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Resumo
A flexibilidade muscular é um fator importante, tanto na prevenção quanto na
reabilitação de lesões, apresentando grande relação com a qualidade de vida e o bem
estar do ser humano, por esta ter uma intima ligação com a motricidade. A amplitude
de movimento de uma dada articulação depende primariamente da estrutura e função
do músculo, tecido conectivo e osso. Sendo assim a flexibilidade ganha em importância
na qualidade de vida, este estudo teve como objetivo investigar qual técnica de
alongamento é mais eficaz para obter ganho de flexibilidade dos músculos isquiotibiais.
Sabemos que a flexibilidade pode ser definida como a amplitude articular máxima em
uma articulação ou em grupos articulares, ou até memso pela relação existente entre o
comprimento e a tensão de um músculo alongado. Para o treinamento da flexibilidade,
ou seja, na realização das técnicas ou manobras de alongamentos, propicia o aumento
do comprimento da unidade músculo-tendão. Fisiologicamente a estrutura destes
tecidos assim como a função, são afetados sendo uma variável extremamente
importante associada não somente com a qualidade de vida, mas também com a
longevidade. Partindo deste princípio O presente artigo procurou através de uma ampla
revisão bibliográfica, comparar de forma sucinta duas técnicas de alongamento
muscular, na tentativa de concretizar qual seria mais eficaz no ganho de flexibilidade
dos músculos isquiotibiais.
1. Introdução
A flexibilidade pode ser definida como a amplitude articular máxima em uma ou mais
articulações, ou pela relação existente entre o comprimento e a tensão de um músculo
alongado. O treinamento da flexibilidade propicia o aumento do comprimento da
unidade músculo-tendão. Fisiologicamente a estrutura destes tecidos assim como a
função, são afetados sendo uma variável extremamente importante associada não
somente com a qualidade de vida, mas também com a longevidade (CORBIN; NOBLE,
1980).
Muitas pessoas se equivocam ao pensar que alongamento e flexibilidade são antônimos,
mas devemos atentar para a diferença entre os dois. Onde flexibilidade pode ser definida
como a amplitude de movimento (ADM), ou seja, o grau de amplitude em que uma
estrutura pode se afastar da outra. Já o alongamento pode ser definido como qualquer
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Pós Graduando em Ortopedia e Traumatologia
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Orientadora
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exercício ou manobra terapêutica que tem por objetivo alongar estruturas de tecido
mole, e, portanto, aumentar a amplitude de movimentos (ADM). Então com as
definições acima, podemos dizer que flexibilidade é considerada a valência física e o
alongamento o meio para desenvolver esta valência, a flexibilidade (LORETE, 2002)
Há diversos tipos de alongamento, eles são determinados de acordo com o objetivo, a
indicação e viabilidade de cada caso. Pode ser realizado de forma ativa, passiva e/ou
mecânica e assistida. Também pode ser estático, progressivo estático e cíclico. Quanto à
velocidade, pode ser lento ou balístico e de alta ou baixa intensidade (KISNER;
COLBY, 2005). Os tipos mais comuns de alongamento são: estático, balístico e
facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) (ROSÁRIO, 2004).
Outra técnica de alongamento muito eficaz é a técnico de alongamento por Cadeia
Muscular que pode ser definida como um conjunto de músculos de mesma direção e
sentido que trabalham como um só músculo. São geralmente poliarticulares e se
recobrem como telhas de um telhado (MÉZIÈRES, 1947).
Esses Grupos musculares possuem as mesmas características histológicas e fisiológicas,
interligadas por uma rede aponeurótica, a fáscia, que por sua vez foi definida como uma
faixa de tecido fibroso que envolve os grupos musculares e separa suas diversas
camadas ou grupos (SOUCHARD, 2001). Sendo como principais cadeias musculares;
Cadeia Posterior, Cadeia Mestra Anterior, Cadeia Respiratória, Cadeia Superior do
Ombro, Cadeia Anterior do Braço, Cadeia Ântero-interna do ombro, Cadeia Ântero-
interna do quadril, Cadeia Lateral do Quadril (BUSQUET, 2001).
Ainda que o alongamento seja amplamente difundido e apesar de inúmeras publicações,
existe uma grande dificuldade na determinação do protocolo apropriado. Com isto, este
estudo tem como objetivo determinar qual a técnica de alongamento dentre as duas
apresentadas é mais eficaz para o ganho de flexibilidade dos músculos isquiotibias.
2. Referencial Teórico
Segundo Achour (2006), o sistema conectivo que une os ossos aos elementos contráteis,
os quais permitem que o sistema fibroelástico exerça tensão, é conhecido como fáscia
dos músculos, que nada mais é do que uma estrutura de tecido conectivo em forma de
camada membranosa. A expressão fáscia dos músculos significa banda ou bandagem.
Ela consiste em bainhas, lençóis ou agregados de outros tecidos conectivos, sendo
identificada como o segundo componente que mais resiste à extensibilidade durante
exercícios de alongamento passivo.
A fáscia é dividida em três partes gerais ou tipos. A fáscia superficial que se encontra
diretamente abaixo da derme é composta de duas camadas, a camada externa chamada
de panículo adiposo e a camada interna que é uma membrana fina que geralmente não
tem gordura. Em muitas partes do corpo a fáscia superficial desliza sobre a fáscia
profunda produzindo a mobilidade da pele. A fáscia profunda está logo abaixo da fáscia
superficial, sendo mais rígida, firme e compacta que a fáscia superficial, protegendo e
sendo fundida com os músculos, ossos, nervos, vasos sanguíneos e órgãos do corpo. A
fáscia subserosa é mais profunda em volta das cavidades do corpo formando a camada
fibrosa das membranas serosas que cobrem e sustentam a víscera (ALTER, 1999).
As fáscias dos músculos apresentam espessuras diferenciadas que permitem liberdade
de movimentos à pele e agem como isolante térmico, ramos de nervos e vasos linfáticos
subcutâneos encontra-se no tecido conectivo, isto contribui para a eficiência do retorno
venoso, uma vez que seus tecidos exercem um efeito de bombeamento sobre as veias
profundas durante as contrações. O músculo está dentro da fáscia e conectado a ela,
sendo elemento altamente contrátil para contrair e relaxar; e a fáscia é uma unidade de
sustentação, com elasticidade tridimensional: de frente para trás, da esquerda para a
direita, de um lado para o outro (ACHOUR, 2006).
Há pelo menos três funções prováveis de tecido conjuntivo intramuscular, fornecer uma
estrutura que ligue o músculo e assegure o alinhamento adequado das fibras musculares,
vasos sanguíneos, e assim por diante. Outra função é permitir que as forças, ativamente
desenvolvida pelo músculo ou passivamente imposta sobre o músculo, sejam
transmitidas por todo tecido de forma segura e eficaz. Por último também fornecem as
superfícies lubrificadas necessárias entre as fibras musculares e os feixes de fibra
muscular que permitem que o músculo altere sua forma (ALTER, 1999).
Ainda sobre o mesmo autor acima citado, a fáscia representa o segundo fator mais
importante que limita a amplitude de movimento, isto porque o tecido conjuntivo
constitui 30% da massa muscular fazendo com que o músculo possa mudar de
comprimento. Durante o movimento passivo a soma da fáscia muscular é responsável
por 41% da resistência total ao movimento.
Com uma pessoa que tenha o estilo de vida pouco ativo, a fáscia profunda pode perder
sua capacidade elástica e a maleabilidade conferida pela glicosaminoglicana. O aumento
da rigidez pode afetar o movimento localizado ou outras partes do corpo. Por isso,
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2.6 Flexibilidade
Achour (2004), afirma que o estilo de vida pouco ativo e a falta de exercícios
específicos de alongamento geralmente levam à incapacidade para execução de
movimentos amplos, em virtude da diminuição da flexibilidade, (figura 01). O termo
encurtamento muscular é em geral utilizado para descrever não apenas a aproximação
dos sarcômeros durante a contração, mas também um estado de aproximação duradouro
dos sarcômeros, isto é, o fato de haver tecidos (colágeno) além da quantidade normal. O
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A condições que podem levar ao encurtamento adaptativo dos tecidos moles ao redor de
uma articulação e perda subseqüente da amplitude de movimento incluem imobilização
prolongada, mobilidade restrita, doenças do tecido conectivo ou neuromusculares,
processos patológicos nos tecidos devido a trauma e deformidades ósseas congênitas
adquiridas (KISNER; COLBY, 2005).
O encurtamento ou retração refere-se à redução leve do comprimento de uma unidade
musculotendínea que permanece saudável, resultando em limitação na mobilidade
articular. Um músculo retraído pode ser quase completamente alongado, exceto nos
limites extremos de sua amplitude, o que comumente ocorre em músculos biarticulares.(
POLACHINI; et al, 2005).
Se houver rigidez ou nódulos em um dos feixes de um determinado grupo muscular,
pode haver prejuízo na execução das atividades de vida diária. Alguns exercícios de
força, se realizados em músculos insuficientemente alongados, podem comprometer o
sistema musculoesquelético. Um sistema muscular com insuficiência de flexibilidade
pode não realizar com a máxima eficácia as habilidades esportivas, particularmente uma
habilidade complexa com amplitudes consideráveis de movimentos. Músculos
encurtados e/ou com lesões crônicas podem calcificar próximo às articulações,
limitando o movimento, o que favorece as desordens musculoarticulares (ACHOUR,
2004).
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Por sua vez, uma postura lombar sem a curvatura, somada algumas vezes pelo
encurtamento dos isquiotibiais, provoca uma inclinação posterior pélvica que
sobrecarrega a coluna nas atividades de levantamento e condução de peso (ACHOUR,
2004).
De acordo com Kisner e Colby (2005) alongamento é o termo geral usado para
descrever qualquer manobra fisioterapêutica elaborada para aumentar a mobilidade dos
tecidos moles e subseqüentemente melhorar a amplitude de movimento (ADM) por
meio do alongamento de estruturas que tiveram encurtamento adaptativo e tornaram-se
hipomóveis com o tempo. Com isso, não só o músculo é alongado, além dele, estruturas
como o tendão, fáscia, tecido conectivo e pele também sofrem esta ação.
Também podendo ser definido como técnica utilizada para aumentar a extensibilidade
musculotendinosa e do tecido conjuntivo periarticular, de tal modo contribuindo para
aumentar a flexibilidade articular (HALL; BRODY, 2001). É comumente aplicado em
relação à atividade física e reabilitação de pacientes com desordens músculo
esqueléticas (HARVEY et al, 2002; KELL et al, 2001). Tendo como intuito o reforço
das estruturas miotendinosas para torná-las capazes de serem submetidos a esforços de
tração (ACHOUR, 2006), aumentar o rendimento de atletas, prevenir e tratar lesões
músculo esqueléticas e distúrbios posturais, recuperar funções em pós-operatório ou
pós-imobilização e promover saúde (PLATE, 1995).
O alongamento baseia-se no princípio de ativação de fusos musculares e órgãos
tendinosos de Golgi, sensíveis às alterações no comprimento, velocidade e na tensão
dos músculos. Os impulsos desses receptores provocam respostas reflexas, que por sua
vez induzem adaptações nas unidades musculotendíneas, as quais são benéficas para o
ganho da mobilidade articular (MAGNUSSON et al, 1996). De acordo com a literatura,
a intensidade de tensão no alongamento deveria ser aplicada até o sujeito referir um
incômodo, desconforto, tensão sem dor, leve sensação de alongamento ou até o
terapeuta sentir uma rigidez ou restrição ao movimento (FELAND et al, 2001)
A atuação do alongamento ocorre sobre a estrutura histológica do tecido conjuntivo,
sobre as fibras de colágeno e elastina, e muscular, aumentando o comprimento da fibra
muscular; portanto, quando um músculo é alongado passivamente, o alongamento
inicial ocorre no componente elástico em série e a tensão aumenta agudamente; após
certo ponto ocorre um comprometimento mecânico das pontes transversas à medida que
os filamentos se separam com os deslizamentos e ocorre um alongamento brusco nos
sarcômeros (KISNER; COLBY, 2005).
Com o passar do tempo ocorrem várias mudanças na função fisiológica das unidades
contráteis dentro do músculo, que ocorrem durante exercícios ou imobilização em uma
posição alongada ou encurtada por longos períodos de tempo (KISNER; COLBY,
2005). No alongamento, os filamentos de actina são retirados da faixa A e as faixas H
tornam-se mais longas, numa extensão igual ao aumento do comprimento das faixas I.
O sarcômero resiste à deformação do alongamento por meio de sua capacidade de
tensão de repouso, e a resistência à extensão aumenta com o alongamento mais intenso
(DEYNE, 2001).
O alongamento deve ser realizado até a sensação de uma leve tração no músculo,
mantendo a posição, no entanto durante a realização do alongamento não deve haver a
sensação de dor, parestesias, tonturas, se caso houver o aparecimento de alguns desses
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O músculo precisa ser longo o suficiente pra permitir mobilidade normal nas
articulações e ser curto o suficiente para contribuir efetivamente com estabilidade
articular. (KENDALL et al), sendo assim o alongamento é indicado quando os tecidos
moles perderam sua extensibilidade, como resultado de aderências; em contraturas e
formação de tecido cicatricial tendo como conseqüências limitações ou incapacidades
funcionais; prevenção de deformidades estruturais; fraqueza muscular e encurtamento
de tecido opositor; manutenção da postura; prevenção de lesões musculoesqueléticas e
com intuito de minimizar potencialmente a dor muscular pós-exercício (KISNER;
COLBY, 2005).
O alongamento não deve ser realizado quando há bloqueio ósseo, pois limita a
mobilidade articular; após fraturas recentes; sempre que houver evidências de processos
inflamatórios ou infecciosos agudos ou quando a regeneração dos tecidos moles puder
ser perturbada nos tecidos retraídos e na região ao redor (KISNER; COLBY, 2005).
Nos casos de dor aguda; quando forem observados hematomas ou traumas nos tecidos,
hipermobilidade, quando as contraturas ou os tecidos moles encurtados estejam
provendo aumento da estabilidade articular no lugar da estabilidade articular normal ou
do controle neuromuscular; quando a contratura ou os tecidos moles encurtados são as
bases de habilidades funcionais melhoradas em pacientes com paralisia ou fraqueza
muscular grave (KISNER; COLBY, 2005).
Há várias pesquisas acerca dos efeitos dos exercícios de alongamento, porém a duração
mínima necessária para obter ganho de flexibilidade de tecidos moles ainda não foi
determinada, eis que são poucos os estudos que abordam essa linha de pesquisa. Os
experimentos investigativos existentes com relação à duração do alongamento se
contradizem e ainda são realizados sem um protocolo apropriado, o que os leva a vários
achados.
O alongamento só ocorre quando a tração é mantida por tempo suficiente para que haja
deformação do tecido conectivo (LIANZA, 2001). O tempo de tração deve ser
relativamente longo, já que a duração da tração é diretamente proporcional à capacidade
de deformação visco elástica do músculo (TRIBASTONE, 2001).
Segundo Madding et al. (1987), 15 segundos oferece resultados efetivos para aumento
de ADM de abdução de quadril, em alongamento estático com apenas uma série,
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quando comparado com outros estímulos superiores (45 e 120 segundos), concordando
assim com Shrier e Gossal (2000) que em ampla revisão literária concluíram que um
alongamento de 15 a 30 segundos por grupo muscular é suficiente para a maioria das
pessoas, mas algumas pessoas ou grupos musculares requerem maior duração ou mais
repetições.
No que se refere aos estímulos (30 e 60 segundos) investigados por Bandy et al.(1994)
constatou-se não haver diferença do ganho de flexibilidade entre o alongamento estático
de 30s e 60s dos músculos isquiotibiais e que a duração de um alongamento por mais de
30 segundos deve ser questionada. O trabalho de Taylor et al (1990) feito com animais
sugere que o maior alongamento muscular ocorre durante os primeiros 12 a 18 segundos
de um alongamento estático e durante os primeiros quatro alongamentos estáticos de
uma série de 10.
Em um estudo comparativo sobre duas “doses ideais” de alongamento ativo realizado
durante três semanas, Grandi (1998) utilizou duas propostas, a primeira sugerida por
Bandy indica 1 repetição de 30s na musculatura isquiotibial do MID e uma segunda
indicando 4 repetições de 18s da musculatura isquiotibial do MIE proposta por Taylor.
Ao final, Grandi sugere que as duas doses são igualmente eficazes para ganho de
flexibilidade desses músculos.
Já Bonvicine et al. (2005), em estudo realizado com 30 sujeitos, concluíram que o
ganho de ADM para os músculos isquiotibiais é maior em 1 série de alongamento
passivo com duração de 60 segundos que em 2 séries de 20 segundos, ao final de 4
semanas.
Em um estudo realizado por, Amaro e Maia (2007), foi possível observar ganho de
ADM na articulação do joelho, dos participante que realizaram o alongamento ativo dos
músculos isquiotibiais, em uma série realizada em um único dia, com duração de 30, 60,
90, 120s. Os grupos que alongaram por 60s, 90s e 120s, obtiveram ganho significativo
de flexibilidade dos músculos isquiotibiais, portanto, os resultados indicaram que o
tempo mínimo necessário para obter ganho de flexibilidade aguda dos músculos
isquiotibiais por meio de alongamento ativo é de 60s.
Na década de 50, surgiu na França uma nova proposta de atuação que revolucionava a
forma de trabalhar o corpo. De acordo com Méziéres apud Bertherat (1987),o
deslocamento das massas do corpo - cabeça, abdômen, costas - faz com que as curvas
vertebrais se acentuem mais ainda. A manutenção da posição da cabeça obriga os
músculos ligados às vértebras cervicais a se agruparem e as vértebras a manterem-se
num arco côncavo. O mesmo se verifica com os músculos e vértebras lombares. Essa
curva e o achatamento da musculatura posterior só tendem a agravar-se com o passar
dos anos.
Segundo (BUSQUET, 2001), As cadeias musculares representam circuitos anatômicos
através dos quais se propagam forças organizadas do corpo. A técnica permite
compreender melhor a lógica das disfunções e a origem das dores e deformidades. Visa
libertar bloqueios articulares, aderências, contraturas musculares e encurtamentos
neurais. Procura também reequilibrar as tensões internas através de manobras viscerais.
Surgiu o termo “cadeias” articulares e musculares, que refere-se a um procedimento
preventivo e terapêutico através da organização do sistema locomotor em grupos e
cadeias, que permite uma visão unificada do corpo em situações de análise da postura.
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3. Metodologia
4. Resultados e discussão
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O presente estudo durante seu desenvolvimento encontrou resultados interessantes por meio
das pesquisas bibliográficas, entretanto ficou claro que ainda há muito o que pesquisar a
respeito deste assunto, mas ficou muito claro que é importante o profissional fisioterapeuta
ou educador físico ter amplo conhecimento quanto a anatomia muscular global e
biomecânica das articulações, para realizar a técnica de alongamento que julgue mais
eficaz naquele momento, e que principalmente, seja realizada com segurança, sem causar
nenhum tipo de trauma e lesão muscular ou articular. Ficou bem evidente também, que hoje
o conhecimento das cadeias musculares é de grande importância quando se quer ganhar
flexibilidade, uma vez que já existem vários resultados comprovando a eficácia desta
técnica.
Em estudo realizado por Marques et al, (1994), onde avaliaram 20 pacientes com
fibromialgia, e após a avaliação realizaram tratamento por meio de alongamento em
cadeias musculares, diagnosticaram que as cadeias mais comprometidas com
encurtamento muscular eram a cadeia ântero-interna do ombro e a cadeia posterior, ao
final do tratamento todos os pacientes não só apresentaram um índice de flexibilidade
normal e próximos do normal como postura ereta, fazendo crer que houve alongamento
significativo da cadeia posterior como também uma melhorar na conscientização da
postura ao nível das cadeias musculares.
Em estudo posterior, Cabral et al, (2007), confirmaram o resultado obtido no estudo
anterior descrito, só que desta vez foi feito um estudo que visou comparar a eficácia do
alongamento muscular na recuperação funcional de pacientes Com síndrome
femoropatelar (SFP). Foram selecionadas 20 mulheres jovens sedentárias com SFP,
divididas em dois grupos, um grupo que realizou alongamento dos músculos da cadeia
posterior pela técnica de reeducação postural global, (RPG), e um segundo grupo que
realizou alongamento segmentar dos isquiotibiais e gastrocnêmios, Após a realização do
tratamento os grupos mostraram que obtiveram melhora na capacidade funcional,
encurtamento dos isquiotibiais, melhora do ângulo Q e flexibilidade, porém, só o
primeiro grupo relatou melhora na intensidade da dor e comparando o grupo 01 com o
grupo 02, o primeiro grupo também teve maior ganho de flexibilidade, concluído que as
técnicas de alongamento em cadeias musculares são mais eficazes tanto na melhora da
dor de pacientes com síndrome femoropatelar, quanto na melhora da flexibilidade dos
músculos isquiotibiais.
Ainda partindo da mesma linha de pesquisa, no estudo de Vivolo et al, (2007), onde foi
feito um estudo com objetivo de comparar a eficácia de uma sessão de alongamento
muscular segmentar e alongamento muscular global, através do ganho de flexibilidade e
amplitude de movimento para extensão dos joelhos. A amostra contou com 60
participantes, todos adultos, 30 homens e 30 mulheres, cada grupo contou com 30
participantes, sendo 15 mulheres e 15 homens, foi realizada goniometria de joelho antes
do tratamento e logo em seguida dele. Ao final do tratamento chegarm ao seguinte
resultado, o alongamento muscular global mostrou ser mais eficaz que o alongamento
segmentar no ganho de amplitude de movimento da extensão de joelho, não se
verificando o mesmo no ganho de flexibilidade. Como existem muitas divergências
quanto ao tempo, frequência e tipo de alongamento, os resultados aqui obtidos nos
remetem à necessidade de realizar outros estudos clínicos.
ROSÁRIO et al, (2008), também fizeram o mesmo estudo comparativo, comparando o
alongamento segmentar e o global pela técnica de RPG quanto ao ganho de
flexibilidade, ADM e força muscular. 30 mulheres foram distribuídas aleatoriamente em
três grupos: o grupo global fez alongamento de cadeias musculares; o grupo segmentar
realizou alongamento segmentar; e o grupo controle não fez alongamento. Antes e
depois do tratamento, em todos os grupos, foram avaliadas a ADM de extensão da
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perna, flexibilidade pelo teste 3o dedo-solo e força isométrica de flexão da perna em 45°
e 90°. Os dois grupos experimentais realizaram oito sessões de alongamento de 30
minutos cada, duas vezes por semana. Os resultados dos grupos global e segmentar
foram semelhantes entre si e superiores aos do grupo controle na ADM, flexibilidade e
força muscular em 45° e 90°. Na avaliação intra-sessões, os dois grupos também
tiveram desempenhos semelhantes, com ganho relativo da ADM maior nas primeiras e
decrescendo ao longo das sessões. Ambas as técnicas de alongamento foram pois
igualmente eficientes no aumento de flexibilidade, ADM e força muscular.
Descrevendo ainda sobre o mesmo assunto, tem o estudo de Moreno et al, (2007), que
desta vez fez um estudo com objetivo de avaliar o efeito do alongamento da cadeia
muscular respiratória, pelo método de Reeducação Postural Global (RPG), sobre a força
muscular respiratória e a mobilidade toracoabdominal de homens jovens sedentários.
Estudo realizado com 20 voluntários, divididos em dois grupos de 10: grupo controle e
grupo submetido à intervenção pelo método de RPG. O protocolo foi constituído por
um programa de alongamento da cadeia muscular respiratória na postura rã no chão
com os braços abertos, realizado com a regularidade de duas vezes por semana, durante
8 semanas, totalizando 16 sessões. Os dois grupos foram submetidos à avaliação da
medida da pressão inspiratória máxima, pressão expiratória máxima e cirtometria
toracoabdominal, antes e após o período de intervenção. Depois do tratamento proposto
chegaram ao seguinte resultado; Os valores das pressões respiratórias máximas e da
cirtometria do grupo controle antes e após o período de intervenção não apresentaram
alterações significativas (p > 0,05). No grupo RPG, os valores de todas as variáveis
apresentaram diferenças estatisticamente significativas após o protocolo de intervenção
(p < 0,05). Chegando a conclusão que o protocolo de alongamento da cadeia muscular
respiratória proposto pelo método de RPG mostrou ser eficiente para promover o
aumento das pressões respiratórias máximas e das medidas da cirtometria
toracoabdominal, sugerindo que pode ser utilizado como um recurso fisioterapêutico
para o desenvolvimento da força muscular respiratória e da mobilidade
toracoabdominal.
5. Conclusão
O alongamento tem sido ao longo da história uma das ferramentas mais importantes para o
tratamento de patologias causadas por tempo prolongado de imobilização, inicialmente o
alongamento muscular tornou-se conhecido apenas como método eficaz para ganhar
amplitude de movimento, com o passar dos anos, novas técnicas fisioterapêuticas foram
surgindo ao redor do mundo e tendo como base o alongamento muscular. Hoje o termo
alongamento é muito amplo, pois existem várias técnicas diferentes, e em muitas vezes com
o mesmo objetivo. Fisioterapeutas utilizam esta técnica para tratar e reabilitar diferentes
tipos de pacientes, por esse motivo, este estudo, diante de tantas literaturas pesquisadas,
visou esclarecer qual das duas técnicas que hoje vem mostrando excelentes resultados, é
mais eficaz para o ganho de flexibilidade dos músculos isquiotibiais.
Depois de verificar toda anatomia e fisiologia muscular, particularidades do alongamento e
pesquisas realizadas com intuito de comparar o alongamento em cadeia muscular e o
alongamento ativo, Chegamos a conclusão que todas as técnicas que de alongamento,
proporcionam um ganho de flexibilidade e consequentemente uma melhor qualidade de
vida, porém estudos já comprovam que a técnica de alongamento que é mais eficaz no
ganho de flexibilidade e até mesmo, na diminuição da intensidade do quadro álgico em
certos tipos de patologias, é o alongamento em cadeias musculares, uma técnica que tornou-
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