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A massagem existe desde que existe o homem. Não existem evidências claras do uso
terapêutico da massagem por homens pré-históricos, mas é muito provável que isso tenha ocorrido,
pois o uso da pressão mecânica para acalmar dores e enfermidades é bastante instintivo,
aparecendo em humanos e animais (principalmente primatas). Os primeiros registros na literatura
sobre a massagem são encontrados no Nei Ching, um texto sobre Medicina Tradicional Chinesa
escrito por volta de 2760 a.C. na dinastia de Hwang Ti, o Imperador Amarelo (até 2599 a.C.).
Contudo, após a dinastia Sung (960-1279 d.C.) o uso da massagem declinou significativamente.
Há também registros dessa prática na Índia durante o século III a.C., nos Vedas, livros de
cerca de 1800 a.C. sobre saúde e vida. Assim como na Grécia antiga, no século V a.C., Hipócrates, o
“pai da Medicina”, também falava muito na importância da “habilidade de fricção” de um médico, e
deixou registrado em seus ensinos: “O médico deve ter experiência em muitas coisas, mas
certamente deve ter habilidade na fricção... Porque a fricção pode unir uma junta que está com
demasiada folga e afrouxar uma junta que está demasiadamente rígida”.
Praticamente todas as grandes culturas antigas descreveram com certo detalhamento o uso e
os benefícios da massagem, frequemente combinada com outros tratamentos tradicionais. Os gregos
são provavelmente a cultura responsável pela ampla aceitação social da massagem, pois
popularizaram o uso da massagem com exercícios nas suas famosas casas de banho, que são as
precursoras dos atuais “spas”.
Posteriormente na Roma, século I a.C., a prática da massagem foi instituída por Asclepíades.
Mas a Massoterapia caiu em desuso no mundo ocidental com o declínio do Império Romano,
permanecendo apenas no Oriente com Avicena, o filósofo e médico árabe do século XI d.C. A
massagem voltou a ser estudada no Ocidente, apenas no século XVII, com Ambrose Paré, que
desenvolveu a aplicação da massagem em cirurgias. A partir de Paré, muitos estudiosos voltaram a
estudar a massagem. Considera-se que a era da massagem moderna se iniciou no começo do eculo
XIX, quando muitos autores estavam defendendo o uso da massagem e criando seus sistemas
próprios de aplicação.
No século XIX, houve um grande avanço das técnicas de massagem no Ocidente com o
trabalho de Henrik Ling, que desenvolveu o que atualmente é conhecido como massagem sueca,
sintetizando um sistema de massagem e exercícios com base em seu conhecimento da ginástica e
da fisiologia, e também das técnicas chinesa e egípcia, grega e romana. Em 1813 foi fundada em
Estocolmo a primeira escola que oferecia massagem como parte do currículo, e desde então se
alastraram por todo o continente europeu, os institutos e as estações de banho que incluíam a
massagem em seus programas. Mas o seu valor terapêutico foi novamente reconhecido apenas nos
últimos 30 a 40 anos, e essa arte continua a florescer em todo o mundo ocidental, tanto entre
praticantes leigos como entre profissionais.
Hoje temos diversas técnicas de massoterapia e manipulação tecidual, sendo algumas com
um cunho científico como o Rolfing, massagem do tecido conjuntivo, Osteopatia, Quiropraxia,
Drenagem Linfática; e outros com uma abordagem consideradas não-científica, provindas do
conhecimento popular de alguns países, principalmente orientais, como a China e Japão, com o Do-
in, Tuiná, Shiatsu, Anmá, ou mesmo a Índia com a massagem Ayurveda. Ainda temos abordagens
psicossomáticas como na terapia corporal Bioenergética, que com os conceitos desenvolvidos por
Wilhelm Reich, psiquiatra discípulo de Freud, unindo o tratamento simultâneo do corpo e das
emoções.
Não existe uma definição clara de massagem na literatura médica antiga. Inicialmente a
massagem era descrita em conjunto com exercícios terapêuticos. Foi Kleen, na Suécia, que primeiro
publicou um manual sobre massagem no qual separava explicitamente a massagem dos exercícios
terapêuticos, em 1895. Kleen limitou a ação da massagem aos tecidos moles (músculos, fáscias,
tecido conjuntivo...) e determinou que poderia ser realizada pelo uso das mãos e de outras partes do
Efeitos mecânicos: Os efeitos mecânicos são as influências diretas que a massagem exerce
sobre os tecidos moles que estão sendo manipulados. Através da fricção exercida pela técnica, há
uma remoção da camada de células superficiais mortas, além da hidratação da pele pelo uso de
óleos, levando a uma melhora da qualidade e textura da pele e melhorando o funcionamento das
glândulas sudoríparas e sebáceas. Além disso, a própria manipulação, promove alterações nas fibras
colágenas que constituem os tecidos moles, levando ao melhor alinhamento dessas fibras. Em casos
de cicatrizes, principalmente as recentes, o efeito de tensionamento dessas fibras colágenas, leva à
quebra de fibrose (tecido cicatricial) excessiva, além da conversão do melhor “amadurecimento” do
colágeno depositado na cicatriz.
Efeitos no Sistema Circulatório: O próprio efeito mecânico do deslizamento das mãos sobre os
tecidos moles, promove uma melhora do fluxo sangüíneo e linfático no corpo, forçando o movimento
dos líquidos pelos vasos. Além disso, a própria manipulação parece reduzir a viscosidade do sangue
e da linfa, além de um efeito vasomotor, levando a uma dilatação das veias e artérias, o que acaba
causando também a hiperemia na pele (vermelhidão).
Algumas pesquisas indicam que há indícios de redução da pressão arterial durante a
massagem, mas esse efeito ainda é controverso e também envolveria diversos mecanismos
simultaneamente, como a própria vasodilatação, os efeitos psicológicos, liberação de hormônios, etc.
Indicações: para todas as idades, desde bebês, até idosos, assim como gestantes. Em casos
de patologias e condições especiais (como gravidez) é sempre essencial que haja um
acompanhamento médico para o controle da doença e para verificar se não há nenhuma contra-
indicação específica.
● ajudar no relaxamento geral ou local;
● aliviar dor;
● eliminar toxinas pelo sistema venoso e linfático;
● tratar problemas específicos como:
○ edema crônico;
○ tecido cicatricial superficial ou profundo;
○ hematomas superficiais ou profundos;
○ constipação intestinal crônica;
○ facilitação dos movimentos;
○ prevenção de deformidades;
○ contraturas e espasmos musculares;
○ doenças reumatológicas (artrite, artrose, gota);
○ alterações cardio-vasculares (hipertensão, prevenção de varizes);
○ síndromes dolorosas (fibromialgia, dor miofascial, etc);
○ ansiedade, stress e depressão.
Contra indicações: a massagem deve ser evitada sempre que houver riscos de agravar
quadros de lesão, ou de espalhar elementos pela circulação que são indesejáveis. Raramente nos
deparamos com casos emergenciais que possam custar a vida do paciente, pois geralmente eles
procurarão auxílio médico. Mas se houver um caso de emergência, o indivíduo deve ser rapidamente
encaminhado para o serviço médico.
● lesão na pele sobre o local a ser tratado (nesse caso pode-se utilizar técnicas reflexas);
A massagem pode ser usada em muitos casos diferentes e alguns casos apresentam
características e funções específicas:
Massagem esportiva: usada para diminuir lesão de treinamento, melhora a consistência do
treinamento, ajuda a prevenir lesões musculares e tendinosas, promove a cura de lesões agudas,
prevenindo lesões crônicas, promove a cura de lesões prolongadas rompendo aderência para a
restauração da mobilidade, reduz espasmos musculares para a promoção da restauração do
funcionamento muscular normal, incentiva uma atitude mental relaxada, aumenta a confiança e
capacita o atleta a permanecer no seu esporte por mais tempo.
Massagem paliativa: a massagem tem mostrado aumento significante na qualidade de vida de
idosos e doentes terminais.
Massagem em bebês e crianças pequenas: existem técnicas de massagem específicas para
crianças e bebês, como shantala e toque de borboleta, que melhoram o sono da criança, diminuem
cólicas, promovem relaxamento físico e psicológico, diminui ansiedade e stress, normaliza reflexos e
sinais neurológicos anormais, diminui hiperatividade, auxiliam no tratamento de dores de ouvido,
infecção urinária, refluxo gástrico e problemas de sistema imunológico.
Massagem em pacientes com distúrbios respiratórios: utilizada para impedir o acúmulo de
secreção, melhora a mobilização e drenagem das secreções, instruir o paciente quanto a higiene
doméstica dos brônquios, promover relaxamento, evitando rigidez muscular, manter e melhorar a
mobilidade da parede torácica, restaurar um padrão respiratório mais eficiente, instruir e retreinar o
uso correto dos músculos respiratórios, desenvolver a resistência dos músculos respiratórios, evitar a
estase venosa, melhorar a tolerância aos exercícios cardio-pulmonares, educar os pacientes quanto a
todos os aspectos de seu problema de modo que possam assumir o controle de sua própria saúde
respiratória.
COMPONENTES DA MASSAGEM
Aspectos éticos: elevado padrão de higiene e limpeza, prática ética, postura profissional diante
o corpo do paciente, explicação ao paciente do que vai acontecer...
Conhecimento de anatomia superficial: o terapeuta deve conhecer a anatomia superficial e
profunda do corpo e saber no que está tocando e como pretende agir no tecido.
Lubrificantes: óleo, creme, gel ou pós. Não são indispensáveis, mas frequentemente
necessários.
Equipamento: maca, mesa, tablado ou cadeira. O paciente deve estar em posição confortável
e bem apoiado, promovendo o relaxamento com ambiente tranquilo, iluminação suave, temperatura
moderada, ambiente sem corrente de ar, área de tratamento limpa e arrumada. Deve-se evitar os
fatores que inibem o relaxamento: dor ou medo da dor, medo de tratamentos desconhecidos,
ambiente estranho ou novo, ruído excessivo, luzes muito intensas ou escuridão total, locais frios e
com correnteza de ar, dificuldade respiratória, medo de se despir, apoio, cobertura ou posicionamento
inadequado, fatores psicológicos, como medo de hospitais ou clínicas de tratamento, problemas
domésticos ou pessoais (o ideal é que o paciente não fale durante a massagem e nem durma, mas
fique atento à massagem e às suas sensações corporais).
CUIDADOS DO TERAPEUTA
O terapeuta deve utilizar estratégias para conservar o seu corpo e prevenir futuras lesões e
dores. É muito comum entre os massoterapeutas, queixas de lombalgia, tendinite nos punhos, e
Postura: O primeiro segredo para realizar uma massagem eficiente e sem sobrecarregar o
corpo do terapeuta é o uso do peso corporal. Utilizar a força muscular para aplicar a massagem pode
até ser eficiente, mas será por pouco tempo, pois os músculos cansam rapidamente, principalmente
os músculos locais. E quando a musculatura começa a fadigar, as pressões ficam desiguais entre as
regiões aplicadas, gerando sensação de insegurança. Os músculos devem ser utilizados para
estabilizar as articulações sobre as quais o terapeuta descarrega o peso, e o movimento deve iniciar
principalmente das pernas. As articulações não devem ser travadas, pois isso gera sobrecarga nelas
e o movimento perde a suavidade. Além disso, quando se trava a articulação, os tecidos moles são
tensionados e se isso for prolongado, diversas lesões podem ocorrer.
Para que o terapeuta possa tomar cuidado com a postura e o posicionamento das
articulações, é necessário também que a altura da maca seja adequada para o tamanho do
terapeuta. Uma maca ideal tem a altura do quadril do terapeuta, pois assim o braço pode permanecer
estendido e a transferência de peso pode ser realizada com maior eficácia.
O massoterapeuta deve utilizar todo o seu corpo para realizar a massagem, prestando
atenção na posição dos pés, na coluna, na cabeça, ombros, cotovelos e mãos, sempre utilizando a
postura de maior conservação energética e maior eficiência e segurança para a manobra. A seguir,
serão descritas algumas posturas e suas funções e vantagens durante a aplicação da massagem.
Postura de esgrimista: O terapeuta se mantém com as pernas separadas, uma atrás como
ponto de apoio e uma na frente com o pé na mesma direção que o movimento da massagem. As
mãos são apoiadas na região onde a pressão será aplicada, podendo estar com os cotovelos
estendidos (com a coluna mais ereta) ou flexionados (com a coluna mais fletida) e o movimento
ocorre no corpo todo e o peso é recebido pela perna que está na frente. Esta postura possibilita
manobras que cobrem grandes extensões como as costas ou os membros inferiores, sem ter a
necessidade de fletir a coluna, evitando sobrecargas nela.
Postura de Tai Chi: Nessa postura, o terapeuta se mantém com a coluna ereta e os joelhos
semi-flexionados. Essa posição facilita a transferência de peso de uma perna para outra para realizar
movimentos látero-laterais, ou mesmo para realizar uma suave rotação do tronco para alguma
manobra. Neste caso o terapeuta se mantém a uma certa distância da maca, e os movimentos
ocorrem mais nos braços e mãos e é uma posição interessante para realizar manobras de
amassamento ou deslizamentos transversais.
Postura de vai-vem: O terapeuta se mantém afastado da maca, com os pés posicionados um
atrás do outro. Quanto mais afastado estiverem as pernas, maior é a possibilidade de transferência
do peso. Quem determina o movimento é a perna posterior, levantando o calcanhar e a perna anterior
se mantém sempre estendida. É uma postura interessante para movimentos a partir da cabeceira da
maca ou no lado oposto do corpo do paciente em relação à posição do terapeuta.
RELAÇÃO TERAPEUTA-PACIENTE
Mudança de decúbito
Deslizamento
Compressão ou pressão:
● Técnica: pressão localizada.
● Parte da mão utilizada: palma da mão, dedos e polegar ou eminência tenar e hipotenar.
● Tipos: compressão com a palma das mãos e os dedos, compressão com dedos e polegar e
compressão com eminência tenar e hipotenar.
Amassamento (petrissage):
● Técnica: “amassar” os tecidos, levantando o tecido ou em rolamento, o tecido é mobilizado
longitudinalmente num movimento de onda que percorre o tecido todo.
● Parte da mão usada: dedos, polegar ou a mão toda.
● Tipos: amassamento fixo, rolamento e amassamento em onda.
Amassamento fixo
Rolamento
Percussão:
● Técnica: movimentos de golpes suaves repetidos com ritmo constante ou vibração.
● Parte da mão utilizada: laterais da mão, mão toda apoiada ou mão toda em concha.
● Tipos: vibração, percussão e tapotagem.
Vibração
Percussão
A massagem clássica pode ser realizada com diversas sequências, cada autor indica uma
sequência diferente e cada escola ensina sua própria sequência. Se forem seguidas as premissas de
massagem clássica citadas até aqui, qual sequência é usada não é o mais importante, mas é muito
importante que haja uma sequência para que a massagem seja previsível para o paciente e para que
o terapeuta não esqueça de massagear nenhuma parte do corpo do paciente. A sequência também
dá um tempo de massagem mais definido.
Sequência básica da massagem clássica por segmento:
1. Três deslizamentos superficiais;
2. Três deslizamentos profundos;
3. Três amassamentos;
4. Três fricções;
5. Três percussões;
6. Três deslizamentos superficiais.
Sequência básica da massagem clássica no corpo todo (realizar a sequência de segmento em
cada parte, nessa ordem, utilizando todas as manobras quando possível):
1. Paciente em DV:
1. MMII (um depois o outro, face posterior):
1. Pés (sola);
2. Panturrilha;
3. Coxa;
4. Glúteos;
2. Costas (lombar, torácica e cervical);
3. MMSS (um depois o outro, face posterior):
1. Braços;
2. Antebraços;
3. Mãos (palma);
2. Paciente em DD:
1. MMII (um depois o outro, face anterior)
1. Pés (peito);
2. Pernas;
3. Coxa;
2. Tronco:
1. Abdome;
2. Tórax;
3. MMSS (um depois o outro, face anterior)
1. Braços;
2. Antebraços;
3. Mãos;
4. Cabeça:
1. Nuca e couro cabeludo;
2. Rosto (limpar as mãos, retirar óleo).
● A massagem não precisa ser forte, o importante eu o toque deve passar ao cliente segurança
e confiança. Lembrem que, para a massoterapia, metade do vínculo terapêutico se forma
através do toque. O ideal é que o toque seja suave, firme, constante e previsível.
● A quantidade produto que deve ser colocada é o suficiente para a mão deslizar sem que o
cliente fique inteiro melecado.
● É interessante que a massagem seja realizada de distal para proximal, centrípeta, seguindo a
circulação sanguínea ou o sentido das fibras musculares, mas isso não é indispensável, cada
BIBLIOGRAFIA
Cassar MP. Manual de massagem terapêutica: um guia completo de massagem para o estudante e
para o terapeuta. São Paulo: Manole, 2001.
Clay JH, Pounds DM. Massoterapia Clínica: Integrando Anatomia e Tratamento. 1ª edição. São
Paulo: Manole, 2003.
Domenico GD, Wood EC. Técnicas de massagem de Beard. 4ª edição. São Paulo: Manole, 1998.
Hollis M. Massagem na fisioterapia. 2ª edição. São Paulo: Santos Livraria e Editora, 2001.