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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

ENGENHARIA QUÍMICA

FLÁVIA ÉRIKA DE ALMEIDA LIMA


FRANCIELLE FRANÇA
LUANA KUBASKI
VANESSA CORSINI

DETERMINAÇÃO DO NITRITO EM AMOSTRAS DE ÁGUA DE


RIO

RELATÓRIO DE AULA EXPERIMENTAL DE ANÁLISE INSTRUMENTAL

PONTA GROSSA
2013
RESUMO

O nitrogênio está presente no meio ambiente em forma de NH 4+, NO3- e NO2-. O


experimento demonstrado a seguir visa à determinação de concentrações de
nitrito (NO2-) em águas de rio através da espectroscopia. Para isso, determinou-
se uma curva de calibração a partir de soluções de nitrito de concentrações
conhecidas para obter-se a concentração de soluções problema de nitrito a
partir da leitura da absorbância das mesmas. Foi possível determinar
parâmetros como LOD (limite de detecção), LOQ (limite de quantificação) e
RSD (desvio padrão relativo) das concentrações obtidas para melhor análise
dos resultados. As concentrações obtidas foram: 0,632 mg/L, 2,903 mg/L e
2,448 mg/L.
1 INTRODUÇÃO

O nitrogênio está presente sob em diversas formas na atmosfera, no


solo e na biomassa, e as trocas desse elemento entre atmosfera, litosfera,
biosfera e hidrosfera podem ser representadas pelo “ciclo do nitrogênio”.
Grande parte do nitrogênio em forma de nitrato na solução do solo é perdida
1
para lençóis freáticos, oceanos, mares e rios.
Uma parte do ciclo do nitrogênio é o processo de nitrificação, no qual
NH4+ é convertido em NO3- em um processo aeróbio. Tal processo é dividido
em duas etapas: a nitrozação, na qual se promove a oxidação de NH 4+ em
NO2-; e a nitratação, na qual NO2- é convertido a NO3-. 1
As seguintes reações podem ser observadas:

2NH4 3O2 → 2NO2-+ 4H+ + 2H2O


(nitrosação)

2NO2+ O2 → 2NO3-
(nitratação)

O nitrito é uma substância necessária à sobrevivência dos seres vivos.


Porém, quando sua concentração está acima do limite do metabolismo
2
biológico, ele torna-se um contaminante.
O excesso desses íons em corpos d´água, resultante das atividades
agrícolas ou mudanças demográficas - pode causar a eutrofização desses
ecossistemas. 3
Como a presença desse íon tem aumentado significativamente em
águas naturais, causando problemas ao meio ambiente e, dessa forma, à
saúde humana, foi despertado um interesse em conhecer o seu teor em águas
de rios, principalmente.
Estudos chamam a atenção para o fato de que o uso contínuo de
fertilizantes nitrogenados provocará, em menos de 20 anos, a contaminação
ambiental global por NO2- e NO3-. 4
Dessa forma, procurou-se estabelecer, em diversos países, legislações
para que fosses impostos limites na concentração desses íons em água
potável, visando à manutenção da saúde humana.
A Resolução nº 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional
do Meio Ambiente (CONAMA) impõe valores máximos para o nitrito em que o
íon não é considerado um contaminante. Tais valores são: 1mg/L para a classe
1 de águas doces (águas com salinidade igual ou inferior a 0,5 ‰ e destinadas
ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado, e à
proteção das comunidades aquáticas); 1mg/L para a classe 3 de águas doces
(salinidade equivalente à classe 1, porém destinadas ao abastecimento para
consumo humano, após tratamento convencional ou avançado, à irrigação de
culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras e à pesca amadora).
2 MATERIAIS E MÉTODOS

Para o procedimento, foram utilizados os seguintes materiais:

-Equipamentos e Vidrarias
 Espectrofotômetro Uv-Vis, FEMTO 800 XI
 Cubeta de quartzo de 1 cm
 Pipetas graduadas
 Tubos graduados de polipropileno (PP)

-Reagentes
 Água destilada
 Solução de ácido sulfanílico 0,5% m/v
 Solução de α naftilamina 3,0% m/v
 Solução de nitrito de sódio 1 mg/L

2.1 DETERMINAÇÃO DO λ MÁXIMO

 Pipetar uma alíquota de 1 Ml da solução estoque de nitrito em um tubo,


adicionar 0,2 mL de ácido sulfanílico, agitar e aguardar 2 minutos.
 Adicionar 0,2 mL de α naftilamina, complementar o volume para 10 mL,
tampar e agitar. Aguardar 10 minutos para realização da leitura.
 No espectrofotômetro, selecionar o modo de varredura e a região
espectral entre 400 e 700 nm.
 Utilizando água destilada na cubeta, realizar a linha base.
 Em seguida, colocar cada solução na cubeta e realizar a varredura
para obtenção do espectro para o complexo do nitrito. A partir deste
espectro, escolher o comprimento de onda para a realização das
medidas para a determinação da concentração de nitrito nas amostras
de água de rio.

2.2 CURVA DE CALIBRAÇÃO


 Preparar 6 tubos de ensaio (enumerados de 0 a 5).
 No espectrofotômetro, selecionar o modo de fotométrico e o λ máximo
do complexo de nitrito.
 Utilizando água destilada na cubeta, realizar a linha base.
 Em seguida, colocar as soluções na cubeta e obter as absorbâncias
para cada concentração dos padrões de calibração e também para as
amostras problema.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao se realizar a curva de calibração para o nitrito, foi obtido o seguinte


espectro:

Figura 1 – Absorbância da solução de nitrito X Comprimento de onda

O comprimento de onda escolhido foi entre 400 e 700 nm.

Foi lido, também, a absorbância referente à cada concentração da


solução estoque de nitrito, dando origem ao seguinte gráfico:

Gráfico 1 – Absorbância em função de cada concentração de solução estoque de nitrito

0.3

0.25 f(x) = 0.52 x + 0.01


R² = 1

0.2

0.15 Linear ()

0.1

0.05

0
O cálculo de cada concentração foi realizado tomando como base a
concentração original da solução (1mg/L).
No tubo nº 0, foi adicionado apenas água; no nº 1, 9 mL de água e 1
mL de solução de nitrito; no nº 2, 8 mL de água e 2 mL de solução; no nº 3, 7
mL de água e 3 mL de solução, no nº4, 6 mL de água e 4 de solução e,
finalmente, no tubo nº 5, 5 mL de água e 5 mL de solução.
O cálculo realizado para a obtenção de cada concentração foi o
seguinte:

1 mg ----------- 1000 mL
x mg ------------ 1 mL

x mg ------------- 10 mL
conc.------------- 1000 mL
(Para o tubo nº 1, e assim sucessivamente para cada tubo).

Como forma de determinar a concentração da solução problema, foram


lidas as absorbâncias das mesmas e expressas na Tabela 1:

Tabela 1 – Absorbância de cada amostra

Amostra Absorbância 1 Absorbância 2 Abosrbância 3


1 0,072 0,074 0,072
2 0,312 0,308 0,301
3 0,137 0,126 0,138

A partir das absorbâncias mostradas na Tabela 1 e da equação


encontrada a partir do Gráfico 1 ( y=0,516 x+0,0073), é possível determinar a
concentração para cada absorbância.
Tais concentrações estão expressas na Tabela 2:
Tabela 2 – Concentração de cada amostra

Amostra Concentração 1 Concentração 2 Concentração 3


(mg/L) (mg/L) (mg/L)
1 0,626 0,646 0,626
2 2,952 2,913 2,845
3 2,513 2,300 2,532

É importante ressaltar que o fator de diluição das amostras 1 e 2 é de 5


enquanto o fator de diluição da amostra 3 é de 10, porém os resultados
mostrados na tabela foram ajustados para que fossem equivalentes à
concentração original.
A seguir, são mostradas as médias das concentrações para cada
amostra:
X́ 1 =0,632 mg/L
X́ 2 =2,903 mg/L
X́ 3 =2,448 mg/L

É importante a determinação de parâmetros como o limite de detecção,


o limite de quantificação e o desvio padrão relativo das concentrações.

3 SD
LOD=
inclinação da reta
LOD=2,906 x 10−3 mg/ L

LOQ=3,3 xLOD
LOQ=9,593 x 10−3 mg/ L

SD = desvio padrão das 10 leituras do braço = 0,0005


Inclinação da reta = 0,516
Através dos cálculos destes parâmetros, pode-se concluir que a menor
Dconcentração a ser determinada qualitativamente é de 0,002906 mg/L,
enquanto a menor concentração a ser determinada quantitativamente é de
0,009593 mg/L.

É possível, também, obter-se o desvio padrão relativo para cada


amostra:
SD
RSD= x 100
média das concentrações

RSD 1=1,29 %
RSD 2=1,32 %
RSD 3=3,72 %

A seguir, estão os cálculos para os limites do intervalo de confiança:

ts
LC= X́ ±
√n

Onde X́ é a média das amostras, t é a t-student para 95% do confiança


(t=4,303), s é o desvio padrão das amostras e n é o número de amostras.
Assim:

LC 1 =0,632± 0,0203
LC 2=2,903± 0,0951
LC 3 =2,448 ±0,226
4 CONCLUSÃO

A partir do experimento, foi possível constatar e quantificar concentrações de


nitrito (NO2-) em águas de rio. De acordo com a resolução nº 357 da
COMANDA, observou-se que duas entre 3 amostras apresentam valores para
a concentração de nitrito acima do aceitável (1 mg/L). A amostras
apresentaram as seguintes concentrações: 0,632 mg/L, 2,903 mg/L e 2,448
mg/L. Assim, pode-se determinar que nas duas últimas concentrações
descritas, o nitrito é considerado um contaminante. Os valores obtidos para as
amostras foram satisfatórios, visto que a equação determinada para a
absorbância em função da concentração da solução estoque de nitrito
apresentou um R²=0,9972.
REFERÊNCIAS

1
SOUZA, Beatriz Maia; PRADO, Carlos Henrique Britto de Assis. O Ciclo do
Nitrogênio. Via Ciência, São Carlos - Sp, n. , p.1-8, fev. 2012. Disponível em:
<www.viaciência.com.br>. Acesso em: 11 mar. 2013.

2
PESSÔA NETO, Astério Ribeiro; KORN, Maria Das Graças. OS
NUTRIENTES NITRATO E NITRITO COMO CONTAMINANTES AMBIENTAIS
E ALTERNATIVAS DE DETERMINAÇÃO. Candombá – Revista Virtual,
Salvador - Ba, n. , p.90-97, dez. 2006. Disponível em:
<http://revistas.unijorge.edu.br/candomba/2006-
v2n2/pdfs/AsterioRibeiroPessoaNeto2006v2n2.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2013.

3
GARDOLINSKI, Paulo C. F. C.; DAVID, Anthony. R. J.; WORSFOLD, Paul J.
Miniature Flow Injection Analyser for Laboratory, Shipboard and in Situ
Monitoring of Nitrate in Estuarine and Coastal Waters. Talanta, n. 58, p.
1015, 2002.

4
BELGRANO, Roberto. F.; COLASURDO, Viviana; DÍAZ, Oscar A. Métodos
Últravioleta Selectivo y de Reducción con Hidracina en la Determinación
Delión Nitrato an Águas Subterraneas. Nota Técnica. Química Nova,
Argentina. v. 26, n. 5, p. 766, 2003.

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