Geração de energia elétrica com turbina hidrocinética

(THC) –2021 – UTFPR

Isabela Cristina Araldi de Souza (1)

(1)
Acadêmica do curso de Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Paraná (UTFPR) campus Pato
Branco. E-mail: isabela.2016@alunos.utfpr.edu.br;

Resumo: A proposta artigo é discutir um pouco sobre a geração de energia através de turbinas
hidrocinéticas, que são uma excelente alternativa tanto pelo ponto vista ambiental quanto social, além
de possuírem um custo de instalação e tempo menores que usinas hidrelétricas

Palavras-Chave: Elétrica, Hidrocinética, Engenharia, turbina.

1. Introdução 3. Turbinas Hidrocinéticas

Sabemos que hoje em dia as formas de
energia sustentáveis estão cada vez mais em
destaque, e por isso atualmente já encontramos
um grande avanço de tecnologias visando um
planeta mais limpo e eficiente.
Segundo a Empresa de Pesquisa Energética
(2017), fontes renováveis de energia representam
81,7% da oferta interna de eletricidade no Brasil,
valor que resulta da soma de toda a quantia
referente à produção nacional e das importações.
Neste contexto, destaca-se o potencial hidráulico,
responsável por 68,1% da oferta interna de
energia elétrica.
Frente a isso, as turbinas hidrocinéticas são
uma alternativa para explorar ainda mais todo o
nosso potencial hidráulico, onde essas têm por
sua vez o objetivo de produzir uma geração de
energia elétrica através das correntezas dos rios,
que além de contribuir para preservação do meio
ambiente, também é uma alternativa para
populações que estão isoladas das redes elétricas
principais, criando assim uma ótima opção de
projeto da engenharia moderna.
2. Objetivo
Esse artigo tem por objetivo trazer uma breve
informação e aplicação sobre essa fonte de
energia, que ainda é pouco abordada, mas que
possui uma grande importância do ponto de vista
social, já que à nível de Brasil ainda existem
comunidades que não possuem acesso a
eletricidade contribuindo mais ainda para a
desigualdade social existente em nosso país, além
disso as THC’s possuem um custo e tempo de
instalação menor do que as hidrelétricas
provocando um menor impacto ambiental.
Turbinas hidrocinéticas (THC) são máquinas
hidráulicas destinadas à geração de eletricidade
através de correntes fluviais ou marítimas, sem a
necessidade de construção de barragens e
reservas de área para acumulo de água. O uso das
THC’s para a geração de energia é considerado
um sistema alternativo com origem em um
recurso renovável, elas funcionam com o
princípio dos aerogeradores, possuindo assim
uma forte associação com máquinas eólicas.
Segundo o site mecânica aplicada, os
principais elementos das turbinas hidrocinéticas
são rotor, eixo para o rotor, pás do rotor,
acoplamentos, caixa multiplicadora, eixo de
saída, freio e gerador. Podem ou não apresentar
difusor, que tem como função induzir uma
sucção em sua parte traseira, aumentando a
velocidade de escoamento da água e por
consequência, a potência da máquina.
As pás transmitem o movimento de rotação
para um eixo, o que transmite o movimento de
rotação para uma transmissão de potência que
pode ser feita com polias, correntes ou
engrenagens, chegando finalmente ao gerador
que transforma a energia mecânica em energia
elétrica. A quantidade de energia gerada depende
da velocidade do fluxo da água, do diâmetro do
rotor e do rendimento do sistema.
Uma de suas desvantagens é que essa turbinas
geralmente possuem uma baixa potência, mas
que muitas vezes já é o suficiente para atender
necessidades de uma pequena comunidade, uma
instalação industrial ou agrícola.
A seguir uma imagem para melhor ilustrar:
 Figura 1 - Turbina Hidrocinética

4. Instalação

A turbina pode ser instalada de várias formas Figura 3 - Montagem tipo flutuante
diferentes, onde elas serão apoiadas em alguma
estrutura de fixação, a estrutura a ser definida vai Outra forma de montagem é a do tipo “ponte”
depender do rio onde irá ser instalada a turbina. sobre um rio, ela é semelhante ao modelo anterior
Segundo Vianna et al. (2008) em caso de rios possuindo uma talha para que a turbina possa ser
estreitos ela pode ser fixada por um braço de suspensa por um cabo de aço. A maneira de
sustentação girante e com um contrapeso na fixação dela é igual das demais, pode ser feita
extremidade, permitindo, assim, levantar a tanto pela margem do rio quanto sendo fixada
turbina da água e fazer a regulagem de altura da pelo fundo rio
mesma, assim podendo acompanhar a altura do
rio. Para suportar a força da correnteza do rio é
fixado na turbina um cabo de aço preso em algum
ponto ancorado, ele também tem a função de
permitir o alinhamento da turbina com o fluxo da
água. Um dos itens críticos para este tipo de
instalação é o correto alinhamento da turbina na
correnteza.

Figura 4 - Montagem tipo ponte

Todas essas montagens da turbina

Figura 2 - Fixação turbina com braço
Para os rios largos, a estrutura de fixação pode
ser montada em flutuadores ancorados no meio
do rio. A turbina é presa por meio de uma talha e
cavaletes, essa talha tem por função levantar a
turbina para possíveis manutenções, caso haja a
necessidade. A ancoragem dessa estrutura pode
ser feita por cabos de aço presos tanto na margem
do rio, quanto no fundo dele isso irá depender do
local onde irá ser feita a instalação
Uma das vantagens dessa instalação é que a
turbina pode acompanhar o nível da água do rio
sem a necessidade de intervenção manual
hidrocinética podem todos ser classificados de
ancoragem flutuante ou “floot mooring”
conforme a definição de Kahn et.al. (2007).
Segundo Faria (2017) existem também as
turbinas de fluxo cruzado ou eixo vertical, como
por exemplo a do tipo Darrieus que opera em
altas velocidades e baixo torque, possuem a
característica de ser difícil a iniciação do
movimento, essas turbinas tem lâminas e o seu
eixo em posição vertical e uma de suas vantagens
é que elas podem girar com o fluxo bidirecional,
já uma desvantagem é sua baixa eficiência perto
de outros modelos.

Figura 5- Turbinas verticais
Como esse tipo de geração não possui
elevadas potencias que se encontram entre
0,25kW à 10MW, acarreta que a transmissão de
energia precisa ser feita para pequenas distâncias.
Já que devido as perdas que ocorrem em linhas
de transmissão, esse projeto acabaria
encarecendo o custo do empreendimento o que
não o tornaria ideal. Além disso, havendo a
necessidade também há a possibilidade de
projetar transformadores para o fim de elevar a
tensão gerada para minimizar as perdas e permitir
o transporte para locais mais distantes
5. Dimensionamento
Os princípios de funcionamento das turbinas
hidrocinéticas são muito similares às de turbinas
eólicas. Nas THC é preferível um rotor eficiente
e de tamanho compacto, pois o custo do material
aumenta de acordo com o tamanho além de
outros equipamentos.
A potencia de saída de turbina é dada pela
equação a seguir:
(1)
Sendo:
ρ - densidade da água;
V - Velocidade do escoamento;
𝐶𝑝 - o coeficiente de potência;
𝑛 - o rendimento do conjunto;
A - é a área varrida pelo rotor.
O coeficiente de potência é um fator teórico,
seu limite foi deduzido por Betz para turbinas
eólicas, como sendo 0,593.
Para o cálculo da velocidade de rotação em
qualquer ponto da pá é dado:
(2)
Sendo:
𝜆 é a razão de velocidade;
𝜔 é a velocidade angular do ponto;
𝑉 é a velocidade da correnteza;
𝑟 é o raio do rotor
O rendimento das turbinas hidrocinéticas são:
(3)
6. Aplicações e viabilidade econômica
Segundo o site mecânica aplicada, em se
tratando do desenvolvimento comercial de
turbinas hidrocinéticas, há algumas poucas
opções no mercado, como a Smart Hydro Power,
de fabricação alemã, capaz de produzir até 5kw
de energia elétrica em um rio com velocidade
média de 2.75m/s, com um rotor de 1m de
diâmetro. Outro modelo é a Cappa Ibasei, turbina
japonesa que produz até 1kw em um fluxo d'água
com velocidade média de 2m/s, com um rotor de
0.7m de diâmetro.
No Brasil a Universidade de Brasília (UnB)
trabalha em parceria com a Eletronorte desde
2004 em um projeto de P&D denominado Projeto
Tucunaré. Tal iniciativa tem como objetivo
desenvolver uma turbina com 100kW de potência
e 5 metros de diâmetro, apta para gerar energia
em águas com velocidade igual ou superior a
1m/s.
A UnB também foi responsável pela instalação
de turbinas hidrocinéticas, em 1995, no
município de Correntina, na Bahia e no
município de Maracá, no Amapá. Ambas as
turbinas ainda se encontram em funcionamento.
Muitas empresas pelo mundo têm investido no
desenvolvimento de tecnologias hidrocinéticas
com diferentes especificações, velocidades de
operação e máxima potência fornecida.
Segundo Vianna et al. (2008) hoje em dia a
experiência com instalação de sistemas de
geração descentralizada, como as turbinas
hidrocinéticas têm mostrado que o maior custo de
instalação de um empreendimento desse porte vai
ser o custo de transporte. Pois se trata de
instalações remotas, isoladas ou de difícil acesso.
Na Amazônia, onde há muita demanda por esse
tipo de equipamento, o custo com transporte pode
facilmente ultrapassar os custos dos
equipamentos mais a estrutura de ancoragem e
fixação.

7. Conclusão
A partir dos conceitos apresentados durante
esse artigo, é possível pensarmos que esse tipo de
geração de energia é uma opção bem interessante,
já que o caminho do futuro é uma produção de
energia menos dependente de combustíveis
fosseis, que além de não serem renováveis,
também possuem um alto de grau de poluição.
Além disso sabemos que o Brasil possui uma
grande bacia hidrográfica, mas que por diversos
fatores nem todas elas suportam a construção de
uma usina hidrelétrica por exemplo, já que essa é
um empreendimento que remonta uma grande
área de construção o que nem sempre é possível
dependendo do rio e sua localização geográfica,
tornando assim a hidrocinetica uma opção muito
mais viável para explorar tal potencial brasileiro.
Outro ponto muito importante a ser destacado,
é em como a hidrocinética pode ser um meio de
levar um maior avanço social e econômico para
aquelas comunidades que ainda em 2021 vivem
sem energia elétrica, assim sendo um projeto
muito importante em termos de desenvolvimento,
já que pode ser uma das únicas alternativas para
essas comunidades adquirirem energia elétrica.
Porém, sabemos que ainda há muito o que ser
estudado para que a hidrocinética se torne 100%
ideal, e por isso que atualmente o maior desafio
para este tipo de energia é trazer um maior
rendimento para essas turbinas fazendo com que
consequentemente gere uma potência maior, uma
vez que só a usina hidrelétrica de Itaipu gera cerca
de 14.000 MW de potência, isso em comparação
com a hidrocinética dá uma boa diferença, o que
faz com que muitas vezes ela não seja muito
viável para atingir uma comunidade com uma
maior população. Outro desafio também é o
transporte das unidades geradores hidrocinéticas
para as regiões isoladas do Brasil, este é um outro
ponto a ser considerado no projeto de engenharia
para a implementação das turbinas.
Por fim, acredito que essa geração de energia
tem um grande potencial futuramente, uma vez
que já existem projetos para melhoria das mesmas
tanto em questão de aprimoramento para um
maior rendimento quanto em relação a sua
construção e forma de instalação, e isso faz com
que elas sejam uma grande tendência para os
próximos anos, assim como outras fontes
alternativas de energia.
8. Referências
FARIA Alex, Projeto de uma turbina
hidrocinética de fluxo axial e eixo horizontal
para geração de baixas potências. 2017. Tese
(graduação em engenharia mecânica) –
Departamento de Engenharia Mecânica da Escola
Politécnica da Universidade Federal do Rio de
Janeiro.
ABREU, Renata, Projeto de um parque
hidrocinético a jusante da usina hidrelétrica de
Tucuruí para a geração de energia elétrica.
2019. Tese (graduação em engenharia mecânica)
– Departamento de Engenharia Mecânica do
Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Piauí. Campus Teresina Central.
ELS, R, H; JUNIOR, A, C; VIANNA, J.
Instalação de turbinas hidrocinéticas: viabilidade
técnica e econômica, In: Congresso Brasileiro de
Planejamento Energético. Salvador-Bahia. 2008.
CHEQUER, Sofia. Turbinas hidrocinéticas.
Mecânica Aplicada, 3 de junho de 2018.
Disponível em: <
https://mecanicaplicad.blogspot.com/2018/06/turb
inas-hidrocineticas.html >. Acesso em: 28 de
março de 2021.
COUTO, José. Turbinas hidrocinéticas. Rede
Agronomia, 5 de abril de 2019. Disponível em: <
http://agronomos.ning.com/profiles/blogs/turbinas
-hidrocin-
ticas?overrideMobileRedirect=1&id=3071024%3
ABlogPost%3A317747&page=2 > Acesso em: 28
de março de 2021