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FINANÇAS NAS EMPRESAS

Prof. Amarildo Furtado de Pinho

2012
Copyright © UNIASSELVI 2012

Elaboração:
Prof. Amarildo Furtado de Pinho

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

658.1
P654f Pinho, Amarildo Furtado de

Finanças nas empresas / Amarildo Furtado de Pinho. Indaial :


Uniasselvi, 2012.

223 p. : il

ISBN 978-85-7830- 632-8

1. Organização e finanças - Administração. I. Centro Universitário


Leonardo da Vinci.

Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Caro(a) acadêmico(a)!

Durante a elaboração deste caderno houve a preocupação em


estruturá-lo sob o enfoque de fácil entendimento, através do
estabelecimento de conceitos e definições, utilizando-se de uma linguagem
dialógica e uma metodologia de fácil compreensão. É claro que, em
alguns momentos, o próprio vocabulário e a ética das finanças não nos
permitiram inventar sinônimos. Havendo também a constante preocupação
relacionada ao princípio básico das finanças, ou seja, gerenciar os recursos
visando sempre à maximização do resultado econômico e financeiro.

Entre outras vantagens, a educação a distância dispensa


afastamentos prolongados, permitindo o estudo e a realização de tarefas de
acordo com a determinação do participante, além de lhe proporcionar uma
constante fonte de consulta.

Este trabalho tem o objetivo de informar como são realizadas as


atividades dentro das empresas relacionadas à estrutura de capital. Como
é calculado o custo deste capital e como é feito o planejamento de alocação,
visando a alternativas que resultem em agregar valor ao capital do
investidor.

Analisar os indicadores de retorno do investimento, verificando e


demonstrando se o dinheiro investido no negócio está sendo bem
gerenciado.

Em resumo, podemos dizer que a área das finanças é um estudo


econômico e financeiro detalhado de uma organização, bem como os fatores
internos e externos que poderão influenciar na sua capacidade de gerar
recursos.

Os fatores internos estão relacionados à organização, capacidade


gerencial e desenvolvimento tecnológico, são varáveis controláveis. Os
fatores externos estão relacionados à economia, concorrência e fatores de
ordem natural, também chamados de variáveis não controláveis.

Porém, temos que utilizar as ferramentas adequadas para gerenciar


os recursos, de forma que os riscos sejam minimizados. Dentre as que
vamos estudar neste caderno, estão o demonstrativo de fluxo de caixa,
o demonstrativo de resultado do exercício, os métodos de análise de
investimentos, as decisões de financiamento de longo prazo, a necessidade
de capital de giro.

III
Importante lembrar que, para a obtenção de um resultado
satisfatório, cada participante deverá resolver os exercícios propostos, para
adquirir maior conhecimento e buscar leitura complementar em livros,
artigos e revistas da área de finanças.

Lembrando também que você, como acadêmico, é formador de


opinião, e as pessoas vão querer ouvir o que você tem a dizer.

“Não basta saber, é preciso saber fazer.”

Sucesso!

Prof. Amarildo Furtado de Pinho

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enflm, tanto para você que
está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso
material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material
base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais
prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração
de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta
também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar
dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais
sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos
com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho
de Estudantes – ENADE.

Bons estudos!
m o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estuda
SUMÁRIO

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS NAS EMPRESAS..............................................1

TÓPICO 1 – APRESENTANDO FINANÇAS NAS EMPRESAS...................................................3


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................3
2 O QUE SÃO FINANÇAS?................................................................................................................3
3 ÁREAS DE OPORTUNIDADE........................................................................................................4
3.1 SERVIÇOS.......................................................................................................................................4
3.1.1 Analista financeiro................................................................................................................5
3.1.2 Gerente de investimentos....................................................................................................5
3.1.3 Gerente de financiamento....................................................................................................5
3.1.4 Analista de crédito................................................................................................................5
3.1.5 Gerente de fundo de pensão................................................................................................5
3.1.6 Gerente de operações de câmbio.........................................................................................5
3.2 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA.............................................................................................6
3.2.1 Função....................................................................................................................................6
3.2.2 Objetivo..................................................................................................................................7
3.2.3 Atividades empresariais.......................................................................................................10
3.2.3.1 Atividades operacionais.................................................................................................10
3.2.3.2 Atividades de investimentos.........................................................................................10
3.2.3.3 Atividades de financiamentos.......................................................................................11
3.2.3.4 Relação entre a demonstração de resultado e as atividades empresariais...............11
3.2.4 Sistema global da função financeira...................................................................................12
3.2.4.1 Decisão de investimento................................................................................................12
3.2.4.2 Decisão de distribuição de lucros.................................................................................13
3.2.4.3 Decisão de financiamento..............................................................................................13
3.2.5 Funções do administrador financeiro.................................................................................13
3.2.5.1 Análise de registro e informações contábeis................................................................13
3.2.5.2 Projeção do movimento de fundos...............................................................................13
3.2.5.3 Aplicação dos fundos excedentes.................................................................................14
3.2.5.4 Fornecimento de informações à alta administração...................................................14
3.2.5.5 Elaboração de planos para fontes de uso de fundos a curto e a longo prazo..........14
3.2.6 Estrutura organizacional da administração financeira de uma empresa de
grande porte..........................................................................................................................14
3.2.6.1 Diretoria financeira.........................................................................................................14
3.2.6.2 Auditoria..........................................................................................................................14
3.2.6.3 Gerência financeira.........................................................................................................15
3.2.6.4 Contabilidade..................................................................................................................15
3.2.7 Relações da administração financeira com a contabilidade.............................................16
3.2.7.1 Regime de competência.................................................................................................16
3.2.7.2 Regime de caixa..............................................................................................................16
3.2.8 Relações da administração financeira com a economia....................................................17
3.2.8.1 Análise marginal.............................................................................................................17
3.2.8.2 Aparelho circulatório do dinheiro................................................................................18
3.2.8.3 Organização do movimento de fundos........................................................................18
3.2.8.4 Organização dos serviços de obtenção de recursos.......................................................18
3.2.8.4.1 Recursos próprios........................................................................................................19
3.2.8.4.2 Recursos de terceiros...................................................................................................19
3.2.9 Balanço patrimonial.................................................................................................................19
3.2.10 Demonstração do resultado do exercício.............................................................................19
3.2.11 Demonstrativo de fluxo de caixa..........................................................................................20
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................25
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................28
AUTOATIVIDADE...............................................................................................................................29

TÓPICO 2 – ESTRUTURA DE CAPITAL..........................................................................................31


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................31
2 CUSTO DE CAPITAL........................................................................................................................32
2.1 CUSTO DE CAPITAL PRÓPRIO.................................................................................................33
2.2 CUSTO DE CAPITAL DE TERCEIROS.......................................................................................33
2.3 CUSTO DE OPORTUNIDADE..................................................................................................33
3 CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL - CMPC..............................................................34
3.1 CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL BRUTO............................................................34
3.1.2 Cálculo do CMPC – BRUTO................................................................................................35
3.2 CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL LÍQUIDO........................................................35
3.2.1 Cálculo do CMPC – LÍQUIDO............................................................................................36
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................37
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................39
AUTOATIVIDADE...............................................................................................................................40

TÓPICO 3 – GESTÃO BASEADA EM VALOR...............................................................................43


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................43
2 A CONTABILIDADE E A GESTÃO FINANCEIRA DAS EMPRESAS......................................43
3 CAPACIDADES DIFERENCIADORAS.........................................................................................44
4 ESTRATÉGIAS FINANCEIRAS......................................................................................................46
4.1 VALOR ECONÔMICO AGREGADO – EVA ou VEA..............................................................47
5 CONFLITO VALOR VERSUS LUCRO...........................................................................................48
6 COMO DETERMINAR O EVA........................................................................................................52
7 ESTRUTURA PATRIMONIAL........................................................................................................54
7.1 ATIVO OPERACIONAL...............................................................................................................54
7.2 PASSIVO OPERACIONAL...........................................................................................................54
7.3 ATIVO OPERACIONAL LÍQUIDO.............................................................................................54
7.4 CAPITAIS DE TERCEIROS..........................................................................................................55
7.5 CAPITAIS PRÓPRIOS...................................................................................................................55
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................57
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................64
AUTOATIVIDADE...............................................................................................................................65

UNIDADE 2 – ANÁLISE DE INVESTIMENTOS............................................................................69

TÓPICO 1 – ANÁLISE DE INVESTIMENTOS................................................................................71


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................71
2 PRINCÍPIOS DO PROCESSO DE DECISÃO...............................................................................71
3 DECISÃO DO INVESTIMENTO....................................................................................................72
4 DEFINIÇÃO DO INVESTIMENTO................................................................................................73
4.1 EXPANSÃO....................................................................................................................................75
4.2 SUBSTITUIÇÃO DE EQUIPAMENTOS.....................................................................................75
4.3 LANÇAMENTO DE NOVOS PRODUTOS................................................................................76
4.4 PROJETOS AMBIENTAIS............................................................................................................77
5 CRITÉRIOS DE DECISÃO E MEDIDAS DE DESEMPENHO...................................................77
6 TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE E EXPECTATIVA DE RETORNO DO CAPITAL....77
7 PROJETOS INDEPENDENTES.......................................................................................................77
8 PROJETOS MUTUAMENTE EXCLUDENTES.............................................................................78
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................79
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................82
AUTOATIVIDADE...............................................................................................................................83

TÓPICO 2 – MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS...................................................85


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................85
2 TIPOS DE MÉTODOS DE ANÁLISE.............................................................................................85
2.1 MÉTODO PAYBACK SIMPLES...................................................................................................85
2.1.1 Cálculo do Payback Simples.................................................................................................86
2.2 MÉTODO PAYBACK DESCONTADO........................................................................................90
2.2.1 Cálculo do Método Payback Descontado............................................................................90
2.3 MÉTODO DO VALOR PRESENTE LÍQUIDO...........................................................................96
2.3.1 Cálculo do VPL.....................................................................................................................97
2.4 MÉTODO DA TAXA INTERNA DE RETORNO.....................................................................102
2.4.1 Cálculo da TIR.....................................................................................................................103
2.5 MÉTODO DA ANÁLISE INCREMENTAL - CONFLITO VPL X TIR...................................106
2.5.1 Cálculo do conflito VPL X TIR..........................................................................................107
2.5.2 Regra do valor presente líquido e da taxa interna de retorno.......................................110
LEITURA COMPLEMENTAR...........................................................................................................112
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................116
AUTOATIVIDADE.............................................................................................................................117

TÓPICO 3 – CONSTRUÇÃO DO FLUXO DE CAIXA..................................................................121


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................121
2 FUNDAMENTADO FLUXO DE CAIXA......................................................................................122
3 FATORES QUE AFETAM O FLUXO DE CAIXA........................................................................123
4 FATORES INTANGÍVEIS QUE INFLUENCIAM NO FLUXO DE CAIXA DE UM
PROJETO...........................................................................................................................................127
5 INVESTIMENTO.............................................................................................................................127
6 SITUAÇÕES ESPECIAIS QUE PODEM AFETAR O FLUXO DE CAIXA PROJETO..........129
7 VALOR RESIDUAL CONTÁBIL OU DE MERCADO..............................................................130
LEITURA COMPLEMENTAR..........................................................................................................132
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................140
AUTOATIVIDADE.............................................................................................................................141

UNIDADE 3 – FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A


TOMADA DE DECISÃO.........................................................................................145

TÓPICO 1 – FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A


TOMADA DE DECISÃO............................................................................................147
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................147
2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS..................................................................147
2.1 BALANÇO PATRIMONIAL......................................................................................................148
2.2 DEMONSTRATIVO DE RESULTADO.....................................................................................149
2.3 DEMONSTRATIVO DE FLUXO DE CAIXA...........................................................................150
2.3.1 Administração do caixa....................................................................................................150
2.3.2 Administração de contas a receber..................................................................................151
2.3.3 Administração de contas a pagar....................................................................................151
2.4 ANÁLISE POR INDICADORES...............................................................................................155
2.4.1 Indicadores liquidez..........................................................................................................155
2.4.1.1 Indicador de liquidez corrente...................................................................................156
2.4.1.2 Indicador de liquidez seca..........................................................................................156
2.4.1.3 Indicador de liquidez imediata..................................................................................157
2.4.1.4 Indicador de liquidez geral........................................................................................157
2.4.1.5 Folga financeira...........................................................................................................158
2.4.1.6 Giro do ativo................................................................................................................159
2.4.2 Indicadores de estrutura de capital.................................................................................159
2.4.2.1 Endividamento de curto prazo..................................................................................159
2.4.2.2 Endividamento do patrimônio líquido ou endividamento total...........................160
2.4.3 Indicadores de imobilização............................................................................................160
2.4.3.1 Imobilização do patrimônio líquido..........................................................................160
2.4.3.2 Imobilização dos recursos não circulantes................................................................161
2.4.4 Indicadores de atividades.................................................................................................164
2.4.4.1 Prazo médio de recebimento......................................................................................165
2.4.4.2 Prazo médio de pagamento........................................................................................165
2.4.4.3 Prazo médio de estoque..............................................................................................166
LEITURA COMPLEMENTAR.........................................................................................................167
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................170
AUTOATIVIDADE...........................................................................................................................171

TÓPICO 2 – ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO....................................175


1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................................175
2 CAPITAL DE GIRO OU CAPITAL CIRCULANTE..................................................................175
3 CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO.....................................................................................................178
4 CAPITAL DE GIRO PRÓPRIO.....................................................................................................178
5 CICLO OPERACIONAL................................................................................................................180
6 CICLO FINANCEIRO....................................................................................................................180
6.1 CÁLCULO DOS CICLOS OPERACIONAL E DE CAIXA....................................................181
7 CICLO ECONÔMICO....................................................................................................................182
8 NECESSIDADE DE INVESTIMENTO EM CAPITAL DE GIRO...........................................184
9 GESTÃO DE TESOURARIA.........................................................................................................187
LEITURA COMPLEMENTAR.........................................................................................................190
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................193
AUTOATIVIDADE...........................................................................................................................194

TÓPICO 3 – FONTES DE FINANCIAMENTO DE CURTO PRAZO.......................................197


1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................................197
2 OPERAÇÕES DE DESCONTO.....................................................................................................198
2.1 DESCONTO BANCÁRIO/COMERCIAL................................................................................198
2.2 IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS..................................................................201
2.3 GARANTIAS BANCÁRIAS......................................................................................................202
2.3.1 Garantias pessoais.............................................................................................................202
2.3.1.1 Avala.............................................................................................................................202
2.3.1.2 Fiança............................................................................................................................203
2.3.2 Garantias reais...................................................................................................................204
2.3.2.1 Hipoteca.......................................................................................................................204
2.3.2.2 Alienação fiduciária....................................................................................................204
2.3.2.3 Penhor..........................................................................................................................205
2.3.2.4 Caução de títulos.........................................................................................................205
2.3.2.5 Caução de ativos.........................................................................................................206
2.4 DESCONTO DE DUPLICATAS/CHEQUES...........................................................................206
2.4.1 Cobrança e pagamento de títulos....................................................................................206
2.5 TAXA DE DESCONTO.............................................................................................................207
2.6 INFLUÊNCIA DO PRAZO SOBRE O CUSTO DO CAPITAL..............................................207
LEITURA COMPLEMENTAR.........................................................................................................209
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................216
AUTOATIVIDADE...........................................................................................................................217
REFERÊNCIAS...................................................................................................................................219
UNIDADE 1

INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS NAS


EMPRESAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:

• conhecer o conceito básico de finanças;

• identificar o capital próprio, o capital de terceiros e os seus custos;

• saber sobre as diversas atividades na área de finanças;

• compreender o que é o ativo operacional líquido;

• conhecer o que é o valor econômico agregado;

• conhecer as relações entre as finanças e a contabilidade e economia;

• compreender sobre o custo médio ponderado;

• saber sobre a estrutura de capital.

PLANO DE ESTUDOS
Esta primeira unidade está dividida em três tópicos. No final de cada
tópico, você encontrará atividades que possibilitarão a apropriação de
conhecimentos na área.

TÓPICO 1 – APRESENTANDO FINANÇAS NAS

EMPRESAS TÓPICO 2 – ESTRUTURA DE CAPITAL

TÓPICO 3 – GESTÃO BASEADA EM VALOR

1
UNIDADE 1 TÓPICO 1

APRESENTANDO FINANÇAS NAS EMPRESAS

1 INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a)!

Bem-vindo ao Tópico 1 da Unidade 1 deste Caderno de Estudos. Agora


você será inserido no mundo das finanças, saberá como funciona, quem são seus
principais agentes e como se relacionam com outras áreas do conhecimento,
especificamente contabilidade e economia.

Conhecer as técnicas básicas da administração financeira não é suficiente


para o gestor de finanças. Nesse mundo globalizado em que vivemos, tomar
decisão é ponto determinante para obtenção de resultado, e tal ação envolve
profundo conhecimento do ambiente mercadológico e suas variáveis.

As empresas estão continuamente sujeitas a riscos, que poderão


impactar negativamente ou positivamente sobre o resultado. A teoria das
finanças fundamenta-se em dois conceitos, que são: risco e retorno.

Existe o risco de não gerar receita suficiente para cobrir os custos


operacionais, e o risco de utilização de capital de terceiros, não gerando receita
suficiente para pagar os juros.

2 O QUE SÃO FINANÇAS?


Finanças é a ciência que estuda a estrutura de capital das organizações,
bem como os fatores internos e externos que poderão influenciar sobre a sua
capacidade de investimento e geração de recursos.

Podemos resumidamente dizer que finanças são a arte de gerenciar


recursos, buscando sempre agregar valor ao capital do investidor, respeitando
sempre os princípios da ética profissional.

Ross, Westerfield e Jordan (2002, p. 23) afirmam que: “Na terminologia


das finanças, ao se fazer investimento em ativos, tais como estoques, máquinas,
instalações e mão de obra, o montante de dinheiro aplicado em ativos deve ser
contrabalançado por um montante equivalente em termos de financiamento.”
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS NAS EMPRESAS

Para Nikbakht e Groppelli (2005, p. 3-4):

Finanças é a aplicação de uma série de princípios econômicos e


financeiros para maximizar a riqueza ou o valor total de um negócio.
Mais especificamente, ao usar o valor presente líquido (fluxo de caixa
futuro, descontado o valor presente menos os custos originais) para
medir a rentabilidade, uma empresa maximiza a riqueza investindo
em projetos e adquirindo ativos cujos retornos combinados
produzem os lucros mais altos possíveis com menores riscos. Na
realidade, ninguém realmente sabe quando a riqueza máxima é
atingida, embora ela seja entendida como a meta final de toda a
empresa. Uma maneira de descobrir a riqueza de uma empresa é por
intermédio do preço de sua ação ordinária.

Já Ross et al. (2002, p. 23) exemplificam:

Imaginemos que você decida montar uma empresa para fabricar


bolas de tênis. Para esse fim, contrata gerentes para adquirir matéria-
prima e organiza um grupo de empregados para produzir e vender
as bolas de tênis. Na terminologia de finanças, faz investimento
em ativos, tais como estoques, máquinas, instalações e mão de obra.
O montante de dinheiro aplicado em ativos deve ser contrabalançado
por um montante equivalente em termos de financiamento. Ao
começar a vender bolas de tênis, sua empresa estará gerando caixa.
Essa é a base da criação de valaor. A finalidade da empresa é criar
valor para você, seu proprietário. O valor está refletido no arcabouço
do modelo simples de balanço patrimonial da empresa.

Você deve ter observado, nas citações dos autores, que eles foram
objetivos quando conceituaram finanças, quando escreveram que a sua
finalidade é criar valor para o dono do capital, utilizando-se de ferramentas
específicas.

3 ÁREAS DE OPORTUNIDADE
Dentro das finanças, as áreas de oportunidade são amplas. O
profissional que se dedicar à área financeira, desde que bem preparado, poderá
escolher o segmento de prestação de serviços, que é bastante diversificado, ou
atuar dentro das organizações como gestor financeiro. Muitas vezes você poderá
encontrar o mesmo profissional executando diversas funções neste contexto, por
exemplo, executando tarefas de analista e de gerente financeiro.

3.1 SERVIÇOS
O segmento de serviços é o que mais cresce dentro de uma economia
globalizada, seja no setor de logística, no de comércio, de indústria e financeiro. A
prestação de serviços na área financeira é bem diversificada, como
discriminaremos a seguir:
3.1.1 Analista financeiro
TÓPICO 1 | APRESENTANDO FINANÇAS NAS EMPRESAS

O analista financeiro tem como principal função analisar indicadores


financeiros e elaborar relatórios para um gerente financeiro que irá tomar a
decisão.

3.1.2 Gerente de investimentos


Gerentes de investimentos são agentes responsáveis em gerenciar
principalmente fundos de investimentos, buscando sempre a melhor
rentabilidade para o seu cliente.

3.1.3 Gerente de financiamento


Gerentes de financiamentos são aqueles agentes responsáveis em buscar
recursos para grandes empresas, com a finalidade específica de alocar em projetos
de expansão, principalmente.

3.1.4 Analista de crédito


O analista de crédito tem como principal função analisar condições de
risco de tomadores de recursos, emitindo seu parecer mensurando a categoria
de risco. Sua função é somente analisar, pois a decisão de concessão do crédito
depende de um gerente.

3.1.5 Gerente de fundo de pensão


Os fundos de pensão são recursos acumulados que vão complementar a
aposentadoria de grupos de pessoas ou funcionários de grandes
conglomerados. Como são grandes volumes de recursos, há necessidade de
serem gerenciados de tal forma que rentabilizem no decorrer do tempo futuro,
com a finalidade de gerar caixa para dar sustentabilidade à aposentadoria dos
participantes. Para tal é contratado um agente para administrar. Muitas vezes,
conforme o volume de recursos do fundo, é contratada uma instituição
financeira especializada.

3.1.6 Gerente de operações de câmbio


O gerente de operações de câmbio tem como função principal negociar
contratos de câmbio em moeda estrangeira nas transações comerciais e financeiras
entre países. Contratos estes que serão celebrados em moeda estrangeira a uma
taxa diária, baseada na PTAX800 do Banco Central do Brasil.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS NAS EMPRESAS

Esse agente poderá ocupar cargos em bancos comerciais, empresas


exportadoras ou importadoras, corretoras de câmbio, trading, comercial
exportadora etc.

3.2 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA


A administração financeira trata de qualquer atividade financeira de
fins lucrativos ou não. Compreende um conjunto de operações destinadas à
formação de recursos monetários indispensáveis ao pagamento dos fatores de
produção e sua distribuição, bem como o planejamento das transações
comerciais e financiamentos.

A formação de recursos destinados aos pagamentos dos fatores de


produção e distribuição dos recursos compreende:

• Planejar transações comerciais.


• Financiamentos.

A circulação de fluxo financeiro pode ser estruturada em três fases:

a) Origem dos recursos: Os fundos de caixas são originários de vendas à vista


e a prazo, descontos de duplicatas, empréstimos bancários ou de terceiros,
aumento de capital, vendas do ativo fixo e outros rendimentos.
b) Utilização dos recursos: o fundo de caixa é utilizado na sustentação e
circulação dos diversos setores de atividades, como:

• pagamento de fornecedores;
• novos investimentos financeiros;
• investimentos no ativo fixo.

c) Consumo dos recursos, ou seja, recursos necessários para a atividade


produtiva, que são: Salários, encargos, despesas financeiras, despesas
administrativas, impostos, taxas, dividendos, débitos incobráveis, perdas de
materiais, etc...

3.2.1 Função
A função financeira tem como objetivo base a obtenção de fundos
suficientes para manter o negócio em operação.

Manter o negócio em operação significa usar da melhor forma os


recursos obtidos.

Basicamente, a função financeira se preocupa com todos os problemas


que são associados com a origem e aplicação do capital, com eficiência e eficácia.
TÓPICO 1 | APRESENTANDO FINANÇAS NAS EMPRESAS

ceira é o coração de uma organização, ou seja, a perpetuidade de uma empresa depende da distribuição de recursos flnanceiros de form

3.2.2 Objetivo
O objetivo da administração financeira é econômico, ou seja, gerar lucro
ao sócio e acionista.

Hoji (2004, p. 21) descreve que: “Para a administração financeira, o


objetivo econômico das empresas é a maximização de seu valor de mercado,
pois dessa forma estará sendo aumentada a riqueza de seus proprietários”
(acionistas de sociedades por ações ou sócios de outros tipos de sociedades).

ADMNINISTRAÇÃO FINANCEIRA: a importância de se


controlar as finanças de uma empresa.

Helton Eduardo Cunha Vieira

Introdução

As mudanças percebidas pelas organizações acontecem cada vez mais


rapidamente e a globalização as obriga a competir em um mercado cada vez
mais global. Isso leva as empresas a repensarem seus processos e controles de
recursos, a fim de garantir sua sobrevivência.

Neste artigo far-se-á a análise da administração financeira, sua


importância para as organizações e também o papel do administrador
financeiro frente aos desafios do novo mercado.

Verificar-se-á a importância dos controles financeiros para a geração


de valor (lucro, caixa e saúde financeira), principalmente da ferramenta fluxo
de caixa, que dote a empresa de informações importantes à tomada de
decisão.

A Administração Financeira

Para que uma empresa sobreviva no mercado é importante que ela


cuide bem de suas finanças. Tracy (2000) corrobora essa afirmação quando diz
que, para sobreviver, uma organização deve gerar caixa suficiente para
custear suas operações, ter ferramentas para manter a sua saúde financeira e
ser lucrativa.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS NAS EMPRESAS

Contudo, Ross, Westerfild e Jordan (1998) salientam que, antes de se apurar


o lucro, é preciso obter o capital necessário ao custeio das operações e definir
onde o mesmo será aplicado. Além disso, é necessário também acompanhar
diariamente o fluxo financeiro da empresa.

Assim, pode-se dizer que a administração financeira está diretamente


relacionada com a maneira pela qual uma organização obtém, direciona e
controla os seus recursos financeiros, a fim de alcançar os objetivos e metas
organizacionais. (ZDANOWICZ, 2004).

Diante do exposto, fica evidente a importância do administrador


financeiro, pois é ele quem toma as decisões e promove o controle das
finanças. Entretanto, esse gestor não pode ser responsabilizado integralmente
pelo sucesso ou fracasso da organização, pois ele não a administra sozinho.
De acordo com Tracy (2000, p. 19), os objetivos organizacionais “[...]
dependem do bom desempenho de todas as funções gerenciais.” Zdanowicz
(2004) acrescenta ainda que a administração geral da empresa, através de suas
políticas, influencia decisivamente na forma como a organização cuida de suas
finanças.

Negligenciar a administração financeira significa assumir um enorme


risco para as empresas. Um estudo realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE (2004) mostrou que 63% das
empresas que fecharam suas portas entre os anos de 2000 e 2004 o fizeram por
falta de capital de giro e problemas financeiros. Isso mostra que a inadequada
gestão dos aspectos financeiros, por mais elementares que possam parecer ou
por menores que sejam as empresas, traz impactos diretos no que diz respeito
à longevidade das mesmas. É claro que o tamanho da organização pode
interferir no tipo de controle utilizado, ou mesmo na importância dada pelos
gestores aos aspectos financeiros.

De acordo com Gitman (1997), o papel da administração financeira depende


do porte ou tamanho da organização. Se essa for uma pequena empresa, a
função financeira é em grande parte feita pelo departamento contábil. À medida
que a empresa cresce, a necessidade de controles mais rígidos acaba levando à
criação de um departamento financeiro. Ainda segundo esse autor, em grandes
empresas ou corporações, a função financeira é extremamente importante e
não são raros os casos de presidentes advindos dessa área da organização.
Para cuidar das finanças de uma organização, a administração financeira
dispõe de um vasto ferramental de controle dos fluxos de recursos que saem
ou entram na empresa. Tais controles vão desde simples planilhas até
programas de computador altamente customizados, que controlam vários
parâmetros, como as contas bancárias, recebimentos e pagamentos feitos pela
organização. São exemplos de controles financeiros as demonstrações
financeiras, o fluxo de caixa, o controle de contas a pagar e a receber, entre
outros.
TÓPICO 1 | APRESENTANDO FINANÇAS NAS EMPRESAS

Dentre amplo arsenal de controles à disposição das empresas, destaca-


se o fluxo de caixa, uma importante ferramenta de planejamento dos recursos
financeiros. De acordo com Groppelli e Nikbakht (1999, p. 21), “fluxo de caixa
é uma medida de liquidez da empresa que consiste no lucro líquido mais
despesas não desembolsáveis (tais como despesas de depreciação).”

Assaf Neto e Silva (1997, p. 38) dizem que o fluxo de caixa é um


processo em que a organização gera e aplica os recursos financeiros,
resultado de suas atividades operacionais. Já no entendimento de
Zdanowicz (1998, p. 23), o fluxo de caixa pode ser descrito como:

[...] O instrumento utilizado pelo administrador financeiro com


o objetivo de apurar os somatórios de ingressos e desembolsos
financeiros da empresa, em determinado momento, prognosticando
assim se haverá excedentes ou escassez de caixa, em função do nível
desejado pela empresa.

Diante do exposto, pode-se dizer que o fluxo de caixa é a ferramenta


que auxilia a empresa no planejamento de utilização dos recursos financeiros,
através do controle das entradas e saídas de capital resultantes de suas
operações.

Utilizando o fluxo de caixa, a empresa poderá ter um controle mais


eficiente tanto dos seus gastos como de seus recebimentos. Isso implica em
uma oportunidade de planejamento financeiro de curto prazo, fazendo com
que a mesma otimize seus recursos financeiros e programe sua aplicação.

Conclusão

A administração financeira é vital para a sobrevivência das empresas.


Frente às ameaças do novo mercado, uma economia global e altamente
competitiva, controlar eficientemente as finanças de uma organização
representa o diferencial entre o sucesso e o fracasso para essa empresa. Seu
gestor financeiro necessitará trabalhar de forma integrada com os gestores das
outras funções administrativas, a fim de proporcionar à organização uma
visão holística e possibilitar ações assertivas por parte da alta administração.

Dentre os possíveis mecanismos de controle, desponta o fluxo de caixa


como um mecanismo eficaz para a solução do problema de má gestão dos
recursos financeiros. Essa ferramenta deverá ser utilizada pela organização
para supri-la de informações e auxiliá-la no processo de tomada de decisão,
bem como no planejamento estratégico.

FONTE: Disponível em: <http://muitoalemdarazao.blogspot.com.br/2009/03/administracao-


financeira.html>. Acesso em: 19 jun. 2012.
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3.2.3 Atividades empresariais


Podemos dizer que há três tipos de atividades dentro de uma
organização. Uma empresa, seja ela indústria, comércio ou serviços, tem suas
operações de rotina, ou seja, compra, paga, produz, vende e recebe.

Para manter essas operações, necessita de recursos, sejam esses próprios


ou de terceiros, logo, precisa buscar financiamentos para poder alocar em seus
projetos.

De acordo com Hoji (2004, p. 22), “as atividades de uma empresa podem
ser agrupadas, de acordo com a natureza, em: operações, investimentos e
financiamentos”.

3.2.3.1 Atividades operacionais


As atividades operacionais estão diretamente relacionadas ao negócio
de uma organização, ou seja, são realizadas com a finalidade de proporcionar a
expectativa de gerar retorno sobre o capital investido.

Ainda Hoji (2001, p. 22) diz que: “as atividades operacionais são
refletidas em contas integrantes da Demonstração do Resultado, que geram o
lucro (ou prejuízo) operacional. Exemplos: compras de matérias-primas, vendas,
salários, aluguel etc.”

3.2.3.2 Atividades de investimentos


Os investimentos são recursos que são alocados em novos projetos,
sejam eles de expansão, máquinas e equipamentos, produtos novos ou
obrigatórios, que vão gerar recursos, principalmente, no longo prazo.

Hoji (2004, p. 23) narra que:

Nesse grupo são classificadas as atividades executadas em


consequência das decisões de aplicações de recursos em caráter
temporário ou permanente, para dar suporte a atividades
operacionais. As atividades de investimentos correspondem às contas
classificadas no balanço patrimonial, em investimentos temporários e
em ativo permanente. Exemplos: compras de maquinaria,
integralização de capital de empresas controladas, aplicações
financeiras de curto e longo prazos etc.
TÓPICO 1 | APRESENTANDO FINANÇAS NAS EMPRESAS

3.2.3.3 Atividades de financiamentos


Os financiamentos são as fontes de recursos de uma organização,
sejam esses próprios ou de terceiros, curto ou longo prazo. Recursos que se
fazem necessários para dar sustentabilidade às atividades operacionais e de
investimentos.

Ainda Hoji (2004, p. 23) relata que:

As atividades de financiamentos refletem os efeitos das decisões


tomadas sobre a forma de financiamento das atividades de operações
e de investimentos.
As atividades classificadas nesse grupo correspondem às contas
classificáveis no passivo financeiro e no patrimônio líquido.
Exemplos: captação de empréstimos bancários, emissão de
debêntures, integralização de capital da empresa etc.

3.2.3.4 Relação entre a demonstração de resultado e as


atividades empresariais
A demonstração de resultado está diretamente relacionada às atividades
operacionais que influenciam no resultado. Atualmente a contabilidade
reconhece que, qualquer que seja a receita ou despesa dentro de uma empresa,
será considerada operacional.

Veja o quadro a seguir, envolvendo as atividades e o Demonstrativo de


Resultado.

QUADRO 1 – ATIVIDADES E O DEMONSTRATIVO DE RESULTADO

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO

RECEITA BRUTA DE VENDA


Vendas de produtos
Prestação de serviços

(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA


Devoluções e abatimentos
Impostos incidentes sobre vendas
Impostos incidentes sobre serviços

(=) RECEITA LÍQUIDA

(-) CUSTO DOS PRODUTOS E SERVIÇOS


Custo dos produtos vendidos
Custo dos serviços prestados
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(=) LUCRO BRUTO

(-) DESPESAS OPERACIONAIS


Despesas de vendas
Despesas gerais e administrativas Outras receitas e despesas operacionais
(=) LUCRO ANTES DO IR e CSLL

(-) PROVISÃO P/IR e CSLL (=) LUCRO APÓS IR e CSLL


(-)PARTICIPAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES (=) LUCRO (PREJUÍZO) LÍQUIDO
FONTE: Hoji (2004)

- Atividades operacionais são as atividades de rotina.


Atividade de investimentos são recursos que são alocados dentro de uma empresa com retorno no longo prazo.
Atividades de flnanciamento são os recursos que vão dar sustentabilidade às atividades operacionais e aos investimentos.

3.2.4 Sistema global da função financeira


O Sistema Global da Função Financeira está baseado nas principais áreas
de decisão financeira, das quais podemos identificar três:

• A decisão do investimento
• A decisão de distribuição de lucros
• A decisão de financiamento.

3.2.4.1 Decisão de investimento


É provavelmente a mais importante das três decisões citadas. Em
essência, consiste na alocação do capital a projetos de investimentos, cujos
benefícios são auferidos no futuro. Como os lucros futuros não podem ser
estimados com certeza, a decisão de alocar capital necessariamente envolve
riscos, desta forma as decisões devem levar em conta não apenas os lucros
esperados, mas também os riscos para a empresa.
TÓPICO 1 | APRESENTANDO FINANÇAS NAS EMPRESAS

3.2.4.2 Decisão de distribuição de lucros


Consiste na determinação da percentagem do lucro a ser distribuída aos
acionistas em forma de dinheiro.

3.2.4.3 Decisão de financiamento


O administrador financeiro deve determinar a melhor forma de
financiar as operações da empresa. Em outras palavras, ele deve determinar
qual a estrutura de capital mais adequada.

3.2.5 Funções do administrador financeiro


Hoji (2004, p. 25) relata que: “A administração financeira dentro de uma
empresa é exercida por pessoas ou grupo de pessoas que podem ter diferentes
denominações, como: vice-presidente de finanças, diretor financeiro, controller e
gerente financeiro”.

Todas as funções apresentadas por Hoji (2004), acima, são sinônimos de


administrador financeiro.

São várias as atribuições do administrador financeiro, como as que


veremos na sequência.

3.2.5.1 Análise de registro e informações contábeis


Aqui está caracterizado o papel da contabilidade como principal fonte de
dados internos para as tarefas a serem desempenhadas pela ADMINISTRAÇÃO
FINANCEIRA. Outros fatores, no entanto, mesmo não contabilizáveis, devem
também ser levados em consideração, particularmente porque toda e qualquer
decisão é voltada para o futuro, ao passo que a contabilidade registra apenas
fatores já ocorridos.

3.2.5.2 Projeção do movimento de fundos


O objetivo nesta atividade é aferir o grau de liquidez na empresa e
verificar se a empresa terá condições de manter-se em funcionamento, cobrindo
seus compromissos externos de pagamento e fornecendo os recursos para
manter o nível de operações previstas.
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3.2.5.3 Aplicação dos fundos excedentes


Aplicar com o maior rendimento possível e com velocidade de resgate
suficientemente grande para recuperar o dinheiro caso surja a necessidade.

3.2.5.4 Fornecimento de informações à alta administração


Informações sobre perspectivas financeiras futuras da empresa, baseadas
principalmente nos relatórios contábeis e nos cenários econômicos.

3.2.5.5 Elaboração de planos para fontes de uso de


fundos a curto e a longo prazo
Planejamento do movimento de fundos, levando-se em conta os custos
das fontes e os lucros possibilitados pelas aplicações. Neste caso, a principal
diretriz de raciocínio é o conjunto dos objetivos gerais da empresa pela
administração, com a finalidade de maximizar o lucro através da aplicação
financeira.

3.2.6 Estrutura organizacional da administração financeira


de uma empresa de grande porte
Numa empresa de médio e grande porte, a estrutura financeira fica
evidenciada, com uma diretoria financeira, auditoria, gerente financeiro e
contador.

3.2.6.1 Diretoria financeira


Órgão que conduzirá o financeiro, traçando sua política e coordenando
as atividades dos órgãos a ele subordinados.

3.2.6.2 Auditoria
Órgão essencialmente técnico, cuja subordinação é direta à Diretoria
Financeira. Cabe à Auditoria a análise da escrituração de seu aspecto legal
dentro das normas que já foram previamente estabelecidas, ou seja, verificar se
nas demonstrações contábeis existe alguma evidência de fraude ou erro.
financeira
3.2.6.3 Gerência
TÓPICO 1 | APRESENTANDO FINANÇAS NAS EMPRESAS

Encarregada dos pagamentos e recebimentos, subordinada à Diretoria


Financeira. Manterá estreita relação com os setores de extrema: Administração,
Auditoria e outros, dependendo da estrutura da empresa.

Veja, a seguir, a estrutura organizacional, conforme conceituação anterior.

FIGURA 1 – ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

Diretor Financeiro

Auditor

Financeiro Contador
FONTE: O autor

Você deve ter observado que o auditor é subordinado direto ao diretor


financeiro, ou seja, ele está acima do financeiro e do contador, e, por último,
esses dois estão numa mesma linha hierárquica.

3.2.6.4 Contabilidade
Órgão encarregado da parte contábil da empresa, executando-a através
de controles técnicos onde ficam retratados todos os movimentos financeiros da
atividade.

o registrar todos os eventos contábeis que ocorrem dentro de uma organização. O papel da auditoria será de veriflcar se o que foi deflni
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3.2.7 Relações da administração financeira com a


contabilidade
O fato de o administrador financeiro utilizar em suas análises
informações extraídas de demonstrativos contábeis torna muito comum o
equívoco de considerar que a administração financeira tem o mesmo campo de
atuação da contabilidade.

A contabilidade tem como finalidade registrar os fenômenos que afetam


as situações patrimoniais, financeiras e econômicas das empresas, e para este
propósito adota o REGIME DE COMPETÊNCIA.

Groppelli e Nikbakht (2005, p. 13) são enfáticos quando afirmam:

Administradores financeiros empregam os contadores para preparar


os demonstrativos financeiros que fornecem informações sobre
a lucratividade – Demonstrativo do Resultado do Exercício – e
sobre a posição financeira da empresa – Balanço Patrimonial. Já o
Demonstrativo de Fluxo de Caixa é um relatório que fornece uma
análise detalhada da maneira como o caixa foi gerado e indica como
foi utilizado na condução de cada fase do negócio. Como
consequência, esse demonstrativo fornece outra ferramenta
importante para os administradores que procuram controlar e
entender os fatores externos e as políticas internas que influenciam os
fluxos de caixa da empresa.

Você observou que ficou evidente, no texto acima, que não é função do
administrador financeiro elaborar relatórios contábeis, porém ele deverá saber
interpretar essa ferramenta para traçar uma expectativa futura da organização.

3.2.7.1 Regime de competência


O regime de competência reconhece as receitas no momento da venda e
as despesas quando elas ocorrem.

Já a administração financeira tem como funções básicas: o planejamento,


o controle de entrada e saída de dinheiro, ou seja, os recursos necessários ao
funcionamento das empresas. Para isso, adota o regime de caixa.

3.2.7.2 Regime de caixa


O regime de caixa reconhece as receitas e as despesas somente quando
acontecem as entradas e saídas de caixa (dinheiro).
TÓPICO 1 | APRESENTANDO FINANÇAS NAS EMPRESAS

O administrador financeiro deve, portanto, utilizar os demonstrativos


contábeis que são as principais fontes de informação da empresa, porém com a
preocupação de analisá-los sob o ponto de vista do fluxo de caixa.

me de competência registra no período em que ocorre o evento, já o regime de caixa só vai registrar se estiver entrando ou saindo dinh

3.2.8 Relações da administração financeira com a


economia
Em decorrência de que a teoria financeira é derivada da teoria
econômica, finanças e economia estão estreitamente relacionadas.

O administrador financeiro deve, portanto, usar os princípios da economia


para nortear suas decisões. Ele precisa conhecer a teoria de preços, os aspectos
envolvidos na oferta e demanda e outros conceitos que possam auxiliá-lo a
gerenciar as finanças da empresa de forma eficaz. Além disso, deve estar atento
a todas as mudanças ocorridas na conjuntura econômica e que possam afetar de
alguma forma as atividades da empresa.

O princípio econômico de fundamental importância do qual se vale o


administrador financeiro para a tomada da maioria das decisões é o princípio da
análise marginal, que consiste no estudo dos custos e benefícios adicionais
gerados por uma determinada escolha de investimento.

Um projeto de investimento somente será viável economicamente


quando a soma dos benefícios marginais gerados for maior que a soma dos
custos marginais ocorridos quando da implantação do projeto. Ou seja, quando
a empresa ganha ou perde, quando faz a opção por uma determinada situação
em detrimento de outra.

3.2.8.1 Análise marginal


O agente financeiro deverá estar atento às atividades econômicas que
estão ocorrendo, principalmente no segmento no qual está inserido. As
organizações estão expostas a riscos, internos e externos. Os riscos internos são
controláveis, mas os riscos externos são incontroláveis.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS NAS EMPRESAS

3.2.8.2 Aparelho circulatório do dinheiro


A circulação dos recursos financeiros, ou seja, dinheiro, dentro de uma
organização, no ativo e no passivo é chamada de giro.

O passivo indica a origem dos recursos, que poderão ser fontes de curto
ou longo prazo.

O ativo vai nos dizer onde esses recursos foram alocados, que poderá ser
no ativo circulante ou no ativo circulante.

A ação de circular compreende o ato de comprar e vender.

3.2.8.3 Organização do movimento de fundos


O departamento financeiro cuida dos movimentos do dinheiro.

Quem pretende possuir uma organização financeira inicia por dar forma
a esse serviço.

São funções do tesoureiro:

• Movimento do dinheiro.
• Manejo do crédito.
• Planejamento financeiro.
• Assinatura em títulos financeiros, cheques, contratos, etc.
• Custódia de fundos e documentos de valores.
• O caixa é composto de recebimentos e pagamentos.
• Todo pagamento e recebimento deve ter comprovação.
• A movimentação pelos bancos oferece maiores garantias.
• Os cheques devem ser emitidos com garantias.
• Todo cheque pago pelo caixa deve ser nominal.
• Pagamentos pelo caixa, somente pequenos valores.
• O numerário requisitado necessita de controle contábil.
• Não se deve admitir pagamento de vales pelo caixa.
• Proibido descontar cheques de terceiros no caixa.
• O caixa deve ter horários preestabelecidos.

3.2.8.4 Organização dos serviços de obtenção de


recursos
Este planejamento é muito importante, pois será vital para a
perpetuidade da empresa. É importante determinar a origem de recursos de
forma quantitativa e qualitativa, ou seja, valores e os custos envolvidos.
TÓPICO 1 | APRESENTANDO FINANÇAS NAS EMPRESAS

3.2.8.4.1 Recursos próprios


Recursos próprios pertencem aos sócios e acionistas, podem abranger os
seguintes assuntos:

• Subscrição de ações e integralização.


• Transferência de ações.
• Dividendos e desdobramentos de ações.

3.2.8.4.2 Recursos de terceiros


Também conhecidos como recursos alheios.

Para manter ativa a confiabilidade dos negócios entre a empresa e as


instituições financeiras é necessário:

a) Controlar o saldo das contas bancárias, independentemente dos registros


contábeis.
b) Controlar o movimento dos títulos com os bancos, de modo a saber sempre o
que cada banco possui em cobrança, em caução ou descontado.
c) Realizar com segurança o pagamento das obrigações.

3.2.9 Balanço patrimonial


Consiste na simples relação dos recursos da firma, tais como: caixa, valores
a receber, estoques, máquinas e equipamentos de um lado, e direitos sobre estes
ativos, de outro lado, que compreende somas, dívidas a credores, investimentos
da empresa.

3.2.10 Demonstração do resultado do exercício


Esta demonstração visa avaliar as modificações ocorridas no saldo da
conta de lucros ou prejuízos acumulados, defrontando dois exercícios.

Exemplo: Saldo inicial de lucros ou prejuízos acumulados.

A seguir você observará, conforme a legislação (Lei n◦ 6.404/76) das


sociedades anônimas, a estrutura de demonstrativo de resultado.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS NAS EMPRESAS

DEMONSTRATIVO DO RESULTADO DO

EXERCÍCIO RECEITA BRUTA


(-) DEDUÇÕES DE VENDAS – ICMS, ISS, IR, DEVOLUÇÕES DE VENDAS,
VENDAS CANCELADAS
= RECEITA
LÍQUIDA (-) CMV
= LUCRO BRUTO
(-) DESPESAS OPERACIONAIS
(+) RECEITAS
OPERACIONAIS (-)
DEPRECIAÇÃO
= LUCRO OPERACIONAL
(-) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS
(+) RECEITAS NÃO OPERACIONAIS
(+/-) RESULTADO CORREÇÃO MONETÁRIA
= LUCRO DO EXERCÍCIO ANTES DO
IR (-) PROVISÃO PARA IR
= LUCRO DO EXERCÍCIO APÓS
IR (-) PARTIPAÇÕES
ESTATUTÁRIAS
(-) CONTRIBUIÇÕES A FUNDOS OU INSTITUIÇÕES DE PREVIDÊNCIA E
ASSISTÊNCIA A EMPREGADOS
= LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO R$ POR AÇÃO DO CAPITAL SOCIAL

3.2.11 Demonstrativo de fluxo de caixa


O demonstrativo de fluxo de caixa é o principal instrumento de controle
do gestor financeiro, que organiza os pagamentos e recebimentos de tal forma
que não ocorra desencaixe, levando muitas vezes as empresas a processo de
insolvência. Diferentemente das ferramentas de controle apresentadas, o fluxo
de caixa projeta do presente para o futuro. Embora matematicamente seja
simples de elaborar, pois envolve operações algébricas de subtração e adição,
sua complexidade maior está em adequar o ciclo financeiro, ocasionando a
falência.

Silva (2005, p.11) diz que:

Fluxo de caixa é o principal instrumento da gestão financeira, que


planeja, controla e analisa as receitas e os investimentos,
considerando determinado período projetado. Pode-se também dizer
que consiste numa representação gráfica e cronológica de
entradas e saídas de recursos monetários, o que permite às
empresas executar suas programações financeiras e operacionais
projetadas para certo período de tempo.

Ainda Silva (2005, p. 11) esclarece que:


O caixa de uma empresa gera lucro quando há disponibilidade de
recursos para aplicação, que consequentemente receberá juros. Do
mesmo modo, se não houver caixa, isso impactará no resultado,
TÓPICO 1 | APRESENTANDO FINANÇAS NAS EMPRESAS

porque a empresa utilizará recursos de terceiros, pagando juros


pela captação, para fazer frente aos compromissos assumidos, o que
tornará o resultado menor.

O orçamento de caixa é empregado para proteger as necessidades


financeiras, identificar saldos excessivos de caixa e para fazer ressaltar pontos
críticos que eventualmente possam surgir nos fluxos de entrada e saída de caixa.

O fluxo de caixa é a previsão de entradas e saídas de recursos monetários,


por um determinado período. Essa previsão deve ser feita com base nos
dados levantados nas projeções econômico-financeiras atuais da empresa,
porém levando em consideração a memória de dados que respaldará essa
mesma previsão. O principal objetivo dessa previsão é fornecer informações
para a tomada de decisões, tais como: prognosticar as necessidades de
captação de recursos; aplicar os excedentes de caixa nas alternativas mais
rentáveis para a empresa sem comprometer a liquidez.

Resumidamente, podemos afirmar que o FLUXO DE CAIXA é a


demonstração visual das receitas e despesas distribuídas pela linha do tempo
futuro.

Para a montagem da projeção do fluxo de caixa devemos considerar os


seguintes dados:

Entradas
a) Contas a receber
b) Empréstimos
c) Dinheiro dos sócios

Saídas
a) Contas a pagar
b) Despesas gerais de administração
c) Pagamento de empréstimos
d) Compras à vista

O fluxo de caixa é considerado um dos principais instrumentos de


análise e avaliação de uma empresa, proporcionando ao administrador uma
visão futura dos recursos financeiros, integrando o caixa central às contas
correntes em bancos, contas de aplicações, receitas, despesas e as previsões.

FONTE: Disponível em: <http://www.ivansantos.com.br/fluxo.htm>. Acesso em: 13 set. 2012.

Observe a seguir alguns importantes fatores a serem observados quando


da elaboração do fluxo de caixa:

• Faturar prontamente.
• Criar incentivos para que o cliente pague mais rápido.
• Evitar clientes inadimplentes.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS NAS EMPRESAS

• Permutar produtos e serviços.


• Organizar os estoques.

Existem fatores internos e externos que afetam o fluxo de caixa, o que


ocasiona diferenças acentuadas entre o previsto e o realizado,
comprometendo a eficácia do sistema, bem como a sua liquidez.

Vejamos primeiro os fatores internos:

• aumento no prazo de vendas concedido como uma maneira de aumentar a


competitividade ou a participação no mercado;
• compras que não estão em linhas com projeções de vendas;
• diferenças representativas nos prazos médios de recebimento e pagamento;
• ciclos de produção muito longos, que não estão em consonância com o
prazo médio dado pelos fornecedores;
• política salarial incompatível com as receitas e demais despesas operacionais;
• pequena ocupação do ativo fixo;
• distribuição de lucros incompatíveis com a capacidade de geração de caixa;
• custos financeiros altos originários do nível de endividamento.

Fatores externos:

• diminuição das vendas em decorrência de retração do mercado;


• novos concorrentes;
• mudanças na alíquota de impostos;
• aumento do nível de inadimplência.

FONTE: Disponível em: <http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/k211261.pdf>.


Acesso em: 13 set. 2012.

O quadro a seguir dá uma visão sobre a gestão de valor dentro de uma


empresa. Enquanto a DRE visa resultado econômico, o DFC visa à liquidez, ou
seja, pagar e receber à vista.

QUADRO 2 – VISÃO DA GESTÃO DE VALOR DENTRO DA EMPRESA

Demonstração de resultado Demonstração de resultado


Visão contador (competência) Visão financeiro (caixa)
RECEITA/DESPESA ENTRADA/SAÍDA
Recebimentos Recebimentos
a prazo/à vista somente à vista

Pagamentos Pagamentos
a prazo/à vista somente à vista
LUCRO/PREJUÍZO POSITIVO/NEGATIVO
FONTE: O autor
TÓPICO 1 | APRESENTANDO FINANÇAS NAS EMPRESAS

onstrações contábeis, para isto existe a contabilidade, porém o proflssional de flnanças deverá saber interpretar e analisar os dados forn

Sugestão para previsão do fluxo de caixa

DIA, SEMANA OU MÊS


QUADRO 3 – MODELO DO FLUXO DE CAIXA

MÊS DIA, SEMANA OU

TOTAL
DIA, SEMANA OU MÊS
DESCRIÇÃO

I) ITENS OPERACIONAIS
A. Entradas
- Venda à vista
- Recebimento de duplicatas
- Desconto de duplicatas
B. Total das entradas operacionais
C. Saídas
- Compras
- Pagamento de duplicatas
- Pagamento de contratos de serviços
- Pagamento de pessoal
- Recolhimento de impostos
- Recolhimento de encargos sociais
- Outros (aluguéis, materiais diversos).
D. Total de saídas operacionais
E. Fluxo de saídas operacionais
(B-D)
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II) ITENS NÃO OPERACIONAIS


F. Entradas
- Empréstimos obtidos
- Venda de ativos fixos
- Outros (venda de título, etc).
G. Total das entradas não operacionais
H. Saídas
- Amortização de empréstimos
- Compra de ativos fixos
- Outros (Juro, etc).
I.. Total das saídas não oper.
J.. Fluxo líquido não oper.
(G-I)

III) FLUXO LÍQUIDO GERAL


(E + J)

IV)SALDO INICIAL

V)SALDO FINAL (III + IV)

FONTE: Mariotto (2007)


TÓPICO 1 | APRESENTANDO FINANÇAS NAS EMPRESAS

LEITURA COMPLEMENTAR

A CONTABILIDADE E A GESTÃO FINANCEIRA DAS EMPRESAS

Geovani Quevedo Maciel *

Um dos grandes desafios para qualquer empresa, independente do


tamanho, segmento, grupo econômico ou espaço geográfico de atuação,
corresponde à obtenção de lucratividade na medida adequada à manutenção de
suas atividades operacionais, geração de recursos suficientes para pagamento
dos seus compromissos e suporte às estratégias de crescimento.

Independentemente do porte de cada organização, é necessário que as


empresas desenvolvam controles financeiros adequados às suas necessidades,
os quais devem fornecer aos seus gestores as informações mínimas necessárias
para a mensuração dos resultados e avaliação das metas financeiras
estabelecidas pela administração da companhia.

Diante deste contexto de controle, avaliação de desempenho e gestão


financeira, a Contabilidade constitui-se no principal meio de mensuração e
avaliação de resultados. Por meio de demonstrações contábeis, os gestores de
uma companhia conseguem obter um conjunto de informações capaz de auxiliá-
los na avaliação do desempenho financeiro de suas organizações.

Dentre estas demonstrações, destacam-se: (i) Balanço Patrimonial; (ii)


Demonstração do Resultado do Exercício e (iii) Demonstração do Fluxo de
Caixa.igos (novembro de 2006).

Quando uma organização inicia sua operação, os primeiros registros


financeiros de seu nascimento são contemplados no Balanço Patrimonial, por
meio da constituição formal da empresa mediante capital social inicial com
recursos ingressando no caixa ou outros ativos. É de extrema importância, nesta
fase, o correto dimensionamento do capital de giro necessário para suportar os
primeiros meses de operação, especialmente se a empresa atuar num segmento
extremamente concorrido, tendo de conquistar sua participação de mercado.

Segundo Iudícibus (1998, p. 29), o Balanço Patrimonial corresponde a


um dos mais importantes demonstrativos contábeis, destinado a demonstrar a
situação patrimonial e financeira de uma entidade em determinado período.

Na medida em que as empresas vão desempenhando suas atividades


operacionais (compras e vendas), são geradas receitas, seja mediante vendas à
vista ou a prazo, com a apuração dos respectivos custos de
fabricação/comercialização e com a consequente alocação das despesas
operacionais. Estas operações são refletidas, por competência, na Demonstração do
Resultado do Exercício, podendo gerar entradas e saídas na Demonstração do
Fluxo de Caixa no momento de sua ocorrência, dependendo da condição
comercial de recebimento e pagamento.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS NAS EMPRESAS

A Demonstração do Resultado do Exercício corresponde a um


demonstrativo contábil elaborado de forma escalonada, que objetiva evidenciar
o resultado apurado pela empresa (lucro ou prejuízo) em determinado período.
Esta demonstração, quando elaborada simultaneamente com o Balanço
Patrimonial, constituem-se em importantes e sucintos relatórios das operações
realizadas pela empresa durante determinado período.

Pela Demonstração do Resultado do Exercício podemos também avaliar


a rentabilidade de uma empresa, sendo que caso esta esteja operando em
situação deficitária (prejuízo), são necessárias ações imediatas por parte dos
gestores da companhia, no sentido de reavaliar sua estratégia de precificação e
mix de vendas, bem como rever sua estrutura de custos e despesas, objetivando
adequá- la à realidade do mercado. Quanto à execução das ações necessárias
durante este processo de reavaliação de estratégias de vendas e gastos,
normalmente identificamos dois tipos de organizações:

(a) aquelas que reagem com agilidade, identificando e corrigindo estratégias


comerciais equivocadas ou atuando na redução de gastos desnecessários e
identificação de oportunidades de melhorias em processos; e
(b) organizações que simplesmente não acreditam que algo de errado possa
estar acontecendo e não adotam medidas ágeis que possibilitem colocar a
empresa em trajetória de lucratividade.

Já a Demonstração do Fluxo de Caixa é uma demonstração financeira


destinada a fornecer informações relevantes sobre os pagamentos e
recebimentos, em dinheiro, ocorridos durante determinado período (Iudícibus,
Martins, Gelbcke, 2000, p. 351). A referida demonstração possui ainda dois
métodos de apresentação, que correspondem a:

(a) direto: apresenta entradas e saídas de recursos dos principais componentes


das atividades operacionais; e
(b) indireto: que apresenta uma conciliação entre o resultado do exercício e o
caixa gerado pelas operações da empresa.

Tradicionalmente, empresas com prejuízos constantes tendem a


apresentar sérios problemas de escassez de recursos no curto prazo,
especialmente se não possuírem volume de caixa inicial suficiente (capital de
giro) para suportar períodos de sucessivas perdas. Caso a empresa não possua
um “estoque de recursos”, seus proprietários ou acionistas deverão aportar
capital ou a empresa deverá recorrer à obtenção de empréstimos e
financiamentos bancários para equilibrar seu déficit financeiro. É também de
extrema importância destacar que, apesar de a empresa ter apurado bons
volumes de lucro, é necessária uma adequada administração das políticas de
crédito e cobrança, de forma a garantir o ingresso dos recursos nos prazos
acordados com os clientes, especialmente no caso de grandes volumes de
vendas a prazo (prática comum para a maioria das empresas).
TÓPICO 1 | APRESENTANDO FINANÇAS NAS EMPRESAS

Cumpre destacar que as demonstrações Balanço Patrimonial e


Demonstração do Resultado do Exercício são elaboradas em atendimento aos
Princípios Fundamentais de Contabilidade, observando o regime de
competência de exercícios (receitas e despesas devem ser consideradas na
apuração do resultado do período em que ocorreram, independentemente de
seu recebimento ou pagamento) e na forma da legislação/doutrina vigente, ao
passo que a Demonstração do Fluxo de Caixa (Modelo Direto) atende ao regime
de caixa (entrada e saída de recursos).

Na prática, podemos constatar que uma parcela considerável de


pequenos empresários, donos ou gestores de empresas, desconhece a
importância da gestão financeira mediante utilização e análise das
Demonstrações Contábeis, especialmente do Balanço Patrimonial e
Demonstração do Resultado do Exercício. Estas demonstrações, além de
representarem importante instrumento de gestão financeira e de mensuração do
desempenho empresarial, correspondem a um dos principais instrumentos de
interação com o mercado fornecedor de capital (investidores, instituições
financeiras, mercado de capitais, etc.), sendo sua adequada elaboração
importante à obtenção de financiamento para operações, seja de capital de giro,
investimento em ativo imobilizado ou aquisições de outras empresas.

Existe ainda uma parcela significativa de pequenos e inexperientes


empreendedores que levam seus projetos empresariais à falência, pelo fato
de não conhecerem alguns princípios fundamentais de Contabilidade e de
gestão financeira, de vital importância para a sustentabilidade de qualquer
empreendimento.

Diante desse contexto, os profissionais de Contabilidade podem e


devem desempenhar um importante papel no meio empresarial, contribuindo
diretamente para a educação contábil/financeira dos empreendedores
brasileiros, pois não existe dúvida de que estes profissionais possuem
competência e conhecimento capaz na gestão financeira das empresas, uma vez
que detêm o conhecimento capaz de identificar que uma empresa com
sucessivos prejuízos (evidenciados pela Demonstração do Resultado do
Exercício), com escassez de caixa (evidenciada pela Demonstração do Fluxo de
Caixa), com elevado volume de endividamento de curto prazo e capital de giro
negativo (evidenciado por meio do Balanço Patrimonial), não terá condições de
sobreviver e prosperar num cenário extremamente competitivo e globalizado.

* Contador – CRCRS nº 53.792, Professor de Contabilidade e


Administração Financeira – FARGS – Faculdades Rio-Grandenses. Gerente
financeiro, controller e analista financeiro, com atuação em empresas de
pequeno, médio e grande porte, nacionais e multinacionais.

FONTE: CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL. Princípios


Fundamentais de Contabilidade e Normas Brasileiras de Contabilidade. Porto Alegre: CRCRS, 2006.
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você viu que:

• Agora que está dentro do mundo das finanças, seu papel principal será de
dar um retorno à expectativa do acionista, ou seja, agregar valor ao capital
daqueles que se expõem ao risco, sejam eles grandes ou pequenos
investidores, mas que têm o gosto comum pelo risco.

• Você recebeu um conhecimento conceitual sobre o mundo das finanças, áreas


de oportunidade, funções e objetivos.

• Conheceu as atividades empresariais, as relações com outras áreas do


conhecimento, especificamente contabilidade e economia. Teve um contato
com as principais ferramentas de controle de risco, que são: Demonstrativo
do Fluxo de Caixa, Demonstrativo de Resultado do Exercício e Balanço
Patrimonial.
AUTOATIVIDADE

1 Defina finanças.

2 Descreva como estão classificadas as atividades empresariais, com suas


principais características.

3 Qual é a função da administração financeira?

4 Cite duas funções do administrador financeiro.

5 Qual é o objetivo econômico das empresas?

6 Qual é a relação da administração financeira com a contabilidade?

7 Qual é a relação da administração financeira com a economia?

8 Quais são as atividades empresariais relacionadas às finanças?

9 Qual é a estrutura organizacional da administração financeira dentro de


uma empresa de médio e grande porte?

10 Diferencie recursos próprios de recursos de terceiros.

as em uma empresa. Classifique as atividades a seguir relacionadas em: Operacional ( O ), Investimento ( I ) e Financ

venda () Compra de material de consumo

acabados () Recebimento de duplicatas


ção () Compra de máquinas

izada

12 Qual é a diferença entre regime de caixa e regime de competência?

13 O que é análise marginal?

14 O que é o aparelho circulatório do dinheiro?

15 O que é a organização dos movimentos de fundo?


UNIDADE 1 TÓPICO 2

ESTRUTURA DE CAPITAL

1 INTRODUÇÃO
A estrutura de capital de uma organização é formada por capital próprio
e capital de terceiros, necessários para a perpetuidade do empreendimento,
independente da área de atuação, ou seja, com ou sem finalidades lucrativas.

Segundo Groppelli e Nikbakht (2005, p. 189):

A estrutura de capital é a composição do financiamento de uma


empresa. Relacionada do lado direito do balanço patrimonial, ela
indica as principais fontes de fundos externos obtidos por meio de
financiamento. A estrutura de capital da empresa consiste em
dívidas de longo prazo, em ações preferenciais e ordinárias.

De acordo com a citação acima, os autores se referem somente a capital


próprio, mas também existem as fontes de recursos originados de terceiros, que
são os bancos.

Ross et al. (2002, p. 25) descrevem que:

Os esquemas de financiamento determinam de que maneira é repartido


o valor da empresa. As pessoas ou instituições que compram títulos de dívida
da empresa são chamadas de credores. Os titulares de direitos de propriedade
são chamados de acionistas.

Às vezes, vale a pena imaginar a empresa como uma pizza. Inicialmente,


o tamanho da pizza dependerá da qualidade de suas decisões de investimento.
As decisões de investimento determinarão o valor de seus ativos (por exemplo,
prédios, terrenos e estoques).

Em seguida, a empresa poderá determinar sua estrutura de capital.


Inicialmente, poderia ter obtido recursos para investir em ativos, recorrendo
mais a capital de terceiros do que a capital próprio; agora, talvez possa
considerar a modificação dessa estrutura, emitindo mais ações, usando o
dinheiro assim obtido para resgatar parte de suas dívidas. Decisões de
financiamento como essas podem ser tomadas independentemente das decisões
originais de investimento. As decisões de obtenção de capital de terceiros e
capital próprio determinam como a pizza é repartida.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS NAS EMPRESAS

Você observou, na citação de Ross, que o autor é claro quando descreve


que a estrutura de capital poderá variar a todo instante, conforme as
necessidades da empresa.

Veja a seguir, o modelo de balanço patrimonial.

FIGURA 2 – MODELO DE BALANÇO PATRIMONIAL

Capital de giro líquido Passivos circulantes

Ativos circulantes

Dívidas de longo prazo

Ativos
Permanentes
-tangíveis
-intangíveis Patrimônio
dos acionistas

Valor total dos ativos Valor total da empresa para os investidores


FONTE: Ross et al. (2002)

2 CUSTO DE CAPITAL
Denomina-se custo de capital a exigência mínima por parte dos
acionistas que são os detentores do capital próprio, somada à exigência dos
donos do capital alheio, ou de terceiros, que são os agentes financeiros. Logo os
recursos são alocados no ativo, do qual vai se exigir uma taxa mínima de
atratividade, que seria o ponto de equilíbrio, ou seja, o mínimo de retorno
necessário para remunerar os credores e acionistas.

Salientamos que é muito importante, por ocasião da formação da


estrutura de capital de uma organização, o empreendedor mensurar o custo do
capital próprio conjuntamente com o capital de terceiros, para saber o retorno
do investimento, ou seja, a taxa de retorno.

Assaf Neto (2005, p. 361) evidencia que:

O custo de capital de uma empresa reflete, em essência, a


remuneração mínima exigida pelos proprietários de suas fontes de
recursos (credores e acionistas). É utilizado como taxa mínima de
atratividade das decisões de investimentos, indicando criação de
riqueza econômica
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DE CAPITAL

quando o retorno operacional auferido superar a taxa requerida de


retorno determinada pela alocação de capital. Esse é o critério básico
de aceitação de uma proposta de investimento, conforme discutido
em capítulos anteriores, o qual leva ao incremento do valor de
mercado da empresa e, em consequência, da riqueza de seus
acionistas.

2.1 CUSTO DE CAPITAL PRÓPRIO


Denominamos custo de capital próprio a expectativa de retorno por
parte do acionista, por ocasião de um investimento.

Segundo Assaf Neto (2005, p. 364), “[...] é o retorno desejado pelos


acionistas de uma empresa em suas decisões de aplicação de capital próprio”.

2.2 CUSTO DE CAPITAL DE TERCEIROS


O custo do capital de terceiros é a remuneração exigida pelos
fornecedores de empréstimos e financiamentos, recursos estes que,
conjuntamente com o capital próprio, serão alocados no ativo. É importante
lembrar que sua remuneração é contratual, ou seja, é exigida em contrato
prévio, portanto, se a empresa der uma rentabilidade acima das expectativas, o
agente financeiro se contentará com o que foi previamente contratado.

Ainda Assaf Neto (2005, p. 362) diz: “O custo do capital de terceiros é


definido de acordo com os passivos onerosos identificados nos empréstimos e
financiamentos mantidos pela empresa”.

2.3 CUSTO DE OPORTUNIDADE


A bibliografia na área de finanças é vasta, você encontrara outras
nomeclaturas, como, por exemplo, taxa mínima de atratividade, ou TMA,
referenciando custo de oportunidade. Custo de oportunidade é quando um
investidor está analisando a viabilidade de investimento em mais de um projeto,
e ele terá que escolher um. Nesse momento, quando ele abandona uma
alternativa e investe na outra, este abandono de rentabilidade será a sua TMA.

Segundo Lapponi (1996, p. 15):

O investidor tem mais de uma alternativa ou oportunidade de


investir seu capital. Toda vez que ele decide por uma alternativa
de investimento, deixa de lado outras alternativas, renunciando,
portanto, ao lucro que teria recebido com uma dessas alternativas.
Esse é o custo de oportunidade, cujo valor é definido pelo custo da
melhor alternativa rejeitada, mantendo o mesmo nível de risco do
investimento.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS NAS EMPRESAS

Para Assaf Neto (2005, p. 171):

Um custo de oportunidade retrata quanto uma pessoa (empresa)


sacrificou de remuneração por ter tomado a decisão de aplicar
seus recursos em determinado investimento alternativo, de risco
semelhante. Por exemplo, uma empresa, ao avaliar um projeto de
investimento, deve considerar como custo de oportunidade a taxa de
retorno que deixa de receber por não ter aplicado os recursos em
outra alternativa possível de investimento.
O custo de oportunidade não é um conceito de valor absoluto, mas
apurado mediante a comparação do retorno esperado de uma
decisão com o que seria obtido de uma melhor proposta de
investimento, alternativa rejeitada.

Você observou que os dois autores citados acima descrevem


similarmente sobre o conceito de custo de oportunidade.

3 CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL - CMPC


O custo de capital é a taxa de juros requerida pela empresa de forma que
consiga satisfazer os seus fornecedores de capital (capital próprio e capital de
terceiros).

É considerado médio, porque faz-se o somatório das fontes de


financiamento de capital próprio e de terceiros, dividindo pelo total do capital
que foi alocado na empresa.

É considerado ponderado, porque cada capital tem um peso, ou seja,


custo específico.

3.1 CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL BRUTO


No custo médio ponderado de capital bruto não incide o percentual de
Imposto de Renda sobre o capital de terceiros.

Fórmula:

CMPC = (CP x CCP) + (CT x CCT)


Total de capitais

Onde: CP → capital próprio


CCP → custo do capital próprio
CT → capital de terceiros
CCT → custo de capital de terceiros
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DE CAPITAL

Para a resolução dos cálculos de CMPC bruto e líquido, você pode simpliflcar o numerador e o denominador da equação dividindo po

3.1.2 Cálculo do CMPC – BRUTO


Capital próprio = $ 10.000,00 com um custo de 10% ao ano
Capital de terceiros = $ 15.000,00 com um custo de 15% ao ano

CMPC(B) = (10 x 0,10) + (15 x 0,15)


25
CMPC(B) = (1) + (2,25)
25
CMPC(B) = 3,25
25
CMPC(B) = 0,13 => 0,13 x 100 = 13% a.a.

3.2 CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL LÍQUIDO


O custo médio ponderado de capital líquido considera a mesma base de
cálculo do bruto, porém, sobre o capital de terceiros incide a alíquota de
Imposto de Renda.

Fórmula:
CMPC = [(CP x CCP) + (CT x CCT)] x (1 – Alíquota IR)
Total de capitais
Onde: CP → capital próprio
CCP → custo do capital próprio
CT → capital de terceiros
CCT → custo de capital de terceiros
IR → Imposto de Renda

Para calcular o custo médio ponderado de capital líquido, o Imposto de Renda incidirá somente sobre o capital de terceiros.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS NAS EMPRESAS

3.2.1 Cálculo do CMPC – LÍQUIDO


Capital próprio = $ 10.000,00 com um custo de 10% ao ano
Capital de terceiros = $ 15.000,00 com um custo de 15% ao ano
Imposto de Renda = 30%

ar atento, o benefício flscal é somente sobre o capital de terceiros, para aquelas empresas que adotarem o sistema de tributação p

CMPC = [(CP x CCP) + (CT x CCT)] x (1 – IR)


Total de capitais
CMPC = [(10 x 0,10) + (15 x 0,15)] x (1 – 0,30)
25
CMPC = [(1) + (2,25)] x (0,70)
25
CMPC = [3,25] x (0,7)
25
CMPC = 2,275
25
CMPC = 0,091 => 0,091 x 100 = 9,10%

a fórmula, poderá deixar em forma percentual. Logo, no resultado não será necessário multiplicar por 100. Porém a alíquota do Impost
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DE CAPITAL

LEITURA COMPLEMENTAR

JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO

Introduzido pela Lei nº 9249/95 e alterações da Lei nº 9430/96, faculta


às empresas deduzir da base de cálculo do imposto sobre a renda, a título de
remuneração do capital próprio, os juros pagos ou creditados a titular, sócio ou
acionista, limitados à Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). De acordo com a
referida legislação e normas da RFB, o valor deve ser debitado ao resultado do
exercício como despesa financeira em contrapartida à conta do Exigível (direito
do sócio/acionista).

Cabe mencionar que o registro desses juros como despesa (determinado


pela RFB) prejudica a comparabilidade das demonstrações contábeis, bem como
a forma de considerá-lo na totalidade. De acordo com o conceito de capital
social segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e
Financeiras, FEA/USP - FIPECAFI – Manual de Contabilidade das Sociedades
por Ações (Sétima Edição, pg. 313), o investimento efetuado na companhia pelos
acionistas é representado pelo Capital Social. Este abrange não só as parcelas
entregues pelos acionistas, como também os valores obtidos pela sociedade e
que, por decisões dos proprietários, se incorporam ao Capital Social,
representando uma espécie de renúncia à sua distribuição na forma de dinheiro
ou de outros bens. Trata-se o Capital Social, na verdade, de uma figura mais
jurídica que econômica, já que, do ponto de vista econômico, também os lucros
não distribuídos, mesmo que ainda na forma de reservas, representam uma
espécie de investimento dos acionistas. Sua incorporação ao Capital Social é
uma formalização em que os proprietários renunciam à sua distribuição; é
como se os acionistas recebessem essas reservas e as reinvestissem na
sociedade. Mesmo essa renúncia é também relativa, já que existe a possibilidade
da devolução do capital aos acionistas. Com o advento da Lei nº 9.249/95, o
Governo Federal, em linha com o programa de desindexação da economia
brasileira, extinguiu toda e qualquer sistemática de correção monetária de
demonstrações contábeis, inclusive para fins societários. Com a adoção dessa
medida, o governo teria que criar um dispositivo na lei que remunerasse o
acionista e/ou investidor, sem aumentar a carga tributária das empresas. Então
foi instituída na lei a denominação de remuneração do capital investido pela
pessoa física ou jurídica dos Juros sobre o Capital Próprio (JSCP). As pessoas
jurídicas tributadas pelo lucro real, observado o regime de competência, que
remunerarem pessoas físicas ou jurídicas a títulos de juros sobre o capital
próprio, podem considerar tais valores como dedutíveis, desde que observem as
condições fixadas na legislação vigente; tais juros pagos ou creditados
individualmente serão calculados sobre as contas do patrimônio líquido e
limitados à variação, pro-rata dia, da taxa de juros de longo prazo – TJLP:
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS NAS EMPRESAS

a) 50% do lucro líquido do período de apuração antes da dedução desses juros,


após a dedução da contribuição social sobre o lucro líquido e antes da
provisão para o Imposto de Renda IRPJ;

b) 50% do somatório dos lucros acumulados e reservas de lucros.

FONTE: Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis Atuariais e Financeiras – FIPECAFI. Manual de


Contabilidade das Sociedades por ações. São Paulo: Editora Atlas, Sétima Edição.
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você conheceu:

• Como é formada a estrutura de capital de uma empresa, sua origem e sua


alocação.

• Aprendeu a distinguir capital próprio e capital de terceiros, e como calcular o


custo desses capitais. Portanto, você está preparado para fazer a
autoatividade na sequência.

Na resolução da autoatividade, utilizar conversão de taxas pelo sistema composto de capitalização.


AUTOATIVIDADE

Agora vamos aos exercícios práticos, que são muito importantes para
você assimilar o conteúdo.

1 Calcular o Custo Médio Ponderado de Capital - CMPC bruto


anual da empresa Santa Catarina, que possui a seguinte estrutura
de capital:

$ 900.000,00 de capitais próprios a um custo de 13% a. a.


$ 400.000,00 de capitais de terceiros a um custo de 22% a. a.

2 Calcular o CMPC bruto anual da empresa Só Malhas, que possui a


seguinte estrutura de capital:

$ 190.000,00 de capitais de terceiros a um custo de 13% a. a.


$ 120.000,00 de capitais próprios a um custo de 12,75% a. a.

3 Calcule o CMPC bruto e líquido anual do capital da empresa Cachaça


Pura, a partir dos seguintes dados:

Capital próprio $15.000,00, custo de 23% ao ano.


Capital de terceiros $16.000,00, custo de 15% ao semestre.
Alíquota do IR: 30%

4 A empresa Rio Verde comprou computadores no valor de R$ 500.000,00,


sendo que utilizou recursos próprios no valor de R$ 50.000,00 e financiou
o restante junto a um banco da nossa cidade. Considerando que o custo de
capital próprio é de 1,3% ao mês e o custo do financiamento é de 18% ao
ano, calcule o CMPC bruto ao ano.

5 Suponhamos que a empresa Aliança tome um empréstimo de


R$ 200.000,00 no Banco Azul a uma taxa de 17% ao semestre.
Calcule: a taxa de juros bruta e líquida, ao ano, considerando
uma alíquota de Imposto de Renda de 34%.

6 A empresa Brasil tomou um empréstimo de R$ 400.000,00 no Banco XYZ a


uma taxa de 4% ao mês. Calcule:

a) A taxa de juros bruta anual paga neste empréstimo.


b) A taxa de juros líquida, sabendo-se que as despesas financeiras possuem
benefício fiscal no Imposto de Renda de 30%.

7 A Cia Portos está analisando uma nova proposta de investimento, para isto
necessitará de capital de $ 500.000.000,00.
Para tal, pretende buscar recursos no exterior no valor de USD
100.000.000,00, sendo a uma taxa de conversão de $ 1,70, e juros de 2,5% a.
a., sobre a moeda nacional.
Também buscará junto ao BNDES um financiamento na ordem de $
250.000.000,00, a juros de 6% a.a., o restante do valor utilizará recursos
próprios, sendo que os acionistas estão exigindo retorno de 9% a.a.
Considerando um Imposto de Renda de 30%, calcule o custo médio
ponderado líquido da companhia.

8 Calcule o custo médio bruto e líquido conforme estrutura de capital a

seguir: Capital próprio= $ 100.000,00 a um custo de 9.00% a.a.


Capital de terceiros $ 400.000,00 a um custo de 6,00% a.a.
Imposto de Renda= 30%

9 Uma empresa adquiriu novos equipamentos no valor de $ 1.800.000, sendo


que utilizou recursos próprios no valor de $ 720.000 e financiou em um
banco o valor de $ 1.080.000. Considerando que o custo de capital próprio é
de 9% a.a., o custo do financiamento é de 6% a.a., e a alíquota do Imposto
de Renda é de 30%, calcular o CMPC bruto e líquido.

10Calcular o custo médio ponderado de capital (CMPC), bruto e líquido, de


uma empresa com a seguinte estrutura de capital:

- Total de capital: $ 2.500.000,00


- Capital próprio: 10%
- Capital de terceiros: 90%
- Custo do capital próprio: 9,00% a. a.
- Custo do capital de terceiros: 6,00% a. a.
- Alíquota de Imposto de Renda: 30%.
UNIDADE 1 TÓPICO 3

GESTÃO BASEADA EM VALOR

1 INTRODUÇÃO
A gestão baseada em valor consiste na ideia de maximizar o capital do
acionista, demostrando a ele o quanto está ganhando, ou seja, que a
rentabilidade do negócio superou a sua taxa mínima de atratividade.

Assaf Neto (2005, p. 170) narra que:

A gestão das empresas vem revelando importantes avanços em sua


forma de atuação, saindo de uma postura convencional de busca do
lucro e rentabilidade para um enfoque preferencialmente voltado à
riqueza dos acionistas.
No mundo globalizado torna-se cada vez mais difícil as organizações
viabilizarem economicamente seus investimentos por meio de
decisões direcionadas ao aumento dos preços e de participação no
mercado, conforme consagradas por longo tempo no passado. Os
consumidores em economias abertas sacrificam impiedosamente os
produtos caros, exigindo preços cada vez mais competitivos. O
crescimento da competitividade ainda costuma exigir vultuosos
investimentos para ganhos adicionais de market share, avaliados
muitas vezes como de difícil recuperação econômica.

2 A CONTABILIDADE E A GESTÃO FINANCEIRA


DAS EMPRESAS
Um dos grandes desafios para qualquer empresa, independente do
tamanho, segmento, grupo econômico ou espaço geográfico de atuação,
corresponde à obtenção de lucratividade na medida adequada à manutenção
de suas atividades operacionais, geração de recursos suficientes para
pagamento dos seus compromissos e suporte às estratégias de crescimento.

Independentemente do porte de cada organização, é necessário que as


empresas desenvolvam controles financeiros adequados às suas necessidades,
os quais devem fornecer aos seus gestores as informações mínimas
necessárias para a mensuração dos resultados e avaliação das metas financeiras
estabelecidas pela administração da companhia.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS NAS EMPRESAS

Diante deste contexto de controle, avaliação de desempenho e gestão


financeira, a Contabilidade constitui-se no principal meio de mensuração e
avaliação de resultados. Por meio de demonstrações contábeis, os gestores
de uma companhia conseguem obter um conjunto de informações capaz de
auxiliá-los na avaliação do desempenho financeiro de suas organizações.

Dentre estas demonstrações, destacam-se: (i) Balanço Patrimonial; (ii)


Demonstração do Resultado do Exercício e (iii) Demonstração do Fluxo de
Caixa.

FONTE: Disponível em: <http://www.facet.br/artigos/index.php?artigo=7>. Acesso em: 13 set.


2012.

3 CAPACIDADES DIFERENCIADORAS

De acordo com Assaf Neto (2005, p. 325):

Capacidades diferenciadoras são entendidas como estratégias adotadas


que permitem às empresas atuarem com um nível de diferenciação em relação
a seus concorrentes de mercado, assumindo uma vantagem competitiva e
maior agregação de valor a seus proprietários. O objetivo de uma capacidade
diferenciadora é permitir que a empresa apure um retorno esperado que exceda
ao custo de oportunidade do capital investido, elevando seu preço de mercado.
O desempenho verificado no passado não garante o sucesso no futuro. Uma
empresa somente demonstra continuidade se, por meio de estratégias
diferenciadoras, for capaz de executar uma gestão mais eficaz de seus negócios,
atuando com vantagem competitiva no mercado.

Um importante direcionador de valor das capacidades diferenciadoras é


a relação entre o valor de mercado e as receitas operacionais de vendas,
indicando o sucesso esperado no negócio em relação a seu volume de atividade.
Quanto maior se apresenta essa relação, mais otimista se evidencia o sucesso
esperado da empresa, movido principalmente pelas capacidades
diferenciadoras e estratégias financeiras implementadas. O direcionador é
importante ainda para análises comparativas do potencial de agregação de
riqueza entre diferentes empresas, ressaltando as oportunidades mais atraentes
do investimento.
TÓPICO 3 | GESTÃO BASEADA EM VALOR

QUADRO 4 – CAPACIDADES DIFERENCIADORAS E DIRECIONADORAS DE VALOR

CAPACIDADES OBJTIVO DIRECIONADORES


DIFERENCIADORAS ESTRATÉGICO DE VALOR

Conhecer a capacidade
Fidelidade dos clientes
de relacionamento da
Satisfação dos
empresa com o mercado
empregados
financeiro, fornecedores,
Relações de negócio Atendimento dos
clientes e empregados,
fornecedores
como fundamento
Alternativas de
diferenciador do sucesso
financiamento.
empresarial.
Necessidades dos
Ter a visão ampla da
clientes;
empresa, a sinergia do
Dimensão e potencial do
negócio. Visa ao
Conhecimento do mercado
efetivo conhecimento
negócio Ganhos de escala
de suas oportunidades
Ganhos de eficiência
e mais eficientes
operacionais.
estratégias de agregar
valor.
Preço de venda
Desenvolver o produto mais baixo
que o consumidor deseja Produtos com maior giro
Qualidade adquirir pelo preço que Medidas de redução de
se mostra disposto a custos
pagar. Satisfação dos clientes
com novos produtos.

Atuar com vantagem


Rapidez no atendimento
competitiva em
Redução na falta de
mercado de forte
estoques
concorrência, criando
Inovação Tempo de produção
alternativas inovadoras
Valor da marca
no atendimento,
Tempo de lançamento
distribuição, vendas,
de novos produtos.
produção etc.

FONTE: Assaf Neto (2005)


UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS NAS EMPRESAS

4 ESTRATÉGIAS FINANCEIRAS
Dentro da gestão em agregar valor ao acionista, a estratégia financeira é
evidenciada em três níveis de atividades, que são: operacionais, financiamentos
e investimentos.

A relação da criação de valor e as atividades operacionais dá-se quando


a empresa consegue girar mais rápido seus estoques, racionalizar mão de obra,
cortar despesas administrativas, e maior eficiência na distribuição dos produtos.

A criação de valor através de financiamento das atividades ocorre


quando há a substituição de recursos próprios pelos de terceiros, acontecendo o
benefício originário das despesas de juros.

Novos investimentos também agregam valor, seja pelo lançamento


de novos produtos, como na substituição de equipamentos. Muitas vezes, ao
substituir equipamentos velhos por mais modernos, acontece uma redução de
custos, tanto em mão de obra como em manutenção, assim como na eficiência e
eficácia produtiva.

QUADRO 5 – ESTRATÉGIAS FINANCEIRAS

ESTRATÉGIAS OBJETIVO DIRECIONADORES DE


FINANCEIRAS ESTRATÉGICO VALOR
Maximizar a eficiência
Crescimento das vendas
das decisões operacionais,
Prazos operacionais de
estabelecendo política de
Operacionais cobrança e pagamentos
preços, compras, vendas
Giro de estoques
e estoques etc., voltadas a
Margem de lucro.
criar valor.
Por meio das decisões de
Estrutura de capital
financiamento, procura-se
Custo do capital próprio
minimizar o custo de
Financiamento Custo do capital de terceiros
capital da empresa,
Risco financeiro.
promovendo o incremento
de seu valor de mercado.
Investimento em capital de
Implementar estratégias
giro
de investimento voltadas a
Investimento em capital fixo
agregar valor aos
Investimento Oportunidades de
acionistas, por meio da
investimentos
obtenção de uma taxa de
Análise giro x margem
retorno maior que o custo
Risco operacional.
de capital.
FONTE: Assaf Neto (2005)
TÓPICO 3 | GESTÃO BASEADA EM VALOR

4.1 VALOR ECONÔMICO AGREGADO – EVA ou VEA


A contabilidade financeira passou a reconhecer a rentabilidade sobre
capitais próprios, a juros de TJLP, de acordo com a Lei nº 9249/95. O referido
texto legislador está como leitura complementar no final do tópico.

O objetivo do EVA é demonstrar ao acionista que o seu capital está


agregando valor, ou seja, demonstrar que o retorno superou o custo do capital.

Baseando-se no fato de que a estrutura de capital de uma organização


é composta por capitais próprios e capitais de terceiros, o custo do capital de
terceiros é facilmente evidenciado nas despesas financeiras, porém o custo do
capital próprio fica omitido. O EVA foi uma ferramenta que surgiu para facilitar
a evidenciação do custo do capital próprio, fazendo com que o EVA seja uma
medida de desempenho, mensurando o quanto de valor está sendo criado ou
destruído pela empresa.

Para Assaf Neto (2005, p. 189):

O conceito de gestão baseada em valor envolve a mensuração do


valor econômico agregado (VEA) como a principal referência para se
avaliar o desempenho da empresa. De posse dessa medida são
definidos direcionadores de valor para seus diversos segmentos de
atividades, de forma a fundamentar suas decisões com base nas
metas de criação de riqueza previamente definidas e avaliar os
respectivos desempenhos. O modelo de gestão enfocada no valor
vincula responsabilidades e atuações explícitas das diversas áreas da
administração da empresa a determinadas metas de riqueza, como
elevar o preço de mercado das ações em certo percentual, gerar um
VEA positivo anual aos acionistas, e assim por diante.

A implantação da ferramenta EVA proporciona alguns benefícios para a


organização, conseguindo deixar evidente o objetivo econômico, ou seja, gerar
valor ao capital.

O modelo EVA define claramente o retorno sobre os investimentos, tanto


os atuais como os novos.

Evidencia tanto o custo de capital de terceiros como o de capital próprio


alocado na empresa.

O EVA, além de mensurar o custo da estrutura de capital implantada,


também consegue planejar formas de maximizar o capital no futuro, através de
ações como as que demonstraremos a seguir:
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS NAS EMPRESAS

1 Eficiência Operacional – Cortar custos para aumentar o resultado operacional


líquido, operando de forma mais eficiente para garantir um retorno maior
sobre o capital investido no negócio.

2 Eficiência Financeira – Efetivar investimentos nos quais o resultado


operacional líquido seja maior do que o aumento de encargos de capital.
Ou seja, empreender projetos cujo fluxo de caixa a valor presente seja
positivo.

3 Crescimento Rentável – Não investir em ativos e atividades que não


estejam gerando retornos iguais ou maiores do que o custo de capital.

4 Racionalização do Capital – Estruturar as finanças da empresa de forma tal


que minimizem o custo de capital.
FONTE: Disponível em: <nc-moodle.fgv.br/.../a_sua_empresa_esta_criando_destruindo_ valor
............>. Acesso em: 13 set. 2012.

O EVA é simplesmente o lucro após o Imposto de Renda (um número


bastante utilizado), menos o custo total do capital.

5 CONFLITO VALOR VERSUS LUCRO


Dentro da criação de valor, administrador é todo aquele profissional que
tem a capacidade de tomar ou participar de decisões que impactem diretamente
o fluxo de caixa e o lucro da empresa, estando permanentemente envolvido com
a análise de projetos, no seu significado mais amplo.

O objetivo desses administradores consiste em tomar decisões que


elevem o valor de mercado das suas companhias. Caso a empresa tenha ações
negociadas em bolsa de valores, a capacidade de seus gestores de gerar lucros
crescentes se traduzirá na alta da cotação das ações nos pregões.

Rappaport (2001, p. 19) afirma que:

É importante reconhecer que os objetivos dos gestores podem, em


certas situações, diferir daqueles dos acionistas da empresa. Os
administradores, como outras pessoas, agem em interesse próprio.
A teoria de uma economia de mercado é, afinal de contas, baseada
em indivíduos que promovem seus próprios interesses via transações
de mercado para alcançar uma alocação eficiente de recursos. Em um
mundo em que os principais (por exemplo, acionistas) têm um
controle imperfeito sobre seus agentes (por exemplo, gestores), esses
agentes podem nem sempre se enganjar em transações que são de
interesse exclusivo dos principais. Os agentes têm seus próprios
objetivos e algumas vezes pode ser melhor para eles sacrificar os
interesses dos principais. Há, entretanto, um número de fatores que
induz os gestores a agir no melhor interesse dos acionistas. Esses
fatores
TÓPICO 3 | GESTÃO BASEADA EM VALOR

derivam da premissa fundamental de que quanto maior a expectativa


de consequências desfavoráveis aos gestores que diminuem a riqueza
do acionista, menos provável que a gestão irá agir contra os
interesses do acionista.

Resumidamente, baseado nas colocações de Rappaport (2001),


concluímos que o acionista não tem controle sobre o gestor contratado, e que
muitas vezes esse gestor poderá agir por interesse próprio, originando um
conflito de agentes. Por este fato, as organizações evitam a segregação de
funções, criando mecanismos de controle e contratando agentes externos, como
os auditores independentes, para verificar se existe alguma evidência de fraude
ou erro na administração.

A tabela a seguir demonstra como é caracterizada a criação de valor


dentro de uma empresa. Observamos que a administração financeira está
dividida entre demonstrativo de fluxo de caixa e demonstrativo de resultado.
Enquanto o DFC direciona a empresa no futuro e sua capacidade de geração de
caixa, o DRE registra o passado, ou seja, o resultado econômico objetivando o
lucro.

TABELA 1 – CRIAÇÃO DE VALOPR DENTRO DA EMPRESA

ÁREA FINANCEIRA ÁREA CONTÁBIL


VALOR LUCRO
FLUXOS DE CAIXA RECEITAS E DESPESAS
MEDIDA FINANCEIRA RESULTADO ECONÔMICO
PRESENTE/FUTURO PASSADO
FONTE: Assaf Neto (2005)

Considerando que uma empresa está avaliando a venda de um ativo


avaliado em R$ 500.000,00, o lucro operacional decorrente desse investimento é
de R$ 80.000,00, e o custo de capital (taxa de atratividade) identificado com essa
unidade de negócio atinge 20%.

Venda de um ativo (unidade de negócio) $ 500.000,00


Lucro Operacional desse investimento $ 80.000,00

Sob a ótica gerencial visando o lucro, a manutenção do ativo pode ser


considerada atraente, contribuindo de forma positiva na formação do resultado
operacional da empresa. No entanto, se o objetivo é agregar riqueza a seus
acionistas, a manutenção do investimento é um indicativo de desvalorização do
valor de mercado da empresa. Seu retorno (R$ 80/R$ 500 = 16%) é insuficiente
para remunerar os proprietários de capital em sua rentabilidade mínima exigida
de 20%, ou seja:

Lucro Operacional R$ 80.000,00


Custo de Capital (20% de R$ 500.000,00) (R$ 100.000,00)
Valor Criado (Destruído) (R$ 20.000,00)
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS NAS EMPRESAS

Se o ativo estiver sendo financiado com recursos de terceiros, a


destruição de valor será sentida em algum momento no caixa, porque o lucro de
R$ 80.000,00 é inferior ao desembolso de juros de R$ 100.000,00. O resultado de
caixa não é suficiente para pagar os juros, influenciando sobre a liquidez. A
situação em desequilíbrio torna-se bastante visível.

Assaf Neto (2005, p. 179) diz que:

Para uma empresa que trabalha preferencialmente com capital


próprio, no entanto, a destruição de valor não é tão evidente,
exigindo controles financeiros mais apurados que os fornecidos
tradicionalmente pela contabilidade. O custo de oportunidade não
exige desembolsos periódicos obrigatórios de caixa, assim como não
é registrado como despesa nos demonstrativos de resultados,
permitindo que os resultados financeiros (liquidez) e econômicos
(lucros) não sejam afetados mesmo diante de estratégias que
destroem valor de seus proprietários. A empresa convive
conflitantemente com medidas de lucros positivas e, ao mesmo
tempo, tem seu preço de negociação desvalorizado pelo mercado.

Logo, concluímos que a contabilidade não consegue perceber a perda de


valor do capital próprio, sendo que no caso do capital de terceiros essa perda
torna- se evidente, já que existem saídas periódicas de caixa para o pagamento
de juros. E muitas vezes não conseguimos perceber que o capital próprio é
muito mais caro que o capital de terceiros, devido ao grau de exigência do
investidor, por isto que a ferramenta EVA torna-se importante, conseguindo
mostrar esta evidência.

A administração financeira considera que o lucro operacional é formado


pelas operações da empresa, não importando quais fontes de recuros estão
financiando as operações.

O lucro operacional, por ser formado pelas operações da empresa, sem


influência da maneira como são financiadas, deve relacionar-se com os ativos da
empresa, determinando o retorno sobre o investimento total.

De acordo com a legislação brasileira, o lucro operacional é calculado de


forma equivocada após as despesas financeiras, sugerindo que os juros sobre
passivos sejam entendidos como despesas operacionais da empresa.
Adotaremos como critério a apuração do lucro operacional antes dos encargos
financeiros, refletindo efetivamente o desempenho das operações da empresa.
Em essência, esse lucro equivale à remuneração oferecida a seus acionistas
(lucro líquido) e credores (despesas com juros).

Ainda Assaf Neto (2005, p. 97) relata que:

O lucro operacional trata-se de conceituação bastante incorreta e


falsa. Por enquanto admita-se o conceito legal. Segundo ele, do lucro
bruto são deduzidas as despesas de vendas, administrativas e gerais,
dentro do Regime de Competência. São ainda deduzidas outras
TÓPICO 3 | GESTÃO BASEADA EM VALOR

despesas e acrescidas outras receitas operacionais, entendendo-se


como operacional tudo o que é principal ou acessório ao principal
com relação às atividades que constituem o objeto da empresa
(Decreto-lei nº 1.598/77, art. 11). Na realidade, praticamente tudo é
considerado operacional.
Assim, são enquadráveis como outras receitas e outras despesas
operacionais os resultados de participações societárias em outras
sociedades, mesmo que não se trate de holding ou de participações
siginificativas. Dessa forma, a receita e a despesa de equivalência
patrimonial para investimentos permanentes avaliados dessa
maneira e as receitas de dividendos para os investimentos avaliados
pelo custo e semelhantes são consideradas legalmente como
operacionais.

Exemplo:

QUADRO 6 – MODELO TRADICIONAL E MODELO AJUSTADO

Modelo Tradicional Modelo Ajustado


Receitas operacionais 5.000,00 Receitas operacionais 5.000,00
-C P V 2.500,00 - Custo dos produtos vendidos 2.500,00
= Lucro Bruto 2.500,00 = Lucro Bruto 2.500,00
-Despesas com vendas 200,00 -Despesas com vendas 200,00
- Despesas gerais e administr. 500,00 -Despesas gerais e administr. 500,00
-Despesas financeiras 200,00 = Lucro operacional antes I.R. 1.800,00
= Lucro operacional antes I.R. 1.600,00 - Provisão para I. Renda – 30% (540,00)
- Provisão para I. Renda – 30% (480,00) = Lucro operacional após I.R. 1.260,00
- Desp. financ. antes I.R (200)
Economia de I. Renda 60,00 (140,00)
= Lucro Líquido 1.120,00 = Lucro Líquido 1.120,00
FONTE: Assaf Neto (2005)

O lucro operacional de $ 1.800,00 equivale ao resultado líquido dos


acionistas da empresa (antes do Imposto de Renda), na hipótese de suas
operações serem financiadas exclusivamente por capital próprio. Utilizando
passivos onerosos (empréstimos e financiamentos) para financiar seus ativos, o
resultado dos acionistas (lucro antes do Imposto de Renda) reduz-se para $
1.600,00 pela presença de encargos financeiros cobrados sobre as dívidas.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS NAS EMPRESAS

6 COMO DETERMINAR O EVA


O primeiro passo consiste em apurar o custo total do capital empregado.
O custo de capital emprestado (capital de terceiros) aparece na demonstração do
resultado como despesas financeiras. O custo de capital próprio não aparece nos
resultados.

O EVA pode ser calculado retrospectiva e prospectivamente.

Para calcular o EVA com base em um resultado já realizado é necessário:


• Ajustar a estrutura patrimonial pelos ativos não operacionais
• Calcular o lucro operacional depois dos impostos
• Calcular o CMPC
• Determinar o EVA (lucro operacional menos o Custo de Capital de Terceiros
(CCT) e o Custo de Capital Próprio (CCP).

Já para calcular o EVA projetado é preciso:

• Calcular o ativo operacional líquido


• Calcular o CMPC
• Calcular o lucro operacion'''al projetado
• Calcular o EVA, subtraindo do Lucro Operacional Projetado o Custo de
Capital Total.

Resumidamente, podemos calcular o EVA utilizando a seguinte fórmula:

EVA = ROL – CMPC% x CT, onde:

ROL é o resultado líquido operacional; CMPC


% é o custo médio ponderado de capital; CT é
o capital total.

A estrutura básica do cálculo do EVA apresenta-se da seguinte forma:

QUADRO 7 – ESTRUTURA BÁSICA DO CÁLCULO DO EVA


Lucro Operacional após o Imposto de Renda R$ xxx
(-) Custo Médio Ponderado de Capital – CMPC x Investimento R$ xxx
(=) E.V.A. – Valor Econômico Agregado R$ xxx
FONTE: Assaf Neto (2005)

Para exemplificar, se uma organização tem um investimento em


imobilizado em $ 3.000.000,00, destes, $ 2.400.000,00 foram tomados junto a
bancos, a uma taxa de 6% a.a., a diferença são recursos próprios a um custo de
9%
a. a. A empresa apresenta um resultado operacional líquido livre de impostos
no valor de $ 450.000,00.
TÓPICO 3 | GESTÃO BASEADA EM VALOR

Resumindo, o cálculo do EVA poderá ser realizado deduzindo-se do


resultado operacional o custo de cada fonte de capital classificada pela empresa,
conforme quadro a seguir:

QUADRO 8 – CÁLCULO DO EVA

Resultado operacional líquido = $ 450.000,00


Custo capital de terceiros 6% ($2.400.000,00) = ( $ 144.000,00)
Custo do capital próprio 9% ($600.000,00)
Valor econômico agregado
= ($ 54.000,00)

= $ 252.000,00

FONTE: Assaf Neto (2005)

Segundo Assaf (2005, p. 177):

O cálculo do VEA pode também ser desenvolvido por meio do custo


médio ponderado de capital (WACC), definido como retorno mínimo exigido
por credores e acionistas. O WACC é determinado, conforme comentado, pela
ponderação de cada fonte de financiamento com seu respectivo custo. Para a
ilustração apresentada, tem-se o seguinte custo total de capital da empresa:

WACC =[9% x 20%] + [6% x 80%] = 6,60%

Esta taxa representa, em essência, a remuneração média exigida por


credores e acionistas em suas aplicações de capital, de maneira a remunerar
o risco assumido no negócio. Como os proprietários de capital possuem
$ 3.000.000,00 investidos em diferentes ativos da empresa, o retorno
operacional mínimo que atende a suas expectativas de ganho atinge a $
252.000,00 por ano. Qualquer resultado acima desse montante denota
capacidade de agregar valor da empresa; ao contrário, desempenho abaixo
desse patamar de lucro evidencia destruição de valor.

O cálculo do EVA, usando-se as formações apresentadas, atinge:

- EVA = Lucro operacional – [WACC x Investimento]


- EVA = $ 450.000,00 – [6,60% x $ 3.000.000,00]
- EVA = $ 252.000,00
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS NAS EMPRESAS

Para você calcular o Retorno de Investimento – ROI basta dividir o


resultado operacional pelo total de capitais investidos no projeto.

Na situação em questão, você dividirá o resultado operacional no


valor de $ 450.000,00 pelo total do investimento $ 3.000.000,00, resultando
15%.

- EVA = [ROI – WACC] x Investimento


- EVA = [15% - 6,60% ] x 3.000.000,00
- EVA = $ 252.000,00

7 ESTRUTURA PATRIMONIAL
QUADRO 9 – INVESTIMENTOS - FINANCIAMENTOS
ATIVO PASSIVO
Ativo Operacional 20.000 Passivo Operacional 5.000
Capitais de Terceiros 5.000
Capitais Próprios 10.000
Total 20.000 Total 20.000
FONTE: Assaf Neto (2005)

7.1 ATIVO OPERACIONAL


É onde são feitos os investimentos necessários para que a empresa
consiga gerar receitas (caixa, duplicatas a receber, estoques, máquinas,
equipamentos, veículos, construções etc.).

7.2 PASSIVO OPERACIONAL


São os passivos tidos como não onerosos (passivos de funcionamento),
que não provocam encargos financeiros se liquidados nos prazos concedidos
(fornecedores, impostos a recolher, salários a pagar, encargos sociais a recolher
etc).

7.3 ATIVO OPERACIONAL LÍQUIDO


É a diferença entre Ativo Operacional e Passivo Operacional. É a parcela
em que a empresa deve buscar financiamento fora da operação (com capitais
próprios e/ou capitais de terceiros).
TÓPICO 3 | GESTÃO BASEADA EM VALOR

7.4 CAPITAIS DE TERCEIROS


São empréstimos de curto e longo prazo obtidos através de bancos,
emissão de debêntures e outras formas.

7.5 CAPITAIS PRÓPRIOS


Representam os “financiamentos” dos acionistas. É dinheiro
integralizado pelos acionistas + lucros retidos + reservas (Patrimônio Líquido).

QUADRO 10 – ESTRUTURA PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO
Ativo Operacional Líquido $ 10.000 Capitais de Terceiros $ 5.000
Capitais Próprios $ 5.000
Total $ 10.000 Total $10.000
FONTE: Assaf Neto (2005)

O Ativo Operacional Líquido é de $ 10.000, sendo $ 5.000 financiado por


capitais de terceiros e $ 5.000 por capitais próprios. Assim, o retorno obtido pelo
AOL deverá ser, no mínimo, igual ao custo do Capital Próprio, mais o custo do
Capital de Terceiros (que é o Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC).

Exemplo: Considerando o Ativo Operacional Líquido (AOL)


apresentado acima, calcular o retorno mínimo (lucro operacional) que este AOL
deve gerar, sendo o custo de capital de terceiros de 6% a.a.; o custo de capital
próprio de 9%
a.a. e a alíquota de I.R. de 30%.

Os valores dos capitais próprios e de terceiros aplicados na fórmula serão simpliflcados por 1000.

Custo Médio Ponderado de Capital bruto:


CCT - $ 5.000 a 6% a.a. (bruto ou antes do I.R. e Contribuição Social)
CCP - $ 5.000 a 9% a.a. (bruto ou antes do I.R. e Contribuição Social)
Alíquota do I.R. e Contribuição Social = 30%.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS NAS EMPRESAS

 CPxCCP    CTxCCT  
CMPC ( B ) =  
Total de capitais

  5x9  
CMPC( B ) = 

5x6
10
CMPC ( B ) = 7,5% ao ano

Resolução pela HP 12c


F clx
5 Enter
9X
5 Enter
6X
+
10 :
Resposta: 7,5% ao ano

Custo Médio Ponderado de Capital líquido:

  CPxCCP    CTxCCT  x 1  R  
 
CMPC ( L ) =
TOTAL DE CAPITAIS

  5x9    5x6  x 1 

CMPC ( L ) =
0,30   10

CMPC ( L ) = 6,60% ao ano

Resolução pela HP 12c


F clx
5 Enter
9X
5 Enter
6X
1 Enter
0,30 –
X
+
10 :
Resposta: 6,60 % ao ano

O que separa a taxa bruta (7,50%) da taxa líquida (6,60%) é a alíquota do


Imposto de Renda.
TÓPICO 3 | GESTÃO BASEADA EM VALOR

LEITURA COMPLEMENTAR

O custo do capital pode ser representado pela taxa de juros que as


empresas usam para calcular, descontando ou compondo, o valor do dinheiro
no tempo (vide custo de oportunidade) (Atkinson et. al., 2000). É calculado
considerando- se os custos dos recursos de todas as fontes, postos à disposição
da empresa, e levando-se em conta a participação percentual de cada fonte
(capital próprio e de terceiros).

Assim, considerando-se os recursos empregados na entidade, sob a


forma de investimentos dos proprietários, recursos captados no mercado
financeiro sob a forma de investimento em títulos emitidos pela empresa (ver
ações, debêntures) ou obtidos sob a forma de empréstimos, calcula-se o custo
médio de obtenção do capital necessário às operações da entidade através da
média do percentual de cada fonte desses recursos.

O custo do capital tem efeito sobre as operações da empresa e,


subsequentemente, afeta a sua lucratividade. Os proprietários ou terceiros, ao
investir ou aplicar recursos em uma determinada empresa, exigem um retorno
mínimo a título de remuneração do seu capital. A taxa de captação dos recursos
entregues à administração da empresa, levado em conta o princípio contábil da
entidade (ver princípios contábeis), denota o custo do capital, que representa a
taxa de financiamento da empresa.

O capital total à disposição da empresa corresponde à soma do capital


próprio (patrimônio líquido) com o capital de terceiros (dívidas ou obrigações).

O custo do capital de uma empresa é fator de fundamental importância


para uma variedade de decisões a serem tomadas. Algumas delas são
relacionadas por Easley e Maureen (2004) no paper “Information and the Cost of
Capital, The Journal of Finance n° 4”, de 2004, por meio do qual demonstram
que as diferenças na composição de informações entre públicas e privadas
afetam o custo do capital, bem como que a taxa de obtenção de capitais para
projetos de investimentos influencia a estrutura de capital da empresa.

Custo Médio Ponderado de Capital

O custo médio ponderado do capital (CMPC) é obtido pelo custo de


cada fonte de capital, ponderado por sua respectiva participação na estrutura de
financiamento da empresa.

Davis e Pointon (1996, p. 171) exemplificam a forma de cálculo:

Calcular o valor do CMPC da empresa, financiada pelo Patrimônio


Líquido (PL) de $ 600.000 e dívidas de $ 400.000.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS NAS EMPRESAS

Neste caso há 60% de capital próprio e 40% de capital de terceiros. A


remuneração requerida pelos acionistas é de 20% e o custo da dívida é de 10%.

CMPC = (20% x 0,6) + (10% x 0,4) = 16%

O melhor entendimento do CMPC requer o entendimento das noções de


estrutura de capital, custo do capital de terceiros, capital próprio, bem como dos
conceitos de risco e retorno. A seguir é mostrado o clássico modelo de precificação
de ativos, o CAPM.

Estrutura de capital

Estrutura de capital é a composição, segundo a origem, dos fundos de


longo prazo que irão financiar o ativo permanente e parte do ativo circulante.
Esses fundos podem ter como origem o capital próprio ou o capital de terceiros.

Segundo Schroeder, Clark e Cathey (2005), estrutura de capital é o


resultado de uma combinação (mix) entre capital de terceiros (dívidas) e o
capital próprio de uma empresa. Os autores acrescentam que, ao longo dos
anos, tem-se debatido consideravelmente se o custo de capital de uma firma
varia conforme a composição da sua estrutura de capital. Modigliani e Miller
(1958) concluíram que o custo do capital de uma empresa não é afetado por essa
combinação entre dívida e capital próprio, porém eles próprios refutaram a tese
e concluíram que, se há Imposto de Renda creditado no resultado sobre as
despesas financeiras, a estrutura de capital ótima tende ao endividamento até ao
ponto onde os custos do endividamento superem os benefícios do
endividamento.

Os custos do endividamento são: conflito de interesses entre acionistas


e credores, custos (implícitos ou não) de falência, risco de subinvestimento e
aumento da tendência ao risco. Os benefícios do endividamento são: redução da
assimetria informacional entre o gestor e o acionista, o aumento da exigência
sobre a qualidade da gestão (o que os teóricos chamam de “disciplina da
dívida”), etc.

Dado isso, surgiu a teoria da Pecking Order, que hierarquiza (sem


a preocupação de procurar um ponto ótimo de estrutura de capital) as fontes
de financimento do ponto de vista do gestor. Nessa teoria, o gestor prefere,
primeiramente, financiar-se com recursos internos, depois com dívida e depois
com emissões de capital.

Custo do capital próprio (Cost of Equity)

O custo do capital próprio (custo do patrimônio líquido) é dado pela


expectativa de retorno sobre PL durante um determinado período
(normalmente um ano), baseado em níveis de taxa de juros e retorno de
mercado do PL no tempo. Para a obtenção do retorno de uma pasta
diversificada, o risco de patrimônio líquido se aproxima do risco de mercado
comum, considerando a teoria de que a diversificação possibilita a eliminação
do risco não sistemático (risco intrínseco de cada investimento).
TÓPICO 3 | GESTÃO BASEADA EM VALOR

Segundo Damodaran (1997, p. 59), “o custo do patrimônio líquido é a


taxa de retorno que os investidores exigem para realizar um investimento
patrimonial em uma empresa”.

Existem duas abordagens para estimar o custo do patrimônio líquido: a


primeira é através da utilização de um modelo de risco e retorno (CAPM), e a
segunda é pela aplicação de um modelo de crescimento de dividendos. Optou-
se por apresentar apenas as principais características dos modelos acima, por
serem eles amplamente discutidos em literatura especializada sobre finanças
corporativas e avaliação de empresas (valuation).

CAPM (Capital Asset Price Model)

Segundo Assaf Neto (2003, p. 271), “o CAPM encontra grandes


aplicações no campo das finanças”. Preliminarmente, o modelo permite
determinar, de maneira consciente com o retorno esperado, o risco de um
ativo. De acordo com Damodaran (1997), o CAPM mede o risco em termos de
variância não diversificável e relaciona os retornos esperados a essa medida de
risco. O risco não diversificável para qualquer ativo é medido pelo seu beta, que
pode ser utilizado para gerar um retorno esperado.

O retorno que os investidores esperam ganhar sobre um investimento


patrimonial, dado o risco a ele inerente, se torna o custo do patrimônio líquido
para os gerentes da empresa.

O CAPM é amplamente utilizado no processo de avaliação de tomada


de decisões sob condições de risco, sendo possível, também, apurar-se a taxa de
retorno exigida pelos investidores, bem como o coeficiente beta das empresas,
que representa um incremento necessário no retorno de um ativo de forma a
remunerar de forma satisfatória o seu risco sistemático (ASSAF NETO, 2005).

Conforme Ross, Westerfield e Jaffe (1995), o CAPM é um dos modelos


utilizados para avaliar o custo do capital próprio, assim como o Modelo de
Gordon (abordagem dos dividendos) ou o Arbitrage Princing Model (APM).

Pelo CAPM tem-se que a taxa de rendimento requerida por um


investidor é igual ao retorno dos investimentos sem risco acrescido de um
prêmio pelo risco. Calcula-se o coeficiente de volatilidade da ação, chamado b
(beta), por assumir somente o risco sistemático.

O CAPM decompõe o risco de uma pasta em risco sistemático e


específico. De acordo com CAPM, o mercado compensa os investidores por
correr risco sistemático, mas não por correr risco específico. Isto ocorre porque risco
específico pode ser diversificado. O risco sistemático pode ser mensurado pelo
uso do beta. De acordo com CAPM, o retorno esperado de uma ação iguala a
taxa livre de risco mais o beta do portfólio multiplicado pelo retorno em excesso
do mercado esperado da pasta.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS NAS EMPRESAS

O beta da empresa representa o excesso do custo de capital próprio em


relação à taxa livre de risco, em razão do excesso do retorno do mercado em
relação à mesma taxa livre de risco. Dessa forma, o beta nada mais é do que uma
medida adimensional obtida pelo modelo CAPM, que representa um excesso
(adição de valor) no retorno de um ativo de forma a remunerar o risco
sistemático do mercado. Para concluir, se o beta de uma ação é igual a 1, diz-se
que ela se movimenta na mesma direção do mercado, possuindo o mesmo risco
sistemático do mercado; se o beta é maior que 1, qualquer valorização do
mercado determina que a valorização da ação será a taxa do mercado mais o
percentual do ß que exceder a 1.

Em 1964, William Sharpe publicou o Capital Asset Princing Model


(CAPM). Um trabalho paralelo também foi desenvolvido por Treynor (1961) e
Lintner (1965). O CAPM foi estendido pela teoria do portfólio de Harry Markowitz
para introduzir as noções de risco sistemático e específico. Pelo seu trabalho em
relação ao CAPM, Sharpe compartilhou o Prêmio Nobel em Economia de 1990
com Harry Markowitz e Merton Miller.

Modelo de Crescimento de Dividendos

Esta abordagem para a estimativa de custo de patrimônio líquido se


baseia num modelo de fluxo de caixa descontado a valor presente que pode ser
usado para avaliar uma empresa em crescimento estável (DAMODARAN,
1997).

Embora essa seja simples, seu uso se limita a empresas que se encontrem
numa situação estável. Além do mais, é sensível à estimativa de crescimento de
dividendos.

Damodaran (1997) cita que como o preço em vigor (Pt) é um dado-chave


para o modelo, não é adequado empregar esta abordagem para avaliar as ações
de uma empresa. Há um forte elemento de raciocínio circular envolvido que
levará o analista a concluir, ao usar este custo de patrimônio líquido, que o
patrimônio líquido está justamente avaliado.

Custo do capital de terceiros

É a taxa de captação de capital de terceiros para fazer parte da estrutura


de capital da empresa.

O efeito do aumento do montante do capital de terceiros no custo de


capital da empresa, de forma que a taxa de (capitalização) do patrimônio
líquido cresce na medida da redução do custo do capital de terceiros. Uma das
possibildades demonstrou que o valor de mercado total de qualquer companhia
é independente da sua (estrutura de capital), e pode ser encontrado pela
capitalização das expectativas de retorno futuras descontadas a uma taxa
apropriada, considerado o risco do negócio.
TÓPICO 3 | GESTÃO BASEADA EM VALOR

Damodaran (1997), por sua vez, destaca que o custo da dívida não é a
taxa do cupom dos bônus que a empresa tem a pagar, nem é a taxa à qual a
empresa conseguiu tomar dinheiro no passado. Embora essas possam ajudar a
determinar o custo dos juros que a empresa terá que pagar no ano em questão,
não determinam o custo da dívida após o pagamento de impostos. Dessa forma,
uma empresa que contabilizou uma dívida contraída quando as taxas de juros
estavam baixas, não pode alegar que tem um baixo custo de dívida se o nível
geral das taxas de juros ou seu risco de inadimplência aumentou nesse período.

Custo médio ponderado de capital

Para Damodaran (1997, p. 77), o Custo Médio Ponderado de Capital –


WACC – pode ser intuitivamente definido como “a média ponderada dos custos
dos diversos componentes de financiamento, incluindo dívida, patrimônio
líquido e títulos híbridos, utilizados por uma empresa para financiar suas
necessidades financeiras”.

Brealey e Myers (1984) afirmam que a ideia que está por trás da fórmula
do WACC é simples e intuitiva. Para esses autores, se um novo projeto é
lucrativo o suficiente para pagar os juros sobre a dívida contraída para financiá-
lo e, também, para gerar uma taxa de retorno superior à esperada sobre o
patrimônio investido, deve-se considerá-lo como um bom projeto. Essa taxa de
retorno superior ao esperado nada mais é do que uma extrapolação da taxa de
retorno exigida pelos investidores da companhia (acionistas).

O conceito de custo médio ponderado do capital desenvolvido por


Damodaran merece algum destaque quando aplicado ao mercado brasileiro, no
tocante às ações preferenciais. Tais títulos, comuns ao mercado norte-americano,
não se encontram aplicados e/ou difundidos no mercado nacional. As ações
preferenciais brasileiras fazem parte da composição patrimonial (equity),
devido às suas características intrínsecas de propriedade. As ações preferenciais,
como no modelo de Damodaran, representam um título de dívida, com
dividendos estipulados quando do contrato firmado. Os conceitos e aplicações
de tais componentes encontram-se evidenciados no decorrer desse estudo, onde
o leitor pode facilmente identificar as diferenças entre os títulos de dívida norte-
americanos e as ações preferenciais brasileiras.

Os tipos de capital incluídos na formulação de Damodaran não são


exaustivos. Para Copeland, Koller e Murrin (2002, p. 206), “o esquema real de
ponderação pode ser mais complexo, já que se faz necessária ponderação de
valor de mercado separada para cada fonte de capital envolvendo pagamentos
de caixa, presentes ou futuros”. Essas “novas” fontes de financiamento
apresentariam custos próprios e, logo, deveriam aparecer como ponderações
separadas na formulação do WACC. Para esses autores, outras possíveis fontes
de financiamento seriam os leases (operacionais e financeiros), endividamentos
subsidiados, títulos conversíveis em ações e avais e/ou opções de compra de
ações por executivos (lista não exaustiva).
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS NAS EMPRESAS

Cuidados na Utilização do WACC

Um destaque a ser evidenciado quando da utilização do modelo WACC


é sua vinculação às ponderações a valor de mercado. Damodaran (1997, p. 80)
afirma que “os pesos atribuídos ao patrimônio líquido e à dívida no cálculo do
custo médio ponderado do capital precisam ser baseados em valor de mercado,
não em valor contábil”. O raciocínio se fundamenta no fato de o custo de capital
medir o custo de emissão de títulos, tanto de ações quanto de bônus, para
financiamento de projetos, e que esses títulos são emitidos a valor de mercado,
não pelo valor contábil.

Copeland, Koller e Murrin (2002) afirmam que existe um problema de


circularidade envolvido na estimativa do WACC. Essa circularidade advém da
utilização das ponderações a valor de mercado para determinar o WACC, mas
não temos como fazê-las sem antes saber o valor de mercado – em especial o
valor de mercado do patrimônio líquido, que é objetivo do processo de
avaliação de empresas. Em essência, não podemos saber o valor do WACC sem
ter em mãos o valor de mercado do patrimônio líquido e não podemos saber o
valor do patrimônio líquido sem saber o WACC.

Uma das formas de superar essa barreira é simplesmente iterar entre


as ponderações usadas no WACC e o valor resultante do patrimônio líquido
(COPELAND, KOLLER e MURRIN, 2002). Para tanto, utiliza-se o fluxo de caixa
livre para determinar a nova composição (estrutura) patrimonial da companhia
e determinar, também, novo WACC. Uma forma simples e intuitiva de
determinar o valor de mercado da empresa é descontar o fluxo de caixa dos
acionistas pelo custo do capital próprio. A partir da obtenção desses dados,
podemos calcular um único WACC válido para a empresa como um todo.

Para Damodaran (1997), existem três argumentos-padrão contra a


utilização de valor de mercado. Primeiro, argumenta-se que o valor contábil é
mais confiável do que o valor de mercado, por não ser tão volátil. Embora seja
verdade que o valor contábil não muda tanto quanto o de mercado, tal fato é
mais um reflexo de fraqueza do que de força, uma vez que o valor real da
empresa muda ao longo do tempo, à medida que informações tanto específicas
da empresa quanto de mercado são divulgadas. Argumentaríamos que o valor
de mercado, com sua volatilidade, constitui um reflexo muito melhor de valor
real do que o contábil.

Segundo, sugere-se usar o valor contábil em vez do de mercado; é uma


abordagem mais conservadora à estimativa dos índices de endividamento.
Assume-se que os índices de endividamento baseados em valor de mercado são
sempre mais baixos do que os baseados em valor contábil, uma suposição que
não se apoia em fatos e, terceiro, alega-se que os credores não emprestarão com
base em valor de mercado, mas esta alegação também parece ser baseada mais
em percepção que em realidade.
TÓPICO 3 | GESTÃO BASEADA EM VALOR

Há quase duas décadas, Mehra e Prescott (1985) observaram que o valor


médio do prêmio de risco das ações norte-americanas, ao longo de quase um
século de história, superou o valor que se esperaria levando-se em conta as
teorias de ciclo econômico. Para justificar este elevado prêmio de risco, com base
no modelo de Lucas (1978), que assume uma função de utilidade do tipo CRRA
(constant relative risk aversion), o coeficiente de aversão relativa ao risco teria
que ter um valor muito superior ao sugerido por estas teorias. Esse problema foi
denominado de Equity Premium Puzzle. (Yoshino & CATALAO, 2006)

Para Cochrane (2001), existe uma tarefa inacabada que é entender e


mensurar as fontes de risco macroecômico que dirigem o preço dos ativos. Ele
defende que as finanças devem retornar ao estudo da macroeconomia. Cochrane
também cita erros comuns que financistas cometem ao supor que as séries possuem
desvio-padrão e médias constantes. Esse erro se torna especialmente grave
quando os mercados entram em crise, nesse caso os modelos CAPM e BLACK-
SCHOLES têm de ser reformulados de acordo com princípios econômicos e
estatísticos (da econometria). Ele diz que métodos como MQO (Mínimos
Quadrados Ordinários) não são adequados quando as séries não possuem
distribuição normal, muitos analistas de bancos e consultorias fazem de forma
errônea. Nesse caso ele sugere o uso de GMM (método dos momentos
generalizados), que não requer mercados completos (ou investidor
representativo), não supõe que os retornos são normalmente distribuídos e
também não assume que os mercados estão em equilíbrio. Apesar de propor
melhoras ao modelo CAPM, Cochrane torna o estudo extremamente complexo,
mesmo para economistas de destaque internacional.

Essas considerações não exaurem as características e os cuidados na


utilização do WACC como ferramenta para determinação do custo de capital de
uma companhia. As informações aqui evidenciadas servem como um
regramento simples quando da utilização desse ferramental no processo de
avaliação de empresas.

FONTE: Disponível em: <htt p: // pt. wi ki pedia. org/wiki/Custo_do_capital>. Acesso em: 19


jun. 2012.
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:

• Sobre gestão baseada em valor, sob a ótica da contabilidade, que adota o


regime de competência; e a ótica do financeiro, que adota o regime de caixa.

• Você conheceu o EVA e como se calcula. Aprendeu sobre o ativo operacional


e o passivo operacional.

Agora você está preparado para resolver a autoatividade na sequência.


AUTOATIVIDADE

1 Baseado no que você aprendeu no Caderno de Estudos, descreva com suas


palavras o que você entendeu sobre o valor econômico agregado (EVA).

2 Baseando-se nos dados da seguinte estrutura patrimonial, calcule o custo


médio ponderado de capital bruto e líquido e o ativo operacional líquido.

ATIVO PASSIVO
Ativo Operacional $ 6.000 Passivo Operacional $ 2.000
Capital de Terceiros $ 1.000
Capital Próprio $ 3.000
Total $ 6.000 Total $ 6.000

- Custo dos Capitais de Terceiros (bruto): 6% a. a.


- Custo dos Capitais Próprios (bruto): 9% a. a.
- Alíquota do Imposto de Renda: 30%.

3 Uma empresa tem investimento em imobilizado em $


100.000,00, destes, $ 60.000,00 foram tomados junto a bancos,
a uma taxa de 6% a. a., a diferença são recursos próprios a
um custo de 9% a.a. A empresa apresenta um resultado
operacional líquido livre de impostos no valor de $ 50.000,00.

Pede-se:
Calcule o EVA pelos três métodos.

Resultado operacional líquido = $ 50.000,00


Custo capital de terceiros 6% ($ 60.000,00) = ($ 3.600,00)
Custo do capital próprio 9% ($ 40.000,00)
Valor econômico agregado = ($ 3.600,00)

= $ 42.800,00

4 Qual é o valor do Ativo Operacional Líquido?

5 Baseado nos dados a seguir, calcule a seguir o que se pede.

- Ativo Operacional $ 50.000


- Passivo Operacional $ 20.000
- Capital de Terceiros $ 10.000
- Capital Próprio $ 20.000
- Custo do Capital de Terceiros 6%
- Custo do Capital Próprio 9%
- Alíquota de Imposto de Renda 30%

a) Montar a estrutura patrimonial.


b) Qual o valor do ativo operacional líquido?
c) Qual o custo médio ponderado de capital (CMPC)?

6 De acordo com os eventos a seguir, elabore o demonstrativo sob a ótica


contábil e financeira, da empresa Brasil, tendo como data-base o primeiro
trimestre de 20xx.

a) Vendeu mercadorias à vista no valor de R$ 3000.000,00.


b) Venda de mercadorias, no mês de março para recebimento em 90 dias, R$
500.000,00.
c) Pagou comissões para vendedores no valor de $ 45.000,00, do ano anterior.
d) Pagou aluguel no valor de R$ 20.000,00.

7 A CIA XY realizou, no primeiro semestre de 20xx, as seguintes transações:

a) Vendeu mercadorias no valor de R$ 5.000.000,00, à vista.


b) Comprou um caminhão para uso da empresa no valor de R$ 250.000,00,
com pagamento à vista, sendo que recebeu um desconto de R$ 10.000,00.
c) Pagou salários no valor de R$ 350.000,00.
d) Pagou comissões de vendedores no valor de R$ 35.000,00.
e) Pagou juros sobre operações bancárias no valor de R$ 7.000,00.
f) Pagou despesas de combustíveis no valor de R$ 35.000,00.
g) Pagou serviços de vigilância no valor de R$ 30.000,00.
Baseado nos eventos acima, elabore o demonstrativo contábil e
financeiro.

8 A empresa Transporte 101 Ltda., teve durante o exercício social de 200X, a


seguinte movimentação:

a) Vendeu mercadorias no valor de R$ 7.000.000,00, sendo que recebeu 40%


dentro do exercício social de 200x.
b) Pagou salários no valor de R$ 385.000,00.
c) Pagou aluguel no valor de R$ 44.000,00.
d) Recebeu uma duplicata referente ao exercício anterior no valor de R$
100.000,00.

Com base nos dados apresentados, prepare um demonstrativo de


resultado (visão do contador) em demonstrativo de fluxo de caixa (visão do
administrador financeiro).

9 Calcular o Custo Médio Ponderado de Capital - CMPC bruto anual da


empresa Costa Azul Ltda, que possui a seguinte estrutura de Capital:
R$ 850.000,00 de capitais próprios a um custo de 2% ao trimestre.
R$ 150.000,00 de capitais de terceiros a um custo de 10% em 420 dias.

10 Calcule o CMPC líquido anual do capital da empresa Araçatuba Ltda, a


partir dos seguintes dados:
R$ Custo
Capital próprio 200.000,00 13,5% em 270 dias.
Capital de terceiros 200.000,00 6,5% ao ano.
Alíquota do IR: 30%

11 A empresa Porto Belo comprou máquinas no valor de R$ 1000.000,00,


sendo que utilizou recursos próprios no valor de R$ 500.000,00 e financiou
o restante junto a um banco da nossa cidade. Considerando que o custo de
capital próprio é de TJLP 6,0% a. a. e o custo do financiamento é de 3,5%
ao bimestre, calcule o CMPC líquido anual, considerando para efeito de
Imposto de Renda 30%.

12 A CIA Vale do Rio Vermelho, de acordo com o planejamento estratégico


anual, necessita de capital de giro no valor de R$ 8.000.000,00, para
movimentar suas atividades, sendo que deste, 40% são buscados nos
bancos a um custo de 0,80% ao mês. Levando-se em consideração que o
custo do capital próprio é de 6,5% a. a., e a alíquota do IR de 30%, calcule o
custo líquido anual dos recursos alocados.
UNIDADE 2

ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:

• conhecer o conceito básico de investimento;

• saber sobre os motivos de investir;

• conhecer os métodos de análise de investimentos;

• identificar taxa mínima de atratividade;

• identificar taxa interna de retorno;

• aplicar os métodos de análise para a tomada de decisão;

• saber sobre a construção do fluxo de caixa incremental.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos e ao final de cada um deles, você
encontrará atividades que o(a) ajudarão a desenvolver seu conhecimento
cooperativo.

TÓPICO 1 – ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

TÓPICO 2 – MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

TÓPICO 3 – CONSTRUÇÃO DO FLUXO DE CAIXA


UNIDADE 2
TÓPICO 1

ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

1 INTRODUÇÃO
A Análise de Investimentos busca, por meio de técnicas avançadas,
utilizando-se da matemática financeira, estatística e informática, criar mecanismos
que minimizem os riscos inerentes sobre o capital, que provoquem impactos
tangíveis, ou seja, perdas financeiras.

O homem sempre viveu envolvido pelo risco, e talvez seja isto o que o
impulsiona para o futuro. Ao mesmo tempo em que nos apavora, o risco
provoca uma força encorajadora em busca de algo novo.

A Análise de Investimentos, através da identificação das alternativas,


estudo e seleção preliminar de viabilidade e a consideração sobre riscos e
incertezas, faz com que as empresas saiam em busca de crescimento, com o
objetivo de maximização do capital investido.

2 PRINCÍPIOS DO PROCESSO DE DECISÃO


Lapponi (1996, p. 158) afirma que:

As fases do processo de decisão orientado para a avaliação de projetos


de investimentos podem ser definidas conforme segue:

1. Reconhecimento da existência de uma oportunidade. O ponto de partida é


o equacionamento de uma oportunidade. Definidos os resultados
esperados e identificadas as limitações e possíveis condições especiais, se
inicia o projeto de investimento de capital ou, simplesmente, projeto de
investimento.

2. Procura e desenvolvimento de projetos diferentes. Para escolher um projeto


devemos ter mais de uma alternativa que atenda às premissas
estabelecidas, pois uma decisão somente poderá ser realizada entre
alternativas. O desenvolvimento de projetos envolve criatividade e
inovação, sem muitos cuidados de questionar o que vem sendo feito na
obtenção dos resultados esperados. Sem entrar em maiores detalhes
neste momento, o processo de procura e desenvolvimento de projetos
deve ser realizado da seguinte maneira:
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

- Como ponto de partida, uma alternativa importante é a situação presente


da empresa conhecida como projeto sem o novo investimento; isto é, deve
ser conhecido o fluxo de caixa atual da empresa.
- Os novos projetos devem incluir somente os valores futuros relevantes da
empresa; isto é, as mudanças no fluxo de caixa da empresa.
- A incerteza é inerente ao processo de estimativa dos resultados futuros dos
fluxos de caixa dos projetos de investimento.

3. Análise de projetos selecionados. Nesta fase devemos ter:

- Selecionado o critério a ser aplicado no julgamento de projetos.


- Realizado todas as alternativas relevantes das receitas, custos diretos,
custos fixos, dos projetos.
- Construído os fluxos de caixa incrementais dos projetos.
- Realizado os julgamentos individuais dos projetos, usando o critério adotado.
- Selecionado os projetos que participarão da fase final da escolha do melhor
projeto de investimento.

4. Escolha do melhor projeto. Analisando os projetos entre si, escolhemos o


melhor projeto de acordo com o critério adotado.

5. Implantação e acompanhamento do melhor projeto. Deve-se preparar o


plano de implantação incluindo o acompanhamento para medição e
comparação dos resultados reais com os resultados previstos. Esse processo
de análise e comparação dos resultados reais com os resultados previstos.
Esse processo de análise e comparação dos resultados ajuda na elaboração
das estimativas de futuros projetos.

3 DECISÃO DO INVESTIMENTO
A decisão a ser tomada após a análise de viabilidade de um
investimento não é tarefa fácil, embora os cálculos demonstrem retorno
positivo. Porém, existem variáveis incontroláveis, aquelas sobre as quais o
administrador não exerce controle, como, por exemplo, o mercado, o clima, a
legislação, entre outras.
Lapponi (1996, p.161) é contundente quando afirma que:

Na proposta de um projeto de investimento está implícito que tudo o


que pode acontecer no futuro está previsto nas estimativas do fluxo
de caixa e que, ainda, tudo acontecerá de forma prevista. Ou seja,
é uma proposta sob condições de certeza, onde todos os elementos
que participam do projeto são quantificáveis. Existem, entretanto,
situações que são de difícil quantificação, por exemplo: qual será
a disponibilidade dos futuros recursos enegéticos? Qual será o
comportamento futuro dos sindicatos, da legislação trabalhista, da
legislação tributária etc? Como a evolução tecnológica poderá afetar
TÓPICO 1 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

os negócios atuais? De preferência, deve-se tentar quantificar esses


fatores intangíveis ou avaliar o grau de risco ou incerteza de cada
fator, verificando os impactos desses fatores no fluxo de caixa do
projeto. Caso não seja possível quantificar os fatores intangíveis,
pode- se incluir essas dúvidas de uma maneira não quantitativa no
projeto; por exemplo, listando todos os fatores intangíveis, com
comentários adequados sobre as razões da inclusão e possíveis
consequências.

Lapponi (1996) é específico quando relata que o analista deverá


ser detalhista nas informações, principalmente no que se refere aos fatores
intangíveis. O porquê dessa preocupação é justamente para deixar os acionsitas
bem informados sobre os riscos da proposta, somente dessa forma haverá
credibilidade e transparência na tomada de decisão.

O acionista, na maioria dos casos, não conhece os riscos da ação, então


cabe ao administrador contratado para maximizar o valor do capital esclarecer
detalhadamente, principalmente em organizações de capital aberto.

Pilão e Hummel (2003, p. 79) esclarecem:

Vale ressaltar que a correta tomada de decisão é, sem dúvida, o que


se espera sempre de qualquer administrador, mas é igualmente
evidente que, na realidade, as decisões só poderão ser avaliadas,
quanto à sua eficácia e eficência, no futuro, uma vez que toda decisão
diz respeito às ações futuras, ao caminho que as empresas irão seguir.
O objetivo de todo administrador, ao optar por uma alternativa de
ação, é apontar à empresa o caminho a ser seguido e que poderá
possibilitar-lhe, a curto, médio ou longo prazos, a maximização dos
lucros. Vale lembrar que, muitas vezes, na busca de melhores
resultados a longo prazo, faz-se necessário o sacrifício de benefícios
mais imediatos, o que traz à tona um impasse: Como é possível saber
se é compensador esse sacrifício presente na busca de um resultado
melhor no futuro?

4 DEFINIÇÃO DO INVESTIMENTO
É o processo de avaliar e selecionar investimentos de longo prazo
mediante detalhamento dos fluxos de caixa projetados, ou, podemos dizer que é
o processo de elaboração de um projeto.

Motta e Calôba (2002, p. 23) narram que:

O desafio da engenharia econômica consiste em definir, tão


precisamente quanto possível, alternativas de investimentos e prever
suas consequências, reduzidas a termos monetários, elegendo-se um
instante de referência temporal e considerando o valor do dinheiro
no tempo.

Os investimentos mais comuns são no ativo permanente, que incluem


imóveis, instalações e equipamentos. Esses ativos, chamados de ativos
imobilizados, são necessários para dar sequência à atividade produtiva.
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

As decisões de investimento são sempre de longo prazo, envolvendo


grandes impactos na vida financeira de uma empresa, onde os desembolsos
financeiros e os riscos estão diretamente relacionados.

As dúvidas quanto à viabilidade do projeto sempre vão existir. O


administrador vai sempre se perguntar: Será que a decisão tomada é a correta?
Porém, as respostas estão no futuro, através do fluxo de caixa e a taxa mínima
de atratividade da organização.

É justamente a taxa mínima de atratividade ou custo de oportunidade


que terá de ser bem mensurada. Uma TMA avaliada com negligência poderá
trazer insatisfação aos acionistas. Já uma TMA superavaliada poderá ocasionar
o abandono de um bom projeto.

Pilão e Hummel (2003, p. 89) afirmam que:

Ainda acerca da composição da TMA, podemos afirmar que o


denominado Custo de Oportunidade é o seu ponto de partida, já que
ele representa a remuneração que teríamos pelo nosso capital caso
não o aplicássemos em nenhuma das alternativas de ação analisadas.
Ele pode ser, por exemplo, a remuneração paga pela caderneta de
poupança, ou por um fundo de investimentos, ou pelo ganho que
poderemos obter com determinado processo produtivo já existente
em nossa empresa, etc. Portanto, em função de onde aplicaríamos
nosso dinheiro, se não o colocássemos no novo negócio analisado,
começaríamos a montar nossa expectativa de ganho mínimo, ou de
pagamento máximo na hipótese de financiamentos a serem analisados.

Você notou, no posicionamento dos autores, que os recursos financeiros


sempre estarão alocados numa atividade do mercado financeiro. Esses capitais
sempre procurarão alternativas que lhes proporcionem a maior rentabilidade
possível, com o menor risco.

Pilão e Hummel (2003, p. 90) relatam:

O risco do negócio passa a ser, portanto, o segundo componente da


TMA, já que o ganho tem que remunerar o risco inerente à adoção
de uma nova ação. Por exemplo, se investirmos nosso dinheiro em
uma caderneta de poupança, o risco associado será extremamente
pequeno, praticamente nenhum, uma vez que no Brasil ela é
garantida tanto pelo nosso banco, como pelo Governo Federal.
Entretanto, é importante notarmos que sua remuneração é
condizente com os riscos que iremos correr no mercado em que
passarmos a operar.
dizem: Motta e Calôba (2002, p. 246) manifestam sua opinião sobre risco quando

Todos sabem que o “risco” afeta o jogador ao rolar os dados, o


explorador de petróleo na hora de perfurar um poço ou o equilibrista
na corda bamba, na hora de dar o primeiro passo.
O conceito de risco aparece intuitivamente devido à nossa percepção
de uma incerteza futura – nossa capacidade de saber o que nos
reserva
TÓPICO 1 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

o futuro em resposta a uma decisão tomada no presente. O risco


implica a existência de mais de um resultado possível para dada
ação. Nesse simples sentido, toda ação é “arriscada”, desde cruzar
uma rua até construir uma represa. O termo é reservado, usualmente,
para situações em que a gama de possíveis resultados futuros para
dada ação presente é, de alguma forma, significativa.

Ao compararem o risco da simples ação de atravessar uma rua com um


risco mais complexo de contrução de uma represa, os autores passaram a ideia
de que a análise de risco é subjetiva, ou seja, uma pessoa poderá entender que
atravessar uma avenida é um grande risco, porém outra pessoa distinta poderá
entender que a construção de uma represa não oferece grandes riscos, desde que
exista um prévio estudo de viabilidade e qual empresa está envolvida no
projeto.

Os motivos que levam uma organização a sair de uma zona de conforto


e se colocar numa posição de risco são apontados a seguir:

4.1 EXPANSÃO
A empresa em crescimento, expandindo o nível de operações, precisa
aumentar a produção para conquistar mercado, necessita investimentos em
máquinas, equipamentos e instalações, ou ainda, na aquisição de outra empresa
sempre que o fluxo de caixa com a expansão for maior que o atual.

Segundo Lapponi (1996, p. 160): “Projetos para expansão são projetos


orientados para aumento de vendas das linhas existentes de produtos. É o caso
de iniciar as vendas de um produto existente em áreas ainda não atendidas
dentro e fora do país.”

4.2 SUBSTITUIÇÃO DE EQUIPAMENTOS


A substituição de equipamentos, ou seja, ativo fixo, é a troca de
máquinas e equipamentos por outros mais modernos, com maior capacidade de
produção e menores despesas de manutenção.

Assaf Neto (2005, p. 283) descreve que “essa modalidade de decisão de


investimento costuma ocorrer em empresas que já tenham atingido certo grau
de crescimento e amadurecimento em suas atividades, demandando, por isso,
substituição de ativos fixos obsoletos ou desgastados pelo uso”.

Motta e Calôba (2002, p. 171) relatam que:

A vida econômica tende para sua vida física à medida que:

- aumenta a taxa de desvalorização do equipamento;


- aumenta o custo de instalação do equipamento;
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

- diminui o incremento da função de custo; e


- aumenta a taxa mínima de atratividade (custo de capital).

Lapponi (1996, p. 160) afirma que: “São projetos orientados para a


substituição de equipamentos, sistemas etc. Algumas vezes, essas substituições
podem se tornar obrigatórias para a empresa continuar no negócio”.

O problema da determinação da vida econômica de um equipamento,


para efeito de troca, aparece em quatro tipos de situação:

• O bem existente é inadequado para a tarefa, em caso em que é necessário


maior sacrifício.
• O bem já atingiu seu limite de vida econômica, está desgastado ou tem sua
capacidade física prejudicada, causando manutenção excessiva ou declínio
de eficiência, o que torna mais interessante, do ponto de vista econômico,
substituí-lo.
• O bem existente é obsoleto, em termos técnicos, isto é, equipamentos
aperfeiçoados estão disponíveis no mercado, os quais realizam a mesma
tarefa mais eficientemente, tornando antieconômico o uso do bem.
• Vantagens exógenas – Um fator conjuntural pode determinar a substiuição
de um equipamento, mesmo que ele apresente boas condições para seu uso.
Em geral, são fatores de natureza financeira, e vão tornar momentaneamente
antieconômica a continuação do uso daquele bem, como, por exemplo:

- crédito facilitado e baixa taxa de juros nos empréstimos;


- subsídios para compra, como isenção de Impostosobre Produtos Industrializados;
- isenção de Imposto de Importação;
- oferecimento de equipamentos em regime de escambo, por exemplo, troca de
produtos primários, como minérios ou produtos agrícolas, exportados para
outro país, por equipamentos.

4.3 LANÇAMENTO DE NOVOS PRODUTOS


Investimentos em novos produtos acontecem quando uma organização
lança um novo produto para preencher uma lacuna no mercado em que atua, ou
para fazer alavancagem operacional em novos mercados.

Ainda Lapponi (1996, p. 160) narra que: “São projetos orientados para o
lançamento de um novo produto, seja no mercado regularmente atendido ou
em novos mercados”.
TÓPICO 1 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

4.4 PROJETOS AMBIENTAIS


São investimentos em projetos obrigatórios, por exemplo, controle do
meio ambiente, para atender à legislação.
Segundo Lapponi (1996, p. 160): “São projetos orientados para atender a
exigências legais. Por exemplo, exigências derivadas de novas regras de controle
ambiental, como é o caso de poluição sonora, do ar, das águas etc”.

5 CRITÉRIOS DE DECISÃO E MEDIDAS DE DESEMPENHO


A decisão de escolha pelo projeto A ou B deverá ser detalhista, fazendo
com que a opção de investimento selecionada no presente tenha sucesso, não
comprometendo o futuro de uma organização.

Lapponi (1996, p. 15) define que: “[...] os critérios de decisão tentam


antecipar bons resultados no futuro, fazendo com que os investimentos
selecionados no presente sejam consistentes com o objetivo de aumentar o valor
da empresa”.

6 TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE E EXPECTATIVA


DE RETORNO DO CAPITAL
O investidor tem mais de uma alternativa ou oportunidade de investir
seu capital. Toda vez que ele decide por uma alternativa de investimento,
abandona outra alternativa, renunciando a seu valor. Nesse momento de
abandono, aquele lucro que ele dispensou passará a ser um custo adicional na
alternativa escolhida, tendo que ser descontado do caixa projetado.

7 PROJETOS INDEPENDENTES
Os projetos são independentes quando a decisão de aceitar ou rejeitar
um projeto não afeta a decisão de aceitar ou rejeitar nenhum outro projeto.
Por exemplo, comprar um novo veículo ou comprar uma nova máquina para
aumentar a produção.

Segundo Lapponi (1996, p.140): “Como a aceitação de um projeto não


depende da aceitação ou rejeição de outros projetos de investimento, a aplicação
direta dos critérios do método do VPL e do método da TIR dará a mesma
recomendação.”
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

8 PROJETOS MUTUAMENTE EXCLUDENTES


São aqueles que possuem a mesma função e, por isso, competem uns
com os outros, de forma que a aceitação de um elimina a aceitação de outros.
Por exemplo, em um terreno de esquina, onde há um grande fluxo de veículos,
podemos construir uma loja ou um posto de gasolina.

Lapponi (1996, p. 140) afirma que:

Como a aceitação/rejeição de um projeto dependerá da rejeição/


aceitação de outros projetos de investimento, a aplicação direta
do método VPL e do método da TIR poderá dar recomendações
diferentes. Os critérios são:
• Método do VPL: O melhor projeto de investimento é o projeto que
tiver maior VPL.
• Método da TIR: O melhor projeto de investimento pode não ser o
projeto que tiver maior TIR.
TÓPICO 1 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

LEITURA COMPLEMENTAR

ANÁLISE DE RISCO: O QUE SE DIZ, O QUE SE FAZ, E O QUE


REALMENTE É?

É perceptível o crescente interesse das organizações brasileiras por


saber qual seu grau de exposição frente às ameaças capazes de comprometer a
estabilidade da sua operação. São ameaças que nos fazem suar frio:
concorrentes, hackers, funcionários insatisfeitos, que, somadas ao grande número
de vulnerabilidades nos sistemas tecnológicos, materializam o nível de risco de
uma organização. Arriscar faz parte da estratégia, conhecer e gerenciar os riscos
é administrar o futuro.

Antes de detalhar o que representa uma Análise de Risco, vamos


sincronizar nossos termos. Por segurança entende-se ‘certeza’. Garantir que as
suas estratégias retornarão no nível desejado significa identificar e entender os
riscos, para então administrá-los. Estar vivo, por exemplo, significa “arriscar
diariamente”. Atravessar a rua, ir ao jogo de futebol ou dirigir são exemplos de
situações que envolvem fatores de risco; mas como já estamos acostumados a
enfrentá-los, formamos um instinto natural para o cálculo de energia utilizada
para minimizar e controlar os riscos.

Podemos utilizar a mesma analogia para o mundo corporativo, onde o


“estilo de vida” é a operação da empresa, a exposição é o alcance da sua
operação, e a energia investida para minimizar os riscos é o investimento
despendido para conhecer e controlar a situação.

Como analisar riscos sem estudar minuciosamente os processos de


negócio que sustentam sua organização? Como classificar o risco destes
processos sem antes avaliar as vulnerabilidades dos componentes de tecnologia
relacionados a cada processo? Quais são os seus processos críticos? Aqueles que
sustentam a área comercial, a área financeira ou a produção? Você saberia avaliar
quantitativamente qual a importância do seu servidor de web? Para cada
pergunta, uma mesma resposta: conhecer para proteger.

A Análise de Risco se divide em cinco partes de igual importância:


isoladas, estas partes representam muito pouco ou quase nada. Alinhados e
geridos de forma adequada, estes componentes da análise de risco podem
apontar caminhos seguros na busca ao nível adequado de segurança de uma
organização. Os cinco pontos são:

• Identificação e Classificação dos Processos de Negócio.


• Identificação e Classificação dos Ativos.
• Análise de Ameaças e Danos.
• Análise de Vulnerabilidades.
• Análise de Risco.
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Utilizam-se como métrica as melhores práticas de segurança da


informação do mercado, apontadas na norma ISO/IEC 17799. A partir destas
informações faz-se possível a elaboração do perfil de risco, que segue a
fórmula: (Ameaça) x (Vulnerabilidade) x (Valor do Ativo) = RISCO. Atenção: a
ISO/IEC 17799 não ensina a analisar o risco, serve apenas como referência
normativa.

O que mais incomoda aos consultores exigentes é o crescente número de


empresas “de segurança da informação” que dizem preparar a “análise de
risco”, mas na verdade fazem, quando muito, uma “análise de
vulnerabilidades”. Coisa muito sem sentido, mas que até engana, afinal de contas,
os conceitos de Análise de Risco são ainda pouco conhecidos. Analisar riscos,
definitivamente, não significa passar um scanner automático na rede. Desconfie
quando propuserem analisar o “risco” sem mencionar como será avaliada a
ameaça e como serão valorados os ativos (tecnológicos, humanos e processuais).

São muitas as dúvidas sobre o assunto. Reuni neste artigo apenas


algumas, representando de maneira bastante objetiva, o que acredito ser de
interesse dos gestores de tecnologia.

A) Por que fazer uma análise de risco?

Durante o planejamento do futuro da empresa, a alta administração


deve garantir que todos os cuidados foram tomados para que seus planos se
concretizem. A formalização de uma Análise de Risco provê um documento
indicador de que este cuidado foi observado. O resultado da Análise de Risco dá
à organização o controle sobre seu próprio destino – através do relatório final
pode- se identificar quais controles devem ser implementados em curto, médio e
longo prazo. Há então uma relação de valor; ativos serão protegidos com
investimentos adequados ao seu valor e ao seu risco.

B) Quando fazer uma análise de riscos?

Uma análise de riscos deve ser realizada — sempre — antecedendo um


investimento. Antes de a organização iniciar um projeto, um novo processo de
negócio, o desenvolvimento de uma ferramenta ou até mesmo uma relação de
parceria, deve-se mapear, identificar e assegurar os requisitos do negócio. Em
situações onde a organização nunca realizou uma Análise de Risco,
recomendamos uma validação de toda a estrutura.

C) Quem deve participar da análise de riscos?

O processo de análise de riscos deve envolver especialistas em análise de


riscos e especialistas no negócio da empresa — esta sinergia possibilita o foco e
a qualidade do projeto. Um projeto de Análise de Riscos sem o envolvimento da
equipe da empresa, muito dificilmente retratará a real situação da operação.
TÓPICO 1 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

D) Quanto tempo o projeto deve levar?

A execução do projeto deve ser realizada em tempo mínimo. Em


ambientes dinâmicos a tecnologia muda muito rapidamente. Um projeto com
mais de um mês — em determinados ambientes —, ao final, pode estar
desatualizado e não corresponder ao estado atual da organização.

Conhecer o risco é ganhar mobilidade. Alguns riscos — como o choque


de um avião contra o nosso prédio — só poderemos evitar a um alto custo; não
é isso o que queremos. Esse diagnóstico, que até bem pouco tempo ocultava-se
sobre pequenas e isoladas iniciativas do grupo de tecnologia da informação,
quase sempre relacionado a aspectos técnicos da famosa “análise de
vulnerabilidades tecnológicas”, já é reconhecido como ferramenta de suporte
estratégico.

O conceito de análise de risco está intimamente relacionado à figura de


Competitive Intelligence (Inteligência Competitiva), uma vez que agrega “solidez”
à informação corporativa. Quem sabe, com a condição de controlar as ameaças,
não poderemos derivar desta ferramenta o conceito de “administração de
cenários”? A escolha é sua: quem dá as cartas?
F. F. Ramos é consultor da Axur Information Security

FONTE: Disponível em: < ht tp:/ /www. mal im a.c om. br/article_read. asp?id= 339>. Acesso
em: 18 jun. 2012.
RESUMO DO TÓPICO 1
Caro(a) acadêmico(a), neste tópico você viu que:

• O que é análise de investimentos, seus princípios, quando tomar a decisão,


para que tomar a decisão. Também conheceu os tipos de projeto de
investimento. Os critérios adotados na tomada de decisão.

• Conheceu a relação entre taxa mínima de atratividade e retorno de capital.

• Aprendeu a identificar a diferença entre um projeto independente e mutuamente


excludente.

• Agora você está pronto para as autoatividades do tópico.


AUTOATIVIDADE

você entende por análise de investimentos? 2 Defina investimento.


são os tipos de decisões para a escolha de no 4 O que são projetos mutuamente excludentes?
são projetos independentes?

vos projetos?
UNIDADE 2 TÓPICO 2
MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

1 INTRODUÇÃO
A necessidade de analisar a viabilidade econômica de um investimento
gera problema de engenharia econômica, logo, ela utiliza métodos de análise
específicos que possibilitam a escolha da melhor alternativa de investimento,
com consequente otimização de recursos.

2 TIPOS DE MÉTODOS DE ANÁLISE


Os métodos de análise que vamos estudar são praticamente quatro, que
apresentaremos na sequência desse tópico.

2.1 MÉTODO PAYBACK SIMPLES


É um método de avaliação que mede o prazo necessário para recuperar
o investimento realizado. Este método não leva em consideração o custo de
capital da empresa.

Baseado neste fato, Motta e Calôba (2002, p. 97) explicam:

O Payback, ou payout, é utilizado como referência para julgar a


atratividade relativa das opções de investimento. Deve ser encarado
com reservas, apenas como um indicador, não servindo para seleção
entre alternativas de investimento.
Por exemplo, imagine-se uma empresa transnacional tendo que
decidir entre dois possíveis investimentos em projetos distintos, em
um mesmo país, localizados em áreas geográficas diferentes de sua
sede. Imagine-se que tal país ofereça boas oportunidades de
negócios, mas também apresente riscos de ordem política, que
poderão acarretar violenta desvalorização cambial ou inflação
galopante, o que, por sua vez, na hora da remessa de lucros para o
exterior, diminuirá os resultados em uma moeda forte. Nesse caso
hipotético, a empresa transnacional poderá optar por alternativas de
investimento, nesse país em questão, que tenham menor prazo de
repagamento, vale dizer, menor payback.
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

2.1.1 Cálculo do Payback Simples


Exemplo: Uma determinada companhia deseja saber a viabilidade de
um projeto de investimento. E para isto pretende investir $ 100.000,00, exigindo
retornos anuais de $ 30.000,00 durante cinco anos.

Pede-se realizar uma avaliação do projeto de investimento, considerando


que o critério da empresa é aceitar projetos de investimento que tenham um
prazo de recuperação do valor total do investimento menor que quatro anos.

Anos Capitais Acumulado


0 ($100.000) ($100.000)
1 $30.000 ($70.000)
2 $30.000 ($40.000)
3 $30.000 ($10.000)
4 $30.000 $20.000
5 $30.000 $50.000

Na coluna “Acumulado” da tabela, podemos ver que o capital investido


será recuperado entre o terceiro e o quarto ano, isto é, PBS = 3 anos e 4 meses o
projeto deverá ser aceito.
10000
PBS = 3 + = 3,33 anos ou 2 a e 4m
30000
Portanto, o investimento será recuperado em 3,33 anos, ou três anos e
quatro meses, aproximadamente. Assim, a direção da empresa deverá aceitar
este projeto de investimento, pois o valor do PBS = 3,33 é menor que o valor de
quatro anos estabelecido pela direção.

Concluindo:

• Se PBS do projeto < 4 anos, deve ser aceito.


• Se PBS do projeto = 4 anos, não deve ser aceito.
• Se PBS do projeto > 4 anos, não deve ser aceito.

ção o custo do capital na linha de tempo futuro, ou seja, custo de capital igual a zero, o método payback simples não deverá ser utilizad
TÓPICO 2 | MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Agora que você entendeu o método PBS, vamos para as autoatividades.

AUTOATIVIDADE

PAYBACK SIMPLES

empresa está interessada em investir $ 600.000 em um projeto que apresenta o fluxo de caixa registrado na ta

Anos Capitais Acumulado


00 - 600.000
01 120.000
02 150.000
03 200.000
04 220.000
05 150.000
06 180.000
07 80.000

Considerando que o critério da empresa é aceitar projetos de


investimento de capital que tenham PBS menor que quatro anos, verificar se
esse projeto deve ser aceito aplicando o método do payback.

2 A tabela seguinte apresenta o fluxo de caixa anual de um novo projeto de


investimento. Calcular o payback simples.

Anos Capitais Acumulado


00 - 110.000
01 45.000
02 50.000
03 50.000
04 60.000

3 Com base no fluxo de caixa apresentado na tabela abaixo, verificar se o


projeto deve ser aceito, aplicando o método do payback simples, sabendo
que a empresa rejeita projetos com PBS maior que três anos.
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Anos Capitais Acumulado


00 - 15.000
01 2.500
02 3.500
03 4.250
04 5.000
05 5.800

4 O fluxo de caixa anual de um novo projeto de investimento está apresentado


na tabela seguinte. Sabendo que a empresa aceita projetos com PBS menores
que três anos, verificar se esse projeto deve ser aceito aplicando o método do
PBS.

Anos Capitais Acumulado


00 - 225.000
01 85.000
02 90.000
03 105.000
04 120.000
05 135.000
06 150.000

5 Qual o payback do projeto que apresenta o fluxo de caixa a seguir?

0 1 2 3 4 5
- 10.000 3.000 4.000 1.000 7.000 8.000

6 Uma empresa está tentando avaliar a viabilidade de investir $ 95.000 em


um equipamento cuja vida útil é de cinco anos. A empresa estimou as
receitas líquidas conforme a tabela abaixo. Calcular o período de payback
para o investimento proposto e apurar qual o valor do fluxo de caixa no
quinto ano.

Anos Capitais Acumulado


0 (95.000)
1 20.000
2 25.000
3 30.000
4 35.000
5 40.000
TÓPICO 2 | MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

7 Considere-se investimento de r$ 150.000,00 que gere retornos líquidos


anuais de r$ 45.000,00, a partir do final do primeiro ano, durante cinco
anos. Levando-se em consideração que a empresa não aceita projetos com
prazo de retorno superior a cinco anos, analise de acordo com o método
PBS se o projeto deverá ser aceito, ou não.

Ano Capital acumulado


00 -150.000
01 45.000
02 45.000
03 45.000
04 45.000
05 45.000

8 Considere-se um projeto com investimento conforme fluxo de caixa abaixo:


Ano 00 01 02 03 04
Fluxo -$310.000 $85.000 $90.000 $102.000 $119.000

Levando-se em consideração que a empresa aceita projetos com PBS


menor que quatro anos, analise se o projeto deverá ser aceito.

Ano Capital Acumulado


00 -310.000
01 85.000
02 90.000
03 102.000
04 119.000

9 Uma empresa está analisando a alternativa de um novo investimento no


valor de r$ 250.000,00. Estima uma receita anual de r$45.000,00 durante
cinco anos. Levando-se em consideração que a empresa não aceita projetos
com tempo de maturação superior a quatro anos, calcule o payback, sem
incidência de juros. Comente o resultado.

Ano Capital Acumulado


00 -250.000
01 45.000
02 45.000
03 45.000
04 45.000
05 45.000
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

10 Calcule o valor do payback simples:


ano 0 1 2 3 4 5
Fluxo -$350.000. $85.000 $100.000 $105.000 $110.000 $112.000
(valores em reais)

Analise o projeto, levando-se em consideração que a empresa não


aceita projetos superiores a cinco anos.

Ano Capital Acumulado


00 -350.000
01 85.000
02 100.000
03 105.000
04 110.000
05 112.000

2.2 MÉTODO PAYBACK DESCONTADO


Como os recursos alocados no investimento não são gratuitos, devemos
incluir seus custos ao longo do prazo de análise do projeto de investimento. Há
duas maneiras de incluir os custos:

- Acumulação do Valor Presente em cada ano do projeto;


- Saldo do Projeto com carregamento anual dos juros.

Lapponi (1996, p. 17) explica que:

Para contornar a deficiência de não considerar o valor do dinheiro no


tempo, no método payback simples foi adicionado o custo do capital
da empresa. Este novo procedimento é denominado como método do
payback descontado, denominado como método do PBD, que mede o
valor do prazo de recuperação do capital investido.

2.2.1 Cálculo do Método Payback Descontado


Exemplo: calcular o payback descontado, considerando que o custo
de capital da empresa é de 12% a.a. e o prazo máximo aceito para retorno do
investimento é quatro anos:
TÓPICO 2 | MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Anos Capitais Valor Presente (t=0) Acumulado (t=0)


00 (600.000) (600.000) (600.000)
01 120.000 107.143 (492.857)
02 150.000 119.579 (373.278)
03 200.000 142.356 (230.922)
04 220.000 139.814 (91.108)
05 150.000 85.114 (5.994)
06 180.000 91.194 85.200
07 80.000 36.188 121.388

Fórmula matemática para calcular o valor presente:

Valor Presente: FC0 + FC1 + FC2 + FC3 + FC4 + ...... + FCn


(1+k) (1+k)2 (1+k)3 (1+k)4 (1+k)n

VPL=

VPL=-600000 + (107.142,86 + 119.579,08 + 142.356,05 + 139.813,98 + 85.114,03 +


91.193,60 + 36.187,94)

Valor Presente Líquido = - 600.000 + 721.387,54


Valor Presente Líquido = $ 121.387,54 
$121.388,00

Cálculo pela HP 12:


F REG
120.000 ENTER CHS FV
12 i
1n
PV = $107.143

Para calcular os demais valores, basta inserir o novo valor em PV e o novo


período em “n”. A taxa permanece a mesma. Pergunta-se o novo PV.

Exemplo: continuando o exercício, para saber o valor presente de $


150.000 do ano 2:
150.000 ENTER CHS FV
2n
PV = $119.579

PBD = 5 + 5.994 = 5 + 0,7 = 5,07 anos (0,07 de 12 meses = 0,84 de 1 mês,


91.194 0.84 x 30 = 25 dias.
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Critério do método do Payback Descontado: o procedimento para aplicar


o método do payback descontado é equivalente ao procedimento realizado no
caso do PBS. Começamos por estabelecer o prazo máximo tolerado pela
empresa para recuperar o capital investido. Por exemplo, se o prazo tolerado for
igual a 3,5 anos, para que um projeto seja aceito deve apresentar um valor de
PBD menor ou igual a 3,5 anos. Resumindo:

• Se PBD do projeto < PBD máximo, deve-se aceitar o projeto.


• Se PBD do projeto = PBD máximo, deve-se aceitar o projeto.
• Se PBD do projeto > PBD máximo, deve-se rejeitar o projeto.

ANÁLISE DO MÉTODO DO PBD: A vantagem do método do PBD


é considerar o valor do dinheiro no tempo, pois o cálculo do PBD é realizado
considerando o custo de capital da empresa. Esse resultado tem os seguintes
significados:

•O valor do PBD pode ser interpretado como o prazo de recuperação do


investimento remunerado no valor da taxa de juros que representa o custo de
capital.

• O método do PBD continua tendo as desvantagens de não considerar todos


os capitais do fluxo de caixa, de ter que definir de forma subjetiva o prazo
máximo tolerado e, ainda, a empresa continuará com a tendência de aceitar
projetos de curta maturação e baixa rentabilidade e rejeitar projetos de maior
maturação e alta rentabilidade.

AUTOATIVIDADE

onsiderando o custo de capital


ve ou não ser aceito, considerando o prazo máximo tolerado pela empresa de 2,5 anos, e interpretar o result

Anos Capitais Valor Presente Acumulado


00 - 110.000
01 45.000
02 50.000
03 50.000
04 60.000

o PBD considerando o custo de capital igual a 9% a.a. e que a


ejeita projetos com PBD superiores a três anos. Comentar sobre a aceitação ou não do projeto e o seu result
TÓPICO 2 | MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Anos Capitais Valor Presente Acumulado


00 - 15.000
01 2.500
02 3.500
03 4.250
04 5.000
05 5.800

3 Para um investimento foram desenvolvidas duas alternativas que têm o


mesmo valor de investimento, porém com retornos diferentes, conforme
registrado abaixo:

Anos Capitais Vlr. Presente Acumulado Capitais Vlr. Presente Acumulado


00 (450.000) (450.000)
01 150.000 100.000
02 150.000 100.000
03 150.000 100.000
04 120.000 100.000
05 80.000 100.000

Analisar as duas alternativas aplicando o método do PBD,


considerando que a empresa aceita projetos de investimento que tenham PBD
de até três anos e que o custo de capital da empresa é de 9% a.a.

4 A empresa Aves e Ovos tem um payback descontado de três anos. Caso a


empresa tenha que decidir se deve aceitar algum deles, qual seria o
escolhido considerando um custo de capital de 6%?

Anos Capital Vlr. Presente Acumulado Capital Vlr. Presente Acumulado


00 (50.000) (120.000)
01 32.000 65.000
02 32.000 65.000
03 20.000 65.000
04 20.000 65.000
05 20.000 50.000

5 O fluxo de caixa anual de um novo projeto de investimento está


apresentado na tabela seguinte. Sabendo que a empresa aceita projetos com
PBD máximo de quatro anos e que o custo de capital da empresa é de 9%
a.a., verificar se esse projeto deve ser aceito.
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

t=0 t=0

Anos Capitais Vlr. Presente Acumulado


00 - 225.000
01 85.000
02 90.000
03 105.000
04 120.000
05 135.000
06 150.000

6 Considere um investimento de r$ 150.000,00 que gere retornos líquidos


anuais de r$ 45.000,00, a partir do final do primeiro ano, durante cinco
anos. Levando-se em consideração que a empresa não aceita projetos com
prazo de retorno superior a cinco anos, analise de acordo com o método
PBD se o projeto deverá ser aceito, considerando uma TMA de 8% aa.

Ano Capital Valor Presente Acumulado


00 -150.000
01 45.000
02 45.000
03 45.000
04 45.000
05 45.000

7 Considere-se um projeto com investimento conforme fluxo de caixa abaixo:

Ano 00 01 02 03 04
Fluxo -$310.000 $85.000 $90.000 $102.000 $119.000

Levando-se em consideração que a empresa aceita projetos com PBD


menor que quatro anos, analise se o projeto deverá ser aceito, a uma TMA de
8,5% aa.

Ano Capital Valor Presente Acumulado


00 -310.000
01 85.000
02 90.000
03 102.000
04 119.000
TÓPICO 2 | MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

8 Uma empresa está analisando a alternativa de um novo investimento no


valor de r$ 250.000,00.
Estima uma receita anual de r$45.000,00 durante cinco anos. Levando-
se em consideração que a empresa não aceita projetos com tempo de
maturação superior a cinco anos, calcule o payback, levando-se em
consideração um custo de oportunidade de 1,7532% am. Comente o
resultado.

Ano Capital Valor Presente Acumulado


00 -250.000
01 45.000
02 45.000
03 45.000
04 45.000
05 45.000

9 Calcule o valor do payback descontado do fluxo de caixa a seguir,


considerando uma TMA de 2,0174% ao mês.
Analise o projeto, levando-se em consideração que a empresa não
aceita projetos superiores a sete anos.

Ano Capital Valor Presente Acumulado


00 -350.000
01 85.000
02 100.000
03 105.000
04 130.000
05 180.000
06 200.000
07 220.000

10 Determine o PBD do seguinte fluxo de caixa:

a) ano 0 ano 1 ano 2 ano 3 ano 4 ano 5


-$150.000 $90.000 $91.000 $105.000 $150.000 $150.000

TMA = 1,1203% a.m.


UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Ano Capital Valor Presente Acumulado


00 -150.000 -150.000 -150.000
01 90.000 78.737,63 -71.262,37
02 91.000 69.649,98 -1.612,39
03 105.000 70.308,64 68.696,25
04 150.000 87.871,99 156.568,25
05 150.000 76.875,91 233.444,16

2.3 MÉTODO DO VALOR PRESENTE LÍQUIDO


O método VPL compara todas as entradas e saídas de dinheiro na data
inicial do projeto, descontando todos os valores futuros do fluxo de caixa a uma
taxa de juros que mede o custo de capital. É o mesmo que dizer que: VPL =
valor presente dos fluxos de entradas de caixa – investimento inicial.

Assaf Neto (2005, p. 319) descreve que: “A medida do valor presente


líquido é obtida pela diferença entre o valor presente dos benefícios líquidos
de caixa, previstos para cada período do horizonte de duração do projeto, e o
valor presente do investimento (desembolso de caixa). Formalmente, costuma-
se adotar a seguinte expressão de cálculo do NPV:

 n FC   n I 
NPV    t
  I 0  t

t1 (1  k)t   t 1 (1  k)t 

Se o valor do VPL é positivo - VPL > 0 -, então a soma da data 0 de todo


o fluxo de caixa é maior que o valor investido. Como estamos trabalhando com
estimativas futuras de um projeto, podemos dizer que o capital investido será:

1) recuperado;
2) remunerado na taxa de juros que mede o custo de capital da empresa;
3) o projeto gerará um lucro extra, na data 0, igual ao VPL.

Portanto, o critério do método do VPL estabelece que enquanto o valor


presente das entradas for maior que o valor presente das saídas, calculados com
a taxa de juros que mede o custo de capital, o projeto deve ser aceito.
Resumindo, sempre que:

• VPL > 0, o projeto deve ser aceito.


• VPL = 0, o projeto deve ser aceito.
• VPL < 0, o projeto não deve ser aceito.
TÓPICO 2 | MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

O método do VPL pressupõe, implicitamente, que todos os retornos


gerados pelo projeto serão reinvestidos na taxa de juros que define o custo de
capital.

2.3.1 Cálculo do VPL


Exemplo 1: Utilizando os mesmos dados do exemplo do PBD, isto é,
para um investimento inicial de $ 600.000 e fluxos líquidos de caixa conforme
demonstrado abaixo, verificar se esse projeto deve ser aceito, sabendo que a taxa
de custo de capital é de 12% a.a.

Fórmula: VPL = FC0 + FC1 + FC2 + FC3 + FC4 + ...... + FCn


(1+k) (1+k)2 (1+k)3 (1+k)4 (1+k)n

VPL =

VPL = -600000 +(107.14 + 119.58 + 142.36 + 139.81 + 85.11 + 91.19 + 36.19)

Valor Presente Líquido = -600 + 721.38


Valor Presente Líquido = $ 121.38

Cálculo pela HP 12C:


F REG
600 CHS g Cfo
120 g CFj
150 g CFj
200 g CFj
220 g CFj
150 g CFj
180 g CFj
80 g CFj
12 i f NPV → $121.388,00.
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Interpretação: VPL > 0. O capital de $ 600 remunerado à taxa de juros de


12% a.a. foi recuperado e o projeto gerará um lucro extra, na data 0, de $
121.388,00, correspondente ao VPL. Pode-se afirmar que o retorno que este projeto
está trazendo para a empresa é maior que 12%.

A interpretação deste resultado é que, ao aceitar o projeto, a empresa


estará aumentando sua riqueza em $ 121.388,00. Dessa forma, utilizar o VPL
para tomada de decisões facilita o alcance do administrador financeiro, que é o
de maximizar a riqueza do acionista ou do proprietário.

Exemplo 2: Estima-se que o lançamento de um novo produto


apresentará um fluxo de caixa da seguinte forma:

350 450 500 750 750 800 1.000


↑ ↑ ↑ ↑ ↑ ↑ ↑

2.500 i = 10%

Verificar se este projeto deve ser aceito aplicando o método do VPL,


considerando um custo de capital igual a 10% a.a.

HP12C

f REG
2500 CHS g CFo
350 g CFJ
450 g CFJ
500 g CFJ
750 g CFJ
750 g CFJ
800 g CFJ
1000 g CFJ
10 i f NPV → 508.43.

Interpretação: VPL > 0. O capital de $ 2.500 remunerado à taxa de juros


de 10% a.a. foi recuperado e o projeto gerará um lucro extra, da data 0, de $
508.43 correspondente ao VPL. Pode-se afirmar que o retorno que este projeto
está trazendo para a empresa é maior que 10%.

O método anterior, PBD, se aproxima do método do Valor Presente


Líquido, pois o valor acumulado na data terminal (final) do fluxo de caixa do
projeto é o próprio VPL. Se um projeto de investimento é aceito pelo método do
PBD, então nesse projeto o valor do VPL deverá ser positivo, isto é, VPL > 0.

Os pontos fortes do método são a inclusão na análise de todo o fluxo de


caixa e o custo de capital. Como no valor da taxa de juros que mede o custo de
capital está considerado o risco, nas estimativas futuras do fluxo de caixa
também está considerado o risco.
TÓPICO 2 | MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

As desvantagens do método do VPL são relacionadas com:


- necessidade de conhecer a taxa de juros que mede o custo de capital. Como
a taxa deve incluir o risco do projeto, a tarefa de definir o valor da taxa nem
sempre é fácil de realizar.
- resposta em valor monetário no lugar de ser em percentagem.

AUTOATIVIDADE

1 Uma empresa está fazendo um projeto para o lançamento de um novo tipo


de panelas. O analista estabeleceu os seguintes dados do projeto:

t=0 t=0
Data Capitais Vlr. Presente Acumulado
00 (400)
01 100
02 100
03 100
04 100
05 190

Com esses dados, verificar se o projeto deve ser aceito, aplicando o


método do valor presente líquido, considerando o custo de capital da empresa
de 10% a.a.
ta o fluxo líquido registrado na tabela abaixo. Se o custo de capital é de 9% ao ano, verificar se este projeto d

Anos Capitais
00 (1000)
01 250
02 300
03 350
04 400
05 550

3 Seja o fluxo de caixa anual após os impostos registrado na tabela seguinte:


UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Anos Capitais
00 (30.000)
01 7.000
02 7.500
03 8.200
04 9.000
05 12.000

Se o custo de capital da empresa é igual a 16% a.a., determinar se esse


projeto de investimento deve ser aceito aplicando o método do VPL.

4 A construção de um laboratório levará dois anos e custará $ 50.000,


distribuídos da seguinte maneira: $ 30.000 na data 0 e $ 20.000 na data 1,
e os retornos começarão no final do terceiro ano. O fluxo de caixa após os
impostos é o seguinte:

Anos Capitais
00 (30.000)
01 (20.000)
02 0
03 10.000
04 14.000
05 18.000
06 22.000
07 26.000

Verificar se o projeto deve ser aceito pelo método VPL, sendo o custo
de capital de 10% ao ano.

5 Comparar as seguintes alternativas de investimento para um custo de


capital de 8% ao ano.

Alternativa Investimento Inicial Receita Líquida/Ano Vida Útil


A $ 50.000 $ 15.000 05 anos
B $ 80.000 $ 23.000 05 anos

6 Com as informações do exercício 5, calcular o VPL considerando como taxas


de custo de capital 0%, 5%, 10%, 15% e 20%.
TÓPICO 2 | MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

I VPL “A” VPL “B “


0%
5%
10%
15%
20%

7 A fábrica de tecidos Maré Mansa está em dúvida sobre qual é a melhor


alternativa de investimento, conforme demonstrado na planilha a seguir:

Ano Capital A Capital B


00 ($500.000,00) ($350.000,00)
01 $180.600,00 $170.000,00
02 $ 185.780,00 $175.100,00
03 $182.640,00 $175.200,00
04 $165.800,00 $185.200,00
05 $117.300,00 $170.300,00

Sabendo-se que o custo de oportunidade do referido investimento é


de 1,035% ao mês, calcule as alternativas pelo método VPL, analisando qual
das alternativas deverá ser aceita.

8 Determine o Valor Presente Líquido (VPL) do seguinte fluxo de caixa:

a) ano 0 ano 1 ano 2 ano 3 ano 4 ano 5


-$250.000 $80.000 $90.000 $100.000 $120.000 $150.000 i = TMA = 1,5%
a.m.

9 Calcule o valor do payback descontado:

ano 0 1 2 3 4 5
Fluxo -$300.000 $80.000 $80.000 $90.000 $100.000 $150.000
(valores em reais) TMA = 2,10% ao mês.

Análise o projeto, levando-se em consideração que a empresa não


aceita projetos superiores a cinco anos.

10Uma empresa está analisando a melhor alternativa de investimento,


conforme demonstrado na planilha abaixo:

Ano Capital A Capital B


00 ($700.000,00) ($600.000,00)
01 $180.600,00 $170.000,00
02 $ 185.780,00 $185.100,00
03 $182.640,00 $175.200,00
04 $185.800,00 $185.200,00
05 $177.300,00 $170.500,00
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Sabendo-se que o custo de oportunidade do referido investimento é


de 0,75% ao mês, calcule as alternativas pelo método VPL, analisando qual
das alternativas deverá ser aceita.

11 O Sr. Valério emprestou R$ 5.000,00 hoje (momento zero), ao Sr. Manoel


Joaquim, que lhe prometeu pagar R$ 3.000,00 daqui a 30 dias e R$
3.750,00 daqui a 60 dias.

Sabendo que a TMA é de 1% ao mês, calcule o valor presente líquido.

2.4 MÉTODO DA TAXA INTERNA DE RETORNO


A Taxa Interna de Retorno (TIR) está intimamente relacionada com o
VPL. Tentamos com a TIR obter uma taxa de retorno para sintetizar os méritos
de um projeto. Além disso, desejamos que essa taxa seja “interna”, no sentido
de que dependa unicamente dos fluxos de caixa de determinado investimento, e
não de taxas oferecidas por outros investimentos.

De acordo com Assaf Neto (2005, p. 309):

O método da taxa interna de retorno (IRR) representa a taxa de desconto


que iguala, em determinado momento (geralmente usa-se a data de início
do investimento – momento zero), as entradas e saídas previstas de caixa.
Para avaliação de propostas de investimento, o cálculo da IRR requer,
basicamente, o conhecimento dos montantes de dispêndio de capital (ou
dispêndios, se o investimento prevê mais de um desembolso de caixa), e
dos fluxos de caixa líquidos incrementais gerados pela decisão.
Considerando que esses valores ocorrem em diferentes momentos, pode-
se afirmar que a IRR, ao levar em conta o valor do dinheiro no tempo,
representa a rentabilidade do projeto expressa em termos de taxa de
juros composta equivalente periódica.
A formulação da taxa interna de retorno pode ser representada,
supondo-se a atualização de todos os movimentos de caixa para o
momento zero, da forma seguinte:

n n
I FC
I0
t1

(1  k)
t

(1  k)
t
t1
t
t

O critério do método da taxa interna de retorno estabelece que enquanto


o valor da TIR for maior que o valor do custo de capital (k), o projeto deve ser
aceito. Isto é, sempre que:

• TIR > k, o projeto deve ser aceito;


• TIR = k, o projeto deve ser aceito;
• TIR < k, o projeto não deve ser aceito.
TÓPICO 2 | MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Em outras palavras: Com base na regra da TIR, um investimento é aceito


se a TIR é maior do que o retorno exigido. Caso contrário, deve ser rejeitado. O
método da TIR pressupõe, implicitamente, que todos os retornos gerados pelo
projeto serão reinvestidos em alternativas que rendam, pelo menos, a taxa
interna de retorno.

2.4.1 Cálculo da TIR


Cálculo da taxa interna de retorno de um investimento sem o uso da
calculadora ou Excel, mas sim por regra de três, conforme a seguir:

Ano 0 1 2 3 4 Total cumulativo


Fluxo de caixa
- 50 30 30 30 30 70
(R$ milhões)

Dividindo-se o somatório dos fluxos (R$ 70 milhões) pelo investimento


(R$ 50 milhões), obtém-se 140%. Dividindo-se este valor por quatro anos,
obtém- se i = 35% ao ano, o valor inicial tentativo para o cálculo da taxa interna
de retorno.

Descontando-se os fluxos a essa taxa, encontra-se VPL (i=35%) = R$ 9,91


milhões.

Obviamente, necessita-se de uma taxa maior. Utilizando-se i = 50%,


encontra-se VPL (i=50%) = R$ - 1,85 milhão. Uma vez encontrados um valor
presente positivo e outro negativo, é possível fazer as aproximações para
calcular a taxa interna de retorno.

Como, em milhão de reais, o VPL (35%) foi de R$ 9,91 milhões e o 50% foi de
R$
- 1,85 milhões, pode-se dizer que, a partir de 50%, um aumento de R$ 11,75 milhões
no valor presente foi obtido descendo em 15% a taxa interna de retorno. Deseja-se
encontrar a percentagem que o fluxo total descontado, ou seja, que aumenta R$ 1,85
milhão a partir de 50%. A seguinte relação pode ser feita:

11,76.....................................15% a.a.
1,85..........................................Δ X
Δ X = 15% x (1,85) / 11,76 = 2,36%
I= 50% - Δ x = 50% - 2,36% = 47,65% a.p.

A relação que está sendo feita aqui é exatamente a mesma semelhança de


triângulo retângulo empregada no cálculo do payback.

Se você calcular o VPL com um custo de 47,65% a.a., verá que o VPL será
praticamente zero, resultará algum valor residual, devido ao cálculo manual.
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Cálculo pela calculadora HP 12c


50 ch g cfo; 30 g cfj; 4 gnj; F IRR = 47,23% a.p.

Você observou que gerou uma diferença entre o resultado pela


calculadora (47,23% a.p.) e pelo método da aproximação (47,65% a.p.), diferença
essa irrelevante.

a fórmula, poderá deixar em forma percentual. Logo, no resultado não será necessário multiplicar por 100. Porém a alíquota do Impost

Exemplo 2: Dado o fluxo de caixa abaixo, verificar se o projeto deve ser


aceito pelo método da TIR, considerando um custo de capital de 13%.

Anos Capitais
00 (85.000)
01 12.500
02 22.300
03 25.000
04 25.000
05 30.000

85000 chs g cfo; 12500 g cfj;22.300 g cfj; 25.000 g cfj; 25000 g cfj; 30000 g
cfj; F IRR = 9,70% a.p.
Resposta: TIR = 9,70%. Como TIR é menor que a taxa de custo de capital,
o projeto não deve ser aceito.

ANÁLISE DO SIGNIFICADO DA TIR:

- Todos os retornos gerados pelo projeto serão reinvestidos no valor da taxa


interna de retorno calculado;
- Quando calculamos com a Taxa Interna de Retorno (TIR), o valor presente de
todas as entradas do fluxo de caixa será igual ao valor presente do
investimento;
- A maior vantagem do método da TIR é dar o resultado em forma de
porcentagem em vez de valor monetário.
TÓPICO 2 | MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

AUTOATIVIDADE

TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR)

1 Verificar se o projeto abaixo deve ser aplicado, analisando pelo método da


TIR e considerando que o custo de capital é de 20% a.a.

Datas Capitais
00 (1.000)
01 250
02 300
03 350
04 400
05 550

2 Verificar se o projeto deve ou não ser aceito, aplicando o método da TIR,


considerando o custo de capital de 16% a.a.

Datas Capitais
00 (30.000)
01 7.000
02 7.500
03 8.200
04 9.000
05 12.000

3 Analisar se o projeto para a instalação de um laboratório que apresenta o


fluxo de caixa abaixo deve ser recomendado pelo método da TIR, sabendo-
se que o custo de capital da empresa é de 11% ao ano.

Data Capitais
00 (30.000)
01 (20.000)
02 0
03 10.000
04 14.000
05 18.000
06 22.000
07 26.000
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

4 Um projeto tem um custo inicial de $ 3500. Seus fluxos de caixa são: $ 500
no primeiro ano, $ 1500 no segundo, $ 2500 no terceiro. Qual é a TIR?
Sendo o custo de capital da empresa de 9%, deveríamos fazer este
investimento?

5 Quais são as TIR dos fluxos de caixa abaixo? Qual o projeto que seria aceito
se o custo de capital da empresa fosse de 20% a.a.?

Anos Fluxo de Caixa “A” Fluxo de Caixa “B”


00 (3.000) (5.000)
01 1.500 4.500
02 1.200 1.100
03 800 800
04 300 300
05 100 1.000
06 200 500

6 Um projeto que gera fluxo de caixa conforme tabela a seguir vale a pena
ser implantado se a taxa de retorno exigida é de 15%? E se for exigido
retorno de 22%?

Anos Capitais
00 (1.500)
01 400
02 400
03 400
04 400
05 400
06 400
07 400

2.5 MÉTODO DA ANÁLISE INCREMENTAL - CONFLITO VPL


X TIR
Em projetos mutuamente excludentes, deveremos determinar um fluxo
de caixa incremental e aplicar a regra do VPL, já que o projeto que gerar maior
valor em unidades monetárias sempre será o aceito. O método da taxa interna
de retorno serve para dar maior consistência na escolha.
TÓPICO 2 | MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

2.5.1 Cálculo do conflito VPL X TIR

Exemplo 1:
Ano Investimento A Investimento B
00 (100) (100)
01 50 20
02 40 40
03 40 50
04 30 60

A TIR de A é igual a 24% e a TIR de B é igual a 21%. Como esses


investimentos são mutuamente excludentes, podemos aceitar apenas um deles.
A intuição nos sugere que o investimento A é melhor, devido a seu maior
retorno. Para verificar se está correta esta análise, calcularemos o VPL desses
investimentos para diferentes taxas de retorno exigidas:

Taxa VPL - A VPL - B


0% 60,00 70,00
5% 43,13 47,88
10% 29,06 29,79
15% 17,18 14,82
20% 7,06 2,31
25% (1,63) (8,22)

Se formos comparar os VPLs, veremos que um projeto é superior ao


outro dependendo da taxa de retorno exigida. Em nosso exemplo, as
classificações por VPL e TIR são conflitantes para algumas taxas de desconto.

Se, por exemplo, a taxa de retorno exigida for igual a 10%, o projeto B
tem maior VPL, e, portanto, será o escolhido, embora a melhor TIR seja do
projeto A. Se a taxa de retorno exigida for igual a 15% não haverá conflito de
classificação: o projeto A é melhor tanto pelo método do VPL como pela TIR.

Sempre que tivermos projetos mutuamente excludentes, não devemos


classificá-los com base na TIR, que pode levar a conclusões erradas. Em lugar
disso, precisamos examinar os VPLs para evitar a possibilidade de fazer a
escolha errada.

Lembrar que estamos interessados em criar valor para os acionistas, e,


portanto, a opção que possui maior VPL é a preferida, independentemente dos
retornos relativos.
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Pensar dessa maneira parece contrariar a intuição. Suponha que você


dispõe de duas alternativas de investimento. Um deles tem um retorno de
10% e o torna imediatamente $ 100 mais rico. O outro tem 20% de retorno e o
torna $ 50 mais rico. Qual deles você preferiria? Preferiríamos ter $100 em vez
de $ 50, independentemente dos retornos, e, portanto, optamos pelo primeiro
investimento.

Aplicando o mesmo raciocínio no exemplo abaixo, verificamos que nem


sempre o projeto com maior TIR deve ser aceito.

Exemplo 2: Considerando que os projetos X e Y são mutuamente


excludentes, isto é, podemos escolher apenas um dos projetos rejeitando o
outro, escolher o projeto que devemos aceitar, sendo o custo de capital igual a
6%:

Anos PROJETO X PROJETO Y


0 (1.000) (10.000)
1 1.500 11.500
VPL 415 849
TIR 50% 15%

O VPL espelha a magnitude em valores monetários dos ganhos dos


projetos, o que não pode ser obtido através da TIR. Como as empresas estão
mais interessadas em ganhos absolutos do que em saber taxas de lucros, é
preferível avaliar o projeto com base no VPL.

O VPL está associado ao conceito de maximização da riqueza. A TIR


está associada à ideia de maximização da lucratividade.

Em projetos mutuamente excludentes:

• O método do VPL permite escolher o melhor dos projetos, comparando


simplesmente os valores dos VPLs dos projetos;
• O método da TIR não permite selecionar o melhor dos projetos por simples
comparação dos valores das TIRs, porque o melhor projeto pode não ser o
projeto que tiver maior TIR.

Exemplo 3: A empresa tem dois projetos de implantação de uma nova


unidade operacional, cujos fluxos de caixa estão registrados na tabela seguinte.
Os investimentos acontecem na data 0 e os retornos são iguais desde a data 1 até
a data 10.

PROJETOS A B
INVESTIMENTOS (100.000) (150.000)
RETORNOS (1-10) 16.000 23.000
TÓPICO 2 | MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Se o custo de capital é igual a 8% a.a., escolher o melhor projeto


aplicando os métodos do VPL e da TIR.

Resposta:

PROJETOS A B
VPL-8% $ 7.361 $ 4.332
TIR 9,61% 8,64%

Pelo método do VPL escolhemos o projeto A, que apresenta maior VPL.


Entretanto, não devemos aplicar o método da TIR para escolher o melhor
projeto.

Exemplo 04: Continuando o exemplo 3 e considerando agora o custo de


capital de 2% a.a., pede-se:

1) escolher o melhor projeto aplicando os métodos VPL e TIR.


2) comparar os resultados com o exemplo 3.

1) PROJETOS A B
VPL-2% $ 43.721 $ 56.599
TIR 9,61% 8,64%

Aplicando as regras do VPL, considerando o custo de capital de 2% a.a.,


escolhemos o projeto B, que apresenta maior VPL. Entretanto, não devemos
aplicar o método da TIR para escolher o melhor projeto, apesar do projeto A
apresentar maior TIR que o projeto B.

2) Comparando os resultados dos exemplos 2 e 3, temos:

VPL – 8% $ 7.361 $ 4.332


VPL – 2% $ 43.721 $ 56.599
TIR 9,61% 8,64%

Aplicando o método do VPL devemos escolher:


- o projeto A, quando o custo de capital é igual a 8%;
- o projeto B, quando o custo de capital é igual a 2%.

Quando forem projetos mutuamente excludentes, não devemos fazer


a escolha utilizando o método da TIR, a menos que façamos o procedimento
descrito no item abaixo (2.6 TIR / Análise incremental). Analisando os
resultados dos VPLs, podemos ver que, ao mudar o valor do custo de
capital, a decisão da escolha mudou; entretanto, o valor da TIR permaneceu
inalterado, pois não depende do custo de capital; isto é, o valor da TIR depende
somente dos valores dos capitais e sua distribuição no tempo.
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

2.5.2 Regra do valor presente líquido e da taxa interna


de retorno
Quando os projetos são mutuamente excludentes, para escolher o
melhor projeto aplicando o método da TIR será necessário realizar outro
procedimento. Devemos aplicar, obrigatoriamente, o método denominado
Análise Incremental.

Exemplo 1: A empresa está fazendo uma análise para escolher o melhor


dentre dois projetos, para expandir sua capacidade de produção. Os projetos são
mutuamente excludentes (apenas um projeto pode ser escolhido). Os fluxos de
caixa dos projetos são apresentados abaixo e, sabendo que o custo de capital é
de 15% a.a., qual dos dois projetos seria o escolhido?

Desafiante Desafiado Desafiado - Desafiante


Anos Projeto A Projeto B Análise Incremental (B-A)
00 (325.000) (500.000) (175.000)
01 140.000 100.000 (40.000)
02 120.000 120.000 0
03 95.000 150.000 55.000
04 70.000 190.000 120.000
05 50.000 250.000 200.000
TIR 17,3% 15,7% 14,3%
VPL 14.822 9.250 (5.572)

• Se TIR (B-A) > Custo de Capital → o projeto B é melhor que o projeto A.


• Se TIR (B-A) < Custo de Capital → o projeto A é melhor que o projeto
B. Ou:
• Se VPL (B-A) > 0, → o projeto B é melhor que o projeto A.
• Se VPL (B-A) < 0, → o projeto A é melhor que o projeto B.

Portanto, a análise incremental mostra que o projeto A deve ser o


escolhido porque o VPL do fluxo incremental é negativo e a TIR de 14,3% é
menor do que o custo de capital, de 15%.

Exemplo 2: Decidir sobre os projetos 1 e 2 com custo de capital de 15% a.a.


TÓPICO 2 | MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Desafiante Desafiado Desafiado - Desafiante


Períodos Projeto 1 Projeto 2 Análise Incremental (2 – 1 )
00 (100.000) (1.000.000) (900.000)
01 50.000 400.000 350.000
02 50.000 400.000 350.000
03 60.000 500.000 440.000
04 70.000 600.000 530.000
05 80.000 700.000 620.000
TIR 48,6% 37,8% 36,54%
VPL 100.533 670.117 569.584

A análise incremental mostra que o projeto escolhido seria o projeto 2,


porque o VPL é maior do que zero, ou seja, no valor de $569.584,00, e a TIR
36,54% é maior do que o custo de capital de 15%.
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

LEITURA COMPLEMENTAR

OS MÉTODOS OUANTITATIVOS DE ANÁLISE DE


INVESTIMENTOS

Alexandre Assaf Neto*

O estudo de avaliação de investimentos se refere basicamente às decisões


de aplicações de capital em projetos que prometem retornos por vários períodos
consecutivos.

O tema se insere no âmbito da administração financeira em longo prazo,


promovendo repercussões importantes sobre o desempenho futuro da empresa
e, ainda em termos agregados, sobre o crescimento da economia.

Uma empresa, em determinado instante, pode ser vista como um


conjunto de projetos de investimento em diferentes momentos de execução. O
seu objetivo financeiro, ao avaliar alternativas de investimento, é o de
maximizar a contribuição marginal desses recursos de capital, promovendo o
incremento de sua riqueza líquida.

É importante ressaltar que o investimento de capital se apresenta


geralmente como uma parte (algumas vezes pequena) do processo de tomada
de decisões empresariais. Frequentemente, objetivos estratégicos se apresentam
como fatores decisoriais relevantes na seleção de projetos de investimentos. Esta
realidade frusta, em diversos momentos, posições mais teóricas de se identificar
as melhores alternativas a partir unicamente dos métodos quantitativos de
avaliação de investimentos. Outros fatores de importância são também
considerados na avaliação, permitindo incorporar um estudo de natureza
qualitativa.

O segmento de investimento de capital é bastante complexo e amplo,


envolvendo inúmeros critérios e métodos de análise. O presente trabalho não
tem o intuito de abordar todas as suas partes. O objetivo básico é o de avaliar,
dentro de um posicionamento mais crítico, os principais aspectos dos métodos
quantitativos mais utilizados pelas empresas para análise de investimentos.

INFORMAÇÕESMÍNIMASPARAAVALIAÇÃODEINVESTIMENTOS

O processo de avaliação de investimentos demanda uma série de


informações financeiras, enunciadas segundo diversos critérios. Da mesma
forma, diferentes estados de mercado e da economia interferem nos critérios de
análise de investimentos.

As informações mínimas necessárias são descritas, em seus aspectos


essenciais, a seguir.
TÓPICO 2 | MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

a) Fluxo de Caixa Líquido

A avaliação de investimento é executada a partir de fluxo líquido de


caixa, medido, para cada período do intervalo de tempo, pela diferença entre
os fluxos de entrada e os de saída de caixa. Nestes fluxos são computados
somente os movimentos efetivos de recursos, com reflexos financeiros sobre o
caixa, desprezando-se receitas e despesas de natureza eminentemente contábil
(depreciação, amortização, reavaliação patrimonial, entre outros resultados que
não são pagos ou recebidos em termos de caixa).

A análise de investimento é processada com base em fluxos de caixa,


sendo o dimensionamento desses valores considerado como o aspecto mais
importante da decisão. A representatividade dos resultados de um investimento
é bastante dependente do rigor e confiabilidade com que os fluxos de caixa
foram estimados.

A decisão de se avaliar projetos de investimento com base nos resultados


de caixa, e não a partir do lucro, é devida a uma necessidade econômica,
revelando a efetiva capacidade da empresa em remunerar o capital aplicado e
reinvestir os benefícios gerados.

b) Valores Incrementais

Os fluxos de caixa são computados em seus valores incrementais, ou


seja, pelos fluxos de entrada e saída de caixa que se originam da decisão de
investimento em consideração. Isto equivale a concluir que, inexistindo o
investimento, os fluxos de caixa atribuíveis à proposta deixam de existir.

O fluxo de caixa incremental adotado como modelo básico na análise de


investimento apresenta-se genericamente com a seguinte estrutura:

FC = [ Δ ROP - IR (Δ ROP)] + Δ DND


FC = Δ ROP x (1 - IR) + Δ DND
onde:
Δ FC = Fluxo de caixa incremental;
Δ ROP = resultado operacional incremental;
IR = alíquota de Imposto de Renda aplicável sobre o resultado
operacional incremental;
Δ DND = despesas não desembolsáveis incrementais (depreciação,
basicamente)

c) Taxa Mínima de Atratividade

Na seleção de investimento é necessária a definição prévia da taxa de


retorno exigida, isto é, a taxa de atratividade econômica do projeto.

Ao se trabalhar com métodos de fluxo de caixa descontado, a taxa


de atratividade constitui-se no parâmetro de avaliação dos projetos, a meta
econômica mínima a ser alcançada.
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

No método do valor presente líquido, a taxa de atratividade é o


percentual de desconto dos fluxos de caixa. Sendo o valor presente das entradas
menos o das saídas de caixa positivo, há indicação técnica de aceitação do
investimento. Em caso contrário, deve ser rejeitado.

No método da taxa interna de retorno, a taxa de atratividade é


comparada com o retorno calculado, indicando aceitação quando esta última
for, pelo menos, igual à taxa de desconto utilizada.

d) Outras Informações

Outras informações a respeito do processo de investimento devem ser


levadas em consideração na análise.

• Origens das Propostas: expansão, lançamento de novos produtos,


modernização, instalação, relocalização.

• Tipos de Investimentos: independentes, economicamente dependentes,


mutuamente excludentes, restrições orçamentárias.

É preciso levar em conta, ainda, os aspectos de risco inerentes a todo


projeto. Como os investimentos são decisões tomadas fundamentalmente em
relação ao futuro, é sempre necessário que se inclua uma avaliação do risco no
estudo da viabilidade econômica.

Por exemplo, os fluxos de caixa definidos para as decisões de


investimento são valores previstos de ocorrer ao longo de determinado período
de tempo futuro, estando associados, evidentemente, às incertezas inerentes às
previsões.

Existem diversos métodos de Matemática e Estatística usados para se


avaliar o risco de um investimento, buscando todos eles conhecer a
probabilidade de ocorrência de determinado estado de natureza e seus
resultados. Algumas técnicas e métodos bastante adotados são: Medidas
Estatísticas de Dispersão, Distribuição de Probabilidades, Método de Monte
Carlo, Árvores de Decisão (adotada em decisões sequenciais), Simulação etc.

Muitas vezes, a unidade decisorial adota, de maneira mais simplificada,


o incremento da taxa de retorno exigida do investimento como critério de
avaliação de risco. Dependendo de certas circunstâncias, esta medida nem
sempre é adequada.

A moderna teoria de Finanças vem incorporando, nas decisões de


investimento em condições de risco, o método do CAPM -”Capital Asset Pricing
Model”, ou Modelo de Precificacão de Ativos. O CAPM, em essência, define a
remuneração pelo risco através da taxa adotada pelo mercado.
TÓPICO 2 | MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Tratando-se principalmente da economia brasileira, é necessário incluir-


se a inflação nas decisões de investimento como um fator de maior risco. Os
problemas mais relevantes da inflação são a dificuldade em prever os seus
valores e maior complexidade em considerá-la tecnicamente no processo de
análise.

Dentro da influência da inflação sobre a análise de investimento, a sua


inclusão é tratada na definição da taxa de desconto a ser utilizada na avaliação
dos benefícios e, mais intensamente, sobre os resultados de caixa gerados no
tempo.

Diante do exposto, os fluxos de caixa das alternativas de investimento


podem se apresentar expressos sob diferentes formas:

Fluxos de Caixa Nominais - encontram-se expressos em valores


correntes da época de sua ocorrência;
Fluxos de Caixa Constantes - os valores apresentam o mesmo poder de
compra, ou seja, estão referenciados em moeda de mesma capacidade
aquisitiva; Fluxos de Caixa Descontados - Os valores encontram-se todos
atualizados para a data presente através de uma taxa de desconto definida para
o investimento.
*Professor - Doutor do Departamento de Contabilidade e Atuária da FEA/
USP

FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141392511992000300001&script= sci_


arttext>. Acesso em: 18 jun. 2012.
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você conheceu:

• Os métodos de análise de investimento, tendo compreendido como calcular e


interpretar os resultados para a tomada de decisão, comparando a TMA com
a TIR.

• Conheceu o método para escolha de projetos mutuamente excludentes,


aplicando a regra do VPL e da TIR. Também aprendeu a aplicar e interpretar
os resultados referentes à regra.

Agora, vamos praticar o que você aprendeu.


AUTOATIVIDADE

ANÁLISE INCREMENTAL

1 Fazer a análise incremental dos projetos abaixo, mutuamente excludentes,


considerando que a taxa de retorno requerida para esses investimentos é
de 20% ao período, e definir qual projeto deverá ser escolhido utilizando o
método da TIR.

Desafiante Desafiado Desafiado - Desafiante


Períodos Projeto A Projeto B Análise Incremental (B- A)
00 (100.000) (200.000)
01 60.000 30.000
02 50.000 40.000
03 40.000 180.000
04 40.000 200.000
TIR
VPL

2 Uma empresa tem dois projetos para modernizar a sua linha de produção,
sendo que são projetos mutuamente excludentes, ou seja, a aceitação de
um projeto elimina o outro. Avaliar os projetos pela análise incremental,
considerando duas hipóteses de custo de capital: 8% e 12%, e definir a
escolha pelo método da TIR.

ANOS PROJETO A PROJETO B B-A


0 (50.000) (80.000)
1 15.000 23.000
2 15.000 23.000
3 15.000 23.000
4 15.000 23.000
5 15.000 23.000
TIR
VPL-8%
VPL-12%

3 A empresa Perfil S/A está analisando dois projetos mutuamente


excludentes. O seu custo de capital é de 12%, e os seus fluxos de caixa
foram estimados conforme demonstrado na tabela abaixo. Calcular o VPL
e a TIR de cada projeto. Efetuar a análise incremental e avaliar qual
projeto deverá ser aceito, baseando-se exclusivamente pelo método da
TIR.
Períodos Projeto Alfa Projeto Beta Beta - Alfa
0 (85.000) (130.000)
1 40.000 25.000
2 35.000 35.000
3 30.000 45.000
4 10.000 50.000
5 5.000 55.000
VPL
TIR
VPL incremental - -
TIR incremental - -

4 Analisar os investimentos abaixo, que são mutuamente excludentes,


considerando o custo de capital de 15%. Qual projeto deverá ser escolhido
utilizando o método da TIR?

Períodos Projeto C Projeto D D–C


0 (100.000) (100.000)
1 60.000 15.000
2 50.000 20.000
3 40.000 90.000
4 40.000 110.000
TIR

5 Fazer a análise incremental dos projetos a seguir, mutuamente excludentes,


considerando que a taxa de retorno requerida para esses investimentos é
de 16% ao período, e definir qual projeto deverá ser escolhido utilizando o
método da VPL, e o porquê da escolha.

Desafiante Desafiado Desafiado - Desafiante


Períodos Projeto A Projeto B Análise Incremental (B- A)
00 (150.000) (200.000)
01 60.000 30.000
02 50.000 20.000
03 50.000 130.000
04 40.000 200.000

VPL
6 Fazer a análise incremental dos projetos a seguir, mutuamente
excludentes, considerando que a taxa de retorno requerida para esses
investimentos é de 10% ao período, e definir qual projeto deverá ser
escolhido utilizando o método da TIR ou VPL, e o porquê da escolha.

Desafiante Desafiado Desafiado - Desafiante


Períodos Projeto A Projeto B Análise Incremental (B- A)
00 (100.000) (200.000)
01 60.000 30.000
02 50.000 40.000
03 40.000 180.000
04 40.000 200.000
TIR
VPL
UNIDADE 2 TÓPICO 3

CONSTRUÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

1 INTRODUÇÃO
Até o presente foram apresentados os métodos de avaliação de projetos
de investimentos. Com a intenção de destacá-los, nos exemplos desenvolvidos
foram realizadas algumas simplificações; por exemplo, o fluxo de caixa após
os impostos foi sempre um dado do problema, sem a preocupação em obter os
valores da geração de caixa.

Ao investir em um novo projeto, a empresa espera que seus resultados


futuros sejam melhores que os resultados que conseguiria sem o novo
investimento. Esse é o ponto de partida para desenvolver o fluxo de caixa de um
projeto.

Nesse caminho são apresentados os conceitos de depreciação, ganho de


capital, capital de giro, etc...

Os investimentos são concentrados em um único valor na época inicial


do projeto, entretanto, o investimento de capital pode ser realizado através de
desembolsos parciais ao longo de um certo tempo, muitas vezes, maior que um
ano; da mesma maneira, a inclusão da data real do pagamento da tributação, em
geral posterior à data de seu cálculo. Portanto, incluir os desembolsos conforme
realmente acontecem pode contribuir na obtenção de resultados mais próximos
da realidade.

Na construção do fluxo de caixa participam todos os departamentos da


empresa diretamente envolvidos no projeto.

A determinação das estimativas das variáveis do projeto é realizada


por diversas pessoas das áreas de marketing, vendas, produção, contabilidade,
engenharia, etc...
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

2 FUNDAMENTADO FLUXO DE CAIXA


O Fluxo de Caixa é uma peça fundamental do planejamento e controle
financeiro, apresentando-se como instrumento imprescindível na gestão
empresarial. Seu valor é evidenciado de forma informativa como fluxo de caixa
na demonstração contábil, visando atender às necessidades de usuários internos
e externos.

Planejar é uma tarefa do gestor financeiro, que deverá fazê-la de forma


eficaz. O planejamento financeiro determina as diretrizes de mudanças em uma
empresa. Isto é necessário porque faz com que sejam estabelecidas as metas da
empresa para motivar a organização e gerar marcos de referência para avaliação
de desempenho. As decisões de investimento e financiamento da empresa não
são independentes, sendo necessário identificar sua interação. E em um mundo
incerto como o atual, a empresa deve estar preparada para assumir algumas
condições e, também, poder lidar com as surpresas.

Conceitos – O Fluxo de Caixa é um documento de uso interno, com o


objetivo de controlar as entradas e saídas de recursos da empresa. O
administrador financeiro deve demonstrar tanta ou mais preocupação com o
Fluxo de Caixa do que com o lucro líquido apresentado na DRE (Demonstração
dos Resultados do Exercício), pois com o Fluxo de Caixa consegue-se identificar
especificamente os pontos fracos de sua administração financeira, quais os
pontos em que foi eficiente e quais os que precisa melhorar. É também chamado
de Demonstração do Fluxo de Caixa.

Silva (2005, p. 12) afirma que:

É o principal instrumento da gestão financeira que planeja, controla


e analisa as receitas, as despesas e os investimentos, considerando
determinado período projetado. Pode-se também dizer que consiste
em uma representação gráfica (planilha) e cronológica de entrada
(ingressos) e saídas (desembolsos) de recursos monetários, o que
permite às empresas executar suas programações financeiras e
operacionais projetadas para certo período de tempo.

• Entradas e Saídas de Caixa Projetadas, neste caso os valores previstos para


um determinado período de atividade.
• Entradas e Saídas de Caixa Realizadas, neste caso os valores de fato
ocorreram, ou seja, foram realizados em termos de entradas e saídas de recursos
financeiros.

A partir da elaboração do Fluxo de Caixa é possível verificar e planejar


eventuais excedentes e escassez de caixa, provocando medidas que venham a
sanar tais situações. O caixa é o centro dos resultados para tomada de decisões
financeiras, representando a disponibilidade imediata, diferenciando-se do
lucro, que é o resultado econômico contábil. Isto quer dizer que existe diferença
entre lucro e caixa. Alguns aspectos que podem gerar estas diferenças:
TÓPICO 3 | CONSTRUÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

1. A não pontualidade das receitas e o não reconhecimento como perda.


2. A depreciação e a amortização de valores.
3. O capital de giro também sofre impacto, pois os tempos de recebimentos e
pagamentos são diferentes.
4. Quaisquer tipos de provisões afetam a demonstração de resultados, porém
não afetam o fluxo de caixa.
5. Receitas geradas e não recebidas.

O Fluxo de Caixa é conhecido também como Cash-flow, que é uma


expressão inglesa muito conhecida no meio financeiro.

O Fluxo de Caixa projetado e real da empresa representa uma


importante informação gerencial. Através dessas demonstrações do fluxo de
caixa podem-se analisar as alternativas de investimento, verificar quais motivos
ocasionaram tais mudanças da situação financeira da empresa, onde foi
aplicado o lucro gerado e as eventuais reduções do capital de giro.

3 FATORES QUE AFETAM O FLUXO DE CAIXA


Existem fatores que afetam o fluxo de caixa, ocasionando diferenças
entre o previsto e o realizado, de forma a comprometer a eficácia do processo.

1 – Fatores Internos
• Aumento do prazo de vendas.
• Compras que não estão em linha com as projeções de vendas.
• Diferenças entre prazo médio de recebimento e pagamento.
• Ciclos de produção muito longos, afetando o prazo repassado pelo fornecedor.
• Política salarial incompatível com as receitas e despesas.
• Distribuição de lucros.
• Custos financeiros altos.

2 – Fatores Externos
• Diminuição das vendas por retração do mercado.
• Novos concorrentes.
• Mudança de alíquota de impostos.
• Aumento da inadimplência.

Para que serve o relatório de Fluxo de Caixa?

• Planejar e controlar as entradas e saídas de caixa num período de tempo


determinado.
• Auxiliar o empresário a tomar decisões antecipadas sobre a falta ou sobra de
dinheiro na empresa.
• Verificar se a empresa está trabalhando com aperto ou folga financeira no
período avaliado.
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

• Verificar se os recursos financeiros são suficientes para tocar o negócio em


determinado período ou se há necessidade de obtenção de capital de giro.
• Planejar melhores políticas de prazos de pagamentos e recebimentos.
• Avaliar a capacidade de pagamentos antes de assumir compromissos.
• Conhecer previamente (planejamento estratégico) os grandes números do
negócio e sua real importância no período considerado.
• Avaliar se o recebimento das vendas é suficiente para cobrir os gastos
assumidos e previstos no período considerado.
• Avaliar o melhor momento para efetuar as reposições de estoque em função
dos prazos de pagamento e da disponibilidade de caixa.
• Avaliar o momento mais favorável para realizar promoções de vendas
visando melhorar o caixa do negócio.

Funções de Administração de Caixa

1. Controlar os recursos financeiros que se encontram disponíveis nos bancos e


em caixa;
2. Elaborar e verificar a demonstração do fluxo de caixa realizado
3. Prover recursos para atender a escassez de caixa
4. Aplicar os recursos excedentes do caixa
5. Verificar alternativas de financiamento de capital de giro
6. Analisar antecipações de recebimentos e pagamentos.

QUADRO 11 – PRINCIPAIS INGRESSOS E DESEMBOLSOS DE CAIXA

Ingressos Desembolsos
• Vendas à vista • Compras de matéria-prima
• Recebimentos parcelados • Pagamentos de salários
• Inadimplência • Despesas de vendas
• Vendas de ativo permanente • Despesas administrativas
• Receitas financeiras • Despesas com empréstimos
• Aluguéis (principal, juros)
• Empréstimos bancários • Despesas tributárias
• Empréstimos de coligadas e controladas • Resgates de títulos
• Desconto de títulos • Pagamento de dividendos
• Aumento de capital de giro • Ampliação da empresa
• Aporte de capital. • Compra de ativo fixo.

FONTE: Silva (2005)


TÓPICO 3 | CONSTRUÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

Funções do Planejamento Financeiro

1. Elaborar projeções de fluxo de caixa


2. Planejar, controlar e analisar as despesas financeiras
3. Fixar política de aplicação financeira
4. Verificar os aspectos tributários e financeiros das aplicações financeiras
5. Negociar e controlar as aplicações financeiras
6. Fixar limite de crédito para instituições financeiras
7. Controlar e analisar a rentabilidade das aplicações financeiras
8. Fixar política de empréstimos e financiamentos
9. Verificar os aspectos tributários e financeiros dos empréstimos e financiamentos
10. Negociar linhas de crédito com instituições financeiras
11. Negociar e controlar empréstimos e financiamentos bancários
12. Negociar e controlar operações de leasing
13. Administrar riscos de flutuação de preços e taxas (hedge)
14. Analisar investimentos em ativos permanentes.

Funções do Crédito e Contas a Receber

1. Levantar e analisar os cadastros de clientes e fixar limites de crédito


2. Proceder à cobrança e recebimento das duplicatas nos vencimentos
estabelecidos
3. Proceder à cobrança e recebimento de saques de exportação
4. Controlar as duplicatas em carteira e em cobrança bancária
5. Providenciar cobrança dos inadimplentes
6. Negociar renovação de crédito
7. Controlar cobrança, caso seja terceirizada.

Funções do Contas a Pagar

1. Fixar políticas de pagamentos;


2. Controlar adiantamentos a fornecedores
3. Controlar abatimentos e devoluções de mercadorias
4. Controlar e liberar pagamentos a fornecedores.

Alguns modelos de fluxo de caixa foram criados para determinadas


necessidades das empresas. Temos por exemplo o FC diário, FC projetado, FC
descontado, FC modelo direto e indireto, entre outros. Abaixo serão
apresentados os modelos direto e indireto, por terem relação com a DOAR.

Para efetuar uma Demonstração de Fluxo de Caixa, trabalhamos com a


Demonstração de Resultados do Exercício e com Balanço Patrimonial. A DFC
prioriza a visualização dos recursos que a empresa efetivamente possui,
divididos em três fluxos básicos:
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

- Fluxo Operacional – relaciona-se com a atividade da empresa, e inclui todas


as contas relacionadas à sua operação. Estoques, duplicatas a pagar e a
receber, salários e tributos estão neste fluxo.
- Fluxo de Investimentos – relaciona-se com o Ativo Permanente da empresa,
ou seja, com os bens relacionados ao desempenho de sua atividade, como:
terrenos, móveis, máquinas e equipamentos, etc.
- Fluxo de Financiamento – relaciona-se aos valores captados no mercado
em instituições financeiras ou através dos próprios sócios da empresa para
financiar as suas atividades.

Deve-se inicialmente fazer a distinção entre as contas que representam


ingresso de recursos no caixa (ORIGEM) das que representam saída de recursos
(APLICAÇÃO). Observe que aplicação aqui não é aplicação financeira, mas o
ato de gastar (aplicar) recursos. E aqui ressaltamos:

• Todo aumento de Ativo é uma aplicação. Como exemplo, imagine-se um


aumento de estoques. A empresa precisou tirar recursos de caixa para
adquirir este estoque, portanto, houve aplicação de recursos.
Consequentemente, toda redução de Ativos é uma Origem;
• Toda redução de Passivo é uma aplicação. Tome como base a conta
empréstimos financeiros (ou títulos a pagar). Se você passou a dever menos, isto
significa que desembolsou recursos para o banco para reduzir esta dívida. Por
consequência, todo aumento de Passivos é uma origem;
• Lucro é origem, prejuízo é aplicação;
• Venda de ações é origem, pois, apesar de poder ser vista como perda de
poder, representa entrada de recursos pagos por acionistas pelas ações
adquiridas.
• Pagamento de dividendos é aplicação, por representar óbvio dispêndio de
caixa para remunerar os acionistas;
• Despesa com Depreciação é origem. A despesa de depreciação é uma despesa
lançada na DRE com o objetivo de proteger a empresa dos impostos, ao
diminuir o Lucro tributável. Por ser despesa não financeira, mas representar
ganho de capital, é aqui definida como uma fonte de origem de recursos.

QUADRO 12 – DISTINÇÃO ENTRE AS CONTAS


ORIGEM (+) APLICAÇÃO (-)
Redução de Ativos Aumento de Ativos
Aumento de Passivos Redução de Passivos
Lucro Líquido Prejuízo
Depreciação Dividendos pagos
Venda de Ações Recompra de ações
FONTE: O autor
TÓPICO 3 | CONSTRUÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

4 FATORES INTANGÍVEIS QUE INFLUENCIAM NO FLUXO


DE CAIXA DE UM PROJETO
Na proposta de um projeto de investimento está implícito que tudo
que pode acontecer no futuro está previsto nas estimativas do fluxo de caixa
e que, ainda, tudo acontecerá de forma prevista. Ou seja, é uma proposta sob
condições de certeza, onde todos os elementos que participam do projeto são
quantificáveis. Existem, entretanto, situações que são de difícil quantificação;
por exemplo: qual será a disponibilidade dos futuros recursos energéticos? Qual
será o comportamento futuro dos sindicatos, da legislação trabalhista, da
legislação tributária etc? Como a evolução tecnológica poderá afetar os negócios
atuais? De preferência, deve-se tentar quantificar esses fatores intangíveis ou
avaliar o grau de risco ou incerteza de cada fator, verificando os impactos desses
fatores no fluxo de caixa do projeto. Caso não seja possível quantificar os fatores
intangíveis, pode-se incluir essas dúvidas de uma maneira não quantitativa no
projeto; por exemplo, listando todos os fatores intangíveis, com comentários
adequados sobre as razões da inclusão e possíveis consequências.

5 INVESTIMENTO
A implantação de um projeto de investimento com a intenção de
aumento do lucro de uma organização demandará um capital inicial para
compra de equipamentos ou outros ativos, incluindo despesas de frete, seguro e
instalação. Em alguns casos será necessário incluir outras despesas, por
exemplo: as despesas de treinamento do pessoal de operação e manutenção etc.
Portanto, o investimento relevante estará formado pela soma de todos os
pagamentos que serão realizados para deixar o equipamento em condições
corretas de começar a produzir.

(-) Valor dos novos ativos, incluindo: frete, seguro,


etc... (-) Instalação (materiais, mão de obra etc...)
(-) Despesas de treinamento etc...
(+) Venda dos equipamentos substituídos.
(-/+) Tributação da venda dos equipamentos substituídos.
(=) Investimento relevante na data (0).

Se investimento se refere à substituição de um equipamento, o valor


recebido pela venda do equipamento substituído ajudará na formação do
capital necessário para o investimento inicial. Em alguns casos, será necessário
incluir as despesas para deixar o equipamento substituído em condições de
venda (desmontagens, consertos etc.). Também deve-se ter presente que todo
equipamento substituído tem um valor contábil e um valor de mercado, seja
para continuar realizando o mesmo serviço ou simples sucata. Do ponto de vista
de tributação, a diferença monetária entre o valor líquido da venda e o valor
contábil de um equipamento define o ganho de capital. Se o ganho de capital for
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

positivo, então essa venda será tributada, diminuindo o valor ganho pela venda;
caso contrário, se o ganho de capital for negativo, e empresa poderá lançar esse
prejuízo como despesa.

Exemplo 1: Um projeto de investimento exige que sejam realizados


investimentos em diversos equipamentos no valor total igual a $ 1.500.000,00.
Para a instalação desses ativos será necessário desembolsar em materiais e mão
de obra os valores de $ 250.000,00 e $ 100.000,00, respectivamente. Por se tratar
de uma instalação que inclui tecnologia de ponta, o pessoal de operação e
manutenção deverá receber treinamento especial no valor total de $ 85.000,00.
Considerando que todas essas atividades acontecem na data “0” do fluxo de
caixa, pede-se obter o valor do investimento relevante na data “0”.

SOLUÇÃO
Com os dados do problema, vamos obter o valor do investimento
relevante de $ 1.935.000,00.

(-) Valor novos ativos $ 1.500.000,00


(-) Instalação – materiais $ 250.000,00
(-) Instalação – mão de obra $ 100.000,00
(-) despesas de treinamento $ 85.000,00
(-) Investimento relevante na data ‘0’ $ 1.935.000,00

Exemplo 2: Continuando com o Exemplo 1, pede-se obter o valor do


investimento relevante na data “0”, considerando que com a venda de um
grupo de equipamentos será recebido o valor de $ 150.000,00. O valor contábil
desses ativos é igual a $ 125.000,00, e a alíquota do Imposto de Renda é 35%.

SOLUÇÃO
Com os dados do problema, o quadro a seguir demonstra um
investimento relevante no valor de $ 1.793.750,00.

Pode-se ver que com o resultado da venda será necessário pagar imposto
sobre o ganho de capital igual, observe o cálculo a seguir:

Venda do equipamento = $
150.000,00 Valor contábil = ($
125.000,00)
Ganho de capital = $ 25.000,00
Imposto de Renda (35%) = $ 8.750,00
TÓPICO 3 | CONSTRUÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

(-) Valor novos $ 1.500.000,00


ativos (-) Instalação $ 350.000,00
(-) Despesas de treinamento $ 85.000,00
(-) Valor total dos novos ativos $ 1.935.000,00
(+)Valor líquido da $ 150.000,00
venda (-) Tributação da $ 8.750,00
venda
(-) Investimento relevante na data “0” $ 1.793.750,00

6 SITUAÇÕES ESPECIAIS QUE PODEM AFETAR O


FLUXO DE CAIXA PROJETO
A seguir apresentaremos algumas situações que podem gerar dúvidas
quanto à sua classificação como fluxo de caixa relevante:

- Uma empresa contratou um especialista para realizar o projeto de viabilidade


do lançamento de um novo produto. Finalizado o projeto, o especialista
cobrou
$ 50.000,00 de honorários. Apesar do projeto demonstrar forte viabilidade,
a empresa considerou que deveria aguardar mais um ano para lançar o
novo produto. Passado um ano, a empresa decidiu lançar esse produto e, na
preparação dos fluxos de caixa relevante, lançou os honorários do consultor
no valor de $ 50.000,00. Certo ou errado? ERRADO! Os honorários do
consultor não são relevantes para o projeto, pois não afetam o fluxo de caixa
futuro da empresa. Como extensão devemos entender que, se a empresa
tivesse decidido defender o novo produto logo após a finalização do projeto,
os honorários do consultor também seriam um custo irrecuperável e,
portanto, não deveriam ser incluídos no fluxo de caixa relevante do
investimento.

- Outro exemplo: imagine que num passado recente o dono da empresa


comprou um terreno no valor de $ 500.000,00, pois, na ocasião, considerou
que seria um bom negócio. Hoje, esse terreno pode ser vendido pelo valor de
$ 680.000,00. A venda do terreno não entusiasma muito o dono da empresa;
entretanto, ele imagina que nesse terreno poderia ser construído um anexo de
sua fábrica, para a fabricação de peças para a indústria automobilística. Pela
avaliação feita pelo gerente de projetos, o projeto deverá ser aceito.
Entretanto, o dono da empresa devolveu o projeto sob críticas, levando em
consideração que fora incluído como investimento no fluxo de caixa o valor
de $ 500.000,00, alegando que esse dispêndio tinha acontecido no passado.
Certo ou errado? Errado duas vezes! Primeiro: embora não exista um
desembolso na data “0”, o valor do terreno afetará o fluxo de caixa futuro da
empresa e, portanto, deverá ser tratado como se fosse um desembolso na data
“0”. Segundo: pelo fato de ser possível vender o terreno, devemos considerar
o terreno no valor de $ 680.000,00 como parte do investimento na data “0”,
pois é um custo de oportunidade. O valor da compra do terreno igual a $
500.000,00 deve ser considerado um custo irrecuperável.
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Como regra, podemos dizer que os recursos disponíveis na empresa


nunca são gratuitos, eles sempre têm um custo de oportunidade; portanto, se
um ativo disponível na empresa for alocado num projeto, e esse ativo poderia
ser vendido por um certo valor, então esse valor deve ser incluído no fluxo de
caixa relevante do projeto. Para reforçar o conceito de custo de oportunidade,
imagine que o terreno estivesse sendo alugado por $ 50.000,00 ao ano. Ao
implantar o novo projeto haveria uma redução de receitas no valor de $
50.000,00, portanto esse valor deverá ser subtraído das receitas do projeto.

7 VALOR RESIDUAL CONTÁBIL OU DE MERCADO


Durante a duração do projeto, ou de sua vida útil, todo equipamento ou
instalação tem um determinado valor monetário. Esse valor monetário pode ser
seu valor contábil ou seu valor de mercado para continuar realizando o mesmo
serviço, ou de simples sucata. Portanto, na data terminal do projeto, o valor
residual de toda a instalação, ou de apenas um equipamento, terá sempre um
valor contábil e um valor de mercado diferente de “0”. Nem sempre o valor
recebido pela venda é o valor líquido recebido pela empresa. Em alguns casos,
será preciso incluir as despesas necessárias para deixar o equipamento
substituído em condições de venda (desmontagem, consertos etc...),
diminuindo, portanto, o valor realmente conseguido pela venda.

Temos também o impacto tributário da venda de um ativo da empresa.


Definindo como ganho de capital a diferença monetária entre o valor de
mercado e o valor contábil de um equipamento, pode-se entender que o ganho
de capital pode ser positivo ou negativo.

- Se o ganho de capital for positivo, a empresa deverá pagar imposto sobre esse
ganho, portanto o valor recebido pela venda será menor.

- Se o ganho de capital for negativo, a empresa poderá lançar esse prejuízo


como despesa. Se a empresa tiver imposto a pagar, poderá diminuir desse
imposto a pagar o valor do imposto devido ao prejuízo pela venda do ativo.
Dessa maneira, esse benefício tributário deverá ser acrescido ao projeto como
valor residual relevante.

O valor residual relevante de um ativo na data terminal do projeto será


igual ao preço de venda desse ativo menos todos os custos decorrentes da
venda, e o imposto decorrente dessa transação pode ser positivo ou negativo,
conforme o modelo a seguir:
TÓPICO 3 | CONSTRUÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

VALOR CONTÁBIL DOS ATIVOS


(+) Venda dos
equipamentos (-) Despesas
da venda
(=) Ganho de capital
(-) Tributação da venda
(=) Valor residual na data terminal

Exemplo 3: O valor do total do investimento em equipamentos foi igual a


$ 900.000,00. Se na data terminal do projeto toda a instalação é vendida pelo
valor de $ 155.000,00, pede-se obter o valor residual do investimento,
considerando que o valor contábil desses ativos é igual a $ 100.000,00, a alíquota
do IR de 35% e as despesas para entregar os ativos vendidos são iguais a $
5.000,00.

SOLUÇÃO
Comparando com o exemplo 2, neste caso somente teremos receitas,
salvo a tributação. O quadro a seguir mostra um valor residual de $ 137.500,00.

Valor Contábil dos Ativos $ 100.000,00


(+) Venda dos $ 155.000,00
equipamentos (-) Despesas $ 5.000,00
da venda $ 50.000,00
(=) Ganho de capital 35%
Alíquota de IR $ 17.500,00
(-) tributação
(+) Valor residual na data terminal $ 132.500,00

Exemplo 4: Repetir o exemplo 3, considerando que toda a instalação


foi vendida pelo valor igual a $ 85.000,00; pede-se obter o valor residual do
investimento, considerando que os restantes dados permanecem inalterados.

SOLUÇÃO
Comparando com o exemplo 3, neste caso o ganho de capital será
negativo, igual a $ 20.000,00, e a tributação originará um crédito do IR no valor
de $ 7.000,00. O quadro a seguir apresenta um valor residual de $ 87.500,00.

Valor contábil dos ativos $ 100.000,00


(+) Venda dos $ 85.000,00
equipamentos (-) Despesas $ 5.000,00
de vendas ($20.000,00)
(=) Ganho de capital 35%
Alíquota IR $ 7.000,00
(+) Tributação da venda
(+) Valor residual na data terminal $ 87.000,00
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

LEITURA COMPLEMENTAR

O FLUXO DE CAIXA E AS RELAÇÕES COM AS


DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Lucro e o Fluxo de Caixa

Os rendimentos de uma empresa reportados nas suas demonstrações de


resultados podem indicar uma condição saudável de toda a posição financeira.
Em consonância a esse fato, as análises dos coeficientes também podem indicar
uma condição igual, mesmo assim, essa empresa poderá estar perto de uma
falência. E um profissional de finanças menos experiente pode até perguntar
como ocorre essa situação de total incompatibilidade. A resposta é simples e
objetiva: somente a leitura do fluxo de caixa poderá identificar realmente o
porquê de a empresa estar neste aspecto. Vitalidades ou fraquezas financeiras
não são identificáveis pela análise de coeficientes de uma demonstração de
resultados ou de um balanço patrimonial.

Para analisar uma situação financeira de uma empresa e medir sua


solvência, temos de separar os conceitos de receitas e despesas dos conceitos de
recebimentos e pagamentos em caixa, pois isso permitirá ir ao âmago dos fluxos.

Apesar de o caixa e o rendimento estarem intimamente ligados, eles


não são, em hipótese alguma, a mesma coisa, haja vista que o rendimento tem
a ver com o excedente aos custos incorridos, e muitos eventos poderão ocorrer
durante a transferência dos rendimentos em caixa. Um desses eventos poderá
ser o aumento do papel, do capital em lucros não distribuídos de uma
subsidiária à sua matriz.

Sob a ótica do método indireto da demonstração de fluxo de caixa, esse


aumento seria adicionado à receita líquida da matriz, como caixa de atividade
operacional; quando, na realidade, o fluxo da matriz inclui somente os
dividendos pagos em caixa para a matriz pela subsidiária. No mundo
econômico, o denominador final e comum a todas as operações é o dinheiro; e a
longo prazo,
o conceito volta exatamente a uma diferença de riqueza medida em dinheiro.
No caso extremo, qual o lucro de uma empresa a longo prazo? É a diferença
entre o valor de sua liquidação e os investimentos feitos pelos sócios. Assim, o
conceito tradicional de lucro está vinculado, em sua última consequência, ao
fluxo financeiro de ponta a ponta entre a empresa e seu proprietário.

No caso de inflação, é necessário colocar todos os componentes do fluxo


em uma única moeda, corrigindo-se cada investimento feito pelos proprietários
e cada lucro distribuído a eles ao longo do tempo. A necessidade de se conhecer
continuamente o andamento da vida da entidade exige a elaboração das
demonstrações contábeis periódicas. Para isso, o regime de competência produz
TÓPICO 3 | CONSTRUÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

realocações do fluxo financeiro de forma a ter as confrontações necessárias a


uma boa análise da evolução da efetiva rentabilidade e da correta posição
financeira de qualquer entidade.

O prof. Martins, ainda em seu artigo, conclui:

“A demonstração de resultado possui receitas que foram ou serão


recebidas na forma de dinheiro, e despesas que foram ou serão pagas da mesma
forma. Assim, o lucro obrigatoriamente transita pelo caixa da empresa (...) (...),
por exemplo, a aquisição de mercadorias a prazo produz o registro do ativo
antes do seu desembolso e pode acontecer de esses bens serem baixados antes
mesmo do seu respectivo pagamento. Assim, há, sempre, uma diferença no
tempo entre o momento em que se registra o lucro com a transação e o efetivo
aparecimento, no caixa, do respectivo montante. Ainda mais que as vendas
podem também ter essa diferença temporal. Mas, inexoravelmente, o lucro
bruto transita pelo caixa. E a diferença em termos de tempo, normalmente, é
pequena”.

Conforme a Norma Internacional de Contabilidade – 7, os fluxos de


caixa referentes a juros e dividendos recebidos e pagos devem ser divulgados
separadamente. Cada um deles deve ser classificado de uma maneira uniforme de
período a período como decorrentes de atividades operacionais, de
investimento ou financeiras.

Análise do capital de giro

Para começar nossa análise de caixa e identificarmos o fluxo de caixa, mais


precisamente em uma empresa, devemos visualizar as mudanças do balanço
patrimonial, e, mais intimamente, nas contas do ativo e passivo circulante para
verificação dos efeitos.

Esse componente da análise do fluxo de caixa mede mudança em cada


conta dos circulantes, e poderemos conferir a realização de ativos, entre esses: as
contas de bancos, contas a receber e estoques; o aumento de capital próprio
pode ser usado para aumentar a conta de estoques. A análise do capital de giro
identifica a inclusão de recursos de giro adicionais de empréstimos a curto
prazo, de lucros líquidos ou de novos investimentos de capital. As mudanças no
capital de giro ocorrem pelo movimento das estruturas do balanço patrimonial
da empresa.

O ciclo de caixa do negócio influencia em grande parte as contas de giro


e caixa em bancos. Todos os negociantes começam seu fluxo de caixa pelos
ciclos operacionais de um determinado ponto.

Enquanto o fluxo de caixa progride, os serviços, os produtos da empresa


são vendidos, geralmente, a crédito. E essas vendas aumentam o ativo
circulante, mas só será por algum tempo e, com sorte, é que realmente
aumentará seu fluxo; efetivamente cobradas então, essas vendas a crédito
aumentarão a conta do caixa, que é chamada de contas a receber.
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Finalmente, outro ciclo é iniciado – a cobrança do contas a receber –, às


quais retornam documentos de débito em caixa. Enquanto isso, esse ciclo não
líquido continua, a empresa requer saldo para pagamento pronto de suas
contas. Essa parte do ciclo do fluxo de caixa são os salários, os impostos, os
benefícios e outros. Dessa forma, o que podemos chamar de características da
saída são muito mais curtas em relação às entradas. Ao analisar demonstração
de fluxo de caixa no capital de giro, o analista deverá pesquisar os sinais de
vitalidade do fluxo, tanto quanto os sinalizadores de sua fragilidade. A análise
de coeficiente poderá ser muito útil para determinar esses sinais, a saber:

• Saldos de caixa que têm aumentado em taxas mais rápidas que o crescimento
das receitas de vendas, contas a receber, estoques ou contas a pagar do último
balanço patrimonial corrente.
• Saldos de contas a receber e estoques que não têm crescido tanto quanto as
taxas de crescimento das vendas.
• Gastos com capital em ativos permanentes e outros ativos, que estão
fundeados por débitos a longo prazo ou capital próprio.
• Pagamento de dividendos em caixa de lucros (lucros retidos) e não de
empréstimos ou vendas ativas.
• Empréstimos reduzidos a pagamentos de débitos pelo fluxo de caixa
internamente gerado.

Se esses são bons sinais de que as contas operacionais estão em ordem,


e as contrapartidas conseguem se manter em nível satisfatório, também temos
o inverso: os alertas aos quais devemos estar atentos para uma variação
possivelmente perigosa, que são:

• Empréstimos excessivos com linhas de crédito bancárias para financiar estoques


e contas a receber com atraso.
• Agudos decréscimos nas contas de caixa enquanto vendas estão crescendo
rapidamente, e as contas a pagar continuam em tendência crescente.
• Decréscimos líquidos no capital de giro de uma empresa, que está crescendo
rapidamente, com aumentos consideráveis no investimento de ativo
permanente.
• Venda de ativos ou empréstimos para efetuar pagamentos de dividendos.
• Usar o fluxo de caixa da economia de impostos e de depreciação para
financiar dividendos mais que a reposição de equipamento de capital.
• Refinanciamento contínuo de débitos de longo prazo durante períodos de
perda.

Análise de origem e aplicação de recursos

Com as mudanças do capital de giro analisadas, torna-se necessário


verificar o saldo das contas patrimoniais da empresa e a estrutura permanente,
que consiste em seus ativos permanentes e suas obrigações a longo prazo, sem
esquecer as contas de capitais dos sócios.
TÓPICO 3 | CONSTRUÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

A análise do fluxo de caixa pode ser feita por meio das técnicas de
origens e aplicações de recursos para medir as mudanças em cada ativo da
estrutura permanente. Este tipo de análise identifica o movimento de fonte, pelo
balanço patrimonial. Essa ferramenta financeira põe à tona o fluxo de caixa das
contas acrescidas de depreciação. Ele mostra como é feito o financiamento de
ativo permanente ou empréstimo a longo prazo.

O analista financeiro pode determinar se os pagamentos de dividendos


são custeados pelos lucros. Também identificará se a empresa está aumentando
seu capital de giro disponível pelas mudanças de recursos obtidos da porção
permanente de seu balanço patrimonial. Altos níveis, nesse caso, melhoram os
fundos operacionais, mas aumentam a intensidade com que o capital de giro é
alcançado pela redução dos recursos de longo prazo.

Fluxo de caixa suficiente não é somente para as necessidades de contas a


receber ou a pagar, mas também para serviços de dívidas a longo prazo. O fluxo
de caixa é para aquisição de equipamentos ou para modernização de instalações
obsoletas, que precisam ser financiadas, enquanto marcas e patentes ou
pesquisas devem ser pagas pelo fluxo de caixa da própria empresa.

A análise das fontes e uso identifica os montantes e as direções das


mudanças e tipos dos recursos que, anteriormente, foram citados em um
balanço patrimonial em sua parte permanente. Ao preparar a demonstração
de fontes e usos, devemos dar respostas aos seguintes indicadores de fluxo de
caixa na condição financeira a longo prazo da empresa.

Os profissionais de Ciências Contábeis, no intuito de melhorar a


definição e mensuração do fluxo de caixa, que é a própria demonstração, estão
utilizando as formas mais claras e objetivas para evidenciar quanto o caixa
aumentou ou diminuiu do período reportado para o outro.

• A empresa está gerando caixa basicamente das atividades operacionais?


• A empresa tem fluxo de caixa operacional negativo e está resolvendo a
situação com fluxos de caixa de financiamento (empréstimos, etc.)?
• O fluxo de caixa mostra a atividade de investimento financiada por fluxo de
caixa operacional, ou são atividades de financiamento, ou são usadas para
fundear os investimentos?
• Que tipos de fontes são utilizados para pagar dividendos? Lucros
operacionais? Depreciação? Empréstimos? Vendas de ativos? Mudanças do
fluxo de caixa devem ser demonstradas como fontes e usos em três áreas:
• atividades operacionais;
• atividades de investimentos;
• atividades de financiamentos.

Apresentaremos, a seguir, as definições do Iasc, traduzidas pelo Ibracon


pelo NIC – 7 (Normas Internacionais de Contabilidade n. 7), dessas atividades.
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Atividades operacionais

O montante dos fluxos de caixa decorrente das atividades operacionais


é o indicador-chave da extensão em que as operações da empresa têm gerado
suficientes fluxos de caixa para amortizar empréstimos, manter a capacidade
operacional da empresa, pagar dividendos e fazer novos investimentos sem
recorrer a fontes externas de financiamento. As informações sobre os
componentes específicos dos fluxos de caixa operacionais históricos são úteis,
com outras informações, na projeção de futuros fluxos de caixa operacionais.

Os fluxos de caixa decorrentes das atividades operacionais são basicamente


derivados das principais atividades geradoras de receita da empresa. Portanto,
eles podem resultar das transações e outros eventos que entram na apuração
do lucro líquido ou prejuízo. Exemplos de fluxos de caixa que decorrem das
atividades operacionais:
1. recebimentos em dinheiro pela venda de mercadorias e a prestação de serviços;
2. recebimentos em dinheiro decorrentes de royalties, honorários, comissões e
outras receitas;
3. pagamentos em dinheiro a fornecedores por mercadorias e serviços;
4. pagamentos em dinheiro a empregados ou por conta de empregados;
5. recebimentos e pagamentos em dinheiro de uma seguradora por prêmios e
sinistros, anuidades e outros benefícios da apólice;
6. pagamentos em dinheiro ou restituição de impostos, a menos que possam ser
especificamente identificados com as atividades financeiras ou de investimento;
7. recebimentos e pagamentos em dinheiro com referência a contratos de
intermediação (dealing) ou para transações próprias de venda (trading).

Algumas transações, como a venda de um ativo da fábrica, podem


resultar em lucro ou prejuízo, que é incluído na determinação do lucro líquido
ou prejuízo. Entretanto, os fluxos de caixa relativos a tais transações são fluxos
de caixa provenientes de atividades de investimento.

Uma empresa pode ter títulos de renda e empréstimos para fins de


intermediação ou negociação própria, em cujo caso eles são semelhantes a
estoques adquiridos especificamente para revenda. Portanto, os fluxos de caixa
decorrentes da compra e venda de valores como intermediação ou transação
própria são classificados como atividades operacionais. Da mesma forma, os
adiantamentos de caixa e empréstimos feitos por instituições financeiras são
usualmente classificados como atividades operacionais, uma vez que se referem
à principal atividade geradora de receita daquela empresa.

Atividades de investimentos

A divulgação em separado dos fluxos de caixa decorrentes das


atividades de investimento é importante, porque tais fluxos de caixa
representam a extensão em que dispêndios foram feitos com recursos
destinados a gerar futura receita e fluxos de caixa. Exemplos de fluxos de caixa
decorrentes de atividades de investimento:
TÓPICO 3 | CONSTRUÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

1. desembolsos para aquisição de ativo imobilizado, intangíveis e outros


ativos a longo prazo. Esses desembolsos incluem os referentes a custos de
desenvolvimento capitalizados e ativos imobilizados de construção própria;
2. recebimentos resultantes da venda de ativo imobilizado, intangíveis e outros
ativos a longo prazo;
3. desembolsos para aquisição de ações ou instrumentos de dívida de outras
empresas e interesses em joint ventures (exceto desembolsos referentes a
títulos considerados como equivalentes a caixa ou mantidos para
intermediação ou transação própria);
4. recebimentos provenientes da venda de ações ou instrumentos de dívida
de outras empresas e interesses em joint ventures (exceto recebimentos
referentes a títulos considerados como equivalentes a caixa e os mantidos
para intermediação ou transação própria);
5. adiantamentos de caixa e empréstimos feitos a terceiros (exceto
adiantamentos e empréstimos feitos por uma instituição financeira);
6. recebimentos por liquidação de adiantamentos ou amortização de
empréstimos feitos a terceiros (exceto adiantamentos e empréstimos de uma
instituição financeira);
7. desembolsos por contratos de futuros, contratos a termo, contratos de opção e
swaps, exceto quando os contratos destinam-se a intermediação, ou transação
própria, ou os pagamentos são classificados como atividades financeiras;
8. recebimentos por contratos de futuros, contratos a termo, contratos de
opção e swaps, exceto quando os contratos são mantidos para intermediação
ou transação própria, ou os recebimentos são classificados como atividades
financeiras.

Quando um contrato é contabilizado como proteção (hedge) de uma


posição identificável, os fluxos de caixa do contrato são classificados do mesmo
modo como os fluxos de caixa da posição que é protegida.

Atividades financeiras

A divulgação separada dos fluxos de caixa decorrentes das atividades


financeiras é importante, porque é útil para predizer as exigências impostas a
futuros fluxos de caixa pelos fornecedores de capital à empresa.
Exemplos de fluxos de caixa derivados de atividades financeiras:
1. numerário recebido proveniente da emissão de ações ou outros instrumentos
de capital:
2. pagamentos a investidores para adquirir ou resgatar ações da empresa;
3. numerário recebido proveniente da emissão de debêntures, empréstimos,
títulos e valores, hipotecas e outras modalidades de captação de empréstimos
a curto e longo prazo;
4. amortização de empréstimos a pagar;
5. pagamentos por um arrendatário (lessee) pela redução do passivo pendente
relativo a um arrendamento (lease) financeiro.

Uma empresa poderá usar o formato direto e indireto via demonstração


de fluxo de caixa.
UNIDADE 2 | ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

O formato direto está embasado no regime de caixa, ou seja, tanto para


os recebimentos quanto para os pagamentos.

No formato indireto, é realizada uma reconciliação do rendimento


líquido para o caixa líquido, e as mudanças, aumento ou diminuição são
medidos nas contas de capital de giro como contas a receber, estoques etc., que
serão ajustados para rendimentos líquidos e mensuração de caixa.

Para que essa demonstração seja eficazmente utilizada, precisamos ter


alguns cuidados no momento de sua análise. - A empresa está ganhando seu
fluxo de caixa basicamente das atividades operacionais? - Ou a empresa está
com o fluxo de caixa negativo e está resolvendo essa situação com fluxos de
caixa de financiamento (empréstimos etc.), além de se tornar um maior risco de
crédito?
- O fluxo de caixa mostra atividades de investimento financiadas por operações
de fluxo de caixa, ou são atividades de financiamento que são utilizadas para
fundear os investimentos? - Que tipos de fontes são usados para pagar
dividendos em caixa? Lucros operacionais? Depreciação? Empréstimos? Vendas
de ativos?

Saber que se cumprem os seguintes objetivos:

• As necessidades de caixa do capital de giro da empresa.


• Ser capaz de servir, com caixa, às suas obrigações para impostos, contas a
pagar, leasing, principal e juros de débitos e outras obrigações.
• Pagar novos investimentos de capital fixo e substituição de equipamentos.
• Cumprir suas necessidades de caixa para amortizar suas ações próprias,
quando necessário pelo prazo dessas ações e condições.
• Então gerar fundos para pagar dividendos em caixa para proprietários. Ao
cumprirmos tais objetivos, teremos condições de responder às seguintes
questões:
• Que quantia de caixa foi gerada e usada pelas operações?
• Qual foi a fonte de caixa investida em novos ativos permanentes?
• Como foi levantado o caixa?
• Por que, a despeito de uma entrada líquida saudável, o saldo de caixa foi
menor que o do último período?
• Como a empresa pôde pagar dividendos?

Os fluxos de caixa são provenientes de atividades operacionais do dia a


dia, pois elas incluem atividades que não estão nas categorias de investimento e
financeira.

É importante a participação da gestão financeira na questão estratégica


da empresa, pois não deve apenas se limitar às situações de aplicação financeira,
mas também deve influir na adequação de prazos e níveis de estoques, que,
outrora, ficaram atrelados à gestão mercadológica.
TÓPICO 3 | CONSTRUÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

Conclusão

Sabe-se que todas as contas patrimoniais e de resultados


necessariamente transitam pelo caixa, de forma direta, pelos pagamentos e
recebimentos, como de forma indireta, tendo-se como exemplo a depreciação
que, no transcorrer da vida útil do bem, é reconhecida no resultado, partindo-se
do pressuposto de que não representam desembolso. Porém, quando
compramos um bem, temos um desembolso de caixa à vista ou a prazo, que
reconheceremos ao longo do tempo pela depreciação.

Outro aspecto importante a ser considerado é o efeito da correção


monetária do balanço, extinta desde janeiro de 1996. O fato de não
reconhecermos os efeitos dessa inflação nas demonstrações financeiras poderá
afetar o equilíbrio financeiro da empresa, uma vez que estaremos computando
uma inflação como ganho real. No caso das aplicações financeiras e pagando-se
impostos sobre esses “ganhos”, geraria uma visão distorcida da real
rentabilidade da empresa.

Citamos dois exemplos de fatos contábeis, em que, aparentemente, não


havia envolvimento do caixa, mostrando que podem afetar até mesmo as
decisões a serem tomadas. Porém, essas decisões somente poderão acontecer se
baseadas em informações e fatos indiscutíveis. O fluxo de caixa poderá
proporcionar visão, porém devemos ter em mente o melhor modelo a ser
utilizado, não deixando de considerar que as demais demonstrações não
perdem seu valor, como propõe o anteprojeto da Lei das SAs, que substitui a
Doar pelo fluxo de caixa.

Como ponto final e definitivo, deve-se optar pelos dois modelos propostos,
Fasb ou Iasc. Não se pretende dizer, neste trabalho, qual modelo é o melhor,
ambos têm pontos fortes e fracos. Porém, se a necessidade da empresa é captar
no mercado americano, não há opção – o modelo a ser usado é o Fasb. Devemos,
no entanto, como profissionais e estudiosos, buscar o modelo que melhor reflita
a boa técnica contábil e represente com fidedignidade aquela praticada em
nosso país.

FONTE: Disponível em: <http://www.metodista.br/ppc/revista-ecco/revista-ecco-01/apresentacao


/fluxo-de-caixa/>. Acesso em: 18 jun. 2012.
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu sobre a construção do fluxo de caixa:

• Conheceu as variáveis que poderão influenciar no fluxo de caixa de um


projeto de investimento. Assim com a interferência do valor residual para o
sucesso ou não de um projeto de investimento.

• Agora que você já sabe como é construído o fluxo de caixa, ponha em teste
seu conhecimento, vamos para as autoatividades.
AUTOATIVIDADE

1 A empresa detectou uma boa oportunidade de investir $ 3.500.000 em


novos equipamentos e instalações para lançar uma nova linha de
produtos com o objetivo de aumentar sua participação no mercado de
refrigerantes. O pessoal da empresa responsável pela elaboração de
projetos preparou o fluxo de capitais das vendas e custos anuais
apresentados na tabela seguinte, onde todos os dados reais foram
divididos por 1.000.

Se a duração do projeto é de seis anos, o valor residual é nulo, a


depreciação é linear durante os anos do projeto e a alíquota do Imposto de
Renda igual a 35%. Se o custo de capital da empresa é 12% ao ano, pede-se
verificar se este projeto deve ser aceito.

Ano V. Líquidas Materiais MOD Energia Outros Total de custos


1 $2.550 $ 950 $ 350 $ 110 $ 50 $ 1.460
2 $2.650 $1.000 $ 365 $ 120 $ 65 $ 1.550
3 $2.800 $1.100 $ 385 $ 130 $ 75 $ 1.690
4 $2.850 $1.150 $ 400 $ 135 $ 80 $ 1.765
5 $3.000 $1.300 $ 450 $ 145 $ 95 $ 1.990
6 $3.000 $1.300 $460 $150 $100 $2.010

Solucione com os dados da tabela acima construindo o fluxo de caixa.

2 Continuando o exercício anterior, vamos considerar que no final do sexto


ano, toda a instalação é vendida e a empresa recebe o valor líquido de $
550.000. Sendo que os demais dados se manterão inalterados.

3 Continuando o exercício, vamos incluir o capital de giro, no valor de $


650.000,00, a ser recuperado no sexto ano, sem incidência de tributação,
também sem valor residual.

4 Agora vamos fazer uma outra simulação de viabilidade do investimento,


considerando um valor contábil igual a zero, com equipamentos
totalmente depreciados, porém, no sexto ano haverá a venda por $
550.000,00. Manisfeste sua opinião em relação à aceitação ou rejeição do
investimento.

5 As receitas e os custos de um projeto de investimentos estão apresentadas


na tabela seguinte. O valor do investimento em novos equipamentos é
igual a $ 1.000.000,00. Considerando que a duração do projeto é de cinco
anos, a depreciação é total e linear durante os cinco anos do projeto, o
valor residual é nulo e a alíquota de Imposto de Renda igual a 35%,
pede-se verificar se o projeto deve ser aceito aplicando, após os impostos,
um custo de capital igual a 10% ao ano.
1 2 3 4 5
+ RECEITAS $1.200.000 $1.450.000 $1.600.000 $1.890.000 $1.950.000
- CUSTOS $750.000 $850.000 $950.000 $1.150.000 $1.320.000

6 Os analistas de investimentos de uma empresa multinacional,


tradicionalmente operando no ramo de aditivos para óleos lubrificantes,
obtiveram os valores das receitas e custos do projeto de investimento para
a produção de um novo aditivo, conforme indicado na tabela a seguir. O
valor do investimento necessário em novos equipamentos e instalações é
de $ 5.000.000,00. Considerando que a vida útil do projeto é de cinco anos,
o valor residual é nulo, a depreciação é total e linear durante os cinco anos
do projeto e a alíquota de IR é 35%, pede-se verificar se este projeto deve
ser aceito, considerando uma TMA de 12% ao ano.

1 2 3 4 5
+ RECEITAS $7.000.000 $7.500.000 $8.000.000 $8.200.00 $8.400.000
- CUSTOS $5.200.000 $5.400.000 $5.800.000 $6.100.000 $6.350.000

7 Continuando o projeto fluxo anterior. Quando o diretor de Novos


Investimentos recebeu a proposta do projeto, criticou, pois considerou
injusta a falta de capital de giro. O analista argumentou não ser necessário
incluir capital de giro, devido às características do novo investimento
quando comparado com as linhas de aditivos existentes. Entretanto,
verificaria a real necessidade do investimento para o capital de giro. Após
estudos, o analista chegou à conclusão de que seria necessário investir $
1.500.000,00 em capital de giro. Mantendo inalterados os demais dados,
pede-se:
- Verificar se o projeto continua sendo aceito
- Comparar os dois VPL’s.

1 2 3 4 5
+ RECEITAS $7.000.000 $7.500.000 $8.000.000 $8.200.00 $8.400.000
- CUSTOS $5.200.000 $5.400.000 $5.800.000 $6.100.000 $6.350.000

8 Continuando a discussão sobre o fluxo de caixa do projeto. Quando o diretor


de Novos Investimentos observou a previsão de capital de giro, pediu para
incluir no fluxo de caixa incremental a expectativa de um valor residual de
15% do investimento. Mantendo os demais dados inalterados, pede-se:
- Verificar a nova proposta de VPL
- Comparar e analisar a diferença entre os valores dos VPL’s.

1 2 3 4 5
+ RECEITAS $7.000.000 $7.500.000 $8.000.000 $8.200.00 $8.400.000
- CUSTOS $5.200.000 $5.400.000 $5.800.000 $6.100.000 $6.350.000
9 Determinada companhia contratou uma consultoria para analisar a
viabilidade de um projeto de investimento, cujo valor inicial será de $
20.000.000,00, somente em máquinas e equipamentos. Para a instalação
desses ativos será necessário desembolsar em materiais e mão de obra os
valores de $ 600.000,00 e $ 200.000,00, respectivamente. Por se tratar de
tecnologia importada, haverá um treinamento de pessoal no valor total de
$ 200.000,00. Considerar que todas essas atividades acontecem na data “0”
do fluxo de caixa, lembrando também que a consultoria cobrou $
150.000,00 de honorários e após o estudo a equipe consultora demonstrou
um fluxo de receitas e custos conforme a seguir:
Dados adicionais: IR 35%; TMA 9% a.a.; depreciação linear durante cinco
anos; considerar valores divididos por 1.000.

(-) Valor novos ativos


(-) Instalação – materiais
(-) Instalação – mão de obra
(-) despesas de treinamento
(-) Investimento relevante na data ‘0’

1 2 3 4 5
+ RECEITAS $10.000 $12.000 $13.000 $14.000 $16.000
- CUSTOS $5.000 $6.000 $6.500 $6.000 $7.000

10 Seguindo a análise do projeto anterior. Ao tomar conhecimento do


resultado, a diretoria considerou um retorno muito baixo, levando-se em
consideração os valores do investimento.
Entretanto, solicitou um novo teste, alimentando uma expectativa de
venda no valor de $ 5.000.000,00 no final do quinto ano, por considerar
que tais equipamentos são tecnologia de ponta. Demais dados continuam
inalterados.

11 Com a substituição de uma máquina importante no processo produtivo


da empresa será obtida uma redução de custos, conforme fluxo a seguir.
O valor da nova máquina, incluídas todas as despesas de instalação, é
igual a $ 325.000,00 e será depreciada de forma linear e total no prazo de
cinco anos, sendo que valores residuais do novo equipamento e do
equipamento substituído são iguais a zero. Se o custo de capital da
empresa é 10% a.a. e a alíquota de IR é 35%, pede-se verificar se a
substituição deve ser aceita.

1 2 3 4 5
Redução de custos $ 85.000 $ 95.000 $ 100.000 $ 105.000 $ 105.000
12 Continuando com o problema 11, como o VPL é baixo, próximo a zero,
o analista considera prudente repetir a análise incluindo a venda do
equipamento novo.
Pede-se verificar se a substituição deve ser aceita, considerando que a
empresa receberá o valor de $ 80.000,00 pela venda da máquina
totalmente depreciada, considerando que a alíquota do Imposto de Renda
é de 35%.

13 O gerente de produção da empresa MEGA considera que a máquina


enfardadeira, embora esteja operando bem, com custos anuais de $
25.000,00, deverá ser substituída em dois anos. Para tanto, solicitou
orçamento junto ao vendedor de uma máquina nova, moderna, que
custará $ 28.000,00, com custos anuais de $ 18.000,00.
Considerando uma TMA de 6% a.a., uma depreciação linear de cinco
anos e valor residual igual a ZERO, verifique se a substituição deverá ser
recomendada.

14 Ao perceber que a operação poderia não se concretizar, o vendedor


sugeriu comprar a máquina antiga por $ 3.500,00. Mantendo demais
premissas inalteradas, verifique se a operação deverá ser aceita na nova
proposta.
UNIDADE 3

FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO
FINANCEIRA PARA A TOMADA DE
DECISÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:

• conhecer as ferramentas da administração financeira para a tomada de


decisão;

• saber sobre as fontes de recursos de financiamento de curto prazo;

• identificar as necessidades de capital de giro;

• aplicar as ferramentas da administração financeira;

• identificar o custo dos financiamentos de curto prazo;

• saber interpretar os indicadores de liquidez para tomada de decisão;

• saber diferenciar ciclo operacional, financeiro e econômico.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos, ao final de cada um deles, você
encontrará atividades para serem desenvolvidas, que o(a) ajudarão a desen-
volver seu conhecimento cooperativo.

TÓPICO 1 – FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA


A TOMADA DE DECISÃO

TÓPICO 2 – ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO

TÓPICO 3 – FONTES DE FINANCIAMENTO DE CURTO PRAZO


UNIDADE 3 TÓPICO 1

AMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE

1 INTRODUÇÃO
O administrador financeiro é o agente responsável em maximizar o
capital do acionista, porém, para planejar suas decisões, necessita analisar
tendências que vão lhe possibilitar o norteamento de suas ações, de forma a
minimizar os riscos do negócio. Para isso se dispõe de algumas ferramentas
como as que veremos nesta unidade.

2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS


A análise das demonstrações contábeis é uma importante ferramenta de
tomada de decisão dentro de uma organização, ou seja, através da leitura dos
indicadores econômicos financeiros, o gestor financeiro poderá nortear o seu
planejamento de fluxo de caixa. Também possibilita que pessoas interessadas no
assunto, no caso os acionistas, investidores em potencial e os credores, possam
tomar conhecimento de como está a saúde financeira da empresa em determinado
período, em relação a sua capacidade de gerar recursos e pagar suas obrigações.

Matarazzo (2006, p. 13) metaforiza, exemplificando:

Na Medicina, por exemplo, em qualquer exame preliminar, o médico


tira a temperatura, pressão, pulsação, etc. Esses são indicadores.
O médico compara então cada indicador com um padrão próprio
desenvolvido e aprimorado e, em seguida, ponderando
conjuntamente seus indicadores, elabora suas conclusões, mental ou
formalmente, transmitindo-as ou não ao paciente de alguma forma
que faz parte de sua técnica de trabalho. Em seguida, toma uma
decisão, como internar o paciente, encaminhá-lo a outro especialista,
receitar medicamentos ou simplesmente dizer que está tudo “OK”.

Na sequência de nossos estudos apresentaremos os principais


demonstrativos contábeis, como ferramenta de tomada de decisão.
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

2.1 BALANÇO PATRIMONIAL


O balanço patrimonial é um importante demonstrativo de resultado,
pois nele estão inscritos todos os eventos que se realizam dentro uma
organização. É do balanço patrimonial que serão extraídos os dados que
demonstraram a realidade de uma empresa dentro de um exercício social.

Generalizando, Groppelli e Nikbakht (2005, p. 349) dizem que:

De maneira geral, entretanto, o balanço patrimonial é um


demonstrativo dos ativos, passivos e do patrimônio líquido. O lado esquerdo
desse demonstrativo, como para certos dados, mostra a composição dos
ativos em circulantes e não circulantes. Os ativos circulantes estão na forma
de caixa e de outros ativos que constituem o capital de giro da empresa. Os
ativos fixos são, principalmente, investimentos de longo prazo, incluindo
instalações e equipamento.

O lado direito do balanço patrimonial mostra o passivo circulante,


composto por contas a pagar, notas a pagar e outros passivos de curto prazo.
A partir desse ponto se encontra o exigível a longo prazo, que tem duração
superior a um ano. Nessa parte, podem ser incluídas as contas do valor
capitalizado e do arrendamento financeiro. Após deduzir do ativo o passivo
exigível, encontramos o patrimônio líquido, que representa o capital próprio
da empresa. Este é composto pelo capital acionário com valor ao par, reservas
de capital e de lucros ou prejuízos acumulados gerados pela empresa após a
dedução dos dividendos pagos. Se a empresa fosse liquidada e todos os
direitos dos credores atendidos, o que sobrasse seria distribuído entre os
acionistas.

Como o demonstrativo de ativos e passivos, o balanço patrimonial


permite que os investidores observem a composição desses componentes
e verifiquem se a alocação é sólida. Deduzindo os passivos circulantes dos
ativos circulantes, encontramos indicações sobre a liquidez da empresa, e,
confrontando os lucros com os ativos investidos pela empresa, podemos ter
uma ideia de seu grau de eficiência para empregar seus ativos de modo a
gerar lucro.
TÓPICO 1 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

QUADRO 13 – MODELO DE BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVOS PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO


Contas a pagar $150.000
Caixa $ 40.000 Notas a pagar $ 50.000
Títulos negociáveis $ 50.000 Outros passivos circulantes $ 20.000
Contas a receber $320.000 Total do passivo circulante $220.000
Estoques $250.000 Exigível a longo prazo $ 440.000
Total do ativo circulante $660.000 Capital acionário $ 350.000
Ativo imobilizado líquido $550.000 Lucros acumulados $ 200.000

Total do ativo $1.210.000 Total do passivo e do


patrimônio líquido $1.210.000

FONTE: Groppelli; Nikbakht (2005)

2.2 DEMONSTRATIVO DE RESULTADO


O demonstrativo de resultado visa mostrar o resultado econômico de
um exercício social, comparando as receitas e as despesas, ocasionando lucro ou
prejuízo.

Igualmente, Groppelli, Nikbakht (2005, p. 348) dizem que: “A


demonstração do resultado do exercício relaciona os fluxos de recebimentos
gerados por uma empresa e os fluxos das despesas incorridas para produzir e
financiar as suas operações.”

QUADRO 14 – MODELO DE DEMONSTRATIVO DE RESULTADO

→Receita bruta de
venda (-) Deduções
Impostos (PIS, COFINS, ICMS)
Comissões
Devoluções
Abatimentos
(=) Receita líquida de venda
(-) Custo das mercadorias
vendidas (=) Lucro bruto
(-) Despesas operacionais e outras
despesas
(=) Lucro operacional (LAJIR)
(-) Provisão para imposto de renda
(=) Lucro após imposto de renda
(-) Dividendos
(=) Lucro líquido do exercício
FONTE: O autor
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

2.3 DEMONSTRATIVO DE FLUXO DE CAIXA


O demonstrativo de fluxo de caixa é a ferramenta financeira que
compara as entradas e saídas de dinheiro de uma organização, numa linha do
tempo futuro.

Da Silva (2005, p. 11) diz que: “É o principal instrumento de gestão


financeira que planeja, controla e analisa as receitas, as despesas e os
investimentos, considerando determinado período projetado.”

Já, Assaf Neto e Tibúrcio Silva (2002, p. 40) narram que:


“Conceitualmente, o fluxo de caixa é um instrumento que relaciona os ingressos e
saídas (desembolsos) de recursos monetários no âmbito de uma empresa em
determinado intervalo de tempo.”

2.3.1 Administração do caixa


A administração do fluxo de caixa é bastante complexa, embora consista
somente em adicionar e subtrair valores, porém o grande dilema é fazer com
que estas entradas e saídas de recursos apresentem um equilíbrio, ou seja,
ajustar o ciclo financeiro.

Ainda, Assaf Neto e Tibúrcio Silva (2002, p. 40) contextualizam:

O fluxo de caixa é de fundamental importância para as empresas,


constituindo-se numa indispensável sinalização dos rumos
financeiros dos negócios. Para se manterem em operação, as
empresas devem liquidar corretamente seus vários compromissos,
devendo como condição básica apresentar o respectivo saldo em seu
caixa nos momentos dos vencimentos. A insuficiência de caixa pode
determinar cortes nos créditos, suspensão de entregas de materiais e
mercadorias, e ser causa de uma séria descontinuidade em suas
operações.

O fluxo de caixa não deve ser preocupação exclusiva da área financeira,


ou seja, todos os setores de uma organização deverão estar envolvidos para o
equilíbrio do ciclo financeiro. Para que tal alinhamento aconteça é importante
evidenciarmos algumas condições, como segue:

• a área de produção, ao alterar o ciclo de produção, provocará mudanças nos


custos dos produtos;
• o setor de compras deverá informar os prazos de pagamento, para que haja
uma sincronia com os prazos de recebimento;
• o setor de cobrança deverá agir com eficácia e eficiência, para colocar o mais
rápido possível recursos na empresa;
• o setor de vendas deverá consultar o setor financeiro, para que não conceda
prazos muito elásticos para clientes, prejudicando assim o fluxo de caixa;
TÓPICO 1 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

• o setor financeiro deverá estar alerta ao seu fluxo de caixa projetado, verificando
constantemente se a empresa está gerando caixa suficiente, proporcional ao
desencaixe.

Generalizando, o fluxo de caixa é a alocação e geração de novos recursos,


resultado do processo comprar, produzir e vender.

2.3.2 Administração de contas a receber


A administração de contas a receber corresponde às vendas à vista e a
prazo pela empresa. A venda a prazo é um atrativo para alavancar vendas, haja
vista, que grande parte das vendas de uma organização é no crediário.

Por outro lado o grande volume de vendas a prazo originará aumento


de custos, levando-se em consideração as tarifas de cobrança, taxas de juros e
inadimplência.

Para evitar situações negativas no fluxo de caixa o setor financeiro


deverá estar atento na execução de uma política de crédito criteriosa, ou seja,
evitando vender a prazo para clientes inadimplentes, repassar os custos nas
vendas a prazo. Procurando adequar o prazo médio de recebimento com o
prazo médio de pagamento, existindo uma pressão negativa sobre o caixa,
ocorrerá maior necessidade de capital de giro para dar sustentabilidade a essa
defasagem.

2.3.3 Administração de contas a pagar


A administração de contas a pagar deverá ser administrada com o
mesmo critério das contas a receber, haja vista, que deverá existir um equilibrio
entre ambas. O prazo médio de pagamento não poderá ser inferior ao prazo
médio de recebimento.

Para evitar um desacasamento no fluxo caixa, o gestor financeiro poderá


agir de duas formas, ou prorrogar os pagamentos ou acelerar os recebimentos,
porém, nem sempre é fácil agir dessa forma. Na maioria das vezes, o cliente
e/ou fornecedor não aceitam e, caso aceitando vão exigir uma compensação
financeira.
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

O QUE SÃO OS CONTROLES FINANCEIROS

FERRAMENTAS INDISPENSÁVEIS PARA O PLANEJAMENTO


DOS NEGÓCIOS

Os controles financeiros são os instrumentos que permitem ao


administrador planejar, organizar, coordenar, dirigir e controlar os recursos
financeiros de sua empresa em determinado período.

Conheça, a seguir, alguns controles financeiros.

Controle de caixa

De vital importância. Por meio dos registros realizados, pode-se


conhecer a origem e o destino de todo o dinheiro movimentado pela empresa
diariamente, ou seja, sua própria história.

Controle de bancos

Sua finalidade é registrar as entradas e saídas de valores na conta


bancária da empresa, permitindo o controle atualizado do seu saldo.

Controle de contas a receber

Possibilita o conhecimento dos seguintes pontos:

– montante dos valores a receber;


– contas vencidas e a vencer;
– clientes que não pagam em dia;
– como programar suas cobranças.

Controle de contas a pagar

Possibilita que o empresário fique permanentemente informado sobre:

– vencimento dos compromissos;


– como estabelecer prioridades de pagamento;
– montante dos valores a pagar.

Fluxo de caixa

Projeção das entradas e saídas de recursos financeiros para determinado


período, visando prever a necessidade de captar empréstimos ou aplicar
excedentes de caixa nas operações mais rentáveis.
TÓPICO 1 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

Objetivos:

– proporcionar o levantamento de recursos financeiros necessários às


operações econômico-financeiras da empresa;
– utilizar, da melhor forma possível, os recursos financeiros disponíveis na
empresa, para que não fiquem ociosos, estudando, antecipadamente, a
melhor aplicação, o tempo e a segurança dos mesmos;
– saldar as obrigações da empresa nas datas de vencimento;
– analisar as fontes de crédito que proporcionam empréstimos menos
onerosos, em caso de a empresa necessitar de recursos;
– desenvolver, na empresa, o controle dos saldos de caixa e dos créditos a
receber;
– buscar o perfeito equilíbrio entre ingressos e desembolsos de caixa da
empresa;
– manter a empresa em permanente situação de solvência.

Os custos de uma empresa

Todas as empresas, independentemente da área de atuação (comércio,


indústria ou serviços), possuem gastos. Esses gastos se subdividem
genericamente em custos, despesas variáveis e despesas fixas. Sua análise se
faz necessária para a apuração correta da lucratividade e para o
gerenciamento financeiro mais eficiente.

– Custos do produto – Os custos referem-se aos gastos efetuados com


materiais e insumos (na produção do bem, no caso da indústria), aquisição
do produto (no caso do comércio) ou realização dos serviços.
– Despesas variáveis – São aquelas que variam proporcionalmente ao volume
produzido ou ao volume vendido, ou seja, só haverá despesa, se houver
venda ou unidades produzidas. Exemplo: comissões sobre vendas,
impostos.
– Despesas fixas – São aquelas cujo total não varia proporcionalmente ao
volume produzido (na indústria) ou ao volume de vendas (comércio
e serviço), ou seja, há despesas a serem pagas independentemente da
quantidade produzida ou do valor de vendas. Exemplo: aluguel,
honorários de contador, seguro da empresa, salário dos funcionários, entre
outros.

Estrutura de resultados

Trata-se de uma ferramenta utilizada para realizar a análise


econômica da empresa e apurar o lucro operacional por determinado período.
A Estrutura de Resultados é composta pelas vendas totais, custos, despesas
variáveis e despesas fixas, permitindo determinar a margem de contribuição,
o ponto de equilíbrio e o lucro operacional.

– Margem de contribuição – É a diferença entre a Receita Total (vendas)


da empresa e seus Custos e Despesas Variáveis. Pode-se entender que a
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

margem de contribuição é a parcela da receita total que ultrapassa os custos


e despesas variáveis e que contribuirá para cobrir as despesas fixas e, ainda,
formar o lucro.

MC = RT – (C + DV)
Onde:
MC= margem de contribuição;
RT = receita total;
C = custos;
DV = despesas variáveis.

– Ponto de equilíbrio – É o valor das vendas que permite a cobertura dos


gastos totais (custos, despesas fixas e despesas variáveis). Nesse ponto, os
gastos são iguais à receita total da empresa, ou seja, a empresa não
apresenta lucro nem prejuízo.

As perguntas mais frequentes são: Quanto terei de faturar para


conseguir pagar os meus custos, despesas fixas e variáveis? Quais as
quantidades que terei de produzir/vender para ter lucro?

O ponto de equilíbrio é que define e esclarece essas dúvidas. Há duas


formas de determiná-lo:

1 – Por meio do volume de vendas

PE = (DF/MC)X VT
Onde:
VT = Vendas totais;
PE = Ponto de equilíbrio;
DF = Despesas fixas;
MC = Margem de contribuição.

2 – Ponto de Equilíbrio Unidades Produzidas

PE = (DF x VT)/[PV unit - (Cunit+DV unit)]

Onde:
VT = Vendas totais;
PE = Ponto de equilíbrio;
DF = Despesas fixas;
PV unit = Preço de venda unitário do produto;
C unit = Custo unitário do produto;
DV unit = Despesa variável unitária.

FONTE: Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/momento/quero-melhorar-minha-empresa/ utilize-as-


ferramentas/controles-financeiros/integra_bia/ident_unico/338>. Acesso em: 19 jul. 2012.
TÓPICO 1 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

2.4 ANÁLISE POR INDICADORES


A análise por indicadores tem o objetivo de demonstrar como são
calculados os indicadores econômicos e financeiros de uma empresa e partindo
desse cálculo, buscar uma interpretação coerente, relatando a partir de
relatórios, como será o comportamento de determinada entidade num futuro
próximo, em relação a sua capacidade de honrar seus compromissos de curto e
longo prazo.

Mostrar a quantidade de recursos próprios e de terceiros investidos na


organização.

Analisar os indicadores de retorno do investimento, verificando e


demonstrando se o dinheiro investido no negócio está sendo bem gerenciado e
gerando lucro.

Em resumo, podemos dizer que a análise das demonstrações contábeis é


um estudo financeiro, detalhado de uma empresa, bem como os fatores internos
e externos que poderão afetar sua capacidade de gerar recursos.

Os fatores internos estão relacionados à organização, capacidade


gerencial e desenvolvimento tecnológico. Os fatores externos estão relacionados
à economia, concorrência e fatores de ordem natural.

Porém, o que nos interessa são as demonstrações contábeis. Dentre as


que vamos estudar neste caderno estão o balanço patrimonial, o demonstrativo
de resultado do exercício, o demonstrativo de origem e aplicação de recursos e o
demonstrativo das mutações do patrimônio líquido.

É importante salientar que para um relatório de análise ter credibilidade,


tem que estar calcado em demonstrações de boa qualidade e sua escrita tem que
ser em linguagem simples, de forma que uma pessoa, interessada no assunto,
consiga entender.

Para a obtenção de um resultado satisfatório, cada participante deverá


resolver os exercícios propostos, para adquirir maior conhecimento.

2.4.1 Indicadores liquidez


Veremos agora o que significa a análise por indicadores.

A análise por indicadores é a relação entre contas ou grupos de contas


das demonstrações financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da
situação econômica ou financeira de uma empresa.
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

O importante não é o cálculo de grande número de indicadores, mas de


um conjunto que permita conhecer a situação da empresa, segundo o grau de
profundidade desejada da análise.

Primeiramente, vamos agrupar os indicadores de liquidez, conceituá-los,


efetuarmos os cálculos de acordo com o balanço da empresa teste e
interpretarmos o resultado dos cálculos.

Segundo Olinquevitch e Santi (2004, p. 30):

Sob a óptica da análise financeira tradicional – que trabalha


principalmente com os indicadores de análise de balanços – o estudo
dos demonstrativos contábeis, que tem como foco o Ativo e o Passivo
Circulantes, consagra os indicadores de liquidez como alguns dos
principais indicadores de análise.

2.4.1.1 Indicador de liquidez corrente


O indicador de liquidez corrente mede a relação existente entre o ativo
circulante e o passivo circulante, ou seja, quanto que a empresa possui no ativo
circulante para cada unidade de dívida no passivo circulante, medindo assim
sua capacidade em honrar seus compromissos de curto prazo.

AC
Fórmula de cálculo ↔ Liquidez corrente = ≥ 1,00
PC
Onde:
AC = ativo circulante
PC = passivo circulante

Interpretação: quanto maior que a unidade melhor.

2.4.1.2 Indicador de liquidez seca


O indicador de liquidez seca mede a relação existente entre o ativo
circulante deduzindo a conta estoques para cada unidade do passivo circulante.

É o próprio indicador de liquidez corrente menos os estoques.

Este indicador é o mais importante dentre os indicadores de liquidez,


pois visa demonstrar o grau de dependência de uma empresa, em relação aos
estoques para pagar seus compromissos, ou seja, capacidade de pagar suas
obrigações no curto prazo, caso venha a ter problemas com as vendas, então se
pergunta:

Será que mesmo não vendendo mercadorias, a empresa tem dinheiro


suficiente para pagar suas dívidas? Principalmente, salários de funcionários e
fornecedores.
TÓPICO 1 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

Levando-se em consideração também que a conta estoques é de difícil


mensuração, pois engloba estoques de matéria-prima, produto em elaboração e
produtos prontos para venda.

Fórmula de cálculo ↔ Liquidez seca = AC- Estoques ≥ 1,00


PC
Onde:
AC = ativo circulante
PC = Passivo circulante

Interpretação: quanto maior que uma unidade melhor.

2.4.1.3 Indicador de liquidez imediata


O indicador de liquidez imediata mede a relação existente entre o
dinheiro disponível no ativo circulante, ou seja, na conta caixa e na conta bancos
e as obrigações do passivo circulante.

Segundo Assaf Neto (2005, p.114), este indicador tem pouco significado
para os analistas externos, ou seja, pessoas que têm interesse em investirem ou
negociarem com a empresa.
Disponibilidade
Fórmula de cálculo ↔ Liquidez imediata =  1,0
Passivo Circulante
Interpretação: quanto maior que uma unidade melhor.

2.4.1.4 Indicador de liquidez geral


O indicador de liquidez geral mede a relação existente entre ativo
circulante, mais ativo realizável a longo prazo para cada unidade do passivo
circulante, mais o passivo exigível a longo prazo.

Este indicador visa medir a capacidade de uma empresa em honrar seus


compromissos de curto prazo e longo prazo.

Fórmula de cálculo ↔ Liquidez geral =


AC+ ARLP
Onde: PC + PELP ≥ 1,00
AC = ativo circulante,
PC = passivo circulante
ARLP = ativo realizável a longo prazo
PELP = passivo exigível a longo prazo

Interpretação: quanto maior que uma unidade melhor.


UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

a empresa não tem plena capacidade de pagamento em relação as suas obrigações, isto não conta toda a história. Devemos analisar con

2.4.1.5 Folga financeira


É a relação do Capital Circulante Líquido com as Vendas.

FF = CCL / VENDAS

Para uma avaliação que visa ao estudo da capacidade econômico-


financeira de enfrentar um período de desenvolvimento ou uma política
econômica recessiva, ou seja, OLHANDO PARA O FUTURO DA EMPRESA,
é necessário estudar a composição do Ativo e do Passivo Circulantes,
relacionando os saldos contábeis com as atividades da empresa sob a ótica
financeira.

Se pensarmos na ATIVIDADE OPERACIONAL, podemos observar


aspectos diferentes de acordo com os negócios realizados pela empresa.

Numa empresa de serviços, a atividade operacional é a VENDA de


serviços; numa empresa comercial, as atividades operacionais são a COMPRA
e a VENDA DE MERCADORIAS; numa empresa industrial, as atividades
operacionais são a COMPRA de insumos, a FABRICACÃO e a VENDA de
produtos. Assim, quando falamos de atividade operacional, estamos
pensando em compra, fabricação e venda.

Se uma empresa industrial compra, fabrica e vende e realiza todas


essas operações à vista, coordenadas em termos de caixa e sem a manutenção
de estoques, seus impactos sobre o Ativo e o Passivo Circulantes são
praticamente nulos, limitando-se aos efeitos sobre o saldo da conta Caixa.

Por outro lado, se as atividades operacionais são realizadas a prazo,


com a manutenção de níveis de estoques, teremos uma série de inúmeros
impactos sobre o Ativo e o Passivo Circulantes.

FONTE: Olinquevicht; Santi Filho (2004: 32-33)


TÓPICO 1 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

2.4.1.6 Giro do ativo


Este indicador mostra a situação operacional da empresa, relacionando
as vendas e os investimentos de determinado período.

Matarazzo (2003, p. 176) apresenta a fórmula para cálculo conforme segue:

Giro do Ativo = Vendas Líquidas


Ativo

2.4.2 Indicadores de estrutura de capital


Os indicadores de estrutura de capital são utilizados para medir a
composição das fontes passivas de recursos de uma empresa. Fornecem, ainda,
elementos para se avaliar o grau de dependência de capitais de terceiros a que a
empresa está submetida.

2.4.2.1 Endividamento de curto prazo


É a relação entre o capital de terceiros em curto prazo e o patrimônio
líquido.

Este quociente mede o quanto o capital de terceiros, em curto prazo


participa no total de recursos próprios, ou seja, para cada cem unidades
monetárias de recursos próprios, quanto provém de fontes de financiamento de
terceiros no curto prazo.

Com as aplicações feitas no ativo são financiados por recursos do


passivo, essa medida ilustra, também, a proporção dos ativos que está sendo
financiada por capital de terceiros em curto prazo. Interpretação é quanto menor
de 100% melhor.

Fórmula de cálculo a seguir:


PC
Endividamento de curto prazo = x 100 ≤ 100%
PL
Onde:
PC → passivo circulante
PL → patrimônio líquido
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

2.4.2.2 Endividamento do patrimônio líquido ou


endividamento total
Possui objetivo semelhante ao índice anterior. Corresponde ao
endividamento do capital de terceiros em relação ao patrimônio líquido.

A relação indica quanto a empresa possui de recursos de terceiros para


cada cem unidades monetárias de capital próprio. Interpretação é quanto menor
de 100% melhor.

Fórmula de cálculo a seguir:

PC+ PELP
Endividamento do patrimônio líquido = x 100 ≤ 100%
PC
Onde:
PC → passivo circulante
PELP → passivo exigível a longo prazo
PL → patrimônio líquido

2.4.3 Indicadores de imobilização


Vamos conhecer os indicadores de imobilização.

O indicador de imobilização identifica o quanto de recursos foi aplicado


no ativo permanente da empresa e quais suas fontes de financiamento.

2.4.3.1 Imobilização do patrimônio líquido


O indicador de imobilização do patrimônio líquido mostra a proporção
de cada cem unidades monetárias de recursos próprios que estão financiando o
ativo permanente. Interpretação é quanto menor de 100% melhor.

Fórmula de cálculo a seguir:


AP
Imobilização do patrimônio líquido = x 100% ≤ 100%
PL
Onde:
AP ↔ ativo permanente
PL↔ patrimônio líquido
TÓPICO 1 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

2.4.3.2 Imobilização dos recursos não circulantes


O indicador de imobilização dos recursos não circulantes visa
demonstrar o quanto dos recursos próprios e de terceiros de longo prazo se
encontram imobilizados no ativo permanente.

Este indicador somente tem sentido quando a imobilização do


patrimônio líquido for superior a 100%, ou seja, os recursos contidos no
patrimônio líquido são insuficientes para atender aos investimentos feitos no
ativo permanente.

É claro que não podemos estabelecer uma regra, em que a situação está
tranquila, mas se o resultado desse indicador for superior a 100%, indica que
a empresa está se utilizando de recursos de curto prazo para financiar o ativo
permanente, consequentemente comprometendo a saúde financeira. Interpretação
é quanto menor de 100% melhor.

Fórmula de cálculo a seguir:

AP
Imobilização de recursos não circulantes = x 100 ≤ 100%
PELP + PL
Onde:
AP ↔ ativo permanente
PELP ↔ passivo exigível a longo prazo
PL ↔ patrimônio líquido

A seguir, apresentaremos o quadro resumido das relações dos


indicadores financeiros, que vão facilitar o seu entendimento em relação ao
cálculo e interpretação.

QUADRO 15 – RELAÇÕES DOS INDICADORES FINANCEIROS

Cálculo dos Avaliação dos


Índices Objetivo dos índices.
índices. índices.
Estrutura de
capital.

PC Relação dos capitais


Participação
x 100 de terceiros de curto Quanto menor
capital de PL prazo para cada 100 melhor.
terceiros.
de capital próprio.
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Composição Percentual de
do PC + PELP x 100 endivida mento total Quanto menor
endividamento PL para cada 100 de melhor.
total. capital próprio.

Relação do
Imobilzação AP imobilizado em Quanto menor
x 100
do PL. PL relação a cada 100 de melhor.
capital próprio.
Relação do
Imobilização AP imobilizado em Quanto menor
recursos não x 100
PELP + PL relação a cada 100 do melhor.
circulantes.
passivo total.
LIQUIDEZ
Quanto maior que
Liquidez AC Relação entre o AC
1,00
corrente. ≥ 1,00 e O PC.
PC Melhor.
Relação entre o AC Quanto maior que
Liquidez AC - Est. e o PC com dedução 1,00
seca PC ≥ 1,00 de estoques. melhor.
Relação dos recursos Quanto maior que
Liquidez Disp.
≥ 1,00 disponíveis com o 1,00
Imediata PC
PC. melhor.
Relação da soma do Quanto maior que
Liquidez AC + ARLP
geral PC + PELP
≥ 1,00 AC + ARLP, com o 1,00
PC Mais o PELP. melhor.

FONTE: Adaptado de: Matarazzo (2006)

Agora que você conheceu os indicadores econômicos e financeiros,


vamos pôr em prática o conhecimento adquirido através do cáculo e
interpretação, e saber se nossa empresa “FANTASIA” está com boa saúde
financeira.
TÓPICO 1 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

AUTOATIVIDADE

Empresa Fantasia S/A


ATIVO

Descrição da Conta 31/12/2011 31/12/2010 31/12/2009


Ativo Total 160.931.966 116.328.355 93.027.149
Ativo Circulante 122.834.821 89.842.036 71.919.689
Disponibilidades 34.221.443 23.690.043 9.940.880
Caixa e bancos 829.855 2.011.944 1.346.459
Aplicações financeiras 33.391.588 21.678.099 8.594.421
Clientes 36.369.416 24.757.207 29.438.034
Estoques 36.289.417 21.707.744 19.756.493
Outros 15.954.545 19.687.042 12.784.282
Títulos valores mobiliários 4.766.133 5.753.172 1.527.771
Impostos a recuperar 5.114.277 5.320.274 4.452.684
Outras contas a receber 5.963.481 8.551.451 6.754.176
Despesas antecipadas 110.654 62.145 49.651
Ativo não circulante 38.097.145 26.486.319 21.107.460
Ativo realizável a longo prazo 1.863.951 1.855.128 522.253
Créditos diversos 1.863.951 1.855.128 522.253
Depósitos judiciais 1.507.043 1.498.220 165.345
Incentivos fiscais 260.013 260.013 260.013
Empréstimos compulsórios 96.895 96.895 96.895
Ativo permanente 36.233.194 24.631.191 20.585.207
Investimentos 160.000 213.580 169.711
Imobilizado 36.073.194 24.417.611 20.415.496

PASSIVO
Descrição da conta 31/12/2011 31/12/2010 31/12/2009
Passivo total 160.931.966 116.328.355 93.027.149
Passivo circulante 65.888.331 35.010.719 22.213.479
Empréstimos bancários 30.618.482 14.305.799 6.331.047
Fornecedores 7.062.038 2.536.854 1.560.084
Impostos, taxas e contribuições 6.787.674 2.086.866 1.841.626
Dividendos a pagar 6.952.919 4.535.171 3.596.774
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

Juros sobre o capital próprio 4.161.168 3.477.296 3.596.774


Dividendos 2.791.751 1.057.875 0
Provisão férias e encargos sociais 1.685.315 1.765.753 1.748.200
Outros 12.781.903 9.780.276 7.135.748
Salários e encargos sociais 3.734.158 2.804.373 1.919.215
Participação dos empregados 2.288.699 1.777.397 1.258.053
Participação dos administradores 3.171.872 1.925.683 1.300.927
Comissões e fretes sobre vendas 2.363.576 1.998.096 2.067.862
Outras contas a pagar 1.223.598 1.274.727 589.691
Passivo não circulante 3.207.656 4.917.722 6.594.876
Passivo exigível a longo prazo 3.207.656 4.917.722 6.594.876
Empréstimos bancários 1.034.409 4.750.158 6.463.866
Provisões 2.173.247 167.564 131.010
Provisão para contingências 2.173.247 167.564 131.010
Patrimônio líquido 91.835.979 76.399.914 64.218.794
Capital social realizado 55.000.000 55.000.000 33.000.000
Reservas de capital 0 0 103.216
Reservas de lucro 36.835.979 21.399.914 31.115.578
Legal 4.466.686 3.034.513 3.786.386
Retenção de lucros 32.369.293 18.365.401 27.329.192

Baseado nos demonstrativos acima, calcule o que se pede, dos três


exercícios:

a) Liquidez Corrente.
b) Liquidez Imediata.
c) Liquidez Seca.
d) Liquidez Geral.
e) Endividamento de curto prazo.
f) Endividamento do patrimônio Líquido.
g) Imobilização do patrimônio Líquido.
h)Imobilização dos recursos não circulante.

2.4.4 Indicadores de atividades


Os indicadores de atividades visam estabelecer a rapidez com que uma
empresa pode gerar caixa, caso seja necessário.
TÓPICO 1 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

Eles também fornecem dados para determinar o ciclo operacional e o


ciclo financeiro dentro de uma empresa, ou seja, o tempo consumido desde a
entrada de matéria-prima na linha de produção, a elaboração do produto e a sua
venda final, o pagamento da matéria-prima e o recebimento dos produtos
vendidos.

O ciclo operacional é medido pelo prazo médio de estoques acrescido do


prazo médio de recebimento dos produtos vendidos.

O ciclo financeiro é medido pelo ciclo operacional deduzido do prazo


médio de pagamento.

Na sequência estudaremos os tipos de indicadores por atividade.

2.4.4.1 Prazo médio de recebimento


O prazo médio de recebimento visa demonstrar o tempo médio que a
empresa leva para receber suas vendas. Sob visão interpretativa, quanto menor
esse tempo melhor.

Apresentamos a fórmula de cálculo a seguir:


Clientes
Prazo médio de recebimento = x 365 dias
Receita Operacional
Bruta

2.4.4.2 Prazo médio de pagamento


O prazo médio de pagamento determina o prazo médio que a empresa
leva para pagar suas contas.

Saber qual o prazo médio de pagamento é muito importante para uma


empresa determinar o seu prazo médio de recebimento, que para efeito de fluxo
de caixa, de preferência não seja superior ao prazo médio de pagamento. Caso
isto ocorra, com certeza, a empresa deverá buscar dinheiro em bancos para
compensar esta diferença de prazo.

Numa interpretação contrária ao prazo médio de recebimento de quanto


menor melhor, no caso do prazo médio de pagamento, quanto maior o prazo
melhor.

A seguir apresentamos a fórmula:


Fornecedores
Prazo médio de pagamento = x 365 dias
Estoques
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

2.4.4.3 Prazo médio de estoque


O prazo médio dos estoques determina o tempo que os estoques levam
para se renovarem.

Segundo Gropelli e Nikbakht (2005, p. 360), ”O giro dos estoques é


importante para uma empresa porque os estoques são os ativos circulantes
menos líquidos.”

Para entendermos a frase citada acima, os estoques compreendem


matéria- prima, produtos em elaboração e produtos acabados, e partindo do
princípio que os produtos prontos necessitam serem vendidos, portanto, nos
estoques sempre tem um grande volume de dinheiro parado. Devido este fato,
quanto mais rápido os produtos prontos forem vendidos, maior será a rapidez
da empresa em gerar caixa para atender a outros fins.

Numa linha de interpretação, quanto menor o tempo das mercadorias em


estoques melhor.

A seguir apresentamos a fórmula:


Estoques
Prazo médio de estoques = x 365 dias
Custo Mercadorias
Vendidas
TÓPICO 1 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

LEITURA COMPLEMENTAR

A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES


CONTÁBEIS NAS TOMADAS DE DECISÕES NA EMPRESA MÓVEIS
GAZIN DOURADINA-PR

Olegário de Queiroz Muniz1


Maria Marta Fernandes2

ÍNDICES FINANCEIROS E SUA IMPORTÂNCIA PARA O GESTOR

Para o gestor financeiro, a análise dos índices é uma ferramenta


indispensável, pois com ela há facilidade de gerenciar a empresa, pois através
dos índices que são propostas as informações que orientarão os gestores à
tomada de decisões, sabendo que essas informações são geradas a partir de
demonstrações de períodos passados, ou seja, anos anteriores que o gestor
tomou decisões para o andamento do processo da atividade da empresa. Esses
índices servem como base para comparar a empresa na atualidade se a empresa
vem progredindo em relação aos anos passados. A vista disto, os planejamentos
devem ser acompanhados para ver se o resultado esperado está sendo atingido.
Como as estratégias da empresa devem ser bem elaboradas, há uma
responsabilidade muito grande por parte dos administradores que fazem essas
gestões na organização, e os índices possibilitam formas de diagnosticar e
comprovar a situação financeira econômica da empresa, saber se está tendo
expansão no mercado em que atua, sendo interno ou externo.

Iudícibus nos diz que a análise das Demonstrações: “[...] é a arte de saber
extrair relações úteis, para o objetivo econômico que tivermos em mente, dos
relatórios contábeis tradicionais e de suas extensões e detalhamento, se for o
caso.” (IUDÍCIBUS, 1998, p. 20).

Devido sua importância, as finanças devem ser bem compreendidas e


estudadas profundamente, porém, para se ter uma total certeza dos resultados,
o analista deve ter um ótimo conhecimento de como calcular esses índices
e principalmente de como analisar os indicadores, pois o mesmo trará ao
administrador e a organização maior credibilidade e segurança para as tomadas
de decisões, no que refere às estratégias utilizadas em anos anteriores, bem
como base para projeções em anos futuros.
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

Quadro 1 – Modelo de Balanço patrimonial na lei 6.604/1976


Lei 6404/76A Exemplo: Balanço Patrimonial
Ativo Passivo
Ativo Circulante Passivo Circulante
Ativo realizável a Longo Prazo Passivo exigível a Longo Prazo

Ativo Permanente Resultados de Exercicios Futuros


Investimentos
Imobilizado Patrimônio Líquido
Diferido Capital Social
Reservas de Capital
Reservas de reavaliação
Reservas de lucros
Lucros ou prejuizos acumulados
Fonte: Oliveira, 2008

Quadro 2 – Comparação entre balanços

Lei 6.404/76 após lei 11638/07A - Lei 11638/07 após MP 449/08 -


Exemplo: Balanço Patrimonial Exemplo: Balanço Patrimonial
Ativo Passivo Ativo Passivo
Ativo Circulante Passivo Circulante Ativo Circulante Passivo Circulante
Ativo realizável Passivo exigível
Ativo não circulante Passivo não circulante
a Longo Prazo a Longo Prazo
Ativos realizável a Passivo exigivel
Longo Prazo a Longo Prazo
Resultados de Resultados de
Ativo Permanente Exercicios Futuros Investimentos
Exercicios Futuros
Investimentos Imobilizado
Imobilizado Patrimônio Líquido Intangível Patrimônio Líquido
Intangível Capital Social Capital Social
Diferido Reservas de Capital Reservas de Capital
Ajustes de avaliação Ajustes de avaliação
patrimônial patrimonial
Reservas de lucros Reservas de Lucro
Ações em tesouraria
Prejuizos acumulados Prejuizos acumulados

Fonte: Oliveira, 2008

Os quadros em destaque representam o balanço patrimonial, em três


estruturas, sendo uma conforme a Lei n◦ 6.404/76 e a 11.638/07 e outra, a lei n◦
11.638/07, após medida provisória. A seguir informaremos algumas mudanças
que ocorreram nos grupos de conta que compõem o balanço patrimonial.
TÓPICO 1 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

Segundo Oliveira (2009):

Com a nova Lei n◦ 11.638/07, grandes grupos tiveram alteração, apenas


no ativo circulante e patrimônio líquido, apresentando no ativo os grupos:
ativos circulante, ativo realizável em longo prazo, ativo permanente, dividido
em investimentos, ativo imobilizado, ativo intangível e ativo diferido, e o
passivo, com passivo circulante, passivo exigível em longo prazo, Resultado dos
exercícios futuros e patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de
capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria,
e prejuízo acumulados.
No primeiro momento de alteração da Lei n◦ 11.638/07, as alterações
foram apenas no passivo e patrimônio líquido, sendo acrescentado no grupo
ativo permanente o intangível, e no grupo patrimônio líquido as contas ajustes
de avaliação patrimonial e ações em tesouraria.

Já após a medida provisória MP n◦ 449/08, ele figura alterando várias


contas e criando novas nomenclaturas de grupo definindo-se assim a nova
estrutura patrimonial.

Segundo Oliveira (2009):

Assim mais precisamente os grupos do ativo e passivo que assim são:


grande grupo do ativo e grupo ativos circulantes e ativo não circulante,
contendo nesse grupo as contas: o ativo realizável em longo prazo.

Investimentos, imobilizado e intangível, desaparecendo as figuras


do ativo realizável em longo prazo e o ativo permanente como grupo, sendo
agora subgrupo do ativo não circulante, sendo que o ativo o que o termo ativo
permanente não figurará no balanço patrimonial. Além disso, o subgrupo ativo
diferido de fato desaparece deste relatório, porém vale ressaltar que a medida
provisória n◦ 449/08 informa que poderá amortizar o saldo do mesmo até seu
findar. Já que o grande grupo passivo, também teve modificações em sua
estética conforme determina a medida provisória n◦ 449/08, sendo o grupo
passivo circulante e passivo não circulante, desaparecendo os grupos exigível a
longo prazo, resultado do exercício futuros, pois todos os citados foram
incorporados pelo passivo não circulante.

No lado do ativo, o grupo ativo permanente não é mais destacado,


ficando substituído pelo novo grupo ativo não circulante. Houve também o
desaparecimento do grupo ativo diferido e ativo realizável em longo prazo,
passando a ser ativo não circulante. No lado do passivo foi criado o grupo
passivo não circulante e em seguida o desaparecimento do grupo exigível em
longo prazo.
1
Bacharel em Ciências Contábeis e Especialista em Recursos Humanos
2
Bacharel em Ciências Contábeis e Professora Universitária Especialista -
EDUVALE

FONTE: Disponível em: <http://www.eduvalesl.edu.br/site/edicao/edicao-15.pdf>. Acesso


em: 19 jun. 2012.
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico você viu que:

• Quatro categorias de indicadores, que são os indicadores de liquidez,


indicadores de endividamento, indicadores de imobilizaçao e indicadores
de atividade e a fórmula de como calculá-los. Também verificamos o grau de
importância de cada um, principalmente para os credores e acionistas, pois
eles medem a capacidade das empresas em honrar os compromissos de curto
e longo prazo.

• Os indicadores de liquidez visam mostrar o grau de facilidade ou dificuldade


que as empresas têm em pagar suas contas.

• Os indicadores de endividamento servem para demonstrar a qualidade das


dívidas em relação ao capital de terceiros, isto é, com bancos, fornecedores de
matéria-prima, os funcionários e o próprio governo.

• Os indicadores de imobilização nos mostram quanto que o capital próprio e


de terceiros de curto e longo prazo foram aplicados no ativo permanente.

• Finalmente os indicadores de atividade indicam a velocidade com que a


empresa recebe seu dinheiro dos clientes, paga suas contas aos fornecedores e
vende suas mercadorias.
AUTOATIVIDADE

1. Os indicadores de liquidez têm por finalidade visar:


a. ( ) A capacidade de pagamento de uma empresa no curto prazo.
b. ( ) A capacidade de pagamento de uma empresa no longo prazo.
c. ( ) A capacidade de pagamento de uma empresa no curto e no
longo prazo.
d. ( ) A capacidade de pagamento de uma empresa no médio e no longo prazo.

2. É o indicador de liquidez que mede a capacidade de pagamento de uma


empresa no curto prazo.
a. ( ) Indicador de liquidez corrente.
b. ( ) Indicador de liquidez seca.
c. ( ) Indicador de liquidez geral.
d. ( ) Indicador de liquidez imediata.

3. É o indicador de liquidez que mede a disponibilidade de dinheiro em caixa.


a. ( ) Indicador de liquidez corrente.
b. ( ) Indicador de liquidez seca.
c. ( ) Indicador de liquidez geral.
d. ( ) Indicador de liquidez imediata.

4. É o indicador de liquidez que mede a capacidade de pagamento de uma


empresa, sem que haja a necessidade de vender seus estoques.
a. ( ) Indicador de liquidez corrente.
b. ( ) Indicador de liquidez seca.
d. ( ) Indicador de liquidez geral.
e. ( ) Indicador de liquidez imediata.

5. É o indicador de liquidez que mede a capacidade de pagamento de uma


empresa no curto e longo prazo, calculando a relação entre os ativos
realizáveis no curto e longo prazo com os passivos exigíveis.
a. ( ) Indicador de liquidez corrente.
b. ( ) Indicador de liquidez seca.
c. ( ) Indicador de liquidez geral.
d. ( ) Indicador de liquidez imediata.

6. Os indicadores de endividamento servem para:


a. ( ) Medir as fontes passivas de recursos de uma empresa.
b. ( ) Medir as fontes ativas de recursos de uma empresa.
c. ( ) Medir as fontes de recursos ativas e passivas de uma empresa.
d. ( ) Medir os ativos líquidos que compõem o patrimônio liquido.
7. O indicador de endividamento de curto prazo é a relação entre:
a. ( ) Os capitais de terceiros de curto prazo e o patrimônio líquido.
b. ( ) Os capitais de terceiros de curto e longo prazo e o patrimônio líquido.
c. ( ) Os capitais de terceiros de longo prazo e o patrimônio líquido.
d. ( ) Os capitais de terceiros de curto prazo e os capitais de terceiros de longo
prazo.

8. O indicador de endividamento total é a relação entre:


a. ( ) Os capitais de terceiros de curto prazo e o patrimônio líquido.
b. ( ) Os capitais de terceiros de curto e longo prazo e o patrimônio líquido.
c. ( ) Os capitais de terceiros de longo prazo e o patrimônio líquido.
d. ( ) Os capitais de terceiros de curto prazo e os capitais de terceiros de longo
prazo.

9. São os indicadores que identificam o quanto de recursos foram aplicados no


ativo permanente da empresa e quais são suas fontes de financiamento.
Estamos falando dos:
a. ( ) Indicadores de imobilização.
b. ( ) Indicadores de endividamento.
c. ( ) Indicadores de liquidez.
d. ( ) Indicadores econômicos.

10. Os indicadores de recursos não circulantes


a. ( ) Mostram quanto dos recursos próprios e de terceiros de longo prazo se
encontram imobilizados no ativo fixo.
b. ( ) Mostram quanto dos recursos próprios e de terceiros de curto prazo se
encontram imobilizados no ativo fixo.
c. ( ) Mostram quanto dos recursos próprios e de terceiros de curto prazo se
encontram imobilizados no ativo circulante.
d. ( ) Mostram quanto dos recursos próprios e de terceiros de curto prazo se
encontram imobilizados no ativo realizável a longo prazo.

11. É o indicador que mostra a proporção de cada cem unidades monetárias


de recursos próprios que estão financiando o ativo permanente. Estamos
falando do:
a. ( ) Indicador imobilização do ativo circulante.
b. ( ) Indicador imobilização do ativo permanente.
c. ( ) Indicador imobilização do patrimônio líquido.
d. ( ) Indicador imobilização do passivo exigível a longo prazo.

12. Os indicadores de atividade são importantes para:


a. ( ) Determinar o ciclo operacional.
b. ( ) Medir a liquidez de uma empresa.
c. ( ) Determinar o grau de endividamento.
d. ( ) Determinar o grau de imobilização.
13. Determina o prazo médio que uma empresa leva para pagar suas contas.
Estamos falando de:
a. ( ) Prazo médio de pagamento.
b. ( ) Prazo médio de recebimento.
c. ( ) Prazo médio de estoques.
d. ( ) Ciclo financeiro.

14. Determina o prazo médio que uma empresa leva para receber suas contas.
Estamos falando de:
a. ( ) Prazo médio de pagamento.
b. ( ) Prazo médio de recebimento.
c. ( ) Prazo médio de estoques.
d. ( ) Ciclo financeiro.

15. Determina o prazo médio que uma empresa leva para vender suas
mercadorias. Estamos falando de:
a. ( ) Prazo médio de pagamento.
b. ( ) Prazo médio de recebimento.
c. ( ) Prazo médio de estoques.
d. ( ) Ciclo financeiro.
UNIDADE 3 TÓPICO 2

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO


PRAZO

1 INTRODUÇÃO
A administração financeira de curto prazo abrange as contas do ativo
e passivo circulante. Independente do tamanho de uma organização, ela
necessita manter um nível sustentável de capital de giro, ou seja, os valores do
ativo circulante deverão ser no mínimo igual ao passivo circulante, para que a
organização apresente uma saúde financeira satisfatória no curto prazo.

2 CAPITAL DE GIRO OU CAPITAL CIRCULANTE


A administração do capital de giro (ou Capital Circulante Líquido)
está relacionada à administração dos itens relacionados aos ativos circulantes
(caixa, aplicações financeiras, duplicatas a receber, estoques) e passivos
circulantes (duplicatas a pagar, contas a pagar, empréstimos bancários a pagar).
A empresa compra mercadorias, estoca, vende e recebe. Repetindo esse ciclo
permanentemente, ela mantém o giro dos negócios. Portanto, num sentido mais
amplo, o capital de giro representa os recursos que uma empresa necessita
desde a aquisição da matéria-prima (ou mercadoria), até o recebimento pela
venda do produto acabado. Em outras palavras, corresponde a uma parcela de
capital aplicada pela empresa em seu ciclo operacional.

Capital de giro (CDG) ou Capital Circulante Líquido (CCL) = Ativo


Circulante – Passivo Circulante

O capital circulante líquido (CCL) é a parcela do ativo circulante financiada


por fundos permanentes. (Exigível a longo prazo e patrimônio líquido).

Quando o ativo circulante exceder o passivo circulante, a empresa tem


um capital de giro líquido positivo:
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

Empresa com capital de giro líquido positivo

C.C.L = $ 35 - $ 20 = $ 15, ou:


C.C.L = ($ 50 +$ 30) - $ 65 = $ 15

Do total de $ 35 aplicados no ativo circulante, $ 20 são financiados por


créditos de curto prazo (passivo circulante), e os $ 15 restantes, que representam o
capital de giro líquido da empresa, são oriundos de recursos de longo prazo
(exigível de longo prazo e patrimônio líquido).

Em outras palavras, dos $ 80 captados a longo prazo (que são as fontes


permanentes de financiamento), $ 65 estão aplicados em ativos também de
longo prazo (ativo permanente) e os $ 15 excedentes são direcionados para
financiar o capital de giro da empresa, mostrando certa folga financeira.

Quando o ativo circulante é menor do que o passivo circulante, a


empresa tem um capital de giro líquido negativo:

Empresa com capital de giro líquido negativo

A folga financeira é negativa porque as exigibilidades de curto


prazo (passivo circulante), estão financiando aplicações com prazos de retorno
maiores (ativo permanente).

Na figura acima, o C.C.L. é de ($ 40), indicando que $ 40 dos $ 130 aplicados


em ativo permanente são financiados por dívidas de curto prazo.

De outra maneira, observa-se que a empresa tem levantado $ 90 de


recursos de longo prazo (exigível a longo prazo e patrimônio líquido). No
entanto, esse montante não é suficiente para cobrir suas aplicações no
permanente de $ 130, sendo a diferença de $ 40 coberta por obrigações de curto
prazo (passivo circulante).
TÓPICO 2 | ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO

Existe uma opção entre risco (liquidez) e retorno (lucratividade) no que


tange à proporção entre ativo e passivo circulante mantido pela empresa. Se a
empresa direcionar seus recursos para ativos de elevada liquidez (caixa, bancos
e aplicações financeiras) em relação ao total de seu Ativo, maior será a sua
liquidez imediata e, portanto, menor será o risco que ela estará assumindo.

Assim, o administrador financeiro da companhia estará realizando uma


administração conservadora.

Por outro lado, se direcionar os investimentos para os ativos com giro


mais longo (estoques, duplicatas a receber) o risco será maior, a liquidez
imediata será menor e o pagamento pontual das dívidas no curto prazo
dependerá da capacidade de geração de recursos operacionais e novos
financiamentos obtidos pela empresa. Trata-se, portanto, de uma administração
financeira mais agressiva.

Numa empresa industrial, o ativo circulante é tido como ativo de


proteção e o ativo permanente, como ativo gerador de lucros. Isto é, espera-se
que numa empresa industrial os ativos fixos gerem a produção e
consequentemente as vendas com lucros.

Se os investimentos forem direcionados para o ativo permanente, maior


será o retorno alcançado pela empresa, mas maior ainda será o risco envolvido.
Assim, a administração da liquidez, associa-se a uma escolha entre risco e
lucratividade.

Assim, espera-se que se (AC/AT), tanto a lucratividade como o risco


decrescerão. E se (AC/AT), espera-se que tanto a lucratividade como o risco se
elevem. Essa taxa indica a percentagem do total de ativos que é circulante.

Capital de giro permanente refere-se ao volume mínimo de ativo


circulante para manter a empresa em condições normais de funcionamento.

Capital de giro variável é definido pelas necessidades adicionais de


recursos verificadas em determinados períodos e motivadas, principalmente,
por compras antecipadas de estoques, maior morosidade no recebimento de
clientes, maior volume de vendas em certos meses do ano etc.

Uma boa administração do capital de giro busca imprimir alta rotação


(giro) ao circulante, tornando mais dinâmico o seu fluxo de operação. Essa
maior velocidade no capital de giro proporciona menor necessidade de
aplicação de capital no ativo circulante e consequentemente há um aumento da
rentabilidade.
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

3 CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO


Podemos afirmar que capital de giro líquido é a diferença entre o ativo
circulante e o passivo circulante.

Quando o ativo circulante for maior que o passivo circulante, dizemos


que o capital circulante líquido é positivo. Porém, quando ocorre o contrário,
logo, o capital circulante líquido será negativo. Caso forem iguais, será nulo.

Hoji (2004, p. 119) confirma: “A diferença entre o ativo corrente (ativo


circulante) e o passivo corrente (passivo circulante) é o capital circulante líquido
(CCL), ou capital de giro líquido (CGL).”

O fluxo a seguir representa o movimento dentro do ativo circulante que


influenciará diretamente a dinâmica do caixa.

FIGURA 3 – FLUXO DO MOVIMENTO ATIVO CIRCULANTE QUE INFLUENCIA NA DINÂMICA


DE CAIXA

Duplicatas a
Duplicatas a Receber
Pagar

FLUXO
DE CAIXA

Estoque de produtos
Acabados

FONTE: O autor

4 CAPITAL DE GIRO PRÓPRIO


O capital de giro próprio considera os recursos próprios pertencentes à
organização que estão financiando suas atividades no ativo circulante.

Segundo Assaf Neto e Silva (2002, p. 18), “É um indicador limitado,


notadamente por pretender identificar a natureza (origem) dos recursos de
longo prazo – próprios ou de terceiros – que se encontram financiando as
atividades circulantes.”

Capital de Giro Próprio = Patrimônio Líquido – (Ativo Permanente +


Realizável a longo prazo)
TÓPICO 2 | ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO

A IMPORTÂNCIA DO CAPITAL DE GIRO

Daniel Duarte Jevaux

Um dos investimentos mais importantes a ser feito numa empresa, e


mesmo assim, muitas vezes, subestimado, é o investimento em capital de
giro. Não é incomum os empreendedores estimarem os investimentos em
materiais de escritório, móveis, salas, máquinas, matéria-prima etc., e se
esquecerem de colocar em suas planilhas o investimento que será necessário
para pagar as contas e adquirir novos insumos, à medida que estes serão
consumidos. Aí, então, a empresa começa a se endividar e, muitas vezes,
quebra mesmo antes de chegar em seu período de maturação.

O capital de giro é o montante de recursos necessário para que a


empresa possa desempenhar suas atividades do dia a dia, ou seja, girar. A
quantidade exigida para o capital de giro dependerá de diversos fatores,
como o tamanho da empresa, o setor em que atua, a sazonalidade do negócio
etc. Contabilmente, pode-se definir o capital de giro como a diferença entre o
passivo circulante e o ativo circulante, ou seja, é a diferença entre as dívidas
de curto prazo – como pagamento a fornecedores, salários a pagar, impostos –
e as receitas de curto prazo – dinheiro em caixa, aplicações financeiras de
curto prazo, recebimento de vendas a prazo. Em suma, o capital de giro é a
parcela de recursos de longo prazo (endividamento, capital de sócios) que
financiam as atividades de curto prazo da empresa.

O administrador financeiro, que pode ser o próprio dono da empresa,


uma pessoa especificamente designada para a função ou uma consultoria
especializada, passa grande parte do seu tempo a analisar e gerenciar o
capital de giro da empresa, através do gerenciamento de contas a pagar e
receber, financiamento de estoques, e administração de déficits de caixa.
Através do acompanhamento do fluxo de caixa, importantes decisões, como
melhor momento para compra e os prazos que poderão ser dados para venda
são tomadas e procuram evitar que exista um desencaixe nos pagamentos e
recebimentos da empresa.

Diversas são as causas dos problemas relacionados ao capital de giro,


como a queda nas vendas, aumento da inadimplência, aumento de despesas
financeiras e operacionais. Entretanto, as soluções para resolvê-las também
são inúmeras, como o desenvolvimento de um planejamento estratégico,
manter uma reserva financeira, reduzir o ciclo econômico da empresa, maior
controle da inadimplência, procurar a melhor forma de endividamento,
combinando taxas reduzidas e prazo alongado, e a redução dos custos.

FONTE: Disponível: <http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/a-importancia-do- capital-


de-giro/33799/>. Acesso em: 19 jun. 2012.
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

5 CICLO OPERACIONAL
O ciclo operacional de uma empresa é definido como o montante de tempo
que vai desde a aquisição da matéria-prima (ou mercadoria), até o recebimento
pela venda do produto final. O ciclo é formado por dois componentes: o prazo
médio do estoque e o prazo médio de cobrança das vendas.

Para Silva (2005, p. 15):

Um ciclo operacional adequado refletirá de maneira positiva o


comportamento e o uso do capital de giro investido. A otimização
dos prazos médios de permanência de estoques, contas a receber e
contas a pagar deve ser um propósito permanente por parte do
administrador financeiro.

Você observou que Silva (2005) foi enfático no texto, em relação à


responsabilidade do administrador financeiro no controle do ciclo operacional.
Segundo o autor, ele deverá estar atento no fluxo do capital investido na
empresa, ou seja, as ações preventivas do financeiro, na utilização dos recursos,
estarão diretamente relacionadas ao sucesso de uma organização.

Apresentamos a seguir a fórmula básica para cálculo do ciclo operacional:

CO = PME + PMR

Onde ↔ CO = Ciclo Operacional


PME = Prazo Médio de Estoques
PMR = Prazo Médio de Duplicatas a Receber

cálculo dos prazos médios o ano civil, ou seja, 365 dias, embora você possa encontrar autores trabalhando com ano comercial, ou seja

6 CICLO FINANCEIRO
É o período que vai desde o pagamento dos fornecedores de matérias-
primas até o recebimento da sua venda.

A fórmula básica para o cálculo do ciclo financeiro é discriminada a seguir:

CF = PME + PMR - PMP


TÓPICO 2 | ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO

Onde → CF = Ciclo Financeiro


PME = Prazo Médio de Estoques
PMR = Prazo Médio de Duplicatas a Receber
PMP = Prazo Médio de Pagamento

A seguir apresentamos as fórmulas para acharmos os prazos médios que


compõem o ciclo financeiro, sendo que utilizaremos o ano civil, ou seja, 365 dias,
por enterdermos que os prazos para emissão de duplicatas são formados em
dias corridos.

Custo Produtos Vendidos


→ Prazo médio de estoque = Estoques
Vendas Prazo
→ Prazo médio de contas a receber = Duplicatas
Custo Mercadoria Vendida
→ Prazo médio pagamento fornecedores =
Duplicatas Pagar
Quanto menor for o ciclo de caixa, menor será o investimento da
empresa em estoques e contas a receber. Veja a seguir maneiras para melhorar o
caixa, usando o ciclo operacional e de caixa dentro de uma organização:

- girar o estoque o mais rápido possível;


- cobrar as duplicatas a receber o mais rápido possível;
- efetuar o pagamento das duplicatas a pagar o mais tarde possível sem causar
dano ao crédito da empresa.

6.1 CÁLCULO DOS CICLOS OPERACIONAL E DE CAIXA


Para calcular o ciclo operacional e de caixa, partindo das demonstrações
financeiras, é necessário extrair algumas informações do balanço, como as
seguintes:

Item Valor inicial Valor final Média


Estoques $ 5.000 $ 6.000 $ 5.500
Contas a receber $ 3.000 $5.000 $ 4.000
Contas a pagar $1.000 $1.500 $ 1.250

Vendas líquidas: $
15.000 C.M.V.: $ 9.000

Ciclo Operacional: período de estoque + período de contas a receber.


UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

cmv 9000
1) Período de estoque: Estoques = = 1,63 vezes (giro de estoques),
5500
logo, dividindo o ano civil, ou seja, 365 dias por 1,63 vezes, temos 223 dias, isto
significa o tempo que os estoques ficam parados.

vendas 365
15000 = 3,75 vezes
Contas a receber: = 4000 3,75
2) duplicatasEstoques
= 97,33 dias

Considerar que todas as vendas são realizadas a prazo.

Ciclo Operacional: Período de estoque (223) + Período de contas a receber (97)


= 320 dias.

Ciclo de Caixa: Ciclo Operacional – período de contas a pagar.

CMV 9000
3) Período de contas a pagar = = 9000/1250 = 7,2
365
= = 50,69 DIAS Duplicatas Pagar 1250
7,2
Ciclo de Caixa: Ciclo Operacional (320) – Período de contas a pagar (50) =
270 dias.

7 CICLO ECONÔMICO
O ciclo econômico compreende o período da entrada da matéria-prima
em estoque até a venda do produto acabado. Este ciclo vai demonstrar o
resultado econômico da empresa, adotando o regime de competência, diferente
do ciclo financeiro, que demonstra a movimentação de caixa. A figura a seguir
ilustra os três ciclos: operacional, financeiro e econômico.
TÓPICO 2 | ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO

FIGURA 4 – CICLOS: OPERACIONAL, FINANCEIRO E ECONÔMICO

Mês 0 1 2 3 4
Compra Pagamento Outros custos Venda Pagamento MP Recebimento
MP Venda

Início de Término de Despesa Pagamento


Fabricação fabricação comissão comissão

Prazo de Prazo de estocageem


Fabricação produtos acabados
(PF) (PEPA)

Prazo de rotação dos estoques (PRE)

Prazo de recebimento das vendas (PRV)

Prazo de pagamento da compra (PPC)

Ciclo Econômico (CE)

Ciclo Financeiro (CF)

Ciclo Operacional (CO)

FONTE: Hoji (2004)


UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

8 NECESSIDADE DE INVESTIMENTO EM CAPITAL DE GIRO


O ativo circulante operacional representa a alocação de recursos no
curto prazo, representados por caixa, bancos, aplicações financeiras, duplicatas
a receber, estoques, esses recursos confrontados com suas fontes de origens, ou
seja, empréstimos bancários, fornecedores, salários, impostos a recolher, vão
resultar na necessidade de capital de giro – NCG.

Segundo Assaf Neto e Tibúrcio Silva (2002, p. 63):

Os ativos circulantes operacionais representam, em essência, os


investimentos que a empresa deve efetuar em itens operacionais de
giro, ou seja, em valores a receber (motivados por vendas a prazo,
estoques e despesas operacionais incorridas, porém de competência
do exercício seguinte).
Subtraindo-se desse total os respectivos financiamentos operacionais,
como fornecedores, salários e respectivos encargos sociais, impostos
indiretos e taxas a pagar, obrigações que fundamentalmente
compõem o passivo circulante operacional, chega-se ao valor do ativo
circulante operacional líquido, que representa a efetiva necessidade
de investimento em capital de giro – NIG – da empresa.

Resumindo, a necessidade de capital de giro (NIG) poderá ser identificada


quando o fluxo de saída for mais rápido que o de entrada, mostrando a real
necessidade de investimento em capital de giro.

O ativo circulante cíclico ou operacional compreende as aplicações


de recursos em contas que estejam relacionadas com a atividade de compra,
transformação e venda, que se repetem constantemente. Está relacionado
com o ciclo operacional da empresa (clientes/duplicatas a receber, estoques,
adiantamento a fornecedores etc.).

O passivo circulante financeiro engloba as contas representativas de


dívidas a curto prazo que não fazem parte das atividades diárias da empresa.
Normalmente estão sujeitas a juros (empréstimos bancários, duplicatas
descontadas, impostos etc.).

O passivo circulante cíclico corresponde às contas de financiamentos


espontâneos recebidos pela empresa, diretamente relacionadas com a atividade
operacional e que têm uma característica de renovação (fornecedores, salários
e encargos a pagar, comissões a pagar, impostos a pagar, água, luz, telefone e
aluguel a pagar etc.).

Também as contas do ativo e passivo de longo prazo são classificadas em


dois grupos: ativo permanente e passivo permanente.

O ativo permanente inclui os direitos a receber da empresa a longo prazo


e o ativo permanente propriamente dito. São valores inscritos tipicamente como
de longo prazo (não circulantes).
TÓPICO 2 | ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO

O passivo permanente compõe-se das fontes de financiamento a


longo prazo próprias (patrimônio líquido) e de terceiros (exigibilidades), cuja
importância no equilíbrio financeiro de uma empresa é financiar necessidades
permanentes de recursos.

A seguir apresentaremos o quadro demonstrativo da origem e


aplicações de recursos, de curto e longo prazo.

QUADRO 16 – DEMONSTRATIVO DA ORIGEM E APLICAÇÕES DE RECURSOS

APLICAÇÃO DOS RECURSOS ORIGEM DOS RECURSOS


ATIVO TOTAL PASSIVO TOTAL
Ativo Circulante Passivo Circulante
FINANCEIRO
FINANCEIRO - Empréstimos bancários
- Caixa - Duplicatas descontadas
- Bancos (conta corrente, aplicações) - Dividendos e IR
OPERACIONAL OPERACIONAL
- Duplicatas a receber - Fornecedores
- Estoques - Salários a pagar
- Impostos a recuperar - Impostos a recolher
- Adiantamentos de clientes
Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante
Realizável a longo prazo Exigível a longo prazo
- Participações em outras empresas - Empréstimos bancários
Permanente
Patrimônio líquido
- Veículos
- Capital social
- Edificações
- Reservas
- Máquinas e equipamentos
- Lucros acumulados
Diferido

FONTE: Adaptado de: Assaf Neto e Silva (2002)

A Necessidade de Capital de Giro (NCG) é a diferença entre as


aplicações cíclicas (Ativo Circulante Cíclico - ACC) e as fontes cíclicas (Passivo
Circulante Cíclico – PCC), que se renovam automaticamente no dia a dia. O
ideal seria que a empresa utilizasse os financiamentos de terceiros para cobrir
suas aplicações; contudo, quando isso não acontece, ou seja, quando a atividade
operacional criar um fluxo de saída de caixa mais rápido que o da entrada (os
pagamentos ocorrem antes do recebimento), identifica-se claramente uma
necessidade de se recorrer a fontes não diretamente ligadas à atividade.

Necessidade de Capital de Giro = Ativo Circulante Cíclico –


Passivo Circulante Cíclico.
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

A necessidade de capital de giro pode ser:

- POSITIVA: significa que a empresa apresenta Necessidade de Capital de


Giro, que deverá ser obtido com recursos próprios ou de terceiros (onerosos)
para complementar seu capital de giro.

- NEGATIVA: significa que a empresa dispõe de sobra de recursos para o giro,


que poderá ser destinada a aplicações no mercado financeiro.

O nível necessário de investimento em capital de giro é influenciado pelo


ciclo financeiro da empresa, havendo maior demanda de recursos quanto mais
longos forem os seus prazos. Em contrapartida, empresas com ciclos financeiros
mais curtos, exigem menos investimentos em ativos circulantes operacionais,
demandando menor necessidade de investimento em capital de giro.

A Necessidade de Capital de Giro (NCG) é influenciada pelos seguintes


fatores:

1º) Vendas: a NCG aumenta quando as vendas aumentam, permanece constante


quando as vendas não oscilam e reduz quando as vendas decrescem.
2º) Prazos concedidos: a NCG aumenta quando a empresa concede um prazo
maior e vice-versa.
3º) Prazos recebidos: a NCG aumenta quando há uma redução dos prazos
concedidos por fornecedores e vice-versa.
4º) Política de estoques: a NCG aumenta quando a empresa aumenta o seu
volume de estoques e vice-versa.

Em suma, a necessidade de investimento em capital de giro depende


fundamentalmente do volume de atividade (produção e vendas) da empresa e
de seu ciclo financeiro.

O índice (NCG/vendas) x 360 indica NCG em dias de venda, em média.


Tendência crescente neste indicador, período após período, pode revelar
alguma anormalidade financeira que merece ser analisada. No mesmo sentido, a
necessidade de capital de giro pode ser representada pela fórmula a seguir, que
indica o volume de recursos necessários para financiar o capital de giro:

NGC = ciclo financeiro x vendas


dias do período

A adequada administração da evolução da NCG é muito importante


para a manutenção do equilíbrio e da estabilidade financeira da empresa porque
o financiamento da NCG envolve, em geral, um montante significativo de
recursos que acarretam custos para a empresa.

A NCG está diretamente ligada ao volume de vendas e ao ciclo


financeiro. Os efeitos causados em variáveis no volume de vendas e no ciclo
financeiro sobre a NCG podem ser visualizados através da construção de uma
matriz de impactos sobre a NCG:
TÓPICO 2 | ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO

QUADRO 17 – VOLUME DE VENDAS E CICLO FINANCEIRO


OBJETIVO
DIRECIONADOR AUMENTO DIMINUIÇÃO
GERENCIAL
Volume de vendas
↑ 
Ciclo financeiro
Compatibilizar
Ativo cíclico
ou operacional

Prazo de estoques
Prazo de recebimento  
 
Diminuir
Passivo cíclico
ou operacional

Prazo de fornecedores 

Prazo de salários e  
encargos a pagar Aumentar
Prazo de impostos a  
pagar

FONTE: Adaptado de: Assaf Neto (2005)

9 GESTÃO DE TESOURARIA
De acordo com Silva (2005, p. 20): “A tesouraria é a área da empresa
que administra os fluxos financeiros e é uma das mais importantes, pois
praticamente todos os recursos financeiros passam por ela.”

O saldo de tesouraria é dado pela diferença entre as contas do Ativo


Circulante Financeiro (ACF) e do Passivo Circulante Financeiro (PCF) que não
guardam relação com a atividade operacional da empresa, como demonstrado
na equação a seguir:

Saldo de Tesouraria (ST) = ACF – PCF ou ST = CDG – NCG

Quando o Saldo de Tesouraria for positivo, significa que a empresa tem


disponibilidade de recursos, que poderão ser utilizados para financiamento do
Ativo Permanente ou simplesmente ficar aplicado no mercado financeiro.

Se negativo, demonstra dependência de fontes onerosas de recursos de


curto prazo.
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

Quando o saldo de tesouraria, período após período, se revelar


crescentemente negativo é forte sinal que a empresa caminha para a insolvência.

Exemplo 1:
Ano 1 Ano 2 Ano 3
CDG 200 300 400
NCG 250 600 1.200
ST -50 - 300 - 800
ST = CDG – NCG
ST ano 1 = 200 – 250 = (50)
ST ano 2 = 300 – 600 = (300)
ST ano 3 = 400 – 1.200 = (800)

Exemplo 2:
Ano 1 Ano 2 Ano 3
CDG -200 - 300 - 400
NCG 250 600 1.200
ST - 450 - 900 - 1.600

Podem determinar dificuldades financeiras:

- crescimento real das vendas a prazo a percentuais muito elevados;


- imobilizações com recursos onerosos de curto prazo;
- prejuízos;
- ciclo financeiro crescente.

Exemplo 3: com ST positivo e crescente:


Ano 1 Ano 2 Ano 3
CDG 200 300 400
NCG - 250 - 600 - 1.200
ST 450 900 1.600

Exemplo 4: com ST positivo e crescente:


Ano 1 Ano 2 Ano 3
CDG - 200 - 300 - 400
NCG - 250 - 600 - 1.200
ST 50 300 800

De acordo com Silva (2005, p. 21), uma empresa que pretende se manter
no mercado de maneira saudável e crescer de maneira sustentável, necessita
observar alguns aspectos como:
TÓPICO 2 | ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO

» coordenar integralmente o fluxo de caixa, de modo a atingir os resultados


programados;
» buscar as melhores oportunidades de aplicação de recursos nas atividades
operacionais;
» verificar as ações tomadas por todas as áreas da empresa e analisar seus
aspectos nos resultados financeiros e econômicos;
» manter o nível de liquidez em consonância com os objetivos da Diretoria;
» manter o foco econômico-financeiro nas decisões operacionais ou estratégicas
e não apenas nas financeiras;
» considerar o fluxo de caixa como instrumento de gestão, buscando o
comprometimento da alta direção do processo;
» fixar parâmetros do desempenho financeiro para a empresa de forma geral;
» fazer cumprir os interesses globais da empresa em detrimento das necessidades
setoriais.

dministração da tesouraria não poderá haver segregação de funções, ou seja, as pessoas que executam, não devem ser as mesmas que

A seguir, apresentamos representação gráfica do sistema de tesouraria:

FIGURA 5 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO SISTEMA DE TESOURARIA


SISTEMA DE TESOURARIA
Contas a Contas a receber
pagar

Controle de Fluxo de Caixa Previsão do fluxo de caixa

Controle de investimentos financeiros Controle de financiamentos

Sistema de contabilidade e orçamentos

FONTE: Hoji (2004)


UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

LEITURA COMPLEMENTAR

O Capital de Giro (CDG) é o recurso utilizado para sustentar as


operações do dia a dia da empresa, ou seja, é o capital disponível para condução
normal dos negócios da empresa.

Alguns pontos importantes da administração eficiente do capital de giro


é seu impacto no fluxo de caixa da empresa. O volume de capital de giro
utilizado por uma empresa depende de seu volume de venda, política de crédito
e do nível de estoque mantido.

O CDG necessita de recursos para seu financiamento, ou seja, quanto


maior for seu valor, maior a necessidade de financiamento, seja com recursos
próprios, seja com recursos de terceiros.

As dificuldades relativas ao CDG numa empresa são devidas,


principalmente, à ocorrência dos seguintes fatores:

• Redução de vendas
• Crescimento da inadimplência
• Aumento das despesas financeiras
• Aumento de custos
• Desperdícios de natureza operacional

O CDG também é um conceito econômico-financeiro e não uma


definição legal, constituindo uma fonte de fundos permanente utilizada para
financiar a ‘Necessidade de Capital de Giro’.

Capital de Giro Líquido

O Capital de Giro Líquido (CGL) é um indicador de liquidez utilizado


pelas empresas para refletir a capacidade de gerenciar as relações com
fornecedores e clientes.

O Capital de Giro Líquido (CGL) é calculado com a subtração do Ativo


Circulante (AC) e do Passivo Circulante (PC)
CGL = AC − PC

Ativo Circulante: representa os recursos disponíveis a curto prazo


(caixa, bancos, aplicações financeiras, contas a receber, estoques etc.).

Passivo Circulante: representa os financiamentos a curto prazo da


empresa (fornecedores, contas a pagar, empréstimos etc.).
TÓPICO 2 | ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO

O objetivo da administração financeira é gerenciar os bens da empresa


de forma a se encontrar o equilíbrio entre lucratividade e risco de forma a
aumentar o valor da empresa.

• CGL positivo: Neste caso, identificamos que a empresa está com superávit de
capital de giro.
• CGL negativo: Neste caso, identificamos que a empresa está com deficiência
em seu capital de giro, significando que parte de seu ativo circulante não está
sendo financiada com seus passivos a curto prazo, denotando um quadro de
risco.

Quanto maior for o CGL da empresa, menor será seu risco de


insolvência, porém, um CGL muito alto significa que expressivos fundos de
longo prazo estão financiando parte dos ativos circulantes, como os custos
destes recursos são sempre mais elevados, isto pode se tornar um problema
financeiro para a instituição.

Necessidade de Capital de Giro

A Necessidade de Capital de Giro (NCG) tem uma grande importância


pelo fato de fornecer informações das atividades operacionais, decisões tomadas
pela alta gerência e a forma de financiamento das aplicações de recursos.

O NCG está diretamente ligado ao ciclo de caixa da empresa. Quando o


ciclo de caixa é longo, a necessidade de capital de giro é maior e vice-versa.
Assim, a redução do ciclo de caixa - em resumo, significa receber mais cedo e
pagar mais tarde - deve ser uma meta da administração financeira. Entretanto, a
redução do ciclo de caixa requer a adoção de medidas de natureza operacional,
envolvendo o encurtamento dos prazos de estocagem, produção, operação e
vendas.

O correto dimensionamento da necessidade de capital de giro é um


dos maiores desafios do administrador financeiro. Elevado volume de capital
de giro irá desviar recursos financeiros que poderiam ser aplicados nos ativos
permanentes da empresa. Todavia, capital de giro muito reduzido restringirá a
capacidade de operação e de vendas da empresa. A necessidade de capital de
giro pode ser estimada de dois modos:

• com base no ciclo financeiro ou


• com utilização dos demonstrativos contábeis (balanço patrimonial).

Exemplo:

Como exemplo, um mercado consumidor absorve, mensalmente, o valor


de $ 100mil em um determinado produto. Uma empresa “XYZ Ltda” compra
este produto mensalmente ao preço de custo de $ 50mil e as revende por $
100mil.
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

Com o lucro de $ 50mil, a empresa readquire novas peças pelo mesmo preço de
custo e as revende pelo mesmo preço de revenda. Caso este seja um mundo
ideal sem variações, o capital de giro desta empresa será de $50mil.

ANÁLISE DINÂMICA DO CAPITAL DE GIRO

O professor e pesquisador francês Michel Fleuriet introduziu na década


de 1970 um novo modelo de análise do capital de giro, que ficou associado ao
seu nome, o modelo Fleuriet, sendo também conhecido como Análise Dinâmica
do Capital de Giro. Inicialmente, o modelo propõe uma nova classificação
gerencial para as contas de ativo e passivo circulante, segundo sua natureza
financeira ou operacional, sendo essa segregação essencial para o processo de
avaliação das necessidades de capital de giro. O ativo (passivo) circulante se
subdivide em Ativo Circulante Cíclico (Passivo Circulante Cíclico) e Ativo
Circulante Errático (Passivo Circulante Errático). O Ativo (Passivo) Cíclico é
composto pelas contas relacionadas às atividades operacionais da empresa,
sendo influenciados pelo volume de negócios ou por características das fases do
ciclo operacional. O Ativo Cíclico é composto pelas contas como estoques,
duplicatas a receber e provisão para créditos de liquidação duvidosa, com as
características das fases do ciclo operacional, como prazos de estocagem ou
política de prazos de venda. Da mesma forma, o Passivo Cíclico é formado pelas
obrigações de curto prazo da empresa, diretamente identificáveis com seu
ciclo operacional (fornecedores, salários e encargos e impostos e taxas).

FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Capital_de_giro>. Acesso em: 19 jun. 2012.


RESUMO DO TÓPICO 2

Chegamos ao final do tópico, esperamos que você tenha assimilado


bem os conteúdos. Neste tópico, você aprendeu sobre a administração de
curto prazo.

• Entendeu sobre a importância do capital de giro no dia a dia de uma


organização, seja ela, com ou sem fins lucrativos.

• Você verificou as diferenças existentes entre ciclo operacional, financeiro e


econômico.

• Entendeu também sobre a importância da gestão de tesouraria.

• Agora, você está apto para solucionar as autoatividades do tópico.


AUTOATIVIDADE

Resolva os exercícios a seguir sobre Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro.

1 Dados:

Item Valor inicial Valor final Média


Estoque 10.000 5.000 7.500
Dupl. a receber 3.000 2.000 2.500
Dupl. a pagar 4.000 4.000 4.000

Total de vendas: 80.000


C.M.V: 40.000
- Prazo Médio de Recebimento (PMR) vendas prazo
= DR

- Prazo Médio de Estoques CMV


(PME)= ESTOQUES
CMV
- Prazo Médio de Pagamento (PMP) =
DP
- Ciclo operacional: PME + PMR =
- Ciclo financeiro: Ciclo operacional – PMP =

2 Calcular o ciclo operacional e o ciclo financeiro e fazer o gráfico:

Estoques $ 60.000
Dupls. a receber (clientes) $ 80.000
Dupls. a Pagar (fornecedores) $ 90.000
Vendas a prazo $ 200.000
C.M.V. $ 120.000

vendas prazo DR
- Prazo Médio de Recebimento (PMR) = = 146 dias
- Prazo Médio de Estoques (PME) =CMV
ESTOQUES
CMV
Prazo Médio de Pagamento (PMP) =DP
Ciclo operacional: PME + PMR = 182 DIAS + 146 DIAS = 328 DIAS
Ciclo financeiro: Ciclo operacional – PMP =

3 Calcular o ciclo operacional e o ciclo financeiro e fazer o gráfico:

Item Valor inicial Valor final Média


Estoque 4.000 6.000 5.000
Clientes 7.000 11.000 9.000
Fornecedores 5.000 7.000 6.000
Total de vendas: 70.000
C.M.V: 35.000

- Prazo Médio de Recebimento (PMR) vendas prazo


DR
=

- Prazo Médio de Estoques CMV


(PME) = ESTOQUES
CMV
- Prazo Médio de Pagamento (PMP) =
DP
- Ciclo Operacional: PME + PMR = 47 DIAS + 52 DIAS =

- Ciclo Financeiro: Ciclo Operacional – PMP =

4 Assinale V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas.

1) ( ) Quanto mais longo for o ciclo de caixa, mais financiamento será


necessário.
2) ( ) O ciclo de caixa diminui à medida que a empresa é capaz de aumentar
o período de contas a pagar.
3) ( ) Quanto menor for o ciclo de caixa, menor será o investimento da
empresa em estoques e/ou contas a receber.
4) ( ) Ciclo de caixa negativo significa que o período médio de pagamento
(PMP) é maior que o ciclo operacional.
5) ( ) O ciclo de caixa de uma empresa pode ser mais longo do que o seu
ciclo operacional.
UNIDADE 3 TÓPICO 3

FONTES DE FINANCIAMENTO DE CURTO

PRAZO

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, você entenderá as fontes de financiamento de curto prazo,
recursos que vão girar entre o ativo circulante e o passivo circulante, compondo
o capital de giro.

Por serem de mais facíl acesso, seu custo também é mais elevado que os
recursos de longo prazo.

Levando-se em consideração que os recursos de longo prazo têm uma


finalidade específica, ou seja, financiar principalmente o ativo permanente. Os
recursos de curto prazo preenchem temporariamete janelas de escassez, no fluxo
de caixa, principalmente, em períodos de sazonalidade no mercado, em relação
às vendas, ou também excesso de desencaixe extraodinários, como pagamento
de férias, décimo terceiro salário e indenizações. Nas citadas situações é
importante que a empresa tenha um limite rotativo junto a uma instituição
financeira para manter saudável o caixa.

Groppelli e Nikbakht (2005, p. 294) corroboram quando descrevem:

O objetivo do financiamento de curto prazo é evitar o de longo prazo,


o qual resultaria em excesso de fundos ociosos. O empréstimo de
curto prazo, portanto, preenche temporariamente uma lacuna das
necessidades de financiamento de uma empresa. Dessa maneira, as
despesas para suportar fundos ociosos são evitadas.
As empresas podem obter empréstimos de curto prazo de duas
maneiras:
- empenhando-se na captação de recursos a curto prazo com a
emissão de seu próprio título.
- captando recursos externamente por meio de intermediários
financeiros.
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

2 OPERAÇÕES DE DESCONTO
As operações de desconto são empréstimos bancários de curto prazo
com caução de garantias reais, no caso duplicatas ou cheques, resultantes de
suas vendas a prazo.

A empresa portadora de duplicatas ou cheques negocia-os junto a um


banco, pagando um custo financeiro pela antecipação dos recursos, lógico, caso
não havendo a liquidação do título de crédito, na data futura, a empresa terá
que reembolsar a instituição financeira.

Para Tosi (2004, p. 92), “O desconto é a diferença entre o valor futuro de


um título (duplicata, nota promissória, letra de câmbio, cheque pré-datado etc.)
e seu respectivo valor atual. O valor do desconto será obtido pela aplicação de
uma taxa de desconto sobre o valor nominal do título.”

Existem dois tipos de operações de descontos, ou seja, simples e composto.

Nas operações de curto prazo é praticado o desconto simples, sendo o


desconto composto para as operações de longo prazo.

Para nós interessam as operações desconto simples, também conhecidas


como desconto comercial ou bancário, que veremos na sequência.

2.1 DESCONTO BANCÁRIO/COMERCIAL


O desconto simples também é conhecido como desconto comercial ou
bancário. Este tipo de desconto à taxa incide sobre o valor nominal do título, ou
seja, seu valor futuro.

A modalidade de desconto bancário ou comercial é a modalidade de


desconto mais praticada no país.

Tosi (2004, p. 93) corrobora de forma contundente dizendo: “Na prática


brasileira, apenas o desconto comercial ou bancário é amplamente utilizado.”

As empresas executam suas vendas a prazo através da emissão de


duplicatas contra seus clientes.

Tal instrumento traduz-se numa espécie de financiamento concedido aos


seus clientes, com liquidação futura, por ocasião do pagamento por parte do
sacado. Como essas duplicatas, na maioria dos casos, são emitidas fracionadas
e com prazos alongados por questões comerciais, existe a necessidade da
antecipação dos recursos para suprir possíveis carências de caixa. Existe, então,
a necessidade de desconto junto a um banco, mediante pagamento de taxa de
juro, impostos e tarifas.
TÓPICO 3 | FONTES DE FINANCIAMENTO DE CURTO PRAZO

FIGURA 6 – FLUXO OPERACIONAL DE UMA OPERAÇÃO DE DESCONTO

CEDENTE 1 SACADO
Empresa Empresa
Vendedor Compradora
a

2 3
BANCO
FONTE: Tosi (2004)

1 – Venda a prazo com emissão da duplicata pela empresa vendedora.


2 – Negociação e desconto do título com o banco. A empresa vendedora
(cedente) recebe os recursos liberados em sua conta corrente.
3 – Cobrança do sacado no vencimento da duplicata. O comprador (sacado)
recebe o aviso de cobrança bancária. No vencimento, o sacado liquida a
duplicata por meio de seu pagamento ao banco.

Para realização do desconto de um título de crédito existem fórmulas de


cálculo, como demonstraremos na sequência.

D = VN x i x n

D = valor do desconto
i = taxa de juros (forma unitária, ou seja, dividida por 100)
n = prazo da antecipação

VA = VN - D
VA = Valor atual
VN = Valor
nominal
D = Valor do desconto

VA = VN (1-
i.n) = Valor atual
VA
VN = Valor
nominal I = taxa de
juros
N = prazo

Exemplificando:
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

Uma duplicata no valor de $ 10.000,00 foi descontada junto a um banco


três meses antes de seu vencimento, a uma taxa de juros de 1,5% ao mês. Pede-
se:

a) Calcule o valor de
desconto. D = VN x i x n
D 10.000,00 x 0,015 x 3
D = $ 450,00

b) Calcule o valor atual do


título. VA = VN ( 1 – i.n)
VA = 10.000 ( 1 – 0,015 x 3)
VA = $ 9.550,00

AUTOATIVIDADE

1 Um borderô de duplicatas no valor de $ 15.000,00 foi


descontado junto a uma instituição financeira, a uma taxa de
2,5% am. Sabendo-se que o prazo médio dos títulos foi de 75
dias, calcule o valor líquido creditado para a empresa.

2 Determine qual foi a taxa mensal cobrada de um cliente, que recebeu a


importância de $ 6.534,00 de um agente financeiro, ao descontar uma
duplicata no valor de $ 6.850,00 pelo prazo de 35 dias.

3 Uma duplicata de $ 7.500,00 foi descontada junto a uma instituição financeira


gerando um valor líquido de $7.342,00. Sabendo-se que a taxa cobrada foi
de 12,50% aa, determine qual foi o prazo de antecipação.

4 Uma duplicata gerou uma quantia líquida de 3.858,00, sendo descontada a


uma taxa de 1,80% am, faltando 62 dias para o seu vencimento. Calcule o
valor nominal da duplicata.
5 Uma nota promissória de $ 9.000,00 foi antecipada em 45 dias, junto a uma
instituição financeira a uma taxa de 1,25% am. Qual foi o valor do
desconto?

6 Uma empresa descontou 10 títulos junto a um agente financeiro, no valor


de $ 125.500,00, sendo que recebeu líquido a importância de $ 122.345,00.
Sabendo-se que o prazo médio do borderô foi de 45 dias, determine a taxa
mensal do desconto.

7 Um cheque no valor de $ 3.850,00 foi descontado junto a um banco, 60


dias antes do vencimento, sendo que o sacador da referida ordem recebeu
líquido $ 3.500,00. Qual foi a taxa mensal de desconto?
TÓPICO 3 | FONTES DE FINANCIAMENTO DE CURTO PRAZO

8 Um título de crédito no valor de $ 5.650,00 foi descontado 70 dias antes do


seu vencimento, resultando num valor líquido de $ 4.956,00. Qual foi a
taxa mensal da operação?

9 Um borderô de 25 títulos totalizando $ 18.890,00, com prazo médio de 38


dias, resultou num crédito na conta da empresa no valor de $ 16.768,00.
Qual foi a taxa mensal do desconto?

10Uma empresa antecipou uma duplicata de $ 10.500,00 junto a um agente


financeiro, pelo prazo de 33 dias, recebendo líquido a importância de
$9.859,00. Calcule a taxa mensal da operação.

2.2 IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS


Na sequência estudaremos o IOF. O que é? Qual sua função específica
em relação às movimentações financeiras.

O Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a


Títulos ou Valores Mobiliários – IOF – tem como base de sua regulamentação e
aplicação o decreto n◦ 4.494, de 03/12/02 e a Instrução Normativa n◦ 46, de
02/05/01, ambos da Secretaria da Receita Federal.

O IOF incide sobre as operações de crédito realizadas:

• por instituições financeiras (Lei n◦ 5.143, de 20/10/66, artigo 1.0);


• por empresas que exercem as atividades de prestação cumulativa e contínua
de, serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção
de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos
creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de
serviços
- factoring (Lei n◦ 9.249, de 26/12/95, artigo 15, parágrafo 1.0, inciso III, alínea
“d”, e lei n◦ 9.532, de 10/12/97, artigo 58); e
• entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física (Lei n◦ 9.779, de
19/01/99, artigo 13). Esse mesmo tipo de imposto também é cobrado sobre:
• as operações de câmbio (Lei n◦ 8.894, de 21/06/94, artigo 5.0);
• as operações de seguro realizadas por seguradoras (Lei n◦ 5.143/66, artigo 1.0);
• as operações relativas a títulos e valores mobiliários (Lei n◦ 8.894/94, artigo 1.0);
• as operações com outro ativo financeiro ou instrumento cambial (Lei n◦ 7.766,
de 11/05/89, artigo 4.0).

Principais situações em que a alíquota do IOF fica reduzida a zero:

• a que figure como tomadora do crédito uma cooperativa;


• a realizada entre uma cooperativa de crédito e seus associados;
• o crédito à exportação, bem como de amparo à produção ou estímulo à
exportação;
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

• o crédito rural, destinado a investimento, custeio e comercialização;


• a realizada pela Caixa Econômica Federal, sob garantia de penhor civil de
joias, de pedras preciosas e de outros objetos;
• a efetuada pelo BNDES ou por seus agentes financeiros, com recursos
daquele banco ou de fundos por ele administrados;
• relativas sobre adiantamento contrato de câmbio – ACC.

2.3 GARANTIAS BANCÁRIAS


Toda e qualquer operação de crédito deverá ter uma garantia de
pagamento por parte da pessoa que pegou o dinheiro emprestado. Essas
garantias poderão ser pessoais como um simples aval, ou seja, uma assinatura
num contrato de crédito ou real, como por exemplo, a hipoteca de uma casa.

As operações de empréstimos feitas pelos bancos normalmente exigem


garantias que asseguram o reembolso das instituições financeiras em caso de
inadimplência dos tomadores de empréstimos.

As garantias podem ser prestadas por pessoas físicas ou jurídicas ou por


bens e direitos.

Podemos classificá-las, portanto, em PESSOAIS e REIAS.

As garantias pessoais ou fidejussórias correspondem à interveniência


de terceiras pessoas em operações de crédito. São garantias obrigacionais que
envolvem o patrimônio pessoal dos garantidores e não um bem específico.

A seguir, estudaremos as principais modalidades de garantias:

2.3.1 Garantias pessoais

2.3.1.1 Avala
É uma garantia dada em títulos de crédito ou assemelhados: nota
promissória, letra de câmbio, duplicata, notas de crédito, cédulas rurais etc..

O avalista é solidário na obrigação, contida no título de crédito.

Isto corresponde, na prática, que o avalista se constitui em principal


devedor da obrigação. Ou seja, o avalista responde pelo valor consignado no
título de crédito da mesma forma que o avalizado. Desta maneira, o credor
TÓPICO 3 | FONTES DE FINANCIAMENTO DE CURTO PRAZO

poderá exercer a cobrança do débito, tato do devedor principal como dos


avalistas, indistintamente. Na hipótese de mais de um avalista, a ordem em que
comparecem no título de crédito não exerce nenhuma prioridade ou benefício.

A obrigação do avalista é limitada ao valor registrado no título de


crédito, acrescido de encargos legais.

Se o título de crédito estiver vinculado a um contrato, o avalista


responderá igualmente pelos encargos pactuados como juros, multas e outros
acessórios. Neste caso, o avalista deverá formalizar sua concordância no título e
no contrato de crédito.

Cabe ao avalista, que honrar a obrigação, direito de ação regressiva


contra o avalizado e outros avalistas, se houver.

2.3.1.2 Fiança
Enquanto o aval é uma garantia dada em títulos de crédito, a fiança é
formalizada em contratos. Trata-se de uma garantia pessoal que tem caráter
subsidiário. Isto significa que somente poderá ser executada na falta de
cumprimento da obrigação por parte do devedor principal. Ao fiador é
reservado o beneficio de ordem.

Ao fiador cabe ainda o benefício de divisão que corresponde à divisão de


responsabilidade com outros fiadores que compareçam no mesmo ato.

Os benefícios de ordem e de divisão são renunciáveis e muitos credores


somente aceitam a fiança com essa condição. A inclusão da claúsula de
solidariedade no contrato torna o fiador em principal devedor, assemelhando-
se, neste aspecto, ao aval.

No caso de fiança prestada por pessoa casada, há a necessidade de


outorga marital, que corresponde à necessidade do(a) cônjuge de também
firmar a fiança no contrato. A ausência desse procedimento poderá tornar nula,
de pleno direito, a garantia prestada.

Em se tratando de fiança prestada por pessoa jurídica, há a necessidade


de se examinar seus documentos constitutivos, assegurar-se de sua competência
legal para o ato.

Da mesma forma que o aval, cabe ao fiador que honrar a obrigação


direito de ação regressiva contra o afiançado e outros fiadores, se houver.
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

2.3.2 Garantias reais


As garantias reais correspondem à vinculação de um bem específico em
uma operação de crédito. Os titulares dos bens, garantidores da operação de
crédito, não poderão aliená-los enquanto vigorar o contato, embora
permaneçam, na maioria dos casos, com sua posse.

2.3.2.1 Hipoteca
É uma garantia real que recai sobre imóveis. O bem hipotecado
permanece na posse de seu proprietário (hipotecante) e ao credor cabe o direito
de ajuizar ação judicial para ressarcimento do valor de obrigação creditícia e
não paga.

Embora menos comum podem também ser objeto de hipoteca outros


bens como aeronaves, navios e minas.

A formalização da hipoteca dá-se através de escritura que conterá o


detalhamento do imóvel dado em garantia e as clausulas pactuadas na operação
de crédito. A hipoteca se completa com averbação no Registro de Imóveis
respectivo.

Os financiamentos vinculados ao SBPE – Sistema Brasileiro de Poupança


e Empréstimo são dispensados de formalização por instrumento público. São
pactuados através de instrumento particular por adesão à escritura padrão
previamente lavrada e averbada no Registro de Imóveis. Os contratos
particulares são igualmente validados por averbação na matrícula referente ao
imóvel.

Sobre um mesmo imóvel poderão ser feitas mais hipotecas, desde que o
valor do imóvel comporte. Diz-se hipoteca de 1º grau, 2º grau etc.

Uma segunda ou mais hipotecas, de uma forma geral, somente são


aceitas pelos credores, quando as anteriores também são a seu favor. A
concorrência de outros credores sobre um mesmo imóvel fragiliza a garantia.

2.3.2.2 Alienação fiduciária


Este tipo de garantia é o instrumento jurídico mais novo na legislação
brasileira. Foi criado em 1965 pela Lei n◦ 472814, de 14/07/65.

Para garantir uma dívida, o devedor transfere o domínio (propriedade)


de um bem para o credor, permanecendo, entretanto, com sua posse. O não
cumprimento pelo devedor (devedor fiduciante) permitirá ao credor (credor
fiduciário) promover ação de busca e apreensão.
TÓPICO 3 | FONTES DE FINANCIAMENTO DE CURTO PRAZO

Poderão ser objeto de alienação fiduciária todos os bens móveis que


possam ser identificados detalhadamente no contrato.

Saldada a dívida, o credor fornece ao devedor um termo de quitação


para que seja levantado o gravame e reassume a propriedade do bem alienado.

A alienação fiduciária sedará através de contrato que contenha, entre


outras cláusulas, o detalhamento do bem, objeto da alienação. O contrato deverá
ser registrado no Cartório de Registro de Títulos e Documentos para que tenha
validade.

No caso de financiamento de veículos deverá ser feito, também, o


registro no DETRAN.

2.3.2.3 Penhor
O penhor mercantil, segundo o Código Comercial, “é a dação de um
bem móvel ou imobilizável, suscetível de alienação para garantia de um
débito”.

Pode ser dado em penhor, entre outros, bens móveis como máquinas,
equipamentos, mercadorias e títulos de crédito. O penhor de títulos de crédito é
conhecido como caução de títulos.

A operação de penhor é celebrada através de contrato e deve ser


registrada no Cartório de Registro de Títulos e Documentos para ter validade. O
penhor se configura pela entrega do bem ao credo (tradição).

Por praticidade, no caso de penhor de bens físicos, o bem é dado à


guarda de um depositário (fiel depositário) que, na maioria das vezes, é o
próprio vendedor.

2.3.2.4 Caução de títulos


Trata-se de um caso particular de penhor. Consagrar-se no mercado
caracterizando um tipo especial de operação de crédito.

O conhecido desconto de títulos não é outra coisa, senão a concessão de


um crédito concedido com caução de títulos.
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

2.3.2.5 Caução de ativos


Também se trata de um caso particular de penhor em que ativos
financeiros são vinculados a uma operação de crédito a título de garantia. É
comum a utilização de títulos públicos em operações dessa natureza.

Em contratos de prestação de serviços, especialmente os formulados com


órgãos públicos, a caução de títulos tem sido bastante utilizada.

ém dos bens imóveis, como prédios e terrenos, também são sujeitos à hipoteca os navios, locomotivas, aeronaves e estradas de ferro.

2.4 DESCONTO DE DUPLICATAS/CHEQUES

É o adiantamento de recursos aos clientes, feito pelo banco, sobre


valores referenciados em duplicatas de cobrança ou notas promissórias, de
forma a antecipar o fluxo de caixa do cliente. Normalmente, o desconto de
duplicatas é feito sobre títulos com prazo máximo de 60 dias e prazo médio
de 30 dias.

A operação de desconto dá direito de regresso, ou seja, no


vencimento, caso o título não seja pago pelo sacado, o cedente assume a
responsabilidade do pagamento, incluindo multa e/ou juros de mora pelo
FONTE: Disponível em: < h t t p : / / p t . s c r i b d . c o m / d o c / 1 6 0 6 5 4 1 9 / T r a b a l h o -
F i n a n c i a m e n t o > . Acesso em: 20 set. 2012.

2.4.1 Cobrança e pagamento de títulos

A cobrança de títulos foi o produto mais importante desenvolvido


pelas instituições nos últimos 10 anos. Serve para aumentar o relacionamento
entre a instituição financeira e a empresa.

A cobrança é feita através de bloquetos, que podem circular pela


câmara de compensação 16 (câmara de integração regional) o que permite
que os bancos cobrem títulos de clientes em qualquer praça (desde que
pagos até o vencimento – após o vencimento, o pagamento somente poderá
ser feito na agência emissora do bloqueto).
TÓPICO 3 | FONTES DE FINANCIAMENTO DE CURTO PRAZO

Os valores resultantes da operação de cobrança são automaticamente


creditados na conta corrente da empresa cliente no prazo estipulado entre o
banco e o cliente.

Vantagens da cobrança de

títulos. Para o banco:


• aumento dos depósitos à vista, pelos créditos das liquidações;
• aumento das receitas pela cobrança de tarifas sobre serviços;
• consolidação do relacionamento com o cliente;
• inexistência do risco de crédito.

Para o cliente:

• crédito imediato dos títulos cobrados;


• consolidação do relacionamento com o banco;
• garantia do processo de cobrança (quando necessário o protesto).

Processo de cobrança bancária:

• os títulos a serem cobrados (ou modernamente apenas seus dados, via


computador) são passados ao banco;
• o banco emite os bloquetos aos sacados (aquele que deverá pagar o valor
do bloqueto);
• o sacado paga;
• o banco credita o valor na conta do cliente.

FONTE: Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/3248004/CONHECIMENTOS-ESPECIFICOS-


SERVICOS-BANCARIOS>. Acesso em: 20 set. 2012.

2.5 TAXA DE DESCONTO


Esse assunto foi estudado anteriormente, quando vimos o cálculo sobre
desconto bancário.

Repetindo, a taxa de desconto é os juros cobrados sobre o valor nominal


de uma duplicata, no momento do fechamento da operação contratual.

2.6 INFLUÊNCIA DO PRAZO SOBRE O CUSTO DO CAPITAL


A matemática financeira estuda a evolução do capital na linha do tempo
futuro, com um custo efetivo, ou seja, taxa de juros. Logo o prazo é muito
importante
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

para determinar o custo de uma operação financeira, porque ele está


diretamente relacionado ao risco, ou seja, quanto maior for o prazo de
indisponibilidade do capital, maior será o risco atuante sobre este capital.

Geralmente nos fluxos financeiros envolvendo desconto de duplicatas, o


mercado trabalha com prazo médio ponderado, como demonstraremos a seguir:

Fórmula:

(FV1xn1)  (FV 2xn2)  (FV 3xn3) FV1 FV 2  FV (FVxn)


3
Prazo médio  
FV

Exemplo:

Calcular o prazo médio do seguinte borderô de duplicatas:

Duplicata $ n
A 80.000 45
B 50.000 60
C 45.000 90

Resolução pela aplicação da fórmula.

(80.000 x 45) + (50.000 x 60) + (45.000 x 90)


80.000 + 50.000 + 45.000

Resolução pela calculadora financeira HP 12c.

F Reg
45 Enter 80000  
60 Enter 50000  
90 Enter 45000  
g 6 = 60,85 dias 
TÓPICO 3 | FONTES DE FINANCIAMENTO DE CURTO PRAZO

LEITURA COMPLEMENTAR

CONTEXTO HISTÓRICO E A EVOLUÇÃO DO INSTITUTO

Instituições Financeiras e a Concessão de Crédito

As instituições financeiras exercem função de grande importância,


relacionada com o crescimento e com o desenvolvimento econômico, em
especial ao atuar na captação de recursos e na concessão de créditos, com o
respectivo spread bancário, além dos demais serviços prestados. Portanto, são os
agentes econômicos que propiciam o fomento à produção de riquezas, ao
financiar atividades produtivas.

Por tal motivo, é inimaginável concebermos uma economia de mercado,


nos moldes atuais, sem a presença de instituições financeiras fortalecidas.

No Brasil, a primeira instituição bancária foi o Banco do Brasil, criado por


D. João VI em 1808. Em 1836, foi criado o primeiro banco privado, o Banco do
Ceará e, em 1838, foi criado o Banco Comercial do Rio de Janeiro, sendo seguido
pelo surgimento de bancos comerciais na Bahia, Maranhão e Pernambuco.

Irineu Evangelista de Souza, o Visconde de Mauá, fundador do Banco


Mauá, em 1854, afirmou a importância do Banco do Brasil, que tinha como missão
tornar conhecido o uso do mais poderoso instrumento da civilização moderna no
tocante à criação da riqueza: o crédito.

O crédito é um instrumento indispensável para a criação e a circulação


de riquezas. Conforme Túlio Ascarelli, “se não existisse o crédito e o
comerciante tivesse que usar somente capital próprio, certamente o seu negócio
teria um vulto muito menor”.

No cenário mundial, vale registrar que em 1811, os Estados Unidos da


América possuíam 90 (noventa) bancos desenvolvendo atividades e, em 1813, já
totalizavam duzentos e oito, conforme registra Jason Goodwin.

Goodwin, que ressalta ser a riqueza a medida de valor na sociedade


norte- americana, citando em sua obra Charles Tocqueville, francês, escritor
político, entende que “a característica nacional mais marcante da América é a
sua obsessão por dinheiro. Ele é a medida da existência naquela democracia”.

Desde os primórdios, os Estados Unidos da América utilizam o crédito


como instrumento para alavancar a produção e o consumo. Atualmente,
continuam os maiores tomadores de recursos do mundo: captam cerca de US$
500 (quinhentos) bilhões ao ano, acumulando uma dívida interna de 5 (cinco)
trilhões de dólares.
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

A importância da concessão de crédito é apontada por Keynes e Kalecki,


os dois fundadores do estudo da macroeconomia, os quais entendem que, em
uma economia de mercado desenvolvida, empresários e consumidores podem
gastar conjuntamente acima de suas receitas correntes, desde que haja um
sistema de crédito. Até então, a crença dominante era que o crescimento da
renda da comunidade e dos lucros empresariais dependia da disposição de um
grupo social, especialmente dos empresários (mas também dos consumidores,
do governo ou dos estrangeiros) de gastar acima de sua renda corrente, isto é,
de colocar mais dinheiro na economia do que as receitas auferidas. Nos
primórdios do capitalismo a atividade principal dos bancos era o financiamento
da dívida pública (garantida por impostos) e do comércio de longa distância.

Com a revolução industrial, com a aceleração dos negócios, não só


cresceram as operações de desconto mercantil como se expandiu o avanço
de crédito aos produtores privados. O crédito assumiu então sua função de
antecipação de capital monetário: uma aposta sujeita a perdas, no acréscimo
de valor a ser criado no processo de produção, “entendido como a utilização
da força de trabalho assalariada e dos elementos do capital fixo e circulante na
transformação de bens com o propósito de gerar mais dinheiro nas vendas das
mercadorias produzidas”. Em decorrência, “os empresários em conjunto podem
gastar valores superiores às suas receitas correntes por conta da existência do
sistema de crédito, compreendendo os bancos e os demais intermediários
financeiros.”

O sistema financeiro caracteriza-se como ferramenta indispensável para


o progresso de uma economia de mercado, sendo certo que a existência de
um sistema de crédito estruturado e eficiente é premissa indispensável para o
desenvolvimento econômico e, por consequência, social.

O crédito bancário movimenta a economia, garante o comércio e a


fluidez dos mecanismos de troca. “A confiança subsistente entre homens de
comércio nas suas relações mercantis é o crédito, conforme definiu Henry
Thornton no século XIX [...] Haverá pouca confiança e crédito e, igualmente,
pouco comércio, numa sociedade na qual a lei e o senso moral são fracos e, em
consequência, o direito de propriedade privada é inseguro”. A certeza e o
amparo jurídico às relações é pressuposto indispensável ao desenvolvimento
econômico, em especial para a universalização de acesso ao crédito com redução
da taxa de juros.

À evidência, o objeto da atividade dos bancos, o dinheiro, é um bem


escasso e precioso, mas caracteriza elemento imprescindível para o
desenvolvimento econômico, premissa já apontada.

É primordial que as operações financeiras que envolvam a concessão de


crédito sejam formalizadas com a devida segurança, a fim de dotar o
instrumento constituído de liquidez e certeza, circunstância que eleva a
possibilidade de recuperação dos valores envolvidos.
TÓPICO 3 | FONTES DE FINANCIAMENTO DE CURTO PRAZO

Os direitos reais de garantia ganham destaque, pois com a vinculação


de um bem ao cumprimento de uma obrigação, ocorre a elevação do nível de
garantia. No entanto, devem-se levar em consideração as formalidades
envolvidas para a regular constituição do gravame, ou seja, o custo-benefício em
relação ao montante da operação objetivada.

Com efeito, a constituição de garantias reais sempre envolve


formalidades e custo elevado, além de hipóteses nas quais resta evidente a
incompatibilidade em relação à celeridade que o mercado financeiro exige,
inviabilizando assim a consecução de algumas transações.

A criação da Cédula de Crédito Bancário evidencia a intenção de o


legislador assegurar o exercício da atividade bancária, bem como criar
condições para aumentar a disponibilidade de recursos (liquidez) no mercado,
para fomentar a atividade econômica, inclusive por meio de capital de giro,
financiamentos e empréstimos aos micro e pequenos empresários, com redução
de custos.

GARANTIAS DA CÉDULA DE CRÉDITO

Em toda a operação de crédito, o risco está relacionado à capacidade de


pagamento dos pretensos tomadores, seu patrimônio e à valoração de eventuais
garantias oferecidas e constituídas. A partir da avaliação global de tais
elementos, associada ao custo de captação dos recursos, será fixado o spread
bancário incidente, em relação às diversas modalidades de operações bancárias.

A Cédula de Crédito Bancário, dada sua natureza, representa garantia


ao credor quanto à existência de uma obrigação a ser cumprida pelo devedor,
líquida, certa e exigível, de acordo com as condições pactuadas, na forma
emitida pelo tomador, de especial importância nas operações de crédito
rotativo.

A critério das partes e, especialmente, a depender dos interesses do


credor (face ao grau de risco avaliado), podem ser inseridas garantias
adicionais, inclusive com a natureza real, a fim de destacar a condição do credor
em relação a eventuais bens do devedor, dando-lhe preferência quanto demais
credores quirografários, se for o caso de inadimplemento. Mediante tal
procedimento, em tese seria lícito falar-se na minimização do risco e, por
consequência, na criação de condições para que a operação ocorra sob encargos
mais favoráveis ao tomador. E, mais uma vez, estamos falando em condições
adstritas à função social dos institutos envolvidos.

Os direitos reais e pessoais de garantia representam instrumentos que


viabilizam a conversão e o acesso ao valor pecuniário por parte dos interessados
na obtenção de crédito. Assim, tornam-se palpáveis os aspectos comuns entre
os direitos reais e os direitos pessoais, considerados estes como meios de
universalização de acesso ao crédito.
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

A garantia é elemento assecuratório de cumprimento da obrigação


assumida pelo tomador, introduzida mediante a inserção de cláusula expressa
na cártula emitida, pressupondo acordo entre as partes.

A existência de garantia, em sentido amplo, é um dos aspectos que


determinará a aferição do fator risco. De outra, avaliada a condição patrimonial
e demais aspectos cadastrais do pretenso tomador, será detectada menor ou
maior possibilidade de inadimplemento. Em consequência, menor ou maior será
a exigência quanto à constituição de garantias cedulares, em sentido estrito.

Mediante previsão expressa, poderá ainda ser exigida a complementação


e/ou a substituição da coisa dada em garantia, na hipótese de qualquer
acontecimento que ao mínimo a deteriore ou a deprecie, bem como a
constituição de seguro sobre a coisa dada em garantia.

A seleção da garantia é momento crucial, no qual poderá ser definida


toda a perspectiva de êxito da operação para o credor, bem como o risco
envolvido, o que repercutirá na qualidade da carteira de crédito a partir de
então formada.

Isto porque, em muitos casos há a constituição de garantia que se reflete


meramente formal, como, por exemplo, estoque de mercadorias ou bens de
produção, cujo valor de mercado é questionável, ou seja, são garantias de
difícil realização, no sentido de serem convertidas em recursos suficientes para
amortização do débito, ao mínimo.

A garantia da Cédula de Crédito Bancário poderá ser fidejussória ou


real, neste último caso constituída por bem patrimonial de qualquer espécie,
disponível e alienável, móvel ou imóvel, material ou imaterial, presente ou
futuro, fungível ou infungível, consumível ou não, cuja titularidade pertença ao
próprio emitente ou a terceiro garantidor da obrigação principal.

O tema é regido pela legislação específica, bem como, em caráter supletivo,


pelas disposições contidas no Código Civil. Assim, teceremos considerações
acerca das principais modalidades de garantia exigidas e prestadas em
operações de crédito bancário.

A CCB pode ser emitida com ou sem garantia real ou fidejussória, sendo
um título executivo extrajudicial, representando dívida em dinheiro certa,
líquida e exigível, seja pelo valor nela indicado ou pelo saldo devedor
demonstrado em planilha de cálculo ou extrato de conta corrente. (FORTUNA,
2005, p. 176-177).

Garantias Fidejussórias

As garantias pessoais ou fidejussórias são representadas por obrigação


acessória que um terceiro assume perante o credor, responsabilizando-se pelo
pagamento da dívida, caso o devedor não pague ou não possa cumprir com a
obrigação então assumida, total ou parcialmente.
TÓPICO 3 | FONTES DE FINANCIAMENTO DE CURTO PRAZO

Consoante previsão expressa no já mencionado artigo 31 da Lei nº


10.931/2004, a Cédula de Crédito Bancário comporta a constituição de garantias
fidejussórias.

As garantias pessoais, por não destacarem e não vincularem nenhum


bem material do outorgante, são respaldadas na confiança, probidade e caráter
de quem a está prestando. No direito brasileiro temos dois tipos de garantias
pessoais aplicáveis às operações de crédito: fiança e aval.

Fiança

A fiança, como ensina Beviláqua, é uma espécie do gênero garantia.

A fiança é a garantia pessoal dada pelo fiador (quem afiançou) e que


se responsabiliza em nome do afiançado (o abonado). Assim, o fiador é pessoa
física ou jurídica que se obriga pelo afiançado (devedor), assumindo, total ou
parcialmente, obrigação pecuniária contraída e não paga pelo afiançado.

O Código Civil estabelece, em seu artigo 818 e seguintes, que, pelo


contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação
assumida pelo devedor, caso este não a cumpra, sendo a fiança dada somente
por escrito, não sendo permitida interpretação extensiva.

Trata-se de negócio feito diretamente entre o fiador e o credor, que


prescinde não só da presença do devedor, como pode mesmo ser efetuado sem
sua ciência ou sem seu consentimento e mesmo contra sua vontade. Inclusive
dívidas futuras podem ser objeto de fiança. Neste caso, o fiador não será
demandado senão depois que se fizer certa e líquida a obrigação do principal
devedor.

A fiança compreenderá todos os acessórios da dívida principal, inclusive


as despesas judiciais, desde a citação do fiador. A fiança pode ser de valor inferior
ao da obrigação principal e contraída em condições menos onerosas, e, quando
exceder o valor da dívida, ou for mais onerosa que ela, não valerá senão até ao
limite da obrigação afiançada.

Aval

Aval é instituto de Direito Comercial e Cambiário, e corresponde à


garantia que é dada por terceiro estranho ao título de crédito, pela qual se
prende à obrigação cambial, isto é, fica solidariamente vinculado ao título
avalizado, pelo compromisso que assume de pagar a importância que nele se
contém, quando não a pague o devedor, que é por ele garantido. Nos termos do
artigo 30 da Lei Uniforme e do artigo 897 do Código Civil, “o pagamento de
título de crédito, que contenha obrigação de pagar soma determinada, pode ser
garantido por aval”.
UNIDADE 3 | FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PARA A TOMADA DE DECISÃO

O aval corresponde a uma garantia cambial, firmada por terceiro – o


avalista – ao avalizado, garantindo o pagamento do título. O avalista pode ser
um terceiro estranho ao título ou alguém que já seja obrigado.

O avalista assume uma obrigação igual à de seu avalizado, tanto quanto


aos efeitos, como no que tange às consequências.

A Lei Uniforme, em seu artigo 31, é expressa: “o aval deve indicar por
quem se dá. Na falta de indicação, entender-se-á pelo sacador”, ou seja, em prol
deste. Duas são as características principais do aval: de um lado, a autonomia;
de outro, a equivalência. O avalista assume, perante o credor do título, uma
obrigação autônoma, mas equivalente à do avalizado. Ou, para dizer o mesmo,
por termos diversos, o aval é dotado de autonomia substancial e acessoriedade
formal.

Conforme Fábio Ulhoa Coelho, a existência, a validade e a eficácia do


aval não estão condicionadas à operação avalizada, motivo pelo qual a
obrigação do avalista não fica prejudicada pela impossibilidade de exercício do
direito do credor. Por exemplo: se o devedor em favor de quem o aval é
prestado era incapaz (e não foi devidamente representado ou assistido no
momento da assunção da obrigação cambial), ou se a assinatura dele no título
era falsificada, esses fatos não desconstituem nem alteram a extensão da
obrigação do avalista.

Eventuais direitos que beneficiam o avalizado não se estendem ao


avalista, conforme menciona o apontado doutrinador. Com efeito, “se o
primeiro obtém, numa recuperação judicial, o direito de postergar o pagamento
da letra de câmbio, o seu avalista não pode se furtar ao cumprimento da
obrigação, no vencimento constante do título. O avalista, em eventual execução,
não pode valer- se das exceções pessoais do avalizado, mas apenas as suas
próprias exceções” 42 (por exemplo: pagamento parcial do título de crédito).

A obrigação do avalista é autônoma em relação à do avalizado. Assim,


ainda que a obrigação do avalizado seja nula ou falsa (salvo se a nulidade
decorrer de vício de forma, hipótese em que não haverá, sequer, título de
crédito), permanece, na íntegra, a obrigação do avalista, que a ela se vinculou
pela sua assinatura no anverso do título, com ou sem a expressão “bom para
aval” ou outra equivalente (se aposta no anverso, a expressão necessariamente
deverá constar).

O avalista não pode arguir exceção própria do avalizado, tendo em vista


que a obrigação assumida é autônoma em relação à do avalizado, não fazendo
parte, portanto, da relação casual entre o avalizado e o credor deste. O avalista
somente pode opor exceção pessoal a quem lhe exigir o pagamento do título.
Como exemplo e exceções pessoais, temos a alegação de coação a prestar aval
ou de falsificação de assinatura; de outra, restam ainda as exceções comuns a
todos os devedores, tais como vícios formais, prescrição, decadência, pagamento
etc.
TÓPICO 3 | FONTES DE FINANCIAMENTO DE CURTO PRAZO

Garantias Reais

As garantias reais são representadas pela obrigação acessória que uma


pessoa assume perante o credor, vinculando um bem ao cumprimento da
obrigação principal, caso o devedor não pague ou não possa cumprir com o
pactuado.

Consoante previsão expressa (artigo 31 da Lei nº 10.931/2004), a Cédula


de Crédito Bancário comporta a constituição de garantias reais. As garantias
reais, por destacarem e vincularem determinado bem do outorgante, devem ser
devidamente registradas, a fim de serem providas de eficácia erga omnes.

As garantias reais são dotadas de “realidade”, conforme preleciona


Pontes de Miranda, pois conferem ao seu titular, credor da obrigação, um poder
particular e dependente, suficiente para apreender o bem outorgado, “se estiver
em poder de terceiro para fazer valer aquela razão creditória e aqueles direitos
de preferência a qualquer outro credor”.

Para Martin Wolff, a essência real dos gravames é indiscutível, diante


dos poderes conferidos ao seu titular, inclusive quanto à iniciativa para
satisfação do débito mediante a realização da garantia então tratada.

No direito comparado, ressaltamos a previsão constante do Código Civil


argentino, artigo 3.939 a 3.946 quanto ao direito de retenção. Nos termos do artigo
3.939 e seguintes, o direito de retenção é a faculdade concedida ao possuidor de
um bem, na condição de credor de uma obrigação ao mesmo relacionada, para
manter a posse enquanto não satisfeita a obrigação pelo devedor, proprietário
do bem. É considerado um recurso eficaz para assegurar o cumprimento de
obrigações.

O instituto causa controvérsia na doutrina local quanto à natureza


jurídica. Para alguns autores, é um direito real (pois pode ser oposto perante
terceiros). Outros o consideram um direito pessoal acessório. E ainda, há os que
o classificam como um direito sui generis, posto que sem ser real pode ser oposto
perante terceiros.

Para Guillermo Borda, trata-se de uma exceção processual, que permite a


retenção do bem (corpóreo ou incorpóreo) relacionado ao crédito, enquanto não
houver o devido pagamento pelo obrigado devedor.

FONTE: Disponível: <http://www.fadisp.com.br/download/turma_m3/SILVIO_COSTA_DA_


SILVA_PEREIRA _2.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2012.
RESUMO DO TÓPICO 3

Chegamos ao final do último tópico do nosso caderno. Nesse tópico,


você estudou:

• As fontes de financiamentos de curto prazo, entendendo sua finalidade e os


custos inerentes nas operações.

• Aprendeu sobre o desconto bancário e sua metodologia de cálculo.

• Conheceu os tipos de garantias e suas distinções, assim como o imposto sobre


as operações financeiras e as normativas que o amparam.

• É importante que você leia a leitura complementar, ela vai lhe ajudar no seu
autoaprendizado.
AUTOATIVIDADE

1 São bens sujeitos à hipoteca:


a) ( ) Prédios, veículos e navios.
b) ( ) Prédios, navios e locomotivas.
c) ( ) Somente prédios.
d) ( ) Somente veículos.

2 São garantias sobre empréstimos:


a) ( ) Hipoteca.
b) ( ) Aval.
c) ( ) Alienação fiduciária.
d) ( ) Todas estão corretas.

3 Duplicatas são:
a) ( ) Recursos oriundos de vendas a prazo.
b) ( ) Recursos oriundos de vendas à vista.
c) ( ) Recursos oriundos de previsão de vendas.
d) ( ) Recursos oriundos de recebimento antecipado.

4 O desconto de duplicatas é uma operação:


a) ( ) Em que o cliente antecipa o dinheiro junto ao banco.
b) ( ) Que beneficia o fluxo de caixa.
c) ( ) Quando o sacado não paga o cedente assume a responsabilidade.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

5 Vantagens da cobrança de títulos.


a) ( ) Aumenta o deposito à vista do banco.
b) ( ) Fideliza o cliente junto ao banco.
c) ( ) Aumenta o ganho de tarifas para o banco.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

6 O Imposto sobre Operações Financeiras incide sobre:


a) ( ) Caderneta de poupança.
b) ( ) Empréstimos.
c) ( ) Cheque.
d) ( ) Duplicatas.
REFERÊNCIAS
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ANOTAÇÕES

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