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Zootecnia, Ciências Ambientais e estágio em docência: Navegando nas


trilhas do ensinamento e aprendizado.

Raquel Joana Trautmann Machado (1); Maria Aparecida Pereira


Pierangeli (2);

1. Mestranda do curso de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da


Universidade do Estado de Mato Grosso-UNEMAT, Pontes e Lacerda–MT, BR 174,
km 209, CEP 78250-000. Bolsista da CAPES/FAPEMAT,
raquel_trautmann@hotmail.com (apresentador do trabalho); (2) Prof. do curso
de Bacharelado em Zootecnia e da Pós-Graduação em Ciências Ambientais da
Universidade do estado de Mato Grosso mapp@unemat.br (Orientadora).

INTRODUÇÃO
Antigamente, as pessoas formadas procuravam se especializar tanto que
passavam a ser “aquele que conhece o vôo da borboleta azul”, atualmente,
procura-se ser aquele que conhece as borboletas sejam elas amarelas,
vermelhas, pretas ou azuis. Assim, seja em qualquer formação acadêmica,
devemos estar atentos para tudo o que esta ao nosso redor, suas modificações e
conseqüências.
A partir da década de 70 as questões ambientais ganharam forças após
diversos estudos, acontecimentos e a divulgação pela mídia. Alguns
consumidores começaram a exigir que seus produtos estivessem dentro de um
novo conceito: sustentável; necessitando assim de profissionais capacitados,
principalmente nas ciências agrárias. Para isso, deve-se acrescentar nas grades
curriculares, disciplinas que desenvolvam o pensamento crítico dos alunos
levando-os a pensar de como produzir mais, reduzindo o dispêndio de energia e
diminuindo o consumo de água e a geração de resíduos, como também os novos
docentes devem internalizar a vontade de fazer tal feito. Só uma visão holística é
capa de mudar o comportamento do homem.
Para a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) o propósito prioritário dos cursos de mestrado e doutorado é o
desenvolvimento científico-tecnológico, contudo, em 1999, reconhecendo a
importância da formação de docentes para o ensino de nível superior, passou a
incorporar em seu estatuto, o estágio supervisionado em docência para todos
aqueles que são bolsistas (NOGUEIRA e PAGLIUCA, 2001) qualificando-o. Só há
profissionais se houver professor para formá-los. É essencial que o estagiário
possa atuar em curso/disciplinas que são afins à sua graduação e ideal que
possa desenvolver uma atividade que relacione o que adquiriu na pós-
graduação. Somente as atividades desenvolvidas no estágio e a relação docente-
estagiários é que vai possibilitar o surgimento de um novo professor
universitário.
Neste contexto o estágio em docência tem como objetivo proporcionar ao
futuro docente um contato direto com os alunos, colocando frente às dificuldades
de regência de sala de aula.
MATERIAL E MÉTODOS
O estágio supervisionado em docência foi desenvolvido na Universidade do
Estado de Mato Grosso, no campus de Pontes e Lacerda, no curso de Zootecnia.
O estágio foi realizado na turma do IV semestre na disciplina de
“Conservação dos Recursos Naturais”. Utilizou-se a metodologia Estudo de Caso
(LUDKE e ANDRÉ, 1998), que foi estabelecida por observação participante e
questionário estruturado com perguntas abertas, as quais foram interpretadas a
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partir de Bardin (2004).


RESULTADOS E DISCUSSÃO
O curso de pós-graduação em Ciências Ambientais da Universidade do
Estado de Mato Grosso é instituído interdisciplinar pela CAPES e sendo assim
estudantes de qualquer formação acadêmica podem concorrer ao ingresso. No
decorrer da disciplina obrigatória “Meio ambiente e Sustentabilidade” inúmeras
vezes perguntaram-me porque uma profissional cuja função é a produção
almejando o lucro, possibilitando a destruição de componentes do meio ambiente
estaria fazendo ali? Basicamente acordamos todos os dias segurando uma
metralhadora e descarregamos em infinitos tipos de vida presentes no meio
ambiente! Mas a resposta era explicita: - Não é porque o zootecnista tem como
juramento o desenvolvimento do país que não pode conciliá-lo com a
preservação e conservação do meio ambiente e suas vidas. Assim, vi a
necessidade de transmitir estes novos conhecimentos adquiridos com as
disciplinas e suas leituras a partir do estágio em docência.
Ao iniciar o estágio, percebeu-se que a turma era heterogenia em
formação social e cultural, com pessoas advindas de vários locais. Estas
apresentavam um grau de dificuldade devido deficiência que percorria o trajeto
da educação básica, fundamental e secundária. Durante o estágio alguns se
mostraram interessado, mas muitos vieram com uma visão pré-determinada de
que a disciplina não era tão necessária para a sua formação como “Nutrição de
Ruminantes”, por exemplo. Eles não acreditam que os assuntos relacionados ao
meio ambiente são interessantes, pois acham que a mesma não é a que delega a
produção, produtividade e melhoramento aos animais e que para produzir em
larga escala não há como conservar quem dirá preservar. Mal sabem que é ela
sim, uma disciplina detentora de conhecimento sobre tudo o que vive, sobrevive
e produz neste planeta chamado TERRA. Esse pré-conceito faz com que eles
passem pela disciplina se deter o mínimo se quer que o meio ambiente e todas
as suas interfaces são a base de qualquer alicerce, isso porque qualquer criação
depende de ar, água, solo e alimento. É um ciclo. Para Rocha (2001), o docente
recebe a cada semestre algumas almas com rostos jovens, olhares ansiosos,
sorrisos incertos e inseguros que traduzem desejos, esperas, alguns fascinação,
outros apatia, como também há os descrentes. Mas enfim, almas as quais
devem conduzir nessa travessia e sobre cujo destino não se tem qualquer poder,
apenas o prazer da companhia pelo conhecimento e que ser mestre é quando se
dispõe ao desprendimento das verdades empedernidas, fossilizadas e se deixa
deleitar pelo fascínio que a exploração de novos universos proporciona.
Como futuros docentes, devemos aprender como transmitir o
conhecimento para o aluno de forma que tal fato não se transforme em algo
obrigatório, simplesmente para passar de semestre e ter o diploma. Devemos
despertar no aluno a necessidade de perguntar, pois é através da pergunta que
praticamos o exercício do conhecimento. Para isso o professor deverá sentir-se
bem no ato de sua profissão, só assim não haverá o déficit no processo de
aprendizagem. Existindo prazer no ato de ensinar e aprender mutuamente,
transporta o conhecimento da sala de aula para um mundo de magia aonde cada
novo conhecimento adquirido é um ingrediente à mais colocado no caldeirão.
No estágio em docência, temos o papel professor-aluno sem identidade
definida, pois ao mesmo tempo em que os estagiários são considerados
“aprendiz de professor” pelos graduandos, diante do professor titular ainda são
alunos. Muitas vezes essa parceria professor titular e professor estagiário é
relatada como conflituosa, pois pode haver o julgamento de práticas pedagógica
um do outro. Mas rotineiramente vemos a influência do procedimento de ensino
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do professor titular na vida profissional do futuro docente. Sarti (2009) afirma


que o estabelecimento de uma relação “amigável” entre professores titulares e
estagiários possibilita uma fértil troca de saberes. Quando esta relação esta
ancorada na reciprocidade, os futuros professores têm a oportunidade de atuar
em uma posição “intermediária”, entre o papel discente, que estão acostumados
a ocupar e a docência propriamente dita.
Após a regência de algumas aulas, foi aplicado um questionário aberto
com apenas uma pergunta: - Qual sua contribuição para a destruição do meio
ambiente e o poderia fazer para diminuí-la? Obtivemos diversas respostas, as
quais puderam separar nas seguintes categorias: jogar lixo pessoal em locais
indevidos interliga com a não seletividade, mal uso dos recursos naturais
(queimadas, desperdício de água, contaminação) relacionado a omissão social
(cobrar atitudes das autoridades envolvidas). Nota-se que eles citam as
conseqüências de forma abrangente: causa impacto ao ambiente, contaminação
ambiental, aquecimento global. Poucos arriscam sugestões seja como pessoa ou
como zootecnista e quando arriscam fazem de forma empírica: unir produção
com preservação, não atingir a natureza no exercício de sua profissão.
Cornachione Jr. (2004) afirma que a educação é o suporte essencial para a
formação de um cidadão, pois fornece habilidades para utilizar o conhecimento,
com condições de refletir, criticar e criar. Também foi pedido que os discentes
relatassem como havia sido desenvolvido o papel do docente estagiário, obteve
que em 100% das respostas havia uma frase comum: “apesar da falta de
experiência”; após processo de reflexão concluiu que os alunos da graduação
vêm como professores aqueles que passaram por um concurso/prova seletiva,
detém alguns anos no seu currículo ou o modo com que transmitem o
conhecimento é mais assimilável. “Somo todos, no exercício da docência,
barqueiros Caronte, guias que contribuem mostrando como se supera os perigos
inerentes a cada rio e ao mesmo tempo como se aprecia a paisagem (o
conhecimento) (ROCHA, 2001).
CONCLUSÃO
A interface docente/pós-graduando/graduando é uma estratégia positiva no
processo de ensino/aprendizagem favorecendo a troca de experiências e
permitindo que a inserção de novos profissionais na docência superior de sua
respectiva área de formação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORNACHIONE JR. E.B. Tecnologia da educação e cursos de ciências
contábeis: modelos colaborativos virtuais. Tese (Livre - docência) –
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São
Paulo, São Paulo; 2004.
LUDKE, M. e ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em Educação: abordagens
qualitativas. São Paulo: EPU. 1998.
NOGUEIRA R.A.; PAGLIUCA, L.M.F. Estágio de docencia: experiência inovadora
na prática de uma doutoranda. Texto Contexto Enferm. 2001; 10(1): 132-43.
ROCHA, M.Z.B. Cristóvam, Milene e minhas meias furadas... ou de como uma
aprendiz de professora ensina política cultural, sem saber, a uma graduanda das
artes... ou ainda... docência: a barca de caronte. Educ. Soc., Campinas, v. 22,
n. 74, 2001.
SARTI, F.M. Parceria intergeracional e formaçao docente. Educ. Rev. Belo
Horizonte, v. 25, n. 2, Aug. 2009.

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