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ADMINISTRAÇÃO

FINANÇAS CORPORATIVAS E
MERCADO DE CAPITAIS

José Carlos Melchior Arnosti


Danylo Augusto Armelin
FINANÇAS CORPORATIVAS E MERCADOS DE CAPITAIS

Apresentação

Prezado aluno

A globalização por um lado possibilitou o intercâmbio entres os países e

por outro lado trouxe o crescimento do mercado acionário e o seu destaque no

cenário financeiro internacional.


Diante desta abertura e do crescimento de mercado, as empresas

sentiram-se obrigadas a buscar o desenvolvimento de novas tecnologias, de seus


produtos e até mesmo da gestão da empresa. Frente a isso, os países em

desenvolvimento procuram abrir suas economias visando receber investimentos


externos.

Tal abertura consiste na abertura de capital da empresa, isto é, a empresa


abre o seu capital em busca de investidores que financiem o seu desenvolvimento

a fim de obterem lucros com a compra das ações da empresa. Quanto mais
desenvolvida é uma economia, mais ativo é o seu mercado de capitais.

Além de novos investimentos no mercado financeiro e nas empresas, a


captação de recursos possibilita o desenvolvimento das empresas, a geração de

novos empregos e o progresso do país. È assim o mercado acionário uma


importante opção de investimentos tanto paras as pessoas físicas quanto para as

jurídicas.
Para todas as transações financeiras cabe à empresa compreender quanto

ao seu posicionamento no mercado no âmbito econômico-financeiro, para que


assim possa utilizar das análises financeiras para a tomada de decisão, desde a

simples gestão de seu estoque até a busca por recursos de terceiros.


Sendo assim, é essencial para o estudante compreender a constituição

deste mercado, as suas funções, direitos e obrigações dos acionistas, custos para
abertura e manutenção da abertura de capital para a companhia bem como a
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gestão das empresas frente às mudanças jurídicas e estruturas provocadas com a

abertura de capital e as finanças corporativas.

Prof. Ms. José Carlos Melchior Arnosti e Prof. Esp. Danylo Augusto Armelin

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PROGRAMA DA DISCIPLINA

EMENTA: Sistema Financeiro Nacional; Mercado primário e secundário; CVM –


Comissão Valores Mobiliários – Ações – Valor das Ações – Abertura de Capital –

Tipos de ordens de negociações – Índices de Bolsa de Valores – Novo Mercado –


Avaliação de Ações. Fundamentos teóricos e práticos das Finanças Corporativas.

Valor de mercado e riqueza. Decisões financeiras. Conceitos financeiros básicos.

Eficiência de mercado. Risco e retorno. Avaliação do desempenho operacional.


Alavancagem financeira e operacional. Métricas de desempenho. Viabilidade

econômica e financeira. Risco, retorno e custo de oportunidade.

OBJETIVOS
¨ Compreender os conceitos referentes ao mercado de capitais.

¨ Saber empregar os conceitos no ambiente empresarial.


¨ Adquirir noções sobre Economia, Finanças e Indicadores Econômicos.

¨ Demonstrar a importância do entendimento dos conceitos e fundamentos das


Finanças Corporativas

¨ Apresentar os riscos envolvidos na gestão das organizações,


¨ Analisar as variáveis devem ser entendidas quanto às finanças corporativas.

CONTEÚDOS

Unidade 01 - Introdução ao Sistema Financeiro – Parte I


Unidade 02 - Introdução ao Sistema Financeiro – Parte II

Unidade 03 - Introdução ao Sistema Financeiro – Parte III


Unidade 04 - Títulos do Mercado de Capitais - Tipos de Ações – Parte I

Unidade 05 - Títulos do Mercado de Capitais - Valores de Ações – Parte II


Unidade 06 - Abertura de Capital

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Unidade 07 - Análise da Conveniência da Abertura de Capital – Parte I

Unidade 08 - Análise da Conveniência da Abertura de Capital – Parte II


Unidade 09 - Funcionamento dos Mercados de Capitais

Unidade 10 - Análise de Investimentos


Unidade 11 - Análise técnica e Tipos de Gráficos

Unidade 12 - Fundamentos Teóricos e Práticos das Finanças Corporativas


Unidade 13 - Fundamentos Teóricos e Práticos das Finanças Corporativas

Unidade 14 - Valor de Mercado e Riqueza – Parte I

Unidade 15 - Valor de Mercado e Riqueza – Parte II


Unidade 16 - Conceitos Financeiros Básicos e Decisões Financeiras.

Unidade 17 - Eficiência de Mercado: Risco, Retorno e Custo de Oportunidade –


Parte I

Unidade 18 - Eficiência de Mercado: Risco, Retorno e Custo de Oportunidade –


Parte II

Unidade 19 - Avaliação do Desempenho Operacional: Alavancagem Operacional e


Financeira.

Unidade 20 - Métricas de Desempenho: Viabilidade Econômica e Financeira

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Bibliografia Básica

ASSAF NETO. Alexandre. Finanças Corporativas e Valor. 6ª. ed. São Paulo: Atlas.

2012.
CAVALCANTE, F. Mercado de Capitais: como é, como funciona. 7. Ed.– Rio de

Janeiro: Elsevier, 2009.


MOTTA, Regis da Rocha. Análise de investimentos: tomada de ação em projetos

industriais. São Paulo: Atlas, 2010.

Bibliografia Complementar

AZEVEDO, Simone; BARCELLOS, Marta. Histórias do mercado de capitais no Brasil.

1 ed. editora: Campus, 2010.


HISSA, Mauricio. Investindo em ações. 1 ed. editora: Campus, 2010.

LAGIOIA, Umbelina Cravo Teixeira. Fundamentos do mercado de capitais. 3ª. ed.


editora: Atlas, 2011.

SUSAKI, Fabio Azuma. A a Z do mercado de capitais. 1ª. ed. editora: AZ


Consultoria, 2011.

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Sumário

Unidade 01 - Introdução ao Sistema Financeiro Nacional – Parte I .............................................. 7

Unidade 02 - Introdução ao Sistema Financeiro Nacional – Parte II........................................... 13

Unidade 03 - Introdução ao Sistema Financeiro Nacional – Parte III......................................... 20

Unidade 04 - Títulos do Mercado de Capitais - Tipos de Ações – Parte I ............................... 25

Unidade 05 - Títulos do Mercado de Capitais - Valores de Ações – Parte II .......................... 32

Unidade 06 - Abertura de Capital .......................................................................................................... 40

Unidade 07 - Análise da Conveniência da Abertura de Capital – Parte I ................................. 47

Unidade 08 - Análise da Conveniência da Abertura de Capital – Parte II ................................ 52

Unidade 09 - Funcionamento dos Mercados de Capitais.............................................................. 58

Unidade 11 - Análise técnica e Tipos de Gráficos.............................................................................. 73

Unidade 12 - Fundamentos Teóricos e Práticos das Finanças Corporativas............................ 80

Unidade 13 - Fundamentos Teóricos e Práticos das Finanças Corporativas............................ 86

Unidade 14 - Valor de Mercado e Riqueza ......................................................................................... 95

Unidade 15 - Valor de Mercado e Riqueza – Parte II...................................................................... 101

Unidade 16 - Conceitos Financeiros Básicos e Decisões Financeiras. ....................................... 110

Unidade 17 - Eficiência de Mercado: Risco, Retorno e Custo de Oportunidade – Parte I. 120

Unidade 18 - Eficiência de Mercado: Risco, Retorno e Custo de Oportunidade – Parte II 127

Unidade 19 - Avaliação do Desempenho Operacional: Alavancagem Operacional e


Financeira. .................................................................................................................................................... 132

Unidade 20 - Métricas de Desempenho: Viabilidade Econômica e Financeira .................... 139

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Unidade 01 - Introdução ao Sistema Financeiro Nacional –
Parte I

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos: Apresentar uma introdução ao Sistema Financeiro Nacional


Definir o Sistema Financeiro Nacional com suas funções e objetivos

Quando falamos em sistema financeiro, num primeiro momento

aparenta-se uma visão de abordagem fundamentada nos princípios das


instituições que o formam, em especial pelos bancos. O perfil do modelo bancário

introduzido no Brasil segue os padrões europeus, fruto da influência da família


real. Sendo que em 12 de outubro de 1808, criou-se por meio de Príncipe Regente

o primeiro Banco de Brasil para depósitos, descontos e emissão (LAGIOIA, 2009).

ESTUDANDO E REFLETINDO

Apesar de já haver a sedimentalização das operações básicas do governo,


o início efetivo de suas operações aconteceu apenas em 11 de dezembro de 1809

(LAGIOIA, 2009).

O primeiro Banco do Brasil suportou em sua estrutura os abalos


provocados pela austeridade da coroa, quanto à política de gastos. A luta pela

Independência como movimento de consolidação política contribuiu para a


deliberação gradativa do Banco. Em 23 de setembro de 1829, por decreto da

Assembleia Legislativa, foi liquidado o que se traduziu como um ônus


socioeconômico, uma vez que o banco estava ligado às rotinas da população.

Em 1836, surgem novas instituições financeiras e um novo Banco do Brasil,


bem como bancos estrangeiros. Um fato marcante na história do Banco do Brasil

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foi a sua nova liquidação, em 1905, e reativação no ano seguinte (1906) (LAGIOIA,

2009).
O Banco do Brasil era considerado o banco dos bancos, uma vez que por

meio de sua Carteira de Redescontos (CARED) e pela sua Caixa de Mobilização


Bancária (CAMOB) funcionava como fornecedor de recursos de última instância às

demais instituições financeiras (LAGIOIA, 2009).


Por meio do decreto no. 174.728 de 16 de março de 1921, instaurou-se a

Inspetoria Geral dos Bancos, subordinada ao Ministério da Fazenda, com o

propósito de fiscalizar os bancos e normatizar questões relacionadas a


exportações e operações cambiais (LAGIOIA, 2009).

Já em 02 de fevereiro de 1945, foi criada a Superintendência de Moeda e


do Crédito pelo decreto no. 7.293, que tinha a missão de controlar o mercado

monetário e iniciar a organização do Banco Central (LAGIOIA, 2009).


O crescimento industrial trazido pelo pós guerra (1946), em especial nos

estados do sul, iniciou o processo de substituições de importações de bens de


consumo duráveis.

A Lei da Usura que impunha a limitação dos juros a 12% ao ano dominava
e, impedia o governo de financiar o crescimento industrial por meio da emissão

de títulos públicos. Com as necessidades financeiras sendo satisfeitas por meio da


emissão primária de moeda, contribuindo para acelerar o processo inflacionário.

Nesta época o sistema financeiro apresentava deficiências que


impossibilitavam a criação de um processo de intermediação financeira capaz de

mobilizar os investimentos, o que se traduzia em um baixo nível de poupança


oficializada (LAGIOIA, 2009).

Diante deste cenário, a produção de bens duráveis como automóveis e


eletrodomésticos crescia, o crédito com prazo compatível para viabilizar a

comercialização por sua vez era escasso. Junto a tal cenário a inflação crescente
extinguia os depósitos em longo prazo, sendo que os fundos disponíveis para

operar consistiam nos depósitos a vista. Os bancos apenas poderiam emprestar

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em curto prazo e sob o risco de provocar um desequilíbrio de seu caixa por

saques inesperados (LAGIOIA, 2009).


Observação a ser feita é que, mesmo com um limite de 12% ao ano, os

bancos no momento de concessão de crédito achavam uma forma de burlar


acrescendo juros por fora, sobrecarga de comissões, contas vinculadas, etc. Com

isso os bancos passaram a levar grande vantagem na formação de seus spreads –


diferença entra a taxa de captação e a taxa de empréstimo – pois com os recursos

em médio prazo escassos havia a necessidade de operações em prazos mais

curtos. A rentabilidade proporcionada pela alta rotatividade dos empréstimos era


fruto das diferenças de taxas (spread) de até 50% ao ano (LAGIOIA, 2009).

Para que houvesse o alavancamento de depósitos, os bancos passaram a


abrir novas agências, sem com isso preocuparem-se com os custos. A

intermediação alcança um índice de comprometimento tal que os poupadores,


para fugir da defasagem de remuneração oferecida pelos bancos (12% ao ano) e a

inflação, passam a aplicar nos ativos reais, aqueles que se protegem num contexto
inflacionário, o que gerou uma especulação imobiliária (LAGIOIA, 2009).

Frente a tudo isso, o governo não via possibilidade de êxito devido à Lei da
Usura, à deficiência fiscalizadora tributária, à sonegação e ao atraso dos

contribuintes pelo recolhimento. Tudo isso sinaliza a necessidade de uma


reestruturação urgente. O ministro Correa e Castro instituiu uma comissão para

formular um projeto de reforma bancária. Tal modificação foi concebida com a


criação do Sistema Financeiro Nacional (SFN), com a incorporação da Comissão

de Valores Monetários (CVM) em 1976 (LAGIOIA, 2009).

BUSCANDO CONHECIMENTO

Sistema Financeiro Nacional

De acordo com Assaf Neto (2012), é composto o Sistema Financeiro


Nacional (SFN) por um conjunto de instituições financeiras públicas e privadas que
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agem por meio de diversos instrumentos financeiros, na captação de recursos,

distribuição e transferência de valores entre os agentes econômicos.

O Sistema Financeiro Nacional pode ser definido como um


conjunto de mercados, instituições e instrumentos financeiros
que possibilitam a transferência de recursos dos ofertadores finais
para os tomadores finais. Os tomadores finais se identificam com
os agentes deficitários. São aqueles que não dispõem de
excedente de renda e por isso necessitam de recursos (poupança
alheia) para gastar com consumo ou investimentos. Estão
dispostos a pagar juros pelo capital tomado (LAGIOIA, p. 41,
2009).

O órgão máximo do Sistema Financeiro Nacional é o Conselho Monetário


Nacional (CMN), o qual não desempenha funções executivas, tem como missão

definir as diretrizes de funcionamento do Sistema Financeiro Nacional bem como


formular toda a política de moeda e crédito da econômica, visando atender a seus

interesses econômicos e sociais (ASSAF NETO, 2012).


Vinculados ao Conselho Monetário Nacional (CMN), estão o Banco Central

do Brasil (Bacen) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O conjunto de tais


instituições unidas forma o subsistema normativo do SFN, sendo responsável pelo

funcionamento do mercado e de suas instituições (ASSAF NETO, 2012).


Figura 01 – Composição do Sistema Financeiro Nacional

Órgãos Entidades
Operadoras
Normativos Supervisoras

Instituições financeiras
Banco Central do
captadas de deposito a Demais
Brasil (Bacen)
Conselho vista intermediários

Monetário Bolsa de financeiros e


Nacional Comissão de valores e administradores
Sociedades
(CMN) Valores Bolsa de de recursos de
Corretoras
Mobiliários (CVM) Mercadorias terceiros

e futuros

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Sociedade de
Conselho
Superintendência capitalização e
Nacional de
de Seguros IRB – Brasil Sociedades Entidades
Seguros
Privados Resseguros Seguradoras abertas de
Privados
(Susep) previdência
(CNSP)
complementar

Conselho de
Secretaria de
Gestão de Entidades fechadas de previdência
Previdência
Previdência complementar
Complementar
Complementar (fundos de pensão)
(SPC)
(CGPC)

Fonte: Lagioia, p. 42, 2009.

De acordo com Lagioia (2009), o Sistema Nacional Financeiro é composto


por diversas instituições que podem ser divididas em três segmentos: o

normativo, o supervisor e o operativo, a saber:


· Normativo: com a função de elaborar as normas do Sistema

Financeiro Nacional, composto pelo Conselho Monetário Nacional


(CMN), o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e o

Conselho de Gestão de Previdência Complementar (CGPC);


· Supervisor: com a função de fiscalizar e controlar as normas

elaboradas pelas autoridades monetárias; é composto pelo Banco


Central do Brasil, pela Comissão de Valores Mobiliários, pela

Superintendência de Seguros Privados e pela Secretaria de


Previdência Complementar; e,

· Operativo: aplica as normas e cria as condições operacionais para


implementá-las. É composto pelas instituições financeiras públicas e

privadas que atuam no sistema financeiro, que por sua vez são
agrupadas em três grandes grupos:

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o As que são normatizadas pelo Conselho Monetário Nacional:
§ Instituições financeiras captadoras de depósito a vista;

§ Bolsa de valores, bolsa de mercados futuros e


sociedades corretoras; e,

§ Demais intermediários financeiras administradores de


recursos de terceiros (agências de fomento, banco de

investimentos e cooperativas de crédito).

o As que são normatizadas pelo Conselho Nacional de Seguros

Privados:
§ Sociedades seguradoras e resseguradoras; ,e

§ Sociedade de capitalização e demais entidades abertas


de previdência complementar.

o As que são normatizadas pelo Conselho de Gestão de

Previdência Complementar:
§ Entidades fechadas de previdência complementar

(fundos de pensão).

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Unidade 02 - Introdução ao Sistema Financeiro Nacional –
Parte II

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos: Apresentar e conceituar as entidades componentes do Sistema


Financeiro Nacional

Conhecida a estrutura do Sistema Financeiro Nacional é essencial

conhecermos cada um dos órgãos que o compõem e suas atribuições.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Conselho Monetário Nacional


Criado pela lei da Reforma do Sistema Financeiro Nacional, lei no. 4.595, em

substituição ao Conselho da Moeda e Crédito Saiba mais sobre o Conselho Monetário


Nacional acessando:
(SUMOC), tem como finalidade formular a
http://www.fazenda.gov.br/portugues/
política da moeda e do crédito, visando ao
orgaos/cmn/cmn.asp
progresso econômico e social do país. Integram

o CMN o Ministro da Fazenda (presidente), o Ministro do Planejamento,

Orçamento e Gestão e o Presidente do Banco Central do Brasil.


Suas principais atribuições são:

1. Adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades


da economia e seu processo de desenvolvimento;

2. Regular o valor interno da moeda, prevenindo ou corrigindo os


surtos inflacionários ou deflacionários de origem interna ou externa,

as depressões econômicas e outros desequilíbrios de fenômenos


conjunturais;

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3. Regular o valor externo da moeda e o equilíbrio do balanço de

pagamento no país, tendo em vista a melhor utilização dos recursos


em moeda estrangeira;

4. Zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras;


5. Coordenar as políticas monetárias, cambial, creditária, fiscal e da

dívida pública, interna e externa (LAGIOIA, 2009).

Sendo que com a lei no. 4.595/64 foi atribuído ao CMN:

· Autorizar a emissão de papel-moeda;


· Disciplinar o crédito em todas as modalidades e as operações creditícias
em todas as suas formas, inclusive aceites, avais e prestações de quaisquer
garantias por parte das instituições financeiras;
· Limitar sempre que necessário as taxas de juros, descontos, comissões e
qualquer outra forma de remuneração de operações e serviços bancários
ou financeiros;
· Determinar as taxas do recolhimento compulsório das instituições
financeiras; e,
· Regulamentar, fixando limites, prazo e outras condições, as operações de
redesconto de empréstimo efetuadas com quaisquer instituições
financeiras públicas ou privadas de natureza bancária (LAGIOIA, 2009).

Conselho Nacional de Seguros Privados

É responsável pela fixação de diretrizes e normas da política de seguros


privados. É composto pelo Ministro da Fazenda (presidente), representante do

Ministério da Justiça, representante do Ministério da Previdência Social,


Superintendente de Seguros Privados, representantes do Banco Central do Brasil e

representante da Comissão de Valores Monetários (LAGIOIA, 2009).


Suas funções de acordo com Lagioia (2009) são:

1. Regular a constituição, organização, funcionamento e fiscalização dos


que exercem atividades subordinadas ao Conselho, bem como

aplicação das penalidades previstas;

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2. Fixar as características gerais dos contratos de seguro, previdência

privada aberta, capitalização e resseguro;


3. Estabelecer as diretrizes gerais das operações de resseguro;

4. Prescrever os critérios de constituição das Sociedades Seguradoras, de


Capitalização, Entidades de Previdência Privada Aberta e

Resseguradores, com fixação de limites e técnicos das respectivas


operações, e disciplinar a corretagem de seguros e a profissão de

corretor (LAGIOIA, 2009).

Conselho Nacional de Previdência Complementar

É um órgão colegiado que integra a estrutura do Ministério da Previdência

Social e com competência para regular, normatizar e coordenar as atividades de


Entidades Fechadas de Previdência Complementar (fundos de pensão), podendo

julgar em última instância os recursos interpostos contra as decisões da Secretaria


de Previdência Complementar (LAGIOIA, 2009).

Banco Central do Brasil

O Banco Central é órgão executivo e atua,


Saiba mais sobre o Banco Central do
em principal, como organismo fiscalizador do Brasil acessando:

mercado financeiro, gestor do sistema financeiro www.bcb.gov.br

e executor da política monetária do governo. Por


sua vez, a Comissão de Valores Mobiliários abrange três segmentos importantes

do mercado financeiro, são eles; instituições financeiras, companhias de capital


aberto emitentes de títulos e valores mobiliários e investidores (ASSAF NETO,

2012).
É de sua responsabilidade de acordo com Lagioia (2009):

1. Emissão de papel-moeda e de moeda metálica;


2. Executar os serviços do meio circulante
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3. O recebimento dos depósitos compulsórios dos bancos;

4. A realização de operações de redesconto e empréstimos a


instituições financeiras;

5. Regular a execução dos serviços de operações de redesconto de


compensação de cheques e outros papéis;

6. A realização de operações de compra e venda de títulos públicos


federais e a emissão de títulos de responsabilidade própria,

como instrumentos de política monetária;

7. A fiscalização das instituições financeiras bem como a aplicação


das penalidades previstas;

8. Controlar e fiscalizar o crédito;


9. Negociar a dívida externa e administrar a dívida interna;

10. Estabelecer os critérios para ocupação de cargo de direção nas


instituições financeiras;

11. Atentar para interferência de outras empresas no mercado


financeiro;

12. Ser depositário de reservas oficiais de ouro e moedas


estrangeiras do país; e,

13. Todos os atos que dizem respeito a instalação, funcionamento,


fusão, incorporação etc., de instituições financeiras.

Assim o Bacen é considerado:

· O banco dos bancos;


· Gestor financeiro nacional;

· Banco de emissão; e,
· Agente financeiro do governo.

Até a criação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Bacen exerceu

as atribuições de organizador, fiscalizador e regulador do mercado de capitais


(LAGIOIA, 2009).
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Comissão de Valores Mobiliários
É uma autarquia vinculada ao Saiba mais sobre a Comissão de Valores
Ministério da Fazenda, instituída pela lei no. Mobiliários acessando:

6.385, sendo responsável pela www.cvm.gov.br

regulamentação, desenvolvimento, controle e fiscalização do mercado de valores


mobiliários (LAGIOIA, 2009).

Tem por finalidade disciplinar, fiscalizar e desenvolver o mercado de

valores mobiliários, no qual são negociados os títulos emitidos pelas empresas


para a captação de recursos que são destinados ao financiamento de suas

atividades (LAGIOIA, 2009).


As atribuições fundamentais da CVM são:

1. Promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do


mercado de ações bem como estimular as aplicações permanentes

em ações do capital social de companhias abertas;


2. Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados da

bolsa e do balcão;
3. Proteger os titulares de valores mobiliários e os investidos do

mercado: de emissões irregulares de valores mobiliários, atos ilegais


de administradores e acionistas controladores das companhias

abertas ou de administradores de carteira de valores mobiliários;


4. Evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação de mercado;

5. Assegurar o acesso do público a informações sobre os valores


mobiliários negociados e as companhias que os tenham emitidos;

6. Assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no


mercado de valores mobiliários; e,

7. Assegurar a observância das condições de utilização de crédito


fixado pelo Conselho Monetário Nacional (LAGIOIA, 2009).

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BUSCANDO CONHECIMENTO

Superintendência de Seguros Privados

Autarquia vinculada ao Ministério da Fazendo, responsável pelo controle e

fiscalização do segmento de seguros, previdência privada aberta e capitalização.


Constituem suas principais atribuições:

1. Fiscalizar a constituição, organização, funcionamento e operação

das Sociedades Seguradoras, de Capitalização, Entidades de


Previdência Privada Aberta e Resseguradores, na qualidade de

executora da política traçada pelo Conselho Nacional de Seguros


Privados (CNSP);

2. Atuar no sentido de proteger a capitalização de poupança popular


que se efetua através das operações de seguro, previdência privada

aberta, de capitalização e resseguro;


3. Zelar pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados

supervisionados;
4. Promover o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos

operacionais a elas vinculados;


5. Promover a estabilidade dos mercados sob sua jurisdição;

6. Zelar pela Liquidez e solvência das sociedades que integram o


mercado;

7. Disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em


especial, os efetuados em bens garantidores de provisões técnicas;

8. Cumprir e fazer cumprir as deliberações do CNSP e exercer as


atividades que por este forem delegadas; e,

9. Prover os serviços de Secretaria Executiva do CNSP (LAGIOIA, 2009).

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Secretaria de Previdência Complementar

É um órgão do Ministério da Previdência Social ao qual cabe a fiscalização

das atividades das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (fundos de


pensão). É assim responsável pelo controle e fiscalização dos planos e benefícios e

das atividades das entidades de previdência privada (LAGIOIA, 2009).

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Unidade 03 - Introdução ao Sistema Financeiro Nacional –
Parte III

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos: Apresentar e conceituar as entidades componentes do Sistema


Financeiro Nacional

Como vimos o Sistema Financeiro Nacional á constituído por vários

órgãos, sendo que é essencial conhecermos as funções, objetivos e finalidade do


Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e as Bolsa de Valores.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Banco do Brasil

Sociedade de economia mista – pública e privada – com seu capital

dividido em ações ordinárias transacionais em bolsa de valores, tendo a União a


maior parte das ações negociadas (LAGIOIA, 2009).

Atua como agente financeiro do Governo Federal com a função de Banco

de Investimento e Desenvolvimento e de Banco Comercial (suprimento de


numerário, compensação nacional e administração do Pasep – Programa de

Formação do Patrimônio do Servidor Público).

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)

Criado pela lei no. 1.628 de 20 de junho de


1952, como empresa pública entretanto Saiba mais sobre o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social
com personalidade jurídica de direito (BNDES) acessando:

www.bndes.gov.br
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provado e patrimônio público possui financiamentos de longo prazo e a custos

competitivos. Visa ao desenvolvimento de projeto de investidores e


comercialização de máquinas e equipamentos novos fabricados no país e

incremento das exportações brasileiras. Contribui também para o fortalecimento


da estrutura de capital de empresas privadas e o desenvolvimento do mercado de

capitais (LAGIOIA, 2009).


Sua subsidiária, integral, BNDESPAR investe em empresas nacionais por

meio da subscrição de ações e debêntures. Em sua atividade financiadora o

BNDES conta com recursos próprios vindos do Tesouro Nacional e os decorrentes


de empréstimos e doações de entidade nacional estrangeira e organismos

internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e os


repassa a seus agentes financeiros (bancos de investimentos, bancos estatais de

desenvolvimento, companhias estaduais e regionais de desenvolvimento)


(LAGIOIA, 2012).

Caixa Econômica Federal

Criada pelo decreto lei no. 759, de 12 de agosto de 1969, é uma empresa

pública vinculada ao Ministério da Fazenda. Centraliza o recolhimento e posterior


aplicação de todos os recursos oriundos do Fundo de Garantia do Tempo de

Serviço (FGTS), integra o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE), o


Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e financia projetos de saneamento básico

(LAGIOIA, 2009).
Os intermediários financeiros que atuam no mercado brasileiro são:

a) Bancos comerciais/múltiplos: correspondem às instituições


financeiras que atendem, de modo amplo, à demanda por crédito

de tomadores de recursos e também às expectativas de aplicações


de agentes poupadores. Sua grande característica é a capacidade de

interferir nos meios de pagamento da economia pela criação de


moeda escritural;
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b) Bancos de investidores: diversos dos bancos comerciais, esse

intermediário atua mais a longo prazo, oferecendo intermediação


financeira às empresas no levantamento de recursos para suprir

suas necessidades de capital fixo e de giro. Tais bancos podem


atuar em operações de maior escala como repasses de recursos

oficiais (BNDES, por exemplo), captações no exterior para repasses


internos, financiamentos de bens de produção, intermediação na

colocação de títulos de dívida emitidos por empresas, etc.;

c) Sociedades de arrecadamento mercantil: buscam à realização de


operações de leasing (arrecadamento mercantil) de bens nacionais,

adquiridos de terceiros pela arrecadadora e destinados ao uso de


empresas arrecadatárias por um período geralmente próximo ao da

vida útil do bem;


d) Sociedade de crédito, financiamento e investimento (SCFI): ou

também chamadas de financeiras. Voltam-se para o financiamento


de bens duráveis a pessoas físicas por meio do Crédito Direto ao

Consumidor (CDC); e por fim


e) Associações de poupança e empréstimos (APEs): consistem em

instituições financeiras que atuam no financiamento imobiliário.


Constituídas sob a forma de sociedade civil sem fins lucrativos,

sendo a propriedade comum de seus associados. Juntamente com a


Caixa Econômica Federal atuam na área habitacional e faz parte,

junto com outras instituições do mesmo segmento, do Sistema


Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) (ASSAF NETO, 2012).

Bolsa de valores, Bolsa de Mercadorias e Futuros e sociedades corretoras

De acordo com Lagioia (2009), a bolsa de valores e as bolsas de

mercadorias e futuros são sociedades civis sem fins lucrativos. Em março de 2008

22
houve a fusão dessas duas sociedades que passaram a se chamar BM&FBOVESPA

– Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros. Tendo como objetivos:


1. Fornecer os meios (técnicos e administrativos) e o ambiente

necessário para que a compra, a venda e a liquidação de títulos e


valores mobiliários ocorra de forma segura e eficiente;

2. Proporcionar um sistema de negociação que seja capaz de oferecer


a continuidade das cotações e a plena liquidez de títulos e valores

mobiliários negociados em seu pregão;

3. Fiscalizar o cumprimento, pelos participantes do mercado, das


normas e regulamentos que disciplinam as operações da Bolsa;

4. Oferecer aos participantes do mercado uma rápida e ampla


divulgação das operações realizadas no pregão; e,

5. Coibir a manipulação de preço por meio da triagem de notícias


divulgadas nos meios de comunicação e suspensão de negócios

que sejam respaldados em informações privilegiadas (LAGIOIA,


2009).

As bolsas de valores, de acordo com o disposto na Resolução nr.


2.690 de 28.01.2000, do CMN, constituem-se como associações
civis, sem fins lucrativos ou sociedades anônimas, e têm objetivo
social, entre outros, manter local adequado ao encontro de seus
membros e à realização, entre eles, de transações de compra e
venda de títulos e valores mobiliários, em mercado livre e aberto,
especialmente organizado e fiscalizado por seus membros, pela
autoridade monetária e, em especial, pela CVM. Além dessas
funções básicas, as bolsas de valores propiciam liquidez às
aplicações, fornecendo, concomitantemente, um preço de
referência para os ativos ali negociados, por intermédio de um
mercado contínuo, representado por seus pregões diários.
(CAVALCANTE, 2009, p. 31-32)

As operações realizadas na bolsa envolvem os


mercados à vista, futuro e de opções entre outros a

serem futuramente estudados na disciplina.

23
Para saber mais quanto ao Bolsa de Valores acesse:

http://www.bmfbovespa.com.br/home.aspx?idioma=pt-br

24
Unidade 04 - Títulos do Mercado de Capitais - Tipos de
Ações – Parte I

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos: Conceituar o mercado acionário


Definir a função do mercado acionário

Apresentar a necessidade e as fontes de financiamento das empresas

O mercado acionário está inserido no mercado de capitais e consiste em


um sistema de distribuição de valores mobiliários com o propósito de viabilizar a

capitalização das empresas com recursos de longo prazo possibilitando liquidez


aos títulos emitidos pelas instituições.

As instituições típicas do mercado acionário são as corretoras e as bolsas


de valores.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Cabe ao mercado acionário a canalização dos recursos ociosos dos agentes

poupadores visando ao financiamento das atividades produtivas de uma

economia.
A característica maior deste mercado é a criação de fontes de recursos,

predominantemente por meio de ações, que são negociadas, bem como outros
títulos de menor proporção tal como debêntures que não constituem propriedade

societária mas obrigação societária.


Necessário é que haja capital disponível para o desenvolvimento da

empresa.
Desta forma, há a necessidade de investir em novas tecnologias, projetos,

plantas industriais ou aquisição de máquinas e equipamentos, sendo que há duas

25
formas de financiar as atividades da empresa: recursos próprios ou de terceiros.

Os primeiros, recursos próprios, originam-se do lucro da atividade da empresa. Já


os segundos, terceiros, correspondem aos captados pela empresa no mercado.

Sendo que há um ponto ótimo na relação entre capital próprio e capital de


terceiros que maximiza o retorno sobre o capital próprio através do princípio da

alavancagem, assunto estudado na macroeconomia.


Diante deste cenário, a busca por capital de terceiros torna-se uma

necessidade para que as empresas consigam angariar tais fundos junto aos

investidores, sócios, governo ou terceiros.


Ao financiar há dois fatores a serem considerados: o capital demandado e

o interesse de emprestá-lo.
Entretanto, havendo a capacidade de empréstimos, há a possibilidade de

exposição demasiada a riscos do empreendimento.


A opção governo ou terceiros, estará vinculada a perspectiva dos

financiamentos disponibilizados pelos órgãos de fomento governamentais, como


o BNDES, por exemplo, que permitem juros subsidiários e carência para o início

dos pagamentos, o que possibilita o desenvolvimento da nação.


Assim, a opção mais comum de financiamento vem de recursos

governamentais, ou seja, não sócios.

BUSCANDO CONHECIMENTO

Os objetivos principais das sociedades corretoras são:

· Operar com exclusividade nas bolsas de Valores com títulos e


valores mobiliários de negociações autorizadas.

· Comprar, vender e distribuir títulos e valores mobiliários por conta


de terceiros.

· Formar e gerir, como líder ou participante, de consórcios para


lançamentos públicos de títulos de emissão de uma empresa, e
26
ainda encarregar-se de sua distribuição e colocação no mercado de

capitais.
· Encarregar-se da administração de carteiras de valores, mediante

critérios técnicos e com a decisão de investir atribuída à corretora.


· Encarregar-se da custódia de títulos e valores mobiliários, através

dos sistemas de custódia das Bolsas, ou em custódia própria.


· Operar em open market, desde que especificamente credenciada

pelo Banco Central do Brasil.

· Assessorar os clientes no processo de tomada de decisão,


Baseando-se em estudos elaborados por seu departamento técnico

(LAGIOIA, 2009).

Admissão societária nos principais modelos societários


Bastante comum no Brasil à sociedade limitada, consiste em uma

sociedade fechada constituída por meio de um contrato social, o qual estipula a


participação societária por meio de contas do capital social, cabendo aos sócios a

responsabilidade até o limite do capital social que subscreveram no momento que


constituíram a sociedade e respondendo solidariamente pelas quotas não

integralizadas pelos demais sócios.


Tal modo de constituição corresponde a quase a totalidade de empresas

formais no Brasil, em geral empresas de pequeno e médio porte. A busca de


capital por tais empresas não ocorre de forma demasiada e na maioria das vezes

optam pela injeção de capital social novo, suprido pelos seus sócios ou novos
sócios. Na entrada de novos sócios, tais deverão ter acesso às informações

operacionais e financeiras da empresa, para que possam tomar a decisão de


investimento.

Outro modelo societário é a sociedade por ações, que tem como


características a constituição de seu capital diluído em muitos sócios, que passam

a fazer parte da sociedade por meio da compra de ações, tendo a posse


registrada em livro de registro de ações.
27
De acordo com Lagioia (2009), estas sociedades são consideradas abertas

pois promovem a colocação de títulos e valores mobiliários em mercados de


bolsas ou balcão. O primeiro, mercado de bolsa, consiste na formação dos preços

dos títulos de valores mobiliários por meio de leilão, venda pelo maior lance. Já no
segundo, mercado de balcão, ocorre a negociação direta dos títulos e valores

mobiliários são negociados diretamente entra as partes interessadas (tomadores e


aplicadores) por meio de um intermediário financeiro, como por exemplo uma

corretora. O preço é formado por meio de um acordo entre as partes envolvidas.

A lei no. 6.385/76, com as devidas alterações promovidas pela lei no.
10.303/01 elenca os títulos e valores mobiliários que podem ser negociados no

mercado de bolsa e de balcão, são eles: ações e bônus de subscrição; debêntures;


cotas de fundos de investimento em valores mobiliários; Certificados de depósito

de valores mobiliários; Notas comerciais; Contratos futuros, de opções e outros


derivativos.

Ações

Pode-se conceituar a ação segundo Lagioia (2003), como a menor fração


do capital da sociedade anônima. Representam títulos de renda variável,

nominativos e negociáveis, sendo que não possuem prazo de resgate e podem


ser negociadas a qualquer tempo.

Quanto aos tipos de ações podem ser:


a) Forma de emissão das ações:

a. Nominativas: quando são emitidas sob a forma física de cautelas


ou certificados, compravam a existência e a pose de certa

quantidade Saiba mais sobre ações (tipos, características


especificada de e direitos) acessando:

ações; http://www.bmfbovespa.com.br/pt-
br/educacional/cursos/curso-
b. Escriturais: quando basico/fra_cur_acoes.htm
são emitidas sob a forma de registro eletrônico, no qual os

28
valores são lançados a débito ou a crédito dos acionistas, não há

documentos físicos.
b) Espécie de ações:

a. Ordinárias (ON): possibilitam a participação nos resultados da


empresa e conferem ao acionista o direito a votos nas

assembleias gerais;

As ações podem ser ordinárias, com direito a voto, ou


preferenciais, com direito de preferência sobre os lucros a serem
distribuídos aos acionistas, seja na forma de dividendos ou juros
sobre o capital próprio, sendo que após o Plano Collor, todas
ações passaram a ser obrigatoriamente emitidas na forma
nominativa ou escritural. (www.bmfbovespa.com.br)

Uma emissão de ações ordinárias pode resultar em uma


mudança no grupo de pessoas e/ou organizações que são os
donos da sociedade anônima, porque cada ação representa uma
parcela da propriedade da sociedade. Como dono de uma ação,
o comprador tem o direito de receber os dividendos pagos pela
companhia e de votar nas assembleias de acionistas que
escolhem os diretores. . (www.bmfbovespa.com.br)

b. Preferenciais: garantem ao acionista a prioridade na distribuição


de dividendos e no reembolso de capital.

De acordo com Lagioia (2009), o detentor de ações ordinárias tem a

prerrogativa do voto, que é um poder de decisão, nas assembleias. Para que fique
mais claro comparemos o voto político:

Tabela 01 - Comparação entre o voto político e voto na companhia

Voto político Voto na companhia

1 eleitor = 1 voto 1 ação = 1 voto


Vence quem tem mais eleitores Vence quem tem mais ações
Para isso é necessário: realizar Para isso é necessário comprar mais

29
campanhas eleitorais, fazer alianças, ações ordinárias, fazer alianças, etc.
etc.

Fonte : Lagioia, 2009.

Desta forma, é nítido que as decisões são tomadas por quem detém o

maior número de ações e com a pulverização de ações é possível que um grupo


com pequena quantidade de ações possa assumir o controle de uma companhia

(LAGIOIA, 2009).

Já quanto à atratividade das ações podemos compreendê-la da seguinte


maneira:

Tabela 02 - Atratividade das ações por tipo de mercado

Situação Mercados pequenos Mercados grandes

Possuir o controle Necessita-se de grandes Pode ocorrer com


acionário capitais. capitais menores.

Perda do controle Muito difícil de ocorrer. Faz parte do jogo e influi


acionário no preço das ações

ordinárias.

Efeito da disputa pelo Nenhum. Com recursos

controle acionário sobre relativamente pequenos,


as cotações das ações a disputa pelo controle

acionário ela o preço das

ações.

Atratividade das ações Pequena: os preços ficam Grande: os preços ficam

ordinárias deprimidos. atraentes.

Fonte : Lagioia, 2009.

30
Ainda de acordo com a lei brasileira há as ações de gozo ou fruição, as

quais são formas acionárias que despertam o interesse apenas aos fundadores da
companhia e não são objeto de negociação pela CVM, estão definidas no estatuto

social da empresa (LAGIOIA, 2009).


De acordo com Lagioia (2009), as ações podem ser classificadas quanto a

sai liquidez, a saber:


· Blue chips ou de 1º. linha: constituem as ações de grande liquidez, é

procurada no mercado por grande parte dos investidores, em geral

de empresas tradicionais de grande porte, nacionais e de excelente


reputação;

· Small caps ou de 2º. linha: ações com um pouco menos líquidas,


empresas de boa qualidade, em geral de grande e médio porte,

com potencial de crescimento, sendo que o acompanhamento deve


ser feito de forma mais frequente e apresenta maior risco; e,

· De 3º. linha: ações com pouco liquidez, em geral de companhias de


médio e pequeno porte, cuja negociação caracteriza-se pela

descontinuidade.

As negociações das ações ocorrem por conta de recibos representativos de


uma carteira de ações com quantidades previamente fixadas e conhecidas no

momento de sua constituição (LAGIOIA, 2009).


As carteiras podem ser constituídas com as mais variadas composições,

sendo direcionada a cada perfil de investidor (conservador ou agressivo). As


carteiras ficam depositadas sob custódia na Companhia Brasileira de Liquidação e

Custódia (CBLC). Essa instituição é responsável pelo registro das carteiras e


emissão dos respectivos recibos (LAGIOIA, 2009).

O recibo de carteira de ações oferta uma nova forma de investimento para


os investidores, o que possibilita, através de uma única operação, comprar ou

vender um portfólio de ações (LAGIOIA, 2009).


No próximo capítulo será tratado o assunto referente ao valor das ações.
31
Unidade 05 - Títulos do Mercado de Capitais - Valores de
Ações – Parte II

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos: Conceituar os tipos de valores de ações


Apresentar os direitos dos acionistas

A formação dos preços é aspecto essencial para o mercado de ações,

sendo que a negociação das ações é feita nas bolsas de valores ou no mercado
de balcão. A cotação é publicada em jornais e sites, sendo resultado da oferta e

da procura de papeis nas negociações diárias ocorridas no mercado (LAGIOIA,


2009).

ESTUDANDO E REFLETINDO

De acordo com Lagioia (2009), as principais referências da cotação podem

ser compreendidas de acordo com a tabela abaixo:

Tabela 01 - Tipos de Cotação

Tipo Conceito

Abertura Primeira cotação, abertura de um dia de negociações.

Fechamento Última cotação, no encerramento dos negócios.

Máxima Maior cotação do dia.

Média Cotação média do dia.

Mínima Menor cotação o dia.

Último Última cotação do dia.

Oscilação Porcentual de variação em relação ao fechamento do

dia anterior.

32
Oferta de compra Cotação da última oferta de compra registrada.

Oferta de venda Cotação da última oferta de venda registrada.

Número de negócios Quantidade de negócios realizados com cada ação.

Quantidade de negócios Quantidade de ações negociadas

Fonte : Lagioia, 2009.

Abaixo, apresentam-se as conceituações referentes aos valores que

podem coexistir em uma ação de acordo com Lagioia (2009), a saber:

· Valor nominal: é o valor estabelecido pelos estatutos da empresa


e corresponde ao capital social da sociedade anônima dividido

pela quantidade de ações;


· Valor patrimonial: corresponde ao patrimônio líquido da empresa

dividido pela quantidade de ações;


· Valor intrínseco: consiste no valor que é analisado por meio de

uma metodologia específica, a qual determina o preço justo da


ação. É calculado tendo como base o valor atual do papel e a

expectativa de resultados futuros. Utilizado pelos analistas para


verificar se um papel deve ser comprado, vendido ou mantido;

· Valor de mercado: é o preço real pelo qual o papel está sendo


negociado, isto é, o quanto os investidores estão dispostos a pagar

e os vendedores a receber para efetuar as transações.

· Valor de subscrição: quando uma empresa pretende emitir novas


ações para com isso aumentar seu capital, há a necessidade de

determinar o quanto deve valer o preço dos novos papeis,


momento da subscrição. Para efetuar tal cálculo, a empresa leva

em consideração o valor de mercado atual, o valor avaliado pelos


acionistas e a propensão dos investidores em adquirir essas novas

ações.

33
O investimento em ações tem como finalidade a geração de dividendos,
aumento de valor a médio e longo prazos ou apenas como instrumentos de

especulação.
De acordo com o autor, há três formas de investir em ações, são elas:

· Individualmente: nesta o investidor procura uma corretora e contrata seus


serviços. Assessorado por da corretora, o investidor escolhe as ações que

deseja adquirir e transmite a ordem de compra diretamente para a

corretora.
· Clubes de Investimento: consiste em um grupo de pessoas físicas se reúne

e procura uma corretora para constituir um Clube de Investimentos. É


nomeado um representante do clube para contato com a corretora para

transmitir as decisões acordadas entre os participantes.


· Fundos de Investimentos: O investidor compra cotas de um fundo de

ações, administrado por uma corretora de valores, ou um Banco ou um


Gestor de Recursos independente, autorizado pela CVM.

Para Lagioia (2009), é necessário que o investidor conheça o motivo que

o levou a tal opção de investimento, uma vez que em todos há a implicação de


riscos. Neste sentido faz-se necessário apresentar alguns fatores importantes;

a. Dividendos: corresponde a uma renda mensal, semestral ou


anual com ações, corresponde a uma parcela de lucro

líquido distribuída aos acionistas, tendo como base a


quantidade de ações detidas, ao fim de cada exercício

social.
b.Valorização: é o lucro ao acionista gerado pelo lucro da

própria empresa que emitiu as ações. Quando a empresa


está em expansão ela passa a investir o seu lucro no

financiamento deste crescimento ao invés de pagar


dividendos; e,
34
c. Especulação: consiste na compra e venda de ações para

ganho com a diferença obtida, geralmente em operações


de curto prazo. Neste caso o risco se torna maior que no

anterior devido a imprevistos que podem ocorrer gerando


grande ganhos como também enormes perdas.

BUSCANDO CONHECIMENTO

Dividendos

Os dividendos são votados numa Assembleia Geral Ordinária anual, na


qual há a verificação das contas da diretoria da empresa, aprovação das

demonstrações financeiras e a votação da distribuição dos resultados obtidos


durante um determinado exercício (LAGIOIA, 2009).

Os acionistas têm direito a receber como dividendo obrigatório sua


referida parcela de lucro, devidamente estabelecida no estatuto da companhia.

Caso este seja omisso, o dividendo equivale à metade do lucro líquido do


exercício, ajustado das seguintes formas:

· Quota destinada à constituição da reserva legal,


· Importância destinada à formação de reserva para contingências e

reversão das mesmas reservas formadas em exercícios anteriores;


· Lucros a realizar transferidos para a respectiva reserva e lucros

anteriormente registrados nessa reserva que tenham sido realizados


no exercício (LAGIOIA, 2009).

Vale ressaltar que a assembleia não pode propor um percentual menor

do que 25% do lucro líquido ajustado pelos valores acima descritos.


a) Bônus de subscrição

Podem ser compreendidos como títulos negociáveis, emitidos por


companhias abertas de capital social autorizado, dando aos titulares o poder de

subscrever ações da companhia emitente (LAGIOIA, 2009).

35
De acordo com Lagioia (2009), o capital social autorizado corresponde a

um limite fixado nos estatutos sociais, em valor ou número de ações, até o


máximo permitido sem que haja com isso a modificação de seu estatuto.

b) Bonificação em ações
Com o aumento do capital de uma sociedade, por meio de incorporação

de reservas e lucros, quando são distribuídas gratuitamente novas ações aos


acionistas, proporcionalmente com as já detidas (LAGIOIA, 2009).

c) Bonificação em dinheiro

Distribuição em dinheiro aos acionistas, de acordo com o resultado de


dado exercício retido como reserva e que não foi incorporado ao capital, não

devendo ser confundido com dividendos ou juros sobre o capital próprio


(LAGIOIA, 2009).

d) Juros sobre o capital próprio


Parecidos com os dividendos representam a remuneração sobre os

capitais investidos na companhia (LAGIOIA, 2009).

Tabela 02 - Diferença entre Juros sobre o capital próprio e Dividendos

Juros sobre o capital próprio Dividendos

Distribuição optativa, vinculada á Distribuição obrigatória, vinculada a


existência desta condição no estatuto existência de lucro.

da empresa e a existência de fluxo de


caixa.

Base de cálculo: patrimônio líquido. Base de cálculo: lucro líquido ajustado.

Percentual de remuneração: limitado à Percentual de distribuição: definido em


variação da Taxa de Juros de Longo estatuto.

Prazo (TJLP).

Incidência de imposto para o acionista: Incidência de imposto para o acionista:


é tributado na fonte em 15% sobre o o valor recebido não é tributado.

valor distribuído.

36
Situação fiscal para a empresa: os juros Situação fiscal para a empresa: os
sobre o capital próprio distribuído são dividendos distribuídos não podem

considerados despesas financeiras e reduzir a base de cálculo do IRPJ e


reduzem a base de cálculo do IRPJ e CSLL devidos pela empresa.

CSLL.

Fonte : Lagioia, 2009.

De acordo com a lei no. 9.249/95, o valor dos juros pagos ou creditados
pela pessoa jurídica, a título de remuneração sobre o capital próprio, pode ser

imputado ao valor de dividendos distribuídos pelas Sociedades Anônimas (artigo


9º., parágrafo 7º.) (LAGIOIA, 2009).

e) Split ou desdobramento
Corresponde à distribuição gratuita de novas ações aos acionistas, por

meio da diluição do capital em maior número de ações, visando à liquidez aos


títulos no mercado (LAGIOIA, 2009).

f) Split ou desdobramento
Corresponde à distribuição gratuita de novas ações aos acionistas, por

meio da diluição do capital em maior número de ações, visando à liquidez aos


títulos no mercado (LAGIOIA, 2009).

g) Inplit ou grupamento
Consiste na redução da quantidade de ações em circulação, sem que haja

a alteração do capital social. Com isso ocorre uma elevação no valor unitário das
ações (LAGIOIA, 2009).

Debêntures

Podem ser conceituados como Saiba mais sobre debêntures acessando:


um título emitido pelas sociedades http://www.debentures.com.br/downlo
anônimas não financeiras de capital ads/textostecnicos/cartilha_debentures
.pdf
aberto para em médio e longo prazo

obter recursos para o financiamento de projetos ou alongamento do perfil do


passivo. As debêntures garantem ao comprador uma remuneração certa num

37
prazo certo, não dando, na maioria das vezes, o direito na participação dos lucros

(LAGIOIA, 2009).
Os tipos de debêntures são:

· Quanto à posse:
o Nominativas: nos certificados consta o nome do titular;

o Escriturais: também são nominativas sendo que não há a


emissão do certificado.

· Quanto à espécie:

o Simples: também conhecidas como não conversíveis,


conferindo ao debenturista um crédito a ser pago com

correção monetária e juros;


o Conversíveis em ações: como o próprio nome já diz são

conversíveis em ações no momento se seu pagamento com


juros e correção;

o Permutáveis: permite que seus detentores, dentro do prazo


legal, possam trocar seu título por ações de outras empresas

que não seja a da emitente da debênture.


· Quanto à garantia:

o Real: representada na forma de bens integrantes do ativo da


empresa ou de terceiros, sob a forma de penhor, hipoteca ou

anticrese, ficando indisponíveis esses bens para a negociação;


o Flutuante: estabelece o privilégio geral sobre os ativos da

companhia, sem especificação de bens, que não ficam


vinculados à emissão, sendo assim a empresa pode dispor

dos bens sem necessitar de prévia autorização;


o Garantia quirografária ou sem preferência: situação na qual o

debenturista concorre com os demais credores quirografários


em caso de falência; e,

38
o Garantia subordinada: os credores preferem aos acionistas da

companhia. Também são conhecidas como sem garantia


(LAGIOIA, 2009).

Certo é que a debênture pode possuir garantias adicionais, as quais devem

ser estabelecidas no momento da escritura de emissão, um exemplo é o da


garantia fidejussória, representada por uma fiança conferida por uma pessoa

jurídica ou física (LAGIOIA, 2009).

39
Unidade 06 - Abertura de Capital

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos: Conceituar e explicar o processo de abertura de capital


Apresentar as vantagens e desvantagens da abertura de capital

O processo de abertura da capital das empresas brasileiras constitui uma

alavanca fundamental em seu crescimento econômico e o desenvolvimento da


economia. Como será apresentado no decorrer desta unidade, a abertura de

capital possibilita a captação de dinheiro a um preço menor, em especial em


alguns momentos de escassez deste recurso. Entretanto deve o empresário ficar

ciente que a abertura de capital traz à companhia alguns custos e modificações

estruturais (LAGIOIA, 2009).

ESTUDANDO E REFLETINDO

De acordo com Lagioia (2009), apesar da abertura de capital pelas empresas, a


relação entre o nível de capitalização das empresas com ações negociadas na

bolsa e o PIB ainda é baixo, o que comprova a ainda inexperiência na


oportunidade das empresas no mercado de capital.

A globalização está tornando a decisão de abrir o capital uma necessidade


para as empresas, frente à perspectiva de expansão que resulta em novos

investimentos, na busca constante por competitividade.


É certo que tais investimentos devem vir da abertura de capital, processo

vital para empresas que buscam expansão.


Podemos traçar uma evolução da empresa até o momento de abertura de

capital, a saber:

40
· Constituição da empresa limitada: iniciado pelo empresário

transforma seu empreendimento em uma sociedade por quotas de


responsabilidade limitada. Essa abertura possibilita sua fortificação

com melhores condições de disputa de mercado em que atua;


· Constituição da sociedade anônima: consistem no

compartilhamento do patrimônio e dos resultados com seus


colaboradores por meio da injeção de capital dos últimos. Há a

mudança do contrato social para estatuto social, com a divisão do

capital social em ações; e,


· Abertura de capital: neste momento a sociedade anônima percebe

que sua competitividade está relacionada com a necessidade de


novos investimentos. Sendo assim resolver abrir seu capital para que

possa captar recursos no mercado. Para isso vende suas ações ao


público e atrai novos acionistas a se endividar junto a instituições

financeiras (LAGIOIA, 2009).

De acordo com Lagioia (2009), as características das companhias abertas


são:

1. São sociedades anônimas: têm o capital dividido em ações e seus


valores mobiliários não são admitidos nos mercados organizados

(bolsa de valores e mercado de balcão organizado), consideradas


companhias fechadas;

2. Fiscalizadas pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM : tal órgão


tem o papel de normatizar e fiscalizar o mercado de capitais bem

como a proteção dos investidores;


3. Divulgação de informações: prestam contas ao mercado, às bolsa de

valores ou entidades de balcão organizado e à própria CVM,


garantindo por meio da padronização a transparência; e,

4. Acesso acionário: negociação nas bolsas de valores de uma parcela


de seu capital.
41
Necessário neste momento é conhecer uma séria de nuances que ocorrem
na empresa com a abertura de capital e a captação de recursos, uma vez que o

retrocesso poderá custar à empresa o desgaste de sua imagem e com isso uma
série de consequências mercadológicas (LAGIOIA, 2009).

BUSCANDO CONHECIMENTO

De acordo com Lagioia (2009), a abertura de capital demanda uma


mudança no processo de gestão, uma vez que administrativamente a companhia

aberta tem maiores desafios à eficiência frente a outras empresas. Sendo a sua
bússola a maximização de seus resultados, por meio da contratação dos melhores

profissionais, melhor tecnologia e crescimento com objetividade.


Sendo que as decisões de investimentos passam a ser analisadas sob o

prisma do acionista, tendo como norteador se irão ou não se beneficiar com tal
decisão. Com isso há um constante aperfeiçoamento de sua estrutura e o

envolvimento e comprometimento de todos os escalões empresariais. A diretoria


executiva passa a conduzir o processo executivo com compromisso social e

econômico (LAGIOIA, 2009).


No processo de abertura de capitais é essencial a transparência do

processo, uma vez que há a necessidade de prestação de conta pelo empresário


com o mercado externo (sociedade em geral, governo, concorrência) e também

interno (funcionários, colaboradores), pois todos podem ser acionistas em


potencial da empresa (LAGIOIA, 2009).
Saiba mais sobre abertura de capital e
Acrescido a esta mudança o emissão de debêntures acessando:

administrador passa a prestar contas http://www.debentures.com.br/downlo


ads/textostecnicos/abertura_capital.pdf
sobre as decisões de investimentos e a
traçar expectativas de resultados que deverá cumprir, pois gere recursos de

terceiros. Para isso os números da empresa são auditados e qualificados, gerando,


por atitudes transparentes de sua gestão. Entretanto, muitos empresários são
42
resistentes a mudança e a abertura de informações e gestão da empresa, mesmo

cientes dos benefícios da abertura de capital (LAGIOIA, 2009).


De acordo com Lagioia (2009), as vantagens de abertura do capital, de

acordo com o Guia de Abertura de Capital, elaborado pela BMF&Bovespa, são:


1. Propiciar novas fontes de recursos para investimento;

2. Permitir a reestruturação de passivo;


3. Aumentar a capacidade de endividamento;

4. Proporcionar liquidez patrimonial para os acionistas;

5. Flexibilizar arranjos societários;


6. Fortalecer a imagem institucional;

7. Aumentar o nível de profissionalização dos seus funcionários, e.


8. Participação acionária dos funcionários.

Analisemos cada uma destas vantagens:

Propiciar novas fontes de recursos para investimento


O investimento no crescimento da empresa e em sua modernização ocorre

quando:
· Sua capacidade produtiva estiver totalmente utilizada;

· Necessitar adquirir novas tecnologias para se manter competitiva;


· Seu mercado apontar para um crescimento na demanda;

· Tiver boas oportunidades de absorver empresas concorrentes; e,


· Outros motivos, de acordo com cada caso específico (LAGIOIA,

2009).
Tais investimentos podem ser captados de três formas diferentes, a saber:

· Desembolso pelos atuais sócios;


· Obtenção de empréstimos no mercado financeiro; e,

· Promoção da abertura de seu capital (LAGIOIA, 2009).

43
Reestruturação do passivo

Uma empresa mesmo economicamente viável pode apresentar um passivo

mal estruturado, o que ocorre nos seguintes casos:


· Alta concentração das dívidas no curto prazo;

· Capital de giro baixo ou negativo;


· Alta concentração de dívidas representadas por empréstimos

bancários; e,

· Capitais de terceiros elencados em relação ao próprio (LAGIOIA,


2009).

Aumento na capacidade de endividamento

O limite bancário estipulado por uma instituição financeira pode

sobrecarregar os índices de endividamento e dificultar novas obtenções. Mas se a


empresa aumentar seu patrimônio líquido por meio de subscrições pode reduzir

seus coeficientes de endividamento, a habilitar-se a novos empréstimos (LAGIOIA,


2009).

Liquidez patrimonial para os acionistas

A partir do momento que as ações passam a ser negociáveis os portadores

passam a ter uma fonte de liquidez pessoal, por meio da compra e venda de
papéis (LAGIOIA, 2009).

Flexibilidade para arranjos societários

A necessidade de reestruturação societária pode ocorrer por diversos

motivos, a saber:
· Partilha de heranças;
44
· Processo sucessório;

· Saída de um importante acionista;


· Estratégia empresarial; e,

· Associações internacionais etc (LAGIOIA, 2009).

Fortalecimento da imagem institucional

Os consumidores, fornecedores, funcionários e demais ligados à empresa

de capital aberto percebem um status superior, o que interfere em sua confiança


e preferência pela companhia (LAGIOIA, 2009).

Aumento do nível de profissionalização

Os fatores que contribuem para isso segundo Lagioia (2009), são:

· Exigência por parte dos novos acionistas, dos representantes de


novos grupos no Conselho de Administração, dos grandes

investidores institucionais etc;


· Diminuição do espaço político para indicações familiares;

· Necessidade de profissionais com nível suficiente para lidar com os


novos interlocutores externos,

· Elevação do nível técnico dos profissionais dos escalões superiores


até os mais baixos; e,

· Aplicação de parte do capital em treinamento e contratação de


pessoal qualificado.

Participação acionária dos funcionários

A abertura de capital possibilita a transferência de ações aos funcionários e

confere liquidez ao patrimônio acionário, que se torna mais motivado, produtivo,


maduro e engajado com seus resultados (LAGIOIA, 2009).
45
Já as desvantagens consideradas quanto ao processo de abertura de
capitais são:

· Falta de confiabilidade nos assuntos da companhia, devido à


necessidade de divulgar informações ao mercado;

· Os custos inerentes à abertura de capital nas bolsas;


· Necessidade de distribuir dividendo aos acionistas; e,

· Receio da perda do controle da companhia devido à entrada de

novos sócios.

Desta forma, deve ser analisada a conveniência da abertura de capital de


acordo com a estratégia da empresa, planos de investimento, predisposição a

cumprir os requisitos das companhias abertas, questões societárias e familiares,


favorabilidade político-econômica do mercado de capital no momento de

abertura bem como o tipo de valor mobiliário e perfil da operação (LAGIOIA,


2009).

46
Unidade 07 - Análise da Conveniência da Abertura de Capital
– Parte I

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos: Explicar e analisar a conveniência para abertura de capital


Apresentar e explicar as etapas para abertura de capital

Apresentar os custos para abertura de capital

A abertura do capital deve ser conversada de forma séria e em


profundidade pelos sócios da empresa para que se possa ter consciência de sua

aplicabilidade e importância. É recomendado que este processo seja


acompanhado por um consultor especializado em abertura de capitais, bem como

serem analisadas questões referentes à empresa. Não há um prazo para a


realização desta análise, apenas sendo recomendável que a empresa somente dê

início ao processo a partir do momento que conheça os resultados e exigências


(LAGIOIA, 2009).

ESTUDANDO E REFLETINDO

De acordo com Lagioia (2009), há uma série de etapas para a abertura do


capital de uma empresa. Em conformidade com o Guia de Abertura de Capital da

Bolsa de Valores de São Paulo, as etapas são:


1. Análise preliminar sobre a conveniência da abertura,

2. Escolha de auditoria independente;


3. Escolha de intermediário financeiro.

4. Estudos técnicos, definição de preço e volume da operação;


5. Adaptação dos estatutos e outros procedimentos legais;

6. Contrato de coordenação e distribuição;

47
7. AGE deliberativa da operação e período de preferência;

8. Processos de obtenção de registro junto à CVM


9. Processo de registro da empresa em Bolsa(s) de Valores;

10. Formação do pool de distribuição;


11. Marketing junto aos investidores potenciais;

12. Anúncio do início de distribuição pública;


13. Subscrição dos novos títulos ou leilão em bolsa;

14. Liquidação financeira; e,

15. Anúncio do encerramento de distribuição pública.

O quadro abaixo apresenta a sequencia de etapas e indica os responsáveis


pela execução e dimensionamento do prazo mínimo requerido para a finalização.

Quadro 01 - Etapas para abertura de capital

Fonte: Guia de Abertura de Capital (BMF&Bovespa) apud Lagioia, p. 42, 2009.

48
BUSCANDO CONHECIMENTO

Analisaremos agora cada uma das etapas citadas acima:

Análise preliminar sobre a conveniência da abertura

Neste momento devem ser apreciadas questões referentes aos seguintes

aspectos:

a. As razões que levam a companhia a considerar a abertura do


capital;

b. Planos de investimentos, situação financeira e societária da empresa;


c. Disposição para atender as exigências legais e ter maior

transparência;
d. Necessidade prévia de reestruturação societária da empresa ou do

grupo;
e. Análise das situações macroeconômica e política e suas relações

com o mercado de capitais, para verificar se o momento é oportuno


para a abertura de capital;

f. Análise dos diversos segmentos dos mercados financeiros e de


capitais para a escolha do título mais adequado; e,

g. Definição, mesmo que preliminarmente, do perfil da operação


(LAGIOIA, 2009).

Escolha de auditoria independente

A abertura de capital exige a


Conheça mais sobre os procedimento
contratação de empresa de auditoria
sobre abertura de capital acessando:
devidamente registrada na CVM. A escolha
http://www.bmfbovespa.com.br/pt-
deve ser pautada na imparcialidade e br/educacional/download/BMFBOVESP
A-Como-e-por-que-tornar-se-uma-
companhia-aberta.pdf
49
conceituação da empresa no mercado bem como a realização das auditorias em

consonância com a legislação pertinente e com os princípios fundamentais da


contabilidade (LAGIOIA, 2009).

Escolha de intermediário financeiro

A abertura de capital, de acordo com a legislação, deve ser feita por um

intermediário financeiro, que pode ser uma corretora de valores, um banco

múltiplo, banco de investimento ou distribuidora, que será o responsável pela


coordenação da operação (LAGIOIA, 2009).

Estudos técnicos para definição de preço e volume da operação

A instituição financeira envia especialistas para realizarem a análise da

situação financeira da empresa, capacidade de pagamento futuro dos


compromissos financeiros e modelo de abertura de capital. Para isso os estudos

levam em conta:
a. Análise das demonstrações financeiras;

b. Contato preliminar com a área financeira;


c. Visita às instalações produtivas ou de prestação de serviços,

responsáveis pela geração da receita da companhia;


d. Entrevista nas áreas comercial, marketing e de planejamento

estratégico;
e. Análise do setor de atuação da companhia e da concorrência;

f. Desenvolvimento de projeções de resultado, incluindo várias


simulações de aporte de recursos, no caso de um lançamento

primário; e,
g. Discussão com a área financeira dos valores obtidos no trabalho

desenvolvido no item anterior e negociação final do volume e


demais condições da operação, a saber:
50
I Análise dos indicadores de mercado das companhias

atuantes no mesmo setor, com porte semelhante e que


tenham ações negociadas em Bolsa;

II Preço de subscrição ou preço mínimo de leilão em


Bolsa;

III Grau de diluição do capital, após a subscrição, como


decorrência do volume e preço da operação;

IV Escolha de espécie e forma das ações; e,

V Política de dividendos a ser adotada, com regra


básica definida do Estatuto Social (LAGIOIA, 2009).

Adaptação dos estatutos e outros procedimentos legais

Transformação da empresa em sociedade por ações mediante a realização

de Assembleia Geral Extraordinária (AGE), com a deliberação da nova


denominação social, composição do capital social e alteração do Contrato Social à

condição de sociedade anônima, por meio da elaboração de um Estatuto Social


(LAGIOIA, 2009).

Tal estatuto deverá ter as modificações estatutárias, a constituição do


Conselho de Administração, que nomeia a Diretoria e o Diretor de Relações com

o Mercado, que deverá ter amplo conhecimento na área de empresa e gozar de


reputação no mercado (LAGIOIA, 2009).

51
Unidade 08 - Análise da Conveniência da Abertura de Capital
– Parte II

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos: Explicar e analisar a conveniência para abertura de capital


Apresentar e explicar as etapas para abertura de capital

Apresentar os custos para abertura de capital

Nesta unidade continuaremos a analisar quanto às etapas quanto a


abertura de capital de uma empresa.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Contratos de coordenação e distribuição

Consiste na definição das características da distribuição, essencialmente se

haverá garantia firme de subscrição ou se a operação será feita no regime de


melhores esforços. A primeira garantia firma o coordenador, e os demais

participantes assumem a responsabilidade de subscrever os valores mobiliários

não colocados no mercado. Já nos melhores esforços, o risco da não colocação


dos títulos é apenas da empresa emissora (LAGIOIA, 2009).

AGE deliberativa da operação e período de preferência

Autorização pela Assembleia Geral Extraordinária do lançamento de novos

valores mobiliários, com as principais características da operação. Pode ser


deixada para o Conselho de Administração a decisão do preço da ação. Na AGE

52
podem ser feitas as adaptações comentadas no item referente ao estatuto e os

procedimentos legais (LAGIOIA, 2009).

Processos de obtenção de registro junto à CVM

Para a abertura de capital a empresa deve requerer junto à CVM o registro


da emissão pública e o registro de companhia para negociação em Bolsa ou no

mercado de balcão. Tais informações compõem o Prospecto, sobre a companhia

que ao final deve estar à disposição dos investidores iniciais. Pata o início do
processo a CVM cobra uma taxa de registro de emissão, cujo valor depende da

operação (LAGIOIA, 2009).

Processos de registro da empresa em bolsa de valores

As ações são negociadas em Bolsas de Valores ou mercado de balcão


sendo que para isso é necessário o registro da companhia na Bolsa. Para isso, a

companhia deverá requerer junto à Bolsa, anexando os documentos enviados à


CVM, e posteriormente, o número de autorregulação. A CVM delega às Bolas o

direito de estabelecerem prerrequisitos adicionais para o registro da companhia.


(LAGIOIA, 2009).

Formação do pool de distribuição

Estando o processo na CVM, o coordenador da operação busca organizar

um conjunto (pool) de instituições financeiras que participarão da distribuição


(LAGIOIA, 2009).

53
Marketing junto aos investidores

Tendo o prospecto preliminar, o coordenador da operação já passa a

buscar investidores potenciais, para com isso agilizar a distribuição (LAGIOIA,


2009).

Os materiais e ações de marketing que devem ser produzidos nesta etapa


são:

· Material publicitário, sintetizando as informações do prospecto;

· Visitas às empresas, direcionadas a investidores potenciais; e,


· Promoção de reuniões com Associação Nacional dos Analistas de

Mercado de Capitais (ABAMEC) (LAGIOIA, 2009).

Anúncio de início de distribuição pública

Com o registro concedido pela CVM, tem início o processo de distribuição


pública por meio do Anúncio de Início de Distribuição Pública, que deverá ser

vinculado duas vezes em jornal de grande circulação (LAGIOIA, 2009).

Subscrição dos novos títulos ou leilão em bolsa

No processo de colocação de novos títulos no mercado (lançamento


primário), os investidores subscrevem estes últimos por meio do preenchimento

de boletim de subscrição, com modelo já previamente submetido a CVM. Como


também podem ser adotados processos alternativos ao leilão ou a busca por uma

maior pulverização da colocação (LAGIOIA, 2009).

54
Liquidação financeira

A instituição, com a subscrição dos títulos, deve promover a liquidação

financeira, que consiste no recebimento dos valores dos investidores e o repasse a


companhia emissora (LAGIOIA, 2009).

BUSCANDO CONHECIMENTO

Anúncio de encerramento da distribuição pública

Cabe ao coordenador da operação publicar anúncio de encerramento até,


no máximo, 15 dias após a conclusão da distribuição (LAGIOIA, 2009).

Para que a empresa possa manter as condições de companhia aberta,


devem ser cumpridas algumas exigências e envio de documentos à CVM, às

Bolsas de Valores e aos acionistas, a saber:


a. Edital de divulgação das Assembleias Gerais Ordinárias e

Extraordinárias;
b. Divulgação de quaisquer fatos relevantes relacionados à companhia;

c. Relatório da Administração, Demonstrações Financeiras Anuais e o


Parecer dos Auditores Independentes;

d. Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFP)


e. Informações Trimestrais (ITR); e,

f. Informações Anuais (IAN) (LAGIOIA, 2009).

A companhia para trimestralmente taxas à Bolsa de Valores e a taxa de


fiscalização à CVM. Sendo que a empresa deverá ter ciência abertura de capital e

a emissão de valores mobiliários consiste a uma forma de financiamento da


empresa. Apresentam-se abaixo os resultados de uma pesquisa frente aos

levantamentos de custos de abertura de capital. Os custos podem ser divididos


em duas etapas:
55
a. Aqueles referentes ao processo de abertura da capital; e,

b. Ocorridos quando da efetiva distribuição de ações.

Tabela 01 – Simulação dos custos de uma emissão pública de ações – R$ 100


milhões

56
Fonte: Custos de abertura de capital e manutenção da companhia aberta

(BMF&Bovespa) apud Lagioia, 2009, p. 117.

57
Unidade 09 - Funcionamento dos Mercados de Capitais

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos: Apresentar o funcionamento de mercados de capitais.

Como já dito anteriormente o as Bolsas de Valores estão sujeitas à


supervisão da Comissão de Valores Mobiliários, CVM, e obedecem às diretrizes e

políticas legisladas pelo Conselho Monetário Nacional. Sendo assim essencial é


conhecer como funciona o mercado de capitais e o mercado de ações da Bovespa

(LAGIOIA, 2009).

ESTUDANDO E REFLETINDO

De acordo com Lagioia (2009), até o ano de 2007, no Brasil existiam sete

bolsas de valores, são elas:


1. Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESP)

2. Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ)


3. Bolsa de Valores Minas – Espírito Santo – Brasília - Bovmesb

4. Bolsa de Valores do Paraná (BVPR)


5. Bolsa de Valores Regional (BVRG)

6. Bolsa de Valores Bahia – Sergipe – Alagoas (BVBSA)


7. Bolsa de Valores de Pernambuco e Paraíba (BOVAPP)

Sendo que houve um movimento de unificação das atividades dessas

bolsas em torno da Bolsa de Valores de São Paulo, culminando na abertura de


capital da Bovespa em outubro de 2007 (LAGIOIA, 2009).

A Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) também passou neste período


por um processo semelhante, sendo que em 2008 houve a sua fusão com a
58
Bovespa, resultando na empresa BM&FBovespa, apresenta-se abaixo apresenta-se

a estrutura desta nova empresa, conforme figura abaixo.


Esta empresa opera em mercados distintos, sendo que cabe a Bovespa

operações no mercado de títulos e valores mobiliários e a BM&F o mercado de


commodities e futuros.

Abordemos agora as operações realizadas pelo segmento Bovespa


detalhando de forma especial as operações com ações.

Figura 01 - Estrutura simplificada na Nova Bolsa

Fonte: Lagioia, 2009, p. 131

(*) CBLC – Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia

BUSCANDO CONHECIMENTO

Sociedades corretoras
Sujeitas às normas do Conselho Monetário Nacional, do Banco Central e da

CVM, seus principais objetivos são:

· Operar com exclusividade nas bolsas de Valores com títulos e


valores mobiliários de negociações autorizadas.

59
· Comprar, vender e distribuir títulos e valores mobiliários por conta

de terceiros.
· Formar e gerir, como líder ou participante, de consórcios para

lançamentos públicos de títulos de emissão de uma empresa, e


ainda encarregar-se de sua distribuição e colocação no mercado de

capitais.
· Encarregar-se da administração de carteiras de valores, mediante

critérios técnicos e com a decisão de investir atribuída à corretora.

· Encarregar-se da custódia de títulos e valores mobiliários, através


dos sistemas de custódia das Bolsas, ou em custódia própria.

· Incumbir-se da transferência e da autenticação de endossos,


desdobramentos de cautelas, recebimento e pagamento de

resgates, juros ou dividendos de títulos e valores mobiliários.


· Exercer funções de agente fiduciário por ordem de terceiros.

· Instituir, organizar e administrar fundos mútuos de investimentos,


bem como clube de investimentos, destinados a coletar e aplicar

numerários em títulos e valores mobiliários.


· Intermediar operações de câmbio.

· Operar em open market, desde que especificamente credenciada


pelo Banco Central do Brasil.

· Assessorar os clientes no processo de tomada de decisão,


baseando-se em estudos elaborados por seu departamento técnico

(LAGIOIA, 2009, p. 132).

Custódia de títulos

Cabe ao Conselho Monetário Nacional definir a custódia de títulos como


um serviço de guarda e do exercício de direitos de títulos, sendo prestados aos

investidores pela instituição custodiante (LAGIOIA, 2009).

60
Tais instituições são obrigadas a fornecer ao investidor estrato da conta de

custódia com a seguinte regularidade:


· Sempre que solicitado;

· Ao término de mês, quando houver alguma movimentação; e,


· Uma vez por ano, no mínimo, se não houver nenhuma

movimentação ou solicitação (LAGIOIA, 2009).

Outras tarefas das custódias de acordo com Lagioia (2209), são:

· Controlar as datas do vencimento ou prazos de resgate ou de


reaplicação;

· Controlar o exercício dos direitos produzidos pelos títulos


custodiados e tomar as providências necessárias a esse exercício,

quer junto aos custodiados, quer junto às companhias emissoras,


bem como revelar a posição de cada custodiante, com relação aos

direitos que seus títulos façam jus tão logo tenham sido anunciados,
tenham ou não sido exercidos; e,

· Controlar as posições em aberto dos mercados de futuros, de


opções e a termo.

Relações com o investidor

Tal relacionamento é extremamente formal (investidor – corretora – bolsa

de valores) visando conferir às operações segurança e transparência, essenciais a


sua legitimação. Frente a este formalismo caminha o informalismo da relação

entre as relações pessoais cliente e profissional de investimentos, no qual há uma


exposição franca e clara para a tomada de decisões sobre investimentos (LAGIOIA,

2009).
Para ser cliente de uma corretora, deve-se preencher uma ficha cadastral,

recebimento de uma cópia da Política de Atuação da Corretora. Com a ficha em o

61
corretor leva à Bolsa de Valores, por meio da corretora, para representá-lo na

compra e venda de ações, segue abaixo fluxograma do processo:

Gráfico 01 - Fluxograma do processo para negociação na bolsa de valores

Fonte: Lagioia, 2009, p. 134.

As corretoras devem buscar no relacionamento com os investidores os


seguintes resultados:

· Oferecer uma ampla variedade de produtos, capaz de atender às


necessidades de investimento de seus clientes;

· Orientar os seus clientes sobre as diferentes alternativas de


investimento que estão ao seu alcance propondo aquelas que mais

se alinham com as expectativas de resultado e com a predisposição


ao risco;

· Realizar as operações financeiras selecionadas pelos clientes e


prestar-lhes conta da execução de suas ordens e dos procedimentos

de compensação e liquidação envolvidos;


· Responsabilizar-se perante a CMV, a Bovespa e as entidades de

compensação e liquidação pelas operações realizadas para seus

clientes e pelo depósito de garantias; e,


· Aproximar-se dos seus clientes, fornecendo-lhes informações sobre

as tendências de mercado, de modo a satisfazer às necessidades em


aconselhamento profissional exigidas pelos investidores.

62
O mercado de ações da Bovepa

Cabe ao mercado de ações proporcionar liquidez aos títulos emitidos pelas


companhias abertas a fim de estimular compra e venda desses papeis. Tal

mercado pode ser Mercado Primário e Mercado Secundário (LAGIOIA, 2009).

Mercado Primário

A partir do momento que uma companhia emite títulos novos a serem

colocados à venda, está atuando no mercado primário. A operação que está


atrelada a esta venda primária é uma operação de underwriting, processo pelo

qual uma instituição financeira coordena e pode garantir a colocação dos títulos
no mercado (LAGIOIA, 2009).

Mercado Secundário

Depois de terem sido colocados no mercado primário, os valores

mobiliários passam a ser negociados nos pregões das Bolsas de Valores. Em tais
negociações a companhia emitente ano recebe os recursos, mas sim o

proprietário do título. Destaca-se que cabe ao mercado secundário ao tributo da


liquidez aos investidores que adquiriram os títulos no mercado primário (LAGIOIA,

2009).
Já as negociações são realizadas por meio do sistema Mega Bolsa, que

consiste em um sistema eletrônico de negociação, pelo qual o fechamento de


negócios é realizado automaticamente pelos computadores da Bovespa. Sendo

que só pode ser visualizado na Bovespa ou em terminais das corretoras


cadastradas (LAGIOIA, 2009).

Para um investidor que não tenha acesso ao sistema cabe a negociação


por duas formas:
63
a) Por meio de uma corretora que emite uma ordem de compra ou
venda por telefone ou pessoalmente;

b) Acessando o home broker, que consiste em um canal de


relacionamento entre a corretora os investidores e o pregão

eletrônico (LAGIOIA, 2009).

Por fim, o mercado futuro de ações consiste em uma sofisticação do

mercado a termo, que foi o mercado pioneiro de preços estabelecidos no futuro.


Um contrato futuro consiste em um contrato a termo padronizado, no qual é

especificado o bem objeto do contrato, volume e a data de liquidação do mesmo.


A operação de comercialização ocorre por meio da Câmara de Compensação da

Bolsa (CBLC), sem o relacionamento entre as partes. È muito utilizado nas


operações vinculadas às commodities e outros ativos financeiros (LAGIOIA, 2009).

De acordo com Lagioia (2009), os participantes do mercado futuro


dividem-se em três grupos, a saber:

1. Hedgers: buscam por meio de compra e venda a futuro eliminar o

risco das perdas, fruto das variações de preço dos ativos com os
quais trabalham;

2. Especuladores: tais compram os riscos dos hedgers confiantes em


sua capacidade de prever o comportamento futuros dos preços; e,

3. Arbitrador: consiste em uma operação que busca obter vantagem


na diferença de um ativo entre dois mercados (futuro e a vista).

Outra característica que assemelha o mercado futuro com o mercado a

termo é a existência de depósitos em garantia e os ajustes diários.

64
Unidade 10 - Análise de Investimentos

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos: Apresentar o funcionamento de mercados de capitais;

Apresentar os indicadores do mercado de capitais.


Através da tecnologia de hoje os investidos pode tomar suas decisões de

investimento por meio de estratégias defensivas e com a preservação dos capitais

investidos frente ao momento anterior no qual as decisões eram tomadas às


cegas como anteriormente que o instrumento utilizado era o feeling (LAGIOIA,

2009).

ESTUDANDO E REFLETINDO

De acordo com Lagioia (2009), as características do investidor prudente


são:

· Opera com riscos cobertos para preservar capitais;


· Diversifica os papéis; e,

· Procura o longo prazo.

É certo que os investidores tendem a minimizar os ricos, o que pode ser


definido como a volatilidade dos preços no mercado e com isso opta pela

diversificação (LAGIOIA, 2009).


Para se montar uma carteira de aplicação deve-se levar em conta diferente

alternativas de aplicação de recursos disponíveis em função ao nível de risco que


apresentam, segue abaixo um mix:

Tabela 1 - Composição de uma carteira de investimentos por grau de risco

65
Estratégia – Prazo de
Risco Investimentos
Operação

Ações

Fundo de ações
Alto risco + especulação
Alto Fundos de Investimentos
(curto prazo)
Operações com derivativos
Operações alavancadas

Diversificação, mesclando Fundos de investimentos mistos

Moderado títulos conforme os riscos Mix de ativos (ações CDB, títulos


(médio prazo) públicos e privados etc.).

Imobiliários
Fundos de investimentos

Liquidez e segurança referenciados em DI


Baixo
(longo prazo) Operações de hedge (proteção)

Poupança
Participação em empresas

Fonte: Lagioia, 2009, p. 168.

Para Lagioia (2009), de acordo com o risco que o investidor está apto a
correr, há sua classificação em três tipos, com características próprias, que podem

auxiliar a composição da carteira de investimentos, a saber:

Tabela 2 - Composição de uma carteira de investimentos por tipo de

investidor

Investidor conservador Investidor moderado Investidor agressivo

Procura preservar o Busca performance, sem Não hesita nas decisões.

capital. descuidar da segurança. Procura ganhar dos

66
indicadores, priorizando a
rentabilidade

Carteira recomendada Carteira recomendada Carteira recomendada

50% em imóveis, ouro,


40% em títulos de renda 10% em títulos de renda fixa
títulos federais,
fixa de alta liquidez. de alta liquidez.
poupança.

30% em ações 40% em ações especulativas


40% títulos de renda
especulativas e operações e operações alavancadas.
fixa.
alavancadas.

10% em ações de
30% em ações de 50% em ações de alta
companhia de blue
companhia de blue chip. performance.
chip.

Fonte: Lagioia, 2009, p. 168.

De acordo com Lagioia (2009), a administração de investimentos tem como


base os seguintes raciocínios:

· Objetivos e preferências individuais quanto ao tipo de investimento;


· Atitudes do investidor com relação ao seu dinheiro (baseados nos

quatro tipos de personalidades);


· Capital inicial e capitais subsequentes que podem ser aplicados;

· Níveis de riscos aceitos para as diferentes porções desses capitais; e,


· Expectativa de rendimentos dos capitais.

Como é sabido, o mercado de renda variável opera por meio de incertezas

com possibilidade de otimismo ou pessimismo que são frutos de fatores políticos,


econômicos, tecnológicos, climáticos e culturais.

Frente a isso deve o investidor ir à busca e a avaliação das informações


divulgadas complementando com a sua análise pessoal, cabendo ao investidor

questionar-se quanto:

67
· Qual é o seu capital para essa operação?

· Qual a sua motivação pessoal para assumir esse nível de risco?


· Como procederá a operação? Em quê? Quando? Onde?

· Que tipo de análise de acompanhamento dessa operação será


selecionado?

· Quando deverá ser o momento da liquidação da operação? Qual o


preço? (LAGIOIA, 2009).

A CVM tem uma posição conservadora quanto ao especulador, a saber:

O especulador é a figura presente em qualquer mercado e, sob


certos aspectos, até importante para sua liquidez. Ele compra e
vende ações sem um horizonte temporal claramente definido, na
expectativa da emergência dos fatores que, na sua concepção,
farão as ações subirem ou descerem de cotação, quando realiza a
sua posição (evidente que, às vezes, com prejuízo). Em tese, o
especulador atua principalmente com base nas análises técnicas
de mercado ou na sua intuição. Portanto, ele é protagonista ativo
do mercado, porém ele não forja o mercado, criando condições
artificiais que venham a facilitar o objetivo da realização de lucros
em curto prazo. Muito embora em níveis exagerados a
especulação possa ser criticada, pois torna o mercado
extremamente sensível, ela não se reveste de qualquer ilegalidade
quando praticada dentro das regras do jogo (LAGIOIA, 2009, p.
170-171).

BUSCANDO CONHECIMENTO

Cabe à análise fundamentalista o estudo dos fatores que podem afetar a


oferta e a demanda de um mercado, tendo como objetivo determinar o valor

intrínseco (preço justo) de um ativo. Por essa análise é possível comprar preços
encontrando o preço do mercado e também a classificação sobreavaliado com

sinalização de venda, subavaliado com sinalização de compra que consiste no


preço condizente (justo) com o praticado pelo mercado. Cabe ressaltar que o

68
preço justo de uma ação não corresponde ao preço do título cotado nas bolsas,

representa uma avaliação individual (LAGIOIA, 2009)


Segue os indicadores da análise fundamentalista dividido por grupos:

1. Indicadores de Mercado

Os indicadores de são resultados de cálculos efetuados com dados

extraídos dos demonstrativos financeiros, das cotações e dos proventos.

1.1 Indicadores de avaliação patrimonial

a) Valor Patrimonial de Ação

Patrimônio Líquido
Valor Patrimonial da ação =
Número de ações

1.2 Indicadores de avaliação econômica das ações

a) Lucro por ação


Lucro Líquido
Lucro por ação =
Número de ações

b) Preço lucro (P/L)


Valor da cotação da ação
Preço lucro =
Lucro por ação

c) Preço Valor Patrimonial

Valor da cotação da ação


Preço Valor Patrimonial =
Valor patrimonial por ação

69
d) Distribuição de dividendos (pay out)

Dividendos distribuídos
Pay out =
Lucro líquido

1.3 Indicadores de avaliação monetária das ações


a) Dividendo por ação

Dividendos pagos
Dividendo por ação =
Número de ações

b) Retorno de caixa (Yield)

Dividendos distribuídos
Yield =
Cotação da ação

2. Indicadores de Liquidez

Os índices de liquidez avaliam a capacidade de pagamento da empresa


frente a suas obrigações. As informações para o cálculo destes índices são

retiradas unicamente do Balanço patrimonial, demonstração contábil que


evidencia a posição patrimonial da entidade, devendo ser atualizadas

constantemente para uma correta análise.


2.1 Indicadores de avaliação patrimonial

a) Liquidez geral
Ativo circulante + Ativo Realizável a longo prazo
Liquidez geral =
Passivo circulante + Passivo Realizável a longo prazo

b) Liquidez corrente
Ativo circulante
Liquidez corrente =
Passivo circulante

70
c) Liquidez seca
Ativo circulante - Estoques
Liquidez seca =
Passivo circulante

3. Indicadores de Endividamento

Os índices de endividamento relacionam as origens de recursos entre si,

retratando a posição entre capital próprio e capital de terceiros. Indicam o grau de


dependência da empresa em relação ao capital de terceiros.

3.1 Índice de participação de capitais de terceiros


Passivo Circulante + Passivo Exigível a longo prazo
Participação capital de terceiros =
Patrimônio líquido

3.2 Índice de composição de endividamento


Passivo Circulante
Composição de endividamento =
Passivo Circulante + Passivo Exigível a longo prazo

3.3 Índice de imobilização do patrimônio líquido

Investimento, imobilizado e intangível


Imobilização do patrimônio líquido =
Patrimônio líquido

3.4 Índice de imobilização de recursos não correntes

Investimento, imobilizado e intangível


Imobilização de recursos não correntes =
Passivo Exigível a longo prazo + Patrimônio líquido

71
4. Indicadores de Rentabilidade

Os índices de rentabilidade buscam evidenciar qual foi a rentabilidade dos

capitais investidos, isto é, o resultado das operações realizadas por uma


companhia e a sua preocupação com sua situação econômica.

4.1 Retorno sobre o investimento


Lucro líquido
Retorno sobre investimentos =
Ativo total (médio)

4.2 Taxa de retorno sobre o patrimônio líquido

Lucro líquido
Retorno sobre patrimônio líquido =
Patrimônio líquido (médio)

4.3 Margem de lucro

Lucro líquido
Margem de lucro =
Vendas líquidas

4.4 Giro do ativo


Vendas líquidas
Giro do ativo =
Ativo total

72
Unidade 11 - Análise técnica e Tipos de Gráficos

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos: Conceituar a análise técnica;


Apresentar os tipos de gráficos e suas considerações.

A análise técnica consiste em uma abordagem que por meio de gráficos


possibilita a determinação da melhor hora para se comprara ou vender ativos.

Esta se baseia em um fator psicológico no qual no mercado os preços das ações


não se movimentam aleatoriamente, mas sim por padrões repetitivos e

identificáveis (LAGIOIA, 2009).

ESTUDANDO E REFLETINDO

De acordo com Chaves e Rocha Conheça mais sobre análise técnica


(2004), apud Lagioia (2009), a análise acessando:

técnica não é alvo de estudos http://www.youtube.com/watch?v=XFcAFI


Hz_sM
acadêmicos devido ao seu alto grau de
subjetividade das interpretações e na dificuldade da realização de teste objetivos

para que assim se possa comprovar a sua metodologia.


Os três princípios básicos necessários para se entender a análise técnica

são:
· “Tudo” se reflete nos preços dos mercados;

· Os preços movem-se em tendências; e,


· Os movimentos do mercado são repetitivos (LAGIOIA, 2009).

Vamos analisar agora cada um desses princípios:

73
1. “Tudo” se reflete nos preços dos mercados;

Qualquer fato pode condicionar os preços das ações, pois é o preço da


ação, em um dado momento, ditado pelas exigências da oferta e da procura,

antes mesmo de seu valor intrínseco ou valor justo.

Os preços movem-se em tendências

Para esta análise os preços no mercado seguem uma determinada ordem,

é ela:
a) Primeiro, os preços das ações sobem, criando uma tendência

alta;
b) A tendência alta persiste até que o movimento dos preços

comece a diminuir, indicando movimento na direção oposta; e,


c) Tem-se início uma nova tendência, a de baixa (LAGIOIA, 2009).

2. Os movimentos do mercado são repetitivos

Afirma-se que os padrões são cíclicos e repetem, podendo ser

interpretados em termos de prováveis movimentos futuros de preços. Não é este


mercado apenas o reflexo de dados econômicos, mas também a soma da emoção

e lógica dos analistas que atuam neste segmento. Assim, é o mercado o reflexo da
confiança, medo e dos sonhos que possibilitam conhecer a psicologia das massas

e avaliar as melhores tendências (LAGIOIA, 2009).

BUSCANDO CONHECIMENTO

Tipos de gráficos da análise técnica

De acordo com Lagioia (2009), os tipos de gráficos utilizados são:


· Gráfico de barras; e,
74
· Gráfico de candles.

O gráfico de barras é o mais popular na análise técnica, e utiliza o valor de

abertura, máximo, mínimo e fechamento. Pela a barra é possível obter uma série
de informações sobre a movimentação do ativo no leilão das bolsas. O segmento

de reta da esquerda representa o valor do primeiro negócio que ocorreu no dia,


abertura do pregão, conforme abaixo:

Figura 01 - Exemplo de uma barra

Fonte: Lagioia, 2009.

Já o da direita consiste no último valor do negócio que foi realizado,


fechamento do pregão. Por fim, o ponto mais alto da barra informa o preço

máximo e o ponto mais baixo o preço mínimo praticado durante o leilão


(LAGIOIA, 2009).

Vale ressaltar que o tamanho da barra corresponde a disputa entre os


compradores e vendedores por aquele ativo, assim barras mais curtas

representam mercados mais calmos ao contrário de barras mais longas que


representam mercados mais nervosos.

75
Figura 02 - Gráfico de barras do indicado Bovespa

Fonte: Lagioia, 2009.

Já o gráfico de candles ou também conhecido como gráfico de velas, que


se popularizou no Ocidente na década de 90, utiliza também as informações de

preço máximo, mínimo, abertura e fechamento para a sua composição, conforme


abaixo:

Figura 03 - Exemplo de candles

Fonte: Lagioia, 2009.

A maior diferença entre o gráfico de barras e o de candles, consiste que o


último dá maior ênfase na informação referente aos preços de abertura e

fechamento do pregão (LAGIOIA, 2009).


No gráfico de candles a abertura e o fechamento é interligado formando

um corpo, caso no final do dias as negociações tenha ocorrido um fechamento


76
maior que a abertura o corpo da vela fica branco, caso contrário, abertura maior

que o fechamento o corpo da vela fica preto, conforme gráfico abaixo:

Figura 04 - Gráfico de candles do indicado Bovespa

Fonte: Lagioia, 2009.

A periodicidade dos gráficos pode variar e necessariamente não precisam


represe

· Diária: representando o pregão;


· Semanal: uma barra ou candle representando todos os pregões da

semana;
· Mensal: uma barra ou candle representando todos os pregões do

mês; e,
· Anual: uma barra ou candle representando todos os pregões do ano

(LAGIOIA, 2009).

A teoria de Dow Jones com origem nos Estados Unidos, no ano de 1884,
por Charles Henry Dow e Edward Jones que publicaram o primeiro índice do

mercado de ações composto por 11 papeis: nove do setor ferroviário e duas do


setor industrial. Essa teoria preconiza que antes de começar qualquer

modificação, alta ou baixa, há formações sinalizadoras de tais mudanças. Desta


forma, são utilizados os seguintes recursos:

a) Técnicas de traçado de linhas de tendências;


77
b) Identificação de formações que sinalizam tais tendências;

c) Estudo das descontinuidades nas cotações dos títulos de mercado;


e,

d) Identificação dos níveis de cotação máximos e mínimos atingidos no


passado, que se convertem em linhas de suporte e resistência

(LAGIOIA, 2009).

Essa teoria é composta de seis princípios básicos, a saber:

1. Princípio 01 : Os índices descontam tudo – este índice afirma que


todo o fator que afeta a demanda e a oferta já está refletido nos

índices;
2. Princípio 02: As três tendências (ou movimentos) do mercado: de

acordo com esse índice há três tendências de mercado:


a. Tendência primária: representa o movimento longo que pode

ser de alta ou de baixa e leva a uma valorização ou


desvalorização dos papeis. Não se movimenta em linha reta é

representada por subidas e descidas;


b. Tendência secundária: dura, em geral, de três semanas a

alguns meses; e,
c. Tendências terciárias: contidas dentro das tendências

secundárias, consistem em movimentos menores, em média,


de até três semanas.

3. Princípio 03: As fases de formação das tendências – as fase de alta e


de baixa são caracterizadas por aspectos marcantes;

4. Princípio 04: Princípio da confirmação – preconiza que para uma


reversão de tendências ter validade confirmada, ele deve ocorrer em

índices distintos;
5. Princípio 05: Volume confirma a tendência – o volume de

negociações realizadas no mercado deve confirma a tendência


analisada; e,
78
6. Princípio 06: A tendência continua até surgir um sinal definitivo de

que houve modificação.

Por fim, as zonas de suporte e resistência representam a formação de


barreiras de preços difíceis de serem ultrapassados, conforme gráfico abaixo:

Figura 04 - Suporte e resistência

Fonte: Lagioia, 2009.

79
Unidade 12 - Fundamentos Teóricos e Práticos das Finanças
Corporativas

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos: Apresentar os fundamentos das finanças corporativas, lucro ou


resultado, ações e reações de curto e longo prazo.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Fundamentos das Finanças Corporativas

Administração financeira se entende, simplesmente, como gestão dos


fundos da organização, ou seja, gestão de recursos financeiros que transitam pela

mesma, tanto no curto quanto no longo prazo.


Qual seria o objetivo da gestão destes recursos, ou seja, o objetivo da

administração financeira?
Lucro sempre será a resposta dos gestores.

O lucro será definido de forma simples, como: Lucro = Receita - Custos –


Despesas.

Assim, a fim de se maximizar o lucro, será necessário maximizar receitas ao

mesmo tempo em que se minimizam custos e despesas.


Todavia, este pensamento levado ao extremo pode, paradoxalmente, levar

a empresa a grandes prejuízos e até a falência.


Um exemplo disso seria a decisão de não mais realizar manutenção

preventiva nas máquinas e equipamentos da empresa, o que reduziria custos em


curto prazo, aumentando o lucro, mas diminuiria a vida útil e, consequentemente,

o retorno do investimento nestas máquinas e equipamentos, causando prejuízo


em longo prazo para a organização.

80
A utilização apenas do lucro como medida do desempenho financeiro da

organização é falho e, pode levar o gestor a tomar ações equivocadas para a


própria “saúde” financeira desta, pois lucro é “apenas” mais uma medida de

desempenho: de curto prazo e, não leva em conta, resultados de ações tomadas


em períodos mais longos.

É medida voltada ao passado, já que não levam em conta os


desdobramentos futuros de atos tomados pelos gestores.

Lucro é medida inadequada de mensuração de desempenho financeiro da

organização, especialmente para fins de gestão.


A melhor medida de desempenho financeiro da organização é o valor da

empresa para seus acionistas.


O valor da empresa, ou seja, o valor de mercado é determinado pelo fluxo

de caixa descontado trazido a valor presente por taxa de desconto que represente
o risco dos negócios da empresa.

Valor de empresa é medida de gestão financeira melhor que o lucro, pois é


medida: de longo prazo e, assim, considera os resultados das ações tomadas em

períodos de tempo mais longos, via Fluxo de Caixa Descontado; voltada para o
futuro, avaliando sempre os desdobramentos futuros dos atos tomados pelos

gestores no Fluxo de Caixa Descontado.


Uma vez que o valor da empresa é determinado pelas expectativas de fluxo

de caixa futuros, medidas benéficas para a empresa, a longo prazo, aumentarão o


valor da companhia; e medidas apenas de curto prazo, com prejuízos no futuro,

irão diminuir o valor das ações.


Portanto, choques de mercado podem afetar, e muito, o valor das

organizações.

81
BUSCANDO CONHECIMENTO

1.1. Administração do Capital de Giro

No final da década de 1970, do século XX, surgem avanços tecnológicos

nas telecomunicações e na informação, que permitiram grandes transferências de


informações a velocidade quase instantânea.

Aliando-se os avanços tecnológicos e a cenário político favorável vigente,

os níveis de comércio internacional e integração econômica tiveram grandes


saltos, fenômeno que ficou conhecido como globalização econômica.

Os mercados de capitais e os mercados financeiros se tornam globais, uma


vez que investidores, bancos e agentes econômicos tomam suas decisões de

financiamentos e investimentos em perspectiva mundial.


Dessa forma, a administração financeira das organizações também se torna

mais global, sendo afetada por eventos em todo o planeta.


Para os gestores brasileiros, o ambiente de relacionamento - o Sistema

Financeiro Nacional - tem cada vez mais seguido tendências mundiais e se


transformado em perspectiva globalizada.

De forma geral para os países desenvolvidos, até a década de 1970, do


século XX, a gestão financeira era realizada de forma local, investimentos dentro

do país e perspectivas econômicas financeiras domésticas; financiamento de curto


e longo prazo com estratégia local e determinação da estrutura e custo de capital

no país da empresa; política de dividendos e distribuição de lucros para os


investidores locais e remessa de lucro ao exterior controlada.

A globalização promoveu grandes mudanças nesse cenário a partir da


década de 1980.

Investimentos avaliados de forma internacional, ou seja, a empresa vista


como carteira de investimentos por todo o planeta.

Financiamentos adquiridos em diversos países, com diferentes taxas de


juros e moedas: aumento das oportunidades e do risco, utilização de derivativos
82
para lidar com o risco, política de dividendos para acionistas globais: abertura das

bolsas de valores.
Para o Brasil as mudanças foram ainda mais profundas, especialmente a

partir de década de 1990, com os gestores financeiros tendo papel cada vez mais
relevante para as organizações.

Até o início da década de 1990: gerar ganhos com a alta inflação; conseguir
favores do governo, isenções fiscais e subsídios.

Após 1994: conseguir projetos de investimento que gerem retornos sem

subsídios; conseguir financiamentos em moeda local, ou estrangeira, com custo


baixo para financiar investimentos; gerir riscos tanto de negócios, quanto de

mercado para garantir a sobrevivência da organização.


Surge, então, grande aplicação para os mercados de derivativos; exercer

controles rigorosos sobre as atividades e transparência no relacionamento com os


stakeholders, por meio de efetiva governança corporativa.

A abertura da economia e o Plano Real, na década de 1990, foram o divisor


de águas no Brasil, permitindo que a economia se tornasse saudável.

Um dos papéis fundamentais do gestor financeiro é administrar os recursos


no curto prazo.

No longo prazo o valor da empresa deve ser o principal objetivo do gestor


financeiro.

Em curto prazo, contudo, a capacidade de efetuar os pagamentos devidos


deve ser a principal preocupação do gestor financeiro.

A necessidade de administrar financeiramente em curto prazo é decorrente


dos diversos prazos de pagamento a fornecedores, salários, impostos, receitas, a

que a organização está submetida.


Dessa forma, faz-se necessário gerir esses recebimentos e pagamentos de

forma que a empresa sempre tenha os recursos necessários para honrar suas
obrigações.

Esta é uma das funções primordiais da gestão financeira que deve garantir
os fluxos de curto prazo.
83
A fim de se compreender a gestão financeira de curto prazo, o capital de

giro e o fluxo de caixa, é necessário, primeiramente, compreender os ciclos de


caixa e operacional da empresa.

1.1.1. Ciclo Operacional e Ciclo de Caixa

O ciclo operacional é definido como período de tempo que vai da data em

que se adquirem matérias primas, por exemplo, até a data de recebimento do

dinheiro pela venda do seu produto.


O ciclo é composto pelo prazo médio dos estoques (PME) e pelo prazo

médio de recebimento (PMR).


Assim:

CO = PME + PMR.

Exemplo:
A empresa vende seus produtos a prazo. Esta empresa demora, em média,

75 dias para comprar, estocar e finalizar uma venda.


A empresa concede ainda 45 dias para os clientes pagarem pelas compras.

Qual será o ciclo operacional?


CO = PME + PMR = 75 + 45 = 120 dias

O ciclo operacional da empresa é de 120 dias, ou seja, de quatro meses.

O ciclo de caixa (CC) também leva em consideração que a empresa


normalmente compra suas matérias primas e insumos a prazo.

O ciclo de caixa é composto pelo ciclo operacional menos o prazo médio


de pagamento de seus fornecedores.

Assim:
CC = CO – PMP = PME + PMR – PMP

Exemplo:
A empresa vende seus produtos a prazo.
84
Esta empresa demora, em média, 75 dias para comprar, estocar e finalizar

uma venda.
A empresa concede ainda 45 dias para os clientes pagarem pelas compras.

A empresa compra a prazo de seus fornecedores com 30 dias para pagar.


Qual será o ciclo de caixa?

CC = PME + PMR – PMP = 75 + 45 – 30 = 90 dias

O ciclo de caixa da empresa é de 90 dias, ou seja, de três meses.

O ciclo operacional indica quanto tempo a empresa demora para realizar a


operação completa, ou seja, desde a compra de matérias primas e insumos,

passando pela estocagem, produção, venda, até o recebimento.

O ciclo de caixa indica quanto tempo a empresa financia as suas


operações, ou seja, o prazo de que a empresa precisa financiar seus estoques e

vendas menos o prazo que a empresa recebe de financiamento de seus

fornecedores.

Nos exemplos anteriores:

85
Unidade 13 - Fundamentos Teóricos e Práticos das Finanças
Corporativas

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos: Apresentar os fundamentos das finanças corporativas, lucro ou


resultado, ações e reações de curto e longo prazo.

ESTUDANDO E REFLETINDO

O Capital de Giro

O Capital de Giro também conhecido como Capital Circulante Líquido


(CCL) são os recursos investidos pela empresa para financiar as suas operações.

O capital de giro tem participação relevante no desempenho operacional


das empresas, cobrindo mais da metade de seus ativos totais investidos.

Importante você ter em mente que a gestão do capital de giro trata dos
ativos e passivos correntes.

E a decisão acerca destes elementos deve ser tomada como


interdependente.

Por exemplo:

O que acontece se a empresa dimensiona uma maior participação de


estoques no ativo circulante?

Certamente ela perderá liquidez.


E o que isso tem de importante?

Se não houver compensação de um maior volume de caixa, a empresa


pode apresentar maiores dificuldades para pagamento de suas contas.

De forma equivalente, qual a importância de mudar a política de compras


da empresa e passarmos a comprar com prazos menores, ainda que tenhamos

um desconto na transação?

86
A presença de passivos de prazos mais curtos exige, por seu lado, ativos

correntes mais líquidos, ou seja, recursos que consigam se transformar em


dinheiro rapidamente.

A presença de ativos correntes na estrutura financeira das empresas é


importante para viabilizar financeiramente seus negócios e contribuir para a

formação do retorno econômico do investimento realizado.


Diante das características e práticas usuais do mercado onde a empresa

atua, os gestores financeiros devem formalizar suas estratégias operacionais de

atuação, principalmente em relação à administração do capital de giro, avaliando


os investimentos correntes e selecionando os passivos mais adequados.

Por exemplo, você necessita estimular as vendas de sua empresa e


alternativamente decide promovê-las pelo incentivo das vendas a prazo.

O que esta política exigirá da empresa?


Já pensou nisso?

Certamente exigirá maior volume de investimento em circulante.


A definição do montante de capital de giro é uma tarefa com sensíveis

repercussões sobre o sucesso dos negócios, exercendo evidente influência sobre a


liquidez e rentabilidade.

Sob determinado enfoque, uma empresa deve investir em capital de giro


enquanto o retorno marginal dos ativos correntes se mantiver acima do custo dos

recursos alocados para seu financiamento.


Apesar de a quantificação destas medidas de custo e do retorno nem

sempre serem operacionalmente simples na prática, a proposição é relevante


principalmente como uma orientação teórica para as decisões que envolvem

investimentos em capital de giro.


A importância e o volume do capital de giro para uma empresa são

determinados por diversos fatores como o volume de vendas, a política de


estoques, os valores a receber e o caixa.

Não menos importante, a sazonalidade dos negócios determina


importantes variações nas necessidades de recursos ao longo do tempo.
87
Mas como?

Por exemplo:
As companhias de cerveja devem se preparar para disponibilizar as cervejas

em épocas de maior consumo como janeiro e fevereiro?


Neste caso, a produção e estoque devem ser mais intensos nos meses

precedentes (ainda mais por considerarmos que a produção de uma cerveja leve
em média 14 dias de fabricação).

As empresas têm que investir em máquinas, equipamentos, instalações,

para poder produzir os seus produtos e serviços.


Esse é o chamado capital fixo ou permanente.

Além do capital permanente, as empresas também precisam investir, ou


seja, disponibilizar recursos para financiar seus estoques e suas vendas, já que

ambos demandam um período para se realizarem.


Assim, temos que, quanto maior o PME e o PMR, maior será a necessidade

de capital de giro.
Contudo, os fornecedores concedem prazos de pagamento para a

empresa, o que ajuda a diminuir o prazo necessário ao financiamento das


operações.

Quanto maior o PMP, menor será o capital de giro.


Quando PME + PMR > PMP a empresa tem capital de giro positivo, ou

seja, necessita de recursos para financiar seu giro.


Quando PME + PMR < PMP a empresa tem capital de giro negativo, ou

seja, não necessita de recursos para financiar seu giro, sobram recursos.

Controle de Fluxo de Caixa


A análise do Capital de Giro também conhecido como Capital Circulante

Líquido (CCL) é interessante a fim de que se compreenda a dinâmica da


movimentação de recursos na empresa, porém não oferece diretamente uma

ferramenta gerencial para controlar esta dinâmica.

88
A ferramenta gerencial adequada à gestão financeira de curto prazo é o

controle de fluxo de caixa.


A fim de explicar o método de controle gerencial do caixa, conhecido

como fluxo de caixa pelo método direto será apresentado, a seguir, um exemplo
de sua utilização e análise.

Exemplo:

Uma empresa de projetos começou suas operações em janeiro com um

capital integralizado de R$ 10 mil.


A empresa fechou contrato para projeto de equipamento em janeiro no

valor de R$ 60 mil, para recebimento do valor total na entrega em março.


Para tanto, comprou matérias primas no valor de R$ 20 mil, para

pagamento em 30 dias.
A estrutura de custo fixo da empresa envolve aluguel de galpão, R$ 2 mil

por mês, funcionários (salários + encargos) no valor de R$ 2 mil por mês e


despesas gerais (telefone, energia, contador, seguro, entre outros) no valor de R$

1 mil por mês.

Fluxo de Caixa – Método Direto

89
A empresa obteve um saldo de caixa negativo de R$ 20 mil em fevereiro,
necessitando de um empréstimo bancário ou novo aporte de capital dos sócios.

A este valor chamamos capital de giro, no caso, há uma necessidade de


capital de giro.

O fluxo de caixa permite, assim, de forma gerencial, predizer se em


determinado período de tempo haverá caixa negativo (necessidade de capital de

giro) ou não, qual o montante dessa necessidade de caixa (no exemplo – R$ 20


mil) e por quanto tempo haverá essa necessidade (no exemplo por um mês),

permitindo ao administrador financeiro preparar-se para essas necessidades e


tomar medidas adequadas, tais como empréstimos bancários, renegociação de

contratos ou aportes de capital.

O fluxo de caixa, desse modo, torna-se a ferramenta gerencial de análise e


ação sobre o Capital de Giro.

Custo de Capital

Custo de capital pode ser definido como o custo dos recursos financeiros

próprios e/ou de terceiros utilizados pela empresa em seu ciclo operacional ou


empreendimento.

A boa gestão financeira propõe que todo investimento ou uso de capital


merece rigorosa análise de viabilidade, em que se busca avaliar as alternativas

perante o custo do capital.

90
Como as alternativas existentes para o financiamento do ciclo operacional

e ou capital de giro são diversas, é de extrema importância que o gestor


financeiro busque conhecer o custo efetivo de cada uma das fontes, através dos

instrumentos de análise competentes, para posterior tomada de decisão.


A utilização de capital de terceiros é vantajosa quando seu custo se

apresenta inferior à taxa de retorno prevista.


Porém, mesmo com a vantagem, existe o risco do endividamento pela

eventual falta de lucratividade na operação.

Os Custos Relativos

Ao se calcular o custo de capital de uma operação, torna-se importante

considerar todas as despesas existentes, pois as instituições financeiras, pelas


características dos negócios, passam a exigir reciprocidades diversas.

Considera-se como reciprocidade todo e qualquer recurso utilizado por


uma organização na obtenção do capital, seja a curto, médio ou longo prazo, que

podem ser desde simples saldo médio até contraprestações de aplicações


financeiras, seguro, plano previdenciários, pagamento de fornecedores, folha de

pagamento, recolhimento de encargos, impostos entre outros.


Outras despesas são aquelas decorrentes dos custos com alienações,

hipotecas, transferências, emissão de documentos, viagens de funcionários para


obter liberações especiais, entre outras.

Especial atenção deve ser dada às custas de fornecimento de garantias,


pois considerando que a maioria das instituições tem interesse em Garantias Reais

(representadas pela transferência de um bem tangível e específico), o gestor


financeiro deve considerar todas as despesas de transferências como escritura e

registro, tanto na passagem do bem para a posse da instituição como para o


retorno da posse do bem, após a quitação do empréstimo.

91
Neste momento é de grande importância a habilidade do financeiro em

negociar com a instituição uma garantia que não represente grande ônus de
transferência, apesar de oferecer tranquilidade para a instituição.

Dentre os diversos aspectos do custo de capital, podemos citar o custo


relativo à dívida, que nada mais é do que o custo relativo à taxa aplicada sobre

um financiamento/empréstimo qualquer, ou ainda o custo marginal de capital,


que projeta na estrutura ótima de capital uma nova realidade, oriunda de nova

fonte de recurso, ou ainda, de novo aporte de recursos.

Para apurar o custo de capital, a maioria das empresas se utiliza do método


de cálculo do Valor Presente Líquido (VPL), que consiste em apurar o valor

presente de um fluxo de resultado projetado, utilizando-se de uma taxa mínima


de atratividade para realizar o desconto do fluxo.

A taxa mínima de atratividade (TMA) é a taxa mínima que a empresa deseja


obter na aplicação de um projeto ou negócio.

Outro método também utilizado é a Taxa Interna de Retorno (TIR), que


consiste em determinar qual a taxa pela qual um investimento se equipara ao seu

retorno num período de tempo, considerando as entradas de um fluxo projetado.


Ambos os modelos podem ser facilmente apurados com uma calculadora

financeira, em especial a HP 12 C.

Custo Médio Ponderado de Capital

Quando a empresa necessita buscar recursos para atender suas


necessidades de capital, seja de curto, médio ou longo prazo, estes poderão não

ser de única fonte e, portanto, não necessariamente possuírem o mesmo custo.


Neste sentido se faz necessário apurar o custo médio ponderado que

possibilite realizar uma análise sobre a viabilidade ou não de se buscar estes


recursos.

O primeiro passo é determinar quais os ativos que comporão a análise e


qual é seu custo efetivo.
92
Se deve salientar que as taxas deverão, obrigatoriamente, estar na mesma

base de tempo (dia, mês etc.).


Supondo que a empresa necessite de um montante de R$ 50.000,00 para

implementar projeto de expansão e verificando as fontes de recursos disponíveis


no mercado, identificou a possibilidade de compor este capital necessário para

servir de base ao financiamento deste projeto, as fontes de recursos descritas no


quadro a seguir:

Demonstrativo de Custo por Ativo Financeiro

O segundo passo será apurar a proporção que cada ativo representa no

somatório dos R$ 50.000,00.


Neste sentido a valor de R$ 20.000,00, relativo ao ativo Financiamento é

equivalente a 40% do valor total, como demonstra o quadro a seguir:

Demonstrativo da Apuração da Proporção de cada Ativo

O terceiro passo será calcular o custo proporcional de cada ativo em

relação à participação no total necessário para o projeto.

93
O processo é simples, bastando multiplicar o Custo do Ativo pela

proporção de participação deste ativo.


Antes de realizar este cálculo é necessário converter a proporção da forma

percentual para a forma unitária, conforme demonstra o quadro a seguir:

Demonstrativo de Apuração da Taxa Proporcional

Após a apuração do custo proporcional, se procede o somatório destes,


apurando assim o custo médio ponderado para o projeto, que no exemplo ficou

em 4,90% ao mês.
Como percebido pelo exemplo, o Custo Médio Ponderado de Capital

possui a importância de servir como indicador dos custos relativos aos múltiplos
ativos financeiros que a empresa possa buscar no mercado a fim de financiar seus

projetos, e em especial servir de comparação, com demais ativos tanto internos


como externos à empresa.

Outra importante razão para o cálculo é possibilitar ao gestor financeiro


realizar simulações a fim de encontrar um custo ponderado menor, dentro dos

limites de cada ativo que o mercado concede.

94
Unidade 14 - Valor de Mercado e Riqueza

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos: Demonstrar a preocupação que empresas vêm demonstrando


em estabelecer estratégias que levem a um aumento de seu

valor econômico e da riqueza de seus proprietários.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Quando os governos e as empresas tentam resolver problemas, tendem a


ver só dois tipos gerais de soluções: a ação governamental e a concorrência do

mercado.

Para muitos é comum ver as duas esferas de poder como únicos regimes
efetivos para a gestão de recursos.

Contudo, fica claro que existe uma terceira esfera de soluções que vem
sendo em grande parte negligenciada: os bens comuns.

Conceito de bens comuns descreve ampla variedade de fenômenos; se


refere a sistemas sociais e jurídicos para a gestão de recursos compartilhados de

maneira justa e sustentável.


Deste modo, se pode referir a recursos compartilhados que a comunidade

constrói e mantém (bibliotecas, parques e ruas), os recursos nacionais


pertencentes a todos (lagos, florestas, vida silvestre) e os recursos mundiais que

todos os seres vivos necessitam para sobreviver (a atmosfera, a água e a


biodiversidade).

Os bens comuns também se referem às “economias da dádiva”, como a


ciência, que favorecem a criação e a difusão de pesquisa e informação.

95
A internet abriga incontáveis recursos criados e mantidos por agentes com

interesses compartilhados, desde grupos de software livre até a Wikipedia e


arquivos especializados.

Implicitamente aos bens comuns há uma série de valores e tradições que


criam identidade de comunidade e que ajudam na autogovernança.

Mesmo existindo inumeráveis variedades de bens comuns – muitos deles


bastante idiossincráticos e internalizados em culturas particulares -, sua grande

maioria corresponde a três categorias gerais: presentes da natureza, criações

materiais e criações intangíveis.


É importante falar de bens comuns porque nos ajuda a identificar grande

variedade de recursos os quais, o controle e o uso, os cidadãos comuns em geral


ou comunidades específicas têm interesses políticos e morais.

Uma grande quantidade destes recursos está se convertendo em


propriedade privada para poder ser comprado e vendido no mercado.

Essa é uma das grandes injustiças do nosso tempo, que a política tende a
ignorar.

De maneiras óbvias quanto sutis, os ideólogos do livre mercado no mundo


empresarial e na política estão decididos a privatizar recursos que são ou

deveriam ser de propriedade coletiva; desejam converter em propriedade privada


recursos públicos ou coletivos.

Este processo é conhecido como o cercamento dos bens comuns. Os


sistemas políticos neoliberais são, em essência, motores para o cercamentos de

nossos recursos pelos mercados.As economias políticas das sociedades


industrializadas tendem a considerar que os recursos são ativos de mercado

subaproveitados. Vistos como insumos brutos para gerar utilidades empresariais.


Com frequência se critica que as restrições de uso dos recursos para

propósitos empresariais – por exemplo, regulamentações sociais ou ambientais –


são impedimentos para a criação da riqueza e, por consequência, essas restrições

são moralmente suspeitas.

96
Na visão neoliberal, os direitos de propriedade privada representam a

maneira mais eficiente para produzir riqueza, produzindo assim o “progresso”. A


importância de falar dos bens comuns reside em estabelecer diálogo mais amplo

sobre os tipos de riqueza e seu valor. Nem toda riqueza pode ser expressa
mediante preço de mercado.

Assim, é necessário dar pleno reconhecimento e proteger ativamente


outros tipos de valor: ecológico, social, democrático, moral.

Um mercado pode ser muito produtivo e eficiente e, ao mesmo tempo,

não reconhecer que está destruindo recursos comuns: contaminação do meio


ambiente; uso de crianças como mão de obra, fábricas com graves riscos de

segurança.
Os bens comuns nos ajudam a conseguir melhor compreensão da riqueza

ao introduzir a idéia de inalienabilidade.


Certos recursos têm valor acima de qualquer preço e devem manter-se à

margem das forças do mercado, como a beleza da natureza, a inviolabilidade de


certos lugares, o valor ecológico da vida silvestre, as normas éticas da venda de

produtos seguros, os valores morais e tradições que definem comunidade, tudo


isso representa riqueza que não pode ser representada por valor.

Mas a ideia dos bens comuns não está destinada ao fracasso?


Durante décadas, os economistas convencionais suspeitaram que qualquer

sistema de gestão compartilhada teria como resultado inevitável uma “tragédia


dos bens comuns”.

As regras de gestão de bem comum podem ser informais e implícitas, e


estar encarnadas nas tradições e normas sociais.

Ou podem ser explícitas e estar codificadas formalmente na lei.


Nos dois casos, as pessoas que compartilham bem comum têm

compreensão social de quem tem direito a usar os recursos e em que condições.


É uma questão simples.

97
Um bem comum não tem porque ser uma tragédia. Um bem comum pode

ser completamente sustentável. É uma alternativa séria e sustentável para a gestão


de recurso ao invés do mercado.

BUSCANDO CONHECIMENTO

Valor de Mercado

A preocupação que empresas vêm demonstrando nos últimos tempos é a


de estabelecer estratégias que levem a um aumento de seu valor econômico e da

riqueza de seus proprietários.


Os gestores estão cada vez mais conscientes de que o objetivo de

maximização do valor é o único que pode garantir, a longo prazo, a continuidade


dos empreendimentos, preocupação básica para a remuneração de acionistas.

É preciso ter plena consciência de que os recursos financeiros não se


originam internamente na organização; eles são oriundos do mercado de capitais

e embutem expectativa mínima de retorno que se constitui em custo de


oportunidade a ser coberto por decisões financeiras.

Os modelos contábeis de mensuração de resultados mais tradicionais não


consideram o custo do ponto de vista do capital próprio, somente quantificam os

encargos financeiros dos passivos onerosos.


Toda medida de desempenho que não considera essa remuneração

exigida pelos proprietários não pode revelar, com nível de qualidade desejável, o
sucesso da empresa.

Cada vez mais empresas reconhecem a limitação da contabilidade em


desconsiderar o custo de oportunidade do capital investido pelos acionistas.

A crescente demanda de mercado por informações que revelem a


capacidade de criação de valor tem contribuído para a construção de novos

indicadores financeiros do sucesso empresarial.

98
Nesse objetivo de mensurar o valor criado, surgiram o EVA (Economic

Value Added), MVA (Market Value Added), SVA (Shareholder Value Added), entre
outros adotados pelo mercado.

Esses direcionadores de valor se destacam por apresentarem resultados


bastante consistentes com o modelo tradicional de avaliação do fluxo de caixa

descontado - DFC.
As pequenas diferenças encontradas pela aplicação dessas métricas em

relação ao enfoque do DCF não são complexas, podendo ser conciliadas.

Os modelos do DCF da empresa e o do EVA produzem os mesmos


resultados, sendo que a escolha de um deles é de livre arbítrio do analista.

É importante ressaltar que as ideias fundamentais que lastreiam essas


métricas de desempenho não são recentes.

Os modernos indicadores financeiros, apesar de expressarem conceitos e


objetivos antigos, trazem o mérito de inovação em parte de seu conteúdo e,

principalmente, oferecem importante contribuição para melhor entendimento da


gestão financeira.

Essas métricas, de forma mais simples e eficiente, revelam aos analistas e


gestores se os objetivos financeiros estão sendo alcançados e os melhores

caminhos para incrementá-los.

Objetivo da Empresa

Os acionistas são genuínos proprietários das empresas e, ao subscreverem


uma parte (ou todo) de seu capital como investimento de risco, desejam

remuneração pela decisão.


Ainda que a sociedade seja gerida por profissionais contratados, sem

participação no capital da sociedade, eles devem reportar-se às expectativas dos


acionistas, gerindo os negócios de forma a criar valor aos mesmos.

Os administradores são responsáveis perante os acionistas e devem buscar


o seu bem-estar econômico.
99
Mesmo que a empresa possa definir outros objetivos como participação de

mercado, desenvolvimento de seus recursos humanos, crescimento da sociedade,


entre outros, o objetivo básico para todas as decisões financeiras é a maximização

da riqueza de seus acionistas.


Esse objetivo fundamental das Finanças Corporativas é geralmente

expresso na maximização do preço de mercado das ações ordinárias.


A cotação desses valores no mercado, em dado momento, deve refletir as

expectativas dos acionistas quanto à capacidade da empresa em gerar benefícios

econômicos futuros de caixa elevados.


A realização desse objetivo requer um amplo entendimento dos fatores

que afetam o valor de mercado das ações, os denominados direcionadores de


valor, e como eles atuam sobre esse valor.

A adoção do preço de mercado das ações como referência ao objetivo de


maximização da riqueza é explicado por meio de três aspectos.

O primeiro é o preço de a ação ser a medida mais identificável para uma


companhia de capital aberto, incorporando atualizações, de maneira a refletir as

informações e estimativas de desempenho que venham a surgir.


Qualquer decisão que venha a ser anunciada tem imediata resposta do

mercado, valorizando o preço da ação, se os investidores demonstrarem otimismo


com os planos, ou sua desvalorização, ao se mostrarem céticos com os resultados

esperados.
Outro aspecto é que o preço da ação reflete, em um mercado racional, o

desempenho das medidas de longo prazo tomadas pela empresa.


O valor da ação relaciona-se pouco com os resultados correntes; seu

significado mais importante é exprimir, em termos monetários, as perspectivas de


longo prazo da empresa.

Um terceiro aspecto é entender o preço da ação como medida real da


riqueza do acionista; os acionistas podem negociar suas ações e realizar ganhos

imediatos.

100
Unidade 15 - Valor de Mercado e Riqueza – Parte II

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos: Demonstrar a preocupação que empresas vêm demonstrando


em estabelecer estratégias que levem a um aumento de seu

valor econômico e da riqueza de seus proprietários.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Crescimento e Agregação de Valor


As oportunidades de crescimento da empresa, assim como necessidades

periódicas de novos investimentos, devem estar consideradas nos resultados

previstos pelos fluxos de caixa operacionais disponíveis, promovendo crescimento


em valores futuros.

No entanto, esse crescimento somente agrega valor se a taxa de retorno


esperada dos reinvestimentos superar o custo de capital utilizado no desconto

dos fluxos de caixa.


O objetivo de crescimento da empresa nem sempre é adequado para criar

riqueza, sendo necessário que a taxa de retorno dos investimentos supere o custo
de oportunidade dos investidores, produzindo valor econômico agregado

positivo.
Por exemplo, admita uma empresa com uma estimativa anual de fluxo de

caixa operacional disponível de R$ 500,00, um custo total de capital de 16% e,


uma taxa de reinvestimento de 40%.

Ao se manter, por simplificação, essas medidas inalteradas por todo o


período de avaliação, o valor calculado para a empresa atinge R$ 3.125,00, ou

seja:

101
Ao se projetar um retorno de 12% dos reinvestimentos previstos, é

determinada taxa de crescimento esperada para os fluxos de caixa de 4,8% ao


ano (g = 40% x 12%).

No entanto, esse crescimento dos resultados de caixa não adiciona riqueza


à empresa; ao contrário, mesmo crescendo à taxa de 4,8% anualmente, o valor da

empresa reduz-se em 14,3%, passando de R$ 3.125,00 para R$ 2.678,60, conforme


demonstrado a seguir:

Nessa situação de r > K (taxa de retorno (r) = 12% e custo de capital (K) =

16%), quanto maior for a taxa anual de reinvestimento e, conseqüentemente, de


crescimento dos resultados operacionais de caixa, mais alto será o valor destruído.

A taxa de retorno deve ser superior ao custo de oportunidade de 16% para


que se promova uma agregação de riqueza aos proprietários.

A essa taxa, o valor calculado para a empresa é de $ 3.125,00, qualquer que


seja o percentual de crescimento projetado para os fluxos de caixa.

É interessante ressaltar nessa análise do FOCF que, ao se admitir um


retorno esperado dos investimentos igual à taxa de desconto, as formulações de

cálculo do valor presente enunciadas produzem o mesmo resultado, ou seja:


Para:

r=K

102
No exemplo em desenvolvimento, para uma taxa de retorno esperada de

16%, igual ao custo total de capital utilizado na avaliação, o valor da empresa não
se modifica diante de qualquer alteração na taxa de reinvestimento de seus fluxos

de caixa operacionais.

A Nova Riqueza: Ativos Intangíveis


As ações da Microsoft, a maior empresa de software do mundo, trocaram

de mãos por um preço médio de US$70 no ano de 1995, em uma época em que o

seu chamado valor contábil era de apenas US$7.


Em outras palavras, para cada US$1 de valor registrado o mercado via US$9

em valor adicional para o qual não havia nenhum registro correspondente no


balanço patrimonial da Microsoft.

O que a Microsoft tem que a faz valer dez vezes mais do que o valor de
seus ativos registrados?

Qual é a natureza desse valor adicional percebido pelo mercado, mas não
registrado pela empresa?

Ou melhor, para generalizar a pergunta, por que algumas empresas


possuem relações entre valor de mercado e valor contábil mais alta que outras?

Os analistas de ações, os árbitros mais influentes do valor corporativo,


diriam que a razão para a alta relação entre valor de mercado e valor contábil da

Microsoft é a extraordinária lucratividade da empresa, que alcançou rentabilidade


de quase 30 por cento sobre o patrimônio em 1995, e o seu fenomenal

crescimento recorde.
Mas isso não responde à pergunta, apenas a reformula.

Por que a Microsoft é tão lucrativa e cresceu com tanta rapidez?


Qual o ativo misterioso e altamente produtivo que a Microsoft possui e que

falta à Ford Motor Company e à Bethlehem Steel, cujas ações são negociadas
próximo aos seus valores contábeis?

O relatório anual da Microsoft não oferece nenhuma explicação.

103
O relatório de 1995, por exemplo, está repleto de belas fotos e palavras

eloquentes sobre produtos brilhantes e futuros promissores, mas não faz sequer
uma menção à natureza do misterioso ativo.

Os demonstrativos financeiros tampouco são mais esclarecedores.


Estão cheios de números, mas nenhum deles oferece aos investidores

qualquer explicação sobre a razão pela qual as ações da Microsoft são negociadas
a US$63 acima do valor de seu ativo tangível.

Na realidade, embora o mercado obviamente veja a Microsoft como tipo

de empresa diferente, seus demonstrativos financeiros não diferem muito


daqueles da Ford Motor Company ou da Bethlehem Steel.

O problema com relação a esses mistérios do mercado acionário é que os


investidores são obrigados a encontrar suas próprias explicações para os mesmos.

As organizações hoje vivem, se incorporam, agregando Conhecimento,


fatos não REALÇADOS antigamente - processos dominavam produção e

crescimento – visão presente / passado organizacional.


A visão ainda é reduzida em relação a esse ativo incorpóreo, não explícito

nos instrumentos de evidenciação e análise, disponibilizados pelos Relatórios


Contábeis e Financeiros – presente / passado / futuro organizacional.

Na Nova Economia a matéria prima mais importante geradora de receitas


presentes e futuras - seu Capital Intelectual, ativo intangível e fundamental para o

sucesso organizacional.
Organizações do Conhecimento cujo fator crítico de sucesso é a correta

administração do Conhecimento, gerado e armazenado pelo Recurso Humano o


qual utilizará as Estruturas Interna e Externa existentes para o funcionamento do

negócio: a maximização do Recurso Estrutural e Recurso Relacional.


Ativo intangível sendo descoberto no processo de gestão, pois Recurso

Humano torna-se mais importante que o Recurso Financeiro NAS atividades


produtivas, sempre irá agregar valores presentes e futuros a curto e longo prazo.

Tecnologia da Informação e Comunicações (TIC) permite mercado único:


Recurso Humano fator chave de sucesso para as organizações.
104
O crescimento da Sociedade do Conhecimento, investimentos de capital,

educação e treinamento contínuo, leva a nova consciência dos investidores no


tratamento dos empreendimentos.

Percebe-se a vantagem competitiva que o Recurso Humano agrega ao


processo produtivo: Despesas são tratadas como investimentos quando

direcionadas a treinamento e desenvolvimento.


A Era do Capital Intelectual representa o diferencial competitivo e de

mensuração dos empreendimentos, Intangíveis, que gestores e investidores

devem maximizar e reconhecer: incerteza, risco, oportunidades.


Uma sociedade só é forte quando as pessoas que a compõem são

CAPAZES E eficientes. Isso também se aplica às organizações. Funcionários


(Recurso Humano) atuantes, participativos e motivados, agregam valor, refletem

resultados às suas ingerências.


Apesar do Capital Intelectual, como os Ativos Intangíveis, não ser um

conceito novo para o mundo corporativo, paradigmas para mensurá-lo devem ser
explorados no processo de gestão e de decisão para direcionamento de

investimentos.
Evidenciação, medição e mensuração do Capital Intelectual das

organizações são objetos de procura constante pela necessidade de informações


para gestão e decisão de investimentos, e através do Balanço Intelectual - BIN se

encontra o instrumento capaz de disponibilizar artifícios na interpretação de


forma clara, simples e objetiva do real valor das organizações.

Apostas quanto às especificações e funcionalidades do processo / produto


para ocorrência de cenário presente / futuro são apostas que devem ser

comprovadas na aplicação da evidenciação do Capital Intelectual das


organizações através de projeções visando mensuração futura - DECISÃO.

As empresas tal qual as conhecíamos até o final do século XX, eram


concebidas para resolverem os problemas de organização da produção. Será que

essa premissa ainda é válida? Por que as fronteiras da organização são aqui e não
ali? Qual a razão de ser das empresas?
105
A legislação e a Teoria Econômica consideram empresa como um conjunto

de Ativos, porém, “A Era da Informação” mostra que, além de um aglomerado de


Ativos as empresas hoje são “laboratórios” de ideias, são Organizações do

Conhecimento, campos para experimentos em que a incerteza, o risco e a


realização estão presentes e vivos – pulsantes.

Essa mudança de foco traz profundas implicações em termos de gestão e


competitividade. No passado a capacidade de reunir e explorar Ativos Físicos

definia a vantagem competitiva, explicando a razão de ser das empresas. Hoje não

mais Ativos Físicos sustentam e situam as fronteiras dos negócios privados e


governamentais.

As organizações da Nova Economia devem criar, transferir, montar,


integrar, proteger e explorar novos Ativos do Conhecimento: aposta no “presente

/ futuro” organizacional. Risco e incerteza permeiam o espírito empreendedor da


continuidade empresarial.

As bases da vantagem competitiva de natureza o acesso a Capital,


Materiais, Mercado, Equipamentos são facilmente igualadas ou superadas pela

competição da economia globalizada.


Na Era do Conhecimento muitos são os motivos para as estruturas

organizacionais tradicionais não serem soluções ideais, na eficácia do trabalho


conjunto, como no passado.

A maneira mais rápida encontrada para aumentar a produção e o fluxo do


conhecimento é pulverizar a sede corporativa:

compartilhar conhecimento em pequenos grupos = maior eficiência

Um passo importante para o sucesso das organizações é desenvolver

“Estratégia do Conhecimento” ao associar Receitas ou Despesas descobertas nos


processos com os Ativos do Conhecimento que as produzem ou reduzem.

Saber discernir o “know-how” dispensável daqueles “Conhecimentos


Valiosos” é requisito fundamental a executivos, gestores, profissionais
106
especializados e auditores da sociedade de negócios do século XXI - profissional -

negócio em ação.

Perfil do Capital Intelectual do “Profissional-Negócio”

O diagrama realça o inter-relacionamento entre o Conhecimento (Capital


Intelectual) do “profissional-negócio”, que permitirá a participação em igualdade

de condições, com força e competência para diálogos/embates vitoriosos inter e


intrapessoa jurídica expandida.

A utilização dos vetores “comercialização”, “produção” e “administrativo,


contábil, financeiro”, e as habilidades em:

- Gestão: com tecnologia para enfrentar e realizar apostas (riscos); tomar decisões
no horizonte “presente/futuro” (incertezas);

- Qualidade: para agregar valor com foco em continuidade operacional de


processos, ou produtos das linhas de negócios (apostas);

- Segurança: em termos físicos; lógicos; ambiental; ocupacional; confidencialidade;


- Auditoria: em seus subconjuntos – contábil-financeiro, da qualidade,

operacional, da gestão, de informática, dos negócios;

107
- Informática: no ambiente de informática (sistemas aplicativos, plataformas de

informática; terceiros prestadores de serviços de informática; parceiros em “e-


business”).

No mundo globalizado desse novo século - onde diversificação,


velocidade, volume são pressupostos -, está em crescimento o direcionamento do

lucro ou superávit financeiro para o aprendizado, a pesquisa, os novos produtos,


melhoria continuada. Vinculadas às atividades de Logística, de Tecnologia da

Informação e Comunicações (TIC) e Controladoria na procura do agregar valor

maximizando desempenho e minimizando as falhas no horizonte “presente /


futuro”.

O sucesso das novas Organizações do Conhecimento sustenta-se no


relacionamento entre Agentes Internos e Externos ao empreendimento, pontos

geradores de Receitas Intangíveis, fundamentais na estruturação da Cadeia de


Valor.

Num Mercado com inovações constantes é inegável a importância da


ferramenta Recurso Humano composta pela somatória de diversas peculiaridades:

conhecimento, habilidades individuais, valores, cultura, filosofia da empresa.


Somatória de diversos Ativos Intangíveis. E podendo ser “perdidos” pelas

organizações com muita facilidade.


Esse recurso, exatamente por sua peculiaridade -- pessoas -- está sujeito às

oscilações do mercado, às melhores condições e ofertas de trabalho,


extremamente volúvel em sua concepção. Por isso, as organizações criam

sistemas que contemplam remuneração por competência, em que se avalia o


valor que o empregado agrega ao empreendimento, criando produtos e serviços

de qualidade, fatores que fazem os clientes procurarem a organização e não seus


concorrentes: risco – incerteza – contingência – resultado.
A força de trabalho de uma organização representa a agregação futura de
novas potencialidades, sendo um desafio como mensurar e demonstrar essas

potencialidades nos Relatórios Econômicos Financeiros.

108
Novas estruturas organizacionais são necessárias para as corporações

florescerem no futuro, estruturas capazes de reagir rapidamente às mudanças.


Sem as violências estruturais, com práticas administrativas mais maleáveis e

flexíveis permitindo o surgimento espontâneo de ideias e de compartilhamento de


Conhecimento.

Medidas para o Conhecimento fluir melhor dentro das organizações são


fundamentais à promoção de uma melhora nas comunicações externas,

treinamentos motivacionais e das atitudes na busca de combater a cultura de

autoridade, possibilitando clima de participação e envolvimento, intercâmbio de


informações interdepartamentais (trabalho em equipe).

Levando-se em conta tais conceitos, pode-se afirmar que o Capital


Intelectual é conjunto de valores seja de capital, ativo ou recurso, posto achar-se

oculto tendendo agregar valores reais à organização – risco / incerteza / aposta.


Desempenho consiste em gerir: complexidade; adaptabilidade;

aprendizado; equipes; incerteza. Quanto maior a incerteza, maior o risco –


resultado favorável (desempenho) = maior remuneração (reconhecimento).

109
Unidade 16 - Conceitos Financeiros Básicos e Decisões
Financeiras.

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos: Trabalhar as decisões de investimentos que se referem à


aquisição e manutenção dos ativos da empresa e levam em

conta e, os conceitos financeiros básicos.

ESTUDANDO E REFLETINDO

As decisões de investimentos se referem à aquisição e manutenção dos


ativos da empresa e levam em conta, critérios de risco e retorno, bem como de

custo de oportunidade para a empresa.


As decisões de financiamento visam prover recursos para decisões de

investimento, ou seja, como serão financiados (pagos) os investimentos realizados


pela organização.

Essas decisões são tomadas se levando em conta questões de liquidez,


risco de insolvência e custo de capital da organização.

Uma vez que as decisões de investimento de financiamento sejam bem

sucedidas, a organização gerará lucros.


Assim, a terceira decisão consiste em, justamente, avaliar de que forma

utilizar esses lucros, levando-se em consideração que eles podem ser reinvestidos
na organização, gerando mais ativos e funcionando como financiamento para

este ou, alternativamente, podem ser distribuídos (“devolvidos”) aos acionistas na


forma de dividendos.

Conforme demonstrado no diagrama a seguir:

110
BUSCANDO CONHECIMENTO

Conceitos Financeiros Básicos

A gestão financeira visa à maior rentabilidade possível sobre o investimento


efetuado pelos sócios ou acionistas, através de melhor utilização de recursos,

sempre, escassos.
Por isso, todos os aspectos da empresa estão sob a ótica da gestão

financeira. Dependendo do nível que estiver atuando, a gestão financeira pode ser
complexa. Trataremos, nesse momento, de conceitos básicos que todo gestor

deve dominar. Levando em conta empresas já em pleno funcionamento,


encontraremos na maioria delas poucos controles financeiros efetivos?

O estoque é tão importante que todo empreendimento deve designar um


gestor do estoque. É nesse setor que os empreendimentos começam a encontrar

problemas crônicos. Estes se refletirão no financeiro: capital de giro, contas a


pagar, investimentos e na rentabilidade para os sócios.

Vejamos o porquê disso.


Para que o estoque seja bem gerenciado é preciso que tenhamos a Curva

ABC.

111
Esta curva consiste em listar em ordem crescente ou decrescente (opção

do gestor) os produtos que têm participações maiores, medianas e menores tanto


em faturamento quanto em volume de vendas.

Assim, nela encontraremos os produtos que respondem pelo maior volume


de vendas e faturamento; estes não podem faltar.

Com base nesses dados faremos as programações de compra e venda.


Haverá sempre a necessidade de estoque mínimo.

Mas apenas o suficiente para a empresa suportar um possível atraso na

entrega de seus fornecedores.


Alguns empreendedores acham que se o estoque estiver baixo isso é sinal

de que o negócio vai indo mal.


Ora, o estoque precisa de rígido controle, não necessariamente ser de

grandes proporções.
O que não pode acontecer é faltar aquele produto responsável pelo maior

faturamento da empresa.
A Curva ABC serve para dar esse norte para a empresa.

A compra de matérias primas ou produtos acabados em excesso traz


diversos inconvenientes, entre eles o comprometimento do capital de giro.

Afinal, estoque parado é dinheiro que não rende.


Com necessidades de caixa, o gestor buscará socorro junto a bancos,

financeiras, descontando cheques ou duplicatas.


A melhor maneira de se financiar a custo baixíssimo é através de seus

fornecedores de produtos (matéria prima, produtos acabados, maquinários entre


outros).

A gestão financeira está estritamente ligada à Economia e Contabilidade, e


pode ser vista como uma forma de Economia aplicada, que se baseia amplamente

em conceitos econômicos, como também em dados contábeis para suas análises.


Embora haja uma relação estreita entre elas, a função contábil pode ser

mais bem visualizada como um insumo indispensável à gestão financeira.

112
Diferença básica de perspectiva entre a Gestão Financeira e a

Contabilidade: enquanto a primeira enfatiza a Tomada de Decisão, a segunda tem


como objetivo o Tratamento dos Fundos.

Tratamento dos Fundos

A função básica do Contador é desenvolver e fornecer dados para avaliar o

desempenho da empresa, apurar sua situação financeira, bem como atender às


exigências legais e tributárias.

Neste sentido, são elaborados normas e princípios padronizados de


atuação (princípios contábeis aceitos) que determinam o método contábil, e dos

quais o Contador não pode desviar.


O Regime de Competência determina que as receitas devam ser

reconhecidas por ocasião da venda e as despesas somente quando incorridas.

Tomada de Decisão

O gestor preocupa-se em manter a solvência da empresa e tem toda a


flexibilidade para trabalhar as informações da forma que melhor lhe convier, sem

se preocupar com normas contábeis.


Assim, interessa-lhe receita e despesa quando estas representam entradas

e saídas de Caixa.
O Regime de Caixa é, pois a base para a tomada de decisão do gestor

financeiro.

113
Estrutura e Papel da Gestão Financeira

O papel e a importância da gestão financeira dependem, em grande parte,

do tamanho da empresa.
Para boa gestão há necessidade, além dos controles internos de contas a

receber, contas a pagar, bancos, caixa, receitas e despesas, de adequada


formação do preço de venda, da apuração de resultados periódicos corretamente,

do acompanhamento da rentabilidade, da administração do caixa e da análise

desses resultados voltada para o diagnóstico financeiro, de forma que possibilite a


visão pelo gestor e sócios da empresa da sua performance econômico financeira.

CONTROLES INTERNOS

Contas a Receber

A cada operação de venda a prazo gera-se documento, podendo ser cópia

da nota fiscal, duplicata, aviso cobrança bancária, ou planilha de venda em que


registre pelo menos o nome do cliente, o valor e a data de vencimento.

Contas a Pagar

A cada compromisso que a empresa assume perante terceiros deve ser

gerado documento, podendo ser cópia da nota fiscal, duplicata, aviso de


cobrança bancária, ou planilha em que conste pelo menos o nome do credor, o

valor e a data do compromisso.

114
Controle de Bancos

Todas as contas bancárias que a empresa movimenta devem ser

controladas através de livro de contas correntes ou com utilização de softwares


específicos, que na maioria das vezes, são disponibilizados pelas próprias

instituições financeiras.

Controle Diário de Caixa

Quando houver intenso movimento de vendas à vista e recebimentos de

contas a receber por caixa, ou seja, na empresa, esta deve elaborar fechamento
diário de caixa através de controle de entradas e saídas de numerário.

CONTROLE DE DESPESAS

As despesas devem ser registradas em controle específico,


independentemente se as notas forem à vista ou a prazo.

Controle Financeiro de Estoque

Apesar de não ser boa prática administrativa e financeira trabalhar com

estoques, nas empresas onde a política e metodologia “just-in-time” não são


adotadas, deve-se acompanhar diariamente seus níveis de estocagem a preço de

venda.

115
CONTROLES DE CUSTOS E ACOMPANHAMENTO FINANCEIRO

Investimento Fixo

É aquele destinado aos bens necessários para a empresa operar.

Por exemplo:
- Imóveis e instalações;

- Máquinas e equipamentos;

- Móveis e utensílios;
- Veículos.

Custo dos Recursos Humanos

O elemento humano é fundamental para a empresa.

Assim, os problemas de administração dos recursos humanos


(recrutamento, seleção, salários, preparação para o trabalho, etc.) podem invalidar

o sucesso do empreendimento. Para calcular o custo da mão-de-obra é


necessário:

· Quantificar o número de pessoas necessárias por área de trabalho;


· Estimar os salários mensais (levar em conta os salários de mercado);

· Calcular os encargos sociais que incidem sobre os salários.

ESTIMATIVA DE CUSTOS

Custos Fixos

São aqueles que ocorrem, independentemente da produção.


Os gastos fixos são chamados também de gastos administrativos e podem

ser: pró-labore, honorários do contador, salários e encargos de pessoal

116
administrativo, depreciação, aluguéis, água e telefone entre outros, podem ser

custos e despesas.

Custos Variáveis

São aqueles que variam proporcionalmente ao volume de produção.


Por exemplo, gastos com matéria prima, com materiais secundários, com

embalagens, com comissões sobre as vendas, com os fretes, com os impostos. Os

gastos variáveis podem ser classificados como custos e despesas.


Deste modo, quando a produção aumenta, estes custos também

aumentam e, quando a produção diminui, os custos caem.


Para facilitar o cálculo dos custos variáveis, sugerimos a classificação desses

gastos em duas categorias:


- Custos de produção - diretamente ligados aos produtos que se quer fabricar -

materiais diretos, embalagens, mão-de-obra direta;


- Despesas de vendas - incidem sobre as vendas - comissões, impostos, despesas

de expedição.

Fluxo de Caixa

É a previsão de entradas e saídas de recursos monetários, por determinado


período.

Essa projeção deve ser com base nos dados levantados nas projeções
econômicas financeiras realizadas.

O principal objetivo dessa projeção é fornecer informações para tomada de


decisões, bem como prever períodos em que haverá sobras ou necessidades de

recursos.
Considere para a montagem da projeção do fluxo de caixa os seguintes

dados básicos:

117
Entradas

a) vendas/serviços à vista

b) recebimento de vendas/serviços à prazo


c) dinheiro dos sócios

e) empréstimos

Saídas

a) fornecedores

b) despesas gerais de administração (custos fixos)


c) pagamento de empréstimos

d) compras à vista
e) despesas de comercialização

Estimativa do Capital de Giro

O Capital de Giro é o instrumento de gestão financeira que complementa

as funções do Fluxo de Caixa. Ao comprar materiais e serviços para atender a


produção, ou prestação de serviços, o caixa diminui. O mesmo ocorre com o caixa

quando são pagas as contas dos fornecedores. Uma vez formado o estoque, que
será vendido no mercado, são gerados recursos para o caixa ou direitos para a

empresa (contas a receber).


Quando os clientes pagam estas contas, diminui o saldo das contas a

receber e aumenta o saldo de caixa. Assim, há dois conjuntos de contas: os


direitos e as obrigações de caixa.

Os direitos são os recursos de caixa e aqueles que podem ser convertidos


em caixa no período de um ano, dentro de um ciclo normal de negócio, o que

inclui o próprio dinheiro em caixa, os títulos negociáveis, as contas a receber, os


estoques e outros direitos a receber.
118
Os direitos de curto prazo constituem o Ativo Circulante da empresa.

As obrigações são aquelas devidas no período de um ano, em um ciclo


normal de negócio, incluindo duplicatas, títulos a pagar, despesas acumuladas a

pagar e outras obrigações.


As obrigações de curto prazo constituem o Passivo Circulante.

Partindo destes dois conceitos, o capital de giro significa a diferença entre


os direitos atuais e as obrigações atuais.

A mudança neste valor de um período para outro, é o “capital de giro

líquido”.
Quando o capital de giro líquido aumenta durante o ano, é necessário

identificar o tipo de aumento, ou seja, pode ter sido em dinheiro ou estoque ou


ainda o resultado de redução nas contas a pagar.

Assim, o capital de giro líquido mostra mudanças na posição atual quanto


aos direitos e obrigações, enquanto o fluxo de caixa explica as variações ocorridas

em qualquer conta durante qualquer momento do período.


Portanto, o capital de giro é constituído de recursos próprios da empresa

que não serão absorvidos pelos investimentos fixos e assim, estarão disponíveis
para financiar as operações de curto prazo (até um ano) da empresa.

119
Unidade 17 - Eficiência de Mercado: Risco, Retorno e Custo
de Oportunidade – Parte I

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos: Possibilita o entendimento do significado e os fundamentos de risco,


retorno e preferências em relação ao risco, tanto quanto descrever

procedimentos para a aferição e medição do risco de investimentos


financeiros.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Das teorias mais discutidas em finanças é a de que o mercado é eficiente.

Um mercado é eficiente quando nos preços dos ativos todas as


informações estão refletidas.

Do ponto de vista prático, a discussão é se é possível superar o mercado.


Basicamente, a questão que se coloca é se a gestão ativa de investimentos

propicia retorno superior à gestão passiva. Quanto maior o grau de eficiência do


mercado menor será a possibilidade de obtenção de uma taxa acima do

benchmark.

A tendência é que os mercados sejam cada vez mais eficientes, quer pela
maior disseminação de informações, quer seja pela existência de regras mais

claras e transparentes nas operações.


Cabe destacar que mercados mais desenvolvidos tendem a ser mais

eficientes. Assim como os preços dos ativos mais líquidos tendem a refletir melhor
as informações. Ponto interessante a ser comentado é a idéia de eficiência de

mercado que não implica que os preços devam ser estáticos.


Pelo contrário, ela determina que mudanças nos preços dos ativos sejam

aleatórias e devem refletir a incorporação de novas informações nos preços.

120
Assim, o que está por trás desse conceito é a ideia de racionalidade, pois

num modelo de racionalidade os preços dos ativos só mudariam em virtude de


novas informações.

BUSCANDO CONHECIMENTO

Risco x Retorno

Como você deve saber os gestores financeiros se dedicam a gerar valor e


riqueza para acionistas e proprietários.

E dentro desta perspectiva, o risco e o retorno são a base sobre a qual são
tomadas decisões racionais de investimentos.

De modo geral, o risco é medida da volatilidade ou incerteza dos retornos;


e retornos são receitas esperadas ou fluxos de caixa antecipados dos

investimentos.
A diferença entre risco e incerteza está relacionada ao conhecimento das

probabilidades ou chances de ocorrerem resultados.


O risco ocorre quando quem toma as decisões da aplicação de um ativo

pode estimar as probabilidades relativas a resultados.


Estas estimativas podem ser evidenciadas com base em dados históricos na

medida em que é possível inferir sobre o futuro a partir de padrões históricos


sistematizados por funções matemáticas e probabilísticas.

A esta perspectiva se chama de distribuições probabilísticas objetivas.


Quando não se tem dados históricos, ou que não apresentam qualidade

das estimativas, torna-se necessária a utilização de distribuições probabilísticas


subjetivas.

Neste caso, se lida com a incerteza.


Assim você pode perceber que a incerteza é estado em que não se

consegue estabelecer claramente as probabilidades de ocorrência de um evento


qualquer.
121
Seria razoável, portanto, supormos que à medida que um ativo se torna

mais arriscado, as expectativas de ganho adquirem aumento.


Ou você aceitaria investir em negócio que apresente maiores níveis de

risco e menores expectativas de retorno?


Assim, não é difícil imaginar que o retorno esperado sobre o investimento

deve ser proporcional ao risco envolvido.


Em finanças, o risco pode ser generalizado e estendido para o conceito de

volatilidade dos retornos e dos resultados futuros.

Assim, se pode verificar que quanto maior for a variabilidade esperada para
os resultados de um investimento qualquer, maior tendem a ser as possibilidades

de perda.
Assim sendo, maiores riscos de obtenção de resultados futuros devem ser

associados às expectativas de maiores retornos.

Por que Investimentos Diferentes Pagam Retornos Diferentes?

Alguns investimentos pagam um alto retorno e outros um baixo retorno.


Certamente não se pode esperar um elevado retorno de “coisa segura”. Porém,

existe razoável demanda por retorno elevado quando investimos dinheiro em


negócio arriscado ou especulativo.

Em outras palavras, os investidores devem ser adequadamente


recompensados pelos riscos que eles assumem. Baixo risco está associado a

baixos retornos e alto risco com altos retornos.


Outro fator que aumenta o risco de um investimento é o prazo. O dinheiro

hoje vale mais para os investidores do que no futuro. Quando um investidor


empresta dinheiro, sempre existe o risco ou a incerteza de o empréstimo não ser

pago. Isso porque quanto mais longa é a operação financeira maiores são as
fontes de risco e incertezas.

Veja você que um empréstimo realizado a um amigo, envolvendo um


prazo de um mês é muito menos arriscado do que esse mesmo empréstimo para
122
dez anos. Existem grandes incertezas quanto à capacidade de pagamento do

amigo. Incertezas sobre inflação, sobre o crescimento da economia e tantas


outras incertezas e riscos: até se o amigo estará vivo para pagá-lo.

Os investidores devem ser recompensados adequadamente, para que


assumam risco de desistirem em manter seu dinheiro em caixa.

Um exemplo:
Suponha que uma pessoa possua R$ 10.000,00 em caixa.

Se R$1.000,00 são emprestados ou investidos, a pessoa desiste da segurança do

caixa por um retorno futuro incerto, e pode pedir, por isso, um retorno de R$
100,00 para emprestar esses R$ 1.000,00 iniciais.

O retorno é equivalente a 10% . .


O investidor agora se torna mais relutante em liberar o restante do seu
dinheiro.

Se ele for solicitado a emprestar R$ 1.000,00, adicionalmente, o investidor


exigirá um retorno de R$ 110,00 para superar a crescente relutância em desistir da

segurança de manter um caixa e assumir um risco crescente de um retorno futuro.


A taxa de retorno sobre a aplicação adicional de R$ 1.000,00 é 11% (R$

110/R$ 1.000).
O retorno total sobre ambos os investimentos seria 10,5% (R$ 210/R$

2.000).
O princípio é que o futuro é mais arriscado do que o presente. Quando

mais dinheiro é investido, o risco aumenta e os investidores desejam ser


compensados por assumirem esse risco extra. A chave de todas as decisões de

avaliação e de orçamento de capital está na análise do risco e retorno.


As decisões de orçamento de capital envolvem o ajuste dos investimentos

pelo risco dos retornos esperados e a comparação com o custo de capital do


investimento.

123
Dessa forma, é possível determinar se um projeto (investimento) é aceitável

ou não, e se ele é mais ou menos rentável do que outro projeto.

Risco de Ativo Individual

A decisão de investimento das empresas passa por avaliação, como já

sabemos, entre o risco e retorno de um investimento ou projeto.

Entretanto, empresas apresentam inúmeros investimentos em sua estrutura


sejam eles em ativos financeiros ou ativos reais (investimentos em projetos

produtivos como aquisição de máquinas e ativos imobilizados).


Assim, não é estranho que exista diferença clássica na avaliação do risco de

um único investimento (seja ele em ativos financeiros ou ativos reais, produtivos)


com o risco conjunto de todos os investimentos realizados pela empresa.

Assim o risco de ativo individual trata tão somente da avaliação dos riscos
de único investimento, sem se preocupar com efeitos combinados do risco com

outros investimentos da empresa ou do investidor.


Apesar de medir o risco de ativo individual da mesma maneira que o risco

de uma carteira é importante diferenciá-los, porque aqueles que mantêm carteiras


recebem benefícios.

A fim de compreender melhor o conceito de risco relativo a retornos


esperados de dado ativo, é útil avaliar risco por ambos os pontos de vista,

quantitativo e comportamental.
Simples visão comportamental de risco é obtida usando a análise de

sensibilidade, que consiste na consideração de inúmeros resultados possíveis ao


avaliar um investimento.

O procedimento básico é avaliar um ativo, usando inúmeras estimativas de


possíveis retornos, para se ter uma percepção da variabilidade dos resultados.

124
Uma das abordagens comuns é estimar os retornos mais pessimistas

(piores), mais prováveis (esperados) e os mais otimistas (melhores), relacionados a


ativo.

Neste caso, o risco do ativo será refletido pela variação dos retornos, que é
a medida básica de risco.

A amplitude do risco pode ser encontrada subtraindo-se a previsão do


cenário pessimista e do otimista.

Quanto maior for a amplitude para um dado ativo, maior será a

variabilidade, volatilidade ou risco que ele possuirá.

Exemplo:
Determinada Companhia tenta escolher entre dois ativos, A e B, sendo que

cada um requer um investimento inicial de R$ 10.000 e ambos têm taxas de


retorno prováveis de 15%.

Visto que a empresa exige retorno de 12% para ativos desse tipo, parece
que qualquer dos dois seria igualmente aceito.

Concentrando-nos somente no nível de retorno esperado, falhamos ao


deixar de levar em conta o risco.

Para avaliar o risco destes ativos, o gestor fez estimativas pessimistas e


otimistas dos retornos relativos a cada um.

São fornecidas na tabela a seguir, as estimativas de retorno, juntamente


com suas amplitudes.

Comparando as faixas de variação de retornos esperados, observamos que


o ativo A parece menos arriscado do que o ativo B, porque sua faixa de 4% (17% –

13%) é menor do que a faixa de 16% (23% – 7%) para o ativo B.

Retornos e Amplitude das variações de retorno dos Ativos A e B.

125
A tabela demonstra que a análise de sensibilidade poderá fornecer

informações úteis sobre ativos que parecem ser igualmente desejáveis, com base
nas estimativas mais prováveis de seus retornos.

O ativo A oferece menos risco do que o ativo B, se comparando a


amplitude de retorno anual (A, 4% e B, 16%), mas dependendo da atitude em

relação ao risco de quem toma decisões, ele poderá escolher qualquer dos dois.
Se o gestor for cauteloso, escolherá o ativo A, eliminando a possibilidade

de perda uma vez que o retorno pessimista é de 13%, portanto, superior ao


retorno exigido de 12% (obtendo 7% quando o retorno exigido é 12%); se preferir

correr o risco, o gestor poderá escolher o ativo B, devido à possibilidade de


receber retorno muito elevado (23%).

126
Unidade 18 - Eficiência de Mercado: Risco, Retorno e Custo
de Oportunidade – Parte II

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos: Possibilita o entendimento do significado e os fundamentos de risco,


retorno e preferências em relação ao risco, tanto quanto descrever

procedimentos para a aferição e medição do risco de investimentos


financeiros.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Aferição do Risco

Tratamos, até aqui, de forma mais genérica questões sobre o risco.

Entretanto, pela importância do tema dentro das finanças modernas iremos


ampliar um pouco a discussão sobre a mensuração do risco.

A maneira mais simples de analisar o risco é dividindo-o em


dois componentes: o nível de risco e o risco do prazo.

Por que essa distinção será necessária?

A resposta é: as decisões de investimento são baseadas em cálculo do


valor presente dos fluxos de caixa gerados pelo investimento.

Para obter o valor presente de uma série de fluxos de caixa futuros,


devemos primeiro estabelecer o grau de risco (taxa de desconto) de projeto.

E, segundo, já que esses fluxos de caixa são gerados durante determinado


número de anos futuros, se deve levar em conta o valor do dinheiro no tempo.

127
Nível de Risco

O nível de risco pode ser determinado pela comparação do risco de

projeto com o de outro.


Por exemplo, o risco associado à empresa AT&T (telecomunicações) é

geralmente muito menor do que o associado a uma empresa pequena.


Em outras palavras, algumas empresas têm baixo nível de risco enquanto

outras têm um elevado grau.

Isso é importante, porque empresas de baixo risco podem tomar fundos


emprestados mais baratos que as de alto risco.

Suas taxas de desconto ou taxas requeridas de retorno são baixas, o que


significa que um retorno para empresa de baixo risco resulta em melhor avaliação

por parte do mercado do que o mesmo retorno gerado por empresa de alto risco.
As chances de recuperar o investimento nas ações da AT&T são muito

maiores do que nas pequenas empresas desconhecidas.


Normalmente, é mais fácil prever os retornos de uma companhia de baixo

risco do que prever os retornos de uma companhia de alto risco.


Por quê?

Porque a volatilidade dos retornos da companhia de baixo risco é em geral


baixa, enquanto os retornos de companhias de alto risco estão sujeitos à elevada

volatilidade.

O Risco do Prazo

De forma geral, para um investidor, podemos compor o retorno esperado


de investimento com base em duas componentes distintas, chamadas de taxa livre

de risco e prêmio pelo risco.


Algebricamente é representado da forma a seguir:

Retorno total = Taxa livre de risco + Prêmio pelo risco

128
A taxa livre de risco é a taxa de juros paga aos ativos que asseguram

retorno prometido, tal como as letras do tesouro americano, que vencem em 90


dias e são garantidos pelo governo quanto ao pagamento no resgate.

Aqui no Brasil temos utilizado a taxa SELIC como referência de retorno sem
risco.

Essa taxa livre de risco fornece o ponto de referência para mensurar o quão
arriscado são os outros ativos.

O prêmio pelo risco é parte da taxa requerida de retorno de um ativo,

cobrada a partir da taxa livre de risco, para cima.


Como os títulos de longo prazo do governo que maturam daqui a vários

anos pagam prêmio maior pelo risco do que os títulos governamentais de um


ano.

Se pode ver que esse tipo de classificação do risco ajuda os investidores a


mensurarem o risco relativo aos prazos de diferentes ativos.

Retornos Esperados de Projetos Arriscados

Como o domínio dos os conceitos mais relevantes sobre riscos, torna-se


importante que se aborde tema sobre perspectiva mais prática.

Assim sendo, é preciso resgatar alguns conceitos importantes da estatística.


E nesta abordagem as probabilidades têm fundamental importância.

As probabilidades nos ajudam a determinar as chances ou promessas de


sucesso de um evento ocorrer.

Algumas probabilidades podem ser obtidas através de observações


efetivas.

Por exemplo, a chance de se obter cara ou coroa de uma moeda pode ser
prontamente mensurada arremessando-a para o ar várias vezes e anotando os

resultados obtidos.

129
Por outro lado, existem situações – tal como a introdução de novo produto

– em que o resultado é altamente incerto.


Nesses casos não existem experiências passadas para observar.

O gestor deve usar de julgamento subjetivo para estabelecer a


probabilidade do resultado.

Devido aos retornos futuros do novo produto serem altamente incertos, o


gestor trabalhará com a hipótese de que os retornos provavelmente cairão dentro

de intervalo particular.

Quanto maior a incerteza do resultado, maior o intervalo.


Como é difícil interpretar os retornos a partir de um intervalo, os gestores

atribuem pesos ou probabilidades aos valores no intervalo, a fim de reduzir a


amplitude, tomando assim os dados mais simples e administráveis.

Uma maneira de isso poder ser feito é aplicando a fórmula que já


conhecemos:

A tabela a seguir compara os retornos do Projeto A com os do Projeto B.


Os retornos do Projeto A flutuam dentro de um intervalo menor do que os

retornos do Projeto B.
Com base em julgamentos subjetivos, se considera que o mais provável

resultado deve ser obtido com peso de 50%, enquanto os valores dos extremos
do intervalo podem ser obtidos com 25% cada um.

Quando os retornos são multiplicados por esses pesos (probabilidades) e


os produtos resultantes são somados, o resultado é conhecido como valor

esperado E(R).
Obtendo os Valores Esperados pela Atribuição de Probabilidade aos Retornos

Projetados

130
Observe que os retornos esperados no Projeto A e no Projeto B são os
mesmos, ou seja, 320.

As dispersões (ou amplitude dentro da qual o retorno varia) a partir desse


valor esperado, entretanto, são diferentes para cada projeto.

A amplitude do Projeto A varia de 100 a 500, enquanto a dispersão do


Projeto B varia de 80 a 600.

Isso significa que, como a volatilidade em torno do valor esperado é menor


para o Projeto A do que para o Projeto B, seu risco é menor.

Essa é a maneira, precisa, de se mensurar o risco individual de cada


projeto, ou seja, quanto para mais ou para menos os retornos desviam-se dos

valores esperados.
A medida dessa dispersão se chama desvio-padrão, que estudaremos em

nossa próxima unidade.

131
Unidade 19 - Avaliação do Desempenho Operacional:
Alavancagem Operacional e Financeira.

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos: Apresentar aos alunos conceituações sobre Alavancagem Operacional e


Alavancagem Financeira, na avaliação de desempenho das

organizações.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Na física, alavancagem é emprego de alavanca para mover ou levantar um


objeto ou volume pesado, empregando-se força reduzida.

Conforme a posição do ponto de apoio em relação ao objeto a ser movido,


emprega-se mais ou menos força na ponta da alavanca.

Daí o verbo "alavancar" significar "mover ou levantar algo, com o auxílio de


alavanca".

De forma figurativa, tem o significado de elevar a posição de destaque;


promover e estimular um negócio; obter fundos para custear projeto com recursos

externos à empresa.

Por sua vez, o substantivo "alavancagem", dele derivado, diz respeito ao


ato ou efeito de alavancar.

No mundo dos negócios, alavancagem é método que utiliza recursos de


terceiros com a finalidade de aumentar a taxa de lucros sobre o capital próprio.

Portanto, o estudo da alavancagem financeira ou operacional procura


evidenciar a importância relativa dos recursos de terceiros, na estrutura de capital

de uma empresa.

132
Para isso se analisa a taxa de retorno do capital próprio, considerando-se

custos de remuneração dos capitais de terceiros, usados para alavancar operações


da sociedade.

Portanto, alavancagem é capacidade que a empresa possui para utilizar


ativos ou recursos externos, tomados a custo fixo, visando maximizar o lucro dos

sócios.
Alterações nos ingressos provenientes a vendas, relacionadas à existência

de custos fixos provocam mudanças significativas no cenário atual da empresas.

Um declínio no faturamento poderá causar decréscimo maior no lucro.


Inversamente, aumento nas vendas em proporções superiores ao

crescimento dos custos fixos beneficiará os resultados.


Esses efeitos mais do que proporcionais assemelham-se aquilo que se

obtêm com emprego de alavanca no deslocamento de qualquer objeto.

BUSCANDO CONHECIMENTO

Alavancagem Financeira
É a capacidade da empresa de usar encargos financeiros fixos para

maximizar efeitos de variações no lucro antes de juros e imposto de renda (LAJIR)


sobre o lucro.

É o custo de se produzir um bem, antes que incidam sobre eles os


impostos e as obrigações acessórias decorrentes do regime de competência que é

o que norteia esse tipo de alavancagem, tendo em vista que, a alavancagem


financeira é positiva quando capitais de longo prazo de terceiros produzem

efeitos positivos sobre o total do patrimônio líquido.


E os capitais de terceiros de longo prazo são vantajosos para uma empresa,

quando o retorno sobre o patrimônio líquido for superior ao retorno sobre o


ativo.

133
Nada adiantaria a empresa captar recursos a longo prazo, se estes fizessem

com que o retorno sobre o patrimônio líquido recuasse à sua posição anterior à
da captação.

Alavancagem financeira é isso: “alavanca” que esta captação produz ou não


no retorno aos acionistas.

O resultado da alavancagem financeira pode ser interpretado pela fórmula


a seguir e seu coeficiente, que denominamos grau de alavancagem financeira

(GAF):

GAF = RsPL : RsA

Sendo:
RsPL = Retorno sobre Patrimônio Líquido

RsA = Retorno sobre o Ativo

Se o GAF for igual a 1,0 = a alavancagem financeira será considerada nula.


Se o GAF for maior que 1,0 = a alavancagem financeira será considerada

favorável.
Se o GAF for menor que 1,0 = a alavancagem financeira será considerada

desfavorável.
Tomando-se, por exemplo, uma indústria com os seguintes dados:

Em 2011 Em 2012
Ativo 43.070 64.550

Exigível-L. Prazo 13.519 17.404


Lucro Líquido 2.519 4.842

Patrimônio Líquido 13.551 27.443

GAF em 2011
RsPL = 2.519/13.551 = 18,58%

RsA = 2.519/43.070 = 5,84%


GAF = RsPL/RsA = 18,58%/5,84% = 3,18
134
GAF EM 2012
RsPL = 4.842/27.443 = 17,64%

RsA = 4.842/64.550 = 7,50%


GAF = RsPL/RsA = 17,64%/7,50% = 2,35

A conclusão é de que, em 2011, o grau de alavancagem, embora positivo,

tinha um resultado de 3,18.

No ano de 2012, a empresa fez crescer seu ativo incorporando mais


recursos, e o grau de alavancagem, embora positivo, diminuiu para 2,35.

Os resultados de 3,18 e 2,35 têm o seguinte significado:


a) em 2011 – a alavancagem financeira é favorável em 218%, ou seja, os

capitais de terceiros contribuem para gerar um retorno adicional de 218% sobre o


patrimônio líquido;

b) em 2012 – a alavancagem financeira é favorável em 135%, ou seja, os


capitais de terceiros contribuem para gerar um retorno adicional de 135% sobre o

patrimônio líquido.
O estudo da alavancagem tem mostrado diversas fórmulas dando-nos uma

série de interpretações até diferentes entre si.


Uma delas, interessante, conclui pela seguinte fórmula:

GAF = Variação % do Lucro Líquido / Variação % do LAJIR

Utilizando-se do exemplo da mesma empresa, precisamos expor os dados

da demonstração de resultado nos anos de 2011 e 2012, com as adaptações que


se fazem necessárias:

INFORMAÇÕES 2012 2011

Receita Líquida de Vendas 91.211 71.270


Custo das Vendas 39.779 30.812
135
Lucro Bruto 51.432 40.458

Despesas Operacionais 43.540 31.422


LAJIR 7.892 9.036

Despesas Financeiras 1.354 6.019


Lucro Antes do IR 6.538 3.017

Imposto de Renda 1.696 498


Lucro Líquido 4.842 2.519

Assim, em 2012, teremos a seguinte interpretação do grau de alavancagem


financeira por esta fórmula:

GAF = Variação % do LL/Variação % do LAJIR = 192%/87% = 2,20

A diferença, nesta maneira diferente de abordar a alavancagem financeira,

foi bastante pequena, de 2,35 para 2,20.


Entretanto, se observa que os dados são coletados na demonstração do

resultado do exercício, através da segregação das despesas financeiras (ou mesmo


receitas financeiras) das despesas operacionais.

Em dado momento, temos o LAJIR – cujo significado é: lucro antes dos


juros e imposto de renda.

A alavancagem financeira é demonstrada justamente pelo reflexo dos


capitais de terceiros nas vendas líquidas, em relação ao lucro líquido após a

diminuição do reflexo das despesas financeiras provocadas por estes mesmos


capitais de terceiros.

Alavancagem Operacional

Muitos empreendedores perseguem o crescimento de vendas, porque

acreditam que a iniciativa aumentará automaticamente os resultados da empresa.

136
Entretanto, essa relação pode não se concretizar, ou, acontecer o

inesperado: o aumento das vendas representar uma redução nos resultados.


Por isso usamos o GAO.

O que é Grau de Alavancagem Operacional?


É a capacidade que a empresa possui, de acordo com a sua estrutura de

custos fixos, para implementar aumento nas vendas e gerar incremento maior nos
resultados, ou, para diminuir as vendas e produzir redução maior nos resultados.

Quanto maiores os Custos Fixos em comparação à Margem de

Contribuição, maior será o Grau de Alavancagem Operacional.


E quanto maior o Grau de Alavancagem Operacional, mais sensível ficará o

Resultado Operacional se houver qualquer variação na Venda Bruta.


Quanto mais elevados os custos fixos em relação aos custos variáveis,

maior o grau de alavancagem operacional.


Quanto maior for o GAO, maiores serão os riscos, pois o Resultado

Operacional ficará sensível a qualquer variação na Receita Bruta, tanto para mais
como para menos.

Em épocas de dificuldades de vendas, a empresa sente fortemente os


reflexos.

Calculando:

GAO = Variação Percentual no Lucro Operacional (Resultado) / Variação


Percentual nas Vendas.

Você calcula qual será o valor das vendas se essas forem

aumentadas/diminuídas em 30%.
Daí você calcula qual a variação percentual do resultado tanto para

aumento de vendas, como para diminuição.


GA Negativo: Ocorre quando aumento nas vendas (Receita) provoca queda

no Resultado Operacional.

137
Nesse caso a Margem de Contribuição é negativa ou o crescimento das

vendas (Receita) é acompanhado por aumento das despesas fixas,


descaracterizando-as como fixas.

GA Modesto: Acontece quando a empresa opera no prejuízo e quando


seus Custos Fixos estão acima do dobro da Margem de Contribuição.

Nesse caso, aumento percentual na Receita Bruta colabora para diminuir o


prejuízo, mas em porcentagem menor.

GA Equilibrado: Ocorre quando a empresa opera no prejuízo e quando os

seus Custos Fixos são exatamente o dobro da Margem de Contribuição. Nesses


casos, um aumento percentual na Receita Bruta colabora para diminuir o prejuízo,

na mesma proporção.
GAO: É o que ocorre na maioria dos casos, ou seja, aumento ou uma

diminuição percentual da Receita Bruta gera aumento ou diminuição do Resultado


Operacional em porcentual sempre maior.

Vale lembrar que quanto maior for o GAO, maior será a sensibilidade da
empresa para gerar lucro.

Por outro lado, o inverso também é verdadeiro, ou seja, o impacto no


resultado de queda nas vendas atingirá a empresa na mesma proporção.

138
Unidade 20 - Métricas de Desempenho: Viabilidade
Econômica e Financeira

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos: Trabalhar as competências relacionadas às métricas de desempenho na


gestão financeira das organizações, ligadas a viabilidade econômica e

financeira das organizações.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Decisões de investimento devem ser tomadas no ambiente organizacional


e, certamente, tais decisões provocam algum tipo de impacto no desempenho

futuro desta organização.


Os processos de decisão de investimento são complexos, pois envolvem

cenários incertos e demandam série de técnicas que nortearão a decisão final.


Uma das questões que surgem no processo decisório sobre novos projetos

está relacionada à qual técnica financeira se utilizar.


As técnicas que buscam medir o lucro econômico são utilizadas pelas

empresas na busca de quantificar a criação de valor e medir desempenho das

mesmas e de seus gestores.


Embora processos decisórios e relacionados a decisões de investimento

sejam impactados por série de fatores, como quem toma a decisão, membros
envolvidos no processo decisório, níveis hierárquicos dos membros, atributos dos

participantes, como expertise, responsabilidade pela implementação,


relacionamentos pessoais, acurácia das informações entre outros.

No ambiente empresarial dinâmico, competitivo e globalizado, conhecer


ou criar mecanismos que possibilitem escolha das melhores oportunidades de

negócio, alavancando resultado das empresas, e com isto aumentar o retorno

139
sobre os investimentos realizados, representa um dos tópicos de estudo na área

de finanças empresariais, além de ser desafio crescente para os gestores dos


negócios.

A importância dos acionistas nas empresas da maioria dos países


desenvolvidos levou número crescente de gestores a concentrarem-se na criação

de valor como sendo medida importante do desempenho corporativo.


No mundo atual não basta as empresas serem competitivas nos mercados

comerciais, elas devem ser competitivas nos mercados de capitais, caso contrário

terão custo de financiamento maior que de seus concorrentes, risco este que
pode ser mitigado por melhoria de performance ou transferência de controle.

Ou seja, a sobrevivência das corporações requer também custos


competitivos do capital.

Assim, a gestão do valor nas empresas, dada a perspectiva de criar


condições objetivas de estabelecimento de metas e adequação de desempenho

perante aos acionistas controladores, tem gerado interesse tanto na comunidade


acadêmica como no mercado empresarial.

Criar e gerenciar valor tornou-se um dos principais desafios para as


empresas.

Valor passa a ser indicador significativo das organizações, conciliando


interesses dos principais agentes, constituindo-se em meta a ser conquistada por

meio dos processos constituídos e planejados das organizações. A partir da


década de 90, acompanha-se o ressurgimento de métricas que objetivam

mensurar o lucro econômico ou residual como medidas de desempenho das


organizações, em detrimento das medidas relacionadas com o lucro contábil.

Um programa amplo de Gestão baseada em valor considera os seguintes


elementos:

- Planejamento estratégico;
- Alocação de capital;

- Orçamentos operacionais;
- Mensuração de desempenho;
140
- Recompensa salarial dos administradores;

- Comunicação interna e externa.


As métricas de desempenho financeiro, como EVA e CVA, são organizadas

sob um mesmo princípio básico: para criar valor as empresas devem gerar
retornos sobre o capital investido que excedam o custo de capital, assim, buscam

medir diferença em termos monetários, entre o retorno sobre o capital de uma


empresa e o custo desse capital.

Portanto, similares à mensuração contábil do lucro, mas com importante

diferença, pois considera o custo de todo o capital, enquanto que o lucro líquido
divulgado nas demonstrações contábeis das empresas considera somente o custo

do tipo mais visível, os juros, ignorando o custo de capital próprio.


No modelo de lucro econômico, o valor da firma é igual ao volume de

capital investido, mais ágio igual ao valor presente do valor criado a cada ano.
Assim, o valor criado pela empresa durante qualquer período de tempo

(lucro econômico) deve considerar não somente as receitas e despesas registradas


em seus registros contábeis, mas também, o custo de oportunidade do capital

utilizado na empresa.
As novas métricas de gestão baseada em valor substituem com sucesso as

ferramentas padrão baseadas na contabilidade para medir o desempenho das


operações em andamento da empresa como todo.

As novas métricas são adaptações diretas das tradicionais ferramentas de


fluxo de caixa descontado; e devem apresentar resultados compatíveis com as

mesmas previsões com relação ao valor do projeto que as ferramentas


tradicionais de análise pelo fluxo de caixa descontado.

A vantagem dos modelos de lucro econômico (CVA e EVA) em relação ao


modelo de fluxo de caixa descontado é a de que lucro econômico é uma medida

útil para se compreender desempenho de empresa em qualquer ano, enquanto o


fluxo de caixa não.

141
O fluxo de caixa livre a cada ano é determinado por investimentos em

ativos fixos e capital de giro, sendo que a gestão pode facilmente melhorar o fluxo
de caixa em qualquer ano à custa da criação de valor no longo prazo.

O lucro econômico traduz dois vetores – retorno sobre o capital investido e


crescimento – em único valor monetário. Tanto os métodos tradicionais, como

novas métricas do GBV necessitam do cálculo do custo médio ponderado de


capital.

Num esforço de manter consistência com as ferramentas utilizadas para

medir o desempenho antecipado de novos projetos, é importante testar e utilizar


novas métricas como uma substituição das ferramentas padrão de fluxos de caixa

descontado na análise de projetos, inclusive.

BUSCANDO CONHECIMENTO

Teoria de Valor: Interdependência das Políticas de Financiamento e Investimento

Agora descreveremos modelo de geração de valor – EVA (Economic Value


Added), medida de desempenho empresarial, considerada por muitos especialistas

como a verdadeira chave para a criação da riqueza nas organizações.


Nesse sentido, esperamos que você seja capaz de:

- Precificar corretamente o Valor Econômico Agregado – EVA, das


empresas;

- Reconhecer a interdependência das decisões de investimento e


financiamento; e precificar o Valor Econômico de Mercado –(MVA – Market

Value Added) – das organizações.

A orientação dos gestores é dada para a otimização e maximização da


riqueza do acionista.

Neste sentido, a maximização do acionista está vinculada e indivisivelmente


ligada à geração de valor.
142
Até aqui discutimos que tanto a estrutura de capital adotada, quanto os

investimentos de longo prazo realizados são capazes de modificar a estrutura de


valor de uma empresa e, conseqüentemente, a geração de valor para o acionista.

Contudo, podemos argumentar que o resultado líquido da empresa (lucro


líquido), como já é sabido não reflete todo ônus de capital da mesma, sendo,

portanto, medida insuficiente para determinar a eficiência da empresa do ponto


de vista da geração de valor.

Mas por que o lucro não reflete a geração de valor ao acionista?

Reflita um pouco.
Se você recordar os conhecimentos da contabilidade verá que apenas o

custo de capital de terceiro é remunerado na estrutura da demonstração de


resultado do exercício (DRE), concorda?

Não existe nenhum item no DRE que represente o custo de capital próprio,
existe?

Não mesmo.
Assim sendo o resultado contábil do lucro não incorpora o componente

referente ao custo de capital próprio.


Lembre-se do CMPC.

Neste caso é perfeitamente possível que embora uma organização


apresente um resultado líquido contábil positivo, pode estar destruindo valor ao

acionista.
Mas como isso é possível?

Imagine que uma organização apresente R$ 200.000,00 de resultado


líquido.

Imagine que os acionistas exigem uma rentabilidade de 30% a título de


remuneração de seu capital (custo de capital próprio) e que o Investimento total é

da ordem de R$ 1.000.000,00.
Neste caso, monetariamente a empresa deveria pagar aos acionistas um

montante da ordem de R$ 300.000,00 (30% do Investimento), concorda?

143
Nesse caso a empresa estaria com um resultado econômico igual a R$

100.000,00.
Isto porque os R$200.000,00 não são suficientes para remunerar

integralmente as expectativas dos investidores.


Neste caso então, dissemos que a empresa destruiu valor, mesmo

apresentando resultado contábil favorável.

Apuração do Economic Value Added.

Dito de outra maneira o EVA pode ser expresso também pela diferença
entre o Retorno sobre o Investimento (ROI) e o Custo Médio ponderado de

Capital.
Matematicamente:
EVA = ROI – CMPC

Neste caso o EVA será apresentado em formato percentual.


De qualquer maneira o EVA monetário pode ser verificado pela identidade:

EVA = (ROI – CMPC) - Investimento Total

Sob tais questões podemos concluir que sempre que o analista financeiro
investir recursos em projetos que incrementem o ROI de uma empresa e que

estes estejam acima do CMPC, garantirá, assim, a geração de valor aos acionistas

e proprietários da empresa.
Neste caso podemos dedicar esforços tanto na busca de projetos rentáveis

quanto na adoção de uma estrutura de capital que seja mínima para a empresa,
garantindo assim maior geração de valor possível.

144
Adicionalmente, você pode imaginar um fluxo perpétuo de EVA.

Neste caso a simples atualização destes EVAs a data zero (valor atual) pelo
custo médio ponderado de capital (CMPC) fornecerá uma medida bastante

interessante chamada de valor econômico de mercado (MVA – Market Value


Added).

O MVA pode ser definido, também, como a diferença entre o valor de


mercado da empresa e seu capital, ou ainda, é o valor presente de todos os EVAs

futuros da empresa.

Matematicamente:

MVA = Valor de Mercado – Capital


ou

Assumindo uma perpetuidade.

Em contraste com a taxa de retorno, que reflete o resultado de um

período, o MVA é uma medida cumulativa da performance da empresa.


O MVA reflete como a empresa investiu capital no passado e como

investirá novos capitais no futuro.


O EVA é o combustível que alimenta o MVA, e por ser definido através do

lucro operacional líquido, implicitamente, subtrai o custo do capital existente e de


novos investimentos de capital, quando é projetado e descontado a valor

presente.
Deste modo o EVA é uma medida interna que leva a uma consequência

externa de construir um prêmio (ou desconto), sobre o valor de mercado da

empresa conforme figura a seguir.

145
Relação entre EVA e MVA.

A criação de valor para o acionista somente existirá se a empresa obtiver


taxa de retorno sobre os investimentos maior que a taxa que representa o custo

de capital total da empresa (CMPC).


Neste sentido a empresa pode, ao mesmo tempo, estar destruindo valor

(quando seu retorno está abaixo do custo de capital) e gerando lucro contábil.
Deste modo, avaliar o desempenho da empresa pelo lucro contábil não é

uma prática consistente do ponto de vista empresarial.

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