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Disputa entre o ensino laico e religioso

Inicialmente, as universidades eram conjuntos de indivíduos, de diversas


classes, que estavam ligados diretamente a um mestre e dele apreendiam um
ofício. As aulas não tinham um lugar próprio e podia ocorrer em qualquer
lugar. Essa informalidade permitia que pessoas de várias classes sociais
pudessem adquirir algum tipo de educação. Os alunos pagavam aos mestres e
muitos eram sustentados por suas famílias enquanto estudavam. Conforme
essa estrutura se desenvolvia e se espalhava, tanto a Igreja quanto a nobreza
passaram a criar leis para estabelecer e interferir na educação dos reinos,
pois reconheciam a educação como uma base importante não só ponto de
vista cultural, mas também político. Das universidades emergiam os juristas,
teólogos, burocratas e funcionários que iriam compor o corpo administrativo
do estado moderno.

As universidades de Paris e Bolonha se destacam como as grandes instituições


desse período. É interessante perceber que as aulas eram ministradas em
latim e para ingressar em uma universidade ou lecionar nela, era preciso o
domínio desse idioma, tanto falado quanto escrito. Isso ressalta a influência
da Igreja, já que a Bíblia estava escrita em latim, as missas eram celebradas
em latim e essa língua ganhou o status de língua erudita. Além disso, era
preciso ser batizado e possuir provas de boa conduta moral. Fica claro que
embora possuam um caráter mais universal, pois ampliaram sobremaneira a
educação na Europa, as universidades também estavam circunscritas ao
mundo urbano tendo um grande número de estudantes oriundo da classe
burguesa.

Os alunos ingressavam jovens, entre 12 e 15 anos. Quer dizer, jovens na


perspectiva contemporânea, não é? Na Idade Média, um indivíduo dessa idade
já era considerado um adulto, e o que chamamos hoje de adolescência é um
conceito que pertence à idade contemporânea. Então, por mais que a idade
de ingresso nas universidades nos pareça hoje muito precoce, isso não é
verdade para a época que estudamos.

As disciplinas são divididas em trivium e quatrivium e englobam as chamadas


sete artes liberais. No trivium, eram ensinadas as ciências da palavra:
gramática latina, dialética e retórica e no quadrivium, a ciência das coisas:
música, geometria, astronomia e aritmética. É interessante notarmos que
esses saberes tinham o status de arte, o que remete à ideia de que o
conhecimento era um dom divino.

Quando essas estruturas se consolidam de fato como centros de conhecimento


e ensino, a Igreja passa a ter um maior controle sobre elas, através do
documento de licença docente. Por esse documento, passa a haver uma
seleção de quem pode ou não ensinar nas universidades. Os mestres passam a
ser funcionários da igreja ou do estado e seu ingresso como mestre do ensino
vai depender das suas relações políticas tanto com o clero quanto com a
nobreza.

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