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FUNDAÇÕES

AULA 03
CONCEPÇÃO DE OBRAS DE FUNDAÇÕES (TIPOS DE FUNDAÇÕES)

Prof. Eng. Civil Rafael Brugneroto


INTRODUÇÃO
• Concepção é algo muito amplo, que requer muito espaço para um
tratamento satisfatório, e muito difícil de ser apresentado de forma
sistemática. A concepção de fundações é, na realidade, um MISTO DE
CIÊNCIA E ARTE. Assim, dado o espaço disponível e a própria natureza
do tema, abordaremos os principais aspectos que devem ser
enfocados pelo projetista e discutir algumas opções disponíveis para
solução do problema de fundação.
ELEMENTOS NECESSÁRIOS E CRITÉRIOS DE PROJETO

• QUAIS OS ELEMENTOS NECESSÁRIOS PARA O PROJETO?


TOPOGRAFIA DA ÁREA:
• Levantamento topográfico (planialtimétrico)
• Dados sobre taludes e encostas no terreno (ou que possam, no caso
de acidentes, atingir o terreno)
• Dados sobre erosões (ou evoluções preocupantes na geomorfologia)
PLANIALTIMÉTRICO
PLANIALTIMÉTRICO
DADOS SOBRE TALUDES
DADOS SOBRE TALUDES
DADOS GEOLÓGICOS-GEOTÉCNICOS:
• Investigação do subsolo (preferencialmente em 2 etapas: preliminar e
complementar)
• Outros dados geológicos e geotécnicos (mapas, fotos aéreas,
comportamento da água no subsolo, e experiência anteriores na área
etc.)
INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO:
• Investigação preliminar: conhecer as principais características do
terreno, definindo a sua estratigrafia;
• Investigação complementar ou de projeto: esclarecer feições
relevantes do subsolo e caracterizar as propriedades das camadas de
solo mais importantes;
• Investigação para a fase de execução: visa confirmar as condições de
projeto em áreas críticas da obra.
DADOS DA ESTRUTURA A CONSTRUIR:
• Tipo e uso que terá a nova obra
• Sistema estrutural
• Cargas (ações nas fundações)
DADOS DA ESTRUTURA A CONSTRUIR:
DADOS DA ESTRUTURA A CONSTRUIR:
DADOS SOBRE CONSTRUÇÕES VIZINHAS
• Tipo de estrutura e fundações
• Número de pavimentos, carga média por pavimento
• Desempenho das fundações
• Existência de subsolo
• Possíveis consequências de escavações e vibrações provocadas pela
nova obra
AÇÕES NAS FUNDAÇÕES
No Brasil, utilizamos a norma NBR 8681/2003 (“Ações e Segurança nas
Estruturas”) classifica as ações nas estruturas em:

• AÇÕES PERMANETES
• AÇÕES VARIÁVEIS
• AÇÕES EXCEPCIONAIS
AÇÕES PERMANENTES:

• AS QUE OCORREM COM VALORES CONSTANTES DURANTE


PRATICAMENTE TODA A VIDA DA OBRA (PESO PRÓPRIO DA
CONSTRUÇÃO E DE EQUIPAMENTOS FIXOS, EMPUXOS, ESFORÇOS
DEVIDOS A RECALQUES DE APOIOS);
AÇÕES VARIÁVEIS:

• AS QUE OCORREM COM VALORES QUE APRESENTAM VARIAÇÕES


SIGNIFICATIVAS EM TORNO DA MÉDIA (AÇÕES DEVIDAS AO USO DA
OBRA, TÍPICAMENTE);
AÇÕES EXCEPCIONAIS:

• AS QUE TÊM DURAÇÃO EXTREMAMENTE CURTA E MUITO BAIXA


PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA DURANTE A VIDA DA OBRA, MAS
QUE PRECISAM SER CONSIDERADAS NO PROJETO DE DETERMINADAS
ESTRUTURAS (EXPLOSÕES, COLISÕES, INCÊNDIOS, ENCHENTES,
SISMOS).
Norma NBR 8681/2003:
• Estabelece critérios para combinações destas ações na verificação dos
estados-limites de uma estrutura (assim chamados os estados a partir
dos quais a estrutura apresenta desempenho inadequado às
finalidades da obra):
• ESTADO-LIMITE ÚLTIMOS (associados a colapsos parciais ou total da
obra);
• ESTADO-LIMITE DE UTILIZAÇÃO (quando ocorrem deformações,
fissuras etc. que comprometem o uso da obra).
REQUISITOS DE UM PROJETO DE FUNDAÇÃO:
Os requisitos básicos a que um projeto de fundações deverá atender
são:
a) Deformações aceitáveis sob as condições de trabalho;
b) Segurança adequada ao colapso do solo de fundação (estabilidade
“externa”);
c) Segurança adequada ao colapso dos elementos estruturais
(estabilidade “interna”).
CONSEQUÊNCIAS QUANDO NÃO ATENDE OS REQUISITOS:
• O atendimento ao requisito (a) corresponde à verificação de um
ESTADO LIMITE DE UTILIZAÇÃO de que trata a norma NBR 8681. O
atendimento aos requisitos (b) e (c) corresponde à verificação de
ESTADOS-LIMITES ÚLTIMOS.
ALTERNATIVAS DE FUNDAÇÃO
As fundações são convencionalmente separadas em 2 grandes grupos:
• FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS (OU “DIRETAS”) E
• FUNDAÇÕES PROFUNDAS
A distribuição entre estes dois tipos é feita segundo o critério
(arbitrário) de que uma fundação profunda é aquela cuja mecanismo
de ruptura de base não atinge a superfície do terreno. Como
mecanismo de ruptura de base atingem, acima da mesma, até 2 vezes
sua menor dimensão, a norma NBR 6122 estabeleceu que fundações
profundas são aquelas cujas bases estão implantadas a mais de 2 vezes
sua menor dimensão, e a pela menos 3 m de profundidade.
FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
• BLOCO – elemento de fundação de concreto simples, dimensionado
de maneira que as tensões de tração nele produzidas possam ser
resistidas pelo concreto, sem necessidade de armadura;
• SAPATA – elemento de fundação de concreto armado, de altura
menor que o bloco, utilizando armadura para resistir aos esforços de
tração;
• GRELHA – elemento de fundação constituído por um conjunto de
vigas que se cruzam nos pilares;
• SAPATA ASSOCIADA – elemento de fundação que recebe parte dos
pilares da obra;
• RADIER – elemento de fundação que recebe todos pilares da obra.
BLOCO
BLOCO
SAPATA
SAPATA
SAPATA
SAPATA ASSOCIADA
SAPATA ASSOCIADA
RADIER
FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Já as fundações profundas são separadas em quatro tipos principais:

• TUBULÕES
• ESTACAS DE DESLOCAMENTO
• ESTACAS ESCAVADAS
• ESTACAS INJETADAS
TUBULÕES
Distribui os esforços principalmente através da base.
TUBULÕES – PRINCIPAIS ALTERAÇÕES NR-18
TUBULÃO AR COMPRIMIDO ESTÃO PROIBIDOS.
TUBULÕES A CÉU ABERTO;
ESCAVAÇÃO MÁXIMA DE 15 M;
DIÂMETRO DO FUSTE MÍNIMO DE 90 CM;
FUSTE REVESTIDO;
SARRILHO DEVE SER ASSINADO POR PROFISSIONAL COMPETENTE.
ESTACAS DE DESLOCAMENTO
• PM CONCRETO
• PM METÁLICA
• PM MADEIRA
• APILOADAS
• FRANKI
• OMEGA
ESTACAS DE
DESLOCAMENTO
• PM CONCRETO
ESTACAS DE
DESLOCAMENTO
• APILOADAS
ESTACAS DE
DESLOCAMENTO
• FRANKI
ESTACAS DE
DESLOCAMENTO
• FRANKI
ESTACAS DE
DESLOCAMENTO
• OMEGA
ESTACAS DE ESCAVADAS
• TRADO MANUAL
• TRADO MECÂNICO
• STRAUSS
• HÉLICE CONTINUA
• BARRETE
ESTACAS DE
ESCAVADA
• TRADO
ESTACAS DE ESCAVADA
• STRAUSS
ESTACAS DE ESCAVADA
• HÉLICE CONTINUA
ESTACAS DE ESCAVADA
• BARRETE
ESTACAS DE INJETADAS
• RAIZ
FUNDAÇÕES MISTAS
• São mistas aquelas que associam fundações
superficiais e profundas.
ESCOLHA DA ALTERNATIVA DE FUNDAÇÃO – CRITÉRIOS
GERAIS
Algumas características da obra podem impor um certo tipo de
fundação. Este é o caso, por exemplo, de uma obra cujo subsolo é
constituído por argila mole até uma profundidade considerável,
em que uma fundação em estacas é a solução que se impõe.
Quanto ao tipo de estaca, haverá, em geral, algumas opções a
examinar.
• Menor custo
• Menor prazo de execução
ESCOLHA DA ALTERNATIVA DE FUNDAÇÃO – CRITÉRIOS
GERAIS
Neste estudo de alternativas pode-se incluir mais de um tipo de
fundação superficial – ou mais de um nível de implantação – e
mais de um tipo de fundação profunda. Na avaliação de custos e
prazos é importante considerar escavações e reaterros.
FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
As sapatas e os blocos são os elementos de fundação mais
simples e, quando é possível sua adoção, os mais econômicos. Os
blocos são mais econômicos que as sapatas para cargas
reduzidas, quando o maior consumo de concreto é pequeno e
justifica a eliminação da armação. Não há, porém, qualquer
restrição ao seu emprego para cargas elevadas.
FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
Uma fundação associada (sapata associada ou radier) é adotada
quando:
• As áreas das sapatas imaginadas para os pilares se aproximam
umas das outras ou mesmo se interpenetram (em consequência
de cargas elevadas nos pilares e/ou de tensões de trabalho
baixas);
• Se deseja uniformizar os recalques (por meio de uma fundação
associada).
Nota técnica: indica-se a utilização de radier quando a área total
de fundação ultrapassar metade da área da construção.
FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Existe hoje uma variedade muito grande de estacas para
fundações. Com uma certa frequência, um novo tipo de estaca é
introduzida no mercado e a técnica de execução de estacas está
em permanente evolução. A execução de estacas é uma atividade
especializada da Engenharia, e o projetista precisa conhecer as
firmas executoras e seus serviços para projetar fundações dentro
das linhas de trabalho destas firmas.
ESCOLHA DO TIPO DE ESTACA
Na escolha do tipo de estaca é preciso levar em conta os
seguintes aspectos:
1) Esforços nas fundações, procurando distinguir:
• Nível das cargas nos pilares;
• Ocorrência de outros esforços além dos de compressão (tração
e flexão)
ESCOLHA DO TIPO DE ESTACA
2) Características do subsolo, em particular quanto à ocorrência de:
• Argilas muito moles, dificultando a execução de estacas de concreto moldadas in-
situ;
• Solos muito resistentes (compactos ou com pedregulho) que devem ser
atravessados, dificultando ou mesmo impedindo a cravação de estacas de
concreto pré-moldadas;
• Solos com matacões dificultando ou mesmo impedindo o emprego de estacas
cravadas de qualquer tipo;
• Nível de lençol d’água elevado, dificultando a execução de estacas de concreto
moldadas in-situ sem revestimento ou uso de lama;
• Aterros recentes (em processo de adensamento) sobre camadas moles; indicando
a possibilidade de atrito negativo; neste caso, estacas mais lisas ou com
tratamento betuminoso são mais indicadas.
ESCOLHA DO TIPO DE ESTACA
3) Características do local da obra, em particular:
• Terrenos acidentados, dificultando o acesso de equipamentos
pesados (bate-estacas etc.);
• Local com obstrução da altura, como telhados e lajes,
dificultando o acesso de equipamentos altos;
• Obra muito distante de um grande centro, encarecendo o
transporte de equipamentos pesado;
• Presença de água.
ESCOLHA DO TIPO DE ESTACA
4) Características das construções vizinhas, em particular
quando a:
• Tipo e profundidade das fundações;
• Existência de subsolos;
• Sensibilidade a vibrações;
• Danos já existentes.
ESCOLHA DO TIPO DE ESTACA
Esses são alguns aspectos a considerar. Entretanto, não já regras
para escolha do tipo de estaca, e vale muito a experiência local.
EDIFÍCIOS COM PILARES DE DIVISA
No caso de edifícios sem subsolos mas que se estendem até as
divisas, é necessário um tratamento especial dos pilares junto às
divisas uma vez que ali o elemento de fundação (sapata ou
estaca) não poderá ter seu centro de gravidade coincidente com o
do pilar. Nestes pilares há que se prever vigas de equilíbrio que
ligarão a pilares internos próximos. A fundação associada que
resulta tem carregamento centrado em relação aos elementos de
fundação.
EDIFÍCIOS COM PILARES DE DIVISA
EDIFÍCIOS COM PILARES DE DIVISA
EDIFÍCIOS EM ZONA URBANA E COM SUBSOLOS
No caso de edifícios em zona urbana com pavimentos de subsolo,
há que se prever um sistema de escoramento da escavação para
execução destes pavimentos. Estes pavimentos geralmente se
estendem até as divisas e vamos supor que os vizinhos já estejam
construídos.
SISTEMAS DE ESCORAMENTO
• Paredes-diafragmas;
• Paredes de estacas-pranchas de concreto (inviável se vizinho já
construído);
• Parede de estacas-pranchas de aço (pouco utilizadas devido ao
custo elevado);
• Paredes de estacas justapostas (ou tangentes);
• Paredes de estacas secantes.
SISTEMAS DE ESCORAMENTO
• Paredes-diafragmas;
SISTEMAS DE ESCORAMENTO
• Paredes de estacas-pranchas de concreto
SISTEMAS DE ESCORAMENTO
• Parede de estacas-pranchas de aço
SISTEMAS DE ESCORAMENTO
• Paredes de estacas justapostas, tangentes ou secante
SISTEMAS DE ESCORAMENTO HORIZONTAL
• Tirantes ou ancoragens;
• Estroncas (em aço ou madeira);
• Lajes da estrutura.
• Tirantes de
barra
• Tirantes de
cordoalha
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EDIFÍCIOS EM ENCOSTAS
O grande problema da fundação de edifícios em encostas, na realidade,
é o da estabilidade da encosta onde ele será construído. Se a encosta for
estável, as questões que advêm de uma superfície de terreno inclinada
são simples de se resolver.
É comum que as camadas mais superficiais de uma encosta estejam
sujeitas a um movimento lendo (às vezes chamado de “rastejo” ou
creep), geralmente associado a variações de nível d’água. É importante
que se estude cuidadosamente o perfil do terreno, para escolher a
profundidade de implantação das fundações. Em certas circunstâncias,
fundações superficiais não são possíveis e tubulões ou estacas precisam
ser adotados.
SOBREPOSIÇÃO DE
TENSÕES
MEDIDAS ESTABILIZANTES MAIS ADOTADAS, A SABER:
• corte para alívio do topo;
• bermas no pé do talude (atenção para a drenagem!);
• Drenagem profunda por meio de drenos sub-horizontais
perfurados;
• Suavização da encosta por meio de uma série de pequenos
cortes; sendo que todas estas medidas — adotadas
isoladamente ou combinadas—devem ser complementadas por
drenagem superficial.
MEDIDAS
ESTABILIZANTES MAIS
ADOTADAS, A SABER:
EDIFÍCIOS INDUSTRIAIS
PROBLEMA TÍPICOS:
• Grandes vãos, o que dificulta a utilização de cintas e vigas de
equilíbrio, fazendo com que cada fundação deva ser estável por si;
• Pilares altos, sujeitos a momentos (devidos a pontes rolantes, vento
etc.);
• Máquinas que provocam vibrações permanentes (motores,
compressores etc.) ou transientes (prensas, forjas etc.);
• Máquinas para trabalho de precisão, sensíveis a deformações
(recalques, rotações) e vibrações.
PONTES
• As pontes têm pelo menos parte de sua extensão cruzando massas
d’água, apresentando problemas especiais de execução de suas
fundações.
• Um dos primeiros aspectos a considerar na escolha de uma
fundação de uma ponte é a erosão. O projetista deve buscar
informações sobre o regime do rio, como níveis d’água máximos e
mínimos, velocidade máximas de escoamento etc., além da história
de comportamento de fundações de outras pontes das
proximidades. Este aspecto frequentemente impõe uma fundação
profunda, uma vez que uma solução em fundação superficiais é
afastada pelo risco de solapamento de sua base.
PONTES
ESTACAS CRAVADAS
ESTACAS MOLDADAS IN SITU
ESTACAS ESCAVADAS

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