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Recursos e execução penal

Introdução (09/08)

Direito público: vinculado ao princípio da “estrito legalidade”,


“fazer tudo o que a lei manda” (ex: direito penal,
previdenciário..)
Direito privado: liberdade de escolha, “pact sunt servanda” (ex:
direito civil, trabalhista..)
Ambos os exemplos, salvo o direito penal, utilizam o código de
processo civil.

Poderes do estado:
1) Legislativo: tipicamente tem o poder de legislar... mas,
atipicamente, pode julgar o presidente da república.
2) Executivo: tipicamente tem o poder de executar e fiscalizar
as leis... mas, atipicamente, pode aplicar uma medida
provisória, a qual terá força de lei.
3) Judiciário: tipicamente tem o poder de julgar e produzir
sentença condenatória... mas, atipicamente, pode
estabelecer uma liminar

O MP é um órgão do poder executivo (executa lei penal e


fiscaliza a aplicação da lei).

Estudo da execução penal (teoria geral)


A execução penal objetiva proporcionar meios para que a
sentença seja integralmente cumprida, de forma a fazer com que
o condenado volte ao convívio social.
Sua natureza é predominantemente jurisdicional, ou seja,
teremos a atuação do poder judiciário com a atuação da
administração pública.
Princípios da Execução Penal:
- Legalidade: não há pena sem previsão legal
- Igualdade: Tal igualdade deverá ser substancial, e não somente
formal.
- Individualização da pena: os presos são classificados de acordo
com o seu perfil (psíquico e comportamental)
- Jurisdicionalidade: presença constante do poder judiciário na
resolução de conflitos diante a execução penal.
- Reeducação: confere ao reeducando a assistência material,
saúde, jurídica, educacional, religiosa e social (incluindo a
assistência material e psicológica para família do reeducando, do
internado e da vítima)
- Devido processo legal: fica garantido ao reeducando a ampla
defesa, o contraditório, etc...
- Humanidade: tal princípio proíbe pena de caráter cruel ou
degradante

A competência da execução penal se dá com o trânsito em


julgado da sentença penal condenatória, no entanto, podemos
afirmar que o início da execução se dá com a prisão, mesmo se
tratando de prisão cautelar.
Progressão de Regime (15/08)

Foi considerado inconstitucional o artigo da lei de crimes


hediondos que alega que todo regime deveria ser cumprido
integralmente fechado.
Devemos nos atentar com relação ao crime continuado e ao
crime permanente, que trata as seguintes consequências:
1) Admite flagrante a qualquer tempo
2) A prescrição só começa a contar a partir do momento da
cessação da continuidade ou da permanência
3) Aplica-se a lei que estiver vigendo na data da cessação da
continuidade ou da permanência, mesmo que mais grave
(súmula 711 STF)

A progressão de regime se dá através do denominado incidente


de progressão, que poderá ser iniciado:
A) Mediante requerimento do MP
B) Mediante requerimento do advogado
C) Mediante requerimento do condenado (réu)
D) De ofício pelo próprio juiz
Pressupostos da Progressão de Regime

(Fechado ao Semi Aberto)


1) Pressupõe condenação transitada em julgado nos termos
da lei, no entanto, em virtude da interpretação
constitucional, atualmente admite-se execução provisória,
ou seja, ainda que não exista trânsito em julgado da
sentença condenatória (prisão cautelar – flagrante,
temporária ou preventiva)
2) Cumprimento de 1/6 da pena do regime anterior. Vale
lembrar que, se tratando de crime hediondo, o tempo será
de 2/4 se não reincidente e 3/4 se reincidente.
Obs: o projeto de lei 186/04 prevê o aumento do tempo
em cárcere de 30 para 40 anos.
3) Bom comportamento carcerário
4) Oitiva do MP (ouvir)
Obs: vale lembrar que não existe mais a obrigatoriedade de
realização do denominado exame criminológico, sendo
atualmente facultativo.
Obs 2: se tratando de crimes contra a administração
publica, para que possa ocorrer a variação de regime,
deverá existir a reparação do dano ou restituição da coisa

(Semi aberto ao Aberto)


Se tratando de progressão de regime semi aberto para o aberto,
inclui-se a situação de trabalho, ou seja, somente aquele que
estiver trabalhando ou em condições de trabalhar
imediatamente.
O STF tem admitido progressão “per saltum” quando
comprovada a culpa do estado. (progressão de regime fechado
ao aberto)
Em alguns casos do regime semi aberto, poderão cumprir
pena/trabalho em seus respectivos domicílios, ou seja,
residência particular, sendo hipóteses taxativas, a saber:
1) Condenado com mais de 70 anos
2) Condenado acometido de doença grave
3) Condenado com filho menor de idade ou deficiente físico
ou mental
Obs: a jurisprudência unanime estende esta hipótese para
ambos os sexos, homem ou mulher
4) Condenada gestante

Regressão de Regime
Trata-se de um incidente em execução penal de natureza
punitiva, podendo o reeducando voltar para qualquer regime.
Obs: admite-se amplamente a regressão “per saltum”.
Em suma:
1) Haverá regressão perante a pratica de crime doloso (não
necessitando de trânsito em julgado), ou falta grave.
Obs: cabe o principio da insignificância? Sim, lembrando
que os direitos fundamentais se aplicam não só na órbita
vertical (estado x cidadão), mas também nas órbitas
horizontais (cidadão x cidadão)
2) Condenação posterior que torna a pena imposta
incompatível ao regime de execução
3) Quando frustra o objetivo da execução penal

Permissão de Saída: Os beneficiários são os custodiados no


regime fechado e semi aberto (valendo também para os presos
provisórios). A finalidade é quando há falecimento ou doença
grave em cônjuge, descendente, ascendente ou irmão do
condenado. A autoridade competente (geralmente o diretor do
estabelecimento prisional) deverá acompanhar o condenado,
mediante escolta, por prazo indeterminado
Remição (22/08)

Remissão ≠ Remição
(perdão) ≠ (Substituir a pena pelo trabalho)

Na lei de execuções penais, o trabalho está previsto como um


direito (que gera a remição) e comum dever (gera sanção – falta
grave). A doutrina clássica diz tratar-se de um misto de direito e
dever, enquanto que a doutrina moderna defende tratar-se de
uma faculdade, onde, se exercida, gera o benefício da remição
(tese da proibição de trabalho forçado)
A remição consiste na substituição de um dia da pena para cada
3 dias de trabalho ou 12h de frequência escolar, sendo declarada
pelo juízo da execução penal, só decidida após a oitiva do MP.
Vale lembrar que haverá o acréscimo de 1/3 caso o reeducando
conclua ensino médio ou ensino superior.

Relatório de Trabalho Mensal: ocorre quando não tem trabalho,


contudo, o reeducando tem como estudar, sendo um caso sem
previsão legal. No entanto, a jurisprudência tem admitido.

Remição Ficta: ocorre quando o preso quer trabalhar, mas o


estado não proporciona trabalho. A maioria da doutrina não
admite a remição ficta. Neste caso, após esta “declaração de
vontade de trabalhar”, a cada 3 dias conta-se 1 dia a menos em
sua pena. Ou, pode-se também encaminhar o agente a outra
instituição penitenciária que possua espaço para trabalho
disponível.
Obs: falta grave cometida pelo reeducando poderá insejar em
revogação de até 1/3 do tempo remido!!!
Preso Provisório: neste caso, o agente não tem ainda sentença
penal condenatória transitada em julgado, somente prisão
cautelar.
O preso provisório pode trabalhar? Sim, e, caso a sentença
transite em julgado, é diminuída a pena de acordo com o tempo
trabalhado.
Vale lembrar que o tempo remido será utilizado para a conquista
de qualquer benefício durante a execução penal.

*Admite-se remição na Medida de Segurança? Não,


considerando que a medida de segurança possui uma essência
curativa ao agente condenado. No entanto, algumas decisões
jurisprudenciais estão começando a admitir em alguns casos:
A pena poderá ser substituída por Medida de Segurança caso o
agente já preso obtenha problemas mentais durante sua pena.
Somente neste caso caberá a remição. (Questão de Exceção
Jurisprudencial)

Detração Penal: Nada mais é que o simples desconto do tempo


em que o agente ficou preso provisoriamente da pena definitiva.
Livramento Constitucional
Trata-se de um incidente durante a execução penal, que consiste
na liberdade antecipada mediante certas condições conferidas
ao condenado que cumprir parte da pena privativa de liberdade
imposta.

Requisitos do Livramento Constitucional


São duas espécies de requisitos.
1) Objetivos:
A) Condenação em pena privativa de liberdade
B) Condenação superior a 2 anos
C) Cumprimento de parcela da pena, sendo: 1) se primário
de bons antecedentes, 1/3 da pena; 2) se reincidente,
metade da pena; 3) crime hediondo (tortura, tráfico e
terrorismo), 2/3 da pena, desde que não seja reincidente
especifico
D) Reparação do dano

2) Subjetivos:
A) Comportamento carcerário satisfatório
B) Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído
C) Aptidão para prover a própria subsistência, mediante
trabalho honesto
D) Em caso de crime violento, prova da cessação da
periculosidade através do exame criminológico (o qual
atualmente é facultativo)
Condições do Livramento Constitucional (29/08)

O início do livramento constitucional se dá com a audiência


admonitória, realizada no próprio estabelecimento prisional,
onde o beneficiado tomará ciência das condições obrigatórias e
facultativas.

Condições Obrigatórias
1) Obter ocupação lícita ou matrícula em cursos
profissionalizantes
2) Comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação. O tempo
ficará a critério do juiz
3) Não mudar de comarca sem prévia autorização do juiz

Condições Facultativas
1) Não mudar de residência sem comunicar o juízo
competente
2) Recolher-se em sua habitação na hora determinada (em
regra 22h)
3) Não frequentar determinados lugares (bares, prostíbulos)

Obs: as condições obrigatórias são taxativas, enquanto que


as facultativas são exemplificativas.
Revogação do Livramento Constitucional
A revogação pode ser obrigatória ou facultativa

1) Revogação Obrigatória:
A) Condenação definitiva a pena privativa de liberdade
por crime cometido durante a execução do beneficio
(obs: neste caso, o tempo de liberdade não será
computado como pena cumprida, não se admitirá um
novo livramento constitucional para o crime revogado
e não será possível somatória das penas)
B) Condenação definitiva à pena privativa de liberdade
por crime cometido antes da vigência do beneficio.
(obs: neste caso, o tempo de liberdade será
computado como pena cumprida, admitindo-se um
novo livramento constitucional tanto para o crime
revogado como para o crime revogador, bem como
será possível a somatória das penas para verificação
de possibilidade de livramento constitucional)

2) Revogação Facultativa:
A) Condenação definitiva por crime ou contravenção à
pena não privativa de liberdade

Prorrogação ao Período de Prova


Quando?? Ocorrerá a prorrogação do período de prova
quando houver processo em andamento, devendo versar sobre
crime, bem como tal crime deverá ter ocorrido durante a
vigência do benefício

Indulto: Não podemos confundir os institutos até então


estudados, com o indulto e a graça, sendo o indulto genérico,
enquanto que a graça constitui um “indulto individualizado”,
dependendo de provocação.
Ambos constituem formas de extinção da punibilidade, de
atribuição do chefe do executivo federal

O que é uma sentença Autofágica? É aquela que reconhece o


fato criminoso e, na sequência, exclui a punibilidade (ex: perdão
judicial)

Sentenças (05/09)

Poder significa submeter ou obrigar um terceiro a sua vontade


independentemente da vontade do mesmo.

P. Legislativo P. Executivo P. Judiciário

Ações Típicas Criar leis Executar e fisc Dar a sentença


Ações Atípicas Julgar Criar medida Criar uma
provisória liminar

Sentença: aquilo que possui a qualidade (objetivo) de ser


abarcada pelo manto da coisa julgada de intangibilidade,
imutabilidade e irretroatividade.

Natureza da Sentença Penal: sua natureza depende


exclusivamente de determinar se é condenatória ou absolutória

Natureza da Sentença Penal Absolutória: sua natureza é


declaratória, considerando que tal sentença confirma aquilo que
você tem desde o dia do seu nascimento, sendo seu “status
libertatis”. Vale lembrar que a liberdade do estado democrático
de direito constitui um direito fundamental individual (cláusula
pétrea). É declaratória, portanto, pois confirma o direito
individual de ir e vir.
Natureza da Sentença Penal Condenatória: sua natureza,
diferentemente da absolutória, é jurídica de titulo executivo
judicial, objetivando, por sua vez, a ressocialização do indivíduo
de acordo com o principio republicano (quem erra, deve, e quem
deve, paga)

Partes de uma sentença (absolutória ou condenatória)


A sentença se subdivide em 3 partes, sendo:
1) Relatório: consiste em um resumo dos fatos
2) Fundamentação: trata-se do respaldo legal analisado pelo
juiz, em sintonia com os acontecimentos fáticos
3) Dispositivo: trata-se da decisão condenatória ou
absolutória

Sentença absolutória 12/09


Possui duas espécies: Própria e imprópria (a própria possui rol
taxativo em lei, onde considera-se que não houve fato criminoso
ou houve excludente de ilicitude como explicação à absolvição, e
a imprópria é quando o agente não goza de suas faculdades
mentais, sendo feita a medida de segurança)

Princípios bloqueadores da Medida de segurança


Podemos afirmar que se aplica a medida de segurança tudo
relacionado ao direito penal, ou seja, todos os princípios.
Podemos conceituar medida de segurança como sendo a
situação em que o Estado reage contra a violação de uma norma
punitiva, com relação ao agente inimputável (irresponsável), ou
com responsabilidade diminuída.
A natureza da medida de segurança é essencialmente
preventiva, considerando que jamais buscará a retribuição do
agente. A medida de segurança objetiva uma cura.
Críticas com relação a medida de segurança
Muito embora a medida de segurança cede todos os princípios
do direito penal, a doutrina apontava os seguintes tópicos:
1) Aplicação da legalidade: a medida de segurança, para parte
da doutrina, não se fazia necessária lei anterior a sua
aplicabilidade, considerando ser essencialmente curativa.
Obs: atualmente (pacificamente), a medida de segurança
segue à risca o princípio da legalidade (artigo 1 do CP).
2) Proporcionalidade: Medida de segurança, para grande
parte da doutrina, não observa a proporcionalidade com
relação ao tempo de sua aplicação. Primeira corrente: A
medida de segurança é aplicada com base na
periculosidade do agente, e não com relação ao fato
praticado, ou seja, a mesma perpetuará enquanto presente
a periculosidade. Para tal corrente, a medida de segurança
é essencialmente subjetiva; Segunda corrente: muito
embora não seja espécie de pena, a medida de segurança
decorre de uma sanção penal, justificando a observância de
todos os princípios penais, inclusive a proporcionalidade.

Requisitos da medida de segurança


1) Prática de fato previsto como crime, podendo também,
teoricamente, tratar-se de contravenção penal;
2) Periculosidade do agente. Tal periculosidade deve ser
tecnicamente comprovada, sendo certo que em caso de
inimputabilidade, o juiz não terá opção, devendo aplicar a
medida de segurança. No entanto, em se tratando de semi
imputável, o juiz poderá aplicar medida de segurança ou
pena privativa de liberdade diminuída.
Espécies de medida de segurança
1) Detentiva (internação): aplicada, em regra, nos crimes com
pena de reclusão.
2) Restritiva (tratamento ambulatorial): para crimes com pena
de detenção.

Duração da medida de segurança


A lei menciona existir prazo mínimo de 1 ano, não mencionando
prazo máximo, no entanto, conforme já estudado, segundo o
STF, a medida de segurança deverá respeitar os limites legais. Tal
tese se desenvolveu em virtude da medida de segurança
decorrer de uma sanção penal, bem como a constituição federal
proibir pena de caráter perpétuo.

Desinternação ou liberação condicional


No primeiro ano será concedida a título de ensaio, sendo após a
realização da perícia. Se houver a prática de qualquer fato
indicativo de periculosidade, a medida de segurança será
reestabelecida. Realiza-se uma perícia, de ano em ano, podendo
o juiz antecipar tal perícia, no entanto, jamais protelar.

PROVA NP1:
Em regra, tudo.
Focar em:
-livramento constitucional
(revogação, autorização de saída,
progressão e regressão de regime)
-sentença penal (natureza, etc)
-medida de segurança
Nulidade e recursos (10/10) pós NP1

Há diferenças entre ação, processo e procedimento.

Ação: o direito de ação é abstrato. O nosso direito que provoca o


judiciário, por conta de lesão ou ameaça de lesão de qualquer
bem de direito nosso.
Processo: é um conjunto concatenado de atos.
Procedimento: é a maneira de organização dos atos processuais.
Pode ser comum ou especial.
Autos: é aquilo que você faz carga. É a matéria física da ação.

Conceito de nulidade: são vícios que contaminam determinados


atos processuais, praticados sem a observância da forma
prescrita em lei, podendo gerar sua nulidade e consequente
revogação.
A nulidade é necessária, considerando promover o contraditório
e a ampla defesa, evitando que o estado juiz cesse a atividade
das partes ou mesmo impeça abuso da acusação ou defesa no
desenrolar da instrução.

Espécies de nulidade:
1) Absoluta: são aquelas que constituem infrações ao
interesse público, podendo ser decretada de ofício pelo
juiz. Ex: aquele que fere interesse público.
2) Relativa: são aquelas que necessitam de demonstração de
prejuízo pela parte interessada.

Espécies de atos:
1) Inexistentes: são aqueles que violam grotescamente a lei,
devendo ser refeito.
2) Irregulares: são infrações superficiais que não merecem
renovação.
Princípios norteadores da nulidade:
1) Não há nulidade sem prejuízo: por este princípio devemos
votar a expressão “mais vale um mal acordo que uma boa
demanda”. Vale lembrar que a tendência atual do processo
é de estreitamento das nulidades absolutas (presunção do
prejuízo) e alongamento das nulidades relativas (provas do
prejuízo).
2) Não há nulidade provocada pela parte: a parte não poderá
arguir uma nulidade que tenha dado causa, ou seja, deve-
se afastar a má fé.
3) Não há nulidade por omissão de formalidade que só
interessa a parte contrária
4) Ilegitimidade de ser parte: exemplo de ação penal pública
incondicionada, patrocinado pelo Ministério Público.
5) A nulidade de um ato processual relevante poderá
desencadear aos atos consequentes: também conhecido
por principio da causalidade das nulidades. A nulidade de
um ato poderá gerar a nulidade de outros que dele
decorrem, onde podem os extrair. Conceitos a saber:
nulidade originária e nulidade derivada.

Espécies de nulidade absoluta:


1) Incompetência: poderá ser a) “ratiane personal”, ex:
promotor sendo julgado por juiz “a quó”, e b) “ratiane lou”,
em razão do local.
2) Impedimento: inexiste o ato. O juiz continuará com a
jurisdição, mas não poderá executar o ato.
3) Suborno ao juiz: anula o ato que foi prejudicado, salvo se
houver decisão absolutória transitada em julgado.
Efeitos da declaração de nulidade (17/10)
Os atos declarados nulos deverão ser renovados ou refeitos,
sendo certo, que os atos não afetados pela nulidade, deverão ser
conservados considerando o princípio da conservação dos atos
processuais.

Nulidade absoluta x relativa


A nulidade relativa é aquela que afeta somente atos decisórios,
preservando os atos instrutórios;
A nulidade absoluta, segundo a doutrina, é aquela que afeta
todos os atos. Ex: citação inválida.

*lista de nulidades:
1) incompetência do juízo: dependerá da natureza da
incompetência (matéria, pessoa e lugar). A nulidade será
absoluta no processo quando se tratar de nulidade em razão da
matéria ou nulidade com razão a pessoa.
Será relativa quando se tratar de nulidade em razão do local.
2)réu absolvido por justiça incompetente: depois da coisa
julgada nada mais poderá ser feito.
3)réu condenado por justiça incompetente: sempre poderá
alegar nulidade, ou seja, mesmo depois do trânsito em julgado.
A revisão criminal é cabível pôs trânsito em julgado, inclusive
com réu condenado ou réu morto
4)nulidade favorável ao réu e absolvição: exemplo: processo que
possui pontos nulos, concomitantes as provas que levam à
absolvição. O juiz deve absolver, considerando a teoria da causa
madura.
5)juiz impedido, suspeito ou subornado: nulidade absoluta.
6)réu absolvido por juiz subornado: depois da coisa julgada, nada
mais poderá ser feito.
7)ilegitimidade de ser parte: vai depender da natureza. Se for
para causa (ad causa), a nulidade será absoluta, ex: mp
denunciando em uma ação penal privada. Será relativa quando
para o processo (ad processum), ex: menor que oferece queixa,
bastando o responsável convalidar.
8)vícios na denúncia ou na queixa: poderão ser supridas (em
regra), até a sentença. Denuncia que não narra os fatos gera
nulidade absoluta. (Denúncia é pública, é queixa é privada).
9)falta de representação da vítima: nulidade relativa, podendo
ser suprida desde que no prazo decadencial de 6 meses.
10) falta de exame de corpo de delito: corpo de delito é tudo que
envolve o crime, não somente o exame corporal. A falta do
exame pode causar nulidade absoluta.
11)falta do corpo da vítima: não gera nulidade, podendo ocorrer
o júri com base nos indícios. Ex: caso goleiro Bruno.
12)ausência de defensor: nulidade absoluta. Inclusive advogado
suspenso.
13)defesa feita por estagiário: nulidade absoluta. Exceção: se o
réu foi absolvido e transitou em julgado.
14)deficiência de defesa: nulidade relativa, nos termos da
súmula 523 STF.
15)ausência do ministério público na ação penal pública:
nulidade absoluta.
16)cerceamento de defesa: vai depender do nível de
cerceamento.
17)ausência de interrogatório do réu preso: nulidade absoluta.
18)não concessão de prazos processuais: nulidade relativa.
Deverá ser analisado.
19)ausência de pronúncia no libelo: nulidade absoluta.
20)Júri sem a presença do réu: depende, sendo que se o crime
for inafiançável, nulidade absoluta.
21)sentença sem fundamentação: nulidade absoluta.
22)ausência de intimação para recurso: nulidade absoluta.
23)falta de intimação de expedição de carta precatória para
ouvir testemunha: nulidade relativa (súmula 155 STF)
24)julgamento de júri com a participação de jurado que
participou também do julgamento anterior: nulidade absoluta.
Recursos
Conceito: “um meio jurídico que permite o reexame de uma
decisão que ainda não transitou em julgado.”
Habeas corpus e revisão criminal não são recursos.
Só há o que se falar em recurso antes do trânsito em julgado.

Julgamentos do recurso
Muito embora o recurso exista em virtude de falhas humanas,
inconformismo e outros fatores, o que se permite recorrer é o
duplo grau de jurisdição.

Exceção ao duplo grau de jurisdição


Em se tratando de competência originária dos tribunais, o
condenado não tem direito de apelação
Pegadinha: crimes políticos. A justiça federal julga a primeira
instância, sendo que a primeira instância será o STF. **

Pressuposto lógico de um recurso


É a existência de uma decisão.
Pegadinha: despacho admite recurso? Em regra não, exceção
somente quando o despacho for tumultuário ou abusivo, caberá
correção parcial.
Despacho e servidor cabe recurso? Sim, sendo uma petição ao
juiz que possui o poder de correção.

Princípios dos recursos


1) Princípio da voluntariedade dos recursos: significa que as
partes irão recorrer se assim quiserem. Exceção: recurso ex
oficcio. Obs: recurso ex officio é obrigatório, sendo
defendido por parte da doutrina não se tratar de um
recurso propriamente dito, considerando a ausência da
voluntariedade. Se o tribunal não reexaminar a decisão,
não há que se falar em coisa julgada, nos termos da súmula
423 STF. Ex: absolvição sumária do júri, arquivamento do
inquerito policial nos crimes contra a economia popular,
concessão de Habeas Corpus e concessão de habilitação.
2) Princípio da legalidade, ou taxatividade, ou tipicidade dos
recursos: só cabe recursos previstos em lei. Lei brasileira.
3) Princípio da adequação: o recurso errado poderá ser
recebido como correto, desde que exista boa fé, o erro não
seja grosseiro e interposto no prazo certo.
4) Princípio da confusão: por este principio, o recurso
endereçado ao tribunal errado deve ser redirecionado para
o tribunal correto.
5) Princípio da tempestividade: significa a necessidade de
cumprir o prazo correto para interposição de recurso.
6) Princípio da unirrecorribilidade: para cada decisão, em
regra, teremos somente um recurso. Exceção: apelação em
crimes conexos.
7) Princípio da variabilidade de recursos: é a situação que é
cabível um só recurso, no entanto, para tal questão
podemos ter 2 recursos possíveis, situação em que se
admite a troca de recursos.
8) Princípio da suplementariedade dos recursos: é a situação
em que em caso de 2 recursos sucessivos, um poderá
complementar o outro.

Outras condições de admissibilidade de recursos:


-quem pode recorrer: 1) MP, 2) o réu poderá recorrer, mas, não
sendo advogado, não poderá apresentar as razões recursais,
3) defensor do réu, 4) vítima, em alguns casos, 5) associação de
consumidores, em crimes de consumo.
-interesse: legitimidade, interesse em recorrer o processo pena:
1) quem perdeu o processo, 2) réu absolvido também pode
recorrer para mudar a fundamentação da decisão. Obs: o réu
absolvido em ação penal privada: impossível o MP recorrer.
(LEMBRANDO) *Ação penal: pública incondicionada, pública
condicionada por representação, pública subsidiária da pública
(crimes por prefeitos), exclusivamente privada, privada
personalíssima é privada subsidiária da pública.

Motivação dos recursos (24/10)

Os recursos devem ser motivados, ou seja, possuem razões e


contrarrazões, podendo ser fundamentação livre ou vinculada

Preparo de recursos: existe preparo em se tratando de ação


penal privada, salvo se beneficiário da justiça gratuita.

Juízo de admissibilidade dos recursos: o juízo de admissibilidade


será feito tanto pelo juiz de primeiro grau como pelo tribunal ad
quem, sendo certo, que o juízo de primeira instância não vincula
o de segunda instância. Trata-se um juízo de prelibação (análise
dos requisitos recursais)

Competência recursal: cuidado. Em regra, tribunal de justiça ou


tribunal regional federal. Exceções: juizados especiais criminais e
se recorrem às turmas recursais. Crimes políticos, onde a
segunda instância é o STF.

Extinção dos recursos: a extinção normal de um recurso se dá


com o seu julgamento, no entanto, a extinção anormal se da em
varias situações, valendo-se destacar as seguintes: falta de
preparo na ação penal privada, desistência (que ocorre quando o
recurso já foi interposto. Decorre do princípio da disponibilidade
dos recursos (Obs: só quem pode desistir é a defesa, particular,
jamais o ministério público.
Renúncia: a renúncia ocorre antes da interposição, sendo que
tanto o MP como acusado poderão renunciar.

Divergência entre defensor e réu: prepondera a vontade de


quem quer recorrer, considerando a ampla defesa

Denúncia do defensor: deve se intimar o réu para que o mesmo


constitua outro defensor. Se houver petição de renúncia,
continuará responsável por 10 dias úteis.

Recursos em espécies:
1. RESE: recurso em sentido estrito. A regra é o princípio da
irrecorribilidade das decisões interlocutória, sendo a exceção do
RESE. (Artigo 581 cpp) Obs: quando se trata em execução penal,
transitada em julgado, no caso do RESE, neste caso entraria o
recurso de apelação. Se a decisão interlocutória fizer parte de
uma sentença final, o recurso será de apelação, considerando o
principio da consunção dos recursos, pelo qual “quem pode
mais, pode menos”. Agora quem só pode menos, nunca vai
poder mais.

Principais hipóteses do RESE:


1. quando o juiz rejeita a denuncia ou a queixa: Obs: em se
tratando da 9099/95, o recurso será de apelação.
2. Quando o juiz se da por incompetente. Se o juiz se der por
competente, onde não é, caberá habeas corpus.
3. Quando o juiz julgar procedente as exceções (salvo suspeição)
4. Qualquer decisão sobre fiança
5. Decisão de pronúncia: decisão que indeferir a prisão
preventiva

Estudo da apelação:
Recurso de apelação é o mais amplo dos recursos, previsto na
convenção americana a todos os condenados, permitindo o
reexame dos fatos, do direito e das provas.
Exceção a apelação: em se tratando de competência originária
dos tribunais.

Cabimento da apelação: quando há decisão de mérito. São 5


dias para interposição e 8 para razões.

Aspectos procedimentais da apelação: é dirigida ao tribunal,


sendo este, se o juiz não receber, caberá recurso no sentido
estrito.

Razões recursais: a defesa poderá apresentar as razões


diretamente no tribuna. Vale lembrar que a ausência de contra
razões pela defesa gera a nulidade do processo.

Espécies de apelação:
1) Apelação ordinária: crimes punidos com reclusão onde há a
figura do relator e do revisor do julgamento.
2) Apelação sumária: crimes apegados com detenção, onde
temos somente o relator.

Julgamento da apelação:
Aspectos: não há julgamento de apelação sem a intimação das
partes, permitindo a sustentação oral. É possível o surgimento
de 3 votos diferentes, situação em que prevalecerá o voto
intermediário.

Efeitos da apelação:
1) Efeito extrínseca de evitar a coisa julgada
2) Efeito devolutivo
3) Efeito suspensivo: com relação a este efeito, A) na sentença
absolutória a apelação não tem efeito suspensivo. B) na
sentença condenatória, a apelação terá efeito suspensivo,
salvo quanto à prisão, ou seja, se o réu estava preso,
continuará preso, em regra. Se o réu estava solto, poderá
apelar em liberdade, salvo se o juiz decretar o
recolhimento.
Em regra, o recurso do réu beneficia somente ele, exceto
quando trata-se de fundamento objetivo.

Proibição “reformatio in pejus”: jamais poderá ser


prejudicado em um recurso dele ou de ofício. Ex: júri

Proibição “reformatio in pejus” indireta: ao contrário, será


cabível pelo tribunal a “reformatio in millius” em 2 hipóteses:
1) pode o tribunal conceder mais do que o réu pediu, 2)
poderá também beneficiar o réu através de um recurso de
acusação.

Embargos infringentes e nulidade: embargos infringentes


referem-se ao mérito da causa, enquanto os embargos de
nulidade referem-se a matéria processual, permitindo a
anulação do processo ou parte dele.
São cabíveis em tribunais de segunda instância ou tribunais
que figurem com a segunda instância. Obs: não será cabível
em se tratando de julgamento originário.
A decisão deve ser de apelação, RESE e agravo em execução.
Não é um recurso obrigatório.
Competência: vai depender do tribunal.

Embargos de declaração: é um recurso à disposição de


qualquer uma das partes, voltado ao esclarecimento de
dúvidas surgidas perante ambiguidade, obscuridade,
contradição ou omissão, permitindo o efetivo conhecimento
do teor julgado, facilitando a sua aplicação e proporcionando,
se for o caso, a antecipação de recurso extraordinário e
recurso especial.

Não se admite embargos de declaração em sede de decisão


interlocutória.
Em se tratando de decisão interlocutória: defesa, se gerar
constrangimento, poderá impetrar habeas corpus ou suscitar
em sede de preliminar de apelação. Acusação: caberá RESE.

Processamento dos embargos


Interposição no prazo de 7 dias a contar da ciência da
sentença ou acórdão, sendo incabível para reavaliação das
provas e dos fatos.
Admite-se com a finalidade exclusiva de pré questionamento
de matéria eventualmente não abordada no julgado,
objetivando a manifestação obrigatória do tribunal com
relação ao assunto, visando possibilitar a interposição de
recurso extraordinário ou recurso especial.

Dispensa-se manifestação da parte contrária: perante


contradição ou omissão, se o relator muda o sentido do voto,
caberá intimação da parte contrária para manifestação.
Denomina-se efeitos infringentes dos embargos.

Efeito: os embargos de declaração interrompe o prazo para


outros recursos,

Admite-se embargo do embargo?? Sim.


Revisão Criminal (31/10)

A revisão criminal pode ser ajuizada a qualquer momento,


sendo uma ação autônoma de impugnação (não é recurso),
possuindo acento constitucional implícito (artigo 5, inciso 75
LXXV e parágrafo 2), tendo natureza jurídica de juízo
recendente (é a desconstituição da sentença condenatória), e
rescisória (substituição da rescisão desconstituída). Vale
lembrar que não existe revisão criminal pró societatis, ou seja,
somente o réu poderá ajuizar tal ação.

Pedidos da revisão criminal:


1. juízo rescendente
2. Juízo rescisório
3. Indenização por danos morais

Legitimidade da revisão criminal:


O réu
Seu procurador
Em caso de morte (CCADI)
Ou seja, plenamente cabível revisão criminal após a morte

Porque podemos ajuizar ação rescisória pós morte? Em


virtude da honra e justiça da absolvição.

Sujeito passivo:
Primeira corrente doutrinária : Ada Peregrine. Quem vai ser o
polo passivo? Ministério público representando o estado.
Segunda corrente doutrinária: guilherme de souza lucci. Não
há legitimado específico na revisão criminal. A
responsabilização é estatal, via precatória.
Obs:
1. pressupõe sentença condenatória. Exceção: em se tratando
de sentença absolutória impropria, caberá

Extinção da punibilidade:
Somente após o trânsito em julgado. Caberá revisão criminal.
Ou seja, nunca antes de sentença. Se o réu não desejar, o
advogado não pode agir, pois necessita-se da vontade e do
erro do poder judiciário.

Competência: em regra, será do tribunal competente para


julgar a revisão criminal. Lembrando que o juiz que participou
da decisão atacada, não participará do julgamento na revisão
criminal.

Obs: não cabe apelação.

Habeas corpus: não necessita ser advogado. Também


constitui uma ação autônoma de impugnação. Não existe
apuração probatória

Partes do habeas corpus:


Impetrante
Impetrado
Paciente
Autoridade doadora

Tem caráter mandamental, podendo ser liberatório (gera


alvará de soltura) e preventivo
Obs: na elaboração da decisão, usar a expressão (condicionar)
quando concessiva escrever também “se por outro motivo
não estiver preso”, visando evitar responsabilização como juiz.
Teses do habeas corpus:
Abuso de autoridade: falta de justa causa e constrangimento
ilegal.

Recurso ordinário constitucional (ROC): cabível tanto para o


STJ quanto para o STF. Cabe o habeas corpus junto com o
ROC.
Há hipóteses em que o processamento de recurso para o STJ e
STF se da automaticamente, ou seja, sem um juízo especial de
admissibilidade ou conveniência (como se fosse uma
apelação).
-Quando cabível para o STF: decisões denegatorias de habeas
corpus decididas por tribunais superiores (STJ, STE e STM -
superior tribunal trabalhista não prende) e decisão
condenatória ou absolutória proferida em primeira instância
em se tratando de crime político.
-quando cabível para o STJ: contra decisão denegatoria de
habeas corpus decididas pelos tribunais de justiça dos estados
e pelos tribunais regionais federais; contra decisão
denegatoria de mandado de segurança decididas pelos
tribunais de justiça e tribunais regionais federais.

Prazo: 5 dias a contar da publicação, já com as razões, em se


tratando de denegatoria de habeas corpus ou 15 dias em se
tratando de denegatoria de manda de segurança, também já
com as razões.
Na sequência, 2 dias para o MP oferecer as contrarrazões, em
caso de habeas corpus ou 5 dias em caso de mandado de
segurança.
Após isto, encaminha-se para o STF ou STJ para consequente
julgamento.

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