uma garota ávida, ele
conseguiria dar um jeito naquilo. Era só contar a estória da “cicatriz de guerra” e ele ficaria ainda
mais charmoso do que antes. Diabos, só os olhos dele já eram o suficiente para Amy se perder
dentro.
“Como posso ajudá-lo?” ela perguntou.

“Dvar,” ele disse, sorrindo para ela e lendo seu crachá. “E você é Amy.”

“Bom, nós sabemos que você sabe ler, ótimo. Então você pode escolher o que quiser.”
“E se o que eu quiser for você?”

Ela corou e revirou os olhos. Ela não saía com um homem há muito tempo. Não que ela não
fosse atraente. Francamente, desde que ela havia feito patinação no gelo (não muito bem, mas
ainda assim), quando era menina, Amy sempre gostava de manter seu corpo em dia. Então ela era
magra, mas também baixa. Amy mal tinha um metro e cinquenta e sete, se é que tanto, e era muito

magrela. Ela nunca tinha sido o tipo de mulher que deixava as pessoas de queixo caído quando
entrava em algum lugar. Isso nunca acontecia. No entanto, da maneira que Dvar olhava para ela,
bem... Ele parecia um homem que tinha se arrastado pelo deserto e encontrado um oásis.
Era um pouco demais, mas ela gostava, Amy admitiu para si mesma enquanto varria a franja
para trás da orelha.
“Isso não está no cardápio, mas nós temos um ‘explosão mocha’ e alguns brownies que
sobraram. E as pessoas adoram nosso pão de sementes.”
Dvar suprimiu o riso. “Sério?”
“Todo mundo aqui é um estudante universitário tentando ser vegano, macrobiótico ou algo do

tipo, então não é tão incomum assim.”


“Eu acho que prefiro algo com mais substância,” ele disse, sua voz como um ronronado
profundo. “O que você tem pra mim?”
“Nós temos um ótimo cappuccino com Bailey’s. Vou fazer um pra você,” ela disse, já
vaporizando o leite.
Amy não conseguiu não corar sob o escrutínio do homem. Sério, ela tinha visto modelos de
cueca menos atraentes. Será que esse era o trabalho dele? Talvez ele fosse algum modelo de
Nova Iorque que, seja lá porque, tinha decidido que era hora de visitar Boston – porque quem não
gostava de montes e mais montes de neve, e lixo que sequer podia ser recolhido. Deus, se ela
tivesse que usar uma pá para liberar seu carro mais uma vez – não que ela o usasse com

frequência, mas ainda assim – ela ia enlouquecer.

Dvar sorriu para Amy enquanto ela terminava de fazer a bebida. Depois ele estendeu a
mão para pegar a xícara, e era óbvio que ele estava enrolando de propósito. Ele não tinha se

enganado quando seus dedos passaram pelos dela ao pegar a bebida.


“Foi um prazer ser servido por tal beldade.”
Amy corou novamente e empurrou suas franjas picadas para longe dos olhos. Deus, agora
ela desejava ter deixado o cabelo com seu tom natural de castanho e com um corte que pelo

menos lembrasse cachos. Caramba, tinha muito tempo desde a última vez que um homem – muito
menos um homem tão bonito assim – tinha prestado atenção nela. Ela nem sempre sentia que tinha
a melhor isca.
“Então pode agradecer com uma boa gorjeta. Uma garota tem que sobreviver.”
Ele sorriu, e foi o sorriso mais luminoso que ela jamais havia visto. De repente, pareceu que
sua teoria sobre ele ser um modelo de verdade não estava assim tão errada. Dvar tirou uma nota
de vinte dólares do bolso de sua jaqueta com a mão livre e colocou-a na jarra de gorjetas. “Eu
não me preocuparia com isso, Amy.”
“Obrigada, mas por mais gentil que você seja, vinte dólares não vão manter o lobos longe

da porta por muito tempo.”


Ele assentiu e deu um passo para trás, e ela quis reclamar um pouco pela perda de contato
e proximidade física. “Ainda assim, cuidado com esses lobos. Você nunca sabe aonde vai encontrá-
los.”
Com isso, o Sr. Alto, Bonito e Sensual saiu pela porta, deixando Amy com sua vida sem graça.
Suspirando, ela terminou de limpar a cozinha e depois pegou o esfregão e o balde. Ainda havia
muita limpeza pela frente.
***
Boston estava gelada.
Isso não era novidade, eles estavam no meio da maior e mais forte onda de frio que a

cidade jamais havia visto. Todo fim de semana parecia receber uma nova nevasca, e todo mundo

estava falando sobre o recorde de queda de neve e como em breve esse seria, literalmente, o
inverno com mais neve de todos os tempos. Enquanto seus dentes batiam em sua caminhada de

volta para o apartamento, Amy apertou o casaco com mais firmeza em volta do corpo. Ela havia
deixado os malditos protetores de orelha na cafeteria e se arrependia de ter cometido um erro
tão bobo. Agora suas orelhas estavam como cubos de gelo e havia no mínimo mais quatro
quarteirões para andar. Ela também não estava indo lá muito rápido. Os montes de neve estavam

altos em suas panturrilhas e ela sentia que afundava, não importa quão leve e ligeira ela tentasse
ser em suas botas.
Argh, ela precisava de férias.
Bom, sua irmã tinha oferecido para recebê-la em uma visita, e o sol do deserto tinha que ser
melhor que aquela lama sem fim.
Sacudindo a cabeça, ela tirou o celular e começou a digitar os longos códigos internacionais
que a conectavam a Alexis. Ela não tinha terminado quando ouviu passos atrás de si. Amy se virou
para olhar e franziu as sobrancelhas. Havia uns quatro caras atrás dela, e todos tinham uma
complexão morena. Alguns tinham barbas grossas e pretas, ou mesmo grisalhas, e pareciam

estrangeiros, um pouco como os homens que ela tinha visto na cerimônia de casamento de sua irmã.
Isso era um pouco estranho.
Franzindo as sobrancelhas apologeticamente, ela se moveu para a beira da calçada
ocupada. “Sinto muito. Aqui estou eu, tomando todo o espaço na rua. Não foi muito legal da minha
parte. Quer saber, podem passar e eu me preocupo com telefonemas mais tarde.”
Os homens sequer se mexeram. Ao invés disso, apenas continuaram olhando para ela como
ela fosse um bife gratuito numa fila de buffet.
Colocando o telefone de volta no bolso, Amy tentou ficar calma. Ela assentiu e voltou para o
meio da calçada. “Bom, então eu vou na frente. De novo, me desculpem por ter tomado tanto
espaço, a culpa foi minha” ela terminou, saindo num passo muito mais apressado do que antes, mas

não era exatamente uma corrida descarada. Ela temia que, se fizesse isso, eles a perseguiriam.

Mesmo assim, quando ela saiu, eles também começaram a andar atrás dela, seus passos firmes e
medidos de acordo com os dela.

Ao passar por uma barbearia cujas janelas eram revestidas de filme, Amy estremeceu por
razões que não tinham nada a ver com o frio. Os quatro homens mal estavam a quinze centímetros
dela agora e seguindo-a passo a passo. Segurando sua bolsa mais perto do corpo, ela decidiu
que tentar ignorá-los não ia ajudar. Eles claramente queriam algo dela, e ela estava morrendo de

medo do que poderia ser. Ela podia adivinhar, e seu estômago se revirava só de imaginar. Havia
apenas dois quarteirões (cheios de neve) até seu apartamento. Inspirando profundamente e
torcendo para que tudo desse certo, ela disparou.
Seus pulmões queimaram e ela desejou que não fosse quase uma e meia da manhã. Deus,
como ela queria ser mais rápida, como ela queria não sentir sua vantagem diminuindo com cada
passo que dava. No primeiro quarteirão os homens estavam logo nos seus calcanhares, tão perto
que um deles agarrou a alça da bolsa de Amy. Ela puxou a bolsa, mas a alça se arrebentou e ela
largou tudo pra trás. Ela substituiria os malditos cartões de crédito depois, desde que ela não se
tornasse uma estatística criminal hoje. O segundo quarteirão não foi tão fácil. Ela estava a uma

distância considerável de seu prédio quando escorregou em um enorme trecho de gelo.


Amy caiu com força, vendo estrelas à sua frente, e foi invadida pela tontura ao bater a
cabeça no concreto.
Quatro pares de mãos estavam sobre ela e ela se contorceu, chutando e gritando com
qualquer tentativa de toque. Mas não foi o suficiente. O homem mais alto, com quase um metro e
noventa e cinco de altura e uma enorme barba grisalha, finalmente conseguiu pregar os braços
dela por trás das costas.
“Me solte!” ela gritou. Arqueando o pescoço, ela olhou em volta, mas a rua estava vazia.
“Me deixem em paz e eu não conto pra ninguém, eu juro.”
O homem maior balançou a cabeça e enfiou algo escuro, como um capuz, sobre o rosto de

Amy, e ela não conseguiu ver mais nada além do tecido negro. “Não, Senhorita Monroe, isso não

vai funcionar. Afinal, nós temos que trazer a nova xeica para o nosso mestre.”
Isso foi tudo que ela ouviu. Depois dessa declaração ameaçadora, algo afiado mordeu sua

pele atrás da orelha e tudo virou escuridão.


Capítulo Dois

O Xeique Dvar Yassin da Jardânia certamente tinha coisas melhores a fazer. Isso não era
mentira, de certa forma. Seus primos, Farzad e Munir, ambos de nações vizinhas, estavam

interessados em montar uma frente organizada contra os mercenários e o exército do Leban. Era
hora de acabar com eles e com a turba que eles instigavam, de uma vez por todas. Dvar não
podia se opor a isso. Afinal, aquela nação beligerante causava mais do que a sua cota de
problemas para a Jardânia, especialmente com suas agressões na fronteira leste. Eles estavam

corrompendo grupos revoltosos dentro das próprias fronteiras da Jardânia e coisas terríveis
estavam acontecendo – atrocidades que ele nunca poderia ter imaginado dentro do seu reino. Ele
tinha participado de uma longa reunião de três dias com seus primos na semana anterior. Parecia
que uma guerra era inevitável a essa altura. Dvar apenas esperava que os Estados Unidos
ficassem do seu lado. Afinal, a esposa de seu primo Munir, Emma, era a filha de um poderoso
senador.
Qualquer coisa que ajudasse, pois os problemas estavam chegando em todas as terras
governadas pela dinastia Yassin, e a situação só piorava.
Mas ele não podia passar a vida trancado na sala de guerra, e ele confiava em seus primos

para lidarem com a questão pelo menos por mais uma semana, o quanto fosse necessário para
consolidar os acordos que ele precisava colocar em prática. Talvez – tá certo, talvez não,
definitivamente – Dvar estivesse morrendo de inveja de seus primos. Ambos tinham encontrado
noivas incríveis e atraentes ao sequestrarem mulheres americanas. Farzad parecia particularmente
feliz com Alexis Monroe e, francamente, tendo espiado sua pequena e bela irmã na cerimônia de
casamento há muitos meses, Dvar conseguia entender por quê. A família inteira era mais do que
impressionante.
Ele havia se apaixonado pela irmã mais nova, Amy, mesmo à distância.
É por isso que, um belo dia, ele se viu sentando em uma mesa no meio da quadra principal

da Universidade de Boston, observando a garota. Ele queria entendê-la um pouco antes de levá-la

de volta com ele para a Jardânia. Até então, ele sabia que ela passava a maior parte do tempo
sozinha. Mesmo tendo largado sua pós-graduação, ela com frequência estava no campus,

passando o tempo na quadra e observando pessoas, ou, mais provavelmente, trancada na


biblioteca. Ela era uma intelectual. Julgando por seu cabelo tingido e piercings – eles nunca
serviriam para uma xeica de verdade – isso o surpreendeu um pouco. O vocabulário dela era
ríspido o suficiente, e ele tinha comprovado isso por si mesmo no casamento. Amy não havia medido

palavras com Farzad, especialmente no que dizia respeito aos métodos de sedução de seu primo.
Ainda assim, esse lado mais quieto e pensativo surpreendeu e deleitou Dvar. Havia algo naquela
pensativa observadora de pessoas que podia ser cultivado, manipulado e encorajado até levá-la
a ter o tipo de elegância e pensamento cuidadoso que destacavam uma verdadeira xeica.
Ela se moveu um pouco e olhou por cima do ombro, e ele levantou o jornal para cobrir o
rosto. Algumas vezes desde que ele havia começado sua vigília, ela quase o havia pego no flagra,
quase o viu olhando para ela. Amy era também esperta, ciente dos seus arredores. É claro, Dvar
havia servido e liderado seu próprio exército por muitos anos. Também não era fácil surpreendê-
lo.

“Maravilha,” ele disse para si mesmo. “Ela vai se sair muito bem.”
***
Hakim, seu emissário de mais confiança, entrou nos alojamentos privados do jatinho
particular. Apertada nos braços do velho homem estava a pequena trouxa praguejante pela qual
Dvar estivera esperando. “Meu xeique, nós estamos com a Senhorita Monroe, como foi pedido. Nós
já estamos voando e estaremos na Jardânia dentro de dez horas.”
Ele sorriu e apontou para a garota. “Muito bem, agora nos deixe.”
“Ela é um pouco difícil, meu senhor.”
Ele riu, genuinamente tocado com a preocupação de Hakim. Mesmo que a espoleta estivesse
xingando pelos cotovelos e tentando chutar tudo que estivesse ao alcance, ela ainda assim mal

tinha um metro e meio, e provavelmente pesava uns quarenta quilos, no máximo “Acho que dou

conta dela.”
“Ela conseguiu machucar o Asaad, senhor.”

“Então talvez ela prefira jogos diferentes,” ele disse, assentindo para Hakim. “Agora, por
favor, vá.”
Hakim hesitou só por um instante antes de fazer uma reverência e se retirar para a ala
principal do jato. O capuz ainda estava sobre a cabeça da garota e suas mãos estavam

amarradas atrás das costas. Dvar aproveitou a situação para fechar a porta, garantindo que esta
estivesse trancada.
“Agora,” ele disse, circundando Amy e passando a mão pelas clavículas dela. Eles tinham
tirado o casaco dela antes de amarrá-la, o que significava que a mesma adorável camiseta preta
– aquela que se esticava convidativamente sobre seus seios bem formados – era o que ele via
agora. Ele podia até sentir a pele dela, macia como manteiga cremosa. “Você está a seis mil
metros de altura. Você não poderia escapar nem que tentasse, e eu não recomendo que você tente
sair desse cômodo. Eu jogo sujo, Senhorita Monroe.”
Ela arfou e ele a viu se encolher mesmo por baixo do capuz preto que estava sob sua

cabeça. “Por que você está fazendo isso?” Ele deu de ombros e puxou o pano preto do rosto dela.
Olhos inteligentes e agudos, azuis como cristal cortado, o encararam de volta. Amy piscou mais
algumas vezes, como se estivesse tentando juntar suas forças. “Eu te conheço, não? E não só da
cafeteria.”
Ele assentiu. “Você tinha muito mais raiva e foco no meu primo Farzad, e na sua percepção
de como ele havia tratado sua irmã.”
Ela o encarou de queixo caído, e ele podia ver o fogo queimando através daquelas
assombrosas profundezas cor de safira. “Você o que? Você está de brincadeira? Eu não curto essa
palhaçada de princesa árabe. Eu quero ir pra casa!” Ela se atirou para frente e tentou chutá-lo.
Dvar tinha que admitir – a menina era rápida. Ele pulou de lado, mal escapando, e depois

se esgueirou para trás dela. Empurrando-a para a cama, ela rolou-a de bruços e prendeu-a entre

seu corpo e o colchão.


“Isso não foi legal, espoleta.”

Ela se sacudiu embaixo dele, mas ele tinha quarenta e cinco quilos de músculo sobre ela, e
ela não tinha a menor chance de movê-lo. “Sai de cima de mim, caramba!”
Ele sorriu e beijou a garganta dela, deixando sua língua hesitar e banhar o ponto onde o
pulso dela batia. “Não, isso é para depois, minha xeica. Mas isso não significa que a gente não

possa se divertir um pouquinho aqui. Você nunca quis fazer parte do Mile High Club1?”
Ela ficou imóvel como uma estátua por baixo dele. “Eu quero ir pra casa. Eu não quero ser
uma rainha como minha irmã, e eu certamente não pedi pra isso acontecer.”
“Não, eu não acho que você pediu,” ele disse. “Agora, eu vou me levantar, e você não vai se
mexer dessa cama. Se você fizer isso, não vai gostar das consequências.”
Ela concordou embaixo dele. “Você não vai me machucar, vai?”
“Há jogos que eu prefiro, espoleta, mas nada disso é relevante aqui ou agora. Eu não vou te
jogar na cama de novo se você não fugir nem tentar me chutar. Não é uma troca justa? Eu vou ser
educado desde que você também seja.”

“Eu não sei o que ‘educado’ significa pra você em seja lá qual inferno de deserto onde você
nasceu, mas para mim significa que você não sequestra mulheres que estão voltando do trabalho e
as maltrata!” ela disse.
Ele ficou de pé e sorriu para ela, enquanto ela rolava de costas. “Bom, espoleta, cada
família tem seus costumes. Os homens Yassin sabem o que querem. Nós vemos o que queremos e
depois vamos lá e pegamos. Você era algo que eu simplesmente tinha que ter desde o momento
em que eu te vi.”
“Bom, eu não posso dizer que o sentimento é mútuo, seu babaca.”
Ele deu de ombros. “Nós precisamos arrumar coisas melhores pra fazer com essa sua boca,

Amy.”

“Eu acho que tenho muita coisa pra dizer pra você. Eu já te mandei pro inferno?”
Ele deu uma risadinha. Não é à toa que seu primo tinha ficado tão encantado pela irmã

dela, Alexis. Era tanta vivacidade, tanta intensidade... Um desafio maior do que qualquer uma das
mulheres do seu harém. Era definitivamente uma distração digna para tirar sua mente da guerra e
do caos. Dvar riu profundamente mais uma vez e se inclinou sobre ela. Ele não caiu sobre a cama
ou colocou seu peso sobre Amy, apenas se abaixou para poder beijar seus lábios.

Amy fechou os lábios com força e não se mexeu embaixo dele. Isso não duraria muito, não
se ele pudesse fazer algo a respeito. Finalmente, ele estendeu uma mão e apalpou o seio dela. A
pele era macia e flexível sob seu toque, e natural também. Ela era pequena e magrela, mas ele
adorava a sensação do delicado seio dela em sua mão. Através do fino tecido da blusa e do sutiã
dela, ele já conseguia sentir o mamilo endurecendo.
Dvar passou seu polegar ali e ela estremeceu, o mamilo instantaneamente enrijecendo sob
seus cuidados. Ele aproximou a boca da orelha dela. “Nem pense em me morder.”
“Eu não pensei,” ela disse, mas seu tom de voz era fraco e vacilante. Ela tinha pensado sim.
Mais uma vez, ela se mostrou uma lutadora, uma qualidade excelente para uma xeica, para uma

futura mãe da linhagem Yassin. “Eu não gosto disso.”


“Seu mamilo está duro sob o meu toque,” ele disse, enfatizando seu argumento ao esfregar o
mamilo dela com um movimento circular, curtindo a sensação em sua mão. “Você está respirando de
forma entrecortada. Diabos, até suas pupilas estão se dilatando. Você está mais excitada do que
gostaria de admitir.” Ele enfatizou seu argumento beijando-a nos lábios, deixando que seus dentes
mordiscassem a macia pele dela. Ele não a fez sangrar ou qualquer coisa do tipo, mas ele gostava
da sensação do lábio dela, tão macio e vulnerável entre os seus dentes.
Amy inspirou profundamente e estremeceu embaixo dele. Suas pálpebras se agitaram e ela
o avaliou, os olhos semiabertos, sua expressão faminta apesar da raiva.
Ele sorriu novamente e beijou-a, descendo pelo pescoço dela em direção à sua clavícula. Ele

passou os dentes sobre os ombros dela, curtindo a maneira como ela estremecia sob seus toques.

Sua mão ainda estava massageando o seio dela, e ele mal podia esperar para sentir o calor dela
em volta de sua ereção, para se sentir em casa ao enterrar sua carne dentro dela. Mas isso

demoraria um pouco, era melhor deixar que as coisas se estendessem. Não seria divertido se ele
tomasse tudo de uma vez.
Afinal, paciência não era uma das virtudes?
Ainda assim, talvez um pouquinho mais de diversão não fosse fazer mal. Ele beijou os lábios

dela uma última vez e até deixou sua língua invadir a boca dela, se enroscando na dela e lutando
para dominá-la. Mesmo assim, ela se contorceu e lutou por baixo dele, como se Amy não fosse se
render a sequer um beijo de livre e espontânea vontade. Ótimo, ela era tão motivada e cabeça
dura quanto ele. Isso seria uma competição de vontades, e ele mal podia esperar para vencer.
Enquanto a beijava, ele esfregou sua ereção contra os quadris dela, prometendo muito mais
quando eles chegassem em casa, na Jardânia.
Se levantando, ele sorriu para ela. “Eu te vejo em breve, espoleta, e da próxima vez que eu
te ver...”
“Você vai me deixar ir, seu babaca egoísta?” ela exigiu.

“Não, nós vamos brincar de verdade.”

1 Gíria aplicada a pessoas que já mantiveram relações sexuais em um avião em voo.


Capítulo Três

Não havia muito que ela pudesse fazer para ficar confortável. Pelo menos ela tinha se
livrado do capuz preto – que fedia a óleo de patchouli, fumaça de cigarro e alguma outra coisa.

Amy achava que era suor. Deus, quantas outras vítimas ou almas assustadas e sequestradas tinham
sido forçadas a usar aquele negócio? Ainda assim, ela manobrou até ficar sentada e se inclinou na
cabeceira de ébano.
Num avião? Sério? É claro que, se você é um xeique e tem bilhões de dólares, porque não

desperdiçá-los?
Soltando um suspiro profundo e vacilante, ela tentou não chorar. Não era o estilo dela. Ela
era muito mais a favor de gritar com as pessoas, dizendo a elas exatamente o que pensava.
Diabos, chutar certos xeiques sabe-tudo na virilha parecia uma ótima ideia. Ela congelou, pensando
na maneira como ele havia se esfregado nela, a ereção rígida dele contra o seu cerne. Amy
estremeceu e disse a si mesma que o que ela sentia não importava, o que importava era que Dvar
a havia sequestrado, a roubado de sua vida, e ia esperar certas coisas dela.
E ainda assim, uma parte dela não estava tão chateada.
Ela estava desesperadamente entediada e indiferente com sua humilde vida em Boston.

Diabos, ela estava congelando seu maldito traseiro naquele lugar. Talvez ela não tivesse
planejado ser salva do inverno sendo sequestrada e enviada para o Oriente Médio, no deserto
escaldante, mas qualquer coisa tinha que ser melhor que a desolação à qual ela estivera se
agarrando.
A sensação do membro dele, tão duro e pronto contra o corpo dela, era uma memória
provocadora, assim como a sensação do polegar dele, gentil, mas forte em seu mamilo direito.
Deus, ela não podia mentir para si mesma, não completamente, e ela não podia contar uma estória
bonita para si mesma dizendo que não se sentia atraída por Dvar de forma alguma. Ela o havia
achado absurdamente bonito desde o momento em que ele tinha entrado na cafeteria. Só o cheiro

dele e a sensação do corpo dele pressionado contra o seu já faziam com que seus fluidos

começassem a jorrar.
O que diabos estava errado com ela?

É claro, aquelas incríveis maçãs do rosto, os olhos verdes como jade, e os ombros largos
colocariam qualquer mulher heterossexual de joelhos.
Nessa bagunça toda, essa era a parte que mais a deixava com raiva. Tudo que Dvar
precisava ter feito era pedir, e ela teria viajado com ele, teria estado interessada nele. Agora ela

achava que ele a via como uma espécie de brinquedo. Ele a havia adquirido e agora ele
esperava que ela se comportasse, obedecesse, e fosse a sua xeica perfeita.
Até parece.
Ela não ia se curvar para ninguém, nem para um homem tão sexy e, até agora, tão talentoso
quanto Dvar.
Ela estava sentada lá, ruminando sobre quais seriam as suas chances de fuga se ela
simplesmente saísse correndo na pista de pouso do aeroporto, quando a porta se abriu e ela se
encolheu. À sua frente estava o homem alto e de cabelos grisalhos que a havia segurado com mais
força. Era Hakim, não era?

O homem tinha uma bandeja carregada de amendoins, alguns sanduíches e refrigerante. Ele
fez uma pequena reverência e colocou a bandeja na cama do lado direito dela. “Xeica Amy, você
precisa comer.”
Ela revirou os olhos e se inclinou para frente. “Minhas mãos estão um pouco amarradas aqui.
Hakim, certo?”
Ele se curvou novamente. “Sim, minha xeica. Esse é o meu nome. Bom, então, esse é um
problema. Eu não tenho permissão para te soltar. Você pode escapar, mesmo que isso seja tanto
inútil quanto tolo.”
“Sim, eu ouvi. Eu não ia despressurizar a cabine ou algo do tipo a mais de seis mil metros de
altura.”

“E não seria apropriado que a xeica enfiasse a cara na comida,” ele disse, franzindo as

sobrancelhas acanhadamente. “Eu vou chamar meu mestre. Ele pode ser capaz de atender às suas
necessidades.”

Ela corou, pensando na maneira come ele quase havia atendido às suas necessidades alguns
momentos antes. “Claro, eu não quero morrer de fome. Quer dizer, eu não acho que isso vai
acontecer, mas eu estou faminta, Hakim.”
Ele sorriu. “Eu acho que cabe ao Dvar cuidar disso.”

Antes que ela pudesse contestar, o homem tinha ido embora. Ela ficou lá piscando, como se
ele estivesse escondendo sua verdadeira velocidade. Considerando que Hakim havia sido enviado
para capturá-la, Amy de repente se perguntou se haveria algum motivo pra ele ser o encarregado
de realizar favores “sujos” para o xeique. Provavelmente ele era um dos funcionários mais bem
treinados de Dvar – outro motivo pelo qual ela não tinha a menor chance de escapar. Mesmo que
ela conseguisse se livrar das amarras apertadas em seus pulsos e passar, desarmada, pela guarda
de três ou quatro homens enormes, bom, eles estavam mais que certos. Não é como se ela tivesse
um paraquedas extra ou o desejo suicida de despencar milhares de metros até o oceano (será que
tinha tubarões?) embaixo.

Então tudo que ela tinha agora eram câimbras nos braços e uma bandeja cheia de
sanduíches que ela não podia comer. Ah, e um xeique que era incrivelmente gostoso, mas que a
queria à disposição dele. Até parece. Falando nele, Dvar esgueirou-se de volta para o cômodo.
Mais uma vez, era como se todo o ar tivesse saído do corpo de Amy. Ela nunca tinha visto alguém
tão bonito em pessoa antes – os ângulos acentuados do seu rosto e suas maçãs altas, os lábios
apertados, e, como sempre, aqueles brilhantes olhos cor de jade que pareciam ver e absorver tudo
em volta dele. O xeique era observador acima de tudo, isso Amy conseguia sentir em seus próprios
ossos.
“Eu fiquei com fome,” ela disse, empinando o queixo desafiadoramente. Era um gesto fútil
quando ela estava amarrada e não podia machucar sequer um maldito gatinho, mas a fazia se

sentir melhor. Ninguém ia levá-la sem uma briga. Se isso ia acontecer com alguns chutes bem

colocados ou com farpas verbais, não importava. Ela não pertencia ao harém de ninguém.
Dvar assentiu e se sentou do outro lado da cama. A bandeja balançou, mas nada caiu,

mesmo com o deslocamento de peso. O xeique sorriu para ela e passou uma mão por seus cabelos.
Amy ficou parada, mas, francamente, gostou demais da proximidade dele para tentar afastar a
cabeça. Ela não estava com vontade de negá-lo acesso. Além disso, se ela o chateasse, ela ia
passar as próximas dez horas até o Oriente Médio sem nada no estômago e ela não tinha

exatamente comido muito durante seu turno. Por enquanto, entrar no jogo parecia ser a melhor
estratégia.
Mãos grandes e estranhamente calosas – talvez nem todos os xeiques levassem vidas fáceis
de luxo – acariciaram seu cabelo e depois tocaram sua bochecha. Ela estremeceu com aquele
toque e, certamente, não podia ser a sua garganta que estava choramingando. Diabos, ela nunca
tinha choramingado na vida. Amy se recusou a admitir que estivesse fazendo aquilo agora.
“Como eu disse, estou com fome. Então, oh grande e poderoso soberano, o que você vai
fazer a respeito?”
“O que você quer que eu faça, espoleta?”

“Estou com sede,” ela disse.


O sorriso dele se alargou e ela tinha certeza que aquela mesma expressão tinha feito outras
mulheres caírem de joelhos na frente dele. Suplicantes. Ele abriu o refrigerante e deu um longo
gole. Amy lambeu os lábios enquanto o pomo de adão dele subia e descia em sua garganta.
Diabos, ela era tão patética que só a visão de algumas gotas daquele líquido cor de âmbar
pingando da barba e do bigode dele faziam com que sua umidade aumentasse. Ótimo, ela ainda
estava morrendo de sede, e agora nos dois sentidos.
Dvar se inclinou e a beijou. Foi um beijo longo e duradouro, carregado com mais gentileza
do que ela tinha imaginado que ele fosse capaz. Suas ações anteriores tinham sido famintas e
ávidas, ações gananciosas que procuravam apenas tomar e dominar. Agora? Agora ele estava

carinhosamente se banhando na língua dela, envolvendo-a com a dele. Ela quase deu risadinhas

com as cócegas que os pelos faciais dele faziam. A língua e os lábios dele estavam doces, com o
sabor do refrigerante, e ainda um pouquinho frios.

“Está com menos sede agora?” ele perguntou, com o sorriso maliciosamente largo.
Ela bufou. “Não exatamente, Casanova. Eu gostaria de um pouco de refrigerante pra mim!”
Ele assentiu, tomou outro gole e se inclinou na direção dela. Amy viu aonde aquilo estava indo e
cutucou-o com o ombro. “Boa tentativa. Eu não sou um passarinho.”

Ele engoliu e deu de ombros. “Mas você é minha prisioneira. E eu já brinquei disso antes.”
“Ai, eca, essa não é uma brincadeira da qual eu vou participar tão cedo, mesmo com meus
braços amarrados atrás de mim,” ela argumentou.
Ele assentiu e depois abriu o outro refrigerante, um só pra ela. Ela definitivamente apreciou
aquela concessão. Ele encostou a borda na boca dela e deixou que o líquido entornasse para
dentro. Ela deu goles gananciosos e, apesar de seus melhores esforços, o refrigerante cobriu sua
pele, deixando-a doce e pegajosa. Mesmo assim, ela não bebia nada há horas e o líquido gelado
era tudo que ela esperava, aplacando pelo menos uma das sedes que queimava seu corpo.
Dvar puxou a lata de refrigerante de volta e colocou-a na mesa ao lado dele, perto da

outra lata. “Eu acho que você derramou um pouco, espoleta.”


“Eu não posso exatamente me limpar,” ela disse, passando a língua pelos cantos da boca e
esperando que isso fosse o suficiente.
Ele se inclinou para frente e começou a ajudá-la com a situação, lambendo os cantos da sua
boca, a ponta do seu queixo, e indo parar no topo da sua camisa. Algumas gotas tinham descido
até sua clavícula exposta e Dvar lambeu a pele ali langorosamente. Ela se esticou o máximo que
conseguia, o tempo todo lamentando as malditas algemas em seus pulsos. De repente ela queria
muito tocá-lo, sentir a espiral de músculos que, ela sabia, estavam por baixo do terno dele – do
contrário, a roupa não cairia tão bem – ou o cabelo grosso e escuro no topo da cabeça dele.
“Você ainda está com sede?” ele perguntou, finalmente, e ela sentiu falta do contato entre

sua pele e a talentosa – e possivelmente demoníaca – língua dele.

Ela balançou a cabeça. “Mas ainda estou morrendo de fome. O que você pretende fazer a
respeito disso, meu senhor?”

Os olhos dele se estreitaram. “Não fale desse jeito.”


“Ah, me desculpe,” ela disse. “Quero dizer, ‘meu senhooor.’ Eu não devo enunciar tudo,
mestre?”
“Você é insolente,” ele disse, com o tom de voz baixo e ameaçador. Ele segurou o queixo

dela com o polegar e o indicador da mão direita. Ela então percebeu quão maior do que ela ele
era (não que isso fosse difícil), e muito mais forte. Amy não conseguia mexer a cabeça, nem mesmo
um centímetro, não importa o quanto ela tentasse. “Agora,” Dvar disse. “Tente novamente. Me peça
comida com o respeito que o seu xeique merece.”
“Meu xeique,” ela disse, batendo os cílios timidamente. “Eu adoraria que você me desse
alguns amendoins e sanduíches. Seria possível? Seria muito trabalho?”
“Melhor, mas não está ótimo,” ele disse. “Mas nós temos tempo para transformá-la na
reverente xeica que você precisa ser.”
“‘Reverente?’ Você não está colocando o carro na frente dos bois?” ela perguntou.

“Nunca,” ele disse, soltando o queixo dela e pegando o sanduíche.


O cheiro era quase divino para ela, que estava tão faminta, com toques de manteiga de
amendoim e mel, se ela não estava enganada. Dvar pegou o sanduíche em suas enormes mãos,
fazendo-o parecer minúsculo. Se ela não estivesse vendo com os próprios olhos, teria pensado que
eram aperitivos. Mas não eram. Sem querer, Amy corou ao pensar quão grandes deviam ser outras
partes do corpo dele. Ela empurrou esse pensamento para longe. Ela era uma prisioneira,
caramba. Ela não ia cair nessa. Seu plano era simples: esperar o avião aterrissar, correr para a
luz do dia na pista de pouso, e arrumar uma maneira de ligar para sua irmã e pedir pra ela
chamar ajuda.
Simples, fácil.

Então porque é que ela já estava fantasiando a respeito de ficar aqui e deixar que as mãos

grandes e, aham, outras coisas fizessem o que quisessem com ela?


Ele estendeu a mão e interrompeu os pensamentos dela. Ele levou um pedaço partido de

sanduíche até a boca dela e ela deu uma mordida – e talvez, só um pouquinho, ela lambeu os
lábios e gemeu mais do que seria apropriado. Claro, o sanduíche era bom e ajudava sim a
aplacar as chamas da fome rugindo dentro dela, mas não era exatamente um néctar dos deuses.
No entanto, ela gostava de provocar Dvar, tentando-o. Ela podia vê-lo se contorcendo em seu

assento, o contorno da ereção dele se endurecendo através do tecido das suas calças. Os olhos
dele se estreitaram, direcionando uma atenção bem focada nela, as pupilas se dilatando dentro
dos círculos cor de jade.
“Isso é incrível,” ela ronronou, lambendo os lábios novamente e rindo dele, que partia o
próximo pedaço ansiosamente.
Dvar levou a porção até a boca dela novamente e ela deu uma mordida ávida, deixando
seus dentes passarem – não morder, não exatamente – pelo indicador dele. “Cuidado, espoleta.”
Ela engoliu e deu de ombros. “Você sabe que tem uma expressão americana, ‘essa gatinha
tem garras’?”

“Não estou familiarizado, não.”


“Bem, eu prometo que não só tenho garras, mas também uns dentes bem fortes. Você talvez
queira ser bonzinho comigo.”
Ele assentiu e deu outro pedaço pra ela. O primeiro sanduíche já estava pela metade, e ela
não tinha certeza se estava aliviada ou decepcionada. Tudo que Amy sabia era que a atenção e
os esforços do xeique a deixavam confusa. Parte dela estava com medo e frustrada, e só queria ir
para casa o mais cedo possível. No entanto, uma parte mais profunda e atávica dela, algo primal
e estranho para sua mente racional – bem, ela já estava dolorosamente molhada –, queria que ele
fosse mais longe.
Perceber isso a chocou, mas aquilo também a excitava.

Deus, o que estava acontecendo com ela?

Será que ela tinha ficado completamente maluca?


“Você está bem?” ele perguntou, as profundezas cor de jade se colorindo de preocupação.

Ela o avaliou especulativamente. “Você sequer se preocupa com o meu desconforto? Você
fez, tipo, quatro caras me sequestrarem, minhas mãos estão amarradas, e eu estou com medo do
que vai acontecer se eu tiver que ir ao banheiro.”
“A copiloto é mulher; ela pode te ajudar.”

“Que alívio,” ela replicou. “Eu sou só uma posse pra você e nós dois sabemos disso.”
“Você é mais que isso,” ele disse silenciosamente antes de colocar o sanduíche de volta na
bandeja e pegar tudo para levar para a parte principal do avião, longe do quarto privado dela.
“Descanse dessa vez, Amy. Quanto mais você dormir, mais rapidamente nós chegaremos ao nosso
destino.”
“E à minha escravidão sexual, mal posso esperar!”
Ele franziu a sobrancelha e entortou a cabeça. Deus, será que ela era tão transparente com
sua luxúria quanto ele? Era óbvio que ele a queria. Diabos, até um cego perceberia. Será que ele
via que pelo menos parte do seu corpo traidor também ansiava por ele?

“Eu acho que você me quer mais do que demonstra, Amy. Agora, bons sonhos.”
Ela revirou os olhos depois que a porta foi fechada e tentou se acomodar no colchão
embaixo dela. Seus braços já estavam entorpecidos graças à falta de circulação, como se um
milhão de formigas estivessem picando-os. Assim mesmo, ela se viu caindo em um sono irregular. Ela
não foi atormentada por pesadelos de sequestro e tortura; Amy sabia que nada tão drástico
quanto barras ou afogamento simulado estava em seu futuro. Não. Ao invés disso, ela sonhou com
penetrantes olhos cor de jade que olhavam para ela por entre suas pernas, e com a fome que
queimava dentro deles.
Capítulo Quatro

Havia pirâmides imensas do lado de fora da janela.


Havia pirâmides.

O cérebro dela não estava processando isso. Há menos de vinte e quatro horas ela estivera
presa no inverno mais frio jamais registrado em Boston, e agora Amy estava na suíte real do hotel
Mena House no Cairo, Egito, olhando sobre o campo de golfe e diretamente para as pirâmides.
Você sabe, o Rei Tutancâmon, maldições, e múmias antigas? Sim, essas pirâmides. Elas eram imensas,

tão impressionantes que Amy se sentia insignificante ao lado delas, como se não houvesse nada
nela que importasse em comparação com algo que havia durado séculos. O quarto também era
maravilhoso – uma enorme cabeceira circular folheada a ouro de verdade que fazia até a cama
king size parecer pequena, o rico tapete oriental em tons de bronze e vermelho, e a mobília antiga
feita das mais finas sedas. Dizia-se que o Mena House vinha hospedando celebridades e reis por
gerações. Amy acreditava.
O check in tinha sido interessante.
Ela tinha sentido uma vontade desesperada de correr no instante em que a haviam retirado
do avião. Pra falar a verdade, ela tinha feito isso, mas então Hakim – e ela devia chamá-lo de o

maldito Flash1 – a havia agarrado e empurrado com força mais do que suficiente para dentro da
limusine. Ela tinha esperado aterrissar na Jardânia, para começar plenamente sua vida estranha e
um novo capítulo como a rainha de uma terra completamente estrangeira. A última coisa que ela
esperava ver eram os sinais indicando que ela havia chegado ao Egito. Amy se perguntou se
talvez um dos primos de Dvar estava atualmente visitando o reino da Jardânia. Talvez o seu novo
xeique não quisesse enfrentar o escrutínio da família. Talvez ele quisesse encantá-la com um
passeio pelo mais velho país do Velho Mundo. Ou, diabos, talvez ele quisesse sua própria distração
antes de retornar para suas obrigações governantes. Amy não podia ter certeza.
No saguão do Mena House, Hakim a havia segurado firmemente, com uma arma enterrada

discretamente em suas costelas. Tentar pedir ajuda teria sido suicida e uma idiotice absurda, então

Amy manteve a boca fechada. Agora ela era uma imitação fajuta de Julia Roberts em Uma Linda
Mulher, olhando para uma cidade que ela nunca tinha visto exceto em livros de fotografia, e com o

luxo da melhor suíte do hotel empilhado sobre ela.


Ela não tinha palavras.
Mas Dvar parecia ter. Ele caminhou até ela e passou um braço por cima de seu ombro. Ela
tencionou os músculos com o contato inesperado, mas ele cheirava tão bem, a cúrcuma e almíscar, e

ela não conseguia não se sentir atraída por ele também. “É lindo, não é?”
Ela concordou. “Eu não fazia ideia. Eu sabia que elas eram grandes, mas eu não... como é
que dá pra sequer imaginar?”
“Não dá. Eu tinha sete anos a primeira vez que meu pai me trouxe aqui a negócios. Foi
incrível.” Ele se virou e sorriu para ela. “É sempre incrível.”
Amy engoliu em seco. Ele era muito mais alto do que ela, provavelmente uns quarenta
centímetros a mais, então não era como se eles estivessem se encarando olho no olho. Diabos,
estava mais pra olho no peito largo e forte, mas ele estava olhando para baixo, para ela, com
aqueles encantadores olhos verdes, e ela se sentia caindo novamente.

Ela se sacudiu. “Eu preciso de um banho ou algo do tipo. Estou coberta tanto do sal de

rocha2 de Boston quanto de areia do Cairo e isso é uma loucura.”


“Eles têm chuveiros,” ele disse, a voz como um ronronado. “Vou pedir para entregarem

algumas roupas aqui. Você é bonita demais para ficar vestida de barista3.”
“Você conhece a palavra?” ela perguntou, um pouco surpresa.
“Eu mesmo estudei nos Estados Unidos, um tempo em Harvard. Não seja idiota. Além do mais,
quem você acha que inventou o café?” ele observou, se direcionando para a porta. “Aliás, antes
que você tenha ideias, o quarto tem três andares de altura e eu duvido que amarrar os lençóis uns
nos outros vá te levar muito longe. Além disso, Hakim e Nasir estão posicionados em ambos os lados

da porta. O telefone não funciona. Eu pedi que a recepção o desconectasse para mim porque não

quero ser perturbado.”


Ela franziu as sobrancelhas. “Você está falando sério?”

“Muito, Senhorita Monroe. Você é minha agora, e você nunca vai escapar de mim – jamais,”
ele disse, batendo a porta atrás de si ao sair para o saguão principal.
Amy suspirou e testou o telefone, só pra ter certeza. A equipe dele tinha confiscado seu
celular há muito tempo. Fiel à palavra dele, o telefone sequer conectou. Estava completamente

silencioso, não havia nem o maldito tom de discagem. Indo até a varanda, ela avaliou a queda.
Mesmo que ela soubesse como amarrar os lençóis uns nos outros, ainda era alto demais. Além disso,
ela tinha uma política de não basear suas decisões de vida em coisas que tinha visto nos desenhos
do Patolino e do Pernalonga, mesmo porque elas raramente funcionavam, mesmo pra eles.
Ótimo, até agora todos os seus brilhantes planos ou tentativas de fuga tinham sido
completamente frustrados ou acabado como fracassos totais. Que pena que ela não era o

MacGyver4. Diabos, ela até aceitaria ser a versão paródia: McGruber. Amy não era inventiva o
suficiente pra isso. Pelo amor de Deus, ela era uma ex-estudante e uma barista temporária
endividada. Ela não tinha a menor esperança de descobrir uma maneira de escapar. Não é como

se ela fosse uma das garotas nos filmes de James Bond.


Dando de ombros, ela agarrou as fofas toalhas brancas dispostas para ela e foi para o
banheiro. Era tão lindo quanto o resto do quarto, com paredes de mármore e um chuveiro duplo
com duchas a vapor. Tudo brilhava, decorado com o que também pareciam ser folhas de ouro, e
ela presumiu que tudo era feito com aquela aparência só porque qualquer outra coisa seria tão
cara e esbanjadora que não daria nem pra imaginar. Estendendo a mão, ela ligou a água numa
temperatura pouco abaixo de escaldante e tirou sua roupa imunda.
Quando os menores fiapos de vapor começaram a encher o chuveiro, ela entrou. Depois de
tanto tempo amarrada, a água era como o paraíso, as gotas quentes caindo sobre seus braços

ainda formigantes e entorpecidos. Havia marcas, arranhões e linhas vermelhas no local onde as

algemas haviam mordido sua pele. Não havia cortes e ela esperava que, em algumas horas,
ninguém poderia mais ver. As coisas poderiam ter sido piores. Diabos, ela ainda estava morrendo

de medo de que as coisas ficassem muito piores. Como era aquela expressão sobre nenhum porão
no inferno?
Ela pensou que era onde estava atualmente.
Mas o inferno tinha trajes bonitos, o homem mais sexy que ela jamais tinha visto, e chuveiros

de luxo. Era melhor do que as ideias de forquilha e pés de bode que ela tivera antes. Não havia
lagos de fogo aqui, apenas o constante pulsar do chuveiro enquanto a água varria sobre ela,
lavando as dores e o medo do dia para longe.
Amy suspirou e inclinou a cabeça contra o mármore. A sensação era fria, um contraste com o
calor de sua pele ou o calor se acumulando em suas vísceras. Deus, o que diabos ela faria? Ela se
virou para alcançar o xampu e deu um pulo pra trás. Dvar estava lá.
Nu, em toda sua glória.
Ele devia ter entrado de fininho enquanto ela deixava toda a sujeira se desprender dela.
Ela lambeu os lábios ao vê-lo. Mesmo enquanto seu coração batia selvagemente, mesmo ao

estender os braços para cobrir seus seios e esconder sua própria nudez, ela ainda assim não
conseguia tirar os olhos dele. Ele era muito maior do que ela poderia ter imaginado, com relação à
largura. O terno tinha escondido tanto do que havia por baixo... Ele tinha ombros largos, um porte
de jogador de futebol americano, ou seja lá qual fosse o equivalente estrangeiro. Rúgbi, não era?
Ele tinha uma constituição tão poderosa, como se ele sozinho pudesse ter construído aquelas
malditas pirâmides lá fora. Seu peito era perfeitamente esculpido, como o Davi de mármore de
Michelangelo. Ela engoliu com força enquanto a água escoava pelo torso dele e corria em fios
sobre as linhas de seu abdômen, um tanquinho, e ela se perguntou se o homem vivia em uma
academia.
Governantes não eram pra ser homens ocupados, em teoria?

Ela sabia que o presidente americano não se parecia nada com isso.

Bom, talvez fosse alguma estratégia para manter a Jardânia feliz. Talvez as mulheres
ganhassem um bilhete de loteria de vez em quando para dar uma espiada nos “bens” do xeique.

Fazia tanto sentido quanto qualquer outra coisa que ele tinha feito nas últimas vinte e quatro horas.

Dizer que ela tinha caído no buraco do coelho5 era tão pouco em comparação ao que de fato
estava acontecendo que não tinha mais graça.
Ainda assim, a água continuou descendo, para o “caminho da felicidade” de pelos que

levavam aos cachos negros sobre a virilha dele. Seu membro saltava daquele tufo de cabelos,
duro e de dar água na boca. Amy tinha tido a sua cota de amantes na faculdade, mas ela nunca
tinha visto ninguém tão grande. Não eram proporções cômicas ou pornográficas, mas o xeique
certamente não tinha nenhum motivo para sentir vergonha. Aquilo certamente explicava sua atitude
arrogante.
“Eu... isso é privado,” ela disse, finalmente encontrando sua voz, mesmo que soasse pequena
e miúda até para seus próprios ouvidos.
“É mesmo?” ele perguntou, dando um passo à frente e chegando perto o suficiente para que
seu membro se movesse e tocasse a barriga dela. Ela estremeceu com aquela intimidade, mas não

necessariamente odiou o contato. “Você tem que aprender, espoleta, que nada é privado de mim –
não mais.” Ele chegou mais perto, seu membro quente e duro entre eles enquanto ele acariciava a
bochecha dela. “Você é minha.”
***
Dvar não sabia muito bem o que estava fazendo.
Seu plano original tinha sido encontrar um traje apropriado para sua nova xeica e lhe dar
espaço para que ela pudesse digerir os eventos do dia. E então ele recuperou o bom senso. Ele
não precisava que Amy Monroe “concordasse” com nada. Não havia espaço para barganha aqui,
sem negociações. Ele não era um bobo, tolo e sentimental como seus primos. Ele era o rei e

principal general da Jardânia, e ele teria Amy na hora que quisesse. Agora, ele a queria molhada

e de joelhos.
Então ele mandou Hakim buscar as roupas e voltou para o chuveiro. Amy estava tão fora de

si que Dvar e encontrou inclinada na parede de mármore, o azulejo frio pressionando sua testa. Ele
adorou observar aquilo, era um prazer desvalorizado. Tomar o que ele queria era sua prioridade,
claro, mas era possível aprender tanto – especialmente sobre uma amante – apenas observando
as pessoas quando elas eram si mesmas. Ela empurrou seu cabelo picado da testa, e ele pensou

que daria ordens para que ela deixasse aquele maldito cabelo crescer. Ela não era régia o
suficiente ainda, não tinha a aparência de uma xeica. Ele tinha visto as longas madeixas da irmã
dela e, sim, Amy ficaria perfeita com uma juba de cachos negros e naturais caindo pelas costas.
Ainda assim, o resto dela era maravilhoso – a silhueta frágil, os seios pequenos, mas empinados e
com mamilos rosa escuro, e as pernas longas e esguias.
O tempo de ficar olhando tinha acabado.
Ele entrou e se divertiu com a maneira como ela o examinava. Ele se perguntou se ela
estaria molhada só por causa do chuveiro, se ela se sentia excitada pela mera visão dele como ele
se sentia excitado por ela. Ela estava respirando com dificuldade e ele estava hipnotizado pelos

macios montes de carne no peito dela, pela maneira como eles subiam com cada inspiração.
Ela era dele, e era hora de ensiná-la isso.
Depois das palavras gaguejantes dela, ele cruzou o banheiro e pressionou sua ereção
contra ela.
Ah sim, era hora de começar pra valer.
“Então, espoleta, o que você acha que eu vou fazer com você?” ele perguntou, pressionando
seu pênis na pele macia e tentadora da barriga dela. “Como você acha que eu vou te tomar?”
Amy engoliu em seco e seus olhos se lançaram pelo cômodo, e ele se perguntou se ela
estava avaliando suas chances de fuga.
Ele estendeu os braços e prendeu as duas mãos dela contra o frio mármore do chuveiro.

“Você não pode sair, não dessa vez. Eu controlo tudo, então estou só perguntando o que você acha

que vai acontecer. Nós vamos trepar como animais? Será que eu devo de tomar, como dizem os
americanos, de ‘cachorrinho’? Você já experimentou sexo anal? Será que eu devo te dar uma

experiência completamente nova nesse sentido?”


Ele sorriu. “Você é tão pequena, então talvez eu apenas te levante e te faça me cavalgar,
suas pernas enroladas na minha cintura enquanto eu mergulho profundamente no seu cerne. O que
você quer, Amy? Do que você precisa?”

Ela lutou contra a pressão dele, mas ele apenas apertou os pulsos dela ainda mais com os
dedos, provavelmente com força o suficiente para deixar marcas, mas ele não se importava. Ele
tinha que fazer isso, ele precisava que ela entendesse e aceitasse o papel de xeica, e a primeira
regra era que ela sempre estava disponível para seu xeique. Ela vivia para servir as necessidades
dele e as de mais ninguém.
Não hoje.
Nem nunca mais.
“Eu quero que você me solte.”
“Não, espoleta,” ele disse, sua ereção se esfregando nela agora. “Você não quer.”

Ele manobrou um pouco até que apenas uma de suas enormes mãos estivesse segurando
ambos os pulsos dela. Com a mão direita, ele passou os dedos vagarosamente pelos seios dela,
depois por sua barriga até o macio tufo de cabelos escuros no vértice de suas coxas. Eles eram
tão delicados... Ele se perguntou quais outras surpresas macias o aguardavam quando ele
explorasse sua espoleta.
Experimentando, ele entrou com os dedos entre as coxas dela. Amy as fechou com força e o
encarou, seus olhos azuis, tão parecidos com geleiras, encarando-o com uma rebelião fogosa. Ele
só pressionou-a com mais força, deixando sua ereção falar por ele.
“Deixe-me entrar, espoleta. É muito mais fácil assim.”
“Eu...”

Ele forçou as coxas dela a se abrirem e sentiu a umidade ali, sentiu os fluidos dela se

acumulando sobre ele, e soube que não havia a menor possibilidade de aquilo tudo ser apenas
água do chuveiro. Ah sim, ela estava tão excitada quanto ele. Caramba, considerando as rápidas

inspirações com as quais ela estava lutando, Amy estava mais do que ávida pelo que ia acontecer
com ela. Ele correu os dedos pela escorregadia pele dela e depois pelas macias dobras de seu
cerne. A sensação era de veludo em suas mãos, mais uma vez surpreendentemente macio e tenro.
Amy estremeceu e suas pernas pareceram ceder por baixo dela por um momento. Ela só não

caiu na frente dele porque as imensas mãos de Dvar a estavam segurando. Isso seria pra mais
tarde. Ele teria muito tempo para colocá-la de joelhos, a língua maliciosa e brincalhona dela
lambendo a cabeça de sua ereção. Agora? Agora ele só queria senti-la e fazê-la gritar de
prazer, fazê-la se esquecer completamente dos Estados Unidos.
“Você está tão molhada e pronta, espoleta. Você está pronta pra quê?”
Ela ainda estava encarando-o, mas parte dela parecia esperta o suficiente para entender o
que ele queria.
“Você, eu quero você.”
Ele assentiu. “Pode estar certa disso. Você vai resistir?” ele perguntou, mexendo a mão pelas

dobras dela até o sensível feixe de nervos aninhado no meio. Ele pressionou o polegar ali,
movendo-o em círculos grosseiros, e ela soltou um gemido que penetrou diretamente na parte mais
primitiva do cérebro dele. O seu membro se contraiu por conta própria, e ele estava tão
desesperado que simplesmente precisava estar dentro dela.
Dvar não disse nada, mas se moveu novamente, passando os braços pela cintura dela e se
sentindo aliviado quando ela não tentou bater nele ou arranhá-lo com suas mãos, que agora
estavam livres. Ele a levantou como se ela não pesasse nada – e, francamente, o peso dela era
mesmo negligenciável. As pernas dela se enrolaram na cintura dele, e ele deixou sua ereção
escorregar para dentro dela. Ela estava apertada a princípio, e era óbvio, mesmo que ela
provavelmente não fosse virgem – quem era, hoje em dia – que fazia um tempo que ela não

transava. A cabeça dele estava entrando quando ela sibilou.

“Você está bem?”


Ela assentiu e franziu as sobrancelhas. “É só maior do que o normal.”

Ele deu uma risadinha e começou a beijar a garganta dela, deixando-a se acostumar com
tudo. Ele desceu beijando seus ombros até a base da garganta dela, perto da clavícula. Ele passou
a língua pela base do pescoço dela e depois subiu para mordiscar seus lábios, mordendo-os
ocasionalmente, curtindo a sensação da pele delicadamente presa entre seus dentes. Ela gemeu e o

membro dele se contraiu novamente, entrando com mais facilidade dentro dela por causa de seus
fluidos, que escoavam cada vez mais. Centímetro por centímetro, ele escorregou para dentro dela,
sentindo seu calor e pressão, o canal dela tão apertado, quase como se estivesse massageando-o
enquanto ele empurrava sua ereção para o fundo do cerne dela.
Finalmente, ela estava em posição e ele sentiu como se até suas bolas estivessem dentro dela.
Dvar sorriu para os brilhantes olhos azuis dela. “Parece que nós temos o encaixe perfeito,
espoleta.” Ele moveu os quadris tentativamente e ela enterrou as unhas nas costas dele,
arranhando-o com a perfeita mistura entre prazer e dor. “Agora, quais são as palavras mágicas?”
Ela franziu a sobrancelha para ele. “Abracadabra?”

Ele moveu os quadris só um pouquinho, provocando tanto ela quanto ele mesmo. Foi preciso
ter mais autocontrole do que ele se imaginava capaz. Ele queria saqueá-la desesperadamente, se
sentir gozar fundo dentro dela com uma urgência e necessidade animal. Ainda assim, isso era um
jogo. Ele queria que ela pedisse, implorasse. Ele ia quebrar seu sarcasmo e sua desobediência
mesmo que ele morresse de desejo ali mesmo.
“Droga! Que tal ‘abre-te sésamo’?”
Ele a empurrou de leve e riu enquanto ela gemia e estremecia sob os esforços dele. “Eu
acho que algo já está definitivamente aberto, espoleta.”
“Argh, por favor, então!”
“Por favor, o que?” ele provocou, deixando sua voz ficar baixa e rouca, como um ronronar.

“Por favor, me coma, Dvar.”

“Não, esse não é o meu título, e você sabe disso.”


Ela se esfregou nele, mas ele sabia que aquela tentativa patética de gerar fricção não

saciaria as coisas por muito tempo. “Por favor, meu xeique, por favor!”
Ele assentiu, não mais precisando ensiná-la uma lição ou provocá-la. Ele começou de
verdade, seus quadris encontrando seu próprio ritmo frenético contra os dela. Ele empurrou para
dentro dela, seu membro enclausurado no cerne dela, sentindo seus músculos começarem a ondular

e se mover em volta dele. Os fluidos dela estavam escoando livremente agora, facilitando os
movimentos deles. As unhas dela se enterraram na pele dele, seus seios macios e flexíveis contra o
peito dele. Amy levou os lábios até o ombro dele e sentiu seu gosto ali, beijando-o, passando a
língua, até raspando os dentes na pele sensível. O pênis dele deu um espasmo de excitação e
aquilo o fez se mover com mais força e fervor. Ela estava gemendo acima dele, segurando-o como
se a sua própria vida dependesse disso, como se ele fosse um maldito touro em um daqueles
rodeios americanos.
Diabos, talvez ele fosse.
Então ele sentiu: os espasmos em seus testículos, a tensão na boca do estômago. Ele gozou,

atirando sua semente dentro dela, sentindo seu sêmen se misturar com os fluidos dela e com a água
do chuveiro, agora fria. Mas ele manteve o ritmo da melhor forma possível mesmo ao continuar
gozando – ela ainda não tinha sentido o mesmo alívio.
Ele era o chefe e podia ser insensível, mas ele ainda era um xeique que tentava agradar.
Ele passou a mão entre seus corpos e tocou o clitóris dela mesmo enquanto ela enrolava as
pernas mais estreitamente entorno de sua cintura. Dedos ágeis, ainda que calosos, esfregaram
desenhos semicirculares ali, enquanto os quadris dele se elevavam para encontrar os dela. Era
escorregadio e bagunçado e quase violento, mas a paixão voava livre e solta entre eles.
Ele estava adorando.
Ela finalmente gozou, gritando o nome dele e uma coleção de xingamentos que o

impressionou. Ele não a tinha visto gritar assim sequer com seus guardas, e ele pensou que ontem

ela tinha chamado eles de tudo que era possível.


Amy se acalmou e finalmente caiu para frente no ombro dele. Até ele estava cansado,

extenuado a tal ponto que ele sabia que teria que largá-la o mais rapidamente possível.
Ele beijou as pálpebras fechadas dela. “Bem vinda ao Oriente Médio, minha xeica. Bem
vinda ao lar.”

1 Super-herói da DC Comics que combate o crime usando sua velocidade sobre-humana.


2 Mineral utilizado para derreter gelo e neve.
3 Pessoa que prepara e serve bebidas que têm o café-expresso como base.
4 Personagem de uma série americana de ação e aventura que resolvia problemas complexos ao criar coisas a partir de
objetos comuns.
5 Referência ao livro “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carrol.
Capítulo Cinco

Depois daquilo, Amy foi deixada para finalmente terminar seu banho. Espera, o que era
aquilo, exatamente? Bem, ela sabia o que aquilo era: aquilo era o sexo mais incrível que ela jamais

havia experimentado. Isso não era mistério. A parte que era tão estranha pra ela, tão inesperada,
era que ela tinha se submetido a tudo sem questionar, ela tinha sido perfeitamente complacente. Tá
bom, talvez não completamente. Dvar era muito maior do que ela, com a constituição de um

quarterback1 americano, e ela claramente não teria sido capaz de obrigá-lo a fazer nada que ele

não quisesse. Afinal, o homem tinha segurado ambos os seus braços com uma única mão enorme. As
únicas escolhas reais que lhe haviam sido oferecidas no chuveiro eram as posições. Ainda assim,
talvez ela pudesse ter lutado mais. Ela não se casaria com esse homem, não seria a maldita xeica
dele, ou escrava de prazer, ou seja lá o que mais ele estivesse imaginando que ia acontecer.
É claro, mesmo enquanto terminava de se esfregar, deixando a água escorregar entre suas
coxas, Amy conseguia sentir o calor se espalhando em sua barriga, o desenrolar agradável de
conforto e saciedade. Seu cerne ainda estava formigando e, francamente, ela sabia que grande
parte dela gostaria de nada mais do que ficar aqui – bem, eventualmente na terra dele, a

Jardânia – e ser a rainha dele.


O homem sabia como levá-la às alturas do prazer, mais do que qualquer um dos seus
colegas desastrados.
Nossa, ele era como um maldito deus grego enviado diretamente pra ela.
Mas ele não tinha pedido, diabos; ele tinha apenas carregado ela para outro mundo, alheio
a quaisquer planos de vida que ela pudesse ter. Tá certo, seu maior plano parecia envolver um
monte de firulas ao servir café, mas a questão não era essa. Ela não era Alexis; ela não era sua

irmã, facilmente levada ou enganada até ter síndrome de Estocolmo2. Ela não ia simplesmente cair
na cama com esse xeique, não importa quão surreal o orgasmo tivesse sido.
Suspirando, ela pulou pra fora do chuveiro e se secou. Com cuidado, ela vestiu o grosso

roupão felpudo. Não havia motivo para pensar que Dvar não estava lá fora esperando por ela, e

ela não queria dar a ele a impressão errada de que queria uma segunda rodada. Tá certo, ela
queria, mas ela não precisava que ele soubesse disso. Força de vontade, era disso que ela

precisava. Ela precisava de força de vontade o suficiente para aguentar isso tudo até que

pudesse chamar a atenção da irmã, ou da Interpol3, ou alguma coisa do gênero.


Quando ela passou para o quarto principal, ela revirou os olhos. Seus instintos estavam
certos e Dvar estava deitado no suntuoso colchão, examinando-a com uma fome feral. Pelo menos

ele estava vestido com um simples par de calças de linho e uma camisa branca de abotoar,
também de tecido leve. Ela franziu as sobrancelhas.
“O que?”
“Eu esperava, sei lá, robes e um turbante, talvez?”
“Eu prefiro me vestir como os ocidentais às vezes. Eu fui educado nos Estados Unidos,
espoleta, e eu achei que ia facilitar as coisas pra você.”
Ela bufou. “Porque a sua escolha de guarda-roupa me faz sentir tão melhor a respeito de
ser uma escrava sexual.”
“Você será a xeica, uma rainha. Você é muito mais do que uma adição qualquer ao meu

harém.”
“Você tem um?”
“Ah, sim, mas talvez eu aposente a maioria delas. Você é uma transa bastante irresistível,
Srta. Monroe.”
Ela engoliu em seco e empurrou sua própria fome e necessidade dele para longe. “Muito
bem, vista qualquer coisa. E eu, o que devo vestir?”
Ele sorriu e apontou para o pé da cama. Havia uma diáfana cobertura cor de rosa, como
algodão doce. Não era grossa e pesada como as burcas escuras que ela tinha visto no noticiário
ou mesmo visitando o reino de sua irmã, mas ainda cobriria bastante seu corpo. Franzindo a

sobrancelha, ela caminhou até a roupa e pegou-a. O caftan rosa era transparente.

“Eu não posso sair assim.”


“Ah, essa não é a única coisa para você,” ele disse, mexendo nos lençóis e revelando uma

roupa de duas peças. Um conjunto lilás com calças de gênio (ela se lembrou de vídeos do rapper
M.C. Hammer) e uma bandoleira com cristais de verdade e braceletes dependurados. “Eu resolvi
ser criativo em um dos mercados aqui perto. É um clichê e tanto, mas tantas garotas americanas
sempre quiseram ser aquela princesa no filme da Disney... pensei que você podia me divertir.”

“Quer dizer que mesmo fora da Jardânia você quer que eu faça o papel da garota sem
noção do harém.” Ela olhou para a cama e cruzou os braços sobre o peito. “Eu não vou usar isso
de forma alguma, não tem a menor possibilidade.”
Ele deu de ombros. “Então você vai ver as pirâmides de Giza no seu mais fino roupão de
banho, ou nua. Não me incomoda. Quente como é nesse maldito lugar, talvez você esteja certa de ir
nua. Mas eu não acho que você ia gostar muito, espoleta. Você parece ser modesta demais pra
isso, apesar de gritar muito.”
“Você não pode estar falando sério! Eu não posso sair por aí vestida que nem a Princesa
Jasmim.”

“Ah, você pode e você vai, então pode se aprontar,” ele disse, pulando da cama e saindo do
quarto.
Amy sacudiu a cabeça e começou a se enfiar naquela roupa infernal. Se ela ia ficar presa
aqui, então ela pelo menos precisava de alguma roupa, mesmo que essa não deixasse nada em
aberto para a imaginação.
***
Dvar sorriu para Amy quando ela tomou seu braço estendido. Atrás deles, Hakim e Nasir
ficavam de guarda. “Você está magnífica.”
A mão dele traçou o contorno da barriga dela, sua estreita cintura estava magnificamente
emoldurada pelo cós dourado das calças. Ela era muito mais bonita do que qualquer mulher que

ele jamais havia visto, mais ainda por conta daquele temperamento fogoso que ele mal podia

esperar para domar. Talvez ele estivesse com sorte nesse departamento. Ela eventualmente colocou
as roupas, afinal. Já era alguma coisa.

“Eu sinto que saí diretamente de As 1001 Noites.”


“Então você pode ser a minha Sherazade pessoal. Quais estórias você vai me contar essa
noite, minha querida?”
“O conto do xeique que não entendia que ele não estava no controle de tudo,” ela soltou.

Ele riu. “Isso não vai me interessar muito. Eu prefiro ouvir as suas fantasias mais obscuras,
Srta. Monroe.”
As bochechas pálidas dela coraram com um lindo tom de escarlate que destacava suas
belas maçãs do rosto. Ah, era divertido jogar com essa aqui. Isso o surpreendeu. Durante suas
observações, ele tinha percebido que ela era muito áspera com a maioria das pessoas que a
incomodavam, mesmo no trabalho. Caramba, ela tinha passado a maior parte de seu tempo juntos
insultando ou ofendendo (bem inutilmente) seus homens. Havia um lado mais meigo e frágil ali, e ele
queria explorá-lo também.
Diabos, quem ele achava que estava enganando? Ele queria explorar qualquer coisa que

Amy tivesse a oferecer.


“Será que também preciso te lembrar,” ele disse, “que Hakim e Nasir são muito bons no que
fazem. Eles são guardas excelentes e os melhores atiradores da Jardânia. Se você sequer pensar
em fugir ou alertar alguém, eles vão atirar.”
“Você está falando sério?”
Ele balançou a cabeça. “Espoleta, são balas de borracha para controle de multidões ou um

taser4 em um dos casos. Então você pode escolher seu veneno. Só não tente bancar a heroína. Não
há nada além de luxo e sexo fenomenal aqui. A maioria das mulheres mataria para estar no seu
lugar,” ele sorriu para ela enquanto eles pegavam o elevador para a limusine que os aguardava.

“Afinal, eu sou um dos solteirões mais ricos e cobiçados do mundo.”

“Bem, talvez eu não queira nada com o dinheiro de petróleo dos Yassin,” ela disse, sua
mandíbula apertada.

As portas se fecharam e ele tentou ignorar a maneira como Hakim chegou mais perto dele.
Dvar estava quase certo que, apesar do tom de voz e das palavras duras, Amy não começaria a
chutar ou fazer qualquer coisa que pudesse machucá-los. Quase.
“Então eu acho que você já está bastante apegada ao sexo.”

“Você é um porco.”
“Você gosta,” ele disse simplesmente.
A descida no elevador foi curta, assim como a ininterrupta transição para a limusine. Hakim e
Nasir se sentaram na frente, e ele tomou o banco de trás com Amy.
“Você fez bem,” ele disse. “Veja, se você apenas ficar em silêncio e permitir que tudo corra
normalmente, então você vai curtir o estilo e as maravilhas do Cairo. A cidade inteira está à sua
disposição. Você pode ter o que quiser, sabe, você só precisa pedir.”
Ela o encarou, empurrando a franja picada para trás da orelha. “Será que você tem um
celular? Eu adoraria um.”

“Não, e você sabe que nenhuma comunicação vai acontecer por um tempo durante o período
de adaptação.”
“Isso é um eufemismo,” ela bufou. “Não podemos estar tão longe das pirâmides. Eu consigo
vê-las na nossa varanda.”
“É verdade,” ele disse, colocando um braço em volta do ombro dela.
Amy ficou tensa, mas ele observou enquanto ela olhava para Nasir, que a encarava de
perto. Ele era um guarda-costas muito bom, no final das contas. Ela então relaxou, e talvez a ideia
estivesse finalmente entrando na sua cabeça dura, a ideia de que não havia mais necessidade de
lutar contra isso, de que a vida dela estava destinada a isso.
“É legal, pelo menos,” ela murmurou enquanto a limusine saltitava pela poeirenta estrada

desértica que os levava ao principal caminho de areia até as pirâmides. Eles teriam que tomar

camelos para atravessar a areia grossa, mas eles ainda tinham alguns minutos no carro. “Eu nunca
andei de limusine antes.”

“Eu pensei que tinha, com a sua irmã.”


“Eu não visitei a Alexis muitas vezes. Eu nunca estive numa limusine antes. Eu nunca fiz o tipo
‘garota de luxo’ antes.”
“Sério?”

Ela bufou. “Você sequer conversou com seu primo Farzad sobre qualquer coisa a respeito da
nossa família? Meu pai se separou da minha mãe quando eu tinha uns oito anos e nós passamos
aperto com tudo. Alexis fez um monte de empréstimos para pagar a escola de direito. Não importa
agora, mas nós tivemos muitos jantares de comida congelada quanto éramos crianças e Natais com
meias e calcinhas úteis de presente porque não sobrava nenhum dinheiro para brinquedos.”
“Ah.”
“Exatamente, e agora eu sou barista, então eu me viro, mas eu não frequento bailes de gala
ou ando em carros enormes, sabe?”
Ele assentiu e não conseguiu encontrar as palavras que queria. Ele tinha ficado intrigado

pela beleza e determinação de Amy nas poucas vezes em que a tinha espiado ao visitar o palácio
do primo. Ele tinha ficado mais encantando e certo de que a queria quando ele e sua equipe a
tinham perseguido durante a semana anterior, em Boston. Ainda assim, uma vez que a irmã de Amy
era uma advogada licenciada, ele sempre tinha presumido que a família dela tinha dinheiro.
Francamente, o fato de a infância dela soar dura e solitária o deixou extremamente chocado.
“Eu sinto muito que o seu pai-”
“Meu pai,” ela cortou, “é um grande babaca. Ele sequer foi ao casamento da Alexis porque
a nova esposa dele não estava a fim de viajar. Ele teve uma crise de meia idade, fugiu pra sei lá
onde, e de vez em quando envia um cartão de aniversário – geralmente no dia errado. Ele foi, e
ainda é, um baita idiota.”

“Ainda assim, eu ia dizer que eu entendo as dores de se crescer sem pai.”

Ela franziu a sobrancelha. “O que?”


“Meu pai foi morto em uma batalha quando eu tinha apenas doze anos. Ele era um general,

como eu, e levava a sério suas obrigações para com o povo da Jardânia. Alguns xeiques apenas
bolam estratégias, mas ele achava que era seu dever fazer tudo que pudesse durante a batalha
para proteger seus cidadãos. Um daqueles malditos vira-latas do Leban atirou nele.”
“Eu sinto muito.”

“Foi a algum tempo atrás, bastante tempo,” ele disse, suspirando.


Mesmo então, a mão dele foi para o bolso das calças. Para qualquer lugar que fosse, ele
carregava a medalha mais prezada de seu pai. A lua crescente prateada era um símbolo do seu
alto ranque no exército antes de sua morte, como era costume na Jardânia. Aquele objeto colocava
os pés de Dvar no chão, o ligava a um pai que estava se esvaindo de sua memória. As lembranças
tinham se desbotado depois de quase duas décadas, é claro, mas ele também temia ver seu pai
apenas através dos olhos ingênuos de um jovem menino. Ele não se lembrava do homem como ele
tinha sido, e Dvar apenas desejava que eles tivessem tido tempo para todas as conversas que pais
e filhos deviam ter, que ele tivesse orientações para o trono. Havia dias em que ele não tinha a

menor ideia do que estava fazendo.


Tá certo, quase todos os dias.
Ele sempre sentia que seu pai teria sabido, que seu pai teria feito tudo de uma maneira
muito melhor.
“Você é xeique desde os doze anos?”
Ele assentiu. “De certa forma. O título é meu desde aquela época, mas um conselho de
generais governou o país até eu fazer vinte e um. Eu não teria tido a menor ideia do que fazer.
Mas pelos últimos onze anos sim, eu estive oficialmente no comando da Jardânia e trabalhei para
mantê-la a salvo. Às vezes parece quase impossível. Mas chega de assuntos deprimentes, Srta.
Monroe. Me diga: o que você acha de limusines?”

Ela sorriu para ele. “O couro é a coisa mais macia e incrível que eu jamais toquei. Eu queria

ter dinheiro pra andar numa dessas o tempo todo.”


Ele deu uma risadinha enquanto a limusine parava no estacionamento e pulou pra fora.

Dando a volta rapidamente, ele abriu a porta dela antes mesmo que Hakim pudesse fazê-lo,
afinal, Dvar sabia ser um cavalheiro com algumas coisas. O queixo dela caiu com a oferta, e ele
teria de se lembrar de demonstrar cavalheirismo com mais frequência. Ela certamente gostava
daquilo. “Amy, sua carruagem a aguarda.”

Ela avaliou o camelo e sua modesta manta. Bom, não era exatamente uma sela, mas ia ter
funcionar. Talvez “montar” fosse o melhor eufemismo. “Você só pode estar brincando.”
***
“Uau,” ela disse. Ele adorava observá-la.
Não era estranho? Com a maioria de seu harém, ele precisava sentir enquanto elas o
tocavam, sentir suas carícias e seu desejo. Ele desesperadamente queria isso de Amy também, mas
ele ficava igualmente contente em observá-la, em ver a felicidade e a intensa curiosidade se
espalharem por seu rosto. Ah, diabos. Dvar podia ser completamente honesto a respeito de tudo.
Às vezes ele era um amante totalmente egoísta. Com Amy, no entanto, ele já se via prometendo a

dar a ela qualquer prazer que pudesse, contanto que ele pudesse ver o brilho em seus olhos cor
de safira, o espanto em seu olhar.
Ele assentiu e pegou a mão dela. Eles estavam entrando no profundo túnel de uma das
pirâmides em direção à câmara interior. Ele já tinha ido lá mais de uma vez e sabia que havia
riquezas e joias. Por outro lado, não havia mais o mofo tóxico – do tipo que havia contaminado os

participantes da escavação original de Carter5 em busca de Tutancâmon – nem maldições tolas.


Mas Dvar conseguia entender que, para os não iniciados, estar dentro de túneis e cavernas que
tinham estado fechados e escondidos por milhares de anos era, de certa forma, incompreensível.
Amy definitivamente parecia intrigada por isso tudo enquanto agarrava a mão dele com

força e levantava sua lanterna.

“Isso é incrível!” ela exclamou, inspirando profundamente para se estabilizar. O guia havia
parado e estava explicando como se comportar dentro da tumba quando. Eles estavam em uma

parte do túnel que - até ele podia ver na opaca luz – estava prestes a se abrir extensamente. “Eu
também nunca viajei muito; só pra ver Alexis ou meu sobrinho, Farid, obviamente.”
“Isso é só o começo, espoleta,” ele disse, passando a mão pela delicada pele de porcelana
do pescoço dela e se deleitando com a maneira como ela tremeu sob seu toque.

“É o que você diz e uau!” ela disse, enquanto eles entravam, em fila, na câmara da tumba.
A única coisa que havia lá agora era o sarcófago com a tampa removida. Geralmente isso
não era parte do tour, mas ele havia pago uma grande quantia para que ela pudesse ver o
interior por um momento, ver a múmia lá dentro. Caso não permanecesse bem protegida, a múmia
nunca duraria exposta ao ar aberto. Mas regras existiam para serem quebradas com a
quantidade certa de influência – ele sempre havia acreditado nisso.

Amy circundou o enorme caixão de pedra, os hieróglifos e as luminosas pinturas de Anubis6


ainda visíveis nele. Lá dentro, o corpo encolhido não era exatamente uma visão que inspirava
assombro, mas ainda assim ela se inclinou pra frente o máximo que o guia permitiu. Era como se

todo o seu corpo estivesse vibrando enquanto ela pulava pra cima e para baixo nas pontas dos
pés. Se ele soubesse que apelar para o gosto dela por história a teria feito relaxar tanto, ele teria
feito isso muito antes.
“Há quanto tempo ele está aqui?”
“Ramsés III foi colocado na tumba por volta de três mil anos antes de Cristo,” o guia explicou.
Ela sacudiu a cabeça. “Cinco mil anos? Isso é impressionante, eu não consigo nem imaginar.
Que viagem.”
Ele sorriu e caminhou para frente, puxando-a para perto dele. “Ora, ora, quem diria que
você ficaria tão entusiasmada com homens mortos?”

Ela bufou e, talvez ela não tivesse sequer percebido, mas a Srta. Monroe estava claramente

se aconchegando nele. Ah sim, aquelas defesas – aquela maldita teimosia – estavam se


esvanecendo rapidamente. “É simplesmente surreal. Eu só tinha visto isso na televisão ou em livros

do colégio. É como se tudo que eu vi numa revista National Geographic estivesse de fato aqui e é
muito mais vívido e interessante do que Boston.”
“Muitas coisas são,” ele disse, puxando-a para seu peito. “Venha, se você ficou tão animada
com uma múmia, imagine então o que você vai sentir ao ver os tesouros.”

***
Era um país diferente e uma cultura diferente, mas Amy estava convencida de que, talvez,
algumas coisas permaneciam constantes nas terras desérticas. Afinal, enquanto andava pelo museu,
avaliando todos os artefatos da tumba do Rei Tutancâmon em exposição, ela estava convencida de
que, fosse um rei egípcio de milênios atrás ou um atual barão do petróleo, o amor pela riqueza
ostensiva era o mesmo. Aqui, tudo era feito de ouro. Havia cadeiras, estátuas de águia e de
pantera, emblemas do cajado do pastor. Tudo de ouro. Era quase o suficiente para fazer uma

garota desdenhar o toque de Midas7.


Mas isso não era tudo. A coleção também era mais do que completa.

Ela passou por um mostrador de vidro e ficou impressionada com os vasos canopos. Pelo
menos esse era o nome escrito na etiquetazinha. Olhando mais de perto, ela fez uma careta. Esses
simples vasos de pedra decorados com tampas douradas que representavam uma variedade de
seres – de chacais a macacos a falcões – continham o que havia sobrado dos órgãos secos
extraídos do antigo menino rei.
“Hum, então isso é tudo que sobra no final?”
Dvar riu atrás dela. Estranhamente, ela estava começando a amar aquele som. Ela gostava
do ribombar rico que saía do peito dele, ainda mais quando ele estava próximo à orelha dela,
com seu hálito fazendo cócegas e provocando-a. Um calor se espalhou pela barriga dela e de

repente sua calcinha pareceu terrivelmente molhada. Deus, o xeique era sexo ambulante, não era?

Ela fechou os olhos e respirou profundamente algumas vezes. Amy não estava interessada
em ser paparicada ou em ganhar passeios VIP. Não era o que ela queria. Ela queria ir para casa,

de volta para sua vida entediante em um apartamento minúsculo onde nada interessante jamais
acontecia. Ela queria sua liberdade e suas escolhas. Não importava que, só de voltar para os
Estados Unidos, ela teria que voltar para sua vida de servir café; não muito. O que importava era
que ele não ia fazer escolhas por ela, soltando decretos que mudariam a estrutura da vida dela

para sempre.
Isso já tinha acontecido com ela antes.
O pai dela tinha feito isso. Um belo dia ele se levantou e foi embora.
Ela não permitiria aquilo novamente, nunca mais.
Dvar riu novamente e o clitóris dela latejou. Desesperadamente, Amy tentou esmagar
qualquer luxúria que pudesse surgir dentro dela. “Às vezes sim, mas considerando que estamos
aqui vendo três salas cobertas com as riquezas com as quais ele foi enterrado, além de um
sarcófago e tanto, eu não acho que foi tão ruim.”
“Eu só quis dizer que, no final das contas, tudo o que sobrou de Tutancâmon cabe em mais

ou menos quatro vasos e está enrolado em bandagens num caixão grande e chique,” ela disse,
franzindo a sobrancelha pra Dvar.
Ele deu de ombros. “É um caixão folheado a ouro e é um dos tesouros mais famosos do
mundo. Ser conhecido, esse é um objetivo. Ele pode ter morrido com apenas dezoito anos e não ter
feito muitas coisas importantes na vida, mas o que importa é ser lembrado pela história.”
Ela franziu a sobrancelha. “Seu pai tem monumentos em homenagem a ele?”
Ele assentiu e pareceu ficar mais ereto com aquela pergunta. “Tem um pilar de mármore
para ele nos jardins. O pai era mais do que impressionante. Ele está em todos os livros de história
da Jardânia, assim como meu avô e meu bisavô, todos grandes líderes.”
“Até agora você fez o que?” ela perguntou, seu tom de voz endurecendo. Tinha que ser

assim. Se ela se permitisse, ela se apaixonaria por Dvar e nunca mais teria seu livre arbítrio ou sua

liberdade novamente. “Sequestrou uma garota e esperou que seus primos o ajudassem a resolver
a crise com a invasão do Leban?”

“É uma situação política espinhosa. Há rumores de que eles têm armas nucleares. O que você
sugere que façamos? Nós temos que pensar nas coisas direito, e eu não sou só um sequestrador de
mulheres. Talvez isso ainda te surpreenda, mas as meninas do harém estão lá como convidadas e
algumas delas imploraram para ser incluídas. Elas sabem o que significa.”

“E o que significa?” ela exigiu, circundando-o com as mãos nos quadris e o queixo empinado
na direção dele. “O que elas poderiam querer com uma vida dessas?”
“É uma oportunidade. Um estipêndio é enviado às famílias delas e nada falta às minhas
meninas. É algo que muitas desejariam ter.”
Ele estava se aproximando e ela o estapeou com força na bochecha. “Então elas são suas
putas? Bem literalmente! Eu não sou assim, e eu não vou ser sua puta. Pode esquecer. Só porque eu
não sou rica e cresci na pobreza... Eu tenho mais respeito próprio do que isso.”
Ele esfregou o maxilar e a agarrou grosseiramente pelo cotovelo. O coração dela pulou
para a garganta e ela percebeu que tinha ido longe demais. Hakim e Nasir já estavam correndo

em sua direção, as mãos entrando nos bolsos dos casacos. Dvar balançou a cabeça.
“Não, a Srta. Monroe e eu tenho uma conta para acertar. Venha comigo, espoleta. Disciplina
nunca foi tão importante.”
Com isso, ele a arrastou para fora da sala em direção a um pequeno corredor lateral do
museu. Era escuro e mofado, e ela imaginou que o lugar era às vezes usado como depósito
improvisado, especialmente por causa das caixas de papelão espalhadas em volta dela.
“Isso não foi inteligente,” ele disse. Ele apertou os dentes e seus olhos cor de jade queimaram
com fogo. “Você não faz seu xeique de bobo.”
“Você não é meu xeique,” ela cuspiu de volta, incapaz de se curvar completamente perante
a ele. Teria sido uma jogada mais esperta se ela implorasse por proteção ou perdão ou qualquer

outra coisa. Ela nunca tinha sido uma garota tão esperta. As mulheres da família Monroe sempre

falavam o que pensavam. “Você é meu maldito sequestrador, e eu nunca vou me esquecer disso.”
Ele assentiu e empurrou-a contra a parede. As mãos dela bateram de palmas abertas na

parede. “Então você precisa ser punida.”


“O que? Aqui?”
“É um tour privado e ninguém vai ousar nos interromper. Você sabe que Hakim e Nasir vão
garantir que isso não aconteça.”

“Eu vou gritar,” ela disse.


“Ninguém vai vir,” ele disse com toda a certeza, sua voz soando com uma clareza de ferro.
“Você pertence a mim agora, espoleta, e eu serei respeitado,” ele disse. Dvar reforçou seu
argumento manobrando a mão direita por baixo do tecido do caftan dela e depois alcançando o
cós de suas calças de harém. “Eu acho que você precisa entender que eu controlo tudo na sua vida
agora, eu controlo quando você sente prazer e quando você sente dor.”
“Eu...”
Dvar sequer a avisou, ele apenas se inclinou para frente e ela podia sentir a ereção dele
pressionando contra as suas costas, enquanto as mãos dele passavam por seus pelos púbicos e

alcançavam suas dobras. Apesar da pressão em seu corpo e da ira na voz dele, ele era gentil em
seu toque, seus dedos traçando padrões delicados pela pele macia ali. Ela já estava molhada,
tinha estado desde que ele tinha sussurrado em seu ouvido, tão perto dela. Foi muito fácil para ele
escorregar os dedos pela superfície, provocando-a e atormentando-a de uma maneira bem
diferente.
Ela estremeceu e tentou se afastar da parede. Ele a pressionou com mais força e ela sentiu a
força dos músculos do peito dele enquanto ele se inclinava sobre ela, prendendo-a sob seu peso.
“Por favor.”
“Não. Você está tão pronta, você está tão molhada, Srta. Monroe,” ele ronronou na orelha
dela.

Por um momento, ele capturou o lóbulo da orelha dela entre seus dentes. Dvar brincou com

ele, roçando contra ele enquanto seus dedos exploravam os profundos entalhes das dobras dela.
Ele soltou a orelha dela e, apesar do medo que fazia seu coração bater depressa, ela gemeu com

a perda de contato. Deus, parecia que o coração dela ia explodir do peito. Ela estava morrendo
de medo, e ainda assim ela mesma conseguia admitir, com muita clareza, que nunca tinha estado
tão excitada em toda a sua vida. Esse homem poderoso e dominante – diabos, esse deus vivo – a
queria, e ela também o queria desesperadamente.

“Então faça alguma coisa a respeito, caralho,” ela cuspiu, seu corpo ainda tremendo sob o
dele.
“Eu vou fazer,” ele prometeu.
Ao dizer isso, dois dedos grossos escorregaram para dentro do canal dela, movendo
facilmente para dentro e para fora, escorregadios com os fluidos dela. O polegar ligeiramente
caloso dele encontrou o botão de prazer dela. A princípio ele apenas deixou o dedo ali e se
concentrou em mergulhar os outros dedos nela. Os músculos dela se contraíram deliciosamente em
seu cerne, e ela saboreou a sensação dos dedos dele, tão grossos e satisfatórios, em sua parte
mais interna.

“Preciso de mais,” ela disse, arfando.


“Posso dar um jeito, espoleta,” ele disse.
Ela o sentiu pressioná-la com mais força, seus quadris flexionando um pouco no ritmo dos
fortes movimentos de sua mão. Os nervos dela formigaram como se estivessem pegando fogo,
como se tudo estivesse queimando dentro dela ao mesmo tempo. Então ele começou a esfregar seu
nó de nervos com um toque áspero. Ela se agarrou contra ele e sentiu suas pernas cedendo
embaixo de si. O fogo estava crescendo através dela como se fosse uma chama de alarme
máximo. Seus músculos estavam estremecendo por baixo dela, e ela teria caído se os quadris
poderosos de Dvar não estivessem mantendo-a pregada na parede.
A mão dele estava se movendo rápida e furiosamente agora, e ela fechou os olhos,

sobrecarregada pelas sensações, todas elas – havia o cheiro dele, de almíscar com um leve toque

de cúrcuma; o corpo dele, pesado e denso, empurrando contra ela; e a umidade fluindo de seu
cerne. Era muita coisa ao mesmo tempo, e o fogo florescendo através dela como se cada toque

dos dedos dele fosse o mesmo que jogar gasolina em uma grande pira incandescente.
Finalmente, os dedos dele entraram fundo no centro dela e ela gozou, faíscas crepitando por
todo o seu corpo, luzes explodindo por trás de seus olhos. Ela afrouxou nos braços dele mesmo
enquanto ele esfregava os quadris nela mais uma vez, a ereção dele bem óbvia contra as suas

costas.
“Você é minha agora, espoleta, diga.”
“Vá para o inferno.”
Ele riu e se afastou.
Ela quase tropeçou – afinal, suas pernas pareciam gelatina – mas conseguiu ajustar suas
calças e seu caftan. Sua calcinha estava encharcada, mas ela ia ter que aguentar até que tivesse
permissão para trocá-la. Ela estava prestes a se virar para encará-lo quando ele a surpreendeu,
empurrando-a e prendendo-a novamente na parede.
Sem pedir, ele deu dois tapas fortes e doloridos em seu bumbum. Aquilo com certeza

deixaria marcas, e seria difícil se sentar pelos próximos dias. Ela mordeu o lábio e tentou segurar
as lágrimas que ameaçavam se acumular em seus olhos.
“Minha,” ele praticamente rosnou, “você sabe disso agora.”
Com isso, ele se foi, deixando ela para se recompor, uma tarefa na qual Amy parecia estar
falhando rapidamente.

1 Posição ofensiva do futebol americano.


2 Distúrbio no qual uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo
sentimento de amor ou amizade perante o seu agressor.
3 Organização internacional de polícia criminal.
4 Arma de eletrochoque.
5 Howard Carter, arqueólogo e egiptólogo britânico.
6 Deus egípcio antigo dos mortos e moribundos, sempre representado com cabeça de chacal. Era sempre associado com
a mumificação e a vida após a morte na mitologia egípcia.
7 Personagem da mitologia grega que tinha o dom de transformar tudo o que tocava em ouro.
Capítulo Seis

“Ela ainda é insolente, meu senhor,” Hakim disse.


Dvar assentiu e deu um gole em sua bebida, uma dose dupla de bourbon, no bar do Mena

House. “Ela é mesmo, mas acho que ela está começando a aprender.”
“Há meninas melhores, se você me permite dizer,” Hakim respondeu, passando a mão por
sua barba grisalha. “No harém tem um monte de garotas que são lindas e obedientes, que
entendem os costumes da Jardânia e que ficariam felizes em honrá-lo como você merece.”

“Essa é uma maneira de criticar minha escolha de xeica?” ele perguntou.


“Não, meu senhor, mas é uma maneira de dizer que você sempre dificulta as coisas para si
mesmo, mais do que é absolutamente necessário. Isso é algo que você quer fazer? Você realmente
quer ser rejeitado e insultado?”
“Eu não acho que os insultos são verdadeiros. Eles parecem ser mais um passatempo do que
qualquer outra coisa para ela. Eu entendo a necessidade de rebelião. A princípio eu também não
aceitei bem a academia militar e o treinamento. Se ser um pouco ríspida a ajuda a se ajustar à sua
nova vida e me dá uma desculpa para espancar aquele delicioso bumbum dela, então quem sou
eu para discutir?”

“Ainda assim, há tantas outras coisas na sua mente – os rebeldes, a guerra fermentando com
o Leban – talvez uma consorte mais agradável seria mais fácil, sobrecarregaria menos sua mente.”
“Eu acho que a briga é exatamente o que eu estou precisando, meu velho amigo,” ele disse
enquanto terminava sua bebida. “Ela é tudo que eu sempre quis em uma mulher.”
“Ela não é da Jardânia.”
“E eu sabia que você se agarraria a isso. Eu imaginei que esse era o argumento. Por
enquanto, ter noivas americanas não incomoda nenhum dos meus primos. Talvez elas sejam feitas
de um material mais resistente do que muitos de nós imaginávamos. Eu acho que, estranhamente, o
desafio alivia minhas preocupações por um tempo. Se ela fosse muito dócil, não haveria desafio, e

o medo de o Leban ter bombas atômicas roeria minha alma.”

“Muito bem, mas e se ela nunca relaxar? E se ela sempre o odiar?”


Ele deu uma risadinha ao pedir mais uma dose dupla para o barman. “Ora, Hakim, é essa a

sua maneira de dizer que está preocupado comigo? Não se preocupe. Eu sou feito de um material
mais resistente, e algumas caras feias e birras da Srta. Monroe não vão me desencorajar em
absoluto.”
“Ainda assim, é difícil ser rejeitado com tanta frequência.”

Ele bufou e deu um gole em sua nova bebida. “Me dê um pouco de crédito. Eu consigo
derreter a resistência da maioria das mulheres.”
Hakim levantou uma sobrancelha. “Não estou questionado sua proeza, meu xeique, mas
meramente lembrando-o que fazer uma mulher gozar algumas vezes não é a mesma coisa que
construir um compromisso para a vida toda. Você não pode esperar manter sua xeica na mira de
uma arma ou de um taser para sempre. Eventualmente, ela terá que se adaptar aos rigores da
vida no palácio e fazer o que se espera dela como esposa do chefe de estado. Eu não duvido da
sua habilidade de dar-lhe prazeres carnais, mas eu me preocupo sim com vocês alcançando a
conexão correta.”

“O amor é um conto de fadas, algo para crianças.”


“Seus pais certamente não pensavam assim. Mesmo com o harém, Danae era a preferida
dele e todos sabiam disso.”
“Ah, acredite em mim,” ele disse, dando outro gole e se inclinando contra o balcão do bar,
“Amy é muito mais do que a minha preferida agora.”
“É claro, meu xeique, mas agora você tem que garantir que ela sinta o mesmo, sem pressão.”
“Não, nenhuma – apenas o futuro da linhagem real e da legitimidade do meu reino. Por que
eu deveria me preocupar com isso?” Dvar bufou, colocando o copo vazio no balcão e se
levantando. “Falando nisso, eu prometi encontrá-la no restaurante, então acho melhor irmos
andando, para quando o Nasir a trouxer. Não acha?”

Hakim estendeu a mão e segurou o braço de Dvar. Se qualquer outro homem de sua guarda

tivesse feito isso, teria sido executado, mas Hakim era seu guarda-costas pessoal desde que Dvar
era criança, e o velho homem tinha assumido uma posição de mentor para ele depois da morte

repentina de seu pai. Talvez isso o tivesse tornado mais familiar do que ele deveria ser, mais
petulante, mas Dvar não podia voltar atrás agora. Na maior parte do tempo, ele não queria voltar
atrás.
Exceto quando o velho homem o estava assediando, agindo de forma paternalista e

condescendente.
“Meu xeique, apenas tenha cuidado. Faça isso do jeito certo.”
“Eu sempre faço, Hakim,” ele disse, finalmente se afastando e ajeitando sua lapela. “Vamos?”
***
Ele tinha tomado providências para que parte da sua equipe se juntasse a eles no Cairo.
Uma das suas mulheres preferidas do harém (ela tinha feito parte do harém de seu pai e era
mentora das meninas, ela não dormia com ele) agora estava aqui, com uma seleção de roupas e
joias para sua futura esposa. Phedre era sábia e confiável. Ela também tinha um ótimo gosto para
moda. Ele não tinha a menor dúvida de que Amy estaria resplandecente quando entrasse.

Dvar se agitava em sua cadeira e reajustava o assento. A sala de jantar Khan El Khalili do
Mena House era primorosa. Parecia mais um pátio coberto do que qualquer outra coisa. Então,
mesmo havendo um teto sobre as mesas, não havia paredes confinando-as. Ao invés disso, havia
cortinas de miçanga preta caindo do dossel até o chão de azulejos embaixo. Através delas, mesmo
ao entardecer, podia-se ver as imensas pirâmides. A impressionante maravilha do mundo antigo
estava lá, pronta para receber olhares mesmo enquanto eles comiam. Ele esperava que Amy
gostasse disso, ela tinha ficado arrebatada com tudo até agora.
Falando naquela garota diabólica, ele não conseguiu segurar um largo e, sim, ávido sorriso
quando ela atravessou a multidão no restaurante. Ela não estava vestida em nada excessivamente
árabe ou exclusivo da cultura dele. Dessa vez, Phedre havia escolhido o clássico vestidinho preto.

Era um modelo justo de cetim que abraçava bem as curvas discretas dela. O corte era alto nas

coxas e tinha um decote de coração. Ficava fabuloso, combinando com o grande colar de ouro e
ametista no pescoço dela.

Seus olhos estavam delineados artisticamente com bastante kohl1, o que os fazia brilhar
como as mais raras e belas safiras. “Me desculpe. Aparentemente eu ganhei uma transformação
de Barbie e ninguém me contou.”
Ele deu uma risadinha ao se levantar e puxar a cadeira para ela. “Essa é uma das

vantagens.”
Ela contorceu o rosto levemente ao se sentar, soltando um silvo de dor, e o coração dele se
encheu de uma aflição profunda quando ele percebeu que talvez tivesse batido nela com mais
força do que era necessário. Ele teria que dar um jeito nisso depois do jantar. Era a coisa certa a
se fazer. Ela era sua xeica e era seu dever proteger e cuidar dela da melhor maneira possível,
mesmo que ela precisasse aprender seu lugar. Amy ainda precisava da segurança dos seus braços
no final do dia.
“Então eu fui a Princesa Jasmim e agora eu me sinto um pouco como a Barbie,” ela disse
novamente, gesticulando para a grande joia em seu pescoço. “Será que eu quero saber do que

você vai me vestir da próxima vez?”


“Eu tenho tantas ideias, Srta. Monroe.”
“Se elas envolvem couro, nós vamos ter muitos problemas,” ela disse, e enquanto ela falava
seu nariz se enrugava da maneira mais deliciosa e convidativa. Era quase adorável. “Eu não vou
ser nenhuma amante de fetiche.”
Ele riu enquanto o garçom servia a champanhe e o pão sírio para eles. Havia também húmus
e uma coleção de azeitonas e outros aperitivos frios para eles começarem. Ele havia feito o pedido
dela com antecedência – hamam mahshi – e estava curioso para ver como ela ia reagir.
Ele se viu rindo tanto com ela, e não era apenas o choque com sua atitude americana, ou

sua insistência em desafiá-lo a todo momento. As coisas eram fáceis com ela. Francamente, com as

coisas graves que estavam acontecendo em seu país, ele sentia que havia anos desde a última vez
que tinha rido tanto. Era bom para sua alma ser tão livre, tão leve. Estendendo a mão, ele serviu

champanhe para ela e fez o mesmo para si.


“Ainda assim, você está notável essa noite. Você devia aceitar os elogios que consegue
receber, espoleta.”
Ela suspirou e balançou a cabeça. “Você só está me amaciando para transar de novo.”

“Não,” ele disse, sua voz honesta enquanto ele pegava um pedaço de pão sírio e passava
no húmus. “Eu acho que você precisa de mais amor e carinho do que isso.”
“O que você sabe sobre isso? Meu bumbum está mais do que machucado. Eu não consigo
vê-lo muito bem, mas a sensação é como se ele estivesse pegando fogo.”
“Talvez ele possa se igualar à maneira que eu te faço sentir por dentro também,” ele
respondeu, sorrindo ao colocar o pão na boca.
“Por dentro, eu concordo que sou quente de outra maneira,” ela disse, corando, e ele adorou
aquela onda vermelha em suas bochechas pálidas. “Sério, qual é?”
“Eu estou com fome, você está com fome, então nós comemos.”

“Não foi o que eu quis dizer.”


“Mas é a resposta lógica perfeita para essa pergunta. Você quer que eu te tranque no seu
quarto e te traga pão e bolachas? Talvez uma garrafa d´água?”
“Eu sou uma prisioneira,” ela ressaltou. “Por mais legal que Phedre seja, ela estava lá
parcialmente como seus olhos e ouvidos. Da mesma forma, eu dou um passo pra fora da porta e lá
está Nasir e seu taser. Então eu não entendo porque você está sendo tão legal comigo. Eu estou
aqui quer queira quer não.”
“Não tem por que tratá-la como uma prisioneira.”
Olhos azuis chamejaram perigosamente. “Eu sou uma prisioneira, então você não está me
tratando como nada.”

“O que eu quero dizer é que me importo muito com você; eu não a teria escolhido se não me

importasse, então porque você simplesmente não aceita que quero fazer coisas legais para você?
Eu te levei em um tour VIP pelas descobertas arqueológicas mais incríveis que o homem já fez. Eu

tenho algo planejado para depois do jantar – não é sexual, então nem precisa começar – e você
não faz ideia do que mais eu tenho na manga.”
“Eventualmente você vai me enfiar numa torre na Jardânia, então de que importa o que
você me mostrar agora?”

“Você acha que sua irmã é uma prisioneira do meu primo Farzad?”
“Não, mas ela quer estar lá. Ela voltou de livre e espontânea vontade depois que descobriu
que estava grávida. Eu não quero que essa seja a minha vida. Eu só quero ir pra casa. Era uma
vida modesta e bastante ruinzinha, mas era minha e eu a criei completamente sozinha.”
“Ser independente é importante para você, não é?”
“Não seria para qualquer um?” ela retrucou, enfiando um pouco de pão e húmus na boca.
“É extremamente importante para mim. Qualquer outra coisa pode ser perdida a qualquer
momento. Se eu depender das pessoas, elas podem foder com a minha vida, ou ir embora, ou
morrer.”

Ele fez uma pausa e esfregou a mão pela curta barba. “Sim, eu consigo ver como isso seria
difícil. Doeu por anos depois que meu pai se foi.”
“Como se respirar fosse uma tarefa,” ela completou, e era quase como se ela estivesse lendo
os pensamentos dele. Sinistro.
“Sim, mas nós sobrevivemos. Você não pode passar a vida inteira sozinha, lutando apenas
por si mesma. E uma família?”
“Mamãe é ótima, e Alexis e meu sobrinho Farid também são incríveis. Nós não fomos sempre
próximas, mas Alexis e eu estamos nos entendendo ultimamente, e eu não preciso ser mantida como
escrava sexual de um xeique para me sentir preenchida. Pare de se achar.”
Ele suspirou. Ela quase havia cedido. A hesitação dela em se conectar e a dor que ela sentia

com a traição de seu pai era real. Aquilo era algo que ela claramente não compartilhava com

todo mundo, e explicava porque ela parecia estar se fechando em uma concha, parecia estar
tentando ignorar todas as tentativas que ele fazia de envolvê-la.

“É claro que o sexo é parte disso, Amy, mas vamos dizer que eu também me importo com
você. Eu e minha equipe te observamos por uma semana, e você estava se afogando. Não era
nada mais do que uma monotonia de zumbi: servir o próximo cliente, descansar, e pagar o
aluguel.”

“É temporário,” ela se defendeu, mesmo que tivesse desviado os olhos, abaixando-os para
suas mãos. “Eu só tenho que descobrir o que fazer, agora que não vou mais cursar o mestrado em
belas artes.”
“O que é isso?”
“Teria sido um mestrado em escrita criativa,” ela admitiu.
“E qual foi o seu curso na graduação?”
“Qual foi o seu?”
“Administração, depois que eu passei pelo serviço militar na Jardânia. Eu tinha que aprender
a governar um país tanto do campo de batalha quanto da sala de reuniões. Isso não era

negociável. Agora, o que você era antes de tentar a escrita criativa?”


Ela suspirou e continuou focada principalmente em suas próprias mãos. “Na verdade, eu
estudei história, com especialização nas Cruzadas. Era algo que eu realmente amava na
Universidade Americana. Eu acho, não sei, já que fiz algumas matérias de inglês... eu nem sei. Eu
queria escrever um romance histórico de ficção sobre as guerras.”
Ele franziu as sobrancelhas. Interessante. Então Amy sabia mais do que demonstrava sobre a
história de pelo menos parte do mundo árabe. “O livro teria sido sobre o que?”
“Por que você se importa? Eu era péssima, então eu larguei.”
“Talvez você não fosse péssima. Talvez você fosse apenas muito crítica consigo mesma, da
mesma maneira que é comigo.”

Ela segurou um sorriso e voltou a olhar pra ele. Ainda bem que um pouco de alegria tinha

voltado àqueles olhos. “Você é o pior de todos. Eu tenho o bumbum machucado pra provar isso,”
ela concluiu. “De qualquer forma, era tão autoindulgente e tolo.”

“Vamos ver.”
“Ia ser sobre uma garota tipo a Joana D’Arc, uma menina que finge ser um cavaleiro de
verdade para lutar nas Cruzadas, e então ela é capturada pelo general inimigo.”
Ele riu e ficou aliviado quando o garçom trouxe seus pratos e os colocou na mesa. “Então eu

poderia contribuir com a pesquisa. Afinal, eu tenho a minha cota de antiguidades árabes pelo
palácio. Ele existe há mil anos e está na minha linhagem familiar há quase trezentos.”
“Impressionante,” ela disse, e depois franziu as sobrancelhas para o prato. “O que é isso?
Parecem três pintinhos com risoto.”
“É uma mistura de trigo com cebolinha e outras ervas. Na verdade é pombo recheado,
hamam mahshi. É uma iguaria aqui, e é extraordinariamente macio. Eu prometo que você vai
gostar.”
Ela deu de ombros. “Bom, já que estamos no Cairo, né?” Amy examinou a carne mais uma
vez antes de pegá-la com os dedos e trazê-la à boca. “Não sei se quero fazer isso.”

“Não seja uma, er, franga,” ele disse, tirando com a cara dela. Para encorajá-la, Dvar
colocou um pedaço da carne branca na boca. Estava úmida e deliciosa, como sempre. “Viu? Eu
sobrevivi. Você não está com medo de fazer algo que eu acabei de fazer, está, espoleta? Você
não está tentando me mostrar que esse grande xeique malvado não pode te dar ordens?”
Com os olhos azuis queimando, ela enfiou um enorme pedaço na boca. Foram necessários
alguns goles de água e até um de champanhe, assim como algumas mastigadas concentradas antes
que ela conseguisse engolir um naco daquele tamanho. Depois de mais alguns goles, ela conseguiu
respirar normalmente de novo. Ela também não parecia mais com um esquilo, com as bochechas
cheias de comida.
“O veredito, Srta. Monroe?”

“Pra falar a verdade, isso foi muito bom. É muito mais suculento do que qualquer frango que

eu jamais comi.”
“Bom, não é exatamente o mercado de Boston, então não seja tão plebeia. Seria excelente

de qualquer forma, os chefs aqui são fabulosos.”


“Eu tenho um pressentimento que aqui tem o melhor de tudo, estou certa, Dvar?”
Ele assentiu e estendeu a mão, pegando a mão esquerda dela na sua e apertando-a de
leve. Ele ficou feliz que ela o deixou fazer aquilo, mas ele teria feito de qualquer maneira. “Você

não tem ideia de quão certa está.”


***
O mercado de Khan El-Khalili era diferente de qualquer lugar que Amy jamais havia
conhecido. Ela já tinha experimentado tanta vertigem nas últimas trinta e seis horas, das ruas cheias
de neve e sal de Boston para a multidão de corpos se empurrando em volta dela no calor. Ela
tinha trocado de roupa, vestindo uma simples calça jeans e uma camisa preta, mas, por causa da
insistência de Dvar, havia colocado o caftan rosa por cima para ficar mais modesta. Não era
exatamente um pedido, não quando o taser estava por perto, mas ela estava feliz com as roupas
confortáveis por baixo.

O mercado era na verdade uma série de velhos prédios de pedra, completos com minaretes
e parapeitos intricados. Havia mercadores por todos os lados, mesmo à noite – eles usavam
holofotes e lanternas para encorajar os compradores. Em alguns casos, os estandes eram simples
cobertores estendidos no chão, com sacos de ervas ou temperos em cima. Mulheres com robes
longos e rústicos, e com as bochechas marcadas com fuligem e cinzas, tentavam conseguir os
melhores preços para seus artigos. Alguns dos estandes eram enormes e impressionantes. Os olhos
dela se escancararam quando eles pararam no vendedor de candelabros. Eles não se pareciam
nada com modelos de cristal do mundo ocidental. Ao invés disso, eles eram feitos de lindos globos
de vidro soprado que brilhavam como planetas ou estrelas na noite. Alguns eram ainda mais
detalhados, com apenas uma fonte luz e com o topo do globo coberto por grades de metal. Eles

faziam-na lembrar das velhas lâmpadas a gás em filmes de época, mas eles não eram de alumínio

ou algo simples. Não. Eles eram esculpidos com desenhos geométricos fascinantes, e ás vezes
tinham brilhantes tons de azul.

Havia também estandes com mais roupas e objetos que a faziam pensar em Sherazade ou
na Princesa Jasmim. Havia bandoleiras e calças de gênio em tons de carmesim vivo, verde neon, ou
nos azuis mais claros. No entanto, as roupas tinham um tecido fino que passava por cima da
barriga e do colo, mas ainda transparente para permitir que a bandoleira de joias por baixo

pudesse brilhar e ser o centro das atenções.


Tudo também tinha um cheiro tão diferente. Na verdade, o mais correto seria dizer que tudo
tinha um cheiro, ponto. Ela nunca tinha percebido o quão higienizado e artificial era o mundo do
shopping, tão hermeticamente fechado. Aqui? Aqui ela sentia o cheiro de carne cozinhando com
páprica em um estande de comida de rua, misturado com o almíscar e o suor de dezenas de
corpos e um toque de açafrão e lavanda que vinha de uma banca de temperos. Não havia oito
minutos que eles tinham passado pela seção de carnes do mercado e o cheiro tinha sido pungente,
opressor, e alguns dos cortes pareciam ter passado um pouco da data.
Era um arranjo real, vivo, e ela estava chocada com o quanto amava tudo aquilo.

Depois de meses à deriva, sem saber qual seria seu próximo passo, se sentir tão conectada
com o pulso da humanidade que crescia entorno dela era completamente diferente.
Dvar estava sorrindo largamente com isso, e talvez ela não devesse mostrar seu
encantamento no rosto com tanta evidência. Por outro lado, quantas vezes ela havia estudado isso?
Com qual frequência ela tinha lido estórias sobre locais longínquos e mercados de beduínos? Com
qual frequência ela tinha ouvido falar das maravilhas e dos esplendores do Oriente Médio e suas
rotas de comércio? Talvez, parte daquilo fosse realmente o que estava faltando no seu projeto, na
sua obra prima. Ela tinha a teoria – toda a história sobre as Cruzadas e as duas culturas
envolvidas – que, por quatro anos, havia sido atulhada em seu cérebro, mas ela não tinha um
quadro de referência de verdade.

Ela nunca tinha sentido o cheiro do suor de cem corpos se esfregando no mercado.

Ela nunca tinha visto o esplendor de tanta prata fulgurante na pequena loja onde eles
haviam parado. Todas as joias estavam expostas, mas um homem vigilante com seu próprio taser no

quadril os observava de seu banquinho. Dvar parou e apontou para a ampla gama de itens.
“Você pode escolher o que quiser, espoleta. Apenas uma coisa, então escolha sabiamente.”
Ela revirou os olhos. “Ainda está tentando me comprar?” As palavras eram duras, mas o tom
era brincalhão quando ela entortou o canto direito da boca em um meio sorriso.

Ele deu de ombros. “Estou honrando minha xeica. Escolha o que desejar, meu amor.”
Ela ficou um pouco surpresa com o carinho. Ela não achava que Dvar pudesse estar falando
sério. Pra falar a verdade, ele mal a conhecia. Ainda assim, a maneira como ele tinha falado
“amor” havia sido gentil, e tinha feito seus joelhos fraquejarem. Deus, o que estava acontecendo
com ela? Será que ela sequer queria tentar ligar para a irmã e pedir ajuda assim que encontrasse
um telefone?
Amy não tinha mais tanta certeza.
Ainda assim, ela ofereceu um sorriso doce, se recuperando rapidamente do choque das
revelações dele. O mercado tinha grandes pulseiras de prata filigrana com lindas gemas de

turquesa, jade e ametista no centro. Havia cruzes cópticas que terminavam com desenhos
semelhantes a estrelas e picos em cada lado, algumas adornadas com miçangas amarelas e
vermelhas também. Os colares eram peças enormes, às vezes com dois ou três centímetros de
espessura, e compostos de fileiras alternadas de prata e grossas miçangas turquesa. Eles eram
feitos para ecoar os padrões das joias de Tutancâmon, mesmo que não fossem reais. Até alguns
dos pingentes ecoavam a herança daquela terra antiga, com falcões e escaravelhos de jaspe
vermelha.
Ainda assim, nada daquilo era exatamente o que ela estava procurando. Enquanto o seu...
Espera, qual era a palavra? Seu sequestrador? Amante? Ah, foda-se. Enquanto Dvar estava
olhando simples pingentes de prata que tinham um estilo muito mais ocidental e bem mais discreto,

a atenção dela finalmente foi atraída para um pingente longo que terminava em um grande olho

aberto. Um destaque com algum tipo de pedra azul tinha sido adicionado para dar a impressão
de que o olho via tudo, ao mesmo tempo em e moldurava o olho com um pouco de seu próprio

kohl.
“O que é aquilo?” ela perguntou, apontando para o pingente.
Tanto o vendedor, o homenzinho loquaz e rotundo, quanto Dvar a encararam. O homem ficou
ávido, se aproximando dela e falando em um árabe rápido. Dvar franziu as sobrancelhas e olhou

para o colar como se ele fosse tão espalhafatoso quanto um objeto feito para enganar turistas. Ele
passou as mãos pelo metal e pelo contorno dourado, aquele estranho metal azul em volta do olho.
“É um olho mal. Você sabe o que é isso?”
“Não.”
“É um amuleto geralmente dado a crianças pequenas para afastar espíritos malignos, mas é
também usado por adultos que o escolhem como uma maneira de manter a má sorte longe. É tudo
baseado em contos da carochinha e superstições. Você não gostaria de algo menos gauche? Como
eu disse, você pode escolher qualquer coisa aqui ou, diabos, a gente pode ir a um dos vendedores
de ouro também.”

Ela balançou a cabeça. “Não, tem algo de especial nele.” E como isso, Amy o pegou e
prendeu o fecho em volta do pescoço. O pingente se dependurava longamente e o olho balançava
embaixo, entre seus seios e por cima das joias de ametista que ela ainda não havia tirado.
Dvar balançou a cabeça ao colocar a mão do bolso e tirar de lá as coloridas notas
estrangeiras. Ele disse algo concisa e rapidamente em árabe, antes de passar o braço envolta dos
ombros dela e guiá-la até a banca de kebabs, aquela que estava cozinhando a carne com o
cheiro incrível e que fazia cócegas em seu nariz com toques de páprica.
Talvez um pombo fosse pequeno demais para segurar sua fome até o dia seguinte; seu
estômago já estava roncando.
Ele franziu as sobrancelhas para o olho azul aninhado no peito dela. “Você realmente acha

que precisa de boa sorte?”

Ela assentiu. “Eu fui sequestrada por um xeique nefário, afinal; um homem que faz o que
bem quer comigo em museus públicos. Eu nuca sei contra o que terei de lutar.”

Ele sorriu enquanto os dois passavam por um beco estreito e depois escorregou a mão por
baixo do caftan e da camisa dela. Mãos ásperas estavam sobre o seu seio direito, apalpando, e
ela parou, gemendo um pouco. Era a sensação mais incrível que jamais havia sentido. O toque
dele, mesmo algo tão básico, a deixava selvagem e desejosa, fazia com que seus ossos se

transformassem em gelatina e seus músculos fraquejassem.


Ela o queria.
Ela o queria desde o momento que o tinha visto na cafeteria, com os olhos de jade brilhando
para ela e aquela barba curta, mas, de alguma forma, iminentemente lambível. Ainda assim, isso
aqui não era a ala privada de um museu e ela não estava pronta para ser presa – mesmo com o
dinheiro dele – e enfiada em uma prisão estrangeira por atentado ao pudor. Se inclinado na
direção dele, ela o beijou na bochecha.
“Isso fica pra depois,” ela sussurrou. “Vamos achar comida agora.”
“Você realmente está com fome é de comida?” ele ronronou, a voz dele naquele ribombar

profundo que fazia um calor subir pelo abdômen dela e seu cerne mais interno se contrair de
necessidade.
“Não, nunca, Dvar. Me leve de volta para o Mena House. Eu acho que você me prometeu um
cuidado especial,” ela disse, sua voz mais ofegante do que nunca.
Diabos, ela era uma Monroe, afinal, não era?
***
Ela estava estendida, nua, diante dele. Não era mais um choque. Ele a tinha visto por
completo no chuveiro naquela manhã e a tinha devastado. No entanto, algo estava diferente dessa
vez, algo muito mais delicado e vulnerável. Os lençóis de seda eram divinos contra a pele dela,
especialmente o tecido dolorido de seu bumbum. A enorme cabeceira dourada brilhava sob a

fraca luz da lua.

Ela adorava.
O luar causava um jogo intrincado de luz refletida e sombras que brincavam nas maçãs do

rosto de Dvar, fazendo com que elas se elevassem ainda mais e parecessem mais pronunciadas.
Era como se ele tivesse sido esculpido em mármore, moldado pelas mãos mais experientes. Ela tinha
pensando isso da primeira vez que o havia visto e não conseguia refrear sua mente de fazer
comparações com o David de Michelangelo, mesmo que Dvar fosse muito mais bem dotado. Ainda

assim, ele era perfeito; como se Deus – ou o destino, ou o universo – o tivesse criado como um
projeto especial para superar todos os outros homens que existiam.
Missão cumprida.
Afinal, ela não queria nada mais do que lamber cada pedacinho dele, passar sua língua
pelas ondulações de seu abdômen. Diabos, ela queria contar cada um de seus músculos. Era
possível ter um tanquinho de dez? Ela podia se perder no corpo dele, no estreito corte de seus
quadris ou na maneira que os pelos desciam do seu osso púbico para o tufo de cabelo grosso e
escuro sobre seu membro.
Mas não estava certo.

Aquilo tudo a incomodava. Ela estava se apaixonando por ele. Ela percebia que estava
genuinamente curtindo a companhia dele, gostando das piadas que ele fazia, simpatizando com
suas próprias perdas e responsabilidades. Ela conseguia até admitir que, de certa forma, era
divertido ser a Cinderela dele, permitindo que ele a banhasse de presentes e viagens. Ela podia
chegar a amar isso.
Não era como se ela nunca fosse ver a irmã ou o sobrinho. Diabos, ela os veria até mais
sendo a rainha de uma nação vizinha e aliada do que morando em outro continente. Farzad e
Dvar eram primos próximos, então é claro que a família dela aprovaria.
Era só que... Esse não era seu plano, ou suas regras, e ela não queria abrir mão daquele
controle.

O melhor que ela podia fazer era tirar as roupas voluntariamente e esperar para ver o que

ele ia fazer com a babosa que tinha nas mãos, o que a palavra “cuidado” significava pra ele.
Dvar engatinhou sobre as mãos e os joelhos pela cama monstruosa. Suas mãos seguravam

um pedaço de pano e a garrafa de babosa, mas mesmo se movendo daquela maneira estranha,
ele era a encarnação da graciosidade. Ela tinha vislumbres de uma pantera ou algum outro
predador poderoso perseguindo-a pela seda, e o colchão embaixo dela já estava úmido com seus
próprios fluidos.

Ele parou então e colocou a garrafa e o pano na mesa de cabeceira ao lado dela. Então
ele passou por cima dela, deixando que sua ereção se movesse à sua frente e tocasse a pele
sensível de sua barriga, até entrando um pouquinho em seu umbigo.
Ela deu uma risadinha e se contorceu enquanto ele reajustava sua posição e sentava ao lado
dela. A babosa estava de volta nas mãos dele e ele esfregou uma na outra, espalhando a
pomada verde.
“Você nunca devia usar roupas,” ele disse. “Você fica incrível sem elas. Como se você tivesse
sido feita para ficar nua, sem brincadeira.”
“Eu acho que você está brincando um bocado, meu senhooor,” ela disse, esticando o título

mais uma vez como já havia feito antes. Ela sabia que aquilo o irritava, mas Amy estava
começando a entender que, mesmo com toda aquela conversa rude, Dvar parecia gostar quando
ela retrucava. O homem era um paradoxo. “Eu sei que eu não sou uma gostosona. Eu sou um pouco
magrela demais, antes de qualquer coisa.”
“Você é radiante,” ele disse, e havia uma reverência em seu tom de voz que novamente a
confundiu, assim como quando ele a havia chamado de seu “amor.” Talvez ela fosse (ou estivesse
começando a ser) mais importante pra ele do que até ele imaginava. “Agora,” ele comandou, sua
voz profunda e retumbante, “vire de bruços.”
“O que você vai fazer se eu me recusar?” ela provocou. “Sua mão já está coberta – as
duas, pra falar a verdade. Você não pode me agarrar agora, Dvar.”

“Estou mandando, minha rainha.”

Ela suprimiu o riso e rolou de barriga para baixo, assobiando um pouco ao sentir a frieza
das mãos dele. Ele as estava passando pelas nádegas dela, esfregando a babosa nas marcas

machucadas que as próprias mãos dele haviam deixado mais cedo.


“Você está bem vermelha aqui, caramba.”
“Dá pra ver as enormes silhuetas vermelhas das suas mãos?” ela perguntou, seu tom se
elevando de forma mais dura.

Quando ele tinha feito aquilo, ela tinha se assustado e lágrimas subiram aos seus olhos. Ela
sabia muito bem que havia um preço a se pagar por desobedecê-lo, por tentar ser ela mesma, ser
dona do próprio nariz. Ela simplesmente não tinha o menor interesse em ter medo daquilo. Ela
sofreria as consequências uma dúzia de vezes antes de se transformar em uma donzela murcha,
caramba.
“Não,” ele disse, seu próprio tom de voz duro como diamante, mesmo enquanto ele
continuava seus cuidados. As grandes mãos dele causavam uma sensação incrível no bumbum dela,
massageando-o com o maior carinho e atenção. Enquanto os pontos onde ela havia apanhado
ainda queimavam, eles agora tinham voltado ao normal pela refrescante babosa. “Só está um

pouco marcado, mas você vai estar bem pela manhã. Além disso,” ele disse, se inclinando para
provocar o lóbulo da orelha dela novamente, “se eu não tivesse te batido, então você não teria
isso agora.” Ele ressaltou seu argumento limpando uma das mãos nos lençóis e depois movendo-a
para baixo dos quadris de Amy para tocar seus pelos púbicos. “Ora. Você não pode me dizer que
isso não vale à pena. Eu estou aqui agora, minha xeica, e eu estou pronto para reverenciar seu
corpo. Tudo que você tem que fazer é me dizer o que você quer que eu faça.”
Ela estremeceu sob o toque dele, mas então, de repente, rolou de costas para olhá-lo, para
encará-lo nos olhos. Aquelas profundezas cor de jade quase brilhavam como esmeraldas à luz da
lua. Ela perdeu o fôlego. Caramba. Isso seria mais fácil se ele não fosse tão bonito. “Apenas deite
comigo. Eu só quero que você me abrace.”

Ele assentiu e limpou as duas mãos nos lençóis. Dvar deitou no colchão ao lado dela e abriu

os braços. Ela se aconchegou, seu traseiro contra os quadris dele, enquanto a ereção dele
pressionava contra ela. O membro dele se contraiu um pouco e ela não era boba: ela sabia que

ele com certeza queria mais, que tinha um tempinho desde o banho e que ele não tinha gozado no
museu, como ela.
Mas era disso que ela precisava – da intimidade.
Ela aninhou o queixo no ombro dele e bocejou. “Obrigada. Eu me sinto melhor.”

Ele beijou a testa dela e assentiu, a cabeça dele apoiada na dela. “Qualquer coisa por
você, espoleta.”
Ela então adormeceu, acreditando que a maior parte disso era verdade.

1 Cosmético a base de galena moída e outros ingredientes, usado como rímel principalmente pelas mulheres do Oriente
Médio, norte da África, África subsaariana e sul da Ásia.
Capítulo Sete

A mão dela era macia e quente na dele enquanto os dois encaravam a grande porta
francesa que ia do chão ao teto e os separava da varanda do palácio. Era o amplo estrado de

onde ele fazia seus discursos e suas promessas para seu povo. Agora era hora de fazer mais uma.
Algo havia mudado na noite anterior no Cairo; algo tinha acalmado Amy e ela não o olhava mais
com fúria. Ela tinha parado de examinar telefones e atendentes de balcão com melancolia. Era
mais do que isso, até. Era diferente pra ele também. Ele sempre tinha sido um homem que podia

tomar ou largar suas mulheres. Enquanto o harém tinha seus prazeres, particularmente com Kamala
– que era adorável e tinha uma língua tão incrível e delicada – mesmo então, ele nunca sentia que
essas mulheres o afetavam.
Ele tinha escolhido Amy porque ela o interessava, porque ela era linda e feroz, mas ela
estava destinada a ser, como ele havia dito a Hakim, nada mais que uma distração. Uma rainha,
sim, mas ele não estava esperando um amor profundo até a alma.
Apenas dois dias haviam se passado com ela. Ele ainda não ia dizer que era exatamente
isso que estava sentindo.
Mas era algo.

Ele nunca tinha dormido tão bem quanto ao segurá-la em seus braços. Os pesadelos que o
haviam atormentado desde a morte de seu pai não tinham incomodado na noite anterior. E na
manhã seguinte ele não podia ter prazer maior do que assistir os raios dourados do sol nascente
brincarem sobre os cabelos negros e a pele pálida dela. Ela estava se tornando mais do que um
desejo ou uma obsessão para ele, e ele queria desesperadamente que seu povo entendesse isso.
Mais do que seus sentimentos ou os de seu povo, no entanto, ele esperava que ela também
estivesse mudando. Ele esperava que ela também quisesse fazer isso dar certo, ao invés de estar
apenas aguardando o momento certo para tentar escapar. Ele não podia ter certeza, mas o
contentamento naquelas profundezas cor de safira tinha parecido tão real e tranquilizador

naquela manhã. Ele não acreditava que ela pudesse esconder aquilo, que ela tivesse aquele tipo

de habilidade. Ele se agarrava a isso porque queria sua rainha a seu lado, tão comprometida com
tudo quanto ele era.

“Estamos esperando? Pensei que as câmeras e os conselheiros do governo e o resto todo


estivessem aqui esperando por nós,” ela disse com a voz hesitante.
Ele estendeu a mão e empurrou o cabelo dela do rosto. Às vezes suas franjas negras,
pontudas e bagunçadas, caíam em seus olhos. O cabelereiro real teria que dar um jeito de

consertar aquilo. Os olhos dela eram profundos como o oceano e nunca deviam ser escondidos do
mundo. Eles eram tão régios quanto ela viria a ser.
“Você não tem nada a temer. Meu povo vai te amar. Eles viram o quanto Omai e as outras
terras se deram bem com suas noivas americanas. Eles sabem que você vai servi-los bem.”
Ela assentiu. “É muita gente. Eu nunca esperei ser o tipo de pessoa que atrai multidões.”
“Confie em mim, espoleta, você parece o tipo de mulher que pode fazer isso e lançar dez mil
navios,” ele respondeu, beijando-a na bochecha. “Você está pronta, não está, Srta. Monroe?”
Ela suspirou e baixou os olhos para os azulejos do chão do palácio, aparentemente
hipnotizada pelos padrões geométricos e pelos intricados triângulos azuis e dourados ali. “Você

não quer dizer ‘Xeica Yassin?’”


“Você não é oficial ainda, mas vai ser, e será glorioso.”
Ela suspirou e olhou para ele, mas mesmo ele não conseguia deixar de reparar no olhar
lacrimoso dela. “Apenas me prometa que eu não vou me perder, que você não vai me dispensar
quando eu deixar de ser novidade, e eu vejo aonde essa aventura vai me levar.”
Ele se segurou para não dar um largo sorriso. Essa era a melhor notícia que ele tinha
escutado em meses, especialmente com os perigos que ameaçavam sua nação, que estava a um
passo da guerra. “Bem, eu suponho que tentar – e parar de insistir que eu sou seu maldito
sequestrador – seja um começo.”
“Não é? Não deixe isso tudo lhe subir à cabeça, Dvar.”

“Eu nunca deixo,” ele disse, pegando o braço dela no seu e guiando-a para a varanda.

A multidão era de centenas abaixo dele, todos os seus súditos leais em seus robes e burcas
mais finos, todos eles aplaudindo no instante em que ele e Amy alcançaram a balaustrada. Ele

pegou a mão dela com a sua e levantou ambas sob suas cabeças, como se eles fossem os
vencedores de uma corrida. Talvez, se isso desse certo, essa seria uma vitória ainda maior:
encontrar amor e consolo um no outro em um mundo tão difícil.
Beijando Amy nos lábios, ele soltou sua mão e caminhou até o pódio. Ele havia preparado

uma curta declaração, afinal ele precisava fazer com que seus súditos compreendessem a alegria
que ele tinha trazido para eles. Falando em árabe, ele disse:
“Meu povo, a Jardânia sempre foi uma nação forte, uma nação orgulhosa.” Os aplausos da
multidão e os próprios olhos da sua espoleta concentrando-se nele com tanta atenção encorajaram
Dvar a continuar. “Nós somos um feixe de esperança e progresso para nossos vizinhos, uma terra
que vem mantendo a paz desde os sacrifícios de meu pai. Nós sempre resistimos e, mesmo com as
coisas ficando difíceis mais uma vez, eu trouxe um grande presente dos Estados Unidos. Essa é Amy
Monroe, futura Xeica Yassin da Jardânia e, um dia, a mãe dos meus filhos, do próximo xeique.
Acolham-na com o mesmo calor com o qual vocês me acolheram depois da morte de meu pai,

acolham-na em nosso rebanho.”


Ele sorriu e desceu do pódio, andando da direção de Amy e trazendo-a de volta para ficar
ao lado dele como a rainha que ela era. “Sua Xeica!”
A multidão rugiu, aplaudindo ruidosamente abaixo deles. Alguns dos homens removeram seus
turbantes e abanaram-nos no ar em sinal de aceitação, tentando disfarçar seu entusiasmo. Ao lado
dele, o rosto de Amy era tão expressivo: o queixo dela estava caído e seus brilhantes olhos azuis
reluziam no sol do final da tarde.
Ela devia estar tão impressionada quanto ele, especialmente com o calor de seu povo se
estendendo até ela.
Dvar se inclinou e deu um longo beijo nela, sua língua se enroscando com a dela. Se

afastando, ele sorriu para ela, cutucando-a levemente com sua barba bem aparada. “Bem vinda

ao lar, espoleta.”
***

Amy ficou aliviada quando as festividades da tarde acabaram. Ela presumiu que, logo
depois de sua recepção surpreendentemente calorosa, ela seria levada diretamente para o quarto
que compartilharia com o xeique. No entanto, Dvar tinha franzido a sobrancelha de forma
apologética e disse que tinha uma conferência por telefone com seus primos sobre a crescente crise

do Leban. Phedre a levaria para os quartos do harém e faria o possível para acomodá-la com
uma roupa apropriada para a noite. Phedre também a apresentaria para o resto do harém. Ele
estava com tanta pressa que ela sequer teve a chance de perguntar sobre isso. Ela seria mais uma
dentre tantas? Mesmo que ela fosse a rainha e a pretensa mãe de seus futuros filhos um dia, ela
teria que competir por atenção num mar de mulheres núbeis vestidas em caftans minúsculos e calças
de gênio?
Ela simplesmente não sabia e aquilo a aterrorizava.
Ainda assim, ela sorriu enquanto a mulher mais velha a guiava pelos corredores longos e
sinuosos que levavam aos quartos do harém. Phedre era adorável, mesmo que seu cabelo tivesse

ficado quase completamente grisalho na velhice. Era um cabelo longo, que descia pelas suas costas
até os quadris em uma trança longa e grossa. O nariz dela era agudo e ligeiramente adunco, e
seus olhos castanhos eram calorosos e gentis.
“Então,” Amy disse, surpresa ao perceber que não estava mais tentando lutar contra aquilo.
Ela não pensava mais em se virar e sair correndo para salvar sua vida e sua liberdade, ela
não olhava mais ao redor procurando um telefone ou outro meio de comunicação. Certamente, sua
irmã Alexis a veria no noticiário em breve, de qualquer forma. Ainda assim, depois da noite
anterior e da segurança que ela havia sentido ao dormir nos braços de Dvar, ela não queria fugir.
Adicionando a isso as estimas calorosas daquele povo e a beleza tanto da Jardânia quanto do
palácio, então era como um conto de fadas. Mas grande parte dela não acreditava nisso. Ela

sabia que não ia durar. Afinal, Amy não era esse tipo de garota. Coisas felizes não aconteciam

com ela. Ela era a garota abandonada e sozinha, a garota que enrolava e que não tinha um
plano de vida.

Ainda assim, ela podia seguir com o fluxo. Ela podia tentar. Mesmo que durasse só um pouco,
mesmo que fosse uma glória efêmera como no filme A Lenda dos Beijos Perdidos, ela ia tentar. Ela
se permitiria ser feliz, mesmo se apenas por um tempo. Afinal, uma voz fria e fina lhe disse, se
enrolando no aperto de suas vísceras, você nunca teve planos ou um futuro de verdade pra início de

conversa.
Phedre percebeu que Amy tinha se perdido em pensamentos e se voltou para encará-la,
seus grandes olhos castanhos repletos de preocupação. “Então o que? Minha xeica, se você me
permite, você parece preocupada. Eu não entendo como isso pode ser. Todos estão encantados com
a sua presença aqui. Pra ser sincera, faz anos que não vejo Dvar sorrir assim.”
“Ele está sempre brincando comigo. Ele é tão jovial que eu não posso acreditar que ele seja
reservado.”
“Ele é assim com você,” ela ressaltou. “Conosco, minha xeica, ele é muito mais reservado. Eu
vejo como ele sorri com você, e eu fico feliz que ele tenha isso. Eu tentei ajudá-lo e confortá-lo o

máximo que pude desde que seus pais se foram.”


“A mãe dele?”
“Ela morreu alguns depois do pai dele, basicamente definhou...”
“Puxa vida,” Amy disse, e as duas recomeçaram a andar. “Mas eu não entendo.”
“Não?”
“Não, quero dizer, claramente ela deve ter amado o pai dele, eu imagino, se você diz que
ela morreu por causa de um coração partido.”
“Sim, basicamente,” a outra mulher disse virando à direita. Talvez fosse bom que Amy não
estivesse tentando fugir. Afinal, mesmo que ela escapasse, ela nunca conseguiria achar o caminho
pelas passagens labirínticas do palácio. “Mas porque você duvidaria disso?”

Amy corou, sentindo o sangue correr rapidamente por suas bochechas. “Bom, ele ainda

visitava o harém, não visitava?”


Se Phedre sentia alguma vergonha por fazer parte daquilo, ela não disse nada a respeito.

“Sim, mas isso é diferente. O xeique e eu ocasionalmente tínhamos relações físicas, até a sua morte,
mas era só isso. Ele amava sua rainha, mas precisava de alívio de outras maneiras.”
“Mas isso não é amor! Nos Estados Unidos nós nunca fazemos isso.”
“Não existem casos ou casamentos abertos ou poliamor?”

“Ora vamos, isso não é a mesma coisa. Você fala de um casamento de verdade, mas aí ele
pode dar um pulo do outro lado do corredor, onde tem um punhado de beldades, e escolher
qualquer uma que quiser, como se estivesse num maldito buffet!”
Phedre riu. “Eu entendo porque Dvar se diverte tanto com você. Você tem um fogo tão forte
correndo por dentro... Você não entende nada dos nossos costumes, mas você acha que sabe. Se
essa raiva é a respeito do seu xeique e do que você teme que Dvar faça, até onde eu saiba, ele
ainda não decidiu como vão ser seus arranjos.”
“Então isso me faz sentir tão melhor. Ele me roubou da minha casa, e eu sinceramente estou
intrigada demais com o que ele tem a oferecer para dizer não completamente; mas, ao mesmo

tempo, como ele pode dizer que eu sou importante quanto ele tem dúzias de mulheres babando
atrás dele toda noite?”
“Isso é algo que vocês vão ter que resolver juntos,” Phedre disse, fazendo uma última virada.
Elas pararam na frente de uma porta enorme, que tinha pelo menos quatro metros de altura
e era entalhada na madeira mais densa. A porta era folheada a ouro e Amy de repente sentiu
que precisava falar a senha correta para poder ter uma consulta particular com o Mágico de Oz.
“Uau, eu vim parar nas 1001 Noites de verdade, ou no mundo ideal do Aladim? Eu... nossa!”
Phedre sorriu. Era um gesto de esfinge que não disfarçava seus verdadeiros sentimentos, não
de verdade. “Agora você entende porque as mulheres largam suas famílias e vêm pra cá tão
jovens e esperançosas. Quarenta anos atrás, eu me senti como você quando vi com meus próprios

olhos. É surreal e maravilhoso.” Ela estendeu a mão e abriu as grandes portas com um empurrão.

“Benvinda ao harém, minha xeica.”


Amy arfou ao ver o enorme teto em arco. Era cheio de mosaicos, e teria caído muito bem em

uma mesquita ou nas antigas torres que ela tinha visto no Cairo. As sedas mais brilhantes estavam
penduradas no teto, criando um lindo dossel para um espaço tão grande quanto vários campos de
futebol. De um lado havia uma série de penteadeiras antigas, todas feitas de mármore branco e
enormes espelhos. Do outro havia uma coleção de travesseiros macios, também feitos de sedas e

cetins tão brilhantes quanto um arco-íris. Finalmente, havia uma coleção de camas – de solteiro, mas
ainda assim adoráveis –, cada uma com seus próprios postes e também dosséis. Devia haver duas
dúzias delas espalhadas por um dos lados do quarto, e agora ela sabia que havia vinte e três
mulheres (Phedre era obviamente como uma mãe para Dvar) competindo com ela. Vinte e três
mulheres que poderiam um dia dar prazer a ele caso ela não conseguisse.
E mesmo que ela o conhecesse há apenas dois dias, sua garganta queimou e seus olhos se
encheram de lágrimas. Ela era pequena e leve, uma menina pálida com um cabelo que ela mesma
tinha tingido e cortado em nome da experimentação dos vinte e poucos anos. Ela não podia
competir com essas beldades exóticas e roliças, com curvas que se estendiam por dias e seios tão

bem ressaltados pelas sedas que elas usavam.


Amy era sem graça, afinal, e não havia nada que ela pudesse fazer para vencer contra
essas mulheres.
Quando ele quisesse vir aqui, ele viria.
Uma mão gentil estava em seu ombro e os olhos escuros de Phedre a observaram repletos
de ansiedade. “Você está bem, minha xeica?”
Ela assentiu. “Eu simplesmente não fazia ideia de que as coisas aqui eram tão intrincadas,
tão bonitas.” Amy tinha tentado dar a entender que estava falando apenas dos arranjos, mas ela
estava bastante certa de que não havia enganado Phedre, e enxugar os olhos não tinha ajudado
muito a esconder seus verdadeiros sentimentos.

Uma garota alta, que não podia ter mais de dezenove ou vinte anos e que era, no mínimo,

uma cabeça mais alta que Amy, se aproximou a passos largos. Ela tinha um peito amplo e largo
que mal cabia dentro de sua bandoleira. Seu rosto em forma de coração era marcado por um

nariz estranhamente aquilino e olhos frios e cinzentos que a encararam de cima.


“Sim, nós somos lindas, não somos, rainha?” a voz da garota estava revestida de desprezo.
Amy se ergueu o mais alto que conseguia (está certo, não era muito) e colocou as mãos nos
quadris. “Quem é você?”

“Meu nome é Kamala, minha rainha, e eu sou a favorita do harém. Eu fui treinada como
acrobata em minha juventude e o xeique sempre favoreceu minha flexibilidade.” Ela sibilou essa
última palavra, e Amy suprimiu o impulso – aquele desejo intenso – de estapear a outra mulher. Isso
talvez enfurecesse Dvar, mas, pior ainda, talvez fizesse com que os outros tivessem pena daquela
vadia. Isso não podia acontecer. “Então, como posso ajudá-la, minha rainha? Você precisa de um
vestido melhor? Ou talvez você queira ajuda com essas pontas duplas?”
Ela balançou a cabeça e enrolou as mãos em punhos ao lado do corpo. “Na verdade, eu
tenho Phedra, que com certeza pode me ajudar.” Com isso, ela caminhou para as penteadeiras e
esperou que a mulher mais velha se juntasse a ela. Quando Amy falou novamente, suas palavras

saíram rápida e furiosamente, e ela não conseguiu manter sua voz tão uniforme quanto gostaria.
“Quem é ela? Não é possível que ela seja a preferida de Dvar. Não é possível. Ela é fria e cruel e
parece uma maldita cobra, até eu consigo sentir.”
Phedre balançou a cabeça. “Ela é certamente a favorita, e ela não mentiu a respeito de
seus, como ela disse, talentos.”
Seus ombros caíram e ela se sentiu grata pela gentileza de Phedre, feliz pela outra mulher
que a abraçava e ninava. “Ela é a favorita?”
“Ela era antes de você chegar, e ela não é feliz. Ignore o que ela diz. Há um ditado aqui
que diz ‘apenas corações envenenados podem criar palavras tão venenosas’. É ciúmes, minha
querida, então não preste atenção.”

Amy suspirou e olhou para seu pálido reflexo no espelho. Ela parecia cansada e exaurida

do estresse e das viagens dos últimos dias. Havia grandes olheiras cinzentas abaixo de seus olhos,
e ela não se parecia nada com a outra garota, com sua pele morena e seus olhos lindamente

delineados. “Talvez isso não vá durar sequer o tempo de uma piscada.”


“Ou você devia confiar em mim,” Phedre disse, pegando um pente e algumas embalagens de
maquiagem. “Kamala era sem graça quando chegou aqui, e eu a ajudei a descobrir como melhor
utilizar seus dotes femininos. É assim que as coisas são, e eu vou te treinar.”

“Por quê? Não é inevitável, já que Kamala é a favorita?”


“Ela é uma valentona e é cruel com todas as meninas aqui. Não tem nada que eu gostaria
mais do que vê-la humilhada e mandada embora,” ela continuou, pegando um brilhante pente de
prata encravado com rubis e diamantes. O pente tinha o formato de um falcão e Amy sorriu, se
lembrando de sua recente viagem ao Cairo. “Minha rainha, quando eu terminar com você, nenhuma
mulher chegará aos seus pés. Será minha honra e meu prazer.”
Capítulo Oito

O jardim estava disposto com tudo que ele podia imaginar. Na noite seguinte, depois de um
longo dia de reuniões, Dvar tinha preparado tudo para um piquenique perfeito com sua rainha. O

próprio jardim era um lugar ideal. Ele continha adoráveis gavinhas dependuradas de madressilva
e hera. Havia lindas estátuas de querubins e anjos feitas de mármore. Ressaltando tudo aquilo
havia uma fonte central que se iluminava à noite e mudava de cores continuamente, do azul para o
rosa para o lilás e de volta para o azul. No entanto, o destaque principal era a miríade de

arbustos de rosas. Eles tinham feito parte da coleção premiada de sua mãe. Cada um tinha uma
coleção diferente de flores e ele estava cercado de explosões de pétalas vermelho sangue,
laranja e brancas. Algumas eram roxas ou até escuras, quase pretas, especialmente à luz da lua.
Para o jantar, ele tinha arrumado algo simples, apenas alguns pães sírios e tâmaras. A carne
era pernil de cordeiro, fácil de colocar entre o pão e fazer um sanduíche para levar à boca.
Quando Amy entrou no jardim, ele precisou de todas as suas forças para não comê-la ali
mesmo. Ela estava usando uma roupa que ele tinha comprado pra ela pessoalmente no mercado:
calças de harém vermelhas que combinavam com uma bandoleira cravada de rubis e diamantes.
Havia uma fina camada de tecido que cobria sua barriga, tecnicamente cobrindo aquela área,

mas ele conseguia ver a linda extensão de pele branca por baixo da roupa facilmente. Ele ficou
intrigado e deleitado com o botão azul safira no umbigo dela.
Julgando por aquilo e pelos barretes e presilhas no cabelo dela – o longo cabelo dela – ele
presumiu que Phedre tinha ajudado com as suas escolhas de moda e com as extensões adicionadas
ao seu visual.
Ele aprovava.
Diabos, julgando pela maneira como seu pênis endureceu e pressionou contra o tecido de
suas calças, ele tinha certeza, definitivamente, que ele inteirinho mais do que aprovava.
Os largos contornos de kohl nos olhos dela, os cílios longos e luminosos em volta de suas

profundezas cor de safira, e os lábios dela que estavam vermelhos como sangue complementavam

o look ainda mais. Ele mal podia esperar para ter aqueles lábios enrolados na sua ereção. O
toque final era a simples corrente de prata descendo pelo pescoço dela, com seu cintilante amuleto

azul, o olho mal, encaixado cuidadosamente entre seus seios.


Ele finalmente ficou de pé, torcendo para que ela não notasse o quão entusiasmado ele
estava em vê-la. Ela tinha passado a noite anterior com o harém uma vez que a sessão de
planejamento dele tinha se estendido, e um dia sem ela parecia tempo demais. Era como se ele

tivesse corrido uma maratona e pudesse finalmente – só agora, depois de vinte e seis milhas –
beber a bendita água em volta dele. Dvar lhe deu um abraço apertado enquanto sorria.
“Minha xeica, você está adorável. Verdadeiramente quente, como uma espoleta deveria ser.”
Ela elevou os olhos para ele e ele percebeu aquele delicioso rubor cobrindo as pálidas
bochechas dela. “Que bom que você gosta. Eu... esse lugar inteiro é incrível. Eu sinto que cada
cômodo é mais lindo que o anterior.”
Ele riu ao guiá-la para o cobertor. Atrás deles, a fonte se ascendeu com a luz roxa,
complementando o brilho nos olhos dela magnificamente. “Você viu tão pouco. Quando as coisas se
acalmarem, eu mal posso esperar para te levar aos estábulos, para que você possa ver como os

meus cavalos árabes premiados são lindos. Meu tio criou muitos, e eu aprendi o hábito com meu
primo, Munir. Você vai gostar deles.”
“Eu, ah, não sei montar,” ela disse, olhando para baixo e se assentando no cobertor. “Isso
não vai ser um problema, vai?”
Ele sorriu. “Eu acho que não. Afinal, espoleta, eu tenho a sensação de que há poucas coisas
que você não consiga dominar. Você certamente conquistou os corações do meu povo e o meu.”
Ela assentiu e ele observou a garganta dela se movendo quando ela engoliu em seco. “Eu
acho.”
Franzindo a sobrancelha, ele abriu a cesta e colocou a comida no cobertor. Ele também
pegou um champanhe e serviu uma taça para ela. “Você parece preocupada. Qual é o problema,

Amy?”

Ela piscou e ele percebeu que devia ser porque ele tinha usado o nome dela. Agora parecia
errado provocá-la com Srta. Monroe – afinal, logo era pertenceria a ele legalmente, uma vez que

a cerimônia fosse arranjada. Ela seria Xeica Yassin e seu nome antigo não cabia mais aqui entre
eles.
“Não é nada.”
Ele deu um gole na sua própria bebida, se divertindo com as cócegas que as bolhas faziam

no seu nariz. “Você não está com fome? É uma refeição simples, e eu prometo que guardei o
pombo para outra noite.” Ele gesticulou para o cordeiro, que estava bem assado e praticamente
caindo do osso. “Você não tem nada contra isso, certo?”
Ela riu um pouco, parte do seu brio e do seu bom humor usual retornando. “Não é isso. E só
pra você ficar sabendo, eu dei conta do pombo muito bem. Eu comi um completamente sozinha e foi
a carne mais suculenta que eu jamais experimentei.”
Ele sorriu e se aproximou dela. “Há outras coisas ainda mais suculentas para a sua boca, eu
prometo.”
Ela deu uma risadinha. “Eu acho que percebi isso.” Amy bebericou sua bebida e depois

comeu alguns pedaços de pão sírio. “É só que conhecer o harém foi mais surpreendente do que eu
poderia ter imaginado. Elas são tão lindas e eu não sei... eu nem sei quanto tempo isso vai durar.”
Abaixando sua bebida, ele estendeu a mão e acariciou a bochecha dela. “Eu não peço a
qualquer uma para ser minha esposa e me ajudar a liderar meus súditos. Isso aqui é pra valer.”
“E eu estou disposta a ver aonde isso vai dar. Eu não tinha nada mais acontecendo em casa
e os últimos dias têm sido pra lá de incríveis, mas eu sei que nada dura para sempre. Meus pais
não duraram.”
As narinas dele se dilataram e ele balançou a cabeça. “Eu não sou assim.”
“Você tem vinte e três mulheres a menos de setenta metros daqui, todas dispostas e capazes
de servi-lo em todas as suas necessidades. Aquela Kamala não tentou esconder nada, de forma

alguma.”

Dvar levou aquilo em consideração. Havia coisas que ele adorava fazer com Kamala, ou
pelo menos havia adorado. Aquela menina estava sempre disposta a tentar de tudo e ela era tão

flexível, graciosa e ávida. Ele ia sentir falta daquilo, mas ele nunca teria previsto que sua noiva
americana teria tanta aversão a um harém, considerando que arranjos abertos eram melhores do
que o divórcio.
Pegando ambas as mãos dela com a sua, ele as apertou com força. “Te incomoda tanto

assim? O que eu e Kamala temos? Eu nunca a considerei como uma igual.”


“Então talvez eu seja apenas um número divertido de judô verbal e uma reprodutora, se é
que nós vamos chegar a isso.”
“Não, não é isso de forma alguma.”
“Então podemos tentar só nós dois? Podemos construir alguma coisa antes? Eu sei que um
harém é tradição, e você teve anos pra aproveitar todas as vantagens dele, mas é muito
importante pra mim que eu seja a única mulher a quem você recorre. Parece justo?”
Ele inspirou profundamente e sentiu seu maxilar se apertando. Quando ele falou, sua voz
estava baixa e deliberada. “Você não vai colocar limites no nosso relacionamento. Eu estou no

comando, espoleta, e eu achei que você sabia disso.”


“Você sabe que a minha irmã vai me visitar em breve. Nós acabamos de aparecer no

noticiário da Al Jazira1 e eu sei que a Alexis vai ligar para checar como eu estou. Mesmo que você
não me deixe atender, ela e Farzad estarão aqui em breve para ver com os próprios olhos. Se
você não tentar fazer de mim uma prioridade, eu vou embora com eles. Eu juro. Dê um ano, e se
não for o suficiente, se você ainda precisar de Kamala ou do resto do harém, então nós veremos.”
“Você ainda está colocando condições.”
“Não me importa. Eu vou te largar se você mantiver o harém.”
“É tradição.”

Os olhos dela estavam queimando com fogo azul. “Se você me quer, então você tem que me

mostrar.”
Ah, ele ia mostrar a ela...

Dvar empurrou toda a comida para fora do cobertor, não se importando se alguma coisa
fosse parar na fonte ou em meio aos arbustos de rosas. Ele agarrou Amy e ela tentou se afastar,
mas ela pertencia a ele, caramba, e ele tinha sido absurdamente paciente ao esperar tanto, não
pulando em cima dela no segundo em que ela tinha entrado no jardim.

Ela se contorceu por baixo dele, mas ele a segurou, prendeu os pulsos dela acima da
cabeça e a segurou ali. Os quadris dele estavam se esfregando nos dela, e quando ela parou de
se mexer ele soube que ela tinha sentido a sua ereção se aninhando nela; que ela tinha sentido a
paixão se agitando dentro dele.
Ele se inclinou para baixo e raspou os dentes pela pele do pescoço dela, e Amy estremeceu
e gemeu embaixo dele. Ela não estava mais lutando ativamente para se livrar dele. Ele raspou
novamente, dessa vez traçando seu caminho para a depressão na clavícula dela. Sua longa língua
arqueou para fora e ele começou a lamber a pele macia ali, sentindo o gosto dela, aquele sabor
de oleandro e especiarias, de verão ameno e de um frescor verde. Ela era divina.

E ela era dele.


Só dele.
“Agora, estamos seguindo as regras de quem?” ele perguntou.
Ela o encarou enquanto ele segurava seus pulsos. “Minhas.”
Ele se esfregou nela quase dolorosamente, sua ereção provocando o cerne dela através do
tecido de suas roupas. “Não. Regras de quem, espoleta? Você sabe quais. Diga!” ele enfatizou seu
argumento sugando o ombro dela com força, deixando um chupão, a pele dela ficando roxa sob
os lábios dele. “Diga!”
Ela choramingou, seus olhos azuis encobertos por pálpebras pesadas. “Suas regras, Dvar.
Somente suas.”

Ele passou a mão por baixo do tecido da bandoleira e encontrou o mamilo direito dela. Ele

podia imaginar aquele pico rosa escuro embaixo da sua mão. Ele massageou o seio dela e
pressionou os dedos contra o mamilo, fazendo com que ele se elevasse, pontudo. Amy gritou e se

agarrou nele, mas não com desespero – com necessidade. Era puro e animalesco, e ele também
não conseguia segurar seu desejo.
O tempo que eles levaram para se livrar de suas roupas pareceu eterno. Mas logo ela
estava deitada na frente dele, nua da cintura pra baixo, seus lindos cachos escuros como uma

floresta convidativa na frente dele. Ele se inclinou e beijou o vértice das coxas dela, enquanto suas
mãos brincavam e agarravam os seios dela.
Voltando a se sentar, ele sorriu para ela. “Você pertence a quem?”
“Você, só você,” ela disse, estendendo a mão e escorregando seus dedos delicados e
habilidosos pela ereção dele.
“Eu preciso de você dentro de mim, Dvar, por favor.”
Ele obedeceu. Tempo demais havia se passado desde aquele banho, afinal. Ele se posicionou
por cima dela e escorregou seu membro pelas macias dobras dela. Ele sibilou ao sentir o calor e
aquele maravilho encaixe apertado que parecia massagear sua ereção enquanto ele entrava,

centímetro por centímetro. Era um encaixe incrível, como se ela tivesse sido feita para ele. Os
quadris dele se mexiam por conta própria, sua paixão atávica se espalhando por ele. Ele tentou ir
devagar, fazer amor com ela, mas foi mais rápido do que isso, cheio de fome e urgência.
Para ela a sensação era fantástica, e ele deixou uma mão descer para os quadris dela e
apertá-los enquanto a outra tocava o clitóris. Amy sibilou e afundou as unhas o melhor que podia
nas escápulas dele, por baixo da camisa. Ele gostava daquela pontada de dor, da insinuação de
algo mais no aperto dela. Ela balançou com ele, suas pernas enroladas em sua cintura.
O ritmo entre eles aumentou e ele sentiu suas bolas se contraírem em antecipação. Ela se
inclinou para cima e o beijou, a língua dela se enrolando com a dele. Era agora.
Ele gozou então, entornando dentro dela, sentindo as espirais de prazer se lançarem através

de seu corpo até ele desabar no cobertor abaixo. Ela ficou deitada ao lado dele, gritando com o

próprio prazer e estremecendo ao seu lado. Eventualmente, depois que os dois haviam terminado,
ele a pegou nos braços e a abraçou com força. Beijando o topo da cabeça dela e desviando por

pouco do pente de falcão que ela usava - aquele cujos rubis contrastavam com seus cabelos,
fazendo-os brilhar como ébano –, Dvar falou.
“Eu te amo.”
Ai, Alá, aquilo realmente tinha saído da sua boca?

Ele piscou alertado, assim como ela, como se um balde de água gelada tivesse sido jogado
sobre eles. Era muito difícil de acreditar, de entender. Ele amava apenas sua família. Sim, ele tinha
se divertido com mulheres, ou ficado encantado com seus talentos, mas essa saciedade era
completamente diferente e muito mais real.
Olhos azuis, grandes e assustados, o encararam. Amy mordeu o lábio e hesitou antes de
falar. “Eu não compreendo.”
“Eu te amo, e você está certa, não há mais ninguém. Não vai acontecer mais nada com o
harém, nunca mais.”
“Eu…”

Ele a beijou novamente, mas ela ainda estava embaixo dele. Se afastando, ele passou uma
mão pelo cabelo dela. Era tão macio e sedoso ao toque, e ele teria que recompensar Phedre muito
bem pela transformação que ela tinha feito. “Diga algo.”
“Eu gosto de você e eu vou tentar. Eu fico muito agradecida que você concorde a respeito
do harém, mas isso é tudo que eu tenho a oferecer agora.”
Ele assentiu e a puxou para perto, sentindo seu corpo magro e rijo contra o seu. Não era
tudo que ele queria, mas teria que ser o suficiente por enquanto porque ele não ia deixar sua
espoleta ir.
Nunca.
1 Maior emissora de televisão jornalística do Catar e a mais importante rede de televisão do mundo árabe.
Capítulo Nove

Seis semanas depois


Dvar franziu a sobrancelha para seu primo Farzad através da ligação no Skype. “Essa

informação sobre as forças do Leban é precisa?”


Seu primo suspirou e passou uma mão pelo cabelo escuro e rebelde. “Sim, meus melhores
espiões a revisaram, e não há a menor sombra de dúvida sobre o que está acontecendo. Eles
estão se mobilizando e logo estarão na sua fronteira leste como um enxame, se aliando com os

rebeldes. Eu lhe enviarei tropas em breve, e eu e Alexis visitaremos na semana que vem para
ajudar a colocar as coisas no lugar. Minha esposa talvez esteja um pouco irritada por você ter
monopolizado a irmã dela por tanto tempo.”
“Eu não monopolizei nada,” ele disse, sorrindo para o primo. “Eu tenho estado ocupado e
Amy também queria curtir o período de lua de mel.”
“Posso dizer que você é um grande imitador por ter pego sua própria noiva americana?”
Dvar riu, longamente e com vontade. “Então você também é, já que seguiu os passos de
Munir. Mas essas mulheres americanas, elas são uma coisa, não são?”
“Elas são difíceis, mas elas valem à pena.”

Dvar assentiu. “Eu concordo plenamente, mas você acha que nós damos conta do exército do
Leban? Se a informação de Munir estiver correta, então talvez eles tenham recursos nucleares
também.”
“Primo, em três séculos, você já viu alguém foder com o Império Yassin?”
Ele deu de ombros. “Eu retiro o que disse. Eu só queria…”
“Eu também sinto falta do meu tio e do meu pai. Eu entendo,” Farzad ecoou.
“Então nos vemos em uma semana, e vamos fazer todos os que nos desafiam se
arrependerem.”
“Parece um bom plano.”

“Seria um bom plano apenas se tivesse alguns passos mais detalhados,” Dvar disse, taciturno.

“Nesse momento, tudo o que eu tenho é ‘dar uma surra no Leban’, mas não tenho um mapa de
como de fato chegar lá.”

“Então fique aliviado que há duas cabeças e talvez a ajuda daquelas fogosas irmãs
Monroe.”
“Sério, você permite que uma mulher planeje com você?”
“Eu conheço bem a minha mulher. Te vejo no domingo,” seu primo respondeu, deixando a

ligação cair.
Dvar suspirou e beliscou o osso do nariz com os dedos. Sua cabeça estava latejando e suas
palmas suavam. Tudo parecia mais possível com o apoio e as piadas de seu primo, mas na fria luz
do dia e na extensão solitária da sua sala de reuniões, as coisas eram mais opressivas. Ele não
podia deixar oito milhões de pessoas sofrerem por causa da crueldade do Leban, mas ele não era
o líder que seu pai tinha sido. Mesmo então, da última vez que o Leban havia invadido, eles tinham
perdido seu rei.
Ele balançou a cabeça, preocupado com o que seria feito da sua terra.
Além disso, ele tinha mais a perder a essa altura. Não havia apenas o seu reino ou o seu

povo, com o qual ele se preocupava muito, mas também Amy, que ainda estava resistindo a alguns
dos arranjos, mas que logo seria oficialmente sua xeica. Faltava apenas um mês para o casamento,
já que tantos dignitários e outras coisas tinham de ser trazidos para o evento. Ele mal podia
esperar pelo dia que ela seria dele oficialmente, quando o seu anel estaria no dedo dela e o mulá
os uniria frente a Alá e a todos os demais.
“Senhor,” Hakim disse, entrando na sala. “Eu trouxe o almoço. Tem algo mais que eu possa
fazer para ajudá-lo?”
Ele assentiu e considerou a oferta. “Eu vou comer.”
“Isso seria uma novidade. Você parece ter perdido o apetite.”
“Essa guerra que se aproxima – acaba com a digestão de qualquer um.”

“Então você precisa das suas forças,” Hakim retrucou. “O que pode te ajudar a relaxar?”

Ele sorriu. “A espoleta é boa pra isso.”


“Você não pode transar o tempo todo, meu xeique, mas talvez um longo dia com ela fosse

bom. Talvez você possa finalmente mostrar os estábulos e os cavalos para ela hoje.”
“Você é brilhante! Eu sabia que tinha um bom motivo pra te manter por perto,” Dvar
retrucou.
“Eu achei que era por causa da minha belíssima aparência, meu xeique.”

“Dificilmente,” ele disse, se levantando. “Eu volto em breve.”


Com isso, ele se apressou pelos corredores. Levou um tempo para chegar à ala onde ficava
o harém. Às vezes, mesmo com suas preocupações a respeito das outras mulheres, Amy se
confortava passando o tempo com Phedre. Ele passou pelas portas duplas e ignorou a multidão de
mulheres se aglomerando à sua volta. Elas sentiam falta dele, mas a essa altura da sua vida, ele
não sentia falta delas. Ele era especialmente cuidadoso em relação à Kamala, e seus olhos se
estreitaram quando ela se aproximou dele. Ela não manteve a distância respeitosa das outras.
Ao invés disso, ela se inclinou contra ele, pressionando seus seios contra o peito dele de uma
maneira óbvia e desesperada. “Nós sentimos sua falta.”

“Eu não duvido,” ele disse, colocando as mãos nos ombros dela e empurrando-a para longe.
Ela tropeçou um pouco e uma carranca dura marcou seu rosto por um instante antes que ela
conseguisse recuperar sua pose. “Se você jamais precisar de qualquer coisa, meu senhor, então
você sabe onde me achar.”
“Eu sei onde você esteve pelas últimas seis semanas, Kamala. Não é como se eu pudesse me
esquecer.”
Algumas das outras garotas deram risadinhas, e ele ficou satisfeito quando as bochechas
dela enrubesceram de vergonha e raiva. Ela girou sobre os calcanhares e correu para o outro
lado do cômodo.
Kamala ainda falou por cima do ombro ao se retirar. “Você vai me querer eventualmente,

Dvar. Um leopardo nunca muda suas manchas.”

Enrolando as mãos em punhos ao lado do corpo, ele a ignorou. Ele nunca voltaria para ela,
não importa o que suas mãos e língua pudessem oferecer. Ele estava apaixonado e adorava sua

futura esposa. Kamala podia apodrecer no inferno se dependesse dele, mesmo que os quadris
dela fossem tão convidativos enquanto ela rebolava pra longe. Dvar se esgueirou pelo grupo até
encontrar Amy perto das penteadeiras. Ela parecia estranhamente pálida, mesmo para uma
americana, e ele se perguntou se ela tinha dormido mal na noite anterior.

Ele estendeu o braço e agarrou seus ombros, e ela pulou nos braços dele.
O que diabos está acontecendo?
“Você está bem, espoleta?”
Ela assentiu e olhou para ele. Ela estava suada também. “Sim, que surpresa. Pensei que você
estava conversando com Farzad.”
“Eu estava. Ele e a família estarão aqui em uma semana. Sua irmã tem reclamado. Talvez nós
estejamos sendo amorosos demais.”
Ela corou e mordeu o lábio, sua mão desviando um pouco em direção aos quadris. Aquele
era um convite que ele adoraria aceitar, mas só depois que eles cavalgassem. “Eu adoraria vê-la.

Eu acho que nós estivemos meio ocupados ultimamente...”


Ele se inclinou e beijou-a, já endurecendo ao sentir o gosto dela em sua língua. “Estivemos
mesmo, espoleta. Falando em estar ocupado, eu estava me perguntando se você gostaria de ir
cavalgar comigo?”
“Eu não sei se tenho coordenação suficiente para isso.”
“Você consegue. Eu vou preparar a égua mais velha e gentil para você, ou pensar em uma
alternativa. Eu tenho mais algumas coisas para fazer com meus generais.”
“Sem boas novas de Farzad, então?”
“Nenhuma,” ele disse, frustrado. “Mas vai haver. Nós vamos dar um jeito.”
“Ótimo. Eu mesma estava indo para o mercado. Eu... Phedre e eu íamos ver joias.”

“Você pode ter acesso às joias da coroa se quiser.”

“Mas eu estou com vontade de tomar um ar,” ela acrescentou, com o tom ainda hesitante.
“Tem alguma coisa errada?”

“Não,” ela disse, beijando-o novamente. “E não, não tem nada a ver com te deixar. Eu
prometi tentar, e você tem sido maravilhoso.”
“Sim, eu tenho. Nunca houve reclamações.”
Ela revirou aqueles seus olhos azuis como gelo. “Não deixe que as coisas subam à sua

cabeça, Casanova.”
Ele colocou os quadris contra as costas dela. “Ah, outras coisas sempre ‘sobem’ por você,
querida.”
Amy riu e o beijou mais uma vez. “Nós estaremos de volta as três, e aí podemos ir cavalgar,
mesmo tendo certeza que vou cair.”
“Ótimo,” ele respondeu, acariciando a bochecha dela. E ele não tinha apenas imaginado
que ela estava suada, não quando a sua mão tinha voltado escorregadia. “Você tem certeza que
está bem? Você não está com febre, está?”
“Não, só animada e agitada nessa temperatura quente, você sabe como é.”

Ele assentiu e voltou apressadamente para o escritório, preocupado que ela estivesse
escondendo algo dele, mas ele simplesmente não tinha certeza do que.
***
Amy não estava se sentindo bem ultimamente. Ela não sabia exatamente o que estava
acontecendo, mas ela se sentia exausta quase o tempo todo. Talvez fosse apenas um ajuste dos
invernos gelados e enjoativos de Boston para as temperaturas quentes e abafadas que chegavam
a cinquenta e um graus Celsius nas terras desérticas que a cercavam. Ainda assim, depois de uma
noite incrível com Dvar – e todas as noites eram incríveis – ela se encontrou esgotada e exausta
como nunca.
Mancando um pouco para o quarto do harém, ela se sentou em um macio travesseiro laranja

e acenou para Phedre. A mulher mais velha estava resplandecente naquele dia, vestindo um caftan

cor de berinjela cravejado com cristais Swarovski.


“Minha xeica, como posso ajudá-la hoje?”

“Você pode me dizer se há algum médico que eu possa ver.”


“Há um médico real.”
“Eu digo na cidade. Eu não me sinto bem, mas não quero preocupar Dvar se for apenas uma
insolação.”

“Se você achasse que era apenas uma insolação, então você não estaria pedindo um médico
particular só pra você.”
“A guerra está se aproximando, e se for alguma coisa séria eu vou contar pra ele, mas, do
contrário, a mente dele precisa estar clara para planejar.”
Phedre mordeu o lábio inferior e considerou-a. “Pode ser, mas eu devo aconselhá-la a não
manter segredos em um relacionamento, minha xeica.”
“Eu só preciso saber por que estou tão cansada e...” ela parou então, sentindo a náusea
subir através dela, e saiu correndo para o banheiro.
Amy chegou lá bem em tempo de vomitar várias vezes na cabine fechada. Ela regurgitou

até sua garganta começar a arder, até os músculos do seu peito ficarem doloridos com o esforço.
Cansada, ela deixou sua cabeça pesar na porcelana fria e começou a chorar.
Quase dois meses haviam se passado desde a sua última menstruação.
Por um tempo, ela sequer tinha pensado que essa irregularidade era um sinal de que algo
estava errado. Ela tinha passado por situações muito estressantes, jogada em um ambiente novo.
Além disso, no passado, quando ela tinha sido patinadora, isso acontecia o tempo todo. Ela era tão
magra que não tinha regularidade nenhuma, mas isso? Isso explicava tudo – a exaustão, a náusea,
e a maneira como ela se sentia mal.
Ai, Deus.
Ela não estava pronta.

Ela sequer tinha certeza de que ia ficar aqui, de que Dvar conseguiria manter sua promessa

a longo prazo para fazer dela a número um do harém. Mesmo com um filho, não havia garantia
de que ela não terminaria como sua mãe: abandonada e jogada fora como lixo. O filho dela seria

o herdeiro, mas ela não.


Eles mal tinham começado a se conhecer, e era inevitável que o Leban e a Jardânia
entrassem em guerra.
Meu Deus, o que eu vou fazer?

Braços cuidadosos e macios envolveram-na; ela enterrou o rosto no ombro de Phedre e


chorou, deixando as lágrimas fluírem. A outra mulher balançou-a, acalmando-a e tentando ajudar
Amy a estancar as lágrimas.
“Eu conheço alguém. Nós vamos assim que você tiver forças.”
Ela assentiu e seguiu Phedre para as penteadeiras. Ela precisava começar seu dia. Afinal,
ela podia estar errada, mas Amy não achava isso.
***
“Sabe,” Kamala ronronou, se sentando ao lado dela frente aos espelhos. “Você parece
ainda mais pálida do que de costume. Isso é muito impressionante para uma americana como você.”

Ela examinou a garota ao seu lado. Sua blusa, se é que aquele fino pedaço de seda podia
ser chamado disso, tinha um decote generoso demais. Era quase pornográfico. “Bom, deve ser o
que Dvar prefere,” ela disse friamente.
“Você sabe que é só um interesse temporário, que ele só está fazendo o que os primos
fizeram.” Kamala chegou mais perto dela. “Ele nunca permanecerá fiel a você. Ele nunca desejará
um mestiço como próximo xeique herdeiro.”
Amy a estapeou com força, feliz em ver o vergão já inchando no rosto da outra menina.
“Meu sobrinho, Farid, é o herdeiro de Omai e ele é meio americano. É um ponto forte, não uma
fraqueza.”
Kamala esfregou a bochecha. “Aproveite enquanto está no topo, sua vadia americana. Não

vai durar muito.”

Amy assistiu enquanto ela saía correndo e sorriu para si mesma. Era o único raio de luz em
um dia completamente horrível.

***
“Bem, minha querida, o exame de sangue veio positivo,” o médico disse.
Ele era um homenzinho encarquilhado, com uma longa barba branca e ombros ligeiramente
encurvados. Amy não sabia de onde Phedre o conhecia, mas ela estava contente por isso. Ele tinha

maneiras excelentes, e foram apenas a sua doce gentileza e as mãos de Phedre segurando as
suas que mantiveram os pés de Amy no chão. Fora isso, a cabeça dela estava girando e ela
estava nauseada de uma maneira que, ela suspeitava, não tinha nada a ver com os enjoos matinais
da gravidez.
“O que eu faço agora?” ela perguntou.
“Nós gostaríamos de fazer um ultrassom rápido agora, só pra ver como as coisas estão,” ele
disse. “O feto vai ser pequenininho, pouco diferenciado, mas vamos só checar pra ver como ele
está.”
Ela assentiu e sua garganta estava seca demais para falar, para dizer qualquer coisa.

Depois que ele saiu da sala, ela tirou o xale e a blusa. Deitando-se na mesa de exame, Amy
descansou a cabeça no travesseiro. Então ela inspirou profundamente, lembrando a si mesma para
não surtar ou hiperventilar. No mínimo, isso devia ser terrível para o bebê.
As mãos de Phedre não haviam largado as suas, e ela as agarrou com tanta força que
quase temeu estar machucando a outra mulher. Naquele momento, a velha amante do harém era
sua única conexão com a realidade e a sanidade.
“Shh, minha xeica, vai dar tudo certo.”
“Eu só... eu ainda nem sei se Dvar me quer. Eu nem sei se ele vai voltar para Kamala ou se
eu vou ficar. Tem dias que tudo que eu quero é ir para casa. E tem outros que ele me abraça
apertado e é o êxtase mais incrível que eu jamais conheci.”

“Apenas descanse e considere os fatos. Aí você pode tomar suas decisões.”

“Mesmo se eu não tiver ideias claras a respeito do que isso seja?”


Phedre suspirou, mas não pôde dizer mais nada uma vez que o velho médico entrou pela

porta com uma máquina de ultrassom, desajeitada e que parecia ter sido feita na década de 80.
Ele montou-a e depois passou gel por sua ponta arredondada.
“Agora, Srta. Monroe, isso vai ser bastante frio,” ele disse.
Ela sibilou um pouco com a mordida gelada do gel e então, espontaneamente, virou o rosto

para o monitor. Ainda não havia muito para se ver. A imagem era incrivelmente embaçada e,
novamente, a máquina era consideravelmente velha. No entanto, ela podia distinguir a curvatura
redonda do pequeno corpo em desenvolvimento e a grande cabeça. Pequenos olhos negros
estavam começando a se formar.
Seu filho.
Não, é nosso filho; do Dvar e meu. Há algo realmente nos unindo, pelo menos eu espero.
Lágrimas subiram aos seus olhos e ela sentiu-as correndo por suas bochechas. Aquela era a
imagem mais linda que ela jamais tinha visto.
Capítulo Dez

O cavalo era enorme.


Ele era alto – ficava acima até da grande silhueta de Dvar –, e ela observou enquanto o

monstro gigante chutava com suas patas traseiras. Sua crina escura esvoaçava e ele relinchou alto
ao lado dela. Ele tinha uma sela, que ela notou ser grande e parecida com algo saído de um
antigo filme de bangue-bangue. Pelo menos parecia grande o suficiente para uma cavalgada
confortável, mesmo que ela estivesse morrendo de medo de ser jogada longe.

Ela tinha prometido que ia montar, e agora não podia desistir. Não devia afetar nada. Dvar
prometeu que ela não ia cair, que ele ia encontrar o cavalo mais calmo e ágil para ela montar.
Encarando esse gigante, ela tinha a sensação de que isso não era verdade, nem um pouco. O
árabe diante dela podia até ser maravilhoso, mas ela não tinha certeza de que ele era muito
amigável.
Estendendo a mão, ela deu um pulo quando ele relinchou de novo.
Ao lado dela, Dvar riu e acariciou o ombro do cavalo. “Esse é o Tornado, e ele é o cavalo
mais bem treinado do nosso estábulo. Eu mesmo o domei quando ele ainda era um potro e tinha
acabado de ser castrado.”

Ela se encolheu um pouco, mas finalmente tocou a bochecha dele. Era macio como veludo sob
suas mãos. O cavalo soltou o ar pelo nariz e Amy, mesmo assustada como estava e com o coração
ainda martelando, não conseguiu segurar um sorriso. “Ele é lindo, mas você jura que ele não é
louco? Eu não sei se topo montar sozinha.”
Sem perceber, ela passou a mão por cima da barriga. Talvez ela não fosse exatamente
montar sozinha.
“Você não vai. Eu decidi fazer um evento em grupo hoje. Depois eu te ensino na velha égua
por si mesma, mas hoje eu estou no controle,” ele disse, oferecendo suas mãos com os dedos
entrelaçados para ajudá-la a subir no cavalo.

Amy examinou o monstro mais uma vez e pisou nãos mãos dele. Ela confiava nele para a

maioria das coisas, afinal; confiava no julgamento dele. Ela só não confiava nele plenamente no
que dizia respeito a seu coração, e isso era muito mais complicado agora que ela tinha o filho

deles dentro dela, agora que os riscos eram mais altos do que nunca. Ela levantou a perna e
passou por cima do cavalo. Logo ela sentiu uma brisa por trás de suas costas e o cavalo se moveu
um pouco sob o peso de Dvar.
Braços fortes e capazes a envolveram pela cintura e depois passaram por baixo para

pegar as rédeas. Ele estalou a língua uma vez e bateu os calcanhares com força na barriga do
cavalo. E lá foram eles, trotando pela areia.
***
Talvez ele tivesse outros motivos.
Sim, ele queria ensiná-la a montar. Os árabes eram uma raça fabulosa, uma das raças mais
valorizadas do mundo, e eles eram incríveis de cavalgar. Ele queria que sua xeica os amasse tanto
quanto ele amava, que ela sentisse a liberdade da fuga. Eles trotaram juntos pela areia, a poeira
em torvelinhos atrás deles. Ele adorava a maneira como o cabelo dela, ainda comprido com as
extensões, esvoaçava atrás dela, uma cortina rica e escura de ébano que esvoaçava no nariz dele.

Hoje ela cheirava a baunilha e romã.


A vantagem – e motivo oculto – disso era que ele adorava sentir seus quadris contra os
dela. Toda vez que o cavalo se movia, seus quadris impulsionavam para frente, caindo ritmicamente
com a marcha poderosa do animal. Isso permitia que ele empurrasse sua extensão contra os
quadris de sua amante, sua xeica, e era ainda mais incrível do que a velocidade e o poder
embaixo dele.
Depois de um longo trote, ele fez com que Tornado diminuísse a velocidade para um passo
lento, e então inclinou para frente e beijou o pescoço de Amy. “Eu pensei que, depois de meia hora,
você ia gostar de um descanso. Como você se sente?”
“Eu acho que minhas pernas parecem gelatina, e eu também tenho bastante certeza, meu

senhooor, que minha bunda vai estar cheia de roxos mais tarde.”

“Você sabe que isso foi só um trote, certo? Nós não estávamos galopando pelos campos, nem
correndo.”

“Não importa. Eu sou uma garota da cidade, nascida e criada, e não é como se eu tivesse
prática. É uma experiência completamente diferente, sair fazendo ‘tum, tum, tum,’” ela bufou. Amy
reforçou seu argumento olhando por cima do ombro, os olhos azuis cheios de alegria. “Foi um
pouco demais. Sabe, você definitivamente me deve uma massagem com babosa essa noite.”

Ele se inclinou e beijou o pescoço dela. “Isso é mais do que possível, espoleta. O prazer será
todo meu. Quem disse que eu não arranjei essa coisa toda só pra te namorar?”
Ela sorriu e empurrou as costas contra ele com a maior força que conseguia. “Eu acho que
você fez isso sim. Você com certeza parece entusiasmado o suficiente.” A voz dela se tornou um
ronronado baixo quando ela disse isso, fazendo o sangue bombear furiosamente pelas veias dele.
As coisas que essa mulher fazia com ele.
“Bom, você definitivamente parece melhor,” ele disse enquanto davam mais uma volta pelo
ringue. “Você parece mais animada. Você estava tão suada essa manhã, eu fiquei realmente
preocupado.” Ele enrugou a sobrancelha e perguntou. “Você se divertiu no mercado?”

Os olhos dela estavam fixos no percurso à frente dele, mas ele sentiu o corpo dela congelar
contra o seu. “Hein?”
“O mercado? Você e Phedre foram comprar joias, como você disse, certo? Eu sei que Hakim
as levou e as assistiu do mercado. Você gostou?”
“Eu não achei nada,” ela disse depois de uma longa pausa, “que fosse tão maravilhoso ou
útil, eu espero, como o meu amuleto de proteção contra o olho mal.”
Ele revirou os olhos. “É um pingente tão simples, não é verdadeiramente digno da minha
rainha. Você não gostaria de outra coisa? Minha mãe tem o mais lindo colar de diamantes no
cofre.”
Os ombros de Amy caíram. “Significa o suficiente para mim que ele vai me proteger e trazer

sorte à nossa família.”

“Nossa família?”
“Sim, você sabe, você e eu, mas também, ah, minha irmã, Farzad, e Farid, e todo mundo, com

a chegada da guerra. Francamente, eu acho que nós vamos precisar de toda sorte que
conseguirmos. Quem diabos rejeita sorte?”
“Eu nunca tive superstições em alta conta,” ele disse, agarrando as rédeas com mais força.
“Eu sempre gostei de pensar que eu faço a minha própria sorte. Meu pai sempre dizia que

fatalismo é inútil.”
“Então isso é estúpido. Eu não sou a Poliana, mas eu acredito que às vezes o destino – ou a
sorte, ou o universo, pode escolher seu eufemismo – pode estar cuidando de nós, também; nós
podemos contar com eles.”
Ele bufou e cutucou o pescoço dela com o nariz. “Agora, espoleta, só falta você me dizer
que existem anjos da guarda e santos, ou seja lá no que vocês cristãos acreditam, olhando por
todos nós.”
“Coloque mais desprezo nessa frase,” ela disparou.
Ele puxou as rédeas e o cavalo parou. Agarrando os ombros dela, ele a girou para que ela

o encarasse. “Só existe a sorte que nós fazemos. Eu não caio nas vicissitudes de nada mais.”
“Então,” ela disse, seus olhos cor de safira soltando faíscas enquanto sua mão direita
brincava com a corrente do seu colar. “Você está sendo um babaca e um idiota teimoso. Que
surpresa! Às vezes não tem problema pedir um pouco de ajuda.”
“E eu não acredito num homem por trás da cortina. Aliás-” ele começou.
Então o cavalo soltou um guincho assustador e deu ré. O movimento imediatamente o jogou
na areia. Horrorizado, Dvar assistiu enquanto Amy girava e agarrava a crina com as mãos. Ela
gritou, soltando um guincho de furar os ouvidos, enquanto o cavalo disparava pelo percurso. Ele
não foi longe antes de dar ré mais uma vez e colapsar. Dessa vez ela foi lançada e bateu com
força nas grades do circuito.

Ele começou a se levantar, mas parou instantaneamente ao ver as familiares e terríveis

espirais de escamas pretas e marrons. Era a víbora palestina, a mais mortal de todas as víboras
da Jardânia, uma cobra com veneno o suficiente para derrubar um cavalo de corrida em menos

de um minuto. Respirando o mais devagar possível e se movendo em passos curtos e leves, Dvar
alcançou o coldre em seu quadril e pegou a arma que carregava consigo, sua pistola de serviço
preferida, do seu treinamento militar.
Em tempos de guerra e intriga, era tolice não andar com ela, e o xeique ficou tão aliviado

de tê-la agora.
Ele a puxou rapidamente e soltou a trava de segurança. A víbora cheirou o ar com a língua,
tão enrolada em si mesma que ele sabia o que aquela postura significava. Ela então deu o bote e
ele mirou, puxando o gatilho. O animal estourou com o choque da bala, e suas duas metades
caíram na areia diante de Dvar.
Passando rapidamente pela bagunça, ele correu para o acidente.
Ele olhou para Tornado e era óbvio que o cavalo estava morto. O peito do animal não se
movia nem um pouquinho, e seus olhos já estavam vidrados com o puxão da morte. As moscas, de
alguma forma, pareciam sentir isso, e vieram descendo do céu. Ele passou por isso tudo e se

encaminhou para o seu amor.


Ela estava respirando, com inspirações lentas e superficiais, mas já era alguma coisa. Ele
podia das um jeito. Se ela tivesse se machucado tanto que tivesse morrido...
Não, ele nunca pensaria nisso.
Ele não tinha a menor vontade de viver com uma dor tão dilacerante, ser separado dela
dessa maneira.
Se ajoelhando, Dvar a pegou em seus braços. Havia um corte feio em sua têmpora direita.
Sangue jorrava abundantemente da ferida, se emaranhando no cabelo dela e marcando sua pele
de porcelana.
“Espoleta! Você está bem?” ele pegou o braço dela e sentiu o pulso, fraco e entrecortado, e

ele imaginou que ela ainda estivesse em choque. Ele a sacudiu com mais força, desesperado para

despertá-la. Ela precisava recobrar a consciência. Se ela entrasse em choque completamente, ela
talvez nunca saísse dele. “Amy!”

Ela piscou para ele, claramente aturdida, e seus olhos azuis estavam obscurecidos pela
confusão e pelo medo. Foi o suficiente para fazer o coração dele bater com tanta força contra o
peito que ele podia imaginar seu esterno quebrando por causa da pressão crescendo dentro dele.
Ele esfregou a bochecha dela e ignorou a maneira como sua mão voltou coberta de sangue

pegajoso. “Amy, você consegue me ouvir?”


Ela gemeu e então seus olhos reviraram para trás.
Em pânico, ele a pegou em seus braços e rapidamente a carregou como uma noiva para o
cocho. Pingando água no rosto dela, pelo menos ele conseguiu limpar as pegajosas sardas
vermelhas do rosto dela. Depois de molhá-la algumas vezes, ela se sentou e cuspiu, seus olhos
ainda fora de foco, mas ela parecia mais acordada do que antes. Pelo menos, dessa vez, ela
falou.
“Dvar? O que… minha cabeça dói tanto.”
“Eu sei, e eu vou te levar para os estábulos. Eles podem nos ajudar.”

“Estábulos? Eu não me lembro do que estávamos fazendo,” ela disse, procurando em volta
selvagemente com os olhos, virando a cabeça até ver o enorme corcel morto atrás dela. “Ai, meu
Deus!”
“Não pense nisso,” ele disse, apertando-a com mais força. “Você está bem. Nós estamos bem,
e vamos te levar ao médico. Não foi uma queda tão feia.”
“Dói tanto, e eu estou preocupada com o bebê,” ela disse, explodindo em lágrimas e se
enrolando no ombro dele.
As mãos dele congelaram, e por um momento Dvar ficou chocado demais para processar o
que estava acontecendo.
Um bebê? Ela está grávida? Desde quando, caralho?

Ele empurrou a raiva e o choque para longe de sua mente, agarrou-a novamente e correu

para os estábulos. Sua xeica e seu filho precisavam de um médico. E precisavam agora.
***

Tudo era um borrão de luz, som e cor. Pelo menos, era o que Dvar sentia. O mundo era
plano e agudo ao mesmo tempo, e enquanto esperava sentado na ala privada do hospital, ele não
conseguia pensar em nada mais que em sua xeica e seu filho. Há quanto tempo ela estava
grávida? Não podia ser muito. Afinal, não dava pra perceber ainda e eles só se conheciam há

sete semanas. Mas uma queda? Será que isso ia matar a criança? Será que ia machucar Amy
permanentemente? Será que ele conseguiria viver se eles perdessem a criança?
Ele não tinha certeza.
Ele não tinha certeza de nada.
Afinal, como é que alguém podia ficar tão apegado a algo que sequer sabia que existia?
Normalmente, ele a teria abrigado em uma ala segura do palácio, mas ele não podia. As
instalações no hospital local, em Ahmud, eram de última geração, parte da Universidade de
Pesquisa da Jardânia. Ele queria que todos os especialistas disponíveis estivessem presentes para
esse caso, e ele estava ao telefone na maldita sala de espera contatando alguns dos melhores

obstetras americanos, colocando-os em espera caso Amy e o bebê precisassem deles também.
Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, um dos médicos saiu e tossiu para ele.
“Meu xeique, eu posso atualizá-lo com relação à situação de sua noiva.”
Ele olhou para cima e sua garganta estava seca como se a poeira do deserto a estivesse
cobrindo completamente. “O que está acontecendo?”
“Meu xeique, a queda resultou em uma concussão leve para a xeica. Nós aconselhamos que
ela passe a noite aqui, sob observação, mas tanto ela quanto o bebê ficarão bem. Nós apenas
achamos que cavalgadas e outras atividades extenuantes devem ser evitadas pelos próximos sete
meses, mais ou menos.”
“Há quanto tempo ela está grávida?”

“Aproximadamente seis semanas. Parabéns, meu xeique,” o médico concluiu, fazendo uma

reverência eficiente. “Que a linhagem dos Yassin continue a crescer e prosperar com a nova vida
crescendo dentro dela. Agora, se você vier comigo, você poderá ver os dois.”

“Obrigado, doutor, e considere dobrado o seu orçamento para esse ano.”


“Meu xeique, é muita generosidade, mas nós apenas fizemos o que teríamos feito para
qualquer paciente.”
Ele assentiu ao ser conduzido para o quarto. “Então espero que vocês continuem fazendo.”

“Nós faremos. Agora, só alguns minutos – sua xeica precisa descansar e recuperar as
forças,” o médico disse, sorrindo para ele.
Dvar assentiu bruscamente e andou vagarosamente para a cadeira ao lado esquerdo de
Amy. Hesitante, com medo de que ela o estivesse rejeitando e de que fosse por isso que ela havia
escondido a gravidez, ele estendeu o braço e pegou a mão dela. Em sua ansiedade, ele tinha
certeza de que estava agarrando com mais força do que deveria, com mais força do que seria
considerado educado. Ele só não queria que ela fosse embora. Ele podia ordenar aquilo, é claro, e
ela ficaria, mas ele queria que ela ficasse por vontade própria.
Porque ela o amava, como ele amava ela.

“Precisamos conversar, espoleta.”


Ela suspirou e seus olhos estavam repletos de lágrimas; gotas frias e úmidas caindo do gelo
de seus orbes azuis. “Eu sei. Eu só descobri sobre o bebê essa tarde. Phedre e eu fomos a um
médico depois que eu vomitei e percebi que não tinha menstruado. Eu tinha pensado que era por
causa da mudança de ambiente.”
“Mas você sabia quando fomos cavalgar essa tarde. Por que não me contou?”
Ela engoliu em seco e olhou para baixo, para suas mãos unidas. “Foi tão repentino, e eu não
pensei que a cavalgada fosse ser perigosa ou difícil. Como é que eu ia saber que cobras iam
surgir do nada?”
“Você devia sabre que andar a cavalo e fetos não são compatíveis.”

“Eu só estava chocada. Eu não tinha certeza do que fazer ou do que eu queria.”

“A Jardânia não tem as mesmas regras que os Estados Unidos,” ele disse asperamente. “Nós
não ‘nos livramos’ de problemas sem mais nem menos.”

“Eu nunca faria isso!” ela gritou, seus olhos azuis agora queimando de raiva. “Eu só estava
com medo de te contar. Eu não quero que você nos rejeite.”
“Você será minha xeica em uma cerimônia em alguns meses. Por que eu rejeitaria vocês?”
“Porque eu não... eu sou só eu, e você sempre pode mudar de ideia.”

Ele balançou a cabeça e colocou a mão sobre a barriga dela, sobre a criança crescendo
entre eles. “Eu nunca te mandaria embora. Diabos, se você se lembra bem, eu viajei um mundo de
distância para trazê-la para o meu próprio mundo. Mesmo considerando o nosso primeiro fim de
semana juntos, toda a paixão que nós compartilhamos, eu nunca te quis tanto quanto agora. Eu não
sei como você pode duvidar disso.”
Ela fungou e esfregou os olhos. “Eu agradeço por isso, mesmo. Eu sinto muito que escondi
minha gravidez, e eu não farei nada que coloque nossa criança em risco novamente. Ela é tão
importante para mim quanto para você.”
“Não parece, ainda.”

“Eu pensei que a cavalgada ia ser com uma égua velha e tranquila. Eu não achei que fosse
ser complicado.”
“Então eu agradeço a sua cautela, Amy,” ele disse, se inclinando e beijando-a longa e
demoradamente, e ele adorou o gosto da sua língua sobre a dela. Ela era voraz em seus beijos,
gananciosa a faminta, e ele gostou muito daquilo.
Ele só se preocupava que não fosse o suficiente, e aquela preocupação ainda o
atormentava quando ele saiu do quarto para dar à sua futura esposa e seu filho o descanso que
eles tanto precisavam.
Capítulo Onze

Não havia nada mais reconfortante do que sentir os braços de sua irmã em volta dela. Amy
relaxou no abraço de Alexis. Elas se pareciam, de certa forma: tinham os mesmos traços

acentuados e aquilinos, os mesmos olhos cortantes, e o cabelo escuro. Amy tingia o seu num tom
artificial de preto monocromático – ou, mais precisamente, tinha tingido, até que Phedre e as
extensões a tinham transformado. Agora as únicas grandes diferenças entre Amy e sua irmã mais
velha eram a estatura e a cor. Ela ainda estava pálida e exaurida dos repetitivos invernos de

Boston, enquanto sua irmã tinha se bronzeado graças aos muitos anos vivendo sob o sol de Omai.
Ela também era mais redonda, cheia de curvas macias por causa da gravidez de seu filho, Farid,
que agora estava fazendo um ano.
Falando no homenzinho em questão, seu sobrinho pulou na cama, apesar dos protestos de
Alexis, e sentou no colo de Amy. Aqueles enormes olhos verdes – aquela perturbadora cor de jade
– deviam ser a marca registrada da dinastia Yassin porque eles lembravam-na de Dvar.
Amy lutou contra as lágrimas. Ela tinha estragado tudo. Além de ter que competir com as
outras mulheres do harém, mais bonitas, ela agora tinha que superar o fato de que havia
arruinado a confiança do seu noivo.

Farid não falava ainda, ele era muito pequeno, mas ele choramingou um pouco e acariciou a
bochecha dela. Ela suspirou e beijou o topo da cabeça do sobrinho. Deus, em menos de oito meses
ela teria seu próprio filho – se era menino ou menina ninguém sabia ainda – e ela teria que cuidar
dele. Jesus, sete semanas atrás ela mal estava sobrevivendo como barista. Mesmo com os recursos
do seu futuro marido, e Phedre, e as outras mulheres em volta para ajudá-la, como ela poderia
estar pronta?
“Amy, nós soubemos que o bebê está bem. Como está a sua cabeça?”
Ela suspirou e esfregou-a, sentindo as bandagens com pesar. “Ainda dói quando eu encosto
e eu me sinto tonta. No entanto, depois de passar a noite aqui, o médico tem certeza que não tem

nada errado comigo. Não há nenhum hematoma subdural ou qualquer coisa perigosa.”

Sua irmã suspirou de alívio e abraçou tanto ela quanto Farid. “Fico tão feliz. Você não faz
ideia de como eu estava preocupada. Farzad… todos nós entramos no avião o mais rápido

possível e ainda assim pareceu uma eternidade até chegar aqui. Eu não conseguiria descansar até
ter você nos meus braços.”
“Para ver com os próprios olhos? Eu sou uma garota Monroe. Nós somos duronas.”
“Exatamente, e eu nem estou aqui para dizer ‘eu avisei.’”

“Sobre cavalgar e gravidez? Porque eu não contei isso pra você, mas eu provei
definitivamente que essa é uma péssima ideia, com certeza.”
“Não, eu quero dizer, você tinha muito a dizer quando eu engravidei durante o curso de
direito.”
Ela suspirou. “Talvez esses xeiques Yassin realmente cheguem de fininho, você nunca sabe. Eu
só... eu tenho medo dele não se importar de verdade.”
“Por que você pensaria isso? Você devia ter ouvido ele no telefone com Farzad. Ele estava
em pânico que você e o bebê pudessem ter se machucado. Definitivamente, você é a única coisa na
qual ele tem pensado nos últimos dois dias.”

Ela assentiu e acariciou o cabelo lustroso e escuro do sobrinho. “Mas talvez ele só se importe
porque agora eu lhe dei um herdeiro. Talvez essa seja a única coisa que importa pra ele.”
“Por que você pensaria isso? Deus, eu vi os olhos de Dvar quando chegamos aqui. Ele estava
desolado e isso foi depois dele descobrir que vocês dois estavam bem. Eu acho que ele só estava
preocupado que algo terrível pudesse ter acontecido com você.”
“Bem, claro por que... eu simplesmente não sou uma menina de harém, tá bom? Você não
entende. Tem uma mulher aqui que mal é uma mulher, talvez dezenove anos, se tanto, e ela era a
favorita de Dvar e ele não prometeu que nunca vai visitar o harém. Agora eu vou ser uma
bagunça gorda e grávida, e quão mais fácil não vai ser para ele voltar para alguém mais jovem,
núbil, e da própria cultura dele? Quero dizer, em comparação com Kamala eu podia muito bem ser

comida de cachorro.”

Os olhos de sua irmã se estreitaram. “Eu também me senti assim. Uma das mulheres do harém
de Farzad tentou seduzi-lo e eu fiquei com a impressão errada. Isso me custou uns bons meses

solitários, grávida e passando dificuldades em casa. Não valeu à pena. Se você está realmente
preocupada com o harém, então você precisa fazê-lo entender isso. Mas eu encontrei o Dvar mais
de uma vez. Eu não necessariamente aprovo o plano dele de roubar minha irmã.”
“Como se essa também não fosse uma marca registrada dos Yassin.”

“Verdade, mas ele não vai voltar para uma garota do harém. Se essa Kamala fosse tão
ótima, então ela seria a próxima xeica, e ele estaria feliz com o herdeiro que ela estaria
carregando. Você não perde pra ela.”
“Eu sinto isso. Eu sou baixinha e pálida e tão comum, e ele ainda não prometeu que nunca
mais vai amar outra garota de harém. Eu não sei mais o que estou fazendo,” Amy disse, as
lágrimas se formando em seus olhos. Desde que ela havia descoberto que estava grávida, ela
sentia que a única coisa que fazia era chorar. Nem era por causa das mudanças hormonais. Era o
medo de que sua família, que mal havia começado, pudesse ser destruída tão facilmente pelas
curvas matadoras e pelos olhos sedutoras de Kamala. “Eu nem sei mais o que eu sinto.”

“Então você precisa conversar com ele e encontrar um pouco de paz nisso tudo porque ele
te ama e eu vejo isso, mesmo que você não veja,” sua irmã insistiu, beijando-a na bochecha.
***
“Você parece um morto-vivo,” Farzad disse, entregando uma xícara de chá pra ele.
Dvar pegou-a e tomou o líquido avidamente, apenas ligeiramente irritado quando algumas
gotas caíram em sua barba curta. “Obrigado, é o que trinta e seis horas sem dormir fazem com
você. Eu também me sinto como um morto-vivo, então essa é uma vantagem.”
“Então se prepare para se sentir pior ainda. O exército do Leban está se mobilizando na
minha fronteira e na sua. Na próxima semana, eles vão lanças uma guerra em duas frentes. Eu já
tenho o compromisso do primo Munir e do exército americano. Nós estamos preparando nossas

próprias forças para uma guerra em solo e logo será hora de atacar.”

“Então eu irei para as linhas de frente, mesmo com a minha noiva grávida. Entendi.”
“Você pode dar um pulo em casa, mas é hora de acabar com essa batalha de uma vez por

todas. Eu estou cansado da intriga e dos rebeldes. Estou cansado de tudo isso. Nós precisamos
acorrentar esses cachorros do Leban, eliminar cada um deles.”
“Eu concordo. Eu só... eu perdi meu pai para a guerra, e eu me preocupo. Eu não quero
deixar meu filho ou filha dessa maneira também.”

“Nós temos quatro nações poderosas enfrentando o Leban. Em alguns abençoados meses,
isso tudo terá terminado e nós teremos a vitória que precisamos tão desesperadamente.”
“Eu espero que sim, meu primo, e eu espero que o custo não seja alto demais,” ele disse,
olhando para o quarto onde sua querida espoleta estava, se recuperando e se consolando com
sua irmã. “Essas são todas as boas novas? Por favor, me diga que não há nada mais grave no
horizonte do que uma guerra aberta.”
“Se pelo menos fosse só isso,” Farzad disse, se levantando e caminhando de um lado para o
outro.
“O que?”

Ele suspirou. “Meus informantes, assim como a CIA, indicam que há um espião em sua própria
casa, primo, que alguém na sua equipe – um de seus melhores amigos – deve estar vazando
informações para o Leban.”
“Isso é impossível.”
Ele suspirou e levantou as mãos, as palmas abertas. “É de mau gosto atirar no mensageiro.
Eu só quis dizer que você deve ter cuidado e trabalhar com mais afinco. Tudo é possível, e você
tem que se acostumar com o fato de que há uma cobra no seu seio, alguém se escondendo no seu
meio que quer prejudicar não apenas a Jardânia, mas muito provavelmente sua família.”
“Então, mesmo parecendo impossível, eu vou começar a investigar isso,” ele disse, fechando
os punhos ao lado do corpo. “Nada vai machucar minha família. Nada.”

***

Seis meses e meio depois...


“Você tem que continuar comendo, espoleta,” ele disse, entregando a ela a salada fresca e o

frango que o médico havia recomendado.


Amy tinha desenvolvido diabetes gestacional e tinha de ser alimentada regularmente para
não entrar em hiperglicemia e para que o bebê não entrasse em coma por causa do excesso de
açúcar no sangue. Eles ainda não tinham perguntado pelo sexo. Ele queria muito saber, mas ela

era tradicional e tinha insistido que seria muito mais divertido se fosse uma surpresa. Mas não
saber estava matando Dvar, e era também um sentimento agridoce, de certa forma. Ele nem devia
estar pensando nisso, mas ele estava extremamente preocupado que a criança pudesse morrer. O
bebê era grande demais e com certeza nasceria prematuramente – talvez uma semana ou duas –
graças à diabetes. Mas era mais que isso. Se ele perdesse sua criança, se os pulmões dela não
funcionassem por causa da doença, se qualquer coisa desse errado... Bom, Dvar só queria saber o
maldito sexo de uma vez.
Amy mastigou seu filé de frango fracamente e até mordeu a maçã que tinha sido dada a
ela. “Eu sei, mas é tão difícil...”

Ele se inclinou e beijou a testa dela enquanto afastava o cabelo da sua pele suada. “Eu sei,
mas quanto mais você comer, melhor você vai ficar – é pelo bem do bebê e pelo seu. Só falta mais
um mês e o Dr. Rashid tem certeza que você vai aguentar.”
Sua esposa fez uma carranca e se voltou para a comida. Fazê-la comer era sempre uma
luta. Se ele estivesse num clima mais brincalhão, ele teria chamado aquilo de “a luta eterna”, mas
ele nunca brincava, hoje em dia. Ainda assim, ela tentava muito, independentemente de quão
doente ou exausta estivesse. É só que o cabelo de sua espoleta estava murcho e sem graça, seus
olhos sempre pesados de sono, e sua respiração entrecortada. Com frequência, ela também ficava
tonta. Era uma luta montanha acima, mas ela havia lutado como uma leoa por mais de seis meses.
Ele sabia que ela aguentava continuar, ou, pelo menos, ele esperava que ela aguentasse.

Ela finalmente terminou a salada, mesmo que houvesse mais folhas verdes no prato do que

ele gostaria. “Viu, eu comi tudo, como prometido.”


“Quase. Você sabe que eu tenho que ir embora daqui a alguns dias, de volta para o front. E

eu não quero.”
Ela pegou a mão dele e colocou-a sobre sua barriga, que mesmo agora não estava nem de
perto tão redonda quanto ele gostaria, não com a doença dela e sua dificuldade em se alimentar.
“Nós não nos importamos. Nós sabemos que você é necessário.”

“Meu pai também era,” ele disse, apertando o maxilar.


Ela suspirou e beijou-o de forma casta. Ele sentia falta dessa parte do relacionamento deles.
Agora eram apenas suaves beijos roubados e longas noites apenas abraçando-a, esperando que
ela continuasse respirando até o alvorecer. Ele sentia falta da avidez física de seus primeiros dias,
mas não o suficiente para voltar para o harém. Essa mulher, a única que ele amava, estava
fazendo tanto para trazer o filho deles para o mundo. Como ele poderia não amá-la por isso?
Nenhuma criança como Kamala ou qualquer outra mulher do harém poderia sequer sonhar em se
comparar a isso.
“Você não é o seu pai. Você vai voltar para casa, para nós. Eu tenho toda a fé do mundo

em você,” ela disse, seu tom de voz calmo e claro.


“Você acha isso, mas toda vez que eu estou lá, eu só quero estar aqui. Eu preciso acabar
com aqueles bastardos do Leban ao leste, mas eu só quero abraçar minha esposa e meu filho,
como estou fazendo agora,” ele disse, apertando-a com força em seus braços para reforçar seu
argumento. “Eu voltarei o mais rápido que puder, amor, e depois disso eu não vou embora até ele
ou ela chegar.”
“Parece ótimo,” ela respondeu, chiando um pouco e mordendo o lábio inferior.
“O que foi?” ele perguntou, bem familiarizado com os humores e as expressões de sua
espoleta depois de tantos meses.
“Nada.”

“Tem alguma coisa sim. Eu vou perguntar a Phedre. Ela é mais honesta que você.”

“Você quer dizer,” Amy replicou, apertando os lábios, “que ela está mais disposta a te
contar tudo.”

“Minha espiã mais leal... Então, porque você está chateada? É porque Kamala entrou aqui
atrás de Phedre como um maldito cachorrinho?”
Amy balançou a cabeça muito forçadamente para parecer sincera. “Não, de forma alguma.”
“Eu acho que é.”

“Tá bom, eu fico cansada com o ar mandão que ela joga pra cima de mim. Às vezes, mesmo
com tudo que nós passamos, eu tenho medo de você me mandar embora ou me manter como uma
reprodutora, e apenas amar as meninas do harém. Elas são mais bonitas e são do Oriente Médio e
sabem tudo da sua cultura, e eu estou tendo dificuldades de aprender tudo como se estivesse na
escola.”
Ele suspirou. “Você é a mãe do meu filho.”
“Mas eu sou mais que isso. Eu te amo, e eu espero que você me ame também depois de tanto
tempo juntos, mas eu tenho medo de estar errada.”
Dvar deu uma risadinha e continuou rindo com mais força quando ela deu um soco fraco no

ombro dele. “Não, continue fazendo isso.”


“Eu estou abrindo minha alma e todas as minhas inseguranças para você, e você está rindo?”
“Estou rindo porque é ridículo. Eu nunca te deixaria, e, francamente, agora que eu descobri
que Kamala está te incomodando tanto, eu vou mandá-la de volta para as terras dos beduínos. Ela
não cabe aqui.” Ele se inclinou e beijou-a, deixando sua língua dançar e massagear a dela. “Ela
nunca vai caber aqui. A única mulher que eu quero é você.”
“Mas por causa do bebê-”
“Eu sempre quis você,” ele enfatizou, beijando-a novamente. “Agora descanse para poder
comer a próxima rodada. Você sabe que o Dr. Rashid te colocou num cronograma rígido.”
“Eu sei. Se eu perder, pode ser um desastre para o açúcar dele e o meu,” ela disse,

agarrando a barriga. “Eu farei qualquer coisa para protegê-lo, eu prometo.”

“E é por isso que eu te amo,” ele disse, saindo do quarto e indo de encontro ao Dr. Rashid,
que o esperava.

Ele era um homem jovem, só um pouco mais velho que Dvar, mas era também um prodígio.
Ele tinha entrado na universidade aos dezenove anos e trabalhava em Londres como um dos
melhores especialistas em cuidado neonatal intensivo e gravidez de risco. Ele tinha sido trazido
especificamente para atender a xeica vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, desde

que o diagnóstico de diabetes tinha aparecido no terceiro mês de gravidez. Ele tinha descendência
muçulmana, mas tinha sido criado por uma mãe britânica, então ele mantinha o rosto
completamente barbeado, o que o fazia parecer ainda mais jovem.
“Como ela está realmente?” ele perguntou.
“Meu xeique, o bebê está tão grande que espero que ela entre em trabalho de parto a
qualquer minuto, mesmo com um mês de antecedência. Você precisa atrasar sua visita às linhas de
frente.”
“Considere feito. E os pulmões do bebê?”
“Serão bons o suficiente. Ele ou ela talvez precisará de tubos e de uma incubadora pelo

primeiro mês ou dois de vida, mas tudo dará certo. Apenas não a deixe.”
Ele olhou para o quarto de sua xeica. “Acredite em mim, nada me faria deixá-la.”
***
Ela acordou com o sol do final da tarde infiltrando pelas grossas cortinas atrás dela.
Piscando ao acordar, ela viu Hakim, facilmente distinguível por seu cabelo grisalho e sua altura,
segurando uma bandeja carregada de frutas e verduras, assim como salmão fresco para o jantar.
“Não precisava. Eu tenho certeza que Phedre podia ter feito isso.”
“Minha xeica, é claro que eu preciso.”
Ela franziu a sobrancelha, mas se sentou da melhor maneira possível. “Não tem problema, e
eu imagino que você tenha que examinar um monte de informações e reuniões e planos para a

linha de frente.”

Ele assentiu, mas puxou um pano e ela franziu a sobrancelha. Não era o estilo dele, andar
por aí carregando lenços. “Eu tenho uma missão mais urgente, Amy.”

Ela piscou. Ele nunca tinha chamado ela disso antes. Tinha sido “Srta. Monroe” até o
casamento, e agora era sempre em deferência ao seu título de xeica. “O que está acontecendo?”
“É só que o general do Leban quer conhecê-la,” ele bufou, colocando uma mão sobre a
boca dela antes que ela pudesse gritar e enfiando o pano sobre seu rosto. Ela sentiu um cheiro

cortante e enjoativo que queimou seu nariz.


Depois nada além de escuridão.
Capítulo Doze

“Ah, Xeica Yassin, é um prazer conhecer você.”


A voz que assaltou seus ouvidos era dura e fria; como algo revestindo tudo em sua mente

turva. Amy se sentou da melhor maneira possível, mas sibilou quando amarras morderam seus
braços, algemas que a mantinham presa nas armações de ferro da cama, e com os braços e
pernas abertos – mas vestida, graças a Deus. Sua garganta estava seca e sua visão nadava. Ela
não tinha certeza de quando havia comido pela última vez e aquilo a assustava. Se ela não

comesse, a hiperglicemia a dominaria. Pior ainda, seu bebê poderia entrar em coma por estar com
níveis inapropriados de açúcar no sangue.
“Quem é você?”
“Eu sou o general das forças do Leban. Seu marido e os primos dele estão dizimando meus
homens e nós estamos perdendo; eu posso ver a maré virando, a não ser que eu jogue uma boa
mão.”
“Eu não… o que?” ela piscou. “A última coisa que eu me lembro é do Hakim entrando com a
comida e com clorofórmio, e o que diabos está acontecendo?”
“Hakim tem sido um agente duplo muito leal. Eu não queria recorrer a isso,” ele disse,

acariciando uma barba espessa e imunda que estava emaranhada de poeira. “Mas recorri. Seu
marido tem uma escolha. Ele pode se render ao Leban e recuperar a esposa e o filho, ou ele pode
receber a sua cabeça numa caixa.”
“Você não pode fazer isso! Eu não importo, mas nossa criança sim. Por favor, eu tenho
diabetes e se eu não comer, o bebê vai morrer de qualquer forma.”
“Então,” ele disse, seus dentes amarelos brilhando na luz, “vamos esperar, xeica, que seu
marido responda rápido,” ele disse, batendo a porta do quarto atrás de si, e ela já podia ouvir o
clique da fechadura.
Ela se inclinou contra a cabeceira e usou todas as suas forças para tentar escapar, quase

arrancando os ombros das articulações com seus esforços. Nada aconteceu. Gemendo, ela relaxou

de volta no colchão. Desse jeito ela não podia nem alcançar seu filho, não podia nem reconfortá-lo.
“Seu pai virá, meu bem. Você vai ver,” e ela tentou ignorar o tom oco e fraco de sua voz.

Sim, Dvar viria, mas será que seria tarde demais?”


***
“Onde ela está?” ele exigiu, correndo pela extensão da sua sala de guerra até Hakim.
Ele tinha chegado uma hora antes para alimentar sua amada e ela tinha sumido. Ele também

havia encontrado Phedre desacordada no corredor. Ela disse que Hakim havia feito aquilo, que ele
tinha empurrado a rainha para seus subordinados e ela não tinha a menor ideia de onde Amy
estava agora.
Agora ele tinha as lapelas do robe de Hakim entre suas mãos e estava pressionando o outro
homem com força contra a parede de mármore do palácio. Algo estalou e ele deu um sorriso
largo, um sorriso feral, feliz com a dor. Ele estava sofrendo, então Hakim, o traidor, precisava
sofrer também.
“Onde está a minha esposa?”
Hakim, alguém que ele tinha acreditado ser um amigo confiável, rosnou para ele. A

expressão era tão estranha no rosto de seu assim chamado velho amigo que ele mal a reconheceu.
“Eu passei todos esses anos sendo o ‘motoboy’ de uma criança fraca, alguém que só trouxe
vergonha para seu pai. Você pode fazer o que ele teria feito e salvar seu país, ser um herói, ou
você pode trocar a Jardânia, entregá-la para controle total do Leban. Você quer aquela vadia
americana ou você quer o seu povo?”
“O que?”
“O general Hassad está com ela, e ele vai deixá-la passando fome até você se render a
ele. Então faça sua escolha.”
Ele examinou o outro homem, aquele que ele tinha visto como uma figura paterna desde que
seu próprio pai havia perecido nessas guerras intermináveis. Fechando o punho, ele deu um soco

forte em Hakim, curtindo o estalo do osso ao quebrar o nariz do traidor. Seu punho voltou

salpicado de sangue. “Minha escolha é minha família. Agora, vamos ao Hassad. Ele vai se
arrepender de tudo isso.”

Talvez não fosse a escolha que seu pai faria, tentar salvar sua família, mas era o que
importava para ele, caramba, e ele não ia perdê-los agora. Puxando seu telefone, ele ligou para
os dois primos e soltou uma rápida série de ordens. Eles iam levar a briga para o Leban e acabar
com essa guerra e com esse tumulto de uma vez por todas.

***
Ele entrou facilmente pelas portas do palácio de Hassad. Seus homens e seus primos estavam
enfrentando o exército, até as forças armadas dos Estados Unidos estavam com eles. Ele se sentia
como um caubói daqueles filmes de bangue-bangue que seu pai tanto gostava. Havia guardas
perseguindo-o, mas pegar sua pistola nove milímetros e atirar nos lacaios foi um trabalho rápido.
Correndo pelas escadas do palácio, ele procurou pelo quarto mais bem vigiado e encontrou-o
rapidamente. Havia dez homens em volta.
Ele se escondeu atrás de uma pilastra e jogou uma granada, contando até dez até que ela
explodisse e espalhasse a guarda por toda parte. Dvar passou por cima dos pedaços de corpos e

entrou correndo no quarto. Ele teve vontade de vomitar ao ver Amy, pálida e abatida, desmaiada
na cama. Ela estava respirando, mas lenta e irregularmente. Pairando sobre ele estava Hassad,
com sua barba emaranhada e um cigarro entre os dentes.
“Ora, ora, Dvar, você é um tolo. Eu pensei que você se encontraria comigo diplomaticamente,
cederia às minhas demandas. Ao seu redor, seus homens estão morrendo e as vidas de seus primos
estão em risco. Você acha que pode ter sua rainha de volta? Já se passaram dois dias e eu não a
alimentei, nem sequer lhe dei água. Você acha que seu fedelho sequer está vivo?”
“Solte-a, Hassad. Abra as algemas e eu te levarei a julgamento.”
“Eu acho que não,” Hassad disse, sua mão direita se aproximando da pistola em seu quadril.
Dvar foi mais rápido, deixando sua arma ressoar com um tiro retumbante que ecoou pelo

quarto. O buraco era estranhamente limpo, atravessando o torso do general, e uma bagunça

sangrenta já se espalhava por seu robe branco e seu peito. Ele começou a gorgolejar sangue e
caiu de joelhos.

Dvar correu para a cama, e só se permitiu tempo o suficiente para chutar o general
agilmente nas costelas, apressando sua jornada para o inferno. Era mais do que satisfatório vê-lo
desmoronar no chão e nunca mais se mexer. Estendendo a mão, ele acariciou o rosto de sua
amada.

“Amy, por favor, estou aqui.”


Ela piscou para ele e falou com um sussurro, chiando pesadamente. “O bebê, eu não sinto
mais os chutes... estou com tanto medo.”
Ele assentiu e beijou-a. “Não se preocupe, amor, ele está salvo agora. Eu prometo.”
E isso foi tudo que ele teve tempo de dizer antes que ela desmaiasse novamente, e ele
começou a procurar a chave.
***
Quando ela acordou, estava gritando.
A dor dos últimos dias era demais. Amy se sentou ereta, radiante que as visões de seu

marido salvando-a não tinham sido apenas alucinações. Ela olhou para baixo e encarou sua
barriga reta.
O que diabos...
Em pânico, ela passou a mão no abdômen e estremeceu. Ela não sentiu nada. Estava lisa e
muito menor do que ela lembrava. Ela não conseguia sentir seu bebê chutando ou se movendo. Ele
tinha morrido? Pelo amor de Deus, o que estava acontecendo?
Ela ficou de pé, se sentindo vacilar, mas persistiu mesmo quando foi assaltada por uma
vertigem. Ao chegar à porta do quarto, tanto Dvar quanto Phedre correram até ela. Cada um a
segurou por baixo de um dos braços, apoiando-a e mantendo-a ereta.
“Onde está o bebê? Eu... ele morreu?”

Phedre riu. “Não, está tudo bem. Você estava tão doente que logo que voltou para o palácio

o Dr. Rashid te anestesiou e fez uma cesariana de emergência. Você esteve apagada por alguns
dias desde então, mas o bebê está na ala especial, numa incubadora. Os pulmões estão bem, mas

ele precisa de descanso e comida.”


“O que... o coma doeu?” ela perguntou.
Phedre então a entregou completamente para Dvar e ela relaxou no abraço do marido. “Eu
acho que você precisa ver esse milagre por si mesma, minha xeica.”

Ela olhou para Dvar, para aqueles olhos de jade que pareciam dominar o mundo inteiro e o
coração dela. “O bebê está bem?”
“Nosso filho, Hamzah, está bem. Nosso leãozinho é forte. Ele não entrou em coma, e ele só
precisa de mais alguns dias como prematuro, mas ele está bem. Forte como a mãe dele.”
Lágrimas subiram aos seus olhos e ela beijou Dvar, curtindo o gosto dele e o almíscar que
era tanto dele quanto do seu perfume caro. O cárcere com o general tinha parecido eterno,
mesmo que tivessem sido apenas alguns dias de pânico. Agora eles estavam seguros, e estavam
juntos.
Tudo o mais era pequeno e sem importância. Eles tinham um ao outro.

Ao entrarem no berçário, ela começou a chorar abertamente, radiante ao ver seu pequeno e
lindo filho, o cabelo escuro já espesso em sua cabecinha. Estendendo a mão, ela o acariciou
através das janelas da incubadora, ao mesmo tempo se inclinando contra o marido. “Ele é
perfeito.”
“Ele é.”
“E eu o amo.”
Dvar suspirou e beijou-a. Era um beijo que prometia muito mais por vir à noite, muito mais
coisas que fariam seus olhos revirarem e a deixariam sem fôlego. “E eu amo vocês dois, minha
xeica. Bem vinda ao lar.”
FIM

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