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Vesícula Biliar
Terapia nutricional nas
doenças das vias biliares FUNÇÕES:
Concentrar, armazenar e excretar
BILE
Profa. Dra. Camila Cremonezi Japur
Nutrição Clínica II
Curso de Nutrição – Universidade Federal de Uberlândia
Escott-Stump, 2007
Escoada pelos ductos biliares intra-hepáticos pelos Ducto biliar comum Ducto pancreático
canalículos biliares (colédoco) + (ducto de Wirsung)
Ampola de Vater
Levada aos ductos hepáticos esquerdo e direito –
unem-se no ducto hepático comum Envolvida por um esfíncter muscular (esfincter de Oddi)
Digestão:
Presença de alimento no duodeno: liberação de
Ducto cístico: Ducto biliar comum: colecistoquinina e secretina (estimulam a abertura do
Vesícula biliar Duodeno
(concentração e armazenamento) (utilização) esfincter de Oddi para liberação de enzimas
pancreáticas e bile)
Escott-Stump, 2007 Doenças do fígado, vesícula biliar e pâncreas frequentemente inter-relacionadas. Escott-Stump, 2007
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• Íleo: pequena parte dos sais biliares são desconjugados e reabsorvidos. O restante é reabsorvido • Derivada da liberação de hemoglobina pela destruição do eritrócito:
conjugado. bilirrubina não conjugada (bilirrubina indireta);
• Cólon: sais biliares não reabsorvidos – controlam o supercrescimento bacteriano intestinal, mas
também são metabolizados pelas bactérias (perdendo atividade antimicrobiana).
• Transportada para o fígado, onde é conjugada pela adição de ácido
glicurônico (torna-a hidrossolúvel) e excretada pela bile (bilirrubina direta).
• Captados pelo sistema portal e carregados de volta para o fígado: ressíntese da bile. Escott-Stump, 2007
ALTERAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS
COLELITÍASE
NO SISTEMA BILIAR
COLELITÍASE: Presença de cálculos biliares na ausência de infecção da vesícula biliar. Presença de cálculos biliares na ausência de infecção
COLEDOCOLITÍASE: Obstrução do ducto biliar comum pelo cálculo biliar. da vesícula biliar.
COLESTASE: Estase da bile na vesícula. • Maioria dos casos (80%): assintomática.
COLECISTITE (Aguda ou Crônica): Inflamação da vesícula biliar.
• Passagem do cálculo para o colédoco e duodeno:
COLANGITE: Inflamação dos ductos biliares.
pode gerar sintomas.
LITOGÊNESE
CÁLCULOS BILIARES FORMAÇÃO DE CÁLCULOS BILIARES DE COLESTEROL
Solubilidade do colesterol depende da concentração relativa de
Formados dentro da vesícula. colesterol, dos sais biliares e fosfolipídios
Cálculos de colesterol (80%): pedras de colesterol não pigmentadas, compostas principalmente
por colesterol, bilirrubina e sais de cálcio.
Cálculos marrons: compostos por bilirrubinato de cálcio, sais de ácidos graxos (palmitato de cálcio e estearato
de cálcio), colesterol e glicoproteínas.
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LITOGÊNESE
Fatores de risco para a formação dos
FORMAÇÃO DE CÁLCULOS BILIARES DE COLESTEROL
Causas multifatoriais:
cálculos de colesterol
• supersaturação de colesterol na bile, MODIFICÁVEIS NÃO-MODIFICÁVEIS
Dieta Fatores genéticos
• cristalização de vesículas remanescentes de colesterol,
Obesidade Etnicidade
• dismotilidade e esvaziamento incompleto da vesícula, Perda rápida de peso Idade avançada
• alterações nas concentrações de sódio, cloro e bicarbonato mudam a saturação de colesterol Dislipidemia Sexo feminino
levando à precipitação de cálcio e formação de cristais. Doenças crônicas
• Sexo feminino: mulheres tem 2 vezes mais chance de desenvolver colelitíase do que • Diabetes mellitus: frequentemente associado com colelitíase.
homens: hormônios femininos, gestação, medicamentos anticoncepcionais e terapia de
• Composição dos sais biliares alterada nos indivíduos com diabetes tipo 1 e 2.
reposição hormonal.
• Estrógeno: aumenta a secreção de colesterol e diminui a secreção de sais biliares;
• Fatores de risco independentes: idade avançada, alto IMC e história familiar.
• Progesterona: reduz a secreção de sais biliares e prejudica o esvaziamento da vesícula biliar.
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• CAFEÍNA: estimula a liberação de colecistoquinina, aumentando a motilidade • Estudo mostrou que após 4 semanas em NPT: 50% dos indivíduos
da vesícula. desenvolveram lodo biliar e após 6 semanas – 100%.
• Indivíduos assintomáticos e resolução do quadro após a descontinuação da NPT.
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• Evitar ganho de peso (Obesidade: maior fator de risco); Não utilizar dietas inferiores a 800 kcal: não são efetivas para perda de peso e podem aumentar o risco de
Alterações na alimentação para restrição calórica Distribuição de carboidratos e fibras no plano alimentar
- Reduzir o tamanho das porções consumidas (volume alimentar);
- Restringir o consumo de alimentos de alta densidade calórica (alimentos ricos em açúcar e - Programar a compra e organizar a rotina para o consumo de vegetais e frutas;
gordura); - Planejar a inclusão de leguminosas e cereais integrais nas refeições – variedade nas
- Restringir ingestão de bebidas adoçadas (refrigerantes, sucos industrializados) – baixa saciedade preparações;
e alto valor calórico; - Evitar adicionar açúcar às bebidas e preparações;
- Aumentar o consumo de alimentos que aumentem a saciedade (ricos em fibras e proteínas, com - Evitar bebidas adoçadas (refrigerantes e sucos industrializados);
incorporação de ar ou água – aumentam volume sem aumentar energia);
- Evitar produtos industrializados à base de xarope de glucose, xarope de milho rico em
- Ingerir água 30 min antes das refeições;
frutose, frutose, açúcar (orientar leitura de rótulos).
- Horários regulares de refeições (manutenção da homeostase da glicose e insulina, e evitando
picos de fome).
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Recomendação limite para ingestão de açúcar: máximo 10% do VET - VERDURAS: porção consumida geralmente é pequena, então acaba não sendo uma boa fonte.
OMS: PROPOSTA EM 2014 para redução da recomendação para 5% do VET 1 folha média de alface: aproximadamente 10g – 10 folhas de alface = 1g de fibra
Banana nanina: 1 unidade de 100g (1,9g de fibras) I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da SM, 2005; Kaur, 2014
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Alteração do tipo de gordura no plano alimentar Alteração do tipo de gordura no plano alimentar
AG saturados e colesterol alimentar AG monoinsaturados:
Fontes na dieta: gorduras animais (ovos, leite e derivados, carne vermelha, camarão, pele de aves e vísceras)
- Utilizar óleo de oliva para temperar saladas e regar alimentos.
O consumo de ovo deve ser moderado (até 1 por dia) para população em geral e restrito para diabéticos.
I Diretriz sobre o consumo de gorduras e saúde cardiovascular, 2013 - Substituir óleo de soja por óleo de canola (inverte quantidade MI e PI).
AG trans - Consumir azeitona e oleaginosas (amendoim, castanhas, nozes, amêndoas): moderação devido ao alto valor
calórico.
Fontes na dieta: óleos e gorduras hidrogenadas presentes em alimentos industrializados como sorvetes, chocolates,
produtos de padaria, salgadinhos tipo chips, molhos para saladas, maionese, cremes para sobremesas e óleos para - Preparações com abacate (safra: janeiro a julho): frapê, preparações salgadas como guacamole.
fritura industrial.
Em menor quantidade: produtos lácteos e carnes bovinas e caprinas.
LITOGÊNESE LITOGÊNESE
FORMAÇÃO DE CÁLCULOS PIGMENTADOS MARRONS FORMAÇÃO DE CÁLCULOS PIGMENTADOS PRETOS
• Associados com dismotilidade da vesícula biliar e infecção bacteriana da bile. Representa 2% dos cálculos biliares e estão associados com:
Fatores de risco:
Estase no ducto biliar encontrada nas seguintes situações: • Doença hepatica crônica (prevalência de litíase: 30%): secundária secreção alterada de
• Colangite esclerosante (doença que causa inflamação e fibrose dos ductos biliares); pigmentos, motilidade anormal da vesícula e aumento dos níveis de estrógeno.
• Cistos congênitos;
• Condições hemolíticas: Anemia falciforme (excessiva excreção de bilirrubina
• Pancreatite crônica.
desconjugada, que precipita com cálcio). Colecistectomia profilática é recomendada
Infecções bacterianas e parasitas. para esses indivíduos.
• Comum a ocorrência de COLEDOCOLITÍASE E HEPATOLITÍASE.
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• Processo inflamatório: espessamento da parede, eritema (coloração avermelhada pela • Fistulização da vesícula para o duodeno, estômago ou jejuno;
vasodilatação capilar) e hemorragia subserosa. Surgem hiperemia (aumento do volume
sanguíneo no local) e áreas focais de necrose. • Passagem do cálculo para a alça e posterior obstrução intestinal no
íleo terminal ou válvula íleo-cecal.
• Maioria dos casos: cálculo se desloca e o processo inflamatório regride.
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• Dor pode estar relacionada à ingestão de alimentos gordurosos. (20 a 40 min após) • Aumento da captação de bilirrubina pela circulação sanguínea: excesso de
bilirrubina causa a pigmentação amarelada da pele
• Dor pode intensificar-se quando a pessoa respira profundamente e muitas vezes estende-se à parte
inferior da escápula direita e à região epigástrica. e descoloração dos olhos.
Maya et al., 2009; Salgado & Santos. Protocolo Clínico e de Regulação para Litíase Biliar e suas Complicações. Escott-Stump, 2007; Maya et al., 2009
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concomitante. • Padrão ouro: identificação de alterações que não são visíveis no exame físico.
• Amilase pancreática sérica: 28 a 100 UI/L • Alta sensibilidade para a detecção de cálculos e espessamento da parede
(anormal: > que 4 mm).
• Elevação da fosfatase alcalina (eleva-se 10 vezes em relação ao normal) • Visualização de líquido perivesicular, distensão da vesícula, cálculos
• Dissolução química com administração de sais biliares, ácido quenodesoxicólico e ácido • Crise aguda:
ursodexosicólico (terapia litolítica).
• Hidratação e reposição de eletrólitos por via intravenosa;
• Dissolução pela litotripsia por onda de choque extracorpóreo (fraciona os cálculos biliares).
• Jejum. Utilizar nutrição parenteral em pacientes previamente desnutridos.
• Pacientes com migração de cálculos para os ductos biliares: colangiopancreatografia retrógrada
endoscópica (CPRE). • Retomada da alimentação oral:
• Dieta com baixo teor de lipídeos (diminuir a estimulação da vesícula biliar): 30 a 45g/dia
Escott-Stump, 2007
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COLECISTITE COLECISTECTOMIA
Tratamento cirúrgico (mais comum) Terapia Nutricional Pós-operatória
• Remoção cirúrgica da vesícula biliar (COLECISTECTOMIA): • Iniciar alimentação via ORAL após retorno dos sons intestinais
• Indicação: pacientes com colecistite aguda nas primeiras 72h do início do quadro (principalmente
com pedras grandes, numerosas ou calcificadas).
(Diretrizes atuais: Nutrição oral líquida 6 a 12h após a cirurgia).
• Pode ser feita por laparotomia aberta tradicional ou por procedimento videolaparoscópico (menos
invasivo).
• Evoluir dieta conforme tolerância.
• Na ausência da vesícula, o fígado produz e secreta a bile diretamente no intestino.
• Inflamação de baixa intensidade. • Dieta com teor de lipídeos entre 25 – 30% do VET.
• Limitação completa da gordura é indesejável: importante para estimular e drenar a vesícula
• Formação de cicatrizes: vesícula biliar torna-se rígida e espessa. biliar.
• Comum a ocorrência de náuseas e desconforto abdominal. • Eliminar os alimentos que causam intolerância (flatulência, inchaço): definir com paciente.
• Pacientes com suspeita de má-absorção de gordura: suplementos de vitaminas lipossolúveis
na forma hidrossolúvel.
Escott-Stump, 2007
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REFERÊNCIAS BIBLIÓGRÁFICAS
• Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença
crônica : obesidade. Brasília : Ministério da Saúde, 2014.
• Caruso L. Intervenção nutricional no pré e pós-cirúrgico. In: Silva & Mura. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. 2° ed. São Paulo: Roca,
2010. p.833-844.
• De Jesus RP, et al. Doença hepática crônica. In: Calixto-Lima L, Reis NT. Interpretação de exames laboratoriais aplicados à nutrição clínica. Rio de
Janeiro: Ed. Rubio, 2012.
• Escott-Stump S. Nutrição relacionada ao diagnóstico e tratamento. Barueri, SP: Manole, 2007.
• Kaur J. A Comprehensive Review on Metabolic Syndrome. Cardiology Research and Practice 2014, Article ID 943162.
• Maria Cristina A. Maya MCA, Freitas RG, Pitombo MB, Ronay A. Colecistite aguda: Diagnóstico e tratamento. Revista do Hospital Universitário
Pedro Ernesto, UERJ 2009. Ano 8: 52-60.
• Martínez-González MA & Martín-Calvo N. The major European dietary patterns and metabolic syndrome. Rev Endocr Metab Disord, 2013 (in
press)
• O’Connell K, Brasel K. Bile Metabolism and Lithogenesis. Surg Clin N Am 2014;94:361–375.
• Salgado & Santos. Protocolo Clínico e de Regulação para Litíase Biliar e suas Complicações.
• Santos RD, Gagliardi ACM, Xavier HT, Magnoni CD, Cassani R, Lottenberg AMP et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz sobre o
consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular. Arq Bras Cardiol. 2013;100(1Supl.3):1-40.
• Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabolica. Arquivos Brasileiros de Cardiologia
2005; 84(Suplemento I).
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