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FILOSOFIA NA INFÂNCIA

O presente trabalho tem por objetivo expor os conceitos de filosofia e infância


na concepção de Matthew Lipman por meio das obras de Walter Omar Kohan,
Filosofia para crianças, 2ª e 3ª edição, e Filosofia na escola pública. Considerará os
aspectos históricos da formação dos referidos conceitos, a partir da perspectiva de
que o saber pensar constitui um importante papel na vida escolar das crianças. Em
meio a problemática que envolve a iniciação da filosofia na educação infantil, há
uma necessidade de pensar em um profissional adequado para ministrar as aulas.

1 PROGRAMA FILOSOFIA PARA CRIANÇAS

Em 1960 o filósofo norte-americano Matthew Lipman se tornou o primeiro a


pensar na contribuição da filosofia para formação integral do indivíduo durante a
infância, sistematizando a prática da filosofia para a educação das crianças. Dessa
maneira, criou um programa de filosofia voltado a uma Educação para o Pensar. Em
Kohan (1998), há algo em comum entre as crianças e os filósofos: a capacidade de
se maravilhar com o mundo.
O programa filosofia para crianças tem por objetivo desenvolver a
capacidade de pensar melhor, buscando incentivar as crianças e jovens a
exercerem um pensamento reflexivo, rigoroso, crítico, profundo, criativo, cuidadoso,
contextualizado e autocorretivo. Existe, naturalmente, na Filosofia um convite ao
raciocínio e a refletir sobre os próximos pensamentos, ou sobre a atividade mental
de si mesmo que, quando exercitada, nos leva ao pensamento reflexivo e
autocorretivo, dessa forma, há o ensejo de criar um método capaz de aprimorar as
habilidades do pensar.

2 CONCEPÇÕES DE FILOSOFIA E INFÂNCIA E CARACTERÍSTICAS DO


PROFISSIONAL A ATUAR

Afinal, qual é o conceito de infância? A infância tem sido historicamente


compreendida como uma fase muito importante da vida humana na qual reúne as
características essenciais que guiarão toda a conduta das fases seguintes e que
marcarão de forma crucial toda a esfera do comportamento do indivíduo tanto em
sua interioridade e subjetividade, quanto nas suas relações sociais objetivas. As
crianças são filósofos inatos não apenas porque perguntam e se inquietam com as
certezas, mas também porque são seres capazes de pensar de forma crítica, criativa
e cuidadosa.
Quanto a filosofia, qual a concepção adotada? Em Kohan (1998) é colocado
a concepção de Lipman a respeito de filosofia, caracterizando-a como o pensar
sobre o próprio pensar, sendo necessário ter conhecimento da lógica do pensar para
poder praticá-la. Apenas a filosofia pode estabelecer seus próprios métodos para
resolver suas próprias questões, não servindo somente à democracia, porém, sendo
propriamente uma prática coletiva e democrática.
De acordo com as concepções de filosofia e infância, interpreta-se que a
filosofia para crianças é uma tentativa de conceber um filosofar entre crianças e
adolescentes, um pensar sobre o próprio pensar.
Sendo assim, almeja que as metas filosóficas sejam também metas
educativas, proporcionando um aperfeiçoamento na forma de questionar e
interrogar. A filosofia por se ocupar do próprio pensar, contribui para a
transformação das pessoas que a praticam dentro e fora da escola.
Em Kohan (2000), o filosofar e a construção coletiva de saberes, no convívio
com as crianças, se complementam com o saber teórico a respeito de infância,
filosofia e pedagogia. Com relação ao papel do professor, Kohan (2000, p. 95),
afirma:
Não se trata de reproduzir conteúdos ou doutrinas filosóficas da
forma como foram apropriadas. Trata-se, de modo oposto, do
reconhecimento do não-saber diante das questões e situações
problematizadas pelas crianças em suas investigações. Ao professor
cabe envolver-se na busca de significados e novos sentidos para o
dia-a-dia compartilhado com as crianças, cabe torna-se um co-
investigador. Isso não impede que ele atue como coordenador das
discussões preparando as aulas, selecionando materiais didáticos,
elaborando instrumentos avaliativos, preparando perguntas de
aprofundamento, enfim, envolvendo-se previamente com a aula. Isso
não também não lhe confere uma posição de neutralidade ou não-
envolvimento com a organização do trabalho pedagógico e filosófico
a ser realizado.

Dessa forma, o professor tem a função de mediador, atribuindo um sentido


de colaborador. O docente deve basear sua postura filosófica em um alicerce de
estudos, experiências e reflexões. É preciso que as crianças estejam envolvidas na
aula desde o planejar ao fazer, isso não retirará o papel do professor, mas, tornará o
processo mais eficaz.
Diante da problemática exposta, é observável que, na concepção de Lipman
e Kohan, a introdução da filosofia na infância proporciona as pessoas melhores
condições de se conhecerem desde a mais tenra idade, tomando suas decisões sem
a obrigatoriedade de seguir um modelo social já estabelecido, fazendo com que a
infância se torne um período de maior desenvolvimento e nas fases seguintes
venham a ter habilidades de crítica, investigação e desnaturalização. A criança, em
si, por ser considerada um sujeito capaz de adquirir significação desenvolverá um
maior senso crítico ao ter acesso a filosofia, única disciplina capaz de pensar sobre
o próprio pensar.

REFERÊNCIAS:

KOHAN, Walter Omar. Filosofia na escola pública. 2ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes,
2000.

KOHAN, Walter Omar. Filosofia para crianças. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora
Lamparina, 2008.

KOHAN, Walter Omar. Filosofia para crianças. 3ª ed. Petrópolis, RJ: Editora
Vozes, 1998.

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