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DÉDA, Francino Silveira. Água! ... Água..... O IDEAL; Ano II, nº 56; p.03. 23 de maio de 1954.

Acervo Digital
do Laboratório de Ensino e pesquisa em História. LEPH; UniAGES; Paripiranga/BA

A´gua! . . . . A’gua! . . . .

Agua! . . . Agua! . . . foi em todos os tempos o clamor da nossa gente de Malhada Vermelha, Patrocínio do
Coité ou Paripiranga, nos tempos de estiagens; pela fa’ta de reservatórios com capacidade para o
abastecimento das populações e nesse sentido já nos referimos na crônica do dia 24 de janeiro deste ano.
Hoje então compreendemos que vai nisso, um pouco de culpa da nossa parte; insto é, da parte do povo
de Paripiranga, das suas autoridades e da própria igreja Paroquial.
Na verdade, os poderes públicos, conseguiram o açude publico do logar “Santa Cruz, mas sabemos
que a água não é boa; não é própria para a bebida do homem; não é de sabor leve e agradável; não é potável.
As águas do açude público, ou por excesso de sais minerais em dissolução, ou pela presença de matéria
orgânica em quantidade considerável, não são gratas ao paladar; são salobras, duras ou cruas; são impotáveis.
E porque não se cuidou em tempo, do açude da “Baixa do Galdiao”, pertencente a nossa padroeira,
Nossa Senhora do Patrocínio? . . . Porque o foral da paroquia não vem cumprindo a cláusula aceita legalmente
em documento perfeito e acabado, lavrado em 4 de setembro de 1855 e assinado de próprio punho pelos
doadores capitães Paulo Cardoso de Menezes Gois e seu irmão Lourenço Justiniano de Menezes, perante as
testemunhas Miguel Dantas Dias e Galdino Antônio de são Tiago? . . . Documento perfeito e acabado sim;
porque, embora um instrumento particular, estava êle assinado de próprio punho, o seu valor era inferior a
350$000, máximo naquela época para os documentos de doação em caráter particular; doação inter vivos que
pelo seu valor independia de insinuação ou inquirição judicial dos doadores, sobre a sua livre e espontânea
vontade para valer contra terceiros; já porque foi tacitamente aceita por um representante da Igreja o Religioso
Padre Mestre -- Frei Paulo, que a encaminhou ao registro publico e a fez registrar em notas, em 29 de Setembro
de 1866; e a doação foi feita a Nossa Senhora do Patrocínio do Coité, com a condição expressa de ali ser
construído um açude em benefício da população da “Mata do Coité”; e o açude ali esta iniciado na “Baixa do
Galdino” e porque foi desprezado? . . . o local é dentro do município, nas proximidades da cidade; suas águas
são claras, saudáveis, de sabor bem agradável e porque deixaram-no ao desprêso em que se encontra? . . .
Logo não há muita razão da parte de quem despreza um açude em logar tão bom, em local tão
conveniente, com água potável, para ficar gritando com todas veras, nos períodos de estiagem—Água! . . ..
Água!
Por isso que, agora, através desta crônica, estamos apelando para Nossa Senhora do Patrocínio,
para que olhe para o seu açude da “Baixa do Galdino”, doada pelos nossos conterrâneos: Paulo Cardoso de
Menezes Gois e seu irmão Lourenço Justiniano de Menezes; ali... Como dizem os doadores no documento: Na
“Baixa do Galdino”, na estrada de Simão Dias, onde o seu mano Vitor Marcolino de Menezes teve roças da
cana, junto a mesma estrada.
É em nome do Religioso Padre Mestre—Frei Paulo... É em nome dos beneméritos doadores Paulo
de Cardoso de Menezes Gois, e Lourenço Justiniano de Menezes! . . . É em nome da população de Paripiranga
que sofre nos períodos de sêca, que estamos apelando para que Nossa Senhora do Patrocínio, a donatária,
ou quem lhe possa representar, faça com que seja acessível ao publico o seu açude de “Baixa do Galdino” para
que a população da “Mata do Coité”, possa dele cuidar e ne’e se abastecer e talvez assim, o clamor nos tempos
de estiagens seja menor e os habitantes de toda a paroquia, passarão a entoar hinos de louvor a nossa excelsa
Padroeira, era vez de continuarem aquela grita incontida de todos os tempos;
ÁGUA ! . . . . . . ÁGUA ! . . . . . . .

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