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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA

CATARINA
CÂMPUS FLORIANÓPOLIS
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA
CURSO SUPERIOR EM TECNOLOGIA EM SISTEMAS DE ENERGIA

ADRIANO ANTENOR CAMPOS

COMPARAÇÃO E ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA DO PROJETO


DE UM SISTEMA DE MICROGERAÇÃO SOLAR FOTOVOLTAICA EM
UMA INDÚSTRIA COM OS DADOS OBTIDOS DE UM SISTEMA EM
OPERAÇÃO

FLORIANÓPOLIS, JUNHO DE 2018.


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA
CATARINA
CÂMPUS FLORIANÓPOLIS
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA
CURSO SUPERIOR EM TECNOLOGIA EM SISTEMAS DE ENERGIA

ADRIANO ANTENOR CAMPOS

COMPARAÇÃO E ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA DO PROJETO


DE UM SISTEMA DE MICROGERAÇÃO SOLAR FOTOVOLTAICA EM
UMA INDÚSTRIA COM OS DADOS OBTIDOS DE UM SISTEMA EM
OPERAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso


submetido ao Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Santa
Catarina como parte dos requisitos para
obtenção do título de Tecnólogo em
Sistemas de Energia.

Professor Orientador: Daniel Tenfen,


Doutor.

FLORIANÓPOLIS, JUNHO DE 2018.


Dedico este trabalho primeiramente a
Deus, aos meus pais, meus irmãos, e
principalmente a minha esposa e meu
filho que tiveram toda a paciência nos
momentos que não pude estar presente.
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Antenor Eliseu de Campos e Silvia Pereira de Campos que deram a
educação e a base para formação dos meus valores e princípios éticos.

À minha esposa Luciane Mª Augusto Campos e meu filho Alyson Adriano Campos
por todo apoio e paciência no decorrer dessa caminhada.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Daniel Tenfen, que me guiou e foi incansável em sua
função, não medindo esforços para alcançar o objetivo desse trabalho.

À Clemar Engenharia, que me deu o suporte necessário para executar esse


trabalho.

Aos engenheiros Dilsonei Rigotti e Leandro Mafra Bittencourt, por terem me


ensinado muito sobre energia fotovoltaica, teórica e prática, com muita paciência e
sabedoria.

A todos os professores do curso, principalmente aos Professores Rubipiara


Cavalcanti Fernandes, Edison A. C. Aranha Neto, Fabricio Yutaka Kuwabata
Takigawa, Daniel Tenfen, Everthon T. Sica e João Carlos Martins Lúcio, que sempre
acreditaram e me incentivaram a chegar ao final.

Aos amigos que fiz no IFSC, que fizeram a graduação mais leve e feliz.
"Eu colocaria meu dinheiro no sol e na
energia solar. Que fonte de energia! Espero
que não precisemos esperar até que o
petróleo e o carvão acabem para encarar
isto".
Thomas Edison
RESUMO

Cada vez mais no Brasil e no mundo, a diversificação da geração de energia vem


ganhando muita importância no que tange aos aspectos socioambientais,
econômicos e a segurança energética. A matriz energética mundial passa por
transformações e, gradativamente com a crescente busca de alternativas às fontes
não-renováveis de energia, incentivos governamentais e evolução tecnológica a
energia elétrica produzida através de painéis fotovoltaicos ganha mais espaço e
popularidade. Essa energia renovável, que usa a radiação do sol como fonte
energética, encontra um ambiente muito atrativo no Brasil, não só pelas condições
climáticas, mas também pelo alto custo da energia elétrica. A proposta de um
sistema de geração de energia fotovoltaica conectado à rede de distribuição,
mediante avaliação dos requisitos legais, técnicos e econômicos de projeto e o
impacto do excedente de geração injetado na rede da concessionária de energia é
apresentada e discutida. O projeto contemplou equipamentos disponíveis e
homologados no mercado brasileiro e foi executado e implementado pela Clemar
Engenharia na sua unidade industrial localizada no município de Palhoça, SC. O
sistema instalado tem uma potência de 64,26 kWp, suprindo 46% do consumo
demandado, com investimento inicial de R$ 496.271,00, e previa um tempo de
retorno de investimento por volta de 21 anos, sendo considerado uma vida útil do
sistema de 25 anos. O trabalho aqui apresentado é relativo ao projeto, implantação e
comparação de aspectos técnicos e econômicos do sistema projetado com os dados
de geração medidos após o sistema em operação.

Palavras-chaves: Energia Fotovoltaica. Painéis Fotovoltaicos. Clemar Engenharia.


Retorno do Investimento.
ABSTRACT

Increasingly in Brazil and in the world, the diversification of energy generation is


gaining a lot of importance with regard to socio-environmental, economic and energy
security aspects. The global energy matrix undergoes transformations and, gradually,
with the increasing search for alternatives to non-renewable sources of energy,
government incentives and technological evolution, the electric energy produced
through photovoltaic panels gains more space and popularity. This renewable
energy, which uses solar radiation as an energy source, finds a very attractive
environment in Brazil, not only because of the climatic conditions, but also because
of the high cost of electricity. The proposal of a photovoltaic power generation system
connected to the distribution network, by evaluating the legal, technical and
economic requirements of the project and the impact of the generation surplus
injected into the utility's network is presented and discussed. The project included
equipment available and approved in the Brazilian market and was implemented and
implemented by Clemar Engenharia in its industrial unit located in the municipality of
Palhoça, SC. The installed system has a power of 64.26 kWp, supplying 46% of the
demanded consumption, with an initial investment of R $ 496,271.00, and foresees a
time of return of investment for 21 years, being considered a useful life of the system
of 25 years. The work presented here concerns the design, implementation and
comparison of technical and economic aspects of the designed system with the
generation data measured after the system in operation.

Keywords: Photovoltaic energy. Photovoltaic panels. Clemar Engenharia. Return on


Investment.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Radiação solar. ........................................................................................ 22


Figura 2 – Incidência dos raios solares na superfície do planeta em relação ao
ângulo zenital (Z). .................................................................................... 22
Figura 3 – Mapa de insolação da Alemanha e do brasileiro Brasil (kWh/m²/dia). ..... 23
Figura 4 – Tipos de radiação solar. ........................................................................... 24
Figura 5- O ângulo de declinação solar varia ao longo do ano de acordo com a
posição da Terra em seu deslocamento em torno do Sol........................ 25
Figura 6 – Amplitude máxima do ângulo de declinação solar ao longo do ano. ........ 26
Figura 7 – Trajetória do movimento aparente do Sol. ............................................... 26
Figura 8 – Ângulo de inclinação do módulo fotovoltaico e ângulo de incidência
dos raios solares. .................................................................................... 27
Figura 9 – Efeito da inclinação do módulo fotovoltaico na captação de energia. ...... 28
Figura 10 – Evolução dos preços de células fotovoltaicas. ....................................... 30
Figura 11 – Do silício ao painel solar fotovoltaico. .................................................... 30
Figura 12 – Montagem do painel solar fotovoltaico. .................................................. 31
Figura 13 – Esquema das três gerações de tecnologia. ........................................... 31
Figura 14 - Painéis Solares de Silício. ....................................................................... 32
Figura 15 - Painel rastreando a posição do Sol ao longo do dia. .............................. 33
Figura 16 - Comparação entre energia gerada por um sistema fixo e com
seguidor solar. ......................................................................................... 34
Figura 17 – Módulos solares em funcionamento normal (a) e afetados por
sombra (b). .............................................................................................. 36
Figura 18 – Curva característica do string. ................................................................ 37
Figura 19 – Diagrama esquemático de um sistema fotovoltaico isolado da rede
de energia pública. .................................................................................. 38
Figura 20 – Diagrama esquemático de um sistema fotovoltaico conectado à rede
de energia pública. .................................................................................. 39
Figura 21 – Evolução da potência instalada (MW) até (23/05/17). ............................ 44
Figura 22 – Matriz elétrica Brasileira atualizada até 29/10/2017. .............................. 45
Figura 23 – Fatores decisivos para projetar um Sistema de Geração
Fotovoltaico. ............................................................................................ 49
Figura 24 - Perfil de consumo mensal para o ano de 2012/2013. ............................. 51
Figura 25 – Perfil de consumo médio diário para o ano de 2012/2013. .................... 51
Figura 26 - Irradiação Média na região da Palhoça para 7° e 27°, e desvio
azimutal de 15° a nordeste. ..................................................................... 53
Figura 27 – Local da unidade consumidora............................................................... 57
Figura 28 – Local da unidade Matriz. ........................................................................ 58
Figura 29 - Etapas para implantação do SGFV. ........................................................ 59
Figura 30 - Diagrama de Blocos do SGFV UIP. ........................................................ 62
Figura 31 – Disposição final dos 252 módulos já instalados no telhado da UIP. ...... 63
Figura 32 - Preço Médio de implantação de SGFV (R$/Wp). .................................... 66
Figura 33 – Consumo Real X Geração Projetada através do software Pvwatts
para 64,26 kWp. ...................................................................................... 68
Figura 34 - Projeção na Fatura de Energia Com e Sem SGFV. ................................ 69
Figura 35 – Balanço energético da UC com e sem SGFV. ....................................... 77
Figura 36 – Projeção Com cobrança de ICMS x Sem cobrança de ICMS. ............... 79
Figura 37 – Demanda medida com e sem GFV – Fora Ponta................................... 80
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Ângulo de inclinação do módulo. ............................................................. 29


Tabela 2 – Eficiência de células solares fotovoltaicas. .............................................. 32
Tabela 3 – Vantagens e desvantagens do sistema de rastreamento solar. .............. 34
Tabela 4 – Vantagens e desvantagens de sistemas isolados e conectados à
rede. ........................................................................................................ 40
Tabela 5 – Garantia média dos equipamentos e serviços. ........................................ 41
Tabela 6 – Principais Normas Nacionais. .................................................................. 42
Tabela 7 – Últimos leilões de geração solar no Brasil. .............................................. 43
Tabela 8 - Instalações solares no Brasil. ................................................................... 43
Tabela 9 – Consumo de energia mensal em 2016. ................................................... 50
Tabela 10 - Dimensionamento para 100% do Consumo da UC. ............................... 55
Tabela 11 - Simulação PVWatts para 100% de GFV. ............................................... 56
Tabela 12 - Dimensionamento do SGFV de 64,26 kWp. ........................................... 61
Tabela 13 - Arranjo do SGFV instalado na UIP. ........................................................ 62
Tabela 14 - Custos do SGFV Implantado na UIP. ..................................................... 65
Tabela 15 - Consumo Real x Geração Projetada x Economia na Fatura. ................. 67
Tabela 16 - Reajustes na tarifa de energia da concessionária CELESC. ................. 72
Tabela 17- Análise do Investimento Projetado. ......................................................... 72
Tabela 18 - Tarifas de Energia Celesc 2018 ............................................................. 74
Tabela 19 – Geração Real x Geração Estimada em projeto ..................................... 75
Tabela 20 - Valor Médio Economizado pela UC em 2017 (R$/kWh). ........................ 76
Tabela 21 – Análise do Tempo de Retorno Com ICMS (2018). ................................ 76
Tabela 22 - Análise do Tempo de Retorno Sem Cobrança de ICMS (2018). ............ 78
Tabela 23 - Resumo geral dos casos simulados ....................................................... 79
Tabela 24 - Demanda real de 2017 e Projeção de 3% a.a. até 2020. ....................... 81
Tabela 25 - Tarifas de Demanda Celesc 2018. ......................................................... 82
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABSOLAR – Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica

CELESC – Centrais Elétricas de Santa Catarina

CIGS – Cobre-índio-gálio-selênio

CONFAZ – Conselho Nacional de Política Fazendária

CSP – Concentrating Solar Power (Concentrador de Energia Solar)

CdTe – Telureto de Cádmio

CRESESB – Centro de Referência para as Energias Solar e Eólica Sérgio de S. Brito

DPS - Dispositivos de Proteção Contra Surto

FDI - Fator de Dimensionamento do Inversor

FV – Fotovoltaico

FP – Horário Fora de Ponta

GFV – Geração fotovoltaica

IBEAS – Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

IDEAL – Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América


Latina

IFSC – Instituto Federal de Santa Catarina

INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo

LABREN – Laboratório de Modelagem e Estudos de Recursos Renováveis de


Energia

LABSOL – Laboratório De Energia Solar

MME – Ministério de Minas e Energia


m-Si – Silício Monocristalino

NCM - Nomenclatura Comum do Mercosul

OPEX – Custo de Operação e Manutenção do Sistema

PRODIST - Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico


Nacional

P – Horário de Ponta

p-Si – Silício Policristalino

SEB – Setor Elétrico Brasileiro

SGFV – Sistema de geração fotovoltaica

SFCR – Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede

STC - Standard Test Conditions (Condições de Teste Padrão)

TIR – Taxa Interna de Retorno

TMA – Taxa Mínima de Atratividade

UC – Unidade Consumidora

UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UIP – Unidade Industrial da Clemar no município de Palhoça-SC

VP – Valor Presente

VPL – Valor Presente Líquido


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 17
1.1 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 18
1.2 OBJETIVO GERAL .................................................................................... 18
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................... 19
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO................................................................... 19
2 REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................... 21
2.1 ENERGIA SOLAR ...................................................................................... 21
2.1.1 Conceitos Básicos ................................................................................... 21
2.1.2 Radiação solar.......................................................................................... 21
2.1.3 Irradiância ................................................................................................. 22
2.1.4 Insolação ou Irradiação ........................................................................... 23
2.1.5 Tipos de radiação solar ........................................................................... 24
2.1.6 Declinação solar....................................................................................... 25
2.1.6.1 Altura solar ................................................................................................. 26
2.1.6.2 Ângulo de incidência dos raios solares ...................................................... 26
2.2 ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA ......................................................... 29
2.2.1 Conceitos Básicos e históricos de sistemas fotovoltaicos ................. 29
2.2.2 Tecnologias disponíveis de células fotovoltaicas ................................ 31
2.3 PROJETO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS .......................................... 33
2.3.1 Regras básicas para a instalação dos módulos solares ...................... 33
2.4 EFEITO DO SOMBREAMENTO NOS MÓDULOS EM USINAS SOLARES
................................................................................................................... 35
2.5 TIPOS DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ................................................ 37
2.6 DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS DE UM SISTEMA
FOTOVOLTAICO E VIDA ÚTIL.................................................................. 40
2.7 NORMAS E RECOMENAÇÕES PARA SISTEMA FOTOVOLTAICO ........ 41
2.8 CENÁRIO NACIONAL DO USO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ........ 42
2.9 REGULAMENTAÇÕES DO SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO (SEB)
PARA MINI E MICROGERAÇÃO............................................................... 45
3 ESTUDO DE CASO DE UMA UNIDADE CONSUMIDORA DA CELESC
DO GRUPO A4 .......................................................................................... 49
3.1 DADOS DA UNIDADE CONSUMIDORA ................................................... 49
3.2 DEFINIÇÃO DO PROJETO DO SGFV ...................................................... 49
3.2.1 Perfil de Consumo e Demanda de Energia da UC ................................. 49
3.2.2 Potência Necessária do SGFV para Atender 100% da UC Estudada ... 52
3.2.3 Área disponível para instalação dos módulos ...................................... 56
3.2.4 Capital disponível e/ ou estratégia para investimento no SGFV .......... 57
3.3 PROJETO CLEMAR UIP DE ACORDO COM A DEFINIÇÃO DO
TAMANHO DO SGFV E DO CAPITAL A SER INVESTIDO....................... 58
3.4 ANÁLISE DE CUSTO E DE TEMPO DE RETORNO DO INVESTIMENTO
................................................................................................................... 64
3.4.1 Análise dos custos e retorno do investimento na fase de projeto ...... 64
3.4.2 Análise dos custos e retorno do investimento considerando índices
econômicos de 2018 e um cenário COM cobrança de ICMS na energia
injetada na rede pública de energia ....................................................... 73
3.4.3 Análise dos custos e retorno do investimento considerando índices
econômicos de 2018 e um cenário SEM a cobrança de ICMS na
energia injetada na rede pública de energia .......................................... 77
3.5 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DA DEMANDA .................................. 80
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 83
5 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................ 85
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 86
APÊNDICES ............................................................................................................. 92
APÊNDICE A – SIMULAÇÃO PVWATTS ................................................................ 93
APÊNDICE B – PLANILHA PARA ANÁLISE DO INVESTIMENTO NA FASE DE
PROJETO .................................................................................................. 94
APÊNDICE C – PLANILHA PARA ANÁLISE DO INVESTIMENTO COBRANDO
ICMS .......................................................................................................... 95
APÊNDICE D - PLANILHA PARA ANÁLISE DO INVESTIMENTO DEVOLVENDO
ICMS .......................................................................................................... 96
APÊNDICE E – PLANILHA DE ANÁLISE FINANCEIRA ......................................... 97
ANEXOS... ................................................................................................................ 98
ANEXO A – DADOS TÉCNICOS DOS MÓDULOS E INVERSORES ...................... 99
ANEXO B – DIAGRAMA UNIFILAR GERAL ......................................................... 100
ANEXO C – PAGINAÇÃO DOS MÓDULOS NA COBERTURA ............................ 104
ANEXO D – DIAGRAMA STRINGBOX .................................................................. 105
ANEXO E – TELAS DO SISTEMA SUPERVISÓRIO ............................................. 109
17

1 INTRODUÇÃO

A proposta deste trabalho consiste na avaliação dos critérios técnicos e


econômicos associados à implantação de projeto de geração de energia de fonte
fotovoltaica em uma empresa com atividades no ramo de serviços na área de
suprimento de energia, telecomunicações e obras de datacenteres, situada na
região da grande Florianópolis.

A demanda contratada da referida empresa com a CELESC é de 132 kW,


pelo grupo tarifário horo sazonal verde, com um consumo médio de 15.276 kWh/mês
em 2016. O sistema instalado incorpora 02 inversores de 27,6 kW (cada), resultando
em 55,2 kW de potência nominal total e 252 módulos fotovoltaicos de 255 Wp
(cada), totalizando 64,26 kWp de máxima potência possível de ser gerada. Com esta
capacidade instalada, a expectativa de geração média mensal está na faixa de 7.000
a 7.500 kWh/mês, ou seja, aproximadamente 50% do consumo médio mensal da UC
estudada.

Uma característica importante na preferência pelos sistemas de geração


fotovoltaica instalados nas cidades é a possibilidade de interligação com a rede
existente das distribuidoras, dispensando assim os sistemas de armazenamento de
energia necessários em sistemas do tipo autônomo e os elevados custos de
manutenção decorrentes (RÜTHER, 2004).

No caso de micro e minigerações de energia elétrica, destacando-se a


energia fotovoltaica, outro ponto fundamental é a possibilidade de compensação de
créditos através do sistema de compensação de energia (net metering) para os
casos onde a geração de energia ativa for maior que o consumo. Nesse caso, a
energia é injetada na rede pública e, uma vez que o sistema de medição instalado é
bidirecional, essa energia é contabilizada como saldo positivo, podendo servir para
abater o consumo da unidade consumidora no mesmo posto tarifário, ou até mesmo
de outra unidade consumidora de mesma titularidade. Por outro lado, quando o
sistema solar gera menos energia do que a demandada pela instalação
consumidora, o consumo é suprido pela concessionária do serviço de distribuição de
energia elétrica. As normas e regulamentações sobre o Sistema de Compensação
de Energia Elétrica estão descritas nas Resoluções nº 482/2012 e 687/2015 da
ANEEL e a Seção 3.7 do Módulo 3 do PRODIST. Complementarmente, deve ser
18

consultada a Resolução nº 414/2010 também da ANEEL1. Os principais pontos


destes documentos serão abordados no item 2.9.

Esse trabalho propõe um entendimento mais amplo sobre o projeto e os


resultados da instalação de um sistema de geração de energia fotovoltaica, que
pode ser considerada uma energia limpa, com uma geração silenciosa, não
poluente, renovável e de simples implantação.

1.1 JUSTIFICATIVA

Cada vez mais no Brasil e no mundo, a diversificação da matriz


energética está ganhando muita importância no que tange aos aspectos
socioambientais, econômicos, e também da segurança energética.

Desta maneira, as empresas, pensando em melhorar tanto as suas


finanças quanto a sua imagem perante a sociedade, estão aplicando recursos
diversos de geração “limpa” em suas unidades, como: geração fotovoltaica, geração
eólica, entre outras.

Nesse sentido, é importante apresentar os critérios técnicos e econômicos


acerca do que os projetos e estudos demonstraram para a geração fotovoltaica,
assim como o sistema instalado na Clemar Engenharia, que é uma empresa com
atividades no ramo de serviços nas áreas de suprimento de energia,
telecomunicações e obras de datacenteres em todo território nacional.

1.2 OBJETIVO GERAL

Comparar a análise técnica e econômica entre o sistema de microgeração


de energia fotovoltaica projetado e o sistema já em operação na empresa Clemar
Engenharia.

1
Os pontos principais da Resolução Normativa nº 482/2012 será explicada no capítulo 2.
Está disponível em: http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2012482.pdf/. Acessado em 11 maio de 2018.
19

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Revisar a literatura acerca dos conceitos de energia solar;

 Conhecer o arcabouço de leis, resoluções, normas técnicas, normas


tributárias e demais documentos disponíveis na página da Agência
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que visam regulamentar a micro e
minigeração fotovoltaica no Brasil;

 Compreender os fundamentos de instalação e execução das etapas reais


da implantação do sistema de geração fotovoltaica, utilizando-se de
softwares, cálculos matemáticos e aplicativos disponíveis na internet;

 Analisar os dados de produção de energia elétrica, custos de instalação e


receitas estimados em projeto, confrontando com os dados reais obtidos
no sistema em operação;

 Avaliar a viabilidade técnica e econômica, observadas a partir da análise


dos dados.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

No capítulo 1 faz-se uma introdução do trabalho ressaltando a sua


importância econômica e social acerca do objeto do estudo. O capítulo 2 possui uma
revisão bibliográfica descrevendo os principais conceitos sobre energia solar,
tecnologias dos painéis fotovoltaicos e uma apresentação de um sistema fotovoltaico
típico, descrevendo e explicando as regras básicas para sua instalação, bem como o
funcionamento de cada componente e os fatores que influenciam no sistema
fotovoltaico. Também é apresentado o cenário nacional acerca da energia solar
fotovoltaica na atualidade e, por fim, são apresentadas as regulamentações e
normativas que regem a implantação da mini e microgeração distribuída no Brasil. O
capítulo 3 apresenta o estudo de caso da implantação de uma usina geradora
fotovoltaica na empresa Clemar Engenharia, analisando os resultados obtidos a
partir de estudos de viabilidade técnica e econômica aplicando métodos
matemáticos. No capítulo 4 são apresentadas as análises dos resultados e as
considerações finais através dos resultados obtidos durante o estudo.
20
21

2 REVISÃO DA LITERATURA

Este capítulo tem por objetivo apresentar os conceitos básicos da energia


solar, histórico da energia fotovoltaica, principais tecnologias disponíveis e a
regulamentação do sistema elétrico brasileiro no que tange a mini e microgeração de
energia.

2.1 ENERGIA SOLAR

2.1.1 Conceitos Básicos

O Sol é uma fonte tanto de calor quanto de luz e sempre foi uma das
alternativas energética muito promissora para prover a energia necessária ao
desenvolvimento humano (CRESESB, 2014).

A energia solar é responsável por praticamente todos os processos de


transformação existente na terra. Entre os principais processos naturais estão a
fotossíntese, o ciclo hidrológico, os ventos e correntes oceânicas. No que tange aos
processos artificiais estão, o aquecimentos solar, a climatização de ambientes e a
geração de energia elétrica (VILLALVA; GAZOLI, 2012).

2.1.2 Radiação solar

É o efeito da propagação de energia do Sol que é transportada para


nosso planeta através de ondas eletromagnéticas, como ilustrado na Figura 1. As
ondas eletromagnéticas transmitidas pelo Sol produzem efeitos diversos sobre os
seres vivos e objetos existentes na terra. Sua unidade de medida mais usada é o
W.h/m² (VILLALVA; GAZOLI, 2012).
22

Figura 1 – Radiação solar.

Fonte: Bocafoli (2017).

2.1.3 Irradiância

É a medida de potência por metro quadrado, ou seja, uma densidade de


potência. É expressa em W/m² (watt por metro quadrado) (VILLALVA; GAZOLI,
2012, p.45).

A irradiância solar varia de acordo com o ângulo de incidência dos raios


solares (GALVANI, 2014). O ângulo formado entre os raios solares e a linha
perpendicular ao plano terrestre é chamado de ângulo zenital (Z) e quanto maior for
o ângulo Z, menor será a irradiância sobre a superfície da terra (CRESESB, 2014). A
Figura 2 ilustra a incidência dos raios solares na superfície do planeta para
diferentes ângulos de inclinação. Esse ângulo também define o parâmetro conhecido
como AM (Air Mass) ou unidade que é a razão da unidade e o cosseno do ângulo Z.

Figura 2 – Incidência dos raios solares na superfície do planeta em relação ao ângulo zenital (Z).

Fonte: Galvani (2014).


23

De acordo com Villalva e Gazoli (2012) “Na superfície terrestre, a


irradiância da luz solar é tipicamente 1000 W/m², nas condições de temperatura de
25°C, AM=1,5 no solstício de verão. No espaço extraterrestre, na distância média
entre o Sol e a Terra, a irradiância é de 1353 W/m²”.

2.1.4 Insolação ou Irradiação

Segundo Villalva e Gazoli (2012), a insolação é a medida de energia solar


que incide sobre uma determinada área de superfície plana ao longo de um período
de tempo, normalmente de um dia e com a unidade Wh/m²/dia (watt hora por metro
quadrado por dia).

Segundo o Atlas Brasileiro de Energia Solar (INPE, 2017), diariamente


incide entre 4.500 a 6.300 Wh/m² (watt hora por metro quadrado) de radiação solar
no país. A Figura 3 ilustra os mapas de insolação no território alemão e território
brasileiro anual.

Figura 3 – Mapa de insolação da Alemanha e do brasileiro Brasil (kWh/m²/dia).

Fonte: Adaptado de Solargis (2017).


O Brasil é privilegiado pela grande incidência de radiação solar, onde o
sol aparece em média 280 dias por ano. Observando os mapas da Figura 3, é
possível verificar que a região menos ensolarada do Brasil apresenta índices solares
em torno de 1640 kWh/m², enquanto que os maiores valores apresentados na área
24

de maior incidência solar da Alemanha, recebem cerca de 1300 kWh/m² em média


anual (SALAMONI; RÜTHER, 2007).

2.1.5 Tipos de radiação solar

Segundo Villalva e Gazoli (2012) a radiação do Sol vinda do espaço sofre


a influência de diversos obstáculos antes de incidir sobre a superfície da terra, entre
esses obstáculos estão o ar atmosférico, as nuvens, a poluição do ar, e outros.

A Figura 4 mostra os efeitos dos obstáculos no caminho entre o Sol e a


superfície da terra.
Figura 4 – Tipos de radiação solar.

Fonte: Cresesb e Cepel (2014).


De acordo com Villalva e Gazoli (2012), os tipos de irradiação solar que
incidem sobre a superfície da terra são:

a) Irradiação solar direta: é a fração da radiação solar que atravessa a


atmosfera (sem interagir) e atinge a superfície;

b) Irradiação solar Difusa: é a fração da radiação solar que atravessa a


atmosfera sendo difundida pelos constituintes atmosféricos (altera a
direção);

c) Irradiação solar Global: é a somatória da Radiação solar direta mais a


difusa;

d) Radiação solar refletida: é a fração da radiação global que não chega à


superfície devido a sua reflexão para o espaço.
25

Os valores instantâneos da irradiância solar global na superfície sofrem


grandes variações temporais e espaciais em função de umidade e nebulosidade, ou
outros fatores climáticos, e também da época do ano e hora do dia, pois ocorre
variação da camada da atmosfera a ser atravessada pela radiação solar (GALVANI,
2014).

2.1.6 Declinação solar

Declinação solar (δ) é o ângulo formado pela inclinação dos raios solares
com relação ao plano equatorial da Terra (VILLALVA, 2012). Segundo Galvani
(2014), este ângulo varia ao longo do ano, dentro dos seguintes limites: -23,45° < (δ)
< +23,45° ou na representação -23° 27’ < (δ) < +23° 27’.

As figuras a seguir ilustram o significado do ângulo de declinação solar. A


Figura 5 mostra as posições da Terra ao longo do ano. Essa declinação é devido à
inclinação do eixo de rotação terrestre.

Figura 5- O ângulo de declinação solar varia ao longo do ano de acordo com a posição da Terra em
seu deslocamento em torno do Sol.

Fonte: Saraiva (2010).


A Figura 6 apresenta o significado do ângulo de declinação tendo a Terra
como referência e mostrando a posição aparente do Sol. Nos solstícios de verão e
inverno o ângulo de declinação é máximo, já nos equinócios de primavera e outono,
o ângulo é nulo.
26

Figura 6 – Amplitude máxima do ângulo de declinação solar ao longo do ano.

Fonte: Santos (2014).

2.1.6.1 Altura solar

Devido ao ângulo de declinação solar, o Sol nasce e se põe em diferentes


posições do céu e descreve uma trajetória com inclinação diferente durante o dia e
também durante o ano, como ilustra a Figura 7 (VILLALVA; GAZOLI, 2012).

Figura 7 – Trajetória do movimento aparente do Sol.

Fonte: Eletrônica-PT (2017).


Observando a Figura 7, percebe-se que luz solar toma o percurso mais
curto através da atmosfera, quando a posição do Sol é perpendicular à superfície da
Terra.

2.1.6.2 Ângulo de incidência dos raios solares

A forma como os raios solares incidem sobre a superfície terrestre,


depende da posição do Sol. Essa posição é modificada ao longo do dia e do ano,
27

sendo determinada pelos ângulos azimutal e zenital e pela altura solar (VILLALVA;
GAZOLI, 2012).

Esse ângulo de inclinação é importante para definição de como deverá


ser instalado o painel, dependendo da latitude do local, no caso de painéis fixos. A
Figura 8 e Figura 9 ilustram como os raios solares incidem sobre o painel
fotovoltaico numa determinada inclinação com face norte, sendo que esta última
também já apresenta o ângulo ótimo para a maior produção de energia elétrica em
um sistema com a base dos painéis fixa.
Figura 8 – Ângulo de inclinação do módulo fotovoltaico e ângulo de incidência dos raios
solares.

Fonte: Adaptado de O Setor Elétrico (2017).

Onde:

 α- Ângulo de inclinação do painel


 β- Ângulo de incidência do raio solar
 γ- Ângulo da altura solar
 S- Sul geográfico
 N- Norte geográfico
28

Figura 9 – Efeito da inclinação do módulo fotovoltaico na captação de energia.

Fonte: Programa Eletricista Consciente (2017).


Em alguns sistemas, a prioridade é a máxima produção de energia numa
determinada época do ano, porém, na maioria das instalações, a busca é por uma
máxima produção de energia ao longo do ano.

De acordo com Villalva & Gazoli (2012) é possível obter para uma
determinada latitude uma inclinação para instalação dos painéis que possibilite uma
boa produção de energia. A latitude de uma localidade pode ser encontrada com a
ferramenta de mapas do Google (maps.google.com).

A Tabela 1 sugere o ângulo de inclinação2 para instalação de módulos


fotovoltaicos para as diversas faixas de latitudes geográficas.

2
Não é recomendado usar inclinação menor que 10 graus, para evitar o acúmulo de sujeira
nos módulos fotovoltaicos.
29

Tabela 1 – Ângulo de inclinação do módulo.


Latitude Geográfica do Local Ângulo de Inclinação Recomendado

0° a 10° 10°
11° a 20° Latitude
21° a 30° Latitude + 5°
31° a 40° Latitude + 10°
41° ou mais Latitude + 15°
Fonte: Adaptado de Bosch Solar (2009)

2.2 ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

Para melhor entendimento de um sistema de geração de energia


fotovoltaica, são apresentadas adiante, informações necessárias ao conhecimento
de aspectos importantes, no que tange aos conceitos do efeito fotovoltaico, e pontos
específicos do funcionamento das células fotovoltaicas, como as suas diferentes
tecnologias de fabricação e a evolução dos custos.

2.2.1 Conceitos Básicos e históricos de sistemas fotovoltaicos

A energia solar fotovoltaica é a energia obtida no processo da conversão


direta da luz em energia elétrica. O termo fotovoltaico é formado a partir de duas
palavras: foto, que em grego significa “luz”, e voltaica, que vem da palavra “volt”,
unidade para medir o potencial elétrico (IDEAL, 2017). Ao final do século XX, a
indústria fotovoltaica já apresentava grandes melhoras no desenvolvimento e
produção dos painéis com custos razoavelmente acessíveis.

Na Figura 10 são apresentados os custos das células fotovoltaicas, sem


considerar a instalação, segundo informação do Portal Solar (2017), ressaltando-se
que em 2015 estes atingiram os seus menores preços históricos, chegando a U$
0,30/Watt. É percebido também, pelo decréscimo de custo ao longo dos anos
conforme destacado que a tecnologia e os processos de fabricação ainda estão
amadurecendo, o que pode ser benéfico para a concorrência direta dessa fonte de
energia no futuro frente a outras tecnologias.
30

Figura 10 – Evolução dos preços de células fotovoltaicas.

Fonte: Solar (2017).


A Figura 11 apresenta as etapas de fabricação de painéis fotovoltaicos
baseados em silício, principal matéria prima utilizada para as placas fotovoltaicas. Já
a Figura 12 ilustra a montagem final de um módulo.

Figura 11 – Do silício ao painel solar fotovoltaico.

Fonte: Cresesb (2014).


31

Figura 12 – Montagem do painel solar fotovoltaico.

Fonte: Solar (2017).

2.2.2 Tecnologias disponíveis de células fotovoltaicas

As tecnologias das células fotovoltaicas podem ser divididas em três


categorias: primeira geração (silício mono e policristalinos), segunda geração (silício
amorfo e filmes finos) e terceira geração (orgânicos), como ilustrado na Figura 13.

Figura 13 – Esquema das três gerações de tecnologia.

Fonte: O Frio Que Vem do Sol (2017).


Apesar de toda evolução e de várias tecnologias disponíveis, os tipos
de painéis solares fotovoltaicos mais utilizados no mundo são os painéis solares
monocristalinos, policristalinos e de filme fino (PORTAL SOLAR, 2018). Vale
ressaltar que, atualmente no Brasil, apenas essas três tecnologias são autorizadas
pelo INMETRO.
32

Comparando-se as tecnologias mais empregadas, destaca-se que os


painéis solares monocristalinos são mais caros e mais eficientes, enquanto que os
painéis policristalinos são mais baratos e possuem uma eficiência média e os painéis
de filmes finos são mais baratos e menos eficientes Rϋther (2004).

A Figura 14 representa respectivamente um painel de Silício


Monocristalino, outro de Silício Policristalino e por último painel solar de Filme Fino.

Figura 14 - Painéis Solares de Silício.

Fonte: Adaptado de MME (2012)


Outras características importantes são as temperaturas que serão
submetidas às placas solares, a vida útil, a resistência mecânica, a produção
fotovoltaica em dias nublados, entre outros (VILLALVA; GAZOLI, 2012).

Assim, atualmente, devido às diferenças cada vez menores entre cada


uma das tecnologias, não há um consenso do mercado sobre qual a melhor placa
solar fotovoltaica a ser utilizada (LUX NOVA, 2017). O critério de escolha acaba
sendo, então, por disponibilidade do fabricante, política de preços e questões
estéticas do cliente. Embora não detalhado todas as tecnologias neste trabalho, a
Tabela 2 apresenta a eficiência das tecnologias de células fotovoltaicas mais
utilizadas.
Tabela 2 – Eficiência de células solares fotovoltaicas.
Tecnologia Eficiência Eficiência
Silício Monocristalino 13 a 21%
Silício Policristalino 11 a 16%
Filmes finos - Silício amorfo (a-Si) 4 a 9%
Filmes finos - Disseleneto de cobre-índio-gálio (CIGS) 6 a 11%
Filmes finos - Telureto de Cadmio (Cd-Te) 10 a 13%
Fonte: Adaptado de Cresesb (2014)
33

2.3 PROJETO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

2.3.1 Regras básicas para a instalação dos módulos solares

Como regra geral, para painéis montados em estruturas fixas, a melhor


inclinação com relação à horizontal para aproveitamento máximo da incidência solar
ao longo do ano é dada pela latitude do local da instalação. O ideal é que a
superfície do módulo fique voltada para o norte geográfico para instalações no
hemisfério sul e voltada para o sul geográfico para instalações no hemisfério norte
(RÜTHER, 2004). A Figura 15 mostra um sistema com rastreamento da posição do
sol ao longo do dia.

Figura 15 - Painel rastreando a posição do Sol ao longo do dia.

Fonte: Adaptado de Energético (2017).


Na Tabela 3 são apresentadas as principais vantagens e desvantagens
de um sistema de rastreamento solar, conforme (VILLALVA; GAZOLI, 2012).
34

Tabela 3 – Vantagens e desvantagens do sistema de rastreamento solar.

Vantagens do rastreamento solar Desvantagens do rastreamento solar


 São mais caros devido ao uso de
 Produção maior de eletricidade com
tecnologias mais complexas e de peças
o mesmo espaço necessário para os
móveis para seu funcionamento;
sistemas de inclinação fixa;
 Maior necessidade de manutenção do que
 Melhora a forma como a potência é
no sistema fixo;
entregue ao consumo.

 Exigem uma maior preparação do local da


instalação e cuidados com o cabeamento;
Não é indicado para lugares com acúmulo
de neve.

Fonte: Elaboração própria (2017)


A Figura 16 apresenta as curvas de produção de energia solar ao longo
do dia utilizando-se um sistema fixo e outra um sistema de rastreamento automático
do sol. Na curva cinza, que representa o sistema fixo, o aumento da produção é
gradual, chegando ao máximo próximo das 2 p.m. e decrescendo numa taxa bem
acelerada. Na curva verde, a potência máxima é obtida desde o início da manhã e a
produção é mantida num nível mais elevado até o final da tarde (PORTAL SOLAR,
2017).

Figura 16 - Comparação entre energia gerada por um sistema fixo e com seguidor solar.

Fonte: Portal Solar (2017).


Ainda de acordo com Portal Solar (2017), no que tange ao tempo, há
basicamente duas maneiras para escolher o melhor ângulo de inclinação. A primeira
é se, por exemplo, no seu local de instalação o verão tiver muita incidência de
nuvens, mas o inverno é prioritariamente claro e ensolarado, então o ângulo de
inclinação ideal deverá ser o mais próximo do ângulo de inclinação do inverno e
35

vice-versa, e a outra é se houver muita chuva e poeira no local de instalação, o


melhor é escolher um ângulo com inclinação um pouco maior, de modo que a
própria chuva ajude a lavar os módulos. É por isso que, mesmo estando exatamente
na região da linha do equador, a recomendação é que o módulo nunca deverá ter
uma inclinação zero grau.

2.4 EFEITO DO SOMBREAMENTO NOS MÓDULOS EM USINAS SOLARES

Existe um grande problema quando os módulos fotovoltaicos são


submetidos à sombras no período de produção de energia, principalmente quando
os painéis solares são conectados em série e são de silício que não possuem diodos
em paralelo com as células, conforme é explicado no decorrer desse item. É por isso
que, de acordo com Villalva & Gazoli (2012), a localização e instalação dos módulos
fotovoltaicos devem ser cuidadosamente observadas, de modo que, não haja
sombra sobre a sua superfície, sob a pena da produção de energia ser seriamente
comprometida.

O sombreamento pode ser causado por diversos obstáculos, como


prédios, árvores, acúmulo de sujeira, até mesmo pelos outros módulos instalados na
própria usina, ou qualquer outro meio que comprometa a passagem da luz às células
fotovoltaicas. Vale ressaltar que, existem configurações onde apenas o painel
comprometido pela sombra ou sujeira é afetado, e o restante do sistema continua
operando normalmente.

A Figura 17 compara o efeito de um sistema em funcionamento normal


(a) e outro afetado por uma sombra (b).
36

Figura 17 – Módulos solares em funcionamento normal (a) e afetados por sombra (b).

Fonte: Adaptado de Villalva & Gazoli(2012).


A Figura 17 (a) apresenta vários módulos conectados em série
representando um string3 de um sistema fotovoltaico, que neste caso, recebem a
mesma quantidade de luz, e a corrente elétrica flui normalmente pelos seus
terminais. Já na Figura 17 (b) que também apresenta ligação em série, o módulo que
está obstruído pela sombra, acaba limitando a circulação de corrente nos demais
módulos, causando a interrupção total ou parcial da corrente elétrica no sistema
(VILLALVA; GAZOLI, 2012). Para minimizar este problema, os fabricantes adicionam
diodos de passagem ligados em paralelo com as células. Quando há problema de
captação da luz na célula, a corrente é desviada pelo diodo em paralelo, isolando
assim a célula que está obstruída, diminuindo os impactos na perda de produção de
energia.

A curva em vermelho ilustrada na Figura 18, mostra, no caso de módulos


não afetados pela sombra, que as tensões e as potências dos módulos individuais
somam-se, formando uma curva com ponto de potência máxima (MPP). Quando são
misturados módulos com e sem sombreamento, obtém-se a curva azul, onde mostra
os níveis de tensão e potência seriamente comprometidos (SOLARIZE, 2016).

3 Módulos fotovoltaicos são geralmente ligados entre si em série para produzir uma
tensão de saída alta, formando um conjunto chamado de string (SOLARIZE, 2016).
37

Figura 18 – Curva característica do string.

Fonte: Adaptado de Solarize (2016).

2.5 TIPOS DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Mesmo com a maior popularização dos sistemas de geração fotovoltaicos,


algumas dúvidas ainda são observadas nos consumidores no que se refere à
compra dos componentes que serão usados no seu sistema. Portanto, a primeira
coisa, a saber, é, se o sistema será do tipo isolado da rede (Off-grid) ou conectado à
rede pública de energia (On-grid) (BLUESOL, 2016).

Vale ressaltar que tanto os sistemas fotovoltaicos isolados, quanto os


conectados à rede de energia pública utilizam basicamente os mesmos dispositivos
no que tange as suas estruturas principais. As exceções são as baterias e os
controladores de carga4 (SOLARVOLT, 2015).

Os sistemas fotovoltaicos isolados são aqueles sistemas que funcionam


totalmente independentes da rede pública de distribuição de energia elétrica, que
usam baterias para armazenar a energia gerada para utilizar nos períodos onde o
consumo for maior que a geração (VILLALVA; GAZOLI, 2012).

Como mostrado na Figura 19, os equipamentos que compõem um


sistema isolado são: painel fotovoltaico, controlador de carga, baterias, inversor,
carga, além de cabos, suportes e outros acessórios necessários para instalação do
sistema.

4
Dispositivo responsável por controlar o fluxo de energia nas baterias para que não
sejam sobrecarregadas ou descarregadas profundamente, proporcionando maior vida útil a elas
(CRESESB, 2014).
38

Figura 19 – Diagrama esquemático de um sistema fotovoltaico isolado da rede de


energia pública.

Fonte: Inovacare solar (2016).


Já os sistemas fotovoltaicos conectados, são aqueles sistemas que
funcionam conectados à rede pública de distribuição de energia elétrica e não
necessitam de baterias e controladores de carga instaladas no sistema para
armazenar o excesso de geração, pois, a própria rede de energia pública funciona
como uma enorme bateria no caso do sistema de compensação de energia elétrica
(CRESESB, 2014; VILLALVA, 2012).

Diferentemente do sistema isolado, o sistema conectado à rede não exige


cálculos tão precisos para dimensionar o quanto de geração será necessária para
suprir a demanda exigida pela carga, uma vez que pode ser feito um sistema para
gerar uma parcela e a rede suprir o restante demandado. Esse sistema também tem
a vantagem de poder ser ampliado conforme a necessidade e disponibilidade de
recursos financeiros, desde que atendam aos critérios técnicos específicos
(CRESESB, 2014; VILLALVA, 2012; RÜTHER, 2004).

Cabe ressaltar que o sistema conectado à rede é regulamentado pela


Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012 da ANEEL5. Nessa resolução
consta, entre outras informações, o que é necessário para a regularização da mini e
microgeração no Brasil, os impostos envolvidos e como funciona o sistema de

5
A Resolução Normativa nº 482/2012 será explicada no capítulo 5. Está disponível em:
http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2012482.pdf/. Acessado em 11 maio de 2018.
39

compensação energética, que é o sistema de ressarcimento da energia que foi


injetada na rede (ANEEL, 2017).

A Figura 20 apresenta os equipamentos que compõem um sistema


conectado, que são: painel fotovoltaico, inversor, medidor bidirecional, carga, além
de cabos, suportes e outros acessórios necessários para instalação do sistema.

Figura 20 – Diagrama esquemático de um sistema fotovoltaico conectado à rede de


energia pública.

Fonte: Inovacare solar (2016).


A Tabela 4 apresenta as principais vantagens e desvantagens de
sistemas isolados e sistemas conectados à rede de energia pública6.

6
De acordo com Villalva & Gazoli (2012), a finalidade do sistema conectado à rede é
produzir energia para reduzir o máximo possível o consumo proveniente da concessionária, e não a
de suprir eventuais falta de energia.
40

Tabela 4 – Vantagens e desvantagens de sistemas isolados e conectados à rede.


Sistema Vantagens Desvantagens
Pode ser utilizado em regiões remotas
Necessita de baterias e controladores
por ser independente da rede de
de carga.
distribuição de energia pública.
Isolados Não há necessidade de pagar conta de Custo mais elevado do que o sistema
energia. On-grid.
Possui sistema de armazenamento de Menos eficiente do que o sistema On-
energia. grid.
Dispensa o uso de baterias e Necessidade de acesso à rede de
controladores de carga. distribuição de energia.
Possibilita ao consumidor receber crédito
Não há sistema independente para
de energia da concessionária da rede
armazenar a energia.
pública.
Conectados
Os créditos podem ser utilizados em Necessidade de pagar a energia
à rede
outras unidades consumidoras do quando o consumo for maior que a
mesmo proprietário. geração.
Desligamento automático do sistema
Sistema mais eficiente que o Off-grid. quando da interrupção da energia da
rede.
Fonte: Adaptado de Villalva & Gazoli (2012)

2.6 DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS DE UM SISTEMA


FOTOVOLTAICO E VIDA ÚTIL

Como o trabalho é focado em sistemas conectados, abaixo são descritas


as funções dos principais equipamentos7.

a) Painéis Solares: Equipamentos responsáveis por converter a energia


luminosa proveniente do sol em energia elétrica. A energia produzida
pelos módulos é em corrente contínua (CC).

b) Inversor: Equipamento que converte a corrente contínua produzida


pelos módulos fotovoltaicos em corrente alternada, para ser consumida
pela residência. Esses possuem um sofisticado sistema eletrônico que
faz o sincronismo com a rede da concessionária, e, além disso, tem uma
função conhecida como anti-ilhamento8.

c) Quadro elétrico de proteções CC e conexões (Stringbox): A


Stringbox é um quadro elétrico de proteção em corrente continua,
composto por um conjunto de dispositivos (Fusíveis, Dispositivos de

7
A lista de equipamentos e suas funções foram retiradas de Cresesb (2014).
8
Medida de segurança que, na ausência do fornecimento de energia pela
concessionária, o inversor desliga-se automaticamente, isolando todo o sistema (VILLALVA; GAZOLI,
2012).
41

Proteção contra Surto – DPS e Chaves Seccionadoras em Corrente


Contínua) aptos a intervir contra distúrbios elétricos que ocasionalmente
podem ocorrer entre as séries de Módulos Fotovoltaicos e o Inversor.

d) Quadro elétrico de proteções CA: é um quadro elétrico de proteção


em corrente alternada, geralmente composto por disjuntores e DPS.

e) Medidor de energia bidirecional: Equipamento que contabiliza a


quantidade de energia injetada (crédito em kWh) e consumida da rede
elétrica.

De acordo com Portal Solar (2017), a Tabela 5 apresenta as garantias


médias padrão, para equipamentos e serviços do sistema de energia solar
fotovoltaica.

Tabela 5 – Garantia média dos equipamentos e serviços.


Equipamento Garantia (Anos)

Painel solar 25
Inversor solar 5 a 15
Cabos e Conectores especiais 10 ou mais
Fixação dos painéis 10 a 15
Serviços de instalação do sistema de energia solar 1a5
Fonte: Elaboração própria (2017)
Cabe ressaltar que, embora as garantias de fábrica sejam as
mencionadas na Tabela 5, existem instalações de sistemas fotovoltaicos no mundo
funcionando a mais de 35 anos (PORTAL SOLAR, 2017).

2.7 NORMAS E RECOMENAÇÕES PARA SISTEMA FOTOVOLTAICO

Para instalação de sistemas fotovoltaicos, é importante seguir as normas


e recomendações técnicas relacionadas ao processo de instalação (CRESESB,
2014).

A Tabela 6 apresenta algumas das principais normas e recomendações


técnicas nacionais acerca dos sistemas de energia fotovoltaica.
42

Tabela 6 – Principais Normas Nacionais.


Norma Descrição
Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade.
NR-10
Estabelece os procedimentos gerais para a conexão à rede de mini
RN 482/2012 e microgeradores.

Acesso ao sistema de distribuição.


PRODIST Módulo-3
Trabalho em altura.
NR-35
ABNT NBR 5410:2004 Instalações elétricas de baixa tensão.

ABNT NBR 5419-3: 2015 Proteção contra descargas atmosféricas.

ABNT NBR/ IEC60.529: 2005 Graus de proteção para invólucros de equipamentos elétricos
(código IP).

Sistemas fotovoltaicos (FV) – Características da interface de


ABNT NBR 16.149: 2013
conexão com a rede elétrica de distribuição.
Sistemas fotovoltaicos (FV) – Características da interface de
ABNT NBR 16.150: 2013 conexão com a rede elétrica de distribuição – Procedimento de
ensaio de conformidade.
Procedimento de ensaio de anti-ilhamento para inversores de
NBR/IEC 62116: 2012
sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica.
Sistemas fotovoltaicos conectados à rede – Requisitos mínimos para
NBR 16.274/ 2014 documentação, ensaios de comissionamento, inspeção e avaliação
de desempenho.
Requisitos de avaliação de conformidade para sistemas e
equipamentos para energia fotovoltaica (Módulo, Controlador de
ABNT Portaria 004/ 20122
carga, Inversor e Bateria).

Procedimento básico para elaboração de projetos de cabeamento de


NBR 14565 telecomunicações para rede interna estruturada

Normas da Concessionária
9 Normativa-GD-revisao-03-2016 e outras
de Energia - CELESC
Fonte: Adaptado de Cresesb (2014)

2.8 CENÁRIO NACIONAL DO USO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Em 2014, houve a primeira contratação de energia solar de geração


pública centralizada, de 890 MW. Como apresentado na Tabela 7, em 2015, foram
realizados dois leilões, totalizando 2.653 MW contratados, com início de suprimento
em 2017 e 2018. Os leilões foram realizados com o objetivo de promover o uso e o
desenvolvimento da indústria solar no Brasil (MME, 2017).

9
CELESC é a concessionária de energia da localidade da instalação do SFGV objeto
deste trabalho.
43

Tabela 7 – Últimos leilões de geração solar no Brasil.

Energia Período
Projetos Capacidade Início de
Mês/Ano Contratada Contratado
Contratados Instalada (MW) Suprimento
(MWe) (Anos)

10/2014 31 890 202 2017 21


08/2015 30 834 232 2017 21
11/2015 33 929 245 2018 21
TOTAL 94 2.653 679
Fonte: Adaptado de MME (2017)
De acordo com publicação do ministério de minas e energia (MME, 2017),
em 09/10/2017, o Brasil contava com 438,3 MW de potência instalada de geração
solar, correspondente a 15,7 mil instalações. Comparando com a previsão da
ABSOLAR, isso representa um crescimento 228% maior que a capacidade atual e
colocaria o Brasil entre os 30 principais geradores de energia solar fotovoltaica do
mundo e provavelmente entre os cinco primeiros em potência anual instalada até
2030. A Tabela 8 apresenta o número de instalações solares e a potência instalada
ou outorgada na ANEEL até 09/10/2017.

Tabela 8 - Instalações solares no Brasil.


MW N° de Instalações
Tipo de Registro ANEEL
2015 2016* 2017** 2015 2016* 2017**

Outorga e Registro na ANEEL 21,2 23 311,7 24 42 60

Distribuída (Telhado)*** 10,8 61,7 126,6 1250 7.811 15.609


TOTAL 32 84,7 438,3 1274 7.853 15.669
* dados de 30/12/2016 ** dados de 09/10/2017 *** Informações das Distribuidoras

Fonte: Adaptado de MME (2017)


A Figura 21 apresenta a evolução da potência instalada desde 2012,
mostrando o forte crescimento a partir de 2016, com aumento extremamente
significativo em relação a 2015. O grande motivador desse crescimento foi a
Resolução normativa 687/2015 (ANEEL, 201510).

10
A Resolução Normativa nº 687/2015 está disponível em:
<http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2015687.pdf>. Acesso em 24. mai. 2018
44

11
Figura 21 – Evolução da potência instalada (MW) até (23/05/17) .

Fonte: ANEEL (2017)


Apesar de nos últimos anos a geração de energia solar ter ganhado muita
força, observa-se na Figura 21 que, a representatividade dessa geração ainda é
extremamente pequena na matriz de energia elétrica brasileira, correspondendo por
apenas 0,25% da capacidade (MME, 2017).

A Figura 22 apresenta ainda a matriz elétrica brasileira, com


4.737 empreendimentos em operação, totalizando 154,4 GW de potência
instalada. Para os próximos anos, está prevista uma adição de 23,4 GW na
capacidade de geração do País, proveniente dos 251 empreendimentos atualmente
em construção e mais 554 com construção não iniciada (ANEEL, 2017).

11
De acordo com relatório da ANEEL, atualizado em 28/10/2017, o número de unidades
consumidoras já ultrapassou 16.205 conexões, com potência instalada chegando a 131,7 MW.
45

Figura 22 – Matriz elétrica Brasileira atualizada até 29/10/2017.

Fonte: Adaptado de MME (2017).

2.9 REGULAMENTAÇÕES DO SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO (SEB) PARA


MINI E MICROGERAÇÃO

Influenciado por um grande movimento global em favor do uso mais


consciente dos recursos naturais, o Brasil, regulamentou em 17/04/2012 através da
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) a Resolução Normativa nº 482, que
foi revisada e atualizada pela Resolução Normativa nº 687/2015, que tratam da
geração própria de energia elétrica através de fontes renováveis, permitindo a troca
desta energia com a distribuidora local (ANEEL, 2016).

A Resolução Normativa 482/2012 e o Módulo 312 dos Procedimentos de


Distribuição – PRODIST, além de estabelecem os procedimentos gerais para a
conexão à rede de mini e microgeradores, propõem a criação de um sistema de
compensação de energia quando injetada na rede. Com a regulamentação, qualquer
pessoa física ou jurídica no território nacional pode ter sua própria usina de geração
de energia elétrica através de um sistema fotovoltaico conectado na rede, na
modalidade micro ou minigeração distribuídas (ANEEL, 2016).
“Art. 2º...............................................................................................................

I - microgeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com


potência instalada menor ou igual a 75 kW e que utilize cogeração
qualificada, conforme regulamentação da ANEEL, ou fontes renováveis de

12
Módulo 3 – Pode ser consultado em http://www.aneel.gov.br/prodist - a sua redação trata do
“Acesso ao Sistema de Distribuição”.
46

energia elétrica, conectada na rede de distribuição por meio de instalações


de unidades consumidoras;

II - minigeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com


potência instalada superior a 75 kW e menor ou igual a 3 MW para fontes
hídricas ou menor ou igual a 5 MW para cogeração qualificada, conforme
regulamentação da ANEEL, ou para as demais fontes renováveis de
energia elétrica, conectada na rede de distribuição por meio de instalações
de unidades consumidoras; (ANEEL, 2016).

A Resolução Normativa nº 687/2015, alterando a RN nº 482/2012


concedeu outros benefícios aos consumidores com o aumento do prazo para a
compensação de energia, o autoconsumo remoto, a geração compartilhada,
condomínios, redução do tempo de implementação do sistema e da burocracia.

Referente aos impostos incidentes sobre a fatura de energia, de acordo


com a ANEEL (2016), a definição sobre a cobrança de impostos e tributos federais e
estaduais fogem das suas competências, cabendo à Receita Federal do Brasil e às
Secretarias das Fazendas Estaduais tratar da questão. A seguir, são apresentadas
informações relativas ao ICMS e ao PIS/COFINS.

ICMS:
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS é um tributo
Estadual aplicável à energia elétrica. Com respeito à micro e minigeração
distribuída, é importante esclarecer que o Conselho Nacional de Política
Fazendária – CONFAZ aprovou o Convênio ICMS 6, de 5 de abril de 2013,
estabelecendo que o ICMS apurado teria como base de cálculo toda
energia que chega à unidade consumidora proveniente da distribuidora,
sem considerar qualquer compensação de energia produzida pelo
microgerador. Com isso, a alíquota aplicável do ICMS incidiria sobre toda a
energia consumida no mês (ANEEL, 2016).
Mas, o Conselho Nacional de Política Fazendária – CONFAZ publicou o
Convênio ICMS 16, de 22/4/2015, que revogou o Convênio ICMS 6/2013 e autorizou
as unidades federadas a conceder isenção nas operações internas relativas à
circulação de energia elétrica, sujeitas a faturamento sob o sistema de compensação
de energia. Dessa forma, nos estados que aderiram ao Convênio ICMS 16/2015, o
ICMS incide somente sobre a diferença positiva entre a energia consumida e a
energia injetada na rede no mês. Nos estados que não aderiram ao novo convênio,
mantém-se a regra anterior, na qual o ICMS é cobrado sobre todo o consumo,
desconsiderando assim a energia injetada na rede pela micro ou minigeração
(ANEEL, 2017).

PIS/COFINS:
47

Com relação à apuração do Programa de Integração Social - PIS e da


Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS, não
existia até outubro de 2015 uma legislação ou orientação da Receita
Federal esclarecendo como deveria ser realizada a cobrança para os casos
de micro e minigeração distribuída.
De acordo com a Lei nº 13.169/2015, de 6/10/2015, resultado de várias
gestões da ANEEL junto ao Ministério de Minas e Energia e ao Ministério de
Planejamento, Orçamento e Gestão, a incidência do PIS e COFINS passou
a acontecer apenas sobre a diferença positiva entre a energia consumida e
a energia injetada pela unidade consumidora com micro ou minigeração
distribuída. Tendo em vista que o PIS e a COFINS são tributos federais, a
regra estabelecida pela lei vale igualmente para todos os Estados do país.
É importante saber que vários projetos tramitam na Câmara dos
Deputados e no Senado Federal Brasileiro, na busca de melhores condições e
incentivos para o setor de energia Solar. Questões tributárias, econômicas, sociais e
ecológicas são abordadas nestes projetos que circulam na capital Federal, com
vários pontos em comum. Esses projetos tendem a impulsionar cada vez mais esse
mercado altamente promissor.

Cabe informar que, conforme o despacho 67, de 16 de maio de 2018, o


CONFAZ através do CONVÊNIO ICMS 42/18, liberou a adesão dos Estados do
Amazonas, do Paraná e de Santa Catarina na isenção de ICMS sobre a
Compensação de Energia Elétrica de que trata a Resolução Normativa nº 482, de
2012, da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL. Entretanto, conforme a
Cláusula terceira do despacho 67, para os Estados do Paraná e de Santa Catarina,
o benefício previsto no caput será concedido pelo prazo máximo de 48 (quarenta e
oito) meses, na forma da legislação estadual (CONFAZ, 2018).
48
49

3 ESTUDO DE CASO DE UMA UNIDADE CONSUMIDORA DA


CELESC DO GRUPO A4

3.1 DADOS DA UNIDADE CONSUMIDORA

Fundada em 1970, a Clemar Engenharia LTDA tem sua unidade Matriz


localizada no bairro Carianos, em Florianópolis/SC. A empresa dispõe de uma
Unidade Industrial na Palhoça (UIP) e um escritório em Joinville, além de possuir 14
filiais distribuídas nas principais capitais brasileiras.

A unidade consumidora objeto deste estudo será a UIP, que está


localizada no centro Logístico Cassol, na Av. Pedra Branca, s/n°, Rua E – quadra 6
– área 28, bairro Brejaru, Palhoça/SC e registrada na Celesc no Grupo tarifário A4
modalidade verde, com entrada trifásica em 13,8 kV.

O prédio UIP encontra-se na latitude 27°37'15.93"S e longitude


48°40'15.65"O, com desvio azimutal de 15° nordeste em relação ao norte
geográfico. A área útil sobre o telhado é de aproximadamente 2650 m².

3.2 DEFINIÇÃO DO PROJETO DO SGFV

Para projetar um Sistema de Geração Fotovoltaico (SGFV), considera-se


que quatro fatores básicos são decisivos para a definição do dimensionamento do
sistema, conforme representado na Figura 23.

Figura 23 – Fatores decisivos para projetar um Sistema de Geração Fotovoltaico.


1 - Perfil de 2 - Potência 3 - Área 4 - Capital
consumo e disponível e disponível e/
necessária do
demanda de livre de sombras ou estratégia
energia da SGFV para para instalação para
UC; suprir a UC; dos módulos; investimento.
Fonte: Elaboração própria (2018)

3.2.1 Perfil de Consumo e Demanda de Energia da UC

Para dimensionar o sistema de maneira mais precisa é importante


entender o comportamento do consumo e da demanda com os dados históricos.
Assim, seria interessante a solicitação pela Clemar Engenharia LTDA dos dados de
memoria de massa junto à Celesc, mas, como incorreria em custos financeiros, a
50

empresa utilizou as suas faturas referentes ao ano de 2016, e informações de


memória de massa do medidor de energia de 2012/2013 (Informações que já tinha
em seu banco de dados) quando ainda não havia instalado o sistema de geração
fotovoltaica distribuída, dado que o perfil de consumo não tinha sido alterado,
apenas com o consumo aumentado proporcionalmente ao crescimento da empresa.

No momento do projeto a demanda contratada com a CELESC era de


132 kW, pelo grupo tarifário horo sazonal verde, com um consumo médio anual de
15.276 kWh/mês. A Tabela 9 apresenta os dados de consumo de energia nos
meses referentes ao ano de 2016.

Tabela 9 – Consumo de energia mensal em 2016.


Consumo de energia (kWh) – 2016

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

15.369 17.704 15.634 17.269 14.825 16.188 14.383 14.600 13.066 13.557 14.872 15.800

Média Mensal: 15.272 kWh Total Anual: 183.267 kWh


Fonte: Elabora própria com dados das faturas (2018)

As curvas apresentadas na Figura 24 apresentam o perfil de consumo de


energia de cada mês no período de um ano entre 2012/2013, com destaque para os
meses de fevereiro e março de 2013, onde houve o maior consumo. Para se
construir essa curva foi utilizado o maior valor de demanda dentre os dias do mês,
em períodos de 15 minutos. Percebe-se que o horário de maior consumo está entre
09h45min e 17h15min com uma lacuna importante no intervalo entre 11h30min a
13h00min que é o intervalo do almoço.
51

Figura 24 - Perfil de consumo mensal para o ano de 2012/2013.

Fonte: Clemar (2017).


A Figura 25 mostra os maiores picos de consumo registrados entre todos
os dias de 2012/2013, a cada 15 minutos. Pode-se dizer então que esta figura
apresenta os dias onde foram registrados os máximos de energia elétrica entre
todos os horários comparados no período.

Figura 25 – Perfil de consumo médio diário para o ano de 2012/2013.

Fonte: Clemar (2017).


Analisando o perfil de consumo prevê-se um cenário favorável para
implantação de um SGFV, uma vez que a curva de maior consumo coincide com o
período em que há maior incidência solar na localidade e, por consequência, uma
52

maior geração fotovoltaica. Desta forma, devido ao regime tributário vigente na


época, só ocorreria o pagamento de ICMS sobre o montante de energia
efetivamente fornecida pela concessionária, uma vez que a outra parte de energia
demandada pela UC viria do SGFV instalado.

Outro ponto importante está relacionado ao fato de que a empresa


trabalha somente de segunda a sexta-feira, possibilitando assim, que toda energia
produzida nos finais de semana e feriados, seja integralmente injetada na rede,
retornando como desconto na fatura ao final de cada mês.

3.2.2 Potência Necessária do SGFV para Atender 100% da UC Estudada

Para o cálculo da energia fotovoltaica a ser gerada, deve-se considerar a


área efetiva ocupada pelos módulos (m²), a eficiência do módulo da tecnologia
escolhida (%), a média total diária de irradiação solar incidente no plano do painel
(kWh/m²/dia), a eficiência do sistema inversor (%), as perdas na transformação de
corrente contínua (CC) para corrente alternada (CA) mais as perdas nos cabos de
energia. De acordo com Rϋther (2004) a taxa de desempenho de um SGFV fica na
faixa de 75 a 85%. A taxa de desempenho é o percentual da relação entre a
produtividade medida em kWh/kWp e a quantidade de horas de sol a 1.000 W/m²
incidentes no painel fotovoltaico, normalmente calculada anualmente (URBANETZ et
al., 2014)

Para análise e cálculos do SGFV deste estudo, foi considerada uma taxa
de desempenho do sistema (TD) de 77%.

Através do Software Radiasol, desenvolvido pelo LABSOL – Laboratório


de Energia Solar da Universidade Federal do Rio Grande do Sul foi feito um estudo
sobre a radiação solar incidente na cidade da Palhoça/SC, região da instalação do
sistema de geração fotovoltaico e, apesar da literatura indicar que a inclinação ideal
para instalação dos módulos ser próxima ao da latitude local que é 27°, a Clemar
optou em instalar os módulos com inclinação de 7°, apresentando assim, uma
irradiação média de 4,68 kWh/m²/dia. A Figura 26 mostra os níveis de irradiação
para inclinações de 7°e de 27°, e desvio azimutal de 15° nordeste. Nota-se que com
essa alteração, o sistema gerará mais energia durante o verão e menos energia
durante o inverno.
53

Figura 26 - Irradiação Média na região da Palhoça para 7° e 27°, e desvio


azimutal de 15° a nordeste.

Fonte: Elaboração própria (2018).


A inclinação considerada no projeto levou em conta basicamente dois
critérios. O primeiro foi que conforme simulado no software PVWATTS, o ganho na
produção de energia anual com uma inclinação de 27° não era muito maior que com
inclinação de 7° (Cerca de 3,9%) e o outro foi que para inclinação de 27° o custo
global do investimento aumentaria em pelo menos R$ 15.000,00 com a aquisição de
estrutura metálica e aumento na quantidade de cabos de energia. Este aumento no
custo global do investimento acabaria não sendo compensado com o incremento na
geração, pois, o payback seria praticamente o mesmo do apresentado na inclinação
de 7°. Portanto, foi definido que a instalação dos módulos seria com inclinação de 7°
com desvio de 15% a nordeste, acompanhando a posição do telhado.

Definida a posição de instalação dos módulos, e verificada a irradiação


média no local, partiu-se para os cálculos da geração necessária para atender 100%
da UC.

Analisando as faturas do ano de 2016, o consumo total de energia anual


está na ordem de 183.267 kWh/ano, e para atender 100% deste consumo, seriam
necessários 546 módulos de 255 Wp, como mostrado nos cálculos a seguir.

A potência total do gerador fotovoltaico foi calculada de acordo com (1) e


a quantidade de módulos com (2), conforme Sebben e Cidral (2016).
54

𝑬 ∗ 𝑮𝒔𝒕𝒄 (
𝑷𝒇𝒗 =
𝑰𝒓𝒓𝒂𝒅 ∗ 𝟑𝟔𝟓 ∗ 𝑻𝑫 (1)

𝟏𝟖𝟑. 𝟐𝟔𝟕 ∗ 𝟏 (
𝑷𝒇𝒗 = = 𝟏𝟑𝟗. 𝟑𝟑𝟑 𝒌𝑾𝒑
(𝟒, 𝟔𝟖 ∗ 𝟑𝟔𝟓) ∗ 𝟕𝟕% (1)

𝑷𝒇𝒗(𝒌𝑾𝒑) (
𝑵𝒎𝒐𝒅 =
𝑷𝒎𝒐𝒅(𝒌𝑾𝒑) (2)

𝟏𝟑𝟗. 𝟑𝟑𝟑(𝒌𝑾𝒑) (
𝑵𝒎𝒐𝒅 = = 𝟓𝟒𝟔 (𝒖𝒏𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆𝒔)
𝟎, 𝟐𝟓𝟓(𝒌𝑾𝒑) (2)

Com:
 Pfv = Potência do Sistema Fotovoltaico (kWp);
 E = Quantidade de energia a ser gerada (kWh/ano);
 Gstc = Irradiância típica na superfície terrestre (kW/m²);
 Irrad = Irradiação local diária média (kWh/m²/dia);
 TD = Taxa de Desempenho do Sistema (%) – Estimativa inicial;
 Nmod = Número de módulos do SGFV (un);
 Pmod = Potência nominal do módulo (kWp);

Devido ao coeficiente de temperatura das tecnologias FV e perdas, para


região mais distante da linha do equador, onde a irradiância é menor, costuma-se
dimensionar o GFV com potência nominal superior à do inversor, uma vez que com
irradiância de 1000 W/m², a potência do GFV dificilmente se aproxima de sua
potência nominal. Essa característica física do dispositivo, associada à otimização
econômica do sistema, leva-se a subdimensionar os inversores dos SFCRs. O fator
de dimensionamento do inversor recomendado pelos fabricantes está na faixa de
0,75 a 0,85 e o limite superior em 1,05 (UNESP, 2016).

Partindo dessa premissa, foi dimensionado o inversor, considerando FDI


de 85%, conforme mostrado em (3) conforme Sebben e Cidral(2017).
55

𝑷𝒊𝒏𝒗 (
𝑭𝑫𝑰 = = 𝟎, 𝟖𝟓
𝑷𝒈𝒇𝒗 (3)

(
𝑷𝒊𝒏𝒗 = 𝑷𝒈𝒇𝒗 ∗ 𝑭𝑫𝑰 = 𝟏𝟑𝟗. 𝟑𝟑𝟑 𝒌𝑾𝒑 ∗ 𝟎, 𝟖𝟓 ≅ 𝟏𝟐𝟎 𝒌𝑾
(3)

Considerando um fator de dimensionamento do inversor em 85%,


precisaríamos de uma potência de inversor de 120 kW.

A Tabela 10 apresenta o dimensionamento do SGFV para atender 100%


do consumo demandado pela UC.

Tabela 10 - Dimensionamento para 100% do Consumo da UC.


Dimensionamento do Sistema de geração Fotovoltaica - SGFV
Consumo Anual Total (E) 183.267 (kWh/ano)
Irradiação local diária média local ao longo do ano (Irrad) 4,68 kWh/m²/dia)
Taxa de Desempenho do SGFV (TD %) 77,0 (%)
Potência necessária de SGFV (Pfv) 139,33 (kWp)
Potência do Módulo (PWp) 255 (Wp)
Eficiência do Módulo 15,7 (%)
Quantidade de Módulos necessários 546 (un)
Potência de Inversores 120 (kW)
Área mínima ocupada pelos módulos ± 900 (m²)
Fonte: Elaboração própria (2018)
Através do Software Pvwatts Calculator (NREL, 2018) foi simulado uma
aproximação do quanto de energia seria gerado ao longo dos anos de acordo com o
projeto para suprimento de 100% da demanda de energia da UC. Os dados de
entrada para simulação encontram-se no APÊNDICE A. A Tabela 11 mostra o
resultado da simulação.
56

Tabela 11 - Simulação PVWatts para 100% de GFV.


RadiaçãoSolar Energia Gerada
(kWh / m² / dia) (kWh)
Janeiro 6,12 20.202
Fevereiro 5,63 16.696
Março 5,48 18.051
Abril 4,39 14.195
Maio 3,63 12.289
Junho 3,17 10.508
Julho 3,02 10.358
Agosto 3,91 13.457
Setembro 4,22 14.108
Outubro 5,08 17.231
Novembro 5,73 18.549
Dezembro 5,91 19.608
Anual 4.69 185.252
Fonte: Adaptado de NREL (2018)

3.2.3 Área disponível para instalação dos módulos

A Figura 27 mostra através do Google Maps a localização da unidade


consumidora objeto deste estudo. O destaque em vermelho, maior retângulo, refere-
se ao perímetro do terreno da empresa, o verde é a área disponível no telhado e o
azul, menor retângulo, a área ocupada pelos 252 módulos instalados, ocupando
uma área de 640 m² de um total de 2650 m².

Para receber os módulos fotovoltaicos, foi solicitado junto à Cassol,


fabricante das telhas usadas no prédio, um estudo para verificar se a estrutura
suportaria o peso adicional dos módulos e estruturas metálicas, além dos esforços
resultantes da ação do vento. Neste estudo, também foram consideradas a
disposição e a inclinação dos módulos e análise de possíveis problemas de
sombreamentos que pudessem afetar o desempenho dos módulos. No estudo do
sombreamento foi utilizada animações através da ferramenta SketchUp.
57

Figura 27 – Local da unidade consumidora.

Fonte: Adaptado de Google (2018).

3.2.4 Capital disponível e/ ou estratégia para investimento no SGFV

Apesar da área disponível no telhado da UIP ser de 2.650 m², a definição


do projeto do SGFV nesta UC ficou limitada pelo capital disponível para o
investimento e pela área disponível no telhado da unidade matriz da empresa
localizada em Florianópolis. Ou seja, na matriz também foi instalado um SGFV e,
devido a área útil disponível no telhado ser menor que no prédio UIP, foi projetado
um sistema com cerca de 240 módulos de silício policristalino de 255Wp (61,2 kWp),
com 2 inversores de fabricação WEG de 25 kW cada, com investimentos de
aproximadamente R$ 472.000,00 (Quatrocentos e Setenta e Dois Mil Reais).

A Figura 28 mostra a localização da unidade matriz da Clemar em


Florianópolis/SC. O destaque em vermelho refere-se ao perímetro do terreno da
empresa, o verde é a área total do telhado 1150 m² e o azul a área ocupada pelos
240 módulos instalados (480 m²). Cabe salientar que, apesar da área total do
telhado ser de 1150 m², a área efetivamente disponível13 é em torno de 500m².

13
Área livre de sombreamentos e tecnicamente disponível para instalação dos módulos.
58

Figura 28 – Local da unidade Matriz.

Fonte: Google (2018).


Como um dos objetivos da Clemar é de, ao longo dos anos, comparar
dois sistemas de mesma capacidade, mas com equipamentos de fabricantes
diferentes (Módulos e Inversores), a estratégia foi instalar na UIP um sistema com
capacidade e custos de capital investido semelhantes ao da matriz. Desta forma, a
potência do SGFV da UIP ficou definida em 64,26 kWp, mesmo sendo possível
instalar uma maior potência. Os equipamentos instalados na unidade matriz foram
inversores da WEG e módulos Canadian, enquanto na UIP os inversores são de
fabricação ABB e os módulos Heckert Solar.

3.3 PROJETO CLEMAR UIP DE ACORDO COM A DEFINIÇÃO DO TAMANHO


DO SGFV E DO CAPITAL A SER INVESTIDO

Definido o capital que seria investido e o tamanho do SGFV, partiu-se


para o projeto e projeção de quanta energia seria gerada e consequentemente
economizada da rede da concessionária ao longo dos anos. A Figura 29 representa
as etapas para implantação do SGFV.
59

Figura 29 - Etapas para implantação do SGFV.

Projetos Execução Ativação


Aprovações Aquisições Startup Sistema
Início em 07/2016 09/2016 à
08/2016 15/12/2016 26/12/2016
04/2016 12/2016
16 horas

Fonte: Clemar (2017).


Partindo da premissa que a empresa iria instalar um sistema com
capacidade semelhante à potência instalada na sua unidade matriz, foi definido a
instalação de 02 inversores de 27,6 kW de fabricação ABB que atendia esse
requisito.

Os cálculos seguem os mesmos critérios para o projeto de atendimento


de 100% da energia demandada pela UC, porém, como já se sabia a potência dos
inversores a instalar (55,2 kW), e a potência dos módulos a serem utilizados (255
Wp cada), a partir de um FDI de 85%14, calculou-se o número de módulos
necessários para o SGFV e a energia possível de ser gerada anualmente (kWh/ano).

Utilizando as equações (4), (5) e (6) calcula-se a potência total do


sistema, o número de módulos do SGFV e a energia anual estimada, conforme
Sebben e Cidral (2017).

14
De acordo com Costa (2010), para SFV instalados na região da linha do equador o FDI
deve ser unitário e para instalações onde a irradiância da luz solar não ultrapassa 1000 W/m², o FDI
pode ficar abaixo de 90%.
60

𝑷𝒊𝒏𝒗 (
𝑭𝑫𝑰 = = 𝟎, 𝟖𝟓
𝑷𝒇𝒗 (4)

𝑷𝒊𝒏𝒗 𝟓𝟓, 𝟐 (
𝑷𝒇𝒗 = = = 𝟔𝟒, 𝟗𝟒 𝒌𝑾𝒑
𝟎, 𝟖𝟓 𝟎, 𝟖𝟓 (4)

𝑷𝒇𝒗(𝒌𝑾𝒑) (
𝑵𝒎𝒐𝒅 =
𝑷𝒎𝒐𝒅 (𝒌𝑾𝒑) (5)

𝟔𝟒, 𝟗𝟒(𝒌𝑾𝒑)
𝑵𝒎𝒐𝒅 = = 𝟐𝟓𝟒, 𝟔𝟔 (𝑼𝒏𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆𝒔)15
𝟎, 𝟐𝟓𝟓(𝒌𝑾𝒑) (
(5)
Foi considerado 252 módulos de 255Wp = 64,26 kWp

𝒌𝑾𝒉 𝒌𝑾𝒉 (
𝑬( ) = 𝑯𝒕𝒐𝒕 ( 𝟐 /𝒂𝒏𝒐) ∗ 𝑵𝒎𝒐𝒅 ∗ 𝑨𝒎𝒐𝒅 (𝒎𝟐 ) ∗ 𝑬𝒇𝒊𝒄 𝑴ó𝒅 % ∗ 𝑻𝑫 (%)
𝒂𝒏𝒐 𝒎 (6)

𝒌𝑾𝒉 (
𝑬( ) = 𝟏𝟕𝟎𝟖, 𝟐* 252 * 1,6252 * 15,7% * 77% = 84.573 (kWh/ano)
𝒂𝒏𝒐
(6)

Onde:
 Pfv = Potência do Sistema Fotovoltaico;
 FDI = Fator de Dimensionamento do Inversor;
 E = Quantidade de energia a ser gerada (kwh/ano) – Estimativa inicial;
 Htot = Irradiação total anual média na localidade (kWh/m²/ano);
 Nmod = Número de módulos do SGFV (un);
 Amod = Área do Módulo Considerado (m²);
 Efic Mód = Eficiência do Módulo Considerado (%);
 TD = Taxa de Desempenho do Sistema (%);
 Pinv = Potência do Inversor (kW).

De acordo com os cálculos apresentados em (4), (5) e (6), informações da


literatura sobre o assunto, informações de incidência solar através do software
Radiasol e informações do fabricante dos equipamentos mostradas no ANEXO A, foi
montada a Tabela 12, que mostra o dimensionamento do sistema de geração
fotovoltaica da UIP com potência 64,26 kWp.

15
Para fins de melhorar o agrupamento de módulos nos strings, foram considerados 252
e não 254 módulos.
61

Tabela 12 - Dimensionamento do SGFV de 64,26 kWp.


Dimensionamento do Sistema de Geração Fotovoltaica - SGFV
Geração Projetada Calculada 84.573 (kWh/ano)
Irradiância típica na superfície terrestre (Gstc) 1.000 (W/m²)
Irradiação média local ao longo do ano (Radiasol) 4,68 kWh/m²/dia)
Irradiação anual Total (Htot) 1.708,2 (kWh/m²/ano)
Taxa de Desempenho do SGFV (TD) 77% (%)
Potência do SGFV (Pfv) 64,26 (kWp)
Potência do Módulo (Wp) 255 (Wp)
Eficiência do Módulo 15,7% (%)
Quantidade de Módulos 252 (un)
Módulo (dimensões) 991 x 1640 x 38mm 1,625 (m²)
Potência de Inversores 2 x 27,6 (kW)
Fonte: Elaboração Própria (2018)
O dimensionamento dos cabos de energia utilizados no SGFV UIP foi feito
baseado na norma ABNT NBR 5410:200416 e recomendações dos fabricantes dos
equipamentos, que indicam que os cabos expostos à radiação solar (UV) devem ter
proteção adequada, pois devem ser projetados de acordo com a vida útil dos
módulos fotovoltaicos que gira por volta de 25 anos.

De posse do dimensionamento de todos os componentes do sistema, foi


elaborado o arranjo dos módulos fotovoltaicos nos strings de forma que a curva de
máxima eficiência fosse obtida, de acordo com a tensão de 620 volts indicada pelo
fabricante, obedecendo também aos outros requisitos elétricos suportados pelos
equipamentos. Cada inversor possui duas entradas independentes com MPPT para
os módulos fotovoltaicos. A Tabela 13 mostra o arranjo do sistema de geração
fotovoltaico instalado. Os dados técnicos do inversor encontram-se no ANEXO A.

16
Esta norma estabelece as condições a que devem satisfazer as instalações elétricas
de baixa tensão, a fim de garantir a segurança de pessoas e animais, o funcionamento adequado da
instalação e a conservação dos bens (ABNT, 2019).
62

Tabela 13 - Arranjo do SGFV instalado na UIP.


Potência String por Módulos por Total de Potência por Potência
Inversor Inversor Inversor String Módulos módulo Instalada
(kW) (Un) (Un) (Un) (Wp) (kWp)
1 27,6 6 21 126 255 32,13
2 27,6 6 21 126 255 32,13

Total 55,2 - - 252 - 64,26


Fonte: Elaboração própria (2017)
A Figura 30 apresenta um diagrama de blocos para melhor visualização
do SGFV instalado. Nota-se que apesar do stringbox ser fisicamente um único
painel, dentro do mesmo existe uma separação por circuitos elétricos, conforme
apresentado no Anexo D.

Figura 30 - Diagrama de Blocos do SGFV UIP.

Fonte: Elaboração Própria (2018)


A Figura 31 mostra a vista área da UIP após a instalação dos módulos
fotovoltaicos. Ao todo são 06 conjuntos de módulos, sendo que cada conjunto é
composto de 2 strings de 21 módulos cada, totalizando 42 módulos por conjunto,
126 módulos por inversor e 252 módulos no total do sistema.
63

Figura 31 – Disposição final dos 252 módulos já instalados no telhado da UIP.

Fonte: Clemar (2017).


Por fim, o sistema projetado e instalado para o sistema de geração
fotovoltaico da UIP apresenta como características:
 252 Módulos Fotovoltaicos de 255 Wp cada – Fabricante Heckert Solar
– Silício Policristalino, com dimensões 991 x 1640 x 38 mm (A x L x P),
registrado no INMETRO sob o n° 005377/2015, classificação
energética “A”, eficiência 15,7%.
 02 Inversores de 27,6 kW cada – TRIO-27.6-TL-OUTD-S2X-400/JP –
Fabricante: ABB, homologado na CELESC como fabricação da Power-
One17, eficiência > 98%;
 01 String-Box com monitoramento por string (Fabricação Clemar);
 Potência total instalada (Módulos): 64.260 Wp;
 Potência total instalada (Inversores): 55.200 W;
 Tensão elétrica do sistema 3F – 380 V – 60 Hz;
 Topologia do sistema: On-grid (Conectado à rede);
 Área de ocupação do telhado: ~ 640 m²;
 Cabos e conectores apropriados (cabo com proteção UV);
 Estrutura metálica para instalação dos painéis, cabos de energia e
infraestrutura geral;
 Integração com o sistema de supervisão existente (Software Elipse18);
 Adequações para atender aos requisitos de conexão da CELESC.

17
A ABB adquiriu a Power-One em 2015 (ABB, 2015).
18
O Anexo E apresenta algumas telas do sistema supervisório como exemplo
64

A escolha dos equipamentos empregados no projeto (painéis, inversores,


cabos, proteções, e acessórios) está em consonância com as normas e certificações
brasileiras. Outro critério importante foi a escolha de marcas líderes de mercado,
com o objetivo de além de facilitar a viabilização do projeto, também testar estes
equipamentos, haja vista que, a Clemar Engenharia, pretende ofertar este tipo de
instalação aos seus clientes. Os projetos (diagrama unifilar geral, diagrama de
disposição dos painéis na cobertura e diagrama do stringbox) estão disponíveis nos
anexos B, C e D.

Os trâmites legais para aprovação do projeto seguiram todas as


recomendações e normas dispostas no documento Normativa-GD-revisao-03-201619
da Celesc.

3.4 ANÁLISE DE CUSTO E DE TEMPO DE RETORNO DO INVESTIMENTO

Uma etapa extremamente importante e necessária para a tomada de


decisão de um investimento é a análise técnica e economia do projeto. A partir dos
custos que envolvem o projeto, como custos dos equipamentos, manutenção do
sistema e economia proporcionada ao longo da vida útil do sistema, pode-se avaliar
o tempo de retorno desse investimento.

3.4.1 Análise dos custos e retorno do investimento na fase de projeto

Os custos referentes ao projeto, aquisição dos equipamentos, estruturas


metálicas, cabos de energia, acessórios e mão-de-obra envolvida foram cedidos
pela Clemar Engenharia. Dos R$ 496.271,00 (Quatrocentos e Noventa e Seis Mil,
duzentos e Setenta e Um Reais) investidos no projeto, 80% foram para aquisição
dos principais equipamentos (Inversores, módulos, stringbox, estruturas metálicas,
cabos e acessórios) enquanto os outros 20% foram referentes à mão-de-obra
envolvida.

19
Documento disponível em: http://celesc.com.br/portal/images/arquivos/normas/Normativa-
GD-revisao-03-2016.pdf/. Acesso em: 05 mai. 2017.
65

A Tabela 14 apresenta de forma resumida o investimento para aquisição e


execução do SGFV da UIP.

Tabela 14 - Custos do SGFV Implantado na UIP.


Custo Total do Sistema
Valores Observação
implantado (R$) [CAPEX]
Compra na modalidade Importação do kit,
02 Inversores trifásicos 27,6kW
com cobrança de PIS/ COFINS (1,65% /
252 módulos policristalino R$ 275.196,19
7,6%) e Isenção de ICMS/IPI Conforme
Cabos, Conectores e fixações
Convênio CONFAZ 101/97 - NCM 85013220
Stringbox + outros custos R$ 41.457,61 Fabricação Clemar
Suportes Metálicos para
R$ 10.650,00 Fabricação de Terceiros
Inclinação dos Módulos
Materiais Diversos R$ 71.702,31 Compra Clemar
Mão de obra Clemar instalação
R$ 42.585,19 Mão de obra Clemar
do SGFV
Mão de obra de terceiros-
R$ 54.680,23 Mão de obra de Terceiros
fixação dos suportes
Preço Total R$ 496.271,53 Custo implantação de todo Sistema
R$ / Wp R$ 7,72 Capacidade instalada 64,2 kWp
Fonte: Elaboração própria (2018).
Como observado na Tabela 14, o custo total do investimento foi R$
496.271,00 (Quatrocentos e Noventa e Seis Mil, duzentos e Setenta e Um Reais),
resultando num custo de R$ 7,72/Wp (Sete Reais e Setenta e Dois Centavos por
Watt Pico). Analisando a Figura 32 que mostra os preços médios em R$/Wp (reais
por watt pico) para implantação de sistemas fotovoltaicos no mercado brasileiro,
elaborada pela Greener Tecnologias Sustentáveis (2017), nota-se que o custo
investido pela Clemar para o projeto ficou cerca de 10% maior que a média do
mercado nacional para o período de junho a dezembro de 2016, que era de R$ 7,00/
Wp para sistemas de porte acima de 50 kWp . Alguns motivos do custo acima do
usual foram os equipamentos de seccionamento de corrente contínua e o
monitoramento tanto do sistema em CC quando para o uso com o supervisório.
Todavia, esse custo de instalação está diminuindo ano-a-ano conforme a evolução
da tecnologia e fabricação em massa dos equipamentos e uma maior competição no
mercado.
66

Figura 32 - Preço Médio de implantação de SGFV (R$/Wp).

Fonte: Adaptado de Greener (2017).


Baseado nos valores de energia da Celesc (R$ 0,4315/kWh já com
impostos médios de PIS=1,19%, COFINS 4,00% e ICMS 25%)20 no ano de 2016, e
informações de produção de energia do sistema instalado, a Tabela 15 mostra a
projeção do quanto de energia seria possível gerar e consequentemente o valor
economizado na fatura de energia com a instalação de um SGFV de 64,26 kWp.
Vale ressaltar que, a terceira coluna da Tabela 15 (Fatura Celesc Sem GFV)
apresenta na composição dos custos valores que não são os puramente cobrados
no consumo de energia, pois entre eles apresentam-se os custos de contratação de
demanda, custos com excedente de energia reativa injetada na rede, custos de taxa
de iluminação pública, custos de adicional de bandeira (vermelha e/ou amarela) 21,
entre outros.

20
Valores retirados das faturas energia da Clemar referentes a 2016.
21
Bandeira Vermelha (Patamar 1 e 2) e Amarela, são valores cobrados na fatura de
energia em épocas de pouca ou quase nenhuma disponibilidade de água para operação das usinas
hidroelétricas. Os valores referentes a 2018 são, R$ 3,00/kWh para bandeira vermelha patamar 1, R$
5,00/kWh para bandeira vermelha patamar 2 e R$ 1,00/kWh para bandeira amarela (ANEEL, 2017).
67

Tabela 15 - Consumo Real x Geração Projetada x Economia na Fatura.


%
Consumo Fatura Geração Fatura %
Economia Geração
2016 Real da Celesc Projetada22 Celesc Economia
com GFV pelo
UC Sem GFV (Pvwatts) com GFV23 Projetada
Consumo
Mês (kWh) (R$) (kWh) (R$) (R$) (kWh) (R$)
Jan 15.369 10.209,00 9.148 3.947,40 6.261,60 59,52% 38,67%
Fev 17.704 11.364,27 7.887 3.403,30 7.960,97 44,55% 29,95%
Mar 15.634 10.217,52 7.900 3.409,10 6.808,42 50,53% 33,37%
Abr 17.269 10.878,56 6.448 2.791,80 8.086,76 37,34% 25,66%
Mai 14.825 10.011,97 5.513 2.379,70 7.632,27 37,19% 23,77%
Jun 16.188 10.875,15 4.709 2.032,20 8.842,95 29,09% 18,69%
Jul 14.383 9.508,49 4.943 2.133,20 7.375,29 34,37% 22,43%
Ago 14.600 9.735,93 5.883 2.538,60 7.197,33 40,29% 26,07%
Set 13.066 8.569,44 6.468 2.791,80 5.777,64 49,50% 32,58%
Out 13.557 8.754,81 7.839 3.382,50 5.372,31 57,82% 38,64%
Nov 14.872 9.741,17 8.599 3.710,70 6.030,47 57,82% 38,09%
Dez 15.800 10.238,26 9.440 4.073,70 6.164,56 59,75% 39,79%
Total
Anual 183.267 120.104,57 84.777 36.594,00 83.510,57 46,26% 30,47%
Média
Mensal 15.272 10.009,00 7.065 3.050,00 6.958,00 46,26% 30,47%
Fonte: Elaboração Própria (2018)
A Figura 33 apresenta a projeção de energia a ser gerada com a
instalação do SGFV versus o consumo de energia da UC.

22
Mesma simulação apresentada na Tabela 11 através do Software PVWATTS, porém,
para uma potência instalada de 64,26 kWp ao invés de 139,33 kWp.
23
Esse valor considera o custo da energia deixada de ser consumida da rede da Celesc,
considerando a incidência dos impostos (PIS/COFINS/ICMS).
68

Figura 33 – Consumo Real X Geração Projetada através do software Pvwatts para 64,26 kWp.

Fonte: Elaboração própria (2018).


Observando a Figura 33, pode-se verificar que nos meses de verão o
SGFV tem uma maior produção de energia devido a maior disponibilidade solar e o
ângulo de inclinação dos painéis, mas por sua vez, também tem um maior consumo
de energia na utilização de máquinas de ar condicionado devido ao calor. Essa
coincidência é extremamente relevante para a decisão na escolha desse tipo de
tecnologia de geração, ou seja, se produz mais energia no momento de maior
necessidade, sem a necessidade de exportar a energia para a rede da
concessionária. Cabe ressaltar que o efeito da temperatura não foi considerado
nesta análise.

A Figura 34 mostra a projeção de economia na fatura de energia com a


instalação do SGFV.
69

Figura 34 - Projeção na Fatura de Energia Com e Sem SGFV.

Fonte: Elaboração Própria (2018)


Com esta capacidade instalada (64,26 kWp), a expectativa de geração
média está na faixa de 84.777 kWh/ano, ou seja, cerca de 46% do consumo de
energia anual da UC e mais de 30% de redução na fatura.

Avaliados os custos envolvidos no projeto, partiu-se para análise do


tempo de retorno do investimento. Para esse cálculo, foi usada a função de Valor
Presente Liquido (VPL) mostrada em (7), que é uma função muito utilizada na
análise da viabilidade econômica de um investimento. Esse valor é definido como
sendo o somatório dos valores presentes dos fluxos estimados da aplicação,
calculados a partir de uma taxa dada e de seu período de duração (FREIRE, 2009).
Essa taxa é chamada de custo de capital, ou taxa mínima de atratividade (TMA) que,
70

para este projeto, foi usado como base um valor médio entre a taxa da poupança da
caixa econômica federal e a taxa SELIC24 acumulado do ano de 2016.

𝑭𝑪𝟎 𝑭𝑪𝟏 𝑭𝑪𝟐 𝑭𝑪𝒏


𝑽𝑷𝑳 = − (𝟏+𝒊)𝟎 + (𝟏+𝒊)𝟏 + (𝟏+𝒊)𝟐 + ⋯ + (𝟏+𝒊)𝒏 (7)

Sendo
 VPL = Valor Presente Líquido
 FC = é o valor do fluxo de caixa. O índice refere-se ao tempo. Trata-se de um
desembolso.
 i = taxa de desconto ou taxa mínima de atratividade. É a taxa mínima requerida
para realizar o investimento ou o custo de capital do projeto do investimento.
 n = representa o prazo de análise do projeto.

Importante verificar:

VPL Negativo = despesas maiores que as receitas, ou seja, o projeto é inviável;

VPL Positivo = receitas maiores que as despesas, ou seja, o projeto é viável;

VPL Zero = receitas e despesas são iguais, ou seja, a decisão de investir no projeto
é neutra.

A Taxa Interna de Retorno (TIR) é uma fórmula da matemática financeira


que representa a taxa que torna o VPL nulo, ou seja, indica a taxa que deverá ser
comparada com o custo de capital exigido para o projeto. Assim, caso a TIR de
determinado projeto seja superior ao custo do capital o projeto deve ser aceito, caso
seja igual pode ou não ser aprovado e caso seja inferior o projeto deve ser rejeitado.
(PUCCINI, 2007). A Equação (8) representa a TIR.

𝑭𝑪𝟎 𝑭𝑪𝟏 𝑭𝑪𝟐 𝑭𝑪𝒏


𝟎 = − (𝟏+𝑻𝑰𝑹)𝟎 + (𝟏+𝑻𝑰𝑹)𝟏 + (𝟏+𝑻𝑰𝑹)𝟐 + ⋯ + (𝟏+𝑻𝑰𝑹)𝒏 (8)

24
A Taxa SELIC é a taxa básica de juros da economia brasileira. Esta taxa é utilizada
como referência para o cálculo das demais taxas de juros cobradas pelo mercado e para definição
da política monetária praticada pelo Governo Federal do Brasil (ADVFN, 2018).
71

Outra importante consideração feita também para análise do investimento


foi através do tempo de retorno do investimento – Payback, que é o tempo
necessário para que o investidor recupere o investimento inicial de um projeto.
(GITMAN, 2010). A Equação (9) apresenta o cálculo do payback descontado.

De posse das equações matemáticas, para o cálculo do tempo de retorno


do investimento feito em 2016, foram consideradas as seguintes variáveis:
Investimento inicial igual a R$ 496.271,00, horizonte do fluxo de caixa igual 25 anos,
Taxa de Atratividade Mínima (TMA) de 11,22% (valor médio entre a poupança e a
SELIC referentes a 2016 - 8,30% e 14,15% respectivamente), reajuste anual de
operação manutenção do sistema (OPEX) de 6,29% baseado no índice IPCA25 do
mesmo ano, e perda de rendimento linear dos módulos de 10% para os primeiros 10
anos de operação e 20% para os 25 anos de vida útil média. Também foi
considerada a troca dos dois inversores26 do sistema no décimo terceiro ano de
operação, conforme a vida útil média entre 10 e 15 anos27. Para o reajuste tarifário
de energia, foi tomado como base o período de 2013 a 2016, sendo o valor médio
nesse período de 8,46% a.a. para os consumidores do Grupo A4.

25
As taxas SELIC, poupança e IPCA foram consultadas em: <http://www.bcb.gov.br/pt-br#!/home>.
Acesso em: 11 jan. 2017.
26
Os custos dos inversores instalados foram de R$ 32.233,80 cada, em setembro de 2016. O preço
atualizado em maio de 2018 foi de R$ 26.861,50. Cerca de 20% menor.
27
A vida útil do inversor pode ser verificada
em:<https://library.e.abb.com/public/6ae11b86a2044360c1257da10034a0ef/TRIO-27.6-
JP_BCD.00578_EN_Rev%20B.pdf>. Acesso em 29 mai. 2018.
72

A Tabela 16 apresenta os reajustes tarifários da Celesc autorizados pela


ANEEL no período de 2013 a 2017.

Tabela 16 - Reajustes na tarifa de energia da concessionária CELESC.


Histórico de Reajuste Tarifário Anual - CELESC
Ano 2013 2014 2015 2016 2017
Grupo A – Alta tensão 14,07% 22,42% 3,59% -6,25% 7,77%
Média até 2016 8,46% Média Até 2017 8,32%
Fonte: Elaboração própria com dados da ANEEL (2018)
Para análise do investimento em questão, uma tabela que se encontra no
APÊNDICE B foi elaborada aplicando esses conceitos matemático-financeiros, com
o objetivo de encontrar o tempo e a taxa de retorno do investimento, considerando
os parâmetros econômicos referentes ao ano de 2016. A Tabela 17 mostra o resumo
desses resultados.

Tabela 17- Análise do Investimento Projetado.


Investimento Inicial R$ 496.271,00
Custo com 02 inversores no 13º ano R$ 64.467,46
Total das economias em 25 anos R$ 2.715.475,73
(TMA) Juros Médios da Poupança e SELIC 2016 11,22%
TIR (Taxa interna de retorno) 12,46%
Reajuste Anual na Tarifa de Energia (2016) 8,46%
Reajuste Anual OPEX (IPCA 2016) 6,29%
Custo 183.267 kWh/ano SEM o sistema (VP) R$ 79.079,71
Custo 183.267 kWh/ano COM o sistema (VP) R$ 42.498,44
Total economia no ano (VP) R$ 36.581,28
% de economia (VP) 46,26%
Energia gerada em 25 anos - (kWh) 1.912.199,97
Custo Médio da Tarifa em 2016 – (R$/kWh) R$ 0,4315
Projeção da Tarifa Com SGFV – (R$/kWh) R$ 0,2858
Geração de Riqueza ao final de 25 anos R$ 64.603,24
Payback Estimado 21 anos e 0 mês
Fonte: Elaboração Própria (2018)
Analisando a resposta da Tabela 17, percebe-se que o retorno do
investimento não era muito favorável naquele momento, pois, tanto o payback
quanto a taxa interna de retorno não se apresentaram muito atrativas, considerando
a vida útil do sistema de 25 anos. Entretanto, se considerarmos o mesmo custo do
investimento inicial (R$ 496.271,00), com os índices econômicos de 2017/2018, o
payback mostra uma importante melhora, ou seja, apresenta o retorno em 14 anos e
73

5 meses e a geração de riqueza por volta de R$ 417.445,62 ao final da vida útil do


SGFV. Essa melhora aparece principalmente pela importante queda na taxa SELIC
(usada na TMA), que em 2018 estava na faixa de 6,5% contra 11,22% de 2016.

Cabe ressaltar que, a decisão da empresa em instalar o sistema não foi


baseada exclusivamente no tempo de retorno do investimento e taxa de atratividade,
mas também em outros critérios, tais como, conhecer as tecnologias envolvidas,
capacitar equipe técnica para projetos e execução, além de conhecer os custos
envolvidos nesse tipo de sistema.

3.4.2 Análise dos custos e retorno do investimento considerando índices


econômicos de 2018 e um cenário COM cobrança de ICMS na energia
injetada na rede pública de energia

Para comparação entre a análise do investimento na fase de projeto e


após o sistema já implantado, foram utilizados os mesmos estudos analisados na
Tabela 17, entretanto, com valores técnicos e econômico-financeiros referentes aos
anos de 2017/2018, inclusive os custos para aquisição dos equipamentos.

Os parâmetros econômicos usados para reajuste anual de OPEX e TMA


foram as taxas SELIC e IPCA e o reajuste de tarifa de energia de 2017 foi baseado
em informações da ANEEL. Além dos indicadores mencionados, outro parâmetro
importante no estudo foi os valores de geração real comparada aos valores
estimados em projeto, onde se verificou uma geração cerca de 2% maior que a
geração estimada em projeto, ou seja, saiu de um valor de 84.777 kWh estimado,
para 86.421 kWh efetivamente gerados. Outra importante consideração foi referente
aos custos para aquisição dos equipamentos. Em cotações de abril de 2018, a
Clemar junto aos seus fornecedores, orçou os mesmos equipamentos no valor R$
375.038,00 (Trezentos e Setenta e Cinco Mil, Trinta e Oito Reais) ante aos R$
496.271,00 (Quatrocentos e Noventa e Seis Mil, duzentos e Setenta e Um Reais)
gastos em 2016, ou seja, cerca de R$ 5,84/ Wp (Cinco reais e oitenta e quatro
centavos por quilowatt pico), corroborando assim, com as informações apresentadas
na Figura 32, para sistemas com potência acima de 50 kW.

Os custos da energia para consumidores do grupo A4, que são


enquadrados na modalidade tarifária horosazonal verde foram consultados no sitio
74

da Celesc28 e apresentam os custos de R$ 1,15629 para energia consumida no


horário de ponta e R$ 0,31068 para consumo fora de ponta. Esses valores são os
homologados pela ANEEL e não consideram os impostos.

A Tabela 18 apresenta os custos de energia da Celesc considerando


valores sem nenhum imposto, depois com PIS/COFINS/ICMS29 e por último
considerando apenas PIS e COFINS. As alíquotas do PIS/COFINS são uma média
das praticadas em 2017 e foram retiradas das faturas da UC do ano de 2017.

Tabela 18 - Tarifas de Energia Celesc 2018


Segmento Horo Sazonal VERDE
Ponta Fora de Ponta
Subgrupo Tarifa Alíquotas
Sem Impostos 0% 1,15629 0,31068
A4 Com PIS/COFINS/ICMS 0,83%; 3,84%; 25% 1,64409 0,44175
Com PIS/COFINS 0,83%; 3,84%; 1,21293 0,32590
Fonte: Elaboração própria (2018).
Os cálculos para inclusão dos impostos na tarifa homologada da Celesc
foram feitos através da equação (10) (ANEEL, 2008).

𝑻𝒂𝒓𝒊𝒇𝒂 𝒔𝒆𝒎 𝒊𝒎𝒑𝒐𝒔𝒕𝒐𝒔


𝑻𝒂𝒓𝒊𝒇𝒂 𝒄𝒐𝒎 𝒊𝒎𝒑𝒐𝒔𝒕𝒐𝒔 = (10)
𝟏𝟎𝟎% − (%𝑷𝒊𝒔 + %𝑪𝒐𝒇𝒊𝒏𝒔 + %𝑰𝒄𝒎𝒔)

Considerando que nem toda energia produzida no ano é diretamente


consumida pela UC, que não dá expediente nos finais de semana e feriados, a
energia gerada nesses dias é então, diretamente injetada na rede da
concessionária. Todavia, devido ao sistema tributário vigente30, a “devolução” dessa
energia vem descontada do ICMS.

De posse das faturas de energia de 2017, foi levantada a energia injetada


na rede da concessionária ao longo do ano, chegando num valor de 20.974 kWh,
num total de 86.421 kWh gerados pelo sistema. No entanto, com a atual regra de

28
As tarifas de energia da Celesc podem ser consultadas em:
<http://www.celesc.com.br/portal/index.php/duvidas-mais-frequentes/1140-tarifa>. Acesso em 27 maio
2018.
29
Valores médios retirados das faturas energia da Clemar referentes a 2018.
30
Explicado na secção 2.9
75

cobrança de ICMS, os 20.974 kWh injetados na rede tiveram o retorno monetário de


R$ 0,3259 por quilowatt hora, ou seja, retornou somente com devolução de PIS e
COFINS que são impostos isentados pelo governo federal para mini e microgeração.
Os outros 65.447 kWh que foram gerados e consumidos diretamente sem passar
pela rede da concessionária, tiveram retorno financeiro de R$ 0,44175 por quilowatt
hora. Desta forma, para fazer um cálculo mais próximo da realidade para análise do
tempo de retorno do investimento, foi feito um cálculo médio do valor efetivamente
retornado para UC para os 86.421 kWh produzidos. A Tabela 19 apresenta o
comparativo entre a produção de energia real, frente a geração estimada em projeto,
além de informações de energia consumida da rede e injetada na rede, energia
consumida diretamente do SGFV sem passar pela rede e consumo total de energia
pela UC.
Tabela 19 – Geração Real x Geração Estimada em projeto

Fonte: Elaboração própria (2018)

A Tabela 20 apresenta o valor médio por kWh economizado com a


produção de energia do SGFV.
76

Tabela 20 - Valor Médio Economizado pela UC em 2017 (R$/kWh).


Energia Injetada na Energia Diretamente Total Produzido
2017
rede (kWh) Consumida (kWh) (kWh)
Energia 20.974 65.447 86.421
Custo kWh R$ 0,3259 R$ 0,4417 -
Retorno R$ 6.835,43 R$ 28.910,95 R$ 35.746,38
Valor Médio Economizado por kWh R$0,4136
Fonte: Elaboração própria (2018)

A Tabela 21 traz o resultado final dos estudos para análise do


investimento com as premissas mencionadas acima, incluindo a cobrança de ICMS
no estorno da energia injetada na rede pública de energia.
31
Tabela 21 – Análise do Tempo de Retorno Com ICMS (2018) .
Investimento Inicial R$ 375.038,00
Custo com 02 inversores no 13º ano R$ 53.723,00
Total das economias em 25 anos R$ 2.388.245,57
(TMA) Juros Médios (SELIC 2018) 6,50%
TIR (Taxa interna de retorno) 14,90%
Reajuste Anual na Tarifa de Energia 7,77%
Reajuste Anual OPEX (IPCA 2017) 3,49%
Custo 183.267 kWh/ano SEM o sistema (VP) R$ 80.957,46
Custo 183.267 kWh/ano COM o sistema (VP) R$ 45.211,15
Total economia (VP) R$ 35.746,32
% de economia (VP) 44,15%
Energia gerada em 25 anos - (kWh) 1.949.281,45
Custo Médio da Tarifa em 2018 – (R$/kWh) R$ 0,4136
Projeção da Tarifa COM SGFV – (R$/kWh) R$ 0,2209
Geração de Riqueza em 25 anos R$ 508.867,86
Payback Estimado 10 anos e 9 meses
Fonte: Elaboração própria (2018)

Observando Tabela 21, percebe-se que os resultados, considerando um


cenário atualizado no que tange a produção real de energia do SGFV e pelos
índices econômico-financeiros de 2018, apresentam-se mais atraentes que o cenário
de 2016. O tempo de retorno do investimento mostrou-se bem melhor ante ao
apresentado na fase de projeto, onde saiu de 21 anos para 10 anos e 9 meses, ou
seja, praticamente a metade do tempo.

31
As taxas SELIC e IPCA foram consultadas em: < http://www.bcb.gov.br/pt-br#!/home>.
Acesso em: 9 mai. 2017.
77

Essa mudança de cenário deu-se devido a maior produção de energia


real frente ao estimado em projeto, e principalmente pelos custos financeiros no que
concerne a aquisição dos equipamentos, que apresentaram preços cerca de 24%
menores do que em 2016.

A Figura 35 apresenta o balanço energético considerando a UC sem e


com SGFV e a geração projetada através do Pvwatts para 64,26 kWp versus a
geração real medida no sistema.
Figura 35 – Balanço energético da UC com e sem SGFV.

Fonte: Elaboração Própria (2018).


A TIR de 14,9% mostra que o projeto é economicamente viável se
comparada com a TMA que era de 6,5%. O tempo de retorno do investimento ficou
em 129 meses (10,75 anos), além do acumulo de riqueza de R$ 508.867,86 ao final
de 25 anos.

3.4.3 Análise dos custos e retorno do investimento considerando índices


econômicos de 2018 e um cenário SEM a cobrança de ICMS na energia
injetada na rede pública de energia

Como o CONFAZ, em maio de 2018 incluiu Santa Catarina na isenção do


ICMS por solicitação do governo Catarinense, foi feita uma simulação do retorno do
investimento considerando a isenção desse imposto na energia injetada na rede.

Para essa simulação, foi considerado que toda energia produzida pelo
SGFV tivesse o retorno integral dos impostos, resultando numa economia de R$
78

0,44175 por quilowatt hora, conforme valor apresentado na Tabela 20. Lembrando
que, o custo apresentado na Tabela 22 (Custo de 183.267 kWh/ano SEM o sistema
GFV = R$ 80.957,46) refere-se puramente ao custo da energia fora de ponta,
desconsiderando o custo da energia na ponta e outras cobranças que existem na
fatura.
Tabela 22 - Análise do Tempo de Retorno Sem Cobrança de ICMS (2018).
Investimento Inicial R$ 375.038,00
Custo com 02 inversores no 13º ano R$ 53.723,00
Total das economias em 25 anos R$ 2.550.791,78
(TMA) Juros Médios (SELIC 2018) 6,50%
TIR (Taxa interna de retorno) 15,77%
Reajuste Anual na Tarifa de Energia 7,77%
Reajuste Anual OPEX (IPCA 2017) 3,49%
Custo 183.267 kWh/ano SEM o sistema (VP) R$ 80.957,46
Custo 183.267 kWh/ano COM o sistema (VP) R$ 42.780,99
Total economia (VP) R$ 38.176,48
% de economia (VP) 47,16%
Energia gerada em 25 anos - (kWh) 1.949.281,45
Custo Médio da Tarifa em 2018 – (R$/kWh) R$ 0,44175
Projeção da Tarifa COM SGFV – (R$/kWh) R$ 0,2209
Geração de Riqueza em 25 anos R$ 564.227,03
Payback Estimado 10 anos e 1 mês
Fonte: Elaboração própria (2018)
Como pode ser visto na Tabela 22, com a isenção do ICMS nos cálculos
de devolução da energia injetada na rede, o cenário para o payback apresenta uma
ligeira melhora, ou seja, o retorno aparece cerca de 8 meses mais cedo do que no
cenário com cobrança de ICMS apresentado na Tabela 22, reduzindo a fatura de R$
84.358,65 para R$ 81.928,49, resultando assim, numa economia de R$ 38.176,48
ao invés de R$ 35.746,32 que considerava a cobrança de ICMS. Isso dá uma
economia cerca de 6,78% ou um ganho de R$ 2.430,16 no ano, além de melhorar o
geração de riqueza que era de R$ 508.867,86 para R$ 572.809,37.

Os APÊNDICES C e D apresentam as planilhas utilizadas para as


análises dos investimentos das seções 3.4.2 e 3.4.3.

A Figura 36 mostra a projeção em valores monetários nas faturas,


comparando os cenários com e sem cobrança do ICMS na energia injetada na rede
pública de energia ao longo de um ano.
79

Figura 36 – Projeção Com cobrança de ICMS x Sem cobrança de ICMS.

Fonte: Elaboração própria (2018).

A Tabela 23 apresenta um resumo geral dos quatro casos avaliados nos


estudos da análise do retorno do investimento considerando a instalação de um
sistema de geração fotovoltaico de 64,26 kWp.

Tabela 23 - Resumo geral dos casos simulados


INDICÊS ECONÔMICOS RETORNO INVESTIMENTO
CAPEX (R$) CUSTOS (ANO)
TMA (SELIC) REAJ. TARIFA PAYBACK VPL (R$) TIR
CASO 1 496.271,00 2016/16 - S/ INJEÇÃO 11,22% 8,46% 21 Anos 64.603,24 12,46%
CASO 2 496.271,00 2017/18 - S/ INJEÇÃO 6,50% 7,77% 14 Anos E 5 Meses 417.445,62 12,09%
CASO 3 375.038,00 2017/18 - C/ INJEÇÃO C/ ICMS 6,50% 7,77% 10 Anos E 9 Meses 508.867,86 14,90%
CASO 4 375.038,00 2017/18 - C/ INJEÇÃO S/ ICMS 6,50% 7,77% 11 Anos E 1 Mês 572.809,37 15,77%
Fonte: Elaboração própria (2018)

Cabe ressaltar que, os índices econômicos brasileiros têm apresentado


ao longo dos anos certa variabilidade e, para um horizonte de 25 anos, os estudos
podem ser seriamente comprometidos. Para tentar diminuir os possíveis erros e
melhorar a decisão quanto a investir ou não o capital nesse tipo de sistema,
elaborou-se uma planilha com análise financeira, onde é possível fazer variações
nos principais índices financeiros envolvidos no projeto, facilitando a análise sobre o
comportamento do retorno do investimento ao longo dos anos com essas variações.
A planilha de análise financeira pode ser vista no APÊNDICE E.
80

3.5 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DA DEMANDA

A demanda contratada e a demanda consumida/medida, apesar de não


terem sido incluídas nos cálculos de retorno do investimento na implantação do
SGFV, faz-se necessário uma breve análise deste parâmetro técnico.

A Figura 37 mostra o comportamento da demanda consumida/medida


antes e depois da instalação do SGFV.
Figura 37 – Demanda medida com e sem GFV – Fora Ponta.

Fonte: Elaboração própria (2018).


Analisando a Figura 37 percebe-se que nos períodos de maior geração
fotovoltaica houve uma importante redução nos seus picos diários depois da
instalação do SGFV. Todavia, nos períodos de consumo de energia fora de ponta
(entre 18h30min e 21h30min) observa-se que houve um ligeiro aumento na
demanda consumida. Isso se explica devido ao fato de ter havido um aumento no
consumo de energia pela UC no ano de 2017, por consequência de um crescimento
da empresa e pelo fato do SGFV não produzir praticamente nenhuma energia nesse
horário, principalmente no inverno, onde escurece mais cedo.
81

Paralelamente à confecção deste trabalho, foi feita uma análise da


contratação da demanda para UC através das faturas de energia de 2017, onde foi
constatado que a demanda poderia ser recontratada num valor mais baixo, trazendo
desta forma, mais uma economia para UC por consequência da implantação do
SGFV.

Na prática, após a análise, a empresa recontratou a demanda que era de


132 kW para 90 kW, apesar que, de acordo com a Figura 37, 80 kW seriam
suficientes, mesmo que pagando multa talvez em 2 ou 3 meses. Entretanto, a
decisão em recontratar 90 kW foi pautada no crescimento da empresa, que gira em
torno de 3% ao ano. A Tabela 24 apresenta a projeção do aumento da demanda até
2020, considerando o crescimento anual da empresa em 3% a.a. até 2020.

Tabela 24 - Demanda real de 2017 e Projeção de 3% a.a. até 2020.


2017 - Demanda 2018 - Demanda 2019 - Demanda 2020 - Demanda
(kW) (kW) (kW) (kW)
Mês Fora Fora Fora Fora
Ponta Ponta Ponta Ponta Ponta Ponta Ponta Ponta
1 27,65 84,03 28,48 86,55 29,33 89,15 30,21 91,82
2 24,4 79,90 25,13 82,30 25,89 84,77 26,66 87,31
3 33,55 96,63 34,56 99,53 35,59 102,51 36,66 105,59
4 41,52 59,63 42,77 61,42 44,05 63,26 45,37 65,16
5 37,98 46,64 39,12 48,04 40,29 49,48 41,50 50,96
6 34,54 48,71 35,58 50,17 36,64 51,68 37,74 53,23
7 29,62 55,40 30,51 57,06 31,42 58,77 32,37 60,54
8 38,38 48,31 39,53 49,76 40,72 51,25 41,94 52,79
9 35,52 53,53 36,59 55,14 37,68 56,79 38,81 58,49
10 31,39 58,15 32,33 59,89 33,30 61,69 34,30 63,54
11 34,14 58,94 35,16 60,71 36,22 62,53 37,31 64,41
12 33,85 67,60 34,87 69,63 35,91 71,72 36,99 73,87
Fonte: Elaboração própria (2018)
Analisando a Tabela 24, nota-se que, com a projeção de 3% ao ano, até
2020 não haveria a necessidade de recontratação da demanda. Mesmo ocorrendo a
ultrapassagem em 2 meses, ainda assim, a contratação de 90 kW valeria a pena,
tendo em vista que nos outros meses a demanda projetada ficaria bem abaixo dos
90 kW contratados.

A Tabela 25 apresenta a tarifa de demanda homologada na Celesc para o


Grupo A4, modalidade tarifária horosazonal verde, e também a tarifa com impostos
médios de 2017.
82

32
Tabela 25 - Tarifas de Demanda Celesc 2018 .
Segmento Horo Sazonal VERDE Custos Demanda (R$/kW)
Tarifa Sem Tarifa Com
Subgrupo Alíquotas Médias 2017
Impostos Impostos
A4 PIS(0,83%)/ COFINS(3,84%)/ ICMS(25%) 12,6500 17,98663
Fonte: Elaboração própria (2018)
Os cálculos para inclusão dos impostos na tarifa homologada foram feitos
com (10), conforme ANEEL (2008).

𝑻𝒂𝒓𝒊𝒇𝒂 𝒔𝒆𝒎 𝒊𝒎𝒑𝒐𝒔𝒕𝒐𝒔


𝑻𝒂𝒓𝒊𝒇𝒂 𝒄𝒐𝒎 𝒊𝒎𝒑𝒐𝒔𝒕𝒐𝒔 = (10)
𝟏𝟎𝟎% − (%𝑷𝒊𝒔 + %𝑪𝒐𝒇𝒊𝒏𝒔 + %𝑰𝒄𝒎𝒔)

Numa análise preliminar, com a demanda contratada de 132 kW, o custo


médio anual baseado na tarifa com impostos seria de R$ 28.490,83, já com a
contratação de 90 kW, o custo médio anual cairia para R$ 19.425,57, resultando
numa economia de R$ 9.065,26.

É relevante explicar que, para fins de cálculos e análise do retorno de


investimento do SGFV, a demanda ficou de fora devido a amostragem de geração
ser pequena (1 ano) e ainda pelo motivo da demanda vigente na UC antes da
implantação do SGFV parecer estar mal contratada. Então, para não correr o risco
de uma análise com critérios poucos precisos, optou-se em fazer uma análise mais
conservadora, considerando nos cálculos somente o montante de energia gerada
pelo sistema de geração fotovoltaico instalado.

32
As alíquotas de impostos (PIS/COFINS/ICMS) foram retiradas das faturas de energia
da UC. Já as tarifas de energia da Celesc podem ser consultadas em:
<http://www.celesc.com.br/portal/index.php/duvidas-mais-frequentes/1140-tarifa>. Acesso em 28 maio
2018.
83

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Brasil possui uma das energias elétricas mais caras do mundo, fazendo
a indústria nacional perder competitividade. Além disso, pelo fato de ter uma matriz
energética pouco diversificada, é seriamente afetado por mudanças climáticas que
acarretam crises energéticas. Aliado a isso, existe uma tendência mundial para a
sustentabilidade dos recursos e o uso eficiente de energia elétrica de fontes
renováveis, influenciando que as empresas e a sociedade em geral estejam cada
vez mais preocupadas com esse assunto.

O presente trabalho teve como objetivo verificar a viabilidade legal,


técnica e econômica da instalação de geração de energia fotovoltaica na Clemar
Engenharia.

Do ponto de vista legal, observou-se cuidadosamente todas as exigências


descritas nas normas vigentes tanto da ANEEL, quanto da concessionária CELESC,
além das normas de segurança e trabalhistas em vigor.

Quanto às características técnicas, algumas restrições se aplicaram ao


tamanho do sistema projetado para unidade consumidora estudada (UIP), sendo
instalada uma potência que atenderia cerca de 46% do consumo total. Essas
restrições se deram devido a outro projeto que a Clemar executou na sua unidade
matriz, onde foi instalado um sistema de potência muito similar, afim de comparação
entre os equipamentos de diferentes fabricantes. Ainda no critério técnico, a decisão
em instalar os módulos fotovoltaicos com inclinação de 7° e não de 27° mostrou-se
não fazer muita diferença, pois, conforme a análise dos custos com estruturas
metálicas para inclinação dos módulos, maior área ocupada, maior peso sobre o
telhado, maior gasto com cabos de energia devido ao maior espaçamento entre os
módulos e strings, o retorno envolvido ao final de 25 anos com apenas 3,9% de
maior produção de energia ainda não compensaria, pois, o payback apresentado
seria praticamente o mesmo apresentado com inclinação de 7°.

A viabilidade técnica para implantação foi comprovada, sendo possível


executar o sistema conforme as premissas verificadas em projeto e com
equipamentos e mão-de-obra disponíveis no mercado brasileiro.
84

A abordagem econômica, na fase de projetos, a análise do retorno de


investimento não mostrou-se tão atrativa, devido apresentar um payback de mais 21
anos com índices do ano de 2016, mas, a decisão de instalar o sistema naquele
momento não avaliava somente as questões de payback e sim também no ganho de
aprendizado envolvido com essa tecnologia, pois, a ideia da empresa é ofertar a
seus clientes a implantação desse tipo de sistema.

Entretanto, considerando os índices econômicos de 2018, o projeto


provou ser extremamente viável, motivado, principalmente, pela queda dos custos
envolvendo a aquisição dos equipamentos (-24,4%), tendo um tempo de retorno de
investimento por volta de 10 anos e 9 meses. Considerando a isenção do ICMS da
energia injetada na rede, esse tempo cai para 10 anos e 1 mês, o que o torna ainda
mais atrativo. Sabendo que a vida útil média do sistema é de 25 anos, a empresa
ainda teria pelo menos 14 anos e 11 meses disponíveis para gerar retorno
financeiro.

Embora a demanda não tenha sido abordada no estudo sobre o retorno


do investimento, percebe-se que houve uma redução neste parâmetro após a
implantação do SGFV, principalmente no horário de consumo fora de ponta, onde o
SGFV está em plena atividade. Essa redução na demanda faz com que os
alimentadores da rede da pública trabalhem com mais folga, podendo inclusive a
concessionária ofertar energia para outros consumidores da região sem a
necessidade de ampliação do seu sistema. Além disso, a UC, ao recontratar a sua
demanda de energia, obteve um importante redução de custos na sua fatura.

Portanto, conclui-se que o sistema fotovoltaico nesse projeto, além de ser


totalmente viável, beneficia a empresa com a diminuição dos custos em suas faturas
de energia, beneficia a sociedade com a melhora na segurança energética e menos
emissão de gases tóxicos despejados na atmosfera e o sistema elétrico como um
todo, e indiretamente a concessionária que pode postergar investimentos em novas
linhas para a distribuição de energia.
85

5 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

1. Analisar o retorno do investimento com opção de financiamento do valor


inicialmente investido pela empresa;
2. Simular diferentes inclinações dos módulos fotovoltaicos e analisar o
comportamento na geração de energia;
3. Acrescentar módulos no sistema instalado para saber onde é o ponto ótimo
do retorno de investimento, considerando não alterar a potência dos
inversores instalados;
4. Fazer uma simulação técnica e econômica utilizando micro-inversores
instalados diretamente nos strings;
5. Analisar tecnicamente opções com diferentes arranjos dos módulos.
86

REFERÊNCIAS

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92

APÊNDICES
93

APÊNDICE A – SIMULAÇÃO PVWATTS


94

APÊNDICE B – PLANILHA PARA ANÁLISE DO INVESTIMENTO


NA FASE DE PROJETO
95

APÊNDICE C – PLANILHA PARA ANÁLISE DO INVESTIMENTO


COBRANDO ICMS
96

APÊNDICE D - PLANILHA PARA ANÁLISE DO INVESTIMENTO


DEVOLVENDO ICMS
97

APÊNDICE E – PLANILHA DE ANÁLISE FINANCEIRA


98

ANEXOS...
99

ANEXO A – DADOS TÉCNICOS DOS MÓDULOS E INVERSORES

Fonte: Adaptado do datasheet ABB e HECKERT SOLAR (2016)


100

ANEXO B – DIAGRAMA UNIFILAR GERAL


101
102
103
104

ANEXO C – PAGINAÇÃO DOS MÓDULOS NA COBERTURA


105

ANEXO D – DIAGRAMA STRINGBOX


106

1
107

2
108

3
109

ANEXO E – TELAS DO SISTEMA SUPERVISÓRIO


110
111

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