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21/09/2020 Conteúdo Jurídico | Comparação entre Benfeitorias e Acessão

Comparação entre Benfeitorias e Acessão

DIREITO CIVIL

POR: EDUARDO FRANCO VILAR

1. Benfeitorias:

Conceito:

Segundo Silvo de Salvo Venosa, Benfeitorias “são obras ou despesas feitas na coisa, para o fim de conservá-la ou embelezá-la. São obras

decorrentes da ação Humana. Excluem-se de sua noção os acréscimos naturais ou cômodos, que acrescem a coisa sem intervenção humana”.

A doutrina clássica divide-as em três categorias:

Necessárias: têm como finalidade conservar a coisa ou evitar que se deteriore;

Úteis: aumentam ou facilitam o uso da coisa;

Voluptuárias: são de mero deleite ou recreio.

Elas estão elencadas no Código Civil de 2002, art. 96.

Silvo de Salvo Venosa, citando Miguel Maria de Serpa Lopes declara:

“Há uma benfeitoria quando quem faz procede como legítimo dono ou possuidor, tanto da coisa principal como da acessória, ou como mandatário
expresso ou tácito do dono da primeira, por exemplo, benfeitoria feita pelo locatário. Na acessão, pelo contrário, uma das coisas não pertence a

quem uniu a contra ou a transformou; o autor da acessão não procede na convicção de ser dono ou legítimo possuidor das coisas unidas, ou como
mandatário de quem o é de uma delas, antes sabe não é”.

“Nas benfeitorias há a convicção de que a coisa pertence ao mesmo dono ou possuidor; na acessão, a coisa acrescida pertence a proprietário

diverso, além de ser forma originária de aquisição de propriedade” [grifo nosso].

2. Acessão

Conceito:

Conforme Asseveram Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald:

“Acessão é o modo originário aquisitivo de propriedade em razão de o proprietário de um bem passar a adquirir a titularidade de tudo que a ele se
adere. Isto é, pela acessão contínua, uma coisa se une ou se incorpora materialmente à outra, em estado permanente, por ação humana ou causa

natural, e o proprietário da coisa principal adquire a propriedade da coisa acessória que se lhe uniu ou incorporou”.

A acessão pode ocorrer de maneira Natural (aluvião, avulsão, formação de ilhas, álveo abandonado) ou Artificial (construções e plantações), e tem
como fundamento jurídico a inconveniência de destacamento da coisa que acede da principal, como por exemplo, a casa construída sobre o imóvel.

É modo originário de aquisição da propriedade. Deste modo, a coisa acedida passa a vigorar como propriedade da pessoa à qual pertence a coisa
principal, não acarretando a volta da coisa cedida ao antigo proprietário, excetuando-se os casos em que a acessão possa ser de maior valor que a
propriedade. Exemplo: casa luxuosa construída sobre terreno de pouco valor (acessão inversa).

A acessão, em sua forma artificial, é, na maioria das vezes, confundida com benfeitorias, pois, ambas, resultam da ação do homem para que sejam

acrescidas à coisa.

A título de conclusão e para desmistificar esta celeuma, Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, no livro Direitos Reais, tecem as seguintes

considerações:

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21/09/2020 Conteúdo Jurídico | Comparação entre Benfeitorias e Acessão

“Acessões artificiais e benfeitorias são institutos que não se confundem. As benfeitorias são incluídas na classe das coisas acessórias (art. 96, CC),
conceituadas como obras e despesas feitas em coisas alheias para conservá-las (necessárias), melhorá-las (úteis), embelezá-las (voluptuárias). Já

as acessões artificiais inserem-se entre os modos de aquisição da propriedade imobiliária, consistindo em obras que criam coisas novas, aderindo à

propriedade preexistente”. [grifo nosso]

Desta forma, Benfeitorias são formas de melhoramento da coisa, enquanto que Acessão Artificial é uma forma de aquisição originária de
propriedade.

Bibliografia:

VENOSA, Silvo de Salvo. Direito Civil. 6ª edição. São Paulo: Atlas, 2006.

FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direitos Reais. 2ª edição. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2006.

Eduardo Franco Vilar, o autor

Advogado, pós-graduado em Direito Público pela Faculdade Projeção, e servidor da Procuradoria Geral do Distrito Federal. Bacharel
em Direito pela UDF. Aluno da Pós-Graduação em Jurisdição Cível pela Escola Superior de Magistratura do Distrito Federal -

AMAGIS.

Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da
seguinte forma: VILAR, Eduardo Franco. Comparação entre Benfeitorias e Acessão Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 21 set 2020. Disponivel em:
https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/16780/comparacao-entre-benfeitorias-e-acessao. Acesso em: 21 set 2020.

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