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UM DIAGNOSTICO POSTO EM DÚVIDA

Sobre a suposta crise nas ciências sociais:

O dialogo entra as disciplinas e a importação de métodos e técnicas


contraria essa suposta crise. Não há elementos suficiente para apontarmos
uma crise. O diálogo entre história e outras disciplinas contraria a ideia de
crise. Um exemplo seria a aproximação com a antropologia; o conceito de
Clifford Geertz

Para o autor o processo pelo qual a disciplina história passou no século XX


abriu caminho para novas abordagens e compreensões

TRÊS DESLOCAMENTOS SOB FORMA DE RENUNCIA

Há um deslocamento na história sobre determinados temas, uma espécie de


reposicionamento que não significa, necessariamente, uma crise.

Três deslocamentos:

O primeiro é a renuncia a uma história total (ex: marxismo) e ao modelo


braudeliano. A história deixa de buscar a totalidade do contexto histórico,
que passou a ser vista como impossível. E com relação ao modelo
braudeliano abandona a ideia dos três tempos: estrutura, conjuntura ou
acontecimento. A história abre mão da hierarquização dos tempos
históricos e também de noção de determinação (ex determinação do
econômico como pensava alguns marxistas). Para Chartier há uma luta de
representações

O segundo é a definição do território do objeto de pesquisa, fica presa ao


local do objeto de pesquisa. Os historiadores abandonam a ideia de levantar
tudo que existe sobre determinado local em que se pesquisa. Isso se dá
devido ao abandono da história total, passando a buscar as regularidades ao
invés das particularidades

O terceiro é a renuncia da prioridade do social, da uma guinada a história


cultural. O autor coloca que os historiadores passaram a entender que é
impossível qualificar objetos, práticas culturais e outros em termos
puramente sociológicos. Ex que um sujeito em determinada posição social
realizaria um pratica cultural devido a sua posição.

Essas transformações ocorrem ao final da década de 1970 e início de 1980.


Seria a passagem para a chamada “nova história” com novos objetos, novas
abordagens, outras formas de fazer a história a partir da
interdisciplinaridade

MUNDO DO TEXTO E O MUNDO DO LEITOR: A CONSTRUÇÃO


DO SENTIDO

É o tópico onde ele demonstra a aplicabilidade de suas proposições


teórico-metodológicas

De acordo com Chartier, esses três deslocamentos mostrados anteriormente


também foram produtores de incertezas por não serem um sistema coeso ou
padronizado de compreensão e, a partir de sua própria experiência, o autor
faz algumas proposições a partir do estudo de três grandes polos entre os
século XVl e XVlll: o primeiro é o estudo critico de textos literários,
canônicos ou não; o segundo seria a história dos livros e outros objetos que
contem a comunicação do escrito; e por fim a analise das práticas que
produzem usos e significados diferenciados

A questão central para o autor a partir desses estudos era compreender


como a circulação do escrito impresso modificou as formas de
sociabilidade, autorizou novas formas de pensamentos e transformou as
relações de poder.

Objetos estudados na pesquisa: literatura, práticas de leitura, história de um


texto particular

DUAS HIPOTESES

A operação de construção de sentido na leitura é um processo histórico que


varia de acordo com os tempos, lugares e comunidades

As significações múltiplas de um texto, depende das formas que é recebido


pelos seus leitores

Uma história das maneiras de ler, deve levar em consideração a


especificidade de cada leitor e as tradições de leitura. Por ex:
analfabetizados e analfabetos: os que podem ler o texto não leem de
maneira semelhante; há também a diferença entre os leitores de talento e os
menos hábeis que precisam oralizar oque leem para compreender e isso
varia de acordo com as formas textuais ou tipográficas; os leitores também
possuem expectativas e interesses diversos, ou seja, não tem os mesmos
utensílios intelectuais. A construção do sentido deve levar em conta todas
essas questões.

A época e o local influência a forma como os sujeitos interpretam os textos.


A apropriação de bens simbólicos é condicionada pela experiência de cada
indivíduo que a recebe.

DA HISTÓRIA SOCIAL DA CULTURA A UM HISTÓRIA


CULTURAL DO SOCIAL

Portanto, para o autor, há uma passagem da história social da cultura para


uma história cultural do social. Na primeira há uma ênfase no social e as
clivagens culturais estão subordinadas a um recorte social previamente
estabelecido, a diversidade das interpretações é reduzida nesta perspectiva,
ignorando a forma do objeto. (Ex história social do jazz).

Chartier vai se posicionar pela segunda. Vai dizer que não se deve ignorar a
forma do objeto analisado, pois ele influência como o receptor irá recebe-
lo. (ex do livro, capa, letra etc.) Ou seja, a história cultural do social centra
sua análise no simbólico e partindo do entendimento que este seria um
influenciador de posições sociais. O autor também afirma que esse
simbólica ajuda na construção de identidade.

REPRESENTAÇÕES COLETIVAS E IDENTIDADES SOCIAIS

Apresenta o conceito de “representação”: a realidade social é construída


por classificações; são imagens intelectuais que criam figuras; podem ser
representações de um grupo que lhes forja a identidade

As representações tornam algo que é ausente, presente. E se dão por meio


de práticas sociais e discursos

As representações podem trazer algo presente em determinado tempo


histórico com outro significado

É possível observar também as lutas entre representações, a partir da


história cultural do social. Parte dos pensadores Marcel Mauss e Emile
Durkheim

As lutas de representação possibilitam uma dupla abordagem: uma


representação se constrói contrária a outra; entre representações impostas e
as que são construídas na resistência a uma imposição. A construção das
identidades sociais é diretamente ligada a luta de representações

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