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Experiência pessoal com as redes sociais e os seus impactos

Eu sou da geração de internet discada, aquela que para navegar na web


ficava olhando o relógio dar meia noite ou esperava chegar ao final de semana para
aproveitar o custo do serviço mais barato. Além disso, era obrigado a ouvir o
barulho peculiar da placa de fax modem antes do acesso às redes sociais,
suportando a ansiedade, a tensão e a angústia daquele momento tão aguardado.
Em 1996, quando o mercado de trabalho já procurava alguém especializado
em computação, tive o privilégio de fazer o curso e antes mesmo do seu término já
estava empregado, aos 16 anos. Nessa época, o uso das redes sociais já era
intenso, acertando-me em cheio um turbilhão de informações. Eu era um jovem
impulsivo, tinha por objetivo ser influente nos grupos e buscava, cada vez mais,
ampliar meus contatos virtuais. Viciei-me e, a partir daí, vivia irritado, afastei-me da
família e dos amigos, caindo em depressão repentinamente. Como consequência
disso, fui hospitalizado, medicado e frequentei um grupo de autoajuda. Encontrei-
me através do livro “NÃO FAÇA TEMPESTADE EM COPO D’ÁGUA... e tudo na
vida são copos d’água...”, por Richard Carlson. Aos poucos fui curando a doença.
Após décadas amadurecendo, tenho observado os desafios impostos pela
internet aumentarem diuturnamente, especialmente aos docentes. Eles são
obrigados a administrar – em plena pandemia – a utilização das metodologias
ativas em favor do processo ensino-aprendizagem, sob o desafio de tornarem as
suas aulas, progressivamente, mais atrativas, no ambiente virtual, a um público
heterogêneo, não só na intelectualidade, mas sobretudo nas condições estruturais
para aprender. E se, por um lado, as redes sociais criam inúmeras oportunidades
fomentando o debate e o compartilhamento de ideias, por outro, criam um abismo
segregando pessoas com deficiência e outras sem acesso à internet, tornando
ainda mais desafiador a missão do professor ante a Educação 4.0.
Ademais, acredito nas ferramentas do planejamento, da organização, da
direção e do controle, no modo como as redes sociais devem subsidiar as aulas,
integrando, de fato, aqueles alunos vulneráveis, mais suscetíveis a se desviarem
da proposta pedagógica, pelas suas limitações que culminam, intrinsecamente, no
aumento da evasão educacional e da desigualdade social.

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