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26/05/2019 Envio | Revista dos Tribunais

O direito do acionista à informação e a confidencialidade da arbitragem

O DIREITO DO ACIONISTA À INFORMAÇÃO E A CONFIDENCIALIDADE DA


ARBITRAGEM
The right of information to the shareholder and the confidentiality of the arbitration
Revista de Arbitragem e Mediação | vol. 53/2017 | p. 283 - 313 | Abr - Jun / 2017
DTR\2017\1632

Mirelle Bittencourt Lotufo


Mestranda em Direito Comercial pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Especialista em
Direito Processual Civil pela Fundação Getulio Vargas (GVlaw). Graduada em Direito pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie. Advogada.

Área do Direito: Arbitragem; Societário


Resumo: O acesso à informação pelo acionista é essencial para que haja a segurança e a proteção
necessárias ao investimento privado. É por meio da informação que os investidores tomam decisões
mais conscientes, elevando o nível dos participantes do mercado e gerando incentivos a novos
investimentos. As companhias passaram a adotar a arbitragem como método de resolução de conflitos,
cuja confidencialidade do procedimento é usualmente presente na convenção das partes e nos
regulamentos das instituições arbitrais. O objetivo deste artigo é analisar o direito à informação do
acionista, que possui papel de destaque nas companhias abertas, e o aparente conflito existente entre
o acesso à informação e a confidencialidade do procedimento arbitral.

Palavras-chave: Efetividade do Direito Privado e liberdade civil - Proteção jurídica do investimento


privado - Direito à informação do acionista - Confidencialidade da arbitragem.
Abstract: The access to the information by the shareholder is essential to the security and protection
required for the private investment. Through the information, investors make more conscious decisions,
raising the level of market participants and generating incentives for new investments. Companies have
being adopting the arbitration as an alternative dispute resolution method, whose confidentiality of the
procedure is usually adopted in the parties’ agreements, as well in the regulations of the arbitration
institutions. The purpose of this paper is to analyze the shareholder's right of information, which plays a
prominent role in publicly-held companies, and the supposed conflict between the access of information
and the confidentiality of the arbitration procedure.

Keywords: Effectiveness of Private Law and civil liberty - Legal protection of private investment -
Right of the information to the shareholder - Confidentiality of the arbitration.
Sumário:

1 Introdução - 2 A informação e o mercado de capitais: o full disclosure - 3 O dever de informar do


administrador - 4 Responsabilidade do administrador pelo descumprimento do dever de informar - 5
Direito à informação do acionista - 6 Assimetria informacional - 7 O direito à informação e a
confidencialidade da arbitragem - 8 Conclusão - 9 Referências

1 Introdução
A palavra “informação” é definida pelo dicionário como o conhecimento amplo e bem fundamentado,
resultante da análise e combinação de vários informes. Informação seria, portanto, o compilado de
dados acerca de algo ou alguém.
É por meio da informação que o conhecimento é transmitido a outrem. E é exatamente em virtude
desse papel que a informação desempenha, ou seja, de fornecimento de conhecimento, que o direito de
informação ao acionista possui especial relevância. É por meio da informação que o acionista e o
mercado passam a ter conhecimento sobre os dados e a situação de determinada sociedade.
O direito à informação é garantido a todos os acionistas. A regulamentação societária previu, em
diversas oportunidades, o direito ao acesso à informação das companhias abertas e fechadas. Contudo,
os acionistas de companhias abertas, em especial os acionistas minoritários, possuem um interesse e
relevância ainda maior quanto ao acesso às informações da companhia.
O acionista minoritário é aquele cuja participação social está dissociada do poder de controle da
companhia1. Essa dissociação é fundamental para o regular funcionamento de uma sociedade anônima,
em especial a de capital aberto, que encontra nos acionistas minoritários reais investidores para o
desenvolvimento do negócio.

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Os acionistas minoritários possuem, além de direitos específicos, interesses também específicos


decorrentes de sua posição acionária. Nas lições de Fábio Konder Comparato2, esse acionista não
controlador pode ter dois tipos de interesses: o puramente especulativo – ligado às oscilações
bolsísticas – ou o de uma aplicação rentável de recursos de longo prazo.
É possível afirmar que o interesse do acionista minoritário, em regra, não é atuar no dia a dia das
atividades da companhia, utilizando do poder de gestão e participando das decisões gerenciais. Em
outras palavras, o acionista minoritário é quem está puramente interessado no retorno financeiro do
seu investimento na sociedade. Por óbvio, o acionista majoritário também possui interesse no retorno
financeiro do capital investido, mas a participação na gerência da sociedade é fundamental para o
interesse do majoritário.
Assim, podemos dizer que os interesses essenciais desses acionistas minoritários são exclusivamente
econômicos, na medida em que objetivam, tão somente, o recebimento de seus dividendos, seja a
curto ou a longo prazo3.
Na medida em que os acionistas possuem interesses específicos, decorrentes de sua posição acionária,
a legislação buscou garantir direitos mínimos e essenciais, objetivando a proteção de seus interesses,
posto que a existência do princípio majoritário não pode implicar no desprezo dos interesses da minoria
acionária4.
Dentre esses direitos essenciais está o do acesso à informação, que, apesar de não ter sido
regulamentado expressamente no rol dos direitos essenciais dos acionistas do artigo 109 da Lei 6.404/
1976 (Lei das Sociedades Anônimas), decorre do direito de o acionista fiscalizar e do dever que o
administrador possui de informar.
O direito à informação do acionista foi objeto de discussão na jurisprudência do colegiado da Comissão
de Valores Mobiliários (CVM), iniciada por acionistas minoritários que questionavam o aparente conflito
existente entre o direito à informação e a confidencialidade da arbitragem.
A Lei 9.307/1996 (Lei de Arbitragem – LAB) não prevê, expressamente, a confidencialidade como uma
das características da arbitragem, dispondo somente, em seu artigo 13, que o árbitro possui o dever de
discrição no desempenho de sua função. No entanto, é constante a previsão de confidencialidade nos
regulamentos das instituições arbitrais e na convenção das partes.
A Câmara de Arbitragem do Mercado (CAM), instituída pela BM&FBovespa, é especializada em
resoluções de conflitos relativas ao Direito Comercial, sobretudo relacionadas ao mercado de capitais e
ao direito societário. O Regulamento da CAM tornou o uso da arbitragem obrigatório para as empresas
listadas no Novo Mercado e no Nível 2 e prevê, em sua cláusula 9.15, o sigilo6 do procedimento arbitral.
A partir dessa singela descrição, é possível perceber a habitualidade da utilização da arbitragem para
dirimir conflitos societários, em especial, envolvendo as companhias abertas, o que motivou os
acionistas minoritários a questionarem a confidencialidade arbitral, considerando o direito ao acesso às
informações da companhia.
O full disclosure é inerente e essencial ao mercado de capitais, assim como a confidencialidade é
inerente ao procedimento arbitral. Assim, como balizar o acesso à informação do acionista com a
confidencialidade do procedimento arbitral?
A preocupação quanto ao dever de informação surge no momento em que o procedimento arbitral afeta
não somente a situação econômica e política da companhia, mas, também, afeta diretamente os
investidores e o próprio mercado.
Este artigo tem o objetivo de discutir os principais aspectos envolvendo o direito à informação do
acionista e a confidencialidade da arbitragem, mediante uma análise dos seus reflexos na proteção
jurídica do investimento privado.
Inicialmente, é traçado um panorama do papel da informação no mercado de capitais, em especial,
mediante a exposição da função e importância do full disclosure. Após, o dever de informar do
administrador passa a ser objeto de análise, seguido de comentários à responsabilização do
administrador pelo descumprimento do seu dever de informar.
Em decorrência do dever de informar do administrador surge o direito à informação do acionista, que
se sustenta também por meio do direito de fiscalizar do acionista, este último previsto expressamente
no rol dos direitos essenciais do artigo 109 da Lei das Sociedades Anônimas.
Contudo, o direito à informação não é irrestrito e os seus limites são analisados em um paralelo com o
dever de sigilo do administrador. Essa limitação, no entanto, gera a questão da assimetria
informacional, que também é objeto de análise.
Após a contextualização do direito à informação do acionista, passa-se a enfrentar a confidencialidade
dos procedimentos arbitrais.
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Por fim, é realizada uma análise da discussão jurisprudencial do colegiado da CVM, quanto ao
balizamento entre o direito à informação do acionista e a confidencialidade do procedimento arbitral.
2 A informação e o mercado de capitais: o full disclosure
A evolução do mercado de valores mobiliários no Brasil é recente e ocorreu de forma instável. De um
lado, houve um estímulo ao mercado acionário, mas, de outro, a evolução do mercado de capitais foi
marcada pela criação de alguns mecanismos falhos quanto à conscientização do real papel do
investidor.
A título exemplificativo, o Decreto-lei 157, de 1967, criou a possibilidade de contribuintes investirem
parte do imposto de renda no mercado de ações, por meio de fundos de investimentos. Contudo, a
despeito de tal incentivo legal conduzir os pequenos investidores ao mercado, não havia qualquer
preocupação quanto ao estímulo de uma participação consciente no mercado7.
O despreparo dos investidores para a atuação no mercado de valores mobiliários foi um dos fatores que
contribuíram para a crise do mercado acionário de 1971. Em especial, a crise foi marcada pelo grande
volume de recursos carreados para o mercado acionário, em decorrência dos incentivos fiscais criados
pelo Governo Federal, e, paralelamente, por um rápido crescimento da demanda por ações pelos
investidores, sem que houvesse aumento simultâneo de novas emissões de ações pelas empresas.
Após a crise do mercado de 1971, a regulamentação do mercado de ações passou por uma revisão e,
assim, foram promulgadas em 1976 a Lei 6.385, que, além de dispor sobre o mercado de valores
mobiliários, criou a CVM, e a Lei das Sociedades Anônimas.
Dentre alguns importantes aspectos regulamentados o legislador se atentou quanto à necessidade de
se criar um sistema de fornecimento de informações adequadas, como forma de reduzir a assimetria
informacional do mercado. A Lei 6.385/1976, por exemplo, prevê, no artigo 4º, que o Conselho
Monetário Nacional e a CVM exercerão suas atribuições para o fim de proteger os titulares de valores
mobiliários e os investidores contra o uso de informação relevante não divulgada no mercado, bem
como assegurar o acesso do público a informações sobre os valores mobiliários negociados e as
companhias que os tenham emitidos.
A Lei das Sociedades Anônimas, em especial, criou direitos aos acionistas e, em contrapartida,
estipulou deveres aos administradores das sociedades anônimas, a fim de balizar os interesses da
sociedade. Dentre esses direitos e deveres está o da adequada informação.
Por meio de um sistema de informações, os acionistas minoritários, investidores das companhias
abertas, encontram estímulo e incentivo aos investimentos no mercado acionário. E a lógica disso é
uma só: quanto maior o fornecimento e acesso à informação, maior a segurança de quem investe e
aposta em determinado negócio.
O mercado somente é eficiente quando o preço do valor mobiliário reflete, imediatamente, todas as
informações sobre a sociedade emitente, cujos títulos são nele negociados. A cotação da ação deve
refletir, com clareza, a situação financeira e as perspectivas de rentabilidade da sociedade8.
A questão do reflexo das informações no preço das ações surgiu no final da década de 1960, por meio
da criação da chamada teoria dos mercados eficientes, do economista Eugene Fama. Em linhas gerais,
a teoria dos mercados eficientes se pauta na perspectiva de que, uma vez reconhecido que a principal
função do mercado de valores mobiliários é permitir a alocação eficiente do capital disponível na
economia, o ideal seria que as companhias pudessem tomar suas decisões estratégicas e que os
investidores pudessem escolher os valores mobiliários emitidos por essas companhias, sob a premissa
de que o seu preço reflete, inteiramente, todas as informações disponíveis9.
A teoria dos mercados eficientes admitiria três níveis de eficiência: (i) eficiência fraca – informações
insuficientes para prever um comportamento futuro da companhia; (ii) eficiência semiforte – o preço
das ações refletiria todas as informações públicas disponíveis, sendo que o preço das ações seria
instantaneamente alterado para cominar o valor das ações com as informações públicas disponíveis; e
(iii) eficiência forte – quando o preço das ações refletisse todas as informações do emitente, sejam
públicas ou não10.
Contudo, apesar da importância dessa teoria, esse não nos parece ser o método mais adequado para
garantir a real eficiência do mercado acionário. Isso porque é de se esperar que o preço da ação, de
fato, reflita as informações da companhia. Contudo, o mercado acionário é especulativo e as oscilações
no preço de compra e venda de ações, além de serem constantes, são pautadas em inúmeros fatores
internos e externos à companhia.
Não repassar expressamente ao investidor a situação da companhia criaria um ambiente de falsa
segurança jurídica e, ainda, possivelmente, traria um desincentivo à atuação diligente do administrador,
que, pela sistemática atual, pode ser sancionado pelo descumprimento do dever de informar.

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Sendo assim, apesar de ser inegável que o preço das ações possui informações implícitas da
companhia, parece-nos que o mero preço da ação não é suficiente para que o sistema informacional
possua a eficiência desejável ao mercado.
O regular funcionamento do mercado de capitais depende do full disclosure, ou seja, da transparência
no acesso às informações sobre as companhias abertas emissoras dos valores mobiliários no mercado
de capitais11.

Como ensina Rubens Requião12, o full disclosure se trata do dever de revelar certas situações e
negócios em que a companhia e os administradores estão empenhados e que podem influir no mercado
quanto aos valores mobiliários por ela emitidos. No entanto, não se trata de fornecer propriamente a
informação irrestrita sobre negócios referentes à realização do objeto social da companhia, mas sim de
fornecer informações sobre tudo aquilo que possa influir na cotação dos valores mobiliários emitidos
pela companhia.
O full disclosure protege não somente o acionista minoritário, como também o público investidor e a
própria estrutura do mercado de capitais, cuja credibilidade, organização e equilíbrio dependem do
cumprimento, por parte dos administradores, do dever de informar as alterações da companhia13.
E mais ainda, o disclosure também desempenha a função da chamada técnica de desencorajamento de
Norberto Bobbio14, por meio de suas sanções negativas. A necessidade de fornecimento amplo de
informações ao mercado, com as suas respectivas sanções em caso de descumprimento, desencoraja
uma atitude conflituosa por parte dos administradores.
Em outras palavras, podemos dizer que o full disclosure minimiza os denominados conflitos de agência,
em que há uma colisão entre os interesses pessoais do administrador e os interesses sociais da
companhia, já que a ideia é que as informações sejam transparentes.
O full disclosure exerce, portanto, um papel profilático, evitando que os acionistas controladores e
administradores tenham comportamentos indesejáveis ou sejam negligentes na condução dos negócios
às expensas dos investidores, já que suas condutas não poderão ser facilmente omitidas, em virtude do
regime de divulgação obrigatória de informações15.
O disclosure auxilia também na redução dos custos de monitoramento das atividades dos
administradores e acionistas, cujos comportamentos seriam influenciados pela necessidade de
fornecimento amplo de informações16.
No dia a dia da companhia, as informações se concentram nos acionistas detentores do poder de
controle, que, muitas vezes, são também os próprios administradores da companhia. Assegurando a
transparência e o acesso à informação por meio do full disclosure, aumenta-se a confiabilidade dos
investidores das companhias abertas, que ficam possibilitados de acompanhar os rumos do negócio e
desempenho da atividade dos administradores.
A informação necessária ao pleno desenvolvimento do mercado de capitais não significa apenas que o
conteúdo da informação deva ser o mais detalhado possível. Significa, também, que essa informação
deva ser acessível a todos. Logo, como ensina Calixto Salomão Filho17, a questão do fornecimento e
acesso à informação não é quantitativa, mas sim qualitativa.

Em 1971, Surendra S. Singhvi e Harsha B. Desai18 desenvolveram uma das primeiras pesquisas
empíricas no assunto e analisaram o impacto do full disclosure sobre a qualidade dos investidores das
companhias. As pesquisadoras analisaram relatórios anuais de empresas norte-americanas durante os
anos de 1965 e 1966 e concluíram que quanto maior o nível de disclosure menor a flutuação dos preços
das ações da companhia19. Assim, um nível adequado de abertura de informações minimiza a
ignorância do mercado e faz com que os preços das ações da companhia reflitam o seu valor mais
próximo da realidade.
O disclosure também tem sua importância ao equiparar os players do mercado de ações aos
controladores que possuem a gama informacional relativa às companhias, que influencia diretamente
na opção de os investidores operarem ou não no mercado de capitais. A maior confiabilidade dos
investidores reflete diretamente nos emissores dos valores mobiliários que, por possuírem um mercado
mais confiável e atrativo, recebem, consequentemente, mais investimentos do que receberia em um
ambiente de incerteza informacional. Ainda, um nível adequado de fornecimento de informações
certamente influencia na liquidez dos valores mobiliários, considerando que a segurança e a
previsibilidade geradas impactam diretamente nos resultados da companhia.
A conscientização dos benefícios do fornecimento de maior transparência ao mercado foi um dos
fatores que motivou o lançamento no mercado acionário, no início dos anos 2000, das listagens de
companhias no Novo Mercado e no Nível 2, companhias estas que possuem um padrão de governança
corporativa e transparência altamente diferenciado. De acordo com Calixto Salomão Filho20, a
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informação completa foi a primeira base de criação dos novos níveis de mercado, considerando que os
requisitos de informação previstos no regulamento vão muito além dos previstos na lei societária.
Assim, ao se falar em confiabilidade, segurança do mercado acionário, incentivos a novos
investimentos, liquidez dos valores mobiliários e, ainda, desencorajamento de atitudes conflituosas ao
interesse da companhia, a prática do full disclosure possui um papel essencial, por meio do
fornecimento da adequada publicidade das informações da companhia.
3 O dever de informar do administrador
A Lei das Sociedades Anônimas impôs o dever de informar como umas das incumbências do
administrador da sociedade anônima aberta, conforme previsão expressa do artigo 157. Isso não
significa que o administrador de sociedade anônima fechada não possua o dever de prestar
determinadas informações, mas, como visto, a informação possui maior relevância no âmbito do
mercado de capitais.
O artigo 157 prevê que as informações para esclarecimento de acionistas devem ser prestadas em
diversos momentos21. Ainda, o § 1º do artigo 157 dispõe sobre o dever de revelação, em que os
administradores podem ser instados a prestar esclarecimentos aos acionistas representativos de 5% ou
mais do capital social em assembleia geral.
Os administradores também possuem o dever de comunicação e divulgação, ou seja, o dever de
prestar informações ao mercado de capitais. O § 6º do artigo 157 da Lei das Sociedades Anônimas, por
exemplo, prevê que os administradores da companhia aberta deverão informar imediatamente à CVM e
às bolsas de valores ou entidades do mercado de balcão organizado, nas quais os valores mobiliários de
emissão da companhia estejam admitidos à negociação, as modificações em suas posições acionárias
na companhia. Marcelo Vieira von Adamek22 explica que o intuito da regra é evitar a prática do insider
trading e facilitar a sua repressão.
Com base na análise do artigo 157 da Lei das Sociedades Anônimas, é possível afirmar que o dever de
informar se divide em dois aspectos: de um lado, o pertinente às informações para esclarecimento de
acionistas e, de outro, as comunicações de modificações na posição acionária ou de fatos relevantes,
cujo destinatário é o mercado23.
Em decorrência do dever de informação, caberá ao administrador da sociedade dar a devida publicidade
à bolsa de valores e à CVM sobre a ocorrência de fato relevante que possa, de alguma forma, ocasionar
repercussão econômica na companhia. A definição de fato relevante está prevista no § 4º do artigo 157
da Lei das Sociedades Anônimas, bem como no artigo 2º da Instrução CVM 358/2002.
Em linhas gerais, considera-se relevante qualquer decisão que possa influir de modo ponderável: (i) na
cotação dos valores mobiliários de emissão da companhia aberta ou a eles referenciados; (ii) na
decisão dos investidores de comprar, vender ou manter aqueles valores mobiliários; e (iii) na decisão
dos investidores de exercer quaisquer direitos inerentes à condição de titular de valores mobiliários
emitidos pela companhia ou a eles referenciados.

De acordo com José Marcelo Martins Proença24, fato relevante é todo aquele acontecimento com o
poder de mudar, de pronto, o julgamento dos investidores em relação a determinado ativo, alterando o
seu preço.
Portanto, o administrador da companhia aberta possui o dever legal de informar ao mercado sobre
quaisquer fatos relacionados com a sociedade, por força dos quais os investidores poderiam optar, ou
não, em operar no mercado de capitais.
Mas o dever de prestar informações não se limita ao disposto no artigo 157 da Lei das Sociedades
Anônimas.
O § 1º do artigo 134 da Lei das Sociedades Anônimas prevê o dever de os administradores da
companhia, ou ao menos um deles, estar presente à assembleia geral ordinária para atender a pedidos
de esclarecimentos de acionistas25. O dever de prestar esclarecimentos é aplicável tanto para as
companhias abertas, como para as fechadas e, até mesmo por uma análise morfológica da palavra
“esclarecimento”, está intrinsicamente ligado à necessidade de o administrador fornecer a adequada
informação. Afinal, o esclarecimento nada mais é do que a informação, a elucidação sobre algo.

Como ensina Waldirio Bulgarelli26, os esclarecimentos do § 1º do artigo 134 devem ser prestados a
todo e qualquer acionista, uma vez que a lei não determinou que o acionista deva ter somente 5% do
capital social, como o fez expressamente no artigo 157. Há casos em que a Lei das Sociedades
Anônimas limitou o exercício do direito à titularidade de um número de ações determinado, mas, em
outros, há direitos individuais que são conferidos ao acionista apenas por deterem essa qualidade.
Sendo assim, quando a lei não discrimina, não pode o intérprete fazê-lo, podendo todo e qualquer
acionista pleitear pelos esclarecimentos nos termos do artigo 133 da Lei das Sociedades Anônimas. Tal

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fato, no entanto, não implica em autorização para que o acionista se utilize dessa via para pretender ter
acesso oblíquo às matérias especificadas no artigo 157 da Lei das Sociedades Anônimas, uma vez que a
lei acionária previu requisitos e procedimentos próprios para essa questão27.
A informação, portanto, é de suma importância, tanto para os acionistas que integram uma companhia
fechada ou aberta, como no processo decisório dos agentes de mercado, sendo a transparência um dos
pilares necessários para o pleno funcionamento das companhias.
4 Responsabilidade do administrador pelo descumprimento do dever de informar
A obrigação do administrador de informar constitui um dos mais importantes deveres do administrador
que, se desrespeitado, gera responsabilização.
O artigo 158 prevê duas hipóteses de responsabilidade civil dos administradores. Na primeira, prevista
no inciso I, responde o administrador pelos prejuízos causados quando, ainda que dentro de suas
atribuições ou poderes, agir com culpa ou dolo. Na segunda hipótese, positivada no inciso II, o
administrador age com violação à lei ou ao contrato social28.
A Lei das Sociedades Anônimas autoriza a responsabilização do administrador para os casos em que
atua em desacordo com a lei, desde que preenchidos os pressupostos fáticos de responsabilização,
quais sejam: ato ilícito, dano, nexo de causalidade e a culpa, em sentido amplo, do agente.
O § 2º ainda prevê que os administradores são solidariamente responsáveis pelos prejuízos causados
em virtude do não cumprimento dos deveres impostos por lei para assegurar o funcionamento normal
da companhia.
Como visto, o dever de informar está previsto expressamente no artigo 157, assim como em outras
hipóteses da lei, como no caso do dever de prestar esclarecimentos do § 1º do artigo 134. Portanto, o
administrador que descumpre o dever de informar poderá ser pessoalmente responsabilizado, conforme
o artigo 158 da Lei das Sociedades Anônimas.
Destaca-se, inclusive, que a recusa do administrador em prestar esclarecimentos, conforme previsão
legal do artigo 134, § 1º, da Lei de Sociedades Anônimas, constitui claro descumprimento do dever
legal e poderá, em última análise, importar na invalidação da deliberação de aprovação das
demonstrações financeiras e das contas29.
Como já exposto, tratando-se de companhia aberta, a divulgação da informação ao mercado, incluindo
a publicação de fato relevante, está sujeita ao crivo da CVM e, principalmente, do próprio administrador
que, exercendo plenamente os seus deveres, decide pela necessidade – ou não – de publicação de
determinada informação ao mercado. Caberá à CVM realizar o controle final, decidindo pela eventual
responsabilização do administrador da companhia, em caso de não divulgação de informação relevante
ao mercado.
O controle da CVM é realizado por meio de um Processo Administrativo Sancionador, conforme os
trâmites previstos na Instrução CVM 538/2008. De acordo com o artigo 3º da Instrução CVM 358/2002,
cumpre ao Diretor de Relações com Investidores enviar à CVM o ato ou fato relevante que necessite
divulgação. Contudo, o § 1º do mesmo artigo atribui ao administrador a função de informar ao Diretor
de Relações com Investidores a existência de qualquer ato ou fato relevante, mas, se este se omitir, o
administrador deverá comunicar imediatamente a CVM, sob pena de ser igualmente responsabilizado.
5 Direito à informação do acionista
5.1 Direito à informação como decorrência do dever de informar e do direito de fiscalizar
O acesso à informação é vital para que as incertezas sejam mitigadas e para que os acionistas tomem
decisões a partir de elementos qualitativamente mais seguros do que a mera especulação de mercado.
O direito à informação possui como finalidades munir o acionista dos elementos indispensáveis à
tomada de decisões de interesse social, de cunho pessoal e patrimonial, e ao exercício esclarecido de
um eficiente controle externo da companhia, auxiliando os investidores na escolha de suas decisões30.
O artigo 109 da Lei das Sociedades Anônimas prevê os chamados direitos essenciais dos acionistas, dos
quais nem o estatuto nem a assembleia geral poderão privá-los. Na ordem do artigo 109, são eles: (i)
participar dos lucros sociais; (ii) participar do acervo da companhia, em caso de liquidação; (iii)
fiscalizar, na forma prevista na lei, a gestão dos negócios sociais; (iv) direito de preferência para a
subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações e bônus de subscrição; e (v) retirar-se
da sociedade nos casos previstos em lei.
Apesar de não haver previsão legal expressa nesse sentido, o direito à informação do acionista decorre
do direito de fiscalização – este sim previsto como um dos direitos essenciais elencados no artigo 109
da Lei das Sociedades Anônimas – e do dever legal que o administrador possui de prestar informações.

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Para que se possa fiscalizar, é natural que haja o acesso a determinadas informações da companhia e a
razão é simples: sem deter informações sobre a companhia, não há o que se fiscalizar. Por outro lado,
se o administrador possui o dever de prestar informações, por óbvio, é do acionista – e do mercado
também, quando aplicável – o direito de ser o receptor das informações prestadas.
O direito de fiscalização pressupõe um conhecimento exato dos negócios da sociedade e, para isso, é
necessário o acesso às informações, de acordo com o dever do administrador de prestá-las
adequadamente31. O pressuposto para o exercício do direito essencial de fiscalização é a garantia de
informações verdadeiras e claras, ou seja, a transparência na gestão dos interesses sociais32.
Compatibilizando o quanto acima exposto, o direito à informação é um direito fundamental do
acionista, que lhe garante exigir dos administradores dados e esclarecimentos sobre os planos, projetos
da companhia e a gestão dos negócios sociais. Por meio do acesso adequado às informações, o
acionista fica habilitado a examinar, discutir e votar – quando detentor de ações com poder de voto –,
com amplo conhecimento de causa; a decidir se e quando o caso adquire novas ações; a pleitear em
juízo a anulação de deliberações assembleares tomadas em detrimento dos direitos e interesses dos
acionistas minoritários etc.33
A Lei das Sociedades Anônimas previu expressamente algumas das informações necessárias que devem
ser garantidas aos acionistas.
O já citado artigo 133 prevê que os administradores devem comunicar, até um mês antes da data
marcada para a realização da assembleia geral ordinária, (i) o relatório da administração sobre os
negócios sociais e os principais fatos administrativos do exercício findo; (ii) a cópia das demonstrações
financeiras; (iii) o parecer dos auditores independentes, se houver; (iv) o parecer do conselho fiscal,
inclusive votos dissidentes; e (v) demais documentos pertinentes a assuntos incluídos na ordem do dia.
A obrigação de fornecer informações periódicas de maior relevância é, sem dúvida, a divulgação de
informações financeiras da companhia, cujas regras gerais sobre seu conteúdo e sua forma de
elaboração são determinadas pela própria Lei das Sociedades Anônimas, conforme seus artigos 176 a
188 e 247 a 25034. Isso porque é fundamental ao acionista o pleno conhecimento da situação financeira
da companhia, até mesmo para ciência do retorno do seu investimento, seja em companhias abertas ou
fechadas.
A ampla divulgação dos resultados financeiros da companhia estimula os investimentos e, ainda,
permite que o acionista decida se quer, ou não, operar no mercado – quando se tratar de companhia
aberta – ou, ainda, se deseja permanecer como acionista de determinada sociedade.
Os acionistas detentores de 5% do capital social da companhia também podem ter acesso a
determinadas informações mediante a solicitação ao conselho fiscal de matérias que sejam de sua
competência, nos termos do artigo 163, § 6º, da Lei das Sociedades Anônimas.
Ainda, o artigo 105 possibilita aos acionistas com mais 5% do capital social a pleitearem judicialmente
a exibição por inteiro dos livros da companhia, quando apontados atos violadores da lei ou do estatuto,
ou haja fundada suspeita de graves irregularidades praticadas por qualquer dos órgãos da companhia.
O artigo 100, § 1º, da Lei das Sociedades Anônimas faculta a qualquer interessado o acesso às
certidões dos assentamentos constantes de livros da companhia, em que se registram a titularidade e a
transferência de ações e valores mobiliários.
Ainda, § 3º do artigo 126 faculta a qualquer acionista, detentor de ações, com ou sem voto, que
representem 0,5%, no mínimo, do capital social, solicitar relação de endereços dos acionistas, para os
fins de representação em assembleia geral por procurador constituído.
A Instrução CVM 481/2009 – aplicável às companhias abertas – regulamentou algumas das
informações necessárias a serem divulgadas previamente às assembleias gerais para exercício do
direito de voto em assembleias. Assim, a Instrução CVM 481/2009 prevê, por exemplo, a necessidade
de as informações e os documentos fornecidos aos acionistas não o induzirem a erro e, ainda, as
informações e os documentos que devem ser postos à disposição dos acionistas por meio de sistema
eletrônico.
Como se vê, o intuito da regulamentação atinente ao direito de informação ao acionista é viabilizar o
melhor nível de conhecimento de determinada sociedade para que a atuação no mercado, seja em
companhia aberta ou fechada, seja realizada de forma consciente.
Contudo, as companhias não precisam ficar adstritas apenas às disposições legais para garantir o
acesso à informação dos acionistas. É possível, por exemplo, estipular por meio do acordo de acionistas
um fluxo de informações que vão além das hipóteses previstas expressamente na lei, mas sempre se
atendo aos limites informacionais relativos à esfera de reservas da companhia.

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Inclusive o Código Brasileiro de Governança Corporativa – Companhias Abertas, coordenado pelo


Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC e que resulta da iniciativa de onze entidades
relacionadas ao mercado de capitais35, adota a transparência como um dos seus pilares, estimulando a
disponibilização de informações que sejam do interesse das partes interessadas e não apenas aquelas
impostas por disposições de leis ou regulamentos.
Em especial, ao se falar em companhias abertas, o direito à informação possui ainda mais relevância,
na medida em que a divulgação de informações da companhia afeta diretamente o mercado e os
investidores.
5.2 Limites do direito à informação
Como todo direito, o direito à informação do acionista também possui seus limites. O direito à
informação do acionista não é irrestrito, pois há certas questões em que a confidencialidade e o sigilo
são do interesse da própria companhia, cabendo ao administrador da sociedade zelar pela sua não
divulgação.
O § 1º do artigo 155 da Lei das Sociedades Anônimas determina que o administrador de companhia
aberta deve guardar sigilo sobre qualquer informação obtida em razão do cargo e capaz de influir de
modo ponderável na cotação de valores mobiliários, que ainda não tenha sido divulgada para
conhecimento do mercado. Trata-se de vedação à prática de insider trading, ou seja, do uso de
informações privilegiadas no mercado.
A atuação no mercado por meio do uso de informações privilegiadas quebra o indispensável equilíbrio,
gerando prejuízos àqueles que não tiveram acesso aos dados passíveis de influir na cotação dos valores
mobiliários e, por consequência, na sua decisão pessoal de investir. De outro lado, ocasiona ganhos
indevidos aos que se aproveitaram ilicitamente de informações. O resultado, portanto, é que o
funcionamento eficiente do mercado é comprometido, afastando reais investidores e atraindo meros
especuladores36.
Ainda, o § 5º do artigo 157 da Lei das Sociedades Anônimas autoriza os administradores a se
recusarem a prestar certas informações – seja aos acionistas ou ao mercado – caso entendam que a
sua divulgação poderá causar efeitos deletérios à companhia. Na mesma linha, o artigo 6º da Instrução
CVM 358/2002 prevê que os atos ou fatos relevantes podem, excepcionalmente, deixar de ser
divulgados se os acionistas controladores ou os administradores entenderem que sua revelação
colocará em risco interesse legítimo da companhia.
Nessa hipótese, caberá à CVM, a pedido dos administradores, acionistas ou por iniciativa própria,
decidir sobre a prestação de informação e responsabilizar os administradores, se for o caso. Essa
incumbência da CVM, que regula a exceção admitida quanto à divulgação da informação que colocaria
em risco interesse legítimo da companhia, está expressamente prevista no artigo 7º da Instrução CVM
358/2002.
Um dos aspectos que justifica a limitação do acesso à informação reside no fato de que a transparência
da administração da sociedade não deve comprometer a “esfera de reserva” de certas informações
estratégicas da companhia, que garantem os interesses gerais da sociedade, em detrimento aos
interesses particulares dos acionistas37.
Ainda, a política regulatória não pode, por si só, tomar por pressuposto a proteção incondicional dos
investidores por meio de intervenções paternalistas que interfiram de modo flagrante na liberdade de
iniciativa dos agentes econômicos, sob pena de criar ineficiências que afastam o mercado de valores
mobiliários de seu objetivo mediato, isto é, propiciar a formação de capital por meio de
investimentos38.
O excesso de informação pode, inclusive, ocasionar um efeito reflexo ao próprio mercado de capitais.
Isso porque, uma vez atingido o grau de saturação de informações que ainda podem ser processadas
por meio de uma decisão mais complexa, a qualidade da decisão passa a decrescer com um maior
número de informação, pois o processo decisório passaria a ser simplificado, ignorando, inclusive, parte
das informações já divulgadas39.

Osmar Brina Corrêa-Lima40 entende que o balizamento entre o dever de informar e o dever de sigilo
está pautado no dever de lealdade do administrador, já que, por vezes, só será leal o administrador que
guardar sigilo e, por outras, a lealdade imporá o dever de informar amplamente.
A regra geral, no entanto, permanece a da ampla divulgação de informações ao mercado – inclusive
mediante a publicação de fato relevante, quando for o caso.
Assim, é de suma importância a equalização do dever de informação do acionista com o dever de sigilo
do administrador, que deve ser mantido em certas circunstâncias, sob pena de causar prejuízos à
própria companhia.

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6 Assimetria informacional
Apesar de o direito à informação ser limitado, a assimetria informacional ainda é um problema típico do
mercado de capitais.
Em suma, o investidor só terá acesso à informação que lhe for disponibilizada pelos administradores e,
por outro lado, os administradores são tentados a divulgar apenas o que lhes convierem, podendo
mascarar os dados dos reais problemas da sociedade41.
A correta disseminação da informação entre as partes é fundamental para o regular funcionamento do
mercado. A garantia de sua disponibilidade em níveis equitativos é reconhecida como instrumento apto
a reestabelecer o equilíbrio entre esses agentes, que, em outra situação, poderiam estar em uma
posição de vulnerabilidade, em decorrência da assimetria informacional42.
O problema da assimetria informacional interfere no processo decisório em sociedades tanto nas
relações internas, entre os sócios, quanto nas que a própria sociedade possa ter com terceiros, por
vezes acentuando a incerteza, gerando insegurança, o que pode afetar ganhos ou perdas43.

A diferença de informação entre os insiders da companhia – definido por Calixto Salomão44 como os
controladores e administradores – e os outsider – minoritários e investidores – é imensa. Assim,
permitir a supressão de informação tende a fazer com que o mercado seja composto apenas de
companhias de pior qualidade, uma vez que o comprador de ações ou o minoritário não terão meios
para decidir se permanecem na companhia ou não, tampouco diferenciar uma companhia de outra.
Até mesmo em casos em que há o vazamento de informações ao mercado, a assimetria informacional
ainda não é mitigada, cuja redução e adequação depende de informações suficientes originárias do
próprio administrador. Isso porque, conforme voto proferido pela Diretora Relatora Luciana Dias, nos
autos do Procedimento Administrativo Sancionador CVM SP 2013/001245, mesmo no caso de divulgação
de dados mais detalhados pela mídia, a assimetria informacional existente entre os administradores de
uma companhia e o restante do mercado não será atenuada, porque os primeiros possuem certeza
daquilo que sabem e o mercado está diante de especulações, rumores e boatos.

Como ensina Nelson Eizirick46, o postulado básico da regulação do mercado de capitais é o de que o
investidor estará protegido na medida em que sejam prestadas todas as informações relevantes a
respeito das companhias que tenham os títulos publicamente negociados.
7 O direito à informação e a confidencialidade da arbitragem
7.1 A confidencialidade da arbitragem
Devidamente definidos os conceitos e principais aspectos que envolvem o direito do acionista à
informação da companhia, é necessário contextualizar o papel que a confidencialidade exerce no
procedimento arbitral.
Muito embora a Lei de Arbitragem não preveja expressamente a confidencialidade como uma das
características do procedimento arbitral, é usual a sua estipulação nos regulamentos das instituições
arbitrais e na convenção das partes.

Carlos Alberto Carmona47 ensina que os regulamentos arbitrais é que tendem a determinar que o
procedimento seja recoberto pelo segredo, na medida em que a sobriedade do árbitro – de quem se
espera um comportamento discreto – não se confunde com o sigilo.
Muito já se discutiu se a confidencialidade seria ou não inerente à natureza da arbitragem,
independentemente de estipulação das partes ou do regulamento da câmara arbitral. Sobre a inerência
da confidencialidade ao procedimento arbitral, Luiz Olavo Baptista48 indica que a confidencialidade não
é essencial à arbitragem, mas é, em verdade, uma qualidade acessória dela, decorrendo de lei ou da
vontade das partes. Por outro lado, José Emílio Nunes Pinto49 entende que a confidencialidade seria,
sim, inerente à arbitragem, em decorrência do princípio da boa-fé objetiva contratual.
De qualquer modo, ainda que as partes não prevejam expressamente, os regulamentos das instituições
de administração de arbitragem, em sua maioria, preveem a confidencialidade do procedimento
arbitral50. Como exposto, o Regulamento da CAM, em especial, tornou o uso da arbitragem obrigatório
para as empresas listadas no Novo Mercado e no Nível 2, dispondo expressamente, em sua Cláusula
9.1, sobre o sigilo do procedimento arbitral envolvendo companhias abertas, exceto em cumprimento a
normas dos órgãos reguladores ou previsão legal.
O interesse dos litigantes pela confidencialidade muito se justifica, na medida em que a publicidade de
determinados litígios, em especial àqueles que envolvem uma sociedade anônima de capital aberto,
pode acarretar efeitos deletérios a uma companhia, como, e.g., a queda do valor de suas ações ou a
colocação em risco de informações estratégicas da sociedade51.

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A confidencialidade, portanto, é considerada um benefício aos litigantes, cujos segredos comerciais ou


industriais, valiosos para as partes, ficam resguardados de eventual publicidade indesejada a
terceiros52.
As partes também optam pela confidencialidade da arbitragem, uma vez que o litígio existente pode ser
visto como uma ruptura nas relações contratuais, atingindo interesses metaindividuais e da própria
companhia envolvida, causando, novamente, prejuízos desnecessários a todos os envolvidos. Há casos
em que a simples ciência de uma controvérsia poderá afetar os direitos associados a essa relação que
se tornou litigiosa, tais como a expectativa de desempenho de companhias e a sua relativa posição
concorrencial53.
O sigilo da arbitragem pode não ser absoluto, incidindo apenas sobre parte do procedimento arbitral, se
for o caso. Assim, o objeto do sigilo do procedimento arbitral depende tanto do ordenamento jurídico
em que a arbitragem irá se desenvolver, como também da convenção arbitral estipulada entre as
partes54. Portanto, a confidencialidade está sujeita à relativização.
Um dos meios em que a confidencialidade deve ser relativizada é a arbitragem envolvendo matéria
societária. O sistema jurídico teve de se adaptar à confidencialidade do procedimento arbitral e, assim,
relativizá-la, sob pena de inviabilizar a sua utilização nos negócios que envolvam as companhias de
capital aberto.
A confidencialidade, portanto, não é uma regra absoluta, cedendo espaço em determinadas
circunstâncias, como, por exemplo, para atender ao full disclosure e ao direito à informação do
acionista. A confidencialidade é relativizada de acordo com as vontades das partes ou pelas
necessidades impostas por normas cogentes55, como é o caso da arbitragem na resolução de conflitos
societários.
Ciente da necessidade de, eventualmente, relativizar-se a confidencialidade, a CAM já previu a hipótese
de excetuar-se o sigilo, em atendimento, por exemplo, às determinações da CVM. No entanto, a
relativização da confidencialidade não deve ser irrestrita, sob pena de causar prejuízos não somente às
partes litigantes envolvidas no procedimento arbitral, como também ao mercado, que pode vir a
receber informações descontextualizadas e interpretá-las de forma equivocada, ocasionando oscilações
desnecessárias no mercado acionário. O direito à informação do acionista não é irrestrito e a
relativização da confidencialidade do procedimento arbitral deve ser comedida, evitando-se abusos e o
acesso a informações que integrem a exclusiva esfera de reservas da companhia.
Importante destacar que Lei 13.129/2015 alterou disposições da Lei de Arbitragem e da Lei das
Sociedades Anônimas. O artigo 136-A da Lei das Sociedades Anônimas passou a dispor que a
convenção de arbitragem no estatuto social da companhia obriga a todos os acionistas, assegurado ao
acionista dissidente o direito de retirar-se da companhia, mediante o reembolso do valor de suas ações.
Sendo assim, a arbitragem será vinculante a todos os acionistas da companhia, garantindo-lhes, no
entanto, o direito de recesso em caso de discordância do método adotado para a resolução de conflitos
da sociedade.
7.2 O choque entre o direito à informação e a confidencialidade da arbitragem
Em um primeiro momento, seria possível afirmar que haveria um choque de deveres e direitos nos
procedimentos arbitrais envolvendo companhias abertas, em especial aquelas sujeitas à CAM: o sigilo e
a informação. Contudo, tanto o sigilo como a informação não são deveres e direitos absolutos, podendo
ser relativizados conforme o caso.
Conciliando o dever e o direito à informação com a confidencialidade dos procedimentos arbitrais, as
companhias abertas passaram a divulgar ao mercado fatos relevantes, informando sobre a existência
de procedimentos arbitrais, cujo resultado econômico possa afetar a sociedade, seja na posição de
requerente ou de requerida na arbitragem.
Ainda, para permitir o eventual ingresso de terceiros legitimados e, por conseguinte, o direito à
informação, alguns poucos regulamentos de instituições de administração de arbitragem possuem a
possibilidade de intervenção de terceiros no procedimento arbitral, como é o caso dos artigos 6.1 e
seguintes do regulamento da CAM.
A intervenção provocada de terceiro signatário da convenção de arbitragem – ou que venha a ela aderir
em tempo útil – não está, em princípio, descartada56. Já a intervenção voluntária não é usualmente
admitida, pois a arbitragem decorre de uma vontade contratual estabelecida entre as partes, que o
terceiro, em regra, não consentiu57.
O suposto choque entre a confidencialidade do procedimento arbitral e o direito à informação do
acionista foi levado para análise do colegiado da CVM. As discussões, em sua maioria, foram

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provocadas por acionistas minoritários que afirmavam que a confidencialidade do procedimento arbitral
violaria o seu direito essencial à informação.
O posicionamento adotado pela CVM é de que não há incompatibilidade entre a confidencialidade do
procedimento arbitral e o direito à informação do acionista. Isso porque não há um direito genérico, de
conteúdo indefinido, referente à informação do acionista. Assim, a companhia possui o dever de
divulgar qualquer informação relevante ao mercado e aos seus acionistas, o que, por outro lado, não
ofenderia a confidencialidade arbitral.
Em suma, a publicação de fato relevante seria o meio ideal para equilibrar os direitos e deveres à
confidencialidade e à informação.
Nessa linha, em voto proferido pela Diretora Relatora Ana Dolores Moura Carneiro de Novaes nos autos
do Procedimento Administrativo CVM RJ 2012/13700 (Reg. Col. 8659/2013)58, o entendimento foi no
sentido de manter a confidencialidade do procedimento arbitral, asseverando que não somente o
acionista não possui um direito amplo e irrestrito à informação, como também de que a companhia
divulgaria qualquer informação relevante ao mercado e a seus acionistas, se fosse o caso.
O posicionamento adotado pela CVM é firme no sentido de que não há incompatibilidade entre o sigilo
do procedimento arbitral e a informação ao acionista, cabendo à companhia prestar qualquer
informação relevante nos termos do § 4º do artigo 157 da Lei das Sociedades Anônimas e do artigo 2º
da Instrução CVM 358/2002.
Como já tratado neste artigo, os acionistas não possuem um direito generalizado ao conhecimento de
todo e qualquer fato da companhia e, muito menos, de todo procedimento arbitral em que a companhia
esteja envolvida. O direito à informação possui seus limites e, por conta disso, a confidencialidade do
procedimento arbitral não o ofende, contanto que haja a devida publicidade de fatos relevantes quando
necessário.
É inegável que há situações em que o procedimento arbitral produz efeitos significativos sobre a
avaliação do mercado em relação à companhia, razão pela qual o administrador deverá informar, a
todos os acionistas e interessados, sobre a existência do procedimento arbitral e dos possíveis efeitos
que ele poderá produzir59.
Apenas as informações que se enquadram nos termos do § 4º do artigo 157 da Lei das Sociedades
Anônimas e do artigo 2º da Instrução CVM 358/2002 é que são divulgadas, sendo que as demais
informações, documentos, provas e decisões da arbitragem, que não configurem atos ou fatos
relevantes, não precisam ser divulgados, em respeito ao dever de confidencialidade da arbitragem60.
De acordo com o voto proferido pelo Diretor Relator Otavio Yazbek nos autos do Procedimento
Administrativo CVM RJ 2008/0713 (Reg. Col. 6517/2009)61, foi reforçado que o direito à informação do
acionista ou mesmo o dever de informar do administrador possuem limites. No caso específico, o
recorrente se insurgiu contra os dispositivos do regulamento da CAM que determinam a
confidencialidade do procedimento arbitral, alegando a existência dos acionistas de um direito amplo e
irrestrito às informações da sociedade.
Conforme fundamentado pelo Diretor Relator Otavio Yazbek, ignorar os limites do regime de
informações aos acionistas acabaria, em última instância, levando a uma “fetichização” do full
disclosure, na medida em que o direito à informação e o princípio da transparência na condução dos
negócios sociais podem até ser aparentemente valorizados, mas eles acabam por ser esvaziados de
qualquer sentido mais concreto.
Sendo assim, a conclusão do colegiado foi a de que, em virtude da inexistência de um direito à
informação in abstracto do acionista, não haveria qualquer irregularidade nas disposições do
Regulamento da CAM. Isso porque a irregularidade existiria se o sigilo previsto no Regulamento da CAM
fosse impeditivo da prestação de informações obrigatórias ao mercado, o que não é o caso.
O voto de Otavio Yazbek acabou se tornando paradigmático e passou a ser o posicionamento adotado
pela CVM nos demais julgados que trataram do assunto. O entendimento consolidou-se no sentido de
que o Regulamento da CAM não é incompatível com o dever de informação, justamente porque, caso a
informação seja efetivamente necessária ao mercado e, consequentemente, aos acionistas, caberá ao
administrador da companhia divulgá-la por meio da publicação de fato relevante, sob pena de ser
responsabilizado.
Partindo-se do pressuposto de que o direito à informação não é irrestrito e de que a publicação de fato
relevante não ofende a confidencialidade da arbitragem, na medida em que o seu teor é restrito, o
posicionamento adotado pela CVM é de que estaria compatibilizado o sigilo do procedimento arbitral,
por meio do acesso à informação ao acionista mediante a publicação de fato relevante.
8 Conclusão

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O acesso à informação é essencial para que o acionista tenha segurança jurídica e seja atraído para
investir em determinada companhia. Se o mercado não possuir o adequado acesso à informação,
haverá um forte desincentivo aos investidores e um aumento do custo das transações, prejudicando a
qualidade dos investimentos, a confiabilidade em determinada companhia e, por consequência,
atingindo todos os interesses da cadeia do mercado acionário. Afinal, quanto maior o risco, maior o
custo aos envolvidos.

Fábio Konder Comparato62 já dizia que a abertura ao mercado de capitais implica a perda da autonomia
privada para a alteração do modelo legal, cuja rigidez passa a ser a garantia de proteção aos
investidores não participantes do quadro de controle. A companhia acha-se, por assim dizer, em estado
de oferta permanente de seus títulos ou valores mobiliários no mercado de capitais, de modo que a
norma jurídica deve proteger não somente os investidores atuais, como também os potenciais.
Ter acesso às informações da companhia garante a proteção jurídica do investimento privado do
acionista e, mais ainda, estimula novos investimentos. Consequentemente, a economia evolui como um
todo, aumentando a competitividade entre os empresários, melhorando a qualidade dos produtos e
serviços ofertados ao mercado e, ao final, reduzindo os preços para o consumidor.
A informação sobre determinada sociedade anônima, no entanto, não deve ser fornecida de forma
irrestrita. A esfera de reservas de uma companhia também é elemento essencial para garantir a
competitividade, preservar os segredos de negócio e proteger o interesse do próprio acionista que visa
a investir em uma sociedade próspera e lucrativa.
Contudo, a limitação da informação não é, por óbvio, um permissivo para a prática de abusos perante
os acionistas minoritários. Não à toa, a legislação societária previu a responsabilização do
administrador e do Diretor de Relações com Investidores em caso de não divulgação de informações
que sejam essenciais ao mercado.
A estipulação de cláusulas compromissórias nos estatutos sociais é também uma forma de se garantir
uma maior proteção jurídica ao investimento privado. São inúmeras as vantagens, já notadamente
conhecidas, que justificam a utilização da arbitragem, em especial no âmbito societário.
A possibilidade de escolha de árbitros que sejam técnicos no assunto e a maior previsibilidade quanto
ao tempo para a resolução da controvérsia, se comparado ao tempo do Poder Judiciário, são,
certamente, alguns dos benefícios visados na escolha do procedimento arbitral. No entanto, a
confidencialidade ainda é um dos maiores atrativos à adoção da arbitragem como método para a
resolução de conflitos.
A confidencialidade do procedimento arbitral gerou uma discussão sobre o suposto choque existente
entre o direito à informação do acionista e o sigilo da arbitragem. O entendimento adotado nos julgados
do colegiado da CVM foi no sentido de que tanto a confidencialidade da arbitragem como o direito à
informação do acionista não são direitos irrestritos e ambos estão sujeitos aos seus limites e às suas
relativizações.
Encontrar uma forma de balizar direitos e interesses, ainda mais quando supostamente conflitantes, é
uma das tarefas mais árduas dos juristas. O Direito, em especial o Direito Comercial, possui uma
função estratégica e atinge os direitos metaindividuais, sendo essencial que a interpretação das normas
se dê de forma sistemática, evitando-se o estímulo a posicionamentos isolados e priorizando a
segurança jurídica necessária ao desenvolvimento econômico.
A confidencialidade do procedimento arbitral não é um mecanismo utilizado para privar os acionistas
das informações da companhia. Pelo contrário, a confidencialidade é um mecanismo de proteção da
companhia, pois a sociedade se vê preservada da vinculação de determinadas informações ao mercado,
que apenas prejudicariam a sua imagem ou, até mesmo, de informações sigilosas de interesse
exclusivo dos envolvidos no procedimento arbitral.
Fornecer as informações da arbitragem por meio da publicação de fato relevante é um método razoável
que visa a balizar os interesses de todos: do acionista minoritário ao mercado.
Não se pode negar, contudo, que o fato relevante nem sempre será uma garantia total quanto ao
acesso à informação pelos acionistas, pois a publicação do fato relevante está sujeita ao crivo do
administrador da companhia e, ao final, da CVM, que podem entender pela desnecessidade de sua
publicação. Contudo, os deveres de lealdade e de diligência do administrador, diante da companhia,
geram a segurança de que o administrador, no exercício de suas funções, emprega todo o cuidado
necessário na condução dos negócios da sociedade, sob pena de ser pessoalmente responsabilizado.
Pela sistemática adotada, pode-se afirmar que a proteção jurídica ao investimento privado do acionista
é garantida por meio da proteção, em primeiro lugar, da própria companhia e, em um segundo
momento, do interesse individual do acionista minoritário.

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Tanto a confidencialidade como o acesso à informação podem – e devem – ser relativizados conforme o
caso, por meio da publicação de fato relevante. O que não se pode admitir é que o interesse individual
de um determinado acionista se sobreponha ao interesse da própria companhia, afetando, assim, a
proteção jurídica aos investimentos privados de todos.
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1 É importante lembrar que as expressões maioria e minoria acionária, no contexto das relações entre
os acionistas, não dizem respeito à maior ou menor participação acionária, mas sim à maior ou menor
influência na condução dos negócios da sociedade (COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial.
19. ed. São Paulo: Saraiva, 2015, v. 2, p. 304). Nessa linha, Fábio Konder Comparato e Calixto
Salomão lembram que um dos fenômenos básicos da sociedade anônima moderna, já largamente
demonstrado na pesquisa de Berle e Means nos Estados Unidos, com base em dados estatísticos de
1929, é a possibilidade de dissociação entre propriedade acionária e poder de comando empresarial
(COMPARATO, Fábio Konder; SALOMÃO FILHO, Calixto. O poder de controle na sociedade anônima. 6.
ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 43-44).

2 COMPARATO, Fábio Konder. Controle conjunto, abuso no exercício do voto acionário e alienação
indireta de controle empresarial. Direito empresarial: estudos e pareceres. São Paulo: Saraiva, 1990, p.
260.

3 CUNHA, Rodrigo Ferraz Pimenta da. Estrutura de interesses nas sociedades anônimas – Hierarquia e
conflitos. São Paulo: Quartier Latin, 2007, p. 185.

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4 Nesse sentido, como bem ensinam Fábio Konder Comparato e Calixto Salomão Filho: “A ideia que
está na base do princípio majoritário, observou Kelsen, é a de que o ordenamento social deve estar de
acordo com o maior número possível de sujeitos, e em desacordo com o menor número possível.
Significa isso constranger a minoria e desprezar os seus interesses? Evidentemente não, desde que a
minoria aceite essa regra fundamental do jogo. O princípio majoritário, afinal, pressupõe
necessariamente a unanimidade, pelo menos uma vez, no momento de constituição da sociedade,
como postulado da razão social” (COMPARATO, Fábio Konder; SALOMÃO FILHO, op. cit., p. 51-52).

5 Regulamento da CAM: “9.1. Sigilo. O procedimento arbitral é sigiloso, devendo as partes, árbitros e
membros da Câmara de Arbitragem abster-se de divulgar informações sobre seu conteúdo, exceto em
cumprimento a normas dos órgãos reguladores, ou previsão legal”.

6 No presente artigo, “sigilo” e “confidencialidade” do procedimento arbitral serão utilizados como


sinônimos, considerando que os regulamentos das instituições de administração de arbitragem
mencionam as duas expressões com o mesmo significado.

7 RODRIGUES, Ana Carolina. A evolução do mercado de capitais brasileiro e o perfil do acionista


minoritário no Brasil.Revista Jurídica da Presidência. v. 14, n. 103. Brasília, jun.-set. 2012, p. 410.
Disponível em: [https://revistajuridica.presidencia.gov.br/index.php/saj/article/view/98/90]. Acesso
em: 02.01.2017.

8 FRANCO, Vera Helena de Mello. Direito empresarial II: sociedade anônima, mercado de valores
mobiliários. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.

9 PITTA, André Grunspun. O regime de informação das companhias abertas. São Paulo: Quartier Latin,
2013, p. 87.

10 Ibidem, p. 88.

11 COELHO, Fábio Ulhoa, op. cit., p. 278.

12 REQUIÃO, Rubens. O controle e a proteção dos acionistas. Revista de Direito Mercantil, Industrial e
Financeiro, v. 15/16, 1974, p. 218.

13 CARVALHOSA, Modesto. Comentários à Lei de Sociedades Anônimas. 4. ed. São Paulo: Saraiva,
2002, p. 294.

14 BOBBIO, Norberto. Da estrutura à função. Novos estudos de teoria do direito. São Paulo: Manole,
2007, p. 23-24.

15 PITTA, André Grunspun. O direito do acionista à informação. In: COELHO, Fábio Ulhoa (coord.).
Tratado de direito comercial. São Paulo: Saraiva, 2015, v. 3, p. 175.

16 MAHONEY, Paul G. Mandatory disclosure as a solution to agency problems. University of Chicago Law
Review. v. 62. Chicago: University of Chicago, 1995, p. 1048.

17 SALOMÃO FILHO, Calixto. O novo direito societário. 4. ed. São Paulo: Malheiros, 2011, p. 79.

18 SINGHVI, Surendra S. e DESAI, Harsha B. An empirical analysis of the quality of corporate financial
disclosure. The Accounting Review, v. 46, n. 1, jan. 1971, p. 129-138. Disponível em: [http://
documents.mx/documents/an-empirical-analysis-of-the-quality-of-corporate-financial-disclosure.html].
Acesso em: 02.01.2017.

19 No original: “One of the likely implications of inadequate corporate disclosure is the greater price
dispersion in the securities market. Stigler writes, ‘Price dispersion is a manifestation – and, indeed, it
is a measure – of ignorance in the market’. Adequate disclosure of information minimizes ignorance in
the market and causes the market price to reflect the true value of the security; consequently, the price
dispersion is narrowed down” (SINGHVI, Suendra S. e DESAI, Harsha B., op. cit., p. 136. Disponível
em: [http://documents.mx/documents/an-empirical-analysis-of-the-quality-of-corporate-financial-
disclosure.html]. Acesso em: 02.01.2017.

20 SALOMÃO FILHO, Calixto, op. cit., p. 69.

21 Ao assinarem o termo de posse, e.g., os administradores devem declarar o número de ações, bônus
de subscrição, opções de compra de ações e debêntures conversíveis em ações, de emissão da
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companhia e de sociedades controladas ou do mesmo grupo, de que seja titular.

22 ADAMEK, Marcelo Vieira von. Responsabilidade civil dos administradores de S/A e as ações
correlatas. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 179.

23 COELHO, Fábio Ulhoa, op. cit., p. 277.

24 PROENÇA, José Marcelo Martins. Insider Trading – Regime jurídico do uso de informações
privilegiadas no mercado de capitais. São Paulo: Quartier Latin, 2005, p. 144.

25 O dever de prestar esclarecimentos está associado à matéria em discussão na assembleia geral a


que se refere o artigo 133 da Lei das Sociedades Anônimas, em especial à questão das contas do
exercício.

26 BULGARELLI, Waldirio. Direito de fiscalização da companhia por acionista e dever de informar da


administração. Doutrinas Essenciais de Direito Empresarial. São Paulo: RT, 2010, v. 3. p. 1052-1066.

27 ADAMEK, Marcelo Vieira von, op. cit., p. 175.

28 A omissão do termo “com culpa ou dolo” na segunda hipótese gerou uma larga discussão doutrinária
a respeito de a eventual responsabilidade do administrador de sociedade anônima, em caso de violação
à lei ou ao contrato social, ser objetiva. Evitando-se adentrar em uma discussão que não é o escopo do
presente trabalho, parece-nos ser mais razoável o posicionamento adotado por Fábio Ulhoa Coelho (op.
cit., p. 288-290), no sentido de que as hipóteses do artigo 158 são interdefiníveis e, portanto, o
administrador que age com culpa ou dolo (inciso I do artigo 158) viola a lei (inciso II do artigo 158).
Sendo assim, o que se afirma sobre a responsabilidade fundada no inciso I se aplica, inevitavelmente,
ao disposto no inciso II. Para concluir, Fábio Ulhoa Coelho pondera que não haveria qualquer
fundamento axiológico ou racional para a responsabilização objetiva do administrador de sociedade
anônima.

29 ADAMEK, Marcelo Vieira von, op. cit., p. 175.

30 LOBO, Jorge. Direitos dos acionistas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011, p. 131.

31 BULGARELLI, Waldirio. Regime jurídico da proteção às minorias nas S/A. Rio de Janeiro: Renovar,
1998, p. 90-91.

32 COELHO, Fábio Ulhoa, op. cit., p. 325.

33 LOBO, Jorge. Governo da sociedade empresária. In: COELHO, Fábio Ulhoa (coord.). Tratado de
direito comercial. São Paulo: Saraiva, 2015, v. 4, p. 200.

34 PITTA, André Grunspun, op. cit., 2015 p. 184.

35 O Código Brasileiro de Governança Corporativa – Companhias Abertas é resultado do trabalho do


Grupo de Trabalho Interagentes, formado por: Associação Brasileira das Entidades Fechadas de
Previdência Complementar (ABRAPP), Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA),
Associação de Investidores no Mercado de Capitais (AMEC), Associação Brasileira de Private Equity &
Venture Capital (ABVCAP), Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais
(ANBIMA), Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (APIMEC),
BM&FBOVESPA, Brasil Investimentos & Negócios (BRAiN), Instituto Brasileiro de Governança
Corporativa (IBGC), Instituto IBMEC e Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI). A CVM e
o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) desempenharam o papel de entidades observadoras. O
objetivo do Grupo de Trabalho Interagentes foi desenvolver um Código de Governança Corporativa para
estimular o mercado de capitais brasileiro e os investimentos no Brasil, por meio da revisão do patamar
atual das práticas de governança corporativa adotadas no País. Em dezembro de 2016, a CVM iniciou
audiência pública (SDM 10/2016) para discutir a minuta de norma que propõe alterações na Instrução
CVM 480/2009, por meio da incorporação do dever dos emissores de divulgar informações,
comparando suas práticas de governança corporativa com as recomendadas no Código Brasileiro de
Governança Corporativa – Companhias Abertas. Até a data de fechamento do presente artigo, a
audiência pública SDM 10/2016 encontrava-se com prazo aberto para manifestações. Disponível em:
[www.ibgc.org.br/userfiles/2014/files/
Codigo_Brasileiro_de_Governanca_Corporativa_Companhias_Abertas.pdf]. Acesso em: 02.01.2017.

36 ADAMEK, Marcelo Vieira von, op. cit., p. 169.


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37 COELHO, Fábio Ulhoa, op. cit., p. 326.

38 PITTA, André Grunspun, op. cit., 2013, p. 55.

39 Ibidem, p. 148.

40 CORRÊA-LIMA, Osmar Brina. Responsabilidade civil dos administradores de sociedade anônima. Rio
de Janeiro: Aide, 1989, p. 82.

41 FERREIRA, Laila Cristina Duarte. Divulgação de informações no mercado de valores mobiliários


brasileiro: a regulação da atividade jornalística. São Paulo, 2013. Dissertação (Mestrado) –
Universidade de São Paulo, 2013, p. 52-53.

42 PITTA, André Grunspun, op. cit., 2015, p. 165.

43 SZTAJN, Raquel. Direito societário e informação. In: CASTRO, Rodrigo Rocha Monteiro de; WARDE
JÚNIOR, Walfrido Jorge; TAVARES, Carolina Dias (coords.). Direito empresarial e outros estudos em
homenagem ao Professor José Alexandre Tavares Guerreiro. São Paulo: Quartier Latin, 2013, p. 217.

44 SALOMÃO FILHO, Calixto, op. cit. p. 185.

45 Disponível em: [www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/sancionadores/sancionador/anexos/2015/


20150818_PAS_SP201312.pdf]. Acesso em: 02.01.2017.

46 EIZERICK, Nelson. Mercado de capitais – Regime jurídico. Rio de Janeiro: Renovar, 2011, p. 485.

47 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e processo: um comentário à Lei n. 9.307/1996. 3. ed. São
Paulo: Atlas, 2009, p. 246.

48 BAPTISTA, Luiz Olavo. Confidencialidade na arbitragem. V Congresso do Centro de Arbitragem


Comercial. Coimbra: Almedina, 2012, p. 201.

49 PINTO, José Emílio Nunes. A confidencialidade na arbitragem. Revista de Arbitragem e Mediação –


RArb, n 6. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p. 33.

50 Nesse sentido: artigo 14.1 do Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil-
Canadá (CCBC); artigo 22, item 3, da Câmara de Comércio Internacional (CCI); artigo 30 da London
Court of International Arbitration (LCIA); artigo 10 do Centro de Arbitragem e Mediação AMCHAM;
artigo 14.1 da Câmara de Conciliação, Mediação e Arbitragem CIESP/FIESP; dentre outros.

51 FONSECA, Rodrigo Garcia da; CORREIA, André e Luizi. A confidencialidade na arbitragem.


Fundamentos e limites. In: LEMES, Selma Ferreira; BALBINO, Inez (coords.). Arbitragem: temas
contemporâneos. São Paulo: Quartier Latin, 2012, p. 417.

52 BAPTISTA, Luiz Olavo. Arbitragem comercial e internacional. São Paulo: Lex Editora, 2011, p. 219.

53 PINTO, José Emílio Nunes, op. cit., p. 26-27.

54 BAPTISTA, Luiz Olavo, op. cit., 2012, p. 201.

55 QUINTANA, Guilherme Enrique Malosso. Fraude à execução e arbitragem. São Paulo, 2014.
Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, 2014, p. 116-117.

56 COSTA, Guilherme Recena. Partes e terceiros na arbitragem. São Paulo, 2015. Tese de Doutorado –
Universidade de São Paulo, 2015, p. 185 – vide nota de rodapé 520.

57 Ibidem, p. 185.

58 Confira-se o julgado da CVM: “1. Trata-se de recurso contra decisão da SEP que indeferiu pedido
para compelir a CBD a franquear acesso aos autos de procedimento arbitral sigiloso. Preliminarmente, a
área técnica argumenta que a CVM não seria competente para tanto. Além disso, o Torque não seria
acionista de quaisquer das companhias envolvidas no litígio. No mérito, entende que o pedido tem base
estritamente econômica, sendo satisfeito pelo acesso ao resultado da arbitragem. A SEP notificou a
Companhia para que esta observe a Instrução CVM n. 358/02, destacando que dado o tratamento
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dispensado pela Companhia ao divulgar o litígio, o resultado deste também seria relevante, por
simetria. Resta claro que a Companhia deverá divulgar através de fato relevante o resultado da
arbitragem. 2. O Reclamante entende que a mera divulgação do resultado final não atende
adequadamente suas necessidades. Segundo ele, seu direito corre risco de perecer. Para evitar que isto
aconteça é necessário que ele tenha acesso aos autos, tome conhecimento de seu conteúdo e decida
sobre eventual ação que possa tomar contra a CDB. Além disso, alega que poderia participar no litígio
como terceiro e que o sigilo neste caso seria ilegal por violar a ordem pública, já que o interesse sobre
o objeto transcende aquele das partes. 3. Concordo com a posição da SEP ao concluir que a CVM não
tem poderes para dar acesso a um terceiro interessado em procedimento arbitral sigiloso entre as
partes. A Lei 6.385/76 não outorgou poderes a esta Autarquia para atender ao pedido do Reclamante.
Agir nesse sentido seria violação ao Princípio da Legalidade. O Reclamante pode sempre se socorrer
junto ao Poder Judiciário, pois apenas este último teria competência para decidir, se cabível, por tal
quebra de sigilo. 4. Entendo que a leitura feita pelo Reclamante do Processo CVM n. RJ2008/0713 é
equivocada. Naquele caso, não se determinou que o sigilo devesse ser sempre afastado quando
houvesse direito à informação por parte de agente do mercado. Na realidade, foi dito que o direito à
informação do acionista deve ser exercido conforme a lei societária, logo não existindo direito amplo e
irrestrito. [...] 5. Nesse sentido, o sigilo é o tratamento adequado para o caso concreto. A Companhia,
contudo, deverá cumprir com a obrigação de divulgar qualquer informação relevante ao mercado e a
seus acionistas, o que, aliás, foi justamente a orientação da SEP. [...] 8. Isto posto, voto pelo não
provimento do recurso.” (grifou-se)

59 WEBER, Ana Carolina. Confidencialidade. Cláusula compromissória estatuária. Direito à informação


dos acionistas de companhias abertas. Comissão de Valores Mobiliários. Revista Brasileira de
Arbitragem – CBAr, n. 39. Porto Alegre: Síntese, 2013, p. 127.

60 FICHTNER, José Antonio; MANNHEIMER, Sergio Nelson; MONTEIRO, André Luís. A confidencialidade
na arbitragem: regra geral e exceções. Revista de Direito Privado, n. 49. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2012, p. 274.

61 Confira-se o julgado da CVM: “1. O caso sob análise apresenta-se, a uma primeira vista, como um
típico caso de colidência entre dois interesses em princípio legítimos: de um lado, postar-se-ia o
interesse do acionista de obter informações que lhe podem ser importantes; do outro, o interesse da
sociedade de, tendo em vista a natureza daquelas informações ou a exposição que elas poderiam lhe
trazer, mantê-las sob algum sigilo. 2. Este é, aliás, o conflito mais comumente apontado pelos autores
quando se fala em direito do acionista à informação. Para usar a expressão de Jesús Antonio Romero
Fernández, o interesse da sociedade é um dos principais ‘limites extrínsecos’ ao direito à informação do
acionista. Trata-se, em outras palavras, de um daqueles limites que decorrem da contraposição entre o
interesse do acionista e outros interesses, que sobre ele prevaleceriam e que, desta maneira,
acabariam por determinar a possibilidade de exercício do próprio direito. 3. Em uma análise mais
aprofundada do pleito, porém, verifica-se que, apesar das aparências, há uma questão que deve ainda
anteceder a análise daquela primeira, que é a do próprio conteúdo do direito à informação. O inciso III
do art. 109 da Lei n. 6.404/76 fala em um direito de fiscalização, ‘na forma prevista nesta lei’. Assim,
em mais de um ponto, o diploma trata das hipóteses em que o acionista terá acesso a informações
específicas, por vezes condicionando tal acesso à detenção de determinados níveis de participação no
capital social. Da mesma maneira, ele trata do dever de informar dos administradores, como ocorre,
por exemplo, em caso de fato relevante (art. 157, § 4º). A CVM, por sua vez e no exercício da sua
competência, regulamentou os regimes criados pela Lei. 4. Ao tratar daquela maneira do direito à
informação ou mesmo do dever de informar, a Lei n. 6.404/76 determina as feições daquele direito,
determina seu conteúdo. Em conformidade com a terminologia do autor acima citado, esses seriam os
‘limites intrínsecos’ do direito à informação. 5. No presente caso, para a defesa de sua posição, o
Recorrente sustenta existir um direito, amplo e irrestrito, às informações da sociedade, direito este
reforçado nas companhias abertas. Todos os dispositivos legais citados, porém, trazem qualificações
que são desconsideradas na argumentação apresentada à autarquia. Assim, se o inciso III do art. 109
faz referência, como acima esclarecido, à forma prevista em lei, o § 2º do mesmo artigo busca proteger
‘aqueles meios processos ou ações que a lei confere ao acionista para assegurar os seus direitos’.
Aquele direito genérico, de conteúdo indefinido, não existe. 6. Ignorar os limites próprios (ou
intrínsecos) do regime de informações aos acionistas acaba, em última instância, levando a uma
fetichização do princípio do full disclosure – o direito à informação e o princípio da transparência na
condução dos negócios sociais podem até ser aparentemente valorizados, mas eles acabam por ser
esvaziados de qualquer sentido mais concreto. 7. É daí que decorre, por exemplo, a interpretação
equivocada acerca do art. 4º, inciso IV, ‘b’ e ‘c’, e inciso VI, da Lei n. 6.385/76, como se estes
dispositivos, por si e isolados do sistema que integram, pudessem suportar o quanto foi postulado. Daí
decorre, também, a equivocada assertiva de que as informações pretendidas, derivadas dos
procedimentos arbitrais, nada teriam a ver com a divulgação de fato relevante (quando esta categoria
seria, a bem da verdade, a única capaz de suportar os interesses do Recorrente – um caso merece
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divulgação justamente por produzir os efeitos que caracterizam os chamados fatos relevantes). 8.
Reitero, desta maneira, que não existe um direito à informação in abstracto, motivo pelo qual não
vislumbro irregularidade nas disposições do Regimento e do Regulamento da CAM ora atacadas.
Irregularidade haveria se o sigilo neles previsto fosse impeditivo da prestação de informações
obrigatórias ao mercado. Não é o que ocorre, porém: a rigor, o dever de sigilo não vigora – e nem
poderia vigorar – se houver obrigação de efetuar comunicação ao mercado. 9. Assim, pelo exposto,
nego provimento ao recurso, acompanhando a posição da PFE, posteriormente acatada pela SEP.”

62 COMPARATO, Fábio Konder. Competência privativa do conselho de administração para a designação


de diretores em companhia aberta – Ineficácia de cláusula do contrato social da holding, ou de eventual
acordo de acionistas, para regular a matéria. Novos ensaios e pareceres de direito empresarial. Rio de
Janeiro: Forense, 1981, p. 95.

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