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ATIVIDADES EXERCIDAS PELOS ENGENHEIROS QUÍMICOS

1. INTRODUÇÃO

Há muitas maneiras de se exercer a profissão chamada "engenharia química". O


engenheiro químico pode, por exemplo, especializar-se em uma área específica das operações
unitárias, como centrifugação, extração, destilação, cristalização ou qualquer outra, áreas
estas de muita utilização na indústria. Também pode ser especialista na área de reatores ou
ainda transmissão de calor.

O que trataremos aqui, entretanto, são das carreiras que estão à disposição do
engenheiro químico, dentro das quais ele poderá até ter uma das especializações acima
citadas.

Por carreira, entendemos maneiras como os engenheiros químicos podem exercer a


profissão permanentemente, em toda a sua vida profissional.

Selecionamos dez destas carreiras, que nos parecem as mais promissoras no caso
brasileiro:
1. Pesquisa e desenvolvimento;
2. Engenharia de processo;
3. Engenharia de projeto;
4. Operação de plantas industriais;
5. Gerência técnica;
6. Consultoria industrial e em outras áreas;
7. Serviço público;
8. Vendas e marketing;
9. Serviços técnicos para clientes;
10. Atividade legal.

É necessário que fique claro que estas dez atividades citadas, de modo algum esgotam
as possibilidades profissionais do engenheiro químico. Deve-se mencionar que os
engenheiros químicos podem também fazer carreira em áreas como: a engenharia de
manutenção, a engenharia biomédica, administração geral, engenharia nuclear,
instrumentação e controle, engenharia de custos, engenharia de compras, previsão
tecnológica e educação.

Outras atividades existem que, incidentemente, utilizam-se dos conhecimentos


peculiares aos engenheiros químicos. Estas atividades são em grande número e só para citar
algumas: engenharia oceanográfica, tecnologia espacial, meteorologia, agricultura, análise de
segurança, publicidade, editoração de livros e revistas, etc.

Na abordagem deste assunto usaremos a seguinte metodologia:


Primeiro definiremos em que consiste a carreira, suas características e suas diversas
modalidades, quando for o caso. Segundo, explicaremos onde a carreira é exercida, quais são
os empregadores da carreira e com que finalidade ela é exercida. Terceiro, definiremos as
qualidades pessoais e de conhecimento que deve ter o engenheiro químico para bem
desempenhar a atividade. Quarto, analisaremos as recompensas possíveis que cada carreira
pode oferecer.

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2. PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

A pesquisa e o desenvolvimento, ou como é usualmente referida “P&D”, oferecem


eles próprios, uma variedade de carreiras, desde a pesquisa básica até o desenvolvimento de
processos e, além disso, a escolha de diversos tipos de empregadores. O denominador comum
de todas estas carreiras é a investigação técnica, mas pode tomar muitas formas.

O que é pesquisa e desenvolvimento e o que pesquisa e desenvolve o engenheiro


químico?

O engenheiro químico pesquisa e desenvolve processos, equipamentos, métodos de


cálculo, investiga princípios científicos envolvidos nas operações unitárias e reatores
utilizados na sua área de atuação.

É necessário distinguir vários tipos de pesquisa em engenharia química. Pesquisa


básica, é a busca de novos conhecimentos sobre princípios científicos. Exemplos: o estudo do
mecanismo de adsorção de gases na superfície de um catalisador, ou, descobrir que
características das fibras sintéticas determinam o conforto corporal.

Pesquisa exploratória, visa o estabelecimento da viabilidade técnica de uma idéia ou


de um objetivo específico. Exemplo: o estudo da substituição da operação de destilação na
fabricação de álcool etílico pela operação de extração com solvente mais volátil que o álcool.

Pesquisa de engenharia usualmente se concentra nas operações unitárias ou nos rea-


tores, procurando novas operações ou aperfeiçoando o desenho ou o método de cálculo. Ex-
emplo: o estudo de uma nova operação unitária chamada ultrafiltração.

Pesquisa de aplicações estuda novos usos para produtos ou equipamentos. Por ex-
emplo, estudar as possíveis vantagens de substituir uma filtração, num processo, por uma
centrifugação.

Desenvolvimento de produto e de processo, visa definir um novo produto para uma


específica aplicação ou um método econômico e prático de fabricar um determinado produto.
Exemplo: o desenvolvimento de um aglomerante hidráulico de baixo custo para substituir o
cimento em certas aplicações, ou o desenvolvimento do processo para a sua fabricação.

De uma maneira geral, podemos dizer que a pesquisa, em qualquer de suas formas,
tem por objetivo a busca de um novo conhecimento científico ou técnico, na área da
engenharia química, enquanto o desenvolvimento consiste nos estudos e trabalhos feitos para
tornar exeqüível, do ponto de vista prático, o que foi constatado na pesquisa.

Onde é feito P&D? Nas universidades, nos institutos de pesquisa governamentais e


particulares, nas divisões de P&D das indústrias. Nos países do primeiro mundo existem tam-
bém empresas que se especializam em P&D sendo o seu produto a tecnologia.

Que características de conhecimento e pessoais deve ter o engenheiro químico para


seguir uma carreira em P&D?
Pesquisa e desenvolvimento é a carreira de mais alto nível intelectual das exercidas
pelo engenheiro químico e, em conseqüência, a que exige melhor formação do profissional. É
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a carreira destinada aos melhores alunos dos cursos de engenharia química, dos que fazem
cursos de pós-graduação, dos mestres e doutores.

Mas, muitas vezes, características pessoais são até mais importantes que os conheci-
mentos e a boa formação acadêmica. Entre estas características pessoais podemos citar: a
curiosidade, natureza inquisitiva, originalidade de pensamento, habilidade de planejar e
paciência para conduzir trabalho sistemático.

Que recompensas tem o engenheiro químico que se dedica a P&D?

A grande recompensa é obtida na satisfação de sua curiosidade e sua natureza inquisi-


tiva. Não há carreira que seja mais gratificante intelectualmente, quando se tem sucesso, do
que a carreira em P&D. Não obstante, há outras recompensas: altos salários, participação em
“royalties” originados em patentes, etc. Nos países desenvolvidos é uma atividade que atrai
muitos engenheiros justamente por ser bem remunerada, ser um trabalho afastado das
pressões de produção e possibilidade de, através de um trabalho de sucesso, vir até a
propiciar o enriquecimento financeiro pessoal.

No Brasil é, ainda, uma atividade emergente. A maior parte dos pesquisadores em


engenharia química trabalham em institutos de pesquisa governamentais ou universidades
onde as remunerações não são boas. No Brasil, P&D ainda é uma atividade para pessoas que
estão mais interessadas na sua satisfação intelectual. Mas a situação tende a mudar
rapidamente.

3. ENGENHARIA DE PROCESSO

É a parte da engenharia química que trata do planejamento e do projeto de processos.


Difere do desenvolvimento de processo porque este trata de processos cuja tecnologia ainda
não é conhecida, enquanto a engenharia de processo trata dos processos com tecnologia
conhecida. Afora isto, os métodos de trabalho são semelhantes nas duas carreiras.
O engenheiro de processos é o verdadeiro engenheiro químico. Ele escolhe as etapas
que constituirão o processo, elabora o projeto conceitual, escolhe as operações unitárias, as
etapas de reação, faz os balanços de massa e energia do processo, calcula os equilíbrios
termodinâmicos, dimensiona os equipamentos, calcula os custos de produção, elabora todos
os fluxogramas e desenhos auxiliares.

O projeto de um novo processo, seja uma planta química ou uma refinaria de petróleo
ou o que for, exige um grande número de engenheiros, especializados em muitos campos
diferentes que trabalharão juntos talvez, por um ou dois anos num mesmo projeto. Outros
engenheiros construirão a planta e ainda outros a operarão, talvez por vinte ou trinta anos, até
que fique obsoleta. Entretanto, as decisões básicas tomadas pelo engenheiro de processo que
trabalhou uma fração deste tempo, serão sentidas o tempo todo.

O engenheiro de processo é o responsável pelo sucesso do empreendimento. Avalia-se


que 5% do trabalho necessário para que uma planta industrial entre em operação, é de
responsabilidade do engenheiro de processo. Embora os outros 95% devam ser feitos com
competência, são estes 5% iniciais que terão impacto na lucratividade da planta e que terá
efeito sobre a sociedade de um modo geral.

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O que caracteriza um bom engenheiro de processo? A engenharia de processo começa
com a aplicação de conhecimentos de operações unitárias, mecânica de fluidos, transferência
de calor e termodinâmica. Mais do que qualquer outro campo na engenharia química, ela faz
uso completo de tudo o que se estuda no curso na universidade. Para progredir, nesta área,
entretanto, são necessárias outras habilidades: comunicação oral e escrita são essenciais pois
o engenheiro de processo sempre trabalha em equipe e em contato com superiores que tomam
decisões.

Engenharia de processo não é, decididamente, um trabalho para gênios solitários.


Conhecimentos econômicos e políticos do mundo inteiro e, especialmente , os relacionados
com a área do projeto são importantíssimos. É imprescindível uma habilidade de apreender
rapidamente.

Onde trabalha o engenheiro de processo? Em firmas de engenharia ou em


departamentos de engenharia de companhias que operam plantas químicas, petroquímicas etc.

O que recebe o engenheiro de processo, em retribuição ao seu trabalho?

Os engenheiros de processo são, geralmente bem remunerados porque a competência


nesta área não é muito comum. Além disso, outros fatores fazem este campo muito atrativo:
trabalho altamente interessante, sensação de desafio, chance de ter uma real influência na
indústria e no mundo, e uma oportunidade de aprender novas coisas no trabalho, mais rapida-
mente do que quando estava na escola.

O trabalho na área da engenharia de processos pode ser uma ótima base para o
progresso em outras áreas de maior responsabilidade e maior remuneração, como por
exemplo gerências técnicas, consultoria etc. É muito comum engenheiros de processo se
dedicarem a vida toda a esta atividade e após a aposentadoria continuarem como consultores,
trabalhando independentemente, mas ainda, entusiasmados com os novos desafios que
aparecem diariamente.

4. ENGENHARIA DE PROJETO

O engenheiro de projeto detalha o projeto de processo. Trata do dimensionamento


estrutural dos equipamentos, dos materiais de construção, das demandas do controle de
processo etc. Ao mesmo tempo trata da gerência de materiais, planejamento da construção,
planejamento do trabalho, provisões logísticas e avaliação do progresso. A engenharia de
projeto é a área da engenharia química que trata dos assuntos que se seguem à engenharia de
processo.

Enumeraremos a seguir as principais tarefas do engenheiro de projeto:

Orçamentação e planejamento de tarefas e tempos: o engenheiro de projeto é o


principal responsável por quanto vai custar e quanto tempo levará a obra da planta industrial
projetada pelo engenheiro de processo. Após a construção, é o responsável por quanto custou
e quanto tempo levou. Para a gerência, estas são as atividades mais importantes.

Avaliação de progresso do projeto é a identificação de pontos que caracterizam o


término de cada tarefa e o estudo comparativo do que foi completado e do que foi planejado,
do que foi orçado e do que foi realmente gasto.
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Gerenciamento das informações relativas ao projeto consiste em planejar, executar e
controlar todo o fluxo de informações do projeto. Um projeto em andamento,
freqüentemente, necessita de recálculos e a elaboração de alterações nos desenhos dos
equipamentos, etc. Todo este fluxo de documentação é de responsabilidade do engenheiro de
projeto.

Mediação de conflitos de idéias e concepções que sempre ocorrem durante a execução


de um projeto.

Outras atividades:
 Desenvolvimento de diagramas de tubulações de processo e instrumentação
(P&ID);
 Detalhamento do projeto dos equipamentos de processo;
 Listagem das especificações e requisitos para os equipamentos de processo;
 Montagem das tabelas comparativas de preços de fornecedores;
 Avaliação das tecnologias competitivas na sua área de responsabilidade;
 Supervisão do início de operação e assistência ao pessoal de operação.

Que conhecimentos e características pessoais deve ter o engenheiro de projeto?

Bons conhecimentos de engenharia química, sem dúvida. Semelhantes ao do


engenheiro de processo. Entretanto, o engenheiro de processo preocupa-se com as
generalidades do projeto, as grandes análises energéticas, a escolha de etapas etc., enquanto o
engenheiro de projeto preocupa-se com os detalhes do projeto. A principal característica de
um bom engenheiro de projeto é o gosto pelas minúcias envolvidas no projeto.

Quem emprega engenheiros de projeto? Empresas de engenharia, empresas empreitei-


ras de construção de plantas industriais, empresas operadoras de plantas químicas e empresas
licenciadoras de tecnologia.

No Brasil esta atividade é muitas vezes atribuída aos engenheiros mecânicos. Mais re-
centemente, seguindo uma tendência que ocorre nos países mais adiantados, começou
também no nosso país o emprego de engenheiros químicos nesta área. Há vantagens nesta
substituição porque faltam aos engenheiros mecânicos, conhecimentos que permitem um
melhor entendimento com o engenheiro de processo, que é quem realmente idealiza o
processo.

Que recompensas tem o engenheiro de projeto? É um engenheiro bem remunerado,


quando é competente na atividade. Muito do projeto depende de sua atividade e é um
profissional muito procurado pelo meio empresarial. No Brasil, é uma carreira mais comum
do que o engenheiro de processo. A explicação é que o engenheiro de projeto é necessário
mesmo que o projeto do processo seja importado. Há sempre detalhes que precisam ser
adaptados às circunstâncias locais e quem faz isto é o engenheiro de projeto.

5. OPERAÇÃO DE PLANTAS INDUSTRIAIS

É a carreira cuja função é fazer as plantas industriais funcionarem bem. É muitas


vezes chamada de engenharia de produção ou engenharia de manufatura. É a atividade
desenvolvida pelo engenheiro químico junto com os operários e técnicos de nível médio nos
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equipamentos onde a matéria prima está sendo processada.

O que caracteriza esta atividade? A resposta é:


 Muito relacionamento “pessoa a pessoa”;
 Imediata realimentação de informações (boas ou más);
 Grande envolvimento em atividades de manutenção;
 Grande variedade de tarefas e horário flexível.
 Autonomia;
 Envolvimento nas tarefas junto à planta industrial, não estando preso a uma mesa;
 Mínimo trabalho com papelada, ao contrário de outras atividades;
 Oportunidade de contribuir no projeto de novas plantas;
 Longas horas de trabalho, que podem ser irregulares, dependendo do processo.

É a atividade mais indicada para os formandos em engenharia química. Quase todos


os engenheiros químicos começam sua vida profissional nesta atividade. É um bom começo,
porque propicia uma enorme e valiosa experiência profissional e é uma excelente base para
qualquer outra carreira.

Muitos engenheiros químicos passam toda a sua vida profissional nesta atividade, por
opção. É uma carreira que satisfaz a muitos profissionais.

Que características são necessárias a um bom engenheiro de operação de plantas


industriais? A seguinte lista resume tudo:
 Ter bom relacionamento com pessoas e ter capacidade de liderança;
 Boa comunicação verbal. Se tiver boa comunicação por escrito terá grande
vantagem na carreira;
 Boa capacidade de previsão, para poder antecipar a solução de problemas na
produção;
 Ter a capacidade de assumir responsabilidades;
 Ter a capacidade de tomar decisões rapidamente;
 Ter bom senso, especialmente sob pressão;
 Ter iniciativa;
 Ter condições psíquicas de aceitar o ambiente de trabalho em planta industrial, isto
quer dizer, calor, frio, ruídos, cheiros, riscos quanto à segurança, horas de trabalho
longas e irregulares;
 Ter flexibilidade e versatilidade, quer dizer, capacidade de enfrentar muitas tarefas
diferentes simultaneamente;
 Ter uma aptidão mecânica, quer dizer, ter interesse em saber como as coisas
funcionam.

As qualidades acima são qualidades pessoais. Que conhecimentos profissionais deve


ter o engenheiro de operação de plantas industriais? É óbvio que bons conhecimentos de
engenharia química, de um modo geral, favorecem muito. Entretanto, esta carreira não exige
conhecimentos tão profundos como as carreiras que examinamos anteriormente. O
engenheiro químico, nesta atividade, terá tempo suficiente para estudar os equipamentos e
todos os demais detalhes do processo onde está trabalhando. Além disso, poderá sempre
recorrer a consultores e ao departamento de engenharia de processo da fábrica.

Quem emprega estes engenheiros? As empresas operadoras de plantas industrias.

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Que recompensas tem estes engenheiros? Depende do comportamento do engenheiro.
Se ele tiver as qualidades enumeradas acima, saúde e vontade de trabalhar, naturalmente ele
se transforma em uma peça muito importante para o seu empregador e em consequência será
bem remunerado. Caso contrário, será rapidamente substituído. Nesta carreira, geralmente,
não se tolera incompetência. Mas aqui, a competência está muito ligada às qualidades
pessoais. É comum, engenheiros químicos que não foram muito bons estudantes terem
sucesso nesta carreira, justamente por ela não depender, essencialmente, dos conhecimentos
de engenharia.

6. GERÊNCIA TÉCNICA

É o engenheiro químico com as funções de planejar, organizar, dirigir, controlar e


influenciar. É o engenheiro químico como executivo. A gerência técnica é o gerenciamento
de pessoas e programas que estão envolvidos, significativamente, com trabalho técnico.

É uma posição almejada pela maioria dos engenheiros químicos. Quase todos
gostariam de, no final de sua carreira estar nesta posição.

Pode-se atingir esta posição a partir de muitas das carreiras anteriormente descritas e
que ainda vamos descrever. Nunca se começa a atividade profissional nesta carreira, mas em
outra, onde é necessário o sucesso e acumular experiência.

As qualificações necessárias são:

 Ter tido sucesso em outra das carreiras abertas ao engenheiro químico;


 Ter qualificação acadêmica. Um grau de mestre ou doutor ajuda muito, porque
embora os conhecimentos destes níveis de instrução não irão ser usados, eles criam a
credibilidade do profissional;
 Um grau de pós-graduação em administração de empresas é muito valorizado;
 Experiência é muito desejável, portanto esta não é uma posição para engenheiros
recém formados;
 Ter liderança e motivação;
 Ter interesse e preocupação com o comportamento de pessoas;
 Ter excelente comunicação oral e escrita;
 Conhecimentos técnicos ? Já deve ter demonstrado em outra carreira, justamente a
que o levou a esta posição.

Onde a gerência técnica é exercida ? Em todas as áreas onde é exercida a engenharia


química. Empresas de engenharia, empreiteiros de obras de plantas industriais, firmas
operadoras de processos, etc.

Recompensas? As melhores que se poderia esperar na engenharia química, por razões


óbvias.

7. CONSULTORIA

É quando o engenheiro químico atua realmente como profissional liberal.

Tal como o gerente técnico, o consultor sempre vem de uma outra carreira onde
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obteve sucesso. Não só o sucesso, mas também um amplo círculo de pessoas, técnicos,
gerentes, empresários, etc., com conhecimento deste sucesso.

Em nenhuma outra das carreiras abertas ao engenheiro químico é tão necessário ser
conhecido e ter bom conceito.

O conhecimento técnico profundo, na área onde pretende exercer a consultoria é


óbvio ser essencial. Ninguém contrata como consultor, uma pessoa cujo conhecimento
específico seja posto em dúvida. Não é atividade para engenheiro recém formado.

Quem contrata consultores? Todas os tipos de empresas que atuam na área da engen-
haria química. Todas tem, invariavelmente, problemas que seus próprios engenheiros tem
dificuldades de resolver e a contratação de um consultor é a saída lógica.

Que recompensas tem esta atividade ? É muito variável e depende do sucesso do


consultor, do tipo de trabalho, etc. Há muitos engenheiros que ficaram ricos, só com esta
atividade. Outros fracassam.

8. SERVIÇO PÚBLICO

É quando o engenheiro químico trabalha para o governo.

O que pode, um engenheiro químico, fazer no serviço público ? Existem muitas e as


oportunidades são extremamente diversificadas variando de tarefas como especialista até as
de administrador no seu amplo sentido.

O governo atua em muitas áreas onde o engenheiro químico é o profissional


específico. Por exemplo, planejamento de desenvolvimento econômico, com a implantação
de indústrias de processo químico, estudos de planejamento de combate à poluição ambiental,
saneamento básico, trabalhos de pesquisa e desenvolvimento em entidades e institutos
governamentais, trabalho em bancos de desenvolvimento estatais, etc.

Que características deve ter o engenheiro químico para trabalhar para o governo ? É
claro que os conhecimentos técnicos devem ser compatíveis com a atividade que será
exercida. Algumas características pessoais, entretanto, são desejáveis.

O governo, via de regra não funciona com a mesma eficiência que a indústria. As
decisões são mais lentas, as aquisições dependem de concorrências demoradas, há muita bu-
rocracia, os salários são mais baixos etc. Há muitos engenheiros que, simplesmente, não
suportam trabalhar neste tipo de ambiente.

Tem as suas compensações, entretanto. Há mais estabilidade no emprego, não há tanta


pressão de trabalho, mas o que principalmente atrai engenheiros para esta atividade é o fato
de fazerem um trabalho de interesse da comunidade em geral, trabalho sempre importante e
que tem uma finalidade nobre. Na indústria, o que mais vale é o lucro do empregador. No
serviço público se trabalha com objetivos mais nobres. Isto é importante para muita pessoas.

Há atividades para engenheiros químicos nos governos federal, estadual e municipal.

As recompensas financeiras não são as melhores do mercado, mas a satisfação de


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realizar um trabalho importante é muito grande.

9. MARKETING E VENDAS

Vamos primeiro definir o que é marketing e o que é vendas.

Marketing é o conjunto de atividades pelas quais são efetuadas as transferências de


título ou posse de bens, do vendedor ao comprador, incluindo a propaganda, o transporte, a
armazenagem e a venda propriamente dita. São também incluídas no marketing todas as
atividades que possam ser desenvolvidas no sentido de demonstrar, ou mesmo criar, uma
necessidade por um bem, por parte de um possível comprador.

A venda, por outro lado, é simplesmente a transferência de um bem, de um vendedor


para um comprador, em troca de dinheiro ou crédito.

Os bens podem ser bens materiais, como por exemplo produtos químicos, equipamen-
tos, etc., ou os chamados bens intangíveis, como por exemplo, informações, tecnologia,
dados técnicos, etc.

Pela definição vê-se que se pode fazer marketing e vendas de qualquer tipo de bem,
mas, de que tipo de bem se pode ocupar um engenheiro químico, dentro de sua profissão?

Basicamente de três tipos de bens: Produtos químicos, equipamentos e de tecnologia.


Inclui-se na tecnologia os projetos, o chamado "know how", dados técnicos etc.

O marketing e a venda destes tipos de bens de que se ocupa o engenheiro químico,


requer muitos conhecimentos de engenharia química. Primeiro, porque os compradores são
em geral engenheiros químicos ou orientados por engenheiros químicos. Portanto, se trata de
compradores que tem conhecimentos profundos sobre o bem, que motiva o marketing e a
venda. Segundo, porque uma venda de um bem deste tipo envolve a transferência, durante
um prolongado tempo, de informações e assistência técnica. Terceiro, o valor de uma venda
deste tipo envolve, via de regra, soma considerável de recursos financeiros.

O marketing e vendas em engenharia química é um trabalho técnico de grande im-


portância e é altamente valorizado pelas firmas que atuam neste mercado. Muitos
engenheiros de outras carreiras almejam passar para esta atividade, como coroamento de sua
carreira como engenheiro.

Que características deve ter o engenheiro de marketing e vendas?

Quem atua nesta área está na linha de frente de sua firma, pois tudo que é produzido
deve ser, finalmente, vendido. O engenheiro deve ter certas qualidades pessoais para atuar
nesta área. Nem todo o mundo tem qualificações para vendas. Bom relacionamento pessoal,
paciência, perseverança, são alguns atributos desejáveis. Nas vendas técnicas, entretanto, o
que mais pesa são os conhecimentos profundos do vendedor a respeito do bem que está
vendendo.

Quem emprega engenheiro de marketing e vendas? Todas as firmas que atuam na área
da engenharia química, desde firmas de engenharia até operadores de processo.
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Recompensas ? Normalmente muito boas. Os engenheiros de vendas tem, via de
regra, muito acessos as altas administrações das empresas e suas opiniões são seguidas. Tem
muito poder nas empresas (às vezes, para desespero dos engenheiros de produção). É óbvio
que tudo isto resulta em ótimas remunerações.

10. SERVIÇOS TÉCNICOS PARA CLIENTES

Esta é uma carreira não muito usual, mas de capital importância em certas indústrias.
É altamente especializada e requer uma ampla gama de habilidades.

Certas tipos de indústrias mantém serviços de assistência técnica para os compradores


de seus produtos. É o caso de vendas de equipamentos industriais e vendas de tecnologia.

O engenheiro nesta carreira deve ser uma espécie de “pau para toda obra” e deve ser
mestre em todas elas. Ele tem o suporte técnico de sua empresa, naturalmente, mas como tem
sempre que tomar decisões na hora, em face da situação encontrada, ele deve ter um profundo
conhecimento do produto que foi vendido. Um fracasso aí é fatal para sua firma.

Pessoalmente ele deve ser mentalmente enérgico, resistente à pressões, organizador,


vendedor, conhecedor de segurança no trabalho, psicólogo, contador, conhecedor de relações
no trabalho. Deve ser ainda bom mecânico, chofer de caminhão e varredor de chão se for
preciso.

Quem emprega este tipo de engenheiro ? As empresa cujos produtos necessitam de


assistência técnica.

Recompensas ? Muito boas. É um ponto de partida para muitas outras carreiras.


Torna-se muito conhecido e, se for competente, pode transformar-se em um consultor com
facilidade.

11. ATIVIDADE LEGAL

O que pode um engenheiro químico fazer dentro da atividade legal ? Há duas


situações: uma é a atuação como perito e a outra é o engenheiro químico, fazendo o curso de
direito, tornar-se um advogado especialista em questões técnico-juridicas, na área abrangida
pela engenharia química, que são em grande número.

No primeiro caso temos o engenheiro servindo como consultor junto aos órgãos
legislativos do governo, na elaboração de leis sobre regulamentação industrial, meio
ambiente, segurança etc. Temos também a atuação como perito junto à justiça em questões
das mais variadas, envolvendo assuntos que digam respeito à engenharia química. A atuação
nestes casos é através de pareceres técnicos.

Caso o engenheiro queira se dedicar a uma carreira jurídica, fazendo o curso de


direito, temos oportunidades quase infinitas. Em uma sociedade moderna, industrializada, as
questões jurídicas de origem em questões técnicas são em grande número e geralmente de
grande valor monetário. As questões derivam principalmente dos seguintes ítens:

 Patentes de processos e equipamentos;


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 Licenciamento de tecnologia;
 Contratos diversos envolvendo assuntos técnicos.;

A grande maioria destes trabalhos envolvem tecnicalidades que vão bem além da
compreensão e do discernimento dos advogados com uma simples formação em direito. Nos
Estados Unidos, cerca de 15% dos advogados tem também cursos de engenharia. São
advogados-engenheiros muito solicitados em casos específicos, que trabalham para grandes
empresas ou até mesmo como profissionais liberais. São altamente bem remunerados e fazem
uma carreira altamente recompensadora em termos intelectuais.

A atividade como perito pode ser também muito compensadora.

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