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WEG (WEGE3) - 2º TRIMESTRE 2020

WEG

Stellar!

Com desempenho sólido em equipamentos de ciclo longo e recuperação


rápida nos de ciclo curto, WEG apresentou resultado acima do esperado
no trimestre de maior efeito do Covid-19 no Brasil, mantendo a sequência
de crescimento positivo no top line e evolução do ROIC.

A receita líquida do trimestre totalizou R$4,1 bilhões (+23,7% a/a) com forte
contribuição dos mercados interno (+24,4% a/a) e externo (+23,2% a/a).

No Brasil, o destaque positivo foi a área de GTD (Geração, Transmissão e


Distribuição), com entregas significativas de transformadores e subestações
para projetos relacionados aos leilões dos últimos anos que contribuíram para
incremento de 43,1% a/a na receita. Equipamentos Eletroeletrônicos e
Industriais também apresentaram performance positiva (+32,9% a/a) devido à
demanda de projetos de papel e celulose e mineração. Estes dois segmentos
compensaram à retração de 32,2% a/a em Motores Comerciais & Aplliances e
de 15,7% a/a em Tintas e Vernizes.
No mercado externo, houve contribuição positiva da desvalorização do Real
quando os valores são convertidos para moeda local, em Dólar, a receita foi
10,2% a/a inferior. Outra área de destaque é a de GTD (+48,8% a/a) com
crescimento nas operações de transformadores nos EUA e México e entregas
da sólida carteira de pedidos de geradores nos EUA. Em Equipamentos
Eletroeletrônicos Industriais (16,5% a/a) a dinâmica semelhante à do mercado
local foi parcialmente compensada pela demanda de equipamentos de ciclo
longo para os setores de óleo e gás, mineração e água e saneamento. Em
Motores Comerciais e Appliance (+4,1% a/a) o desempenho foi positivo devido
ao efeito do câmbio e aumento de participação nos mercados de motores
comerciais do México e EUA que compensaram a queda generalizada na
demanda.

O modelo de negócios da WEG se mostrou bastante resiliente aos efeitos da


pandemia, com a dinâmica da demanda por equipamentos de ciclo curto
retomando rapidamente a níveis próximos aos pré-pandemia e resiliência nos
equipamentos de ciclo longo. Para o período à frente, com a dissipação do
choque decorrente do Covid-19, vemos como resultante dos efeitos dos
estímulos monetários e fiscais mundo afora e redução estrutural de custo de
capital, incentivos à retomada de projetos de investimento, que deverão
contribuir para a demanda de produtos WEG.
Em linha com as estimativas da nossa equipe de macroeconomia, que segue
com a visão de que o Dólar tende a se manter forte frente ao Real, mesmo com
movimentos de ajustes de curto prazo. Demanda em GTD deve seguir
consistente como derivada dos leilões realizados nos últimos anos. Projetos no
exterior e crescimento de participação da companhia nos principais mercados de
atuação deverão seguir contribuindo para o sólido desempenho.

O EBITDA alcançou R$732,3 milhões (+36,3% a/a), também acima de nossa


estimativa, com um avanço de 1,7 p.p. na margem vs. 2T19. A evolução é reflexo
da melhora da rentabilidade nas operações no exterior com a maior escala,
esforços para redução de custos/despesas e menor pressão sobre o custo de
matéria-prima, especificamente aço e cobre, que compensaram as restrições
operacionais de algumas regiões. Enquanto o CPV alcançou 30,3% da ROL
(+1,5 p.p. vs. 2T19), o SG&A apresentou retração de 0,8 p.p. vs. 2T19 na
proporção da ROL.

Lucro líquido de R$514,4 milhões (+32,2% a/a) e margem líquida de 12,7% (+0,8
p.p. vs. 1T19) reflexo da melhora no desempenho operacional e do resultado
financeiro. Este último devido a renovação de financiamentos com taxas
menores de juros e redução no impacto de correções e provisões no período.

A geração de caixa operacional no trimestre foi de R$453,4 milhões (+28,2%


a/a), com a maior rentabilidade compensando o aumento do ciclo de conversão
de caixa. Em financiamentos, houve consumo de R$473,1 milhões, devido a
amortizações e pagamento de juros. Os investimentos seguem direcionados
para a modernização e expansão da nova fundição no México, Brasil e fábrica
de motores industriais na China. Movimentações nas aplicações financeiras de
longo prazo resultaram em geração de caixa de investimentos de R$47,3
milhões. Com isso, a posição de caixa, disponibilidades e aplicações de WEG
somavam R$3,4 bilhões ao final de junho. Considerando a dívida bruta de R$2,1
bilhões, o caixa líquido da companhia era de R$1,3 bilhão.

Manutenção da sequência de evolução do ROIC para 21,6% (+0,9 p.p. vs. 1T20
e +3,2 p.p. vs. 2T19). Com crescimento de receita e melhores margens, o retorno
sobre o capital investido segue apresentando consistente evolução, mesmo com
nível dos investimentos, maior necessidade de capital de giro e desembolsos em
ativos.

Basicamente, o principal componente de risco no horizonte relevante para a


performance da companhia é uma eventual sobrevalorização do Real frente ao
Dólar, mas como mencionamos anteriormente neste relatório, não é o cenário
base de nossa equipe de macroeconomia. A compressão no diferencial de juros,
combinada com impacto maior na atividade e o desequilíbrio fiscal resultante das
medidas tendem a sobrepor os efeitos das expectativas recentes que puxaram
a cotação da moeda americana para baixo. Em uma análise de sensibilidade,
com o câmbio médio dos trimestres à frente até 8% abaixo do registrado no
2T20, os impactos nas margens devolveriam a performance da companhia
próxima às nossas estimativas vigentes até esta atualização.

Alguns dos pilares da tese que apresentamos no quick call de update em


10/07/2020 foram positivamente demonstrados neste resultado, como
capacidade de manter (neste caso acelerar) CAGR de EPS e de Receita. Para
efeito de modelagem, não replicamos integralmente as margens reportadas
em função dos fatores de incerteza ainda predominantes no ambiente, mas
fizemos refletir uma melhora marginal nos números 2020E e 2021E, nos
levando a reiterar a recomendação de COMPRA e atualizando o TP YE2021
para R$ 76,00.

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