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Investigação de Falha No VLS
Investigação de Falha No VLS
Os trabalhos já foram iniciados, sob o comando do coronel-aviador Antônio Carlos Cerri, diretor do
IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço) do CTA, localizado em São José dos Campos (SP).
O incêndio causado pela queima das 41 toneladas de propelente sólido dos quatro estágios do VLS-
1 matou 21 pessoas. Elas trabalhavam na preparação do veículo para uma tentativa de
lançamento, que deveria ser hoje.
Seria a terceira tentativa de lançar um satélite usando o foguete brasileiro. As duas anteriores,
ocorridas em 1997 e 1999, também falharam, mas os problemas aconteceram durante o vôo, e sua
destruição não provocou vítimas.
Nas duas ocasiões, uma comissão nos moldes da que se configura agora foi formada, com a
mesma organização, o mesmo enfoque e o mesmo prazo. Os resultados se concentraram no lado
técnico das falhas. Nada foi dito a respeito de problemas estruturais do projeto, que são ligados a
gerenciamento, orçamento e segurança.
Os relatórios deveriam servir para evitar os mesmos problemas nos protótipos seguintes. O sucesso
foi parcial e sintomático da natureza técnica e específica dos documentos: os defeitos de fato
foram diferentes em cada veículo, mas todos ocorreram no sistema pirotécnico, ligado à ignição.
Os relatórios nada disseram sobre a possibilidade de o programa induzir erros estruturalmente.
É o que foi visto nos EUA na destruição dos ônibus espaciais Challenger (1986) e Columbia (2003),
que juntos mataram 14 astronautas -- sete a menos que o acidente em Alcântara. Além de
determinar a causa imediata dos acidentes, a comissão, formada por pessoas independentes do
programa e não só engenheiros aeroespaciais ou militares, aponta que vícios e cultura interna
podem levar a Nasa (agência espacial americana) a negligenciar o nível de segurança adequado.
Depois disso, os ônibus espaciais voaram por 17 anos sem incidentes fatais, até a perda do
Columbia, em fevereiro deste ano. O relatório da comissão independente que investiga o caso nos
EUA deve ser divulgado nesta terça-feira. Antes mesmo do relatório, a Nasa já iniciou um processo
para que informações vitais de segurança cheguem mais facilmente aos tomadores de decisão.