Você está na página 1de 5

de Simão Mago, Menandro de Antioquia também pode ser incluído neste grupo.

Marcião é
popularmente identificado como gnóstico, porém a maior parte dos estudiosos não entende
assim.[49]

Cerinto (c. 100 d.C.), o fundador de uma escola herética com elementos gnósticos. Como
gnóstico, Cerinto mostrou Cristo como um espírito celeste separado do homem Jesus e citou o
Demiurgo como criador do mundo material. Porém, ao contrário dos gnósticos, Cerinto
ensinava os cristãos a observar a lei judaica; seu demiurgo era sagrado e não inferior; e
acreditava na segunda vinda de Cristo. Sua gnosis era um ensinamento secreto atribuído a um
apóstolo. Alguns estudiosos acreditam que a Primeira Epístola de João foi escrita em resposta
a Cerinto.[50]

Ofitas, assim chamados por reverenciarem a serpente do Gênesis como um fonte de


conhecimento.

Cainitas, que como o nome implica, veneravam Caim, assim como Esaú, Coré e os sodomitas.
Há pouca evidência sobre a natureza deste grupo; porém, é possível inferir que eles
acreditavam que indulgência no pecado era a chave para a salvação, pois dado que o corpo é
intrinsecamente mau, é preciso depreciá-lo com atitudes imorais (veja libertinismo). O nome
'cainita' não é utilizado aqui no sentido bíblico de "descendentes de Caim" (que segundo a
Bíblia foram exterminados no Dilúvio).

Carpocracianos, uma seita libertina que acreditava unicamente no Evangelho dos Hebreus.

Borboritas, uma seita libertina gnóstica, que acredita-se ser uma derivação dos nicolaítas

Paulicianos, um grupo adocionista, também acusado por fontes medievais como sendo
gnóstica e quasi-maniqueísta. Eles floresceram entre 650 e 872 na Armênia e nas províncias
(ou temas) orientais do Império Bizantino.

Bogomilos, a síntese (no sentido do sincretismo) entre o paulicianismo armênio e o


movimento reformista da Igreja Ortodoxa Búlgara, que emergiu durante o Primeiro Império
Búlgaro entre 927 e 970, e se espalhou pela Europa.

Cátaros (Cathari, Albigenses ou Albigensianos) são tipicamente vistos como imitadores do


gnosticismo. Se os cátaros possuíam ou não uma influência histórica direta do antigo
gnosticismo ainda é tema disputado, embora alguns acreditem que numa transferência de
conhecimento dos bogomilos.[51]

Neoplatonismo e gnosticismo

Ver artigos principais: Neoplatonismo e gnosticismo e Neoplatonismo e cristianismo

Filosofia grega antiga e gnosticismo

Ver artigo principal: Academia de Platão

As primeiras origens do gnosticismo são obscuras e ainda contestadas. Por esta razão, alguns
estudiosos preferem falar de "gnosis" ao se referir às ideias do século I que mais tarde
evoluíram para o gnosticismo e reservar o termo "gnosticismo" para a síntese dessas ideias em
um movimento coerente, no século II.[52] Influências prováveis incluem Platão, o Médio
platonismo e as escolas ou academias de pensamento neopitagóricas e isto parece ser verdade
em ambos os gnósticos do setianismo e os do valentianismo. [53] Além disso, se compararmos
diferentes textos setianistas uns aos outros em uma tentativa de criar uma cronologia do
desenvolvimento do Setianismo durante os primeiros séculos, parece que os textos
posteriores continuam a interagir com o platonismo. Textos anteriores, como o Apocalipse de
Adão mostram sinais de ser pré-cristão e se concentram em Sete, o terceiro filho de Adão e
Eva. Estes primeiros setianistas podem ser idênticos ou relacionados com a Nazarenos, Ofitas
ou aos grupos sectários chamados de herético por Fílon de Alexandria.[54][55]

Textos setianos tardios como Zostrianos e Alógenes criam sobre as imagens de textos setianos
mais antigos mas utilizam "um grande fundo de conceituação filosófica derivada do
platonismo contemporânea, (médio platonismo tardio) com vestígios de conteúdo cristão
".[56] Na verdade, a doutrina do "um único formado por três" (a trindade) é encontrada no
texto de Alógenes, como descoberto na Biblioteca de Nag Hammadi e é "a mesma doutrina
encontrada nos comentários anônimos em Parmênides (Fragmento XIV) que são atribuídos por
Hadot a Porfírio e também, a encontramos na Enéadas de Plotino 6.7, 17, 13-26".[53]

No entanto, os neoplatônicos do século III, como Plotino, Porfírio e Amélio da Toscana atacam
os Setianistas. Parece que o Setianismo começou como uma tradição pré-cristã, possivelmente
sincrética[57] que incorporou elementos do platonismo e do cristianismo à medida que
crescia, apenas para que ambos o cristianismo e o platonismo os rejeitassem se voltassem
contra eles. O professor John Turner acredita que este duplo ataque levou à fragmentação do
Setianismo em numerosos grupos menores como arcônticos, audianos, borboritas, fibionitas,
estratiônicos e outros.[58]

O estudo sobre o gnosticismo tem avançado muito desde a descoberta e a tradução dos textos
de Nag Hammadi que lançam alguma luz sobre alguns dos comentários mais intrigantes feitos
por Plotino e Porfírio sobre os gnósticos. Mais importante ainda, as versões ajudam a distinguir
os diferentes tipos dos primeiros gnósticos. Parece claro que os gnósticos setianistas e
valentinianos[59] tentaram "se esforçar para uma conciliação e mesmo afiliação" com filosofia
antiga final,[60] mas foram rejeitados por alguns neoplatônicos, incluindo Plotino.

Relações filosóficas entre o neoplatonismo e o gnosticismo

Os gnósticos emprestaram várias idéias e termos do platonismo, eles exibem uma profunda
compreensão dos termos filosóficos gregos e do idioma grego koiné em geral; utilizam
conceitos filosóficos gregos em todo o seu texto, incluindo conceitos como hipóstase (a
realidade, a existência), ousia (essência, substância, ser), e demiurgo (Deus criador). Bons
exemplos incluem textos como a Hipóstase dos Arcontes ("Realidade dos Governantes") ou
Protenoia Trimórfica ("O primeiro pensamento em três formas").

Porfírio em A vida de Plotino estabelece uma diferença entre os genuínos seguidores de Cristo
e um outro grupo de mesclava a filosofia (gnosis) com elementos cristãos e Plotino é
antagônico a esta situação ao dizer "Eles (gnósticos) tiraram algumas ideias de Platão, mas
todas as novidades que acrescentaram para criar uma filosofia original, são fora da
verdade",[61] no mesmo tratado, Plotino critica o elitismo ao dizer que os gnósticos "visam à
formação de uma doutrina especial", Plotino repreende os gnósticos por desfigurarem a
filosofia de Platão e apesar de sempre sereno em suas exposições fala de modo áspero:
"Quando esses gnósticos afirmam que desprezam a beleza terrena, fariam melhor se
desprezassem a dos meninos e das mulheres, para não sucumbirem à incontinência". É preciso
observar que se os gnósticos, sem exceção tivessem sido libertinos, Plotino nunca os teria
admitido, já que levava uma vida de virtudes[62]

Outro epíteto dado por Plotino aos gnósticos é o de charlatães ao "se vangloriaram em poder
expulsar doenças com fórmulas" e ainda segundo Plotino, que as doenças eram consideradas
seres (ou obras) de entidades demoníacas pelo gnósticos de sua época, "Só a plebe ignara se
deixa iludir(...) as doenças não são algo demoníaco".[63] Plotino assevera que a moral dos
gnósticos é inferior à de Epicuro o qual "aconselha procurar a satisfação no prazer" e ainda
adverte que a doutrina é temerária porque ridiculariza a virtude e só pensa em interesses
próprios. Para chegar a essas acusações graves, com certeza Plotino levou algum tempo, ao
chegar em Roma, ele encontrou entre seus ouvintes sectários do gnosticismo com os quais
discutia seus pontos de vista.[64]

Estudos sobre o gnosticismo

Clemente de Alexandria foi um crítico dos gnósticos, em especial de Valentim

É difícil obter informações sociais sobre os gnósticos, a maior parte da literatura gnóstica
consiste de pseudoepígrafos - isto é, obras atribuídas à uma figura respeitada do passado tal
como Adão, Sete ou o Apóstolo João: essa convenção literária não deixa muito espaço para a
descrição sobre as atividades sectárias. Os outros registros são descrições breves e
preconceituosas da doutrina e prática gnósticos feitas por adversários cristãos. O estudo
gnosticismo requer muito cuidado com a precisão e a verdade das fontes sobre o assunto - na
maior parte heresiólogos, Ireneu de Lyon, Clemente de Alexandria e Hipólito de Roma são o
exemplo de descrição franca e constantemente hostil. Seu estilo é frequentemente irônico
visto que seu objetivo não é descrever, mas destruir.[65]

Século XIX até 1930

Antes da descoberta de Nag Hammadi, a evidência de movimentos gnósticos era apenas vista
através do testemunho dos heresiologistas da igreja primitiva. O "modelo histórico da igreja",
representado por Adolf von Harnack entre outros, viu o gnosticismo como um
desenvolvimento interno da igreja, sob a influência da filosofia grega.[66]

Depois da descoberta de biblioteca de Nag Hammadi, 1945

O estudo do gnosticismo e do cristianismo primitivo da Alexandria recebeu um forte impulso a


partir da descoberta da Biblioteca de Nag Hammadi, em 1945. O estudo do gnosticismo
atualmente se faz impossível sem o total conhecimento dos escritos de Nag Hammadi e
consequentemente da Língua copta. [67]
"Gnosticismo" como uma categoria potencialmente falha

Em 1966, em Messina, Itália, foi realizada uma conferência sobre sistema da gnosis.[68]

A "proposta cautelosa" alcançada na conferência sobre o gnosticismo é descrita por


Markschies:

“ No documento final de Messina a proposta foi "pela aplicação simultânea dos métodos
históricos e tipológica" para designar "um determinado grupo de sistemas do segundo século
depois de Cristo" como "gnosticismo", e use "gnosis" para definir uma concepção de
conhecimento que transcende os tempos, que foi descrito como "o conhecimento dos
mistérios divinos para uma elite. ”

Em essência, foi decidido que "gnosticismo" seria um termo historicamente específico, restrito
a significar os movimentos gnósticos prevalentes no século III, enquanto "gnosis" seria um
termo universal de um sistema de conhecimento retido "para uma elite privilegiada". No
entanto, este esforço no sentido de dar clareza na verdade criou mais confusão conceitual, já
que o termo histórico "gnosticismo" era uma construção inteiramente moderna, enquanto o
novo termo universal "gnosis" foi um termo histórico: "alguma coisa estava sendo chamada de
"gnosticismo" que os teólogos antigos tinham chamado de" gnosis"... [um] conceito de gnose
tinha sido criado por Messina e este era quase inutilizável em sentido histórico".[69] Na
antiguidade, todos concordaram que o conhecimento era centralmente importante para a
vida, mas poucos entraram em acordo sobre o que exatamente constituía o "conhecimento", a
concepção unitária que a proposta de Messina pressupôs não existiu.[69]

Estas falhas significam que os problemas relativos a uma definição exata do gnosticismo ainda
persistem.[70]

Permanece como convenção atual usar "gnosticismo" em um sentido histórico, e "gnosis"


universalmente. Deixando de lado as questões com o último mencionado acima, o uso de
"gnosticismo" para designar uma categoria de religiões do século III foi recentemente
questionado também. Digno de nota é o livro da autoria de Michael Allen Williams Rethinking
"Gnosticism": An Argument for Dismantling a Dubious Category, em que o autor examina os
termos pelos quais o o gnosticismo está definido como categoria e compara estas suposições
com o conteúdo dos textos gnósticos reais (a biblioteca de Nag Hammadi recém-recuperada
foi de importância central para o argumento).[71]

Williams argumenta que as bases conceituais sobre as quais a categoria gnosticismo se apoia
são os restos da agenda dos heresiologistas. Muita ênfase tem sido colocada sobre as
percepções do dualismo, corpo - e matéria - ódio e anticosmismo[72] sem que essas
suposições tenham sido "devidamente testadas". Em essência, a definição interpretativa do
gnosticismo que foi criado pelos esforços antagônicos dos heresiologistas da igreja primitiva
foi retomado por estudiosos modernos e refletido em um "definição categórica", apesar de
hoje existirem meios de se verificar sua precisão. Ao tentar fazer isso, Williams revela a
natureza dúbia da categória "gnosticismo" e conclui que o termo precisa ser substituído, a fim
de refletir com mais precisão os movimentos que o compõem.[73]

Gnosticismo no século XXI

O chamado gnosticismo moderno se desenvolveu a partir das origens no Ocultismo do século


XX onde Eliphas Levy traz todo o espectro de assuntos do gnosticismo à tona por meio da
discussão da cabala judaica.[17] Uma série de pensadores do século 19, como William Blake,
Arthur Schopenhauer,[74] Albert Pike e Madame Blavatsky estudaram o pensamento gnóstico
extensivamente e foram influenciados por ele, até mesmo figuras como Herman Melville e W.
B. Yeats foram mais tangencialmente influenciados.[75] A fundação da Sociedade Teosófica
em 1875 por Blavatsky e o trabalho de seu aluno G.R.S Mead (tradutor especializado em texto
gnósticos e herméticos), tornou o gnosticismo acessível ao público fora da academia, o que
preparou o caminho para o gnosticismo para as massas no século seguinte.[17] Jules Doinel
"restabeleceu" uma Igreja Gnóstica, na França, em 1890, o que alterou a forma como o
gnosticismo passou por vários sucessores diretos (principalmente Fabre des Essarts como Tau
Synésius e Joanny Bricaud como Tau Jean II) e que, apesar de pequeno, ainda está ativo até os
dias de hoje.[76]

A descoberta e a tradução da Biblioteca de Nag Hammadi depois de 1945 teve um enorme


impacto sobre o gnosticismo desde a Segunda Guerra Mundial. Pensadores que foram
fortemente influenciados pelo gnosticismo neste período incluem Hans Jonas, Philip K. Dick e
Harold Bloom, com Albert Camus e Allen Ginsberg sendo mais moderadamente
influenciados.[75]

Correntes gnósticas independentes, tal como a fundada por Samael Aun Weor no século XX,
seguem ativas em instituições tais como a Igreja Gnóstica do Brasil (IGDB).[77]

Ver também

Agnosticismo

Livros apócrifos

Cristianismo místico

Paganismo

Teosofia

Referências

Jones, Peter. Ameaça Pagã, A (Velhas heresias para uma nova era). Editora Cultura Cristã. ISBN
8586886386

Você também pode gostar