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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

LARA CITÓ LOPES

IMPACTOS AMBIENTAIS NO RIO PARNAÍBA E SEUS REFLEXOS NO


DESENVOLVIMENTO DA CIDADE DE TERESINA

São Paulo
2016
LARA CITÓ LOPES

IMPACTOS AMBIENTAIS NO RIO PARNAÍBA E SEUS REFLEXOS NO


DESENVOLVIMENTO DA CIDADE DE TERESINA

Dissertação apresentada ao Programa de


Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo
da Universidade Presbiteriana Mackenzie,
como requisito parcial à obtenção do título de
Mestre em Arquitetura e Urbanismo.

ORIENTADORA: Prof.ª Dr.ª Gilda Collet Bruna

São Paulo
2016
L864i Lopes, Lara Citó.
Impactos Ambientais no Rio Parnaíba e Seus Reflexos no
desenvolvimento da Cidade de Teresina. / Lara Citó Lopes -
2016.
137 f. : il. ; 30 cm

Dissertação (mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade


Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2016.
Bibliografia: f. 118 – 134.

1. Rio Parnaíba. 2. Teresina. 3. Impactos ambientais. 4.


Desenvolvimento sustentável. 5. Expansão urbana. I. Título.

CDD 363.70981
À minha família e à cidade de
Teresina que tanto amo.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus pelo dom da vida, pela minha família e
por nossa saúde.
Agradeço à minha família, pois ela é meu porto seguro, minha maior
incentivadora.
A meus pais por serem minha inspiração, são em quem me espelho para que
um dia possa chegar perto de conquistar o que conquistaram e retribuindo tamanho
orgulho que sinto por eles.
Agradeço aos meus irmãos por não relutarem em apoiar minhas decisões,
apontando meus erros quando necessário.
Aos meus sobrinhos por me incentivarem a querer ser sempre melhor e pela
felicidade constante que me dão.
Ao Daniel por não me deixar perder meu foco e incentivar a lutar pelo que
realmente quero e desejo.
Aos demais familiares e amigos, incluindo os que fiz aqui em São Paulo no
curso de mestrado e no trabalho, pela torcida constante pelo meu sucesso e carinho.
Gostaria de agradecer à Prof.ª Gilda, que esteve sempre disponível e
acessível para me orientar e fez isso com muito cuidado e atenção, sempre me
passando confiança e, com isso, me certificava cada vez mais de ter feito a escolha
correta como minha orientadora. Agradeço aos demais professores da pós-
graduação em Arquitetura e Urbanismo pelos conhecimentos repassados,
contribuindo bastante para minha formação nesses dois anos, e às Prof.as Dr.as
Wilza e Volia por todas as contribuições dadas ao trabalho
Deixo meu agradecimento a todos os demais profissionais que contribuíram
para a pesquisa, sendo bastante solícitos quando precisei, o arquiteto e M.e
Leonardo Madeira, da Semplan, o Eng. Carlos Affonso, da Semplan, que fazem seu
trabalho com muito carinho e dedicação.
RESUMO

A cidade de Teresina, capital do Piauí, estado da região Nordeste do país,


apresenta a característica singular de possuir a presença de dois rios em sua
extensão urbana, os rios Parnaíba e Poti. O Rio Parnaíba, apresenta maior
significância para a cidade devido ao seu manancial ser fonte de todo o
abastecimento de água canalizada de Teresina. Outra característica que demonstra
sua magnitude é o fato de sua bacia hidrográfica ser a segunda mais importante da
Região Nordeste do país. Tais características comprovam sua relevância como
objeto de estudo. O rio Parnaíba, assim como muitos outros mananciais para
abastecimento, encontra-se em processo de degradação ambiental, tanto pela
ineficiência de políticas públicas – observada pela pouca abrangência do serviço de
saneamento que ocasiona a existência de esgotos clandestinos, pelo não
cumprimento das legislações que regulam a preservação do rio –, como pela falta de
educação ambiental da população em geral, citando-se, como exemplo disso, as
práticas de atividade econômicas realizadas no seu entrono como lavagens de
carro, cultivo de hortas, extração mineral, pesca, constatadas com a realização da
pesquisa. Logo, o rio sofre diariamente inúmeros impactos decorrentes da expansão
urbana, como assoreamento das margens com aumento de coroas ao passar dos
anos, apontado por esta pesquisa; acúmulo de lixo urbano em suas águas;
desmatamento da mata ciliar; dentre outros. Portanto, faz-se necessário o estudo
desse tema, focalizando uma das grandes preocupações mundiais desde o final do
século XX: a qualidade das águas urbanas. Dessa forma, esta pesquisa teve como
objetivo estudar os impactos ambientais que ocorrem no Rio Parnaíba,
consequentes da expansão e ocupação urbana da cidade de Teresina, destacando,
com isso, a importância de sua preservação na promoção do desenvolvimento
sustentável da cidade. Essa análise fundamenta-se em pesquisa teórica e pesquisa
de campo, para se detectar os pontos de deficiência encontrados que dificultam a
preservação do rio.

Palavras-chaves: Rio Parnaíba. Teresina. Impactos ambientais. Desenvolvimento


sustentável. Expansão urbana.
ABSTRACT

Teresina, capital of Piaui, state of the Northeast region of the country, is a city that
presents itself an unusual feature of having two rivers in its urban extension, the
Parnaíba and Poti rivers. The Rio Parnaíba has greater significance to the city
because it is the source of all water supply piped to Teresina. Another feature that
shows its magnitude is the fact that its hydrographic basin is the second most
important of the northeast region of the country. These characteristics prove its
relevance as an object of study. This river, as well as many other sources for supply,
is in process of environmental degradation by both the inefficiency of public policies -
observed by the limited scope of the sanitation service that brings about the
existence of clandestine sewage, for breaches of the laws that regulate preservation
of the river -, for lack of environmental education of the population in general, citing it
as an example of this economic activity practiced in its surroundings as car washes,
garden cultivation , mining , fishing , established with the research . Soon, the river
suffers daily numerous impacts of urban sprawl, the type silting the river banks an
increase of crowns over the years, pointed out by this research; urban waste
accumulation in its waters; deforestation of riparian vegetation; among others.
Therefore, it is necessary to study this issue, focusing on one of the major global
concerns since the late twentieth century: the quality of urban water. Thus , this
research aimed to study the environmental impacts that occur in Rio Parnaíba ,
consequential expansion and urban occupation of the city of Teresina, highlighting
thereby the importance of its preservation in promoting sustainable development of
the city. This analysis is based on theoretical research and field research, to detect
the deficiency found points, which hamper the preservation of the river.

Keywords: Rio Parnaíba. Teresina. Environmental impacts. Sustainable


development. Urban sprawl.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Encontro dos rios Surubim e Água Quente. 19


Figura 2 Extensão estudada do rio. 22
Figura 3 Localização do novo ponto de ocupação de Teresina (em 41
vermelho).
Figura 4 Primeiro plano urbanístico de Teresina anexado em 42
correspondência da Câmara Municipal ao Presidente da
Província do Piauí, datada de 28 de abril de 1855.
Figura 5 Densidade demográfica por bairros em 1960. 45
Figura 6 Densidade demográfica por bairros em 1964. 45
Figura 7 Mapa de evolução da ocupação do perímetro urbano de Teresina 49
(PI).
Figura 8 Divisão da cidade de Teresina em zonas administrativas. 53
Figura 9 Inserção da bacia hidrográfica do Rio Parnaíba na Região 64
Nordeste do Brasil.
Figura 10 Região Hidrográfica do Parnaíba e suas unidades hidrográficas. 65
Figura 11 Ocupação em uma das lagoas antes do projeto de recuperação. 67
Figura 12 Localização do Programa Lagoas do Norte. 68
Figura 13 Divisão da bacia do Parnaíba em aglomerados. 70
Figura 14 Espessura média do Rio Parnaíba baseada na escala de 75
referência.
Figura 15 Trechos destacados por diferenciações da paisagem. 96
Figura 16 Galeria exposta no Parque Ambiental Encontro dos Rios. 98
Figura 17 Erosão na margem direita do Rio Parnaíba. 99
Figura 18 Hortas existentes na margem direita do Rio Parnaíba. 100
Figura 19 Mata ciliar no trecho 3. 101
Figura 20 Ausência da mata ciliar no trecho 4. 102
Figura 21 Presença de lavadores de carro na Avenida Maranhão. 103
Figura 22 Trechos do Rio Parnaíba com os bancos de areia em destaque. 105
Figura 23 Imagem da área em estudo captada pelo satélite Landsat 5, 107
trabalhada em classes do sítio urbano, de Teresina (PI), em
1989.
Figura 24 Imagem da área em estudo captada pelo satélite Landsat 5, 108
trabalhada em classes do sítio urbano, de Teresina (PI), em
2000.
Figura 25 Imagem da área em estudo captada pelo satélite Landsat 5, 109
trabalhada em classes do sítio urbano, de Teresina (PI), em
2010.
Figura 26 Imagem da área em estudo captada pelo satélite Landsat 5, 110
trabalhada em classes do sítio urbano, de Teresina (PI), em
2015.
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Área de drenagem das sub-bacias do Rio Parnaíba. 64


Tabela 2 Comparação entre os trechos. 104
Tabela 3 Área das classes dos mapas analisados. 111
LISTA DE ABREVIATURAS

Agespisa Águas e Esgotos do Piauí as


ANA Agência Nacional de Águas
APA Área de Proteção Ambiental
APP Área de Preservação Permanente
Arsete Agência Municipal de Regulação de Serviços Públicos de Teresina
BNH Banco Nacional da Habitação
CEA Centro de Educação Ambiental
CIAM VIII Congresso Internacional de Arquitetura Moderna
CMMAD Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
Codevasf Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do
Parnaíba
Cohab Companhia de Habitação
Conama Conselho Nacional do Meio Ambiente
Coplan Construções e Planejamento AS
DBIA Declaração de Baixo Impacto Ambiental
EIA Estudo de Impacto Ambiental
ETA Estação de Tratamento de Água
ETE Estação de Tratamento de Esgoto
FGTS Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Inocoop Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais
Inpe Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
Ipam Instituto de Planejamento e Administração Municipal
IPO Índice de Poluição Orgânica
IUCN International Union for the Conservation of Nature and Natural Resources
MIT Massachusetts Institute of Technology
MMA Ministério do Meio Ambiente
PDDU Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
PDLI Plano Diretor Local Integrado
PDS Plano de Desenvolvimento Sustentável
PEMCP Política Estadual sobre Mudança do Clima e Combate à Pobreza
PET Plano Estrutural de Teresina
Planap Plano de Ação para o Desenvolvimento Integrado da Bacia do Parnaíba
PLN Programa Lagoas do Norte
PMSB Plano Municipal de Saneamento Básico
PNRH Plano Nacional de Recursos Hídricos
PPA Plano Plurianual
Ride Região Integrada de Desenvolvimento
SAA Sistema de Abastecimento de Água
SDU Superintendência de Desenvolvimento Urbano
Semar Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí
Semarh Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia
SEMDUH Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação
Semplan Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação Geral
SERFHAU Serviço Federal de Habitação e Urbanismo
Sudene Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
UFPI Universidade Federal do Piauí
WCS World Conservation Strategy
ZDS Zonas de Desenvolvimento Sustentável
ZP Zona de Preservação
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 15
JUSTIFICATIVA 18
CAPÍTULO 1: A RELAÇÃO RIO E CIDADE 25
CAPÍTULO 2: EXPANSÃO URBANA E A CIDADE DE TERESINA 32
2.1 EXPANSÃO URBANA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 32
2.2 PROCESSOS DE OCUPAÇÃO E EXPANSÃO URBANA DE 39
TERESINA
CAPÍTULO 3: O RIO PARNAÍBA 62
3.1 ASPECTOS FÍSICOS E GEOGRÁFICOS DO RIO PARNAÍBA 62
3.2 ASPECTOS ECONÔMICOS 69
3.3 LEVANTAMENTO DAS LEGISLAÇÕES VIGENTES 72
3.1.1 Legislação nacional 72
3.3.2 Legislação estadual 80
3.3.3 Legislação municipal 84
CAPÍTULO 4: RESULTADOS 88
4.1 LEVANTAMENTO DE CAMPO 96
4.1.1 Trecho 1 (ciano) 97
4.1.2 Trecho 2 (amarelo) 99
4.1.3 Trecho 3 (magenta) 100
4.1.4 Trecho 4 (verde) 101
4.1.5 Trecho 5 (azul) 102
4.2 ANÁLISE DE IMAGENS GEORREFERENCIADAS 105
4.3 POSSÍVEIS ATUAÇÕES 114
CONSIDERAÇÕES FINAIS 116
REFERÊNCIAS 118
ANEXO A 135
15

INTRODUÇÃO

O mundo assiste a uma crescente urbanização de suas cidades grandes e


médias, que tem provocado alterações ambientais como o aumento da poluição do
solo, do ar e da água, sendo estes bens naturais essenciais ao ser humano –
destacando-se nessa pesquisa o estudo de águas urbanas. De acordo com Souza e
Awad (2012), problemas como a poluição são agravados pela falta de investimentos
em infraestrutura e saneamento, que não acompanham o crescimento urbano das
cidades, assim como problemas de desmatamento, assoreamento dos rios e
inundações. Estas últimas são agravadas com o desmatamento das matas ciliares, a
impermeabilização do solo, dentre outras ações decorrentes da urbanização das
cidades, que aumentam a velocidade de escoamento das águas para os rios,
gerando danos irreparáveis a um dos bens essenciais à sobrevivência humana que
é a água (PELLEGRINO et al., 2006).
Observa-se que dentre os usos da água pode-se citar como principais o
abastecimento público e a proteção da vida aquática, além do abastecimento
industrial, da atividade agropastoril, da preservação de fauna e flora, da recreação
(atividades esportivas aquáticas e paisagismo), da geração de energia elétrica, da
navegação e da diluição e transporte de efluentes. Este último é atualmente
considerado a questão mais problemática e deficiente desses usos, pois, em razão
da poluição de esgotos domésticos e de efluentes industriais, associado à falta de
saneamento básico, há prejuízo no bom funcionamento dos demais usos (BOSSOI;
MENEGON JUNIOR, 2014). Tal contexto é propício também para a proliferação de
doenças de veiculação hídrica, que se apresenta como um grande problema na
conjuntura nacional; de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE, 2012), no país, 80% das doenças relacionam-se ao saneamento ambiental
inadequado.
No manejo da água ocorrem também prejuízos como desmatamento e erosão
nas várzeas de rios e matas ciliares, já citados. Segundo Pellegrino et al. (2006),
esse processo de supressão de áreas verdes é proporcional pavimentação do solo
é intrínseco ao processo de urbanização atual. Observa-se, de acordo com Aide e
Ruiz-Jaén (2006 apud VIEIRA, 2008), que o uso das várzeas em zonas urbanas,
diferente do solo utilizado para atividades de agricultura no campo, provoca danos
16

raramente reversíveis, ampliando a importância do restante da vegetação dos


centros urbanos no sentido de proporcionar habitat para fauna e flora, atuando como
corredores para dispersão e para conectividade com o meio rural.
Desse modo entende-se que a gestão das águas urbanas proverá o controle
de sua qualidade, diante do desenvolvimento urbano e ambiental baseado na
legislação existente, por meio de fiscalização e realização de projetos para que as
águas sejam usufruídas de maneira adequada. Nesse sentido, a cidade de Teresina,
capital do estado do Piauí, é a região delimitada para o foco desta pesquisa.
Teresina situa-se no extremo oeste do estado e tem a característica ímpar de
ser cortada por dois rios em sua zona urbana: o Rio Parnaíba e seu afluente, o Rio
Poti. Ambos são rios navegáveis por barcos de pequeno e médio porte em qualquer
época do ano. A cidade de Teresina foi fundada às margens do Rio Parnaíba e se
expandiu até alcançar as margens do Rio Poti. Para a ocupação urbana do território
foi necessário superar o “obstáculo” constituído pelo Rio Poti, de modo a ser
possível a expansão urbana para além de sua margem direita.
Refletindo a expansão da cidade, observa-se que em 1852 foi realizado o
primeiro traçado urbano de Teresina, compreendendo 100 quarteirões destinados à
implantação das principais áreas de interesse de urbanização, o que consta do
Plano Diretor de Drenagem Urbana (TERESINA, 2012).
Atualmente, a população de Teresina cresce a uma taxa superior à média
registrada no Brasil, de acordo com o Censo 2010, quando sua população era de
814.230 habitantes, e o crescimento urbano ocorria de forma desordenada, levando
à ocupação irregular de áreas de preservação ambiental, de um lado e, de outro, à
criação de conjuntos habitacionais pelo governo do estado com recursos do governo
federal, sem infraestrutura adequada, cujos esgotos são diretamente lançados nos
dois rios e nas lagoas.
Hoje, o Rio Parnaíba é responsável por 95% do abastecimento de água da
cidade, sendo os outros 5% relativos a regiões que não fazem parte da rede de
distribuição de água (TERESINA, 2010). Essa ocupação crescente e desordenada,
de acordo com Costa (2010), atinge o entorno dos rios Parnaíba e Poti de forma
alarmante, pois contribui para o aumento do adensamento populacional sem a
devida infraestrutura. Há a expansão de edificações nessas áreas, principalmente as
autoconstruções, que provocam inúmeros danos socioambientais como
desmatamento da vegetação original; soterramento e aterramento das margens do
17

rio, diminuindo a capacidade de drenagem; aumento dos resíduos sólidos;


enchentes mais frequentes e intensas; proliferação de doenças pela contaminação
da água; entre outros.
A partir desses danos ambientais causados pela expansão urbana, pergunta-
se: como atender a essa população? Como reduzir as agressões ao meio ambiente,
promover a integração harmônica e saudável entre homem e natureza e tornar a
cidade mais sustentável? Parte das análises, segundo Moura (2006), para
equacionar áreas como essas a iniciativa de contar com novas práticas de
desenvolvimento urbano.
Gandolfi e Rodrigues (2001) acreditam que o conhecimento sobre o contexto
do uso e ocupação do solo é necessário para a discussão sobre sua degradação.
Com isso, é imprescindível nesta pesquisa a análise das atividades desenvolvidas
pelo uso do rio, para identificação e apresentação daquelas que são poluidoras,
provendo mais fundamentação para a educação ambiental das comunidades, assim
como de toda a sociedade, no sentido de capacitá-las a participarem de planos para
a defesa do meio ambiente.
Atividades em áreas de bacias hidrográficas geram intervenção humana no
meio ambiente, muitas delas provocando a substituição de matas ciliares e
desmatamentos. Tais desmatamentos e o crescimento de áreas urbanas, sem as
devidas manutenções das áreas verdes, e de obras de infraestrutura, como
saneamento, são considerados exemplos de impactos indiretos, de acordo com
Cunha (2007), bem como as atividades mineradoras nos alúvios e as obras de
engenharia (barramentos, construções de pontes e diques artificiais). Tais impactos
resultam em grandes problemas ambientais e sociais, como inundações,
assoreamento do rio, etc.
Portanto, existe a necessidade de conhecimento das ações antrópicas
existentes na ocupação do território. Tais ações, segundo Viana, podem ser
negativas, as quais originam a degradação dos recursos naturais, ou ações
positivas, “quando regeneradoras de áreas e/ou funções naturais anteriormente
destruídas” (2007, p. 37). Por isso, faz-se necessário, de acordo com a autora,

A análise dos impactos socioambientais urbanos a partir da


investigação das localizações, das distâncias, das condições
ecológicas, do acesso diferencial à terra, das ações e formas de
apropriação social dos espaços da cidade (VIANA, 2007, p. 37).
18

Diante dessas colocações, hoje, para o desenvolvimento deste mestrado, a


pesquisa parte da análise da situação existente no Rio Parnaíba e em suas
imediações, objetivando verificar os impactos ambientais, em abrangência
ampla, como toda a região ao longo do rio Parnaíba, e áreas de influência
direta, como os pontos principais mais próximos a Teresina, sofridos pelo Rio
Parnaíba devido à urbanização da cidade de Teresina. Para isso, é importante
observar a degradação que esse processo provoca no objeto em estudo e as ações
que visem a completar a urbanização da cidade com adequada infraestrutura de
saneamento básico, buscando a preservação do rio. Entende-se que cabe aos
gestores da cidade a responsabilidade sobre a implantação dos planos de
urbanização e suas políticas públicas, destacando as questões que permitam
responder o impacto dessas ações. E, nesse contexto, faz-se necessário também
entender o comportamento da sociedade perante tais ações.

JUSTIFICATIVA

As cidades vêm sofrendo as consequências de uma urbanização


descontrolada e intensa. Segundo Ascher (2010, p. 20), a urbanização passou a ser
desordenada a partir da Revolução Industrial, pois até então o tamanho das cidades
dependia “dos meios de transporte e armazenagem das pessoas” dos sistemas
viário, de água, de esgoto, dentre outros. Verifica-se, assim, que há necessidade de
gestão urbana, bem como o reconhecimento de fluxos e outras interferências na
área urbana. Por isso, essa dissertação parte do enfoque na gestão urbana de modo
a controlar o consumo de recursos naturais como parte intrínseca da cidade.
No caso do Rio Parnaíba, manancial em estudo, formado pela junção dos rios
Surubim e Água Quente, no sul do estado do Piauí (Figura 1), ocorre uma
urbanização irregular em suas margens, incluindo a Área de Preservação
Permanente (APP), conforme determina o Código Florestal (Lei n. 12.651/2012),
principalmente na cidade de Teresina. Observa-se que a bacia hidrográfica do Rio
Parnaíba é a segunda mais importante da Região Nordeste do país, após a bacia do
19

Rio São Francisco. Abrange o estado do Piauí e parte dos estados do Maranhão e
Ceará (EPE, 2005).

Figura 1: Encontro dos rios Surubim e Água Quente.

Fonte: Google Maps (2015), editada pela autora.

A partir da Figura 1 pode-se observar a formação do Rio Parnaíba na parte


sul do Piauí, pelo encontro dos rios Surubim e Água Quente, que em toda a sua
extensão separa os estados do Piauí e do Maranhão.
Assim como na bacia do Rio Parnaíba ocorre uma urbanização sem a devida
infraestrutura de saneamento, há outros exemplos distribuídos no país, como São
Paulo, que sente as consequências desse crescimento urbano desacompanhado do
crescimento de infraestrutura necessária para suportar o mesmo, no cotidiano da
população. Nesse caso, o cenário é de escassez de água no sistema, com o
esvaziamento de suas represas, destacando-se a da Cantareira, então “produzindo”
um forte período de seca que vem afetando a área metropolitana de São Paulo,
dependente dessas represas para abastecimento. Arnt e Correia Junior (2014)
apontam que a situação de seca é agravada pela poluição e desperdícios de água e
esse cenário propicia maior poluição do sistema hídrico.
Tucci (1995) ressalta a importância de contar com um desenvolvimento
sustentável das bacias hidrográficas de forma a aproveitar racionalmente esses
recursos com o mínimo de dano ao meio ambiente. Isso se justifica porque esses
danos ocasionam um crescimento de complexo gerenciamento do sistema hídrico,
20

provocando a redução da disponibilidade do mesmo com deterioração da qualidade


da água. Gorski (2015)1 reforça a importância da preservação das bacias quando
afirma que ações em qualquer área das bacias geram consequências em toda a sua
extensão, incluindo canais fluviais.
Diante dessas considerações, essa pesquisa tem como objeto de estudo o
Rio Parnaíba no perímetro urbano da cidade de Teresina. Isso se explica pelo fato
de o rio ser um importante personagem na vida da cidade e apresentar crescente
processo de degradação, com a alteração de sua paisagem original, podendo esta
situação ser irreversível. E, de acordo com o estudo realizado pela Companhia de
Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), com
participação do Ministério da Integração Nacional e do Governo do Estado do Piauí
(2014), é fato a ineficiência da gestão administrativa nesse aspecto, assim como a
omissão da população que, por meio de falta de saneamento básico, do
desmatamento, da elevada utilização de agrotóxicos e da poluição por resíduos
sólidos, gera a redução de áreas verdes e degradação dos cursos d’água,
principalmente no Rio Parnaíba. Alvim, Bruna e Kato (2008) apontam que é
necessário o estabelecimento equilibrado entre sociedade, desenvolvimento
econômico e meio ambiente que compõem o território da bacia hidrográfica a fim de
se conseguir o desenvolvimento sustentável utilizando essa região como uma
unidade de planejamento e gestão.
Segundo Costa (2010), cuidar dessas questões de recuperação de bacias
hidrográficas envolve um custo econômico relativo à dificuldade do proprietário da
terra em recuperar as matas ciliares e a drenagem nessas áreas de mananciais,
compatibilizando seu uso econômico convencional com a função ecológica ao
desenvolver suas atividades no âmbito da sustentabilidade. Desse modo, é
necessária a harmonia entre as atividades econômicas existentes e a preservação
do meio ambiente para que não haja prejuízo em nenhuma das partes, já que ambas
são essenciais ao bom funcionamento da cidade e a seu desenvolvimento saudável.
Nesse contexto, é preciso conscientizar a população para cuidar da bacia
hidrográfica de sua cidade, ressaltando a importância e os benefícios de sua
preservação.

1
Palestra realizada pela autora Maria Cecília Gorski Barbieri, “O resgate de orlas fluviais
urbanas”, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, em 16 de abril de 2015.
21

Esta dissertação tem como objetivo geral analisar os impactos ambientais


sofridos pelo Rio Parnaíba devido à urbanização da cidade de Teresina, observando
que esse processo provoca degradação no objeto em estudo. A análise foi realizada
por meio dos dados obtidos em pesquisa teórica e pesquisa de campo.
Fazem parte dos objetivos específicos desta pesquisa identificar pontos de
impactos de degradação com áreas de influência direta no Rio Parnaíba dentro da
cidade de Teresina – no trecho delimitado para estudo –, ocasionados por atividades
econômicas e do processo de urbanização; analisar as transformações da paisagem
ocorridas nas margens do rio; e levantar a legislação existente que visa à
preservação e minimização dos impactos ambientais decorrentes da urbanização
desordenada. Nesse sentido, tais objetivos serão alcançados com a análise do
material recolhido em pesquisa teórica e pesquisa de campo.
Para dar início à pesquisa trabalha-se com um recorte temporal e espacial do
objeto. Em relação ao recorte temporal, o objeto é analisado na atualidade – as duas
últimas décadas do século XXI –, sendo essencial o conhecimento de sua história ao
longo do tempo. Como recorte espacial situa-se o trecho do rio que atravessa a zona
urbana de Teresina, entre o encontro dos rios até o final da Avenida Maranhão,
como mostra a Figura 2, totalizando um trecho de aproximadamente 12,3
quilômetros de extensão.
22

Figura 2: Extensão estudada do rio.

Fonte: Google Maps (2015), editada pela autora.

Na Figura 2 observa-se o trecho destacado em vermelho, que se refere à


área de estudo do presente trabalho.
A partir desse recorte, buscando alcançar os objetivos da pesquisa, esta foi
executada em etapas para que fosse realizada de forma sistematizada e facilitasse a
organização do trabalho. Através da realização de pesquisa teórica levantou-se as
referências por intermédio de fontes secundárias, com a análise de textos em livros,
dissertações, teses, artigos sob os aspectos metodológicos, qualitativos e
conceituais relacionados aos temas que condizem com o objeto em estudo, como
urbanização, ambiente e sustentabilidade.
Fez-se necessário, também, nessa etapa, o levantamento e a análise das
legislações vigentes, permitindo a comparação entre a legislação vigente na área e
as ações que de fato são colocadas em prática; entre essas legislações estão o
Código Florestal e a resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama),
23

como a de número 237, que faz “revisão dos procedimentos e critérios utilizados no
licenciamento ambiental, de forma a efetivar a utilização do sistema de
licenciamento como instrumento de gestão ambiental” (BRASIL, 1997), assim como
o Plano Diretor da cidade de Teresina. Dessa pesquisa resultaram os capítulos 1, 2
e 3, que falam sobre a relação entre rios e cidades, o Rio Parnaíba e Teresina,
respectivamente, levantando ainda dados e aspectos históricos; isso permitiu
também a construção de um arcabouço para fundamentar o capítulo 4, o qual traz
os resultados.
Para a coleta de dados primários, fazem parte os levantamentos físicos,
levantamento icnográfico e documental a partir de visitas nos órgãos responsáveis
pelo planejamento urbano da área – Secretaria Municipal de Planejamento e
Coordenação Geral de Teresina (Semplan) – e na administração responsável pela
captação e fornecimento de água – Águas e Esgotos do Piauí SA (Agespisa).
Concomitantemente foi realizada uma pesquisa de campo com levantamentos
fotográficos no dia 30 de agosto de 2015, e levantamento local dos principais
impactos diretos no rio, como despejo de esgotos, lixos e atividades econômicas.
Essa etapa teve como foco a identificação dos pontos de impactos de degradação
do rio e suas origens. Para os procedimentos dessa etapa foram necessários alguns
materiais, como máquina fotográfica e computador. Este, por sua vez, foi utilizado
através dos programas Adobe Photoshop, Google Earth e CAD.
Dessa maneira, foi produzido, o capítulo 4, que apresenta os resultados
obtidos. Tal capítulo, portanto, além de referências bibliográficas, conta com a
pesquisa de campo descrita para análise das diversas fontes de impactos que atuam
sobre o Rio Parnaíba, suas consequências e possíveis soluções. Essa análise é
complementada com o levantamento local de uso e análise comparativa dos anos de
1989, 2000, 2010 e 2015 com uso de imagens de satélite e com o
geoprocessamento dessas imagens, gerando o mapeamento dos usos do solo
(água, cobertura vegetal, ocupação urbana, asfalto) e permitindo a análise da
transformação da paisagem nas margens do rio ao longo do tempo. Justifica-se a
escolha dos anos de 1989 e 2015 por serem respectivamente a primeira imagem a
que se tem acesso e a última, e a dos anos de 2000 e 2010 por marcarem as datas
dos Censos de 2000 e 2010, para que a comparação da imagem pudesse ser
fundamentada em tais levantamentos do IBGE.
24

Para o mapeamento e distinção em classes de acordo com o uso do solo do


sítio urbano de Teresina, no trecho em foco desta pesquisa, foram utilizadas
imagens do satélite Landsat 5. Este oferece resolução espacial de 30 metros, sendo
a mais adequada para o período em estudo, de acordo com a disponibilidade de
imagens. O satélite possui sensores que cobrem as faixas do verde (banda 2),
vermelho (banda 3) e infravermelho (banda 4), as quais se definem para trabalhos
relativos à cobertura vegetal (NOVO, 1992).
As imagens selecionadas e disponibilizadas pelo Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE, 2015) estão em seu catálogo eletrônico. Elas estão
inseridas na Órbita/Ponto 219/064, em datas distintas, sendo uma no dia 14 de
agosto de 1989, compreendida no primeiro período de estudo da pesquisa, e as
demais nos anos de 2000, 2010 e outubro de 2015. As imagens passaram por
tratamento de geoprocessamento e sensoriamento remoto, pelo software SPRING
4.3.3, para procedimentos de correção e ajustes, sendo em seguida realizado um
tratamento de realce e contraste. As técnicas utilizadas nesse aplicativo
possibilitaram visualizar a extensão de área arborizada, asfaltada, com ocupação
urbana e de água dentro da região pesquisada. Essa análise foi realizada a partir da
comparação entre as quatro imagens, identificando a dinâmica temporal e espacial
das classes definidas nos períodos em questão.
O capítulo 4 trata, portanto, da sistematização das informações e da obtenção
de material gráfico que se baseia em todo o material coletado nas fases anteriores
da pesquisa, com o intuito de alcançar os objetivos propostos por esta.
Por fim, tem-se as considerações finais, que desenvolvem a conclusão de
toda a pesquisa, principalmente com base nos resultados obtidos e apresentados no
capítulo 4.
25

CAPÍTULO 1: A RELAÇÃO RIO E CIDADE

Segundo o autor Caio Prado Junior (2001), para entender determinado


momento de algum objeto que se pretende estudar, é importante analisar o conjunto
de fatos essenciais, “[...] porque todos os momentos e aspectos não são, senão,
partes, por si só incompletas, de um todo [...]” (PRADO JUNIOR, 2001, p. 19).
Na visão de Almeida e Carvalho (2009, p. 2), os rios urbanos

[...] são aqueles que, dialeticamente, modificam e são modificados na


sua inter-relação com as cidades. E a partir dessa interação, surge
algo que é, ao mesmo tempo, natural e cultural, orgânico e artificial,
sujeito e objeto, algo híbrido porque não é mais natural, mas também
não se transformou ao ponto de deixar de carregar em si a Natureza.

Observa-se com a afirmação que a relação entre rios urbanos e cidades se


trata de uma relação mútua de modificação e ação, que muitas vezes os rios
urbanos demonstram essas ações de modificação da cidade, por consequência da
ação das cidades sobre eles. Logo, o Rio Parnaíba e a cidade de Teresina fazem
parte desse contexto.
Antes de falar especificamente sobre o Rio Parnaíba, ressalta-se a
importância da compreensão da relação entre rios e cidades desde o início das
primeiras civilizações, que se organizaram próximas às águas.
Mesmo que não tenham sido diretamente responsáveis pela sedentarização,
transformação da cultura nômade para permanente, os rios tiveram um papel
primordial na criação e sobrevivência de muitas cidades. Isso se deve, dentre alguns
aspectos, à necessidade de alimentação da população, quando os rios nada mais
eram do que fonte de água potável para homens e seus animais. Vale ressaltar que
essa cultura, a qual Faber (2011) refere-se, localizava-se em regiões desertas da
África. Pode-se perceber também a importância do rio para a formação de cidades
pela afirmação de Heródoto, o pai da História: “O Egito é uma dádiva do Nilo”
(FABER, 2011, p. 10).
Nesse sentido, Munford (2004, p. 68) afirma que, no início, a cidade

[...] esteve necessariamente confinada a uns poucos grandes rios,


em regiões especialmente favorecidas. Uma vez drenados os
26

pântanos e regulado o nível das águas, a terra desses vales revelou-


se extremamente fértil. Mesmo sem o excremento animal, o rico solo
depositado por ocasião das enchentes garantia colheitas quase cem
vezes maiores que a sementeira original: algumas vezes duas ou
três safras por ano.

Baseando-se nessa afirmação extrai-se a grande importância do rio para


sobrevivência dessas populações, sendo importante fonte de alimento para as
mesmas.
Além de sua função de sobrevivência, as águas também foram utilizadas por
civilizações antigas contra o ataque de povos vizinhos, quando se defendia os rios
dos inimigos, já que sua posse representava “um instrumento político de poder”. Tal
significado era devido ao fato de que sem água não se vive. Nesse contexto, o
controle sobre os rios era a base de poder dessas antigas civilizações (REBOUÇAS,
2006).
Os rios também se apresentavam como via de mobilidade para a sociedade.
Dessa forma, ele possibilitava o deslocamento, permitindo a circulação de pessoas e
mercadorias. Sobre isso, Munford (2004, p. 68) afirma que os “rios foram as
primeiras autoestradas, tão logo se inventaram os barcos: correias móveis de água,
com mil quilômetros de extensão, no Egito e Mesopotâmia [...]”. Com o passar dos
anos, pela invenção do automóvel, esse meio de transporte foi deixado de lado no
Brasil, sendo o transporte rodoviário o modal mais utilizado no país.
Almeida e Carvalho (2010) fazem um estudo comparativo entre as fases da
relação rio-cidade ao longo do tempo, baseado em Saraiva (1999 apud Almeida e
Carvalho, 2010) e Downs e Gregory (2004 apud Almeida e Carvalho, 2010). Para
Almeida e Carvalho (2010, p. 147), é possível perceber claramente, “a proposta de
Downs e Gregory de enfatizar os aspectos de uso prático e de engenharia
hidráulica, enquanto a proposta de Saraiva leva em conta aspectos como percepção
e relação sociedade-natureza (sociedade-rio)”. Apesar dessa diferença, Almeida e
Carvalho (2010) correlacionam fases das duas propostas: as Civilizações Hidráulicas
classificadas por Downs e Gregory (2004 apud Almeida e Carvalho, 2010),
caracterizadas pelo controle de escoamento fluvial, aterro e irrigação, condizem à
fase paradigmática de Harmonia e Ajustamento definida por Saraiva (1999 apud
Almeida e Carvalho, 2010), exemplificada pela civilização egípcia, que apresentou
relação harmônica e sinérgica com o rio; essa associação é justificada, já que
ambas se caracterizavam pela relação de adequação aos ciclos hidrológicos. Outra
27

conexão feita pelos autores é a Fase de Degradação e Sujeição definida por Saraiva
(1999 apud Almeida e Carvalho, 2010), na qual houve artificialização dos sistemas
fluviais, passando a apresentar cor e cheiro desagradáveis, relacionada ao momento
da Revolução Industrial identificada por Downs e Gregory (2004 apud Almeida e
Carvalho, 2010), caracterizada pela construção de canais e represas. Percebe-se,
nesse caso, que ambas as fases apresentam o início dos problemas de degradação
desses canais fluviais com a urbanização, na tentativa de controlar os rios.
Baseada nessa relação rio-cidade, Gorski (2010) aponta que todo rio tem uma
história e uma relação muito particular com a cidade. Segundo a autora, essa
relação deve ser entendida e valorizada, pois o rio tem significativo fator de
identidade, também associado a atividades culturais, recreacionais, esportivas,
produtivas, religiosas e outras.
Considerando os rios que estão presentes em zonas centrais das cidades,
Menezes (2007) afirma que eles incorporam imediatamente a paisagem urbana, já
que estão dentro desta, e consequentemente o imaginário coletivo. Para o autor, a
construção desse imaginário coletivo, em que o rio está presente, é associada
normalmente “à função do rio na formação da cidade” e seu papel na “viabilização
do crescimento econômico da cidade” reforçando a ideia de que o rio era escolhido
como ponto de início de uma civilização (MENEZES, 2007, p. 2).
Para Gorski (2010) as margens de cursos d’água, córregos, riachos e rios, no
início das civilizações, apresentavam-se como locais atraentes para assentamentos
de curta ou longa permanência e eram consideradas como referenciais territoriais.
Os cursos d’água aparecem normalmente associados aos mananciais, no imaginário
coletivo, mas também se apresentam como demarcadores de território, “produtores
de alimentos, corredores de circulação de pessoas e de produtos comerciais e
industriais, dentre outras funções” (GORSKI, 2010, p. 31), relacionando com a
afirmação de Menezes (2007), já que essas atividades viabilizam o desenvolvimento
econômico local.
Em relação ao Brasil, Gorski (2010, p. 36) afirma que

De modo geral, a relação harmoniosa de encontro da população com


o rio ocorreu até a metade do século XX, quando então se ampliaram
os conflitos entre desenvolvimento, sociedade e meio físico. E a
poluição e a dificuldade de acesso às áreas ribeirinhas foram
expulsando para longe das várzeas a prática de esportes e o lazer.
28

Contudo, o país ainda contém em algumas regiões, em que há populações


ribeirinhas, cujo abastecimento é feito pelos rios. Um exemplo disso é a comunidade
do Gramorezinho, em Natal (RN), que utiliza a água do Rio Doce para irrigar a
plantação de hortaliças, que a cada ano tem se tornado mais escassa e de menor
qualidade (LIRA, 2011).
Assim como Gorski e Munford, Gandara (2013, p. 1) destaca a função do rio
enquanto meio de circulação e contato, possibilitando às cidades que se originam
em suas beiras “o acesso, a concentração, a condensação, enfim, o crescimento
demográfico, o ir e vir”, apresentando-se como o principal veículo de comunicação
para as cidades que permeiam. A autora acredita que pela análise das “beiras” do
rio é possível saber da participação da paisagem natural na configuração de uma
cidade, do desempenho do lugar: colocar as beiras como as linhas mestras do
desenvolvimento de algumas cidades.
Nas últimas décadas do século XX, com o processo de urbanização, os rios
presentes nas áreas urbanas têm sido vistos, na maioria dos casos (GORSKI, 2010),
como obstáculos a serem superados por dificultarem o crescimento físico das
cidades. A urbanização também conseguiu associar a presença da água ao mau
cheiro e a inundações. Isso está relacionado com a teoria de Almeida e Corrêa
(2012) de que o rio, quando corta a cidade, é utilizado como receptor de tudo o que
a população descarta. Dessa forma, em muitos casos, o rio passa a ser negado pela
cidade, constituindo, assim, áreas desvalorizadas. Menezes (2007) também aborda
a marginalização do rio, considerando como elemento norteador da sua preservação
ou não a especulação imobiliária ao afirmar que

Quando elemento e equipamento presente na área central de uma


cidade, as margens de um rio tornam-se objeto de intervenção
urbanística, normalmente transformadas em eixo viário principal,
dado o potencial topográfico de suas margens [...] Porém, quando
não recebem adequado tratamento paisagístico tornam-se elementos
esquecidos e maltratados no cenário da cidade, exercendo apenas a
funcionalidade de articulação viária e, em casos extremos, o limite da
área urbana, sendo então relegado ao “fundo” da cidade (MENEZES,
2007, p. 2).

Ainda, segundo Menezes (2007), algumas cidades ribeirinhas continuam a


apresentar o rio como ícone de sua identidade, reconhecendo os benefícios dessa
29

localização e favorecendo a logística viária, de modo que proporcione um local


adequado para sua instalação.
Assad (2013) sintetiza bem a relação entre alguns rios urbanos e suas
cidades, ao colocar que as cidades eram extremamente dependentes do rio para o
seu crescimento e, ao crescerem, destroem-no quando o transformam na principal
via de escoamento de esgoto.
No ano da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, conhecida por Rio-92, aconteceu em Dublin, na Irlanda, a
Conferência Internacional da ONU sobre Água e Meio Ambiente, dando origem à
Declaração de Dublin. Nessa declaração, segundo Gorski (2010), estão presentes
recomendações e um programa de ação que trata da relação entre a água e a
diminuição da pobreza e das doenças, da necessidade das práticas de proteção
contra desastres naturais, da conservação da água e seu reaproveitamento, da
proteção dos sistemas aquáticos e das questões transfronteiriças, dentre outras,
comprovando mais uma vez a importância desse bem, a água, para a sociedade.
O Brasil possui, de acordo com Assad (2013), a maior reserva de água doce
do planeta. Nesse sentido, o país se destaca no cenário atual por seus rios
representarem 53% da produção de água doce do continente sul-americano, fato
que, para muitos, tem fundamentado a cultura do desperdício de água. No entanto,
os problemas relacionados ao abastecimento de água no país têm origem no
crescimento das demandas, com o acelerado crescimento urbano, e na degradação
da qualidade desse bem, como resultado da poluição, que tem inúmeras origens
(REBOUÇAS, 2006).
Munoz (2014) destaca a necessidade de cooperação entre países no que se
refere à gestão de águas, já que muitos dividem o uso de bacias hidrográficas, e
entre toda a humanidade, pois se trata de um bem mundial. Ela acredita que é a
partir disso que se pode conseguir sua preservação. A autora aponta algumas
dessas formas de cooperação, como o manuseio compartilhado de aquíferos
subterrâneos e bacias fluviais por diferentes países, a troca de dados científicos e
experiências bem-sucedidas, o fornecimento de água potável através das redes
urbanas e até a colaboração comunitária para a construção de poços em zona rural.
Destaca-se que 2013 foi o Ano Internacional da Cooperação pela Água,
quando as Nações Unidas desejaram que as pessoas pensassem em como elas
agem agora e o que podem fazer no futuro para garantir esse bem para as
30

presentes e futuras gerações, tendo sido um marco na conscientização das


questões relacionadas aos recursos hídricos. Essa reflexão é positiva pois coloca a
pessoa como um dos agentes responsáveis atuais, já que muitas vezes essa
responsabilidade é dada ao governo.
Com base nessas informações fica clara a importância que os rios
representam para a sociedade, sendo necessários para a sobrevivência humana,
principalmente por serem de fonte de água para ingestão. No entanto, é
imprescindível que a própria sociedade tome consciência de sua dependência em
relação à água e de sua finitude, assim como da necessidade de implantação de
políticas públicas, especialmente de políticas urbanas, que visem a práticas para a
redução de impactos de degradação das águas, como a política de proteção e
recuperação de áreas de mananciais, presente no Plano Nacional de Recursos
Hídricos (PNRH), que estabelece metas para a preservação dos mananciais em
todo o país (PLANO [...], 2012). Portanto, deve haver também cobrança, por parte
da sociedade, dos órgãos responsáveis pelas práticas dessas políticas, para que
sejam efetivadas de maneira eficiente e satisfatória. Promove-se, assim, a
preservação da qualidade desse recurso natural. Sachs (2014) evidencia essa
importância da gestão dos recursos hídricos como parte essencial das estratégias
de desenvolvimento socioeconômico.
Desse modo, como tantos outros rios, a exemplo do Rio Tamanduateí, que foi
ponto de partida para o surgimento da cidade de São Paulo, o Rio Parnaíba foi
utilizado como ponto geográfico estratégico para a implantação de cidades, incluindo
Teresina, a única capital banhada por este rio. Tal fato é comprovado pela afirmação
de Albuquerque e Sales (2002, p. 2) de que a cidade de Teresina se situou próxima
ao rio “pela necessidade do uso da navegação como meio de comunicação e
transporte”. Percebe-se com a afirmação a importância que o rio apresentou na
formação da cidade.
A cidade de Teresina ocupa 228,31 quilômetros quadrados. Ela está situada à
margem direita do rio, na região do médio curso de sua bacia hidrográfica, sendo
esta dividida em baixo curso – próximo à foz –, médio curso e alto curso – próximo à
nascente (TERESINA, 2002).
Atualmente o Rio Parnaíba apresenta importante função para toda a cidade
de Teresina, por se tratar de seu único manancial de abastecimento de água. Além
dessa função vital para a população, ele é utilizado como fonte de renda por parte
31

da população, principalmente na zona norte, através de atividades como o cultivo de


hortas e utilização das lagoas existentes no local para extração de matéria-prima,
principalmente o barro. Além destas atividades são apontadas outras atividades
econômicas nessa região assim como na zona sul, que serão descritas ao longo
deste trabalho.
32

CAPÍTULO 2: EXPANSÃO URBANA E A CIDADE DE TERESINA

2.1 EXPANSÃO URBANA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O desenvolvimento urbano altera de forma significativa o ambiente,


com impacto direto sobre a população, além da destruição dos
habitats naturais. As decisões urbanas têm sido transformar rios em
cloacas e lixões cobertos por lajes de concreto, escondendo os
problemas que acabam aparecendo nas enchentes e nas doenças
transmitidas pela urbanização irresponsável (TUCCI, 2010).

Devido às problemáticas enfrentadas pelas cidades decorrentes do processo


de urbanização, surgiu a necessidade de um desenvolvimento urbano sustentável,
objetivando um desenvolvimento urbano que preserve o meio ambiente e
amenizando seus impactos sobre o mesmo.
Com a destruição das cidades após a Segunda Guerra Mundial, houve a
necessidade de suas reconstruções rápidas. Isso foi realizado por meio do
planejamento urbano modernista, com a política de bem-estar social, que
vislumbrava um zoneamento monofuncional (HARVEY, 2001). Nesse contexto, as
grandes cidades do mundo foram reconstruídas sob essa ótica, que vislumbrava
também a valorização do automóvel e a troca do tecido urbano habitual pelos
grandes conjuntos habitacionais periféricos, originando os guetos e extinguindo as
relações sociais e afetivas (NOBRE, 2004). Harvey (2001) já considerava, na
década de 1980, a procura de planejamento que proporcione misturas de espaços
diferenciados, com estratégias pluralistas. Atualmente, esse pensamento ainda
predomina em virtude da busca por desenvolvimento sustentável. Isso se justifica,
de acordo com Nobre (2004, p. 1), porque tais

[...] teorias têm valorizado a combinação de formas urbanas


compactas e densas, associadas ao uso misto, pois além de
maximizar o uso da infraestrutura instalada, reduzem a necessidade
de sua expansão para áreas periféricas, viabilização a implantação
de sistemas de transportes coletivos, favorecem o surgimento de
atividades econômicas e encorajam o pedestrianismo.

Segundo o autor, a combinação dos fatores cidade densa e compacta, usos


diversificados e transporte coletivo formaria o modelo urbano sustentável por
33

despender de menos gastos do poder público em seus usos e manutenção e gerar


menos impactos negativos ao meio ambiente, como a poluição.
Convergindo com Harvey e Nobre, Najberg (2003) aponta que somente no
pós-guerra se inicia a preocupação com o meio ambiente em esfera global, por
conta do desenvolvimento acelerado. Nesse contexto, no Brasil, a base produtiva,
até então de maioria de atividade primária, passa a ser substituída pela base de
industrialização, principalmente a indústria automobilística. As ações dos governos
locais e nacionais não tinham mais capacidade de controle dos problemas
ambientais ocasionados por esse crescimento urbano. De acordo com essa autora,
o ambientalismo do país, por se constituir de associações ambientalistas e agências
estatais do meio ambiente, é estruturado em seu período normativo como um
movimento bissetorial e

Estes dois atores terão simultaneamente uma relação complementar


e contraditória, confluindo ambos para a definição da problemática
ambiental como sendo o controle da poluição urbano-industrial e
agrária e a preservação de ecossistemas naturais (NAJBERG, 2003,
p. 37).

Segundo o Plano de Sustentabilidade do Concelho de Bragança (2006), a


Terra vem ameaçando a vida humana com respostas – alterações climáticas e
esgotamento das energias fósseis e minerais básicas, dentre outras – aos impactos
provocados pelas atividades do homem. Essas respostas provam a reduzida
capacidade do homem de antecipação dos problemas em escala global. Nessa
discussão, as cidades são os sistemas que geram mais impactos sobre o
ecossistema da Terra. Para que esses sistemas consigam garantir a
sustentabilidade é necessária a aplicação de planejamentos urbanos baseados na
redução desses impactos. O Concelho aborda também a necessidade de se utilizar
a informação como estratégia, e não a redução da complexidade urbana, que se dá
por corte dos recursos básicos como água e energia para que realmente aconteça o
desenvolvimento sustentável.
Para Moura (2006), já nos anos 1960 observa-se na avaliação do
planejamento que seus resultados não condiziam com as necessidades da
população, demonstrando que não havia integração entre os agentes.
34

De acordo com Ferreira (2005), a primeira vez que o termo “desenvolvimento


sustentável” foi utilizado ocorreu em 1972, no livro The Limits to Growth, escrito por
um grupo de cientistas americanos do Massachusetts Institute of Technology (MIT):

O referido grupo analisou os fatores básicos que podiam limitar o


crescimento no planeta: população, produção agrícola, recursos
naturais, produção industrial e poluição. Eles concluíram que as
tendências que se verificavam na altura conduziriam que os limites
de crescimento da sociedade humana seriam atingidos em cem
anos. Após esse período de tempo, seguir-se-ia um gradual declínio
da população global e da produção industrial, devido essencialmente
a crescentes problemas resultantes do esgotamento de recursos, à
poluição (incluindo a concentração de dióxido de carbono), à perda
de solo arável e ao declínio da produção de alimentos que levariam a
uma paragem do progresso. No entanto, afirmaram ser possível
alterar as tendências do momento através da implementação de uma
estabilidade ecológica e econômica que fosse “sustentável” e
permitisse o crescimento no futuro (FERREIRA, 2005, p. 1).

Esse debate originado na década de 1970 em torno do termo sustentabilidade


traz inúmeras preocupações relacionadas ao meio ambiente, que estão presentes
nas discussões atuais, como poluição, aquecimento global, baixa qualidade de vida
da população e exploração dos recursos naturais (SAMPAIO, 2009).
Nessa mesma década, no Brasil, são desenvolvidas campanhas ambientais
na esfera regional ou nacional, que anteriormente só existiam em caráter local
dentro da área de influência do que se buscava preservar (NAJBERG, 2003).
Lelé (1991), em sua pesquisa, faz um estudo comparativo entre diversas
interpretações e objetivos definidos para o desenvolvimento sustentável e aborda
que o termo “desenvolvimento sustentável” teve proeminência na apresentação do
World Conservation Strategy (WCS) pela International Union for the Conservation of
Nature and Natural Resources (IUCN), em 1980. No entanto, a autora coloca que o
termo aí apresentado possuía um significado relacionado mais à sustentabilidade
ecológica do que ao desenvolvimento sustentável. Nessa pesquisa, a autora
apresenta a dificuldade que muitos autores têm em conceituar o desenvolvimento
sustentável, apontando que o termo é muitas vezes interpretado como “crescimento
sustentável”, “mudança sustentável” ou apenas como um desenvolvimento bem-
sucedido.
Para Lelé (1991), o principal ponto do desenvolvimento sustentável é a
negação de que a conservação ambiental impossibilita o desenvolvimento e que o
35

desenvolvimento necessariamente significa poluição. A pobreza, nesse âmbito, é um


foco do desenvolvimento sustentável, pois ela é uma das fontes de degradação
ambiental, gerando assim um ciclo entre esses condicionantes. Nesse sentido, a
remoção da pobreza, em conjunto com ações de sustentabilidade e participação
constituem os três objetivos fundamentais do paradigma do desenvolvimento
sustentável. Segundo a autora, tem-se conseguido trabalhar com os dois primeiros
objetivos simultaneamente de forma articulada; articulação que não se observa entre
o último e o primeiro.
Em 1987, foi publicado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CMMAD) o Relatório de Brundtland, intitulado “Nosso futuro
comum”. Este coloca que a sustentabilidade não é um estado a ser atingido, mas se
trata de um processo contínuo, em que as práticas da cidade/sociedade devem estar
de acordo com as necessidades atuais e futuras. O documento apresenta a
definição mais utilizada sobre desenvolvimento sustentável:

O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às


necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das
gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades
(CMMAD, 1991, p. 46).

Como afirma Munoz (2014), citado no capítulo anterior, existe a necessidade


de cooperação entre os países em busca do desenvolvimento sustentável, e o
CMMAD (1991, p. 349) concorda com esse pensamento ao garantir que

A proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável devem ser


parte integrante das atribuições de todas as agências
governamentais, instituições internacionais e grandes instituições do
setor privado. Todas devem ser responsáveis – e assumir tal
responsabilidade – pela garantia de que suas políticas, programas e
orçamentos estimulem e apoiem atividades econômica e
ecologicamente sustentáveis, em curto e longo prazo.

Com isso, observa-se a necessidade de confluência nas relações


internacionais entre os países, com necessidade de adaptação dos fluxos de
comércio, capital e tecnologia adequados às exigências que possibilitem um meio
ambiente saudável. A CMMAD (1991) declara que para que essas relações ocorram
de maneira benéfica para todos os envolvidos é necessário que se garanta a
manutenção dos ecossistemas, dos quais depende a economia global e equidade
36

nos intercâmbios entre os parceiros econômicos. Ressalta-se que em países em


desenvolvimento essas condições não são atendidas.
Depois desse período houve vários encontros e conferências entre países no
sentido de discutir os rumos do planeta. Uma dessas conferências, a Conferência
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, aconteceu em 1992,
no Rio de Janeiro, e teve como resultado a Agenda 21, um documento que se tornou
um plano plurianual, que dentre seus objetivos, ações e recomendações estabelece
princípios do desenvolvimento sustentável. Em seu capítulo 7, a agenda estabeleceu
princípios relativos ao “desenvolvimento urbano sustentável”, e no capítulo 28, que
trata da implementação dos princípios então estabelecidos, aponta que, em 1996, a
maioria dos gestores locais de cada país deveria ter aplicado “um processo de
consulta da sua população e atingido um consenso das suas comunidades em
relação à Agenda 21 local” (FERREIRA, 2005, p. 2).
De acordo com Coutinho, Malheiros e Philippi Junior (2008), a Agenda 21
brasileira é um documento resultante de “um processo participativo e com status de
plano nacional de desenvolvimento sustentável”. Essa agenda, ao incorporar e
adaptar ao contexto brasileiro os princípios, compromissos e objetivos estabelecidos
na Agenda 21 global, torna-se um subsídio potencial na elaboração de políticas que
visam a um desenvolvimento duradouro. Os autores apontam questões importantes
a serem “enfrentadas e pactuadas entre governo e sociedade” com o intuito de
alcançar a sustentabilidade ambiental econômica, social e institucional,
apresentando diagnósticos e proposições, que, no entanto, deveriam ser
acompanhados por indicadores por meio de um sistema de monitoramento e
avaliação.
Para Viana (2007), a Agenda 21 brasileira faz um diagnóstico e análise da
situação do país, das regiões, dos estados e municípios, por intermédio de um
processo participativo, com o intuito de traçar metas futuras para um
desenvolvimento sustentável. Esse processo foi baseado em áreas temáticas
referentes à complexidade da problemática socioambiental brasileira e dentre os
temas escolhidos estão as cidades sustentáveis. Ainda de acordo com a autora,
essa agenda auxilia a validação social das propostas do Estatuto da Cidade dos
Planos Diretores, já que muitos se originaram da Agenda 21 local, e objetiva
subsidiar a elaboração e implementação de políticas públicas, sempre buscando o
desenvolvimento sustentável.
37

A Agenda 21 é documento resultado de um acordo internacional, que assim


como outros gerados em conferências prevê que a utilização dos recursos naturais
pelo homem ocorra de forma que não altere as condições da biodiversidade
existente (LEMOS E SALATI, 2006).
Sobre a Agenda 21, Magalhães (2006) coloca a aplicação dos princípios da
mesma à escala local como meio de promoção da sustentabilidade urbana. Muitas
cidades vêm tentando adaptar esses princípios em suas legislações e no
planejamento urbano. Elas realizam esforços no sentido de traduzir tais princípios
em legislações e novas práticas de gerenciamento de seus espaços e recursos.
Nesse contexto, a noção de sustentabilidade é cada vez mais introduzida aos
objetivos das cidades e nos discursos dos agentes que definem a agenda
dominante.
Ainda de acordo com Magalhães (2006), outra questão ligada ao
desenvolvimento sustentável diz respeito à escala das cidades. Pelo fato de a
construção da sustentabilidade urbana estar ligada ao gerenciamento do urbanismo
em escalas controláveis, alguns pesquisadores e organismos internacionais
defendem a pequena escala para as cidades. Contudo, a existência de megacidades
e seu tendencioso crescimento se contrapõem a essa tese.
Coutinho, Malheiros e Philippi Junior (2008) reforçam essa ideia das
experiências brasileiras com a Agenda 21, de que falta execução desses princípios,
ao afirmar que

[...] os esforços têm se concentrado muito mais no seu período de


construção e muito pouco na avaliação desses planos de
desenvolvimento sustentável. Essa questão merece maior atenção
das instituições fomentadoras dos processos de Agenda 21 para que
se coloquem esforços no componente de avaliação da
implementação das Agendas 21 e de seus resultados produzidos.

No intuito de contribuir com a efetivação dessa agenda, os autores apontam


que devem ser considerados dois encaminhamentos. O primeiro, sem a
obrigatoriedade da lei, considerando a Agenda 21 como protocolo de intenções com
instrumentos específicos que facilitem que seja colocada em prática. A
concretização dessas propostas deve ser cobrada pela população, que adquire
condições para isso por meio da educação ambiental, assim como de indicadores de
sustentabilidade. O segundo encaminhamento diz que a agenda pode ser
38

transformada em lei após a aprovação de suas metas e objetivos definidos a partir


das diretrizes gerais contidas na Agenda 21, perante as casas legislativas de uma
Política (Nacional, Estadual ou Municipal) de Desenvolvimento Sustentável. De
acordo com Coutinho, Malheiros e Philippi Junior (2008):

Nos dois casos, entretanto, é necessário que o conjunto de


atividades seja apoiado em objetivos comuns e partilhado com toda a
sociedade, que abrangem as instituições governamentais e as não
governamentais, e que só irá funcionar quando aceito pelos
principais atores de um determinado processo.

Em um documento produzido em 2005, chamado “Educação para o


Desenvolvimento Sustentável”, afirma-se que o conceito de desenvolvimento
sustentável continua a evoluir, tendo como esferas básicas a sociedade, o ambiente
e a economia, além da cultura como área subjacente. Nesse contexto, Ferreira
aponta de que maneira essas escalas atuam:

Sociedade: inclui a compreensão das instituições sociais, o seu papel


na mudança e no desenvolvimento, assim como os sistemas
democráticos e de participação que permitem a expressão de
opinião, a escolha dos governantes, a formação de consensos e a
resolução das diferenças. Ambiente: inclui a compreensão da
fragilidade do ambiente físico e dos recursos e os efeitos no
ambiente da atividade humana e das decisões tomadas e pressupõe
um empenhamento em considerar os efeitos das políticas de
desenvolvimento social e econômico no ambiente. Economia:
pressupõe uma sensibilidade em relação aos limites e
potencialidades do crescimento econômico, e um empenhamento em
avaliar os efeitos dos níveis de consumo pessoais e sociais no
ambiente e na justiça social. A cultura é considerada como uma
forma de estar, de relacionamento, de comportamento, de acreditar e
de atuar das populações, que tem que ser tida sempre em conta,
mas que está em constante processo de mudança (FERREIRA,
2005, p. 2).

Em relação a esses debates entre os organismos internacionais sobre


desenvolvimento sustentável, Costa (1999) concorda que houve avanço por não ser
mais aceita a compreensão de desenvolvimento sem que seja sustentável. Nesse
aspecto, é recriminado o crescimento econômico a qualquer custo, com irreversíveis
custos socioambientais, que caracteriza parte da expansão capitalista, incluindo o
modelo de desenvolvimento brasileiro. A urbanização brasileira, assim como na
maioria do terceiro mundo, não teve acesso à regulação urbana em sua totalidade, e
39

assim continuou sendo alvo dos efeitos de uma precária qualidade da vida urbana.
Nesse sentido, tratar da problemática socioambiental urbana remete a velhas
questões urbanas, embora de forma repaginada. Esse tema passa a ser tratado pela
sua grande repercussão no mundo abordando antigas questões sociais e urbanas,
incluindo aspectos do ambiente e nele os efeitos das atividades humanas.
Viana (2007) aponta que a sustentabilidade na esfera urbana leva os
governantes a escolherem indicadores e estratégias que fundamentam a
estruturação de políticas urbanas em bases sustentáveis, assim como o
monitoramento e avaliação dos resultados destas.
Confirma-se, portanto, a pertinência do estudo da degradação ambiental para
a promoção de um desenvolvimento sustentável, além do citado anteriormente, em
escala local, de acordo com a afirmação de Viana (2007, p. 47):

A cidade, no século 21, portanto, passa a ser palco de uma vida


urbana sustentável, precisa superar sua degradação física, inverter a
lógica consumista e gerar alternativas concretas às injustiças. O que
pode ser sustentado, como e por quanto tempo são respostas
determinadas socialmente num processo de participação da
sociedade e mesmo de consenso social, a partir da criação e
aplicação de instrumentos básicos que permitam avaliar
quantitativamente os danos ambientais geradas nas cidades.

2.2 PROCESSOS DE OCUPAÇÃO E EXPANSÃO URBANA DE TERESINA

A cidade de Teresina foi fundada em 1852 com o objetivo de ser a nova


capital do estado do Piauí, que antes era situada na cidade de Oeiras. Esta,
segundo Pádua (2011), apresentava difícil acesso, distante do outro polo de
circulação de mercadoria localizado na cidade de Parnaíba, no litoral do estado,
inibindo o progresso e o escoamento da produção agrícola. Façanha (1998, p. 23)
reitera a necessidade do processo mudança da capital ao afirmar que

Os motivos que levaram à mudança da capital resultaram do quadro


decadente em que se encontrava a cidade de Oeiras, como,
também, das próprias possibilidades favoráveis que esse processo
poderia desencadear em prol de um maior desenvolvimento de todo
o Estado.
40

Observa-se, com isso, que a cidade de Oeiras não estava favorecendo o


desenvolvimento do estado, havendo necessidade de uma nova alternativa que foi
encontrada com a mudança da capital para um local mais favorável.
A cidade de Teresina foi considerada um local estratégico por ser
geograficamente central entre esses polos, facilitando o trânsito de mercadorias
(PÁDUA, 2011). Antes de se tornar a capital, Teresina era conhecida como Vila
Velha do Poti, atual bairro Poti Velho, e localizava-se no encontro dos rios Parnaíba
e Poti.
A princípio, segundo Façanha (1998), essa área foi escolhida para a
instalação da nova cidade, com localização favorável para o uso do Rio Parnaíba
como circulação. No entanto, essa mesma região sofria constantes inundações das
margens dos rios, alagando a vila. De acordo com Mota Junior e Silva (2007), o
conselheiro Saraiva, responsável pelo planejamento da cidade, presidente da
província do Piauí, na fundação de Teresina, considerou a região localizada nos
terraços fluviais de confluência dos rios Parnaíba e Poti imprópria para a
implantação da nova capital, em 1852, ocasionando a mudança da cidade da Vila
Velha do Poti para a Chapada do Corisco, o atual centro de Teresina, que possuía,
em 1851, segundo Chaves (1994), 49 habitantes.
Tal mudança teve apoio da população, que sentia necessidade de um local
seguro das enchentes que ocorriam periodicamente na Vila Velha do Poti,
resultando problemas econômicos e de insalubridade (LIMA, 2002). Atenta-se,
portanto, para o fato que comprova a existência desse problema ambiental, que são
as enchentes, desde o século XIX, sofrido pela população da cidade. Apesar da
transferência da capital de Oeiras para Teresina, no entanto, Façanha (1998, p. 25)
aponta que o estado do Piauí não teve desenvolvimento urbano considerável, além
de não ter existido uma articulação regional que possibilitasse a “sustentação
econômica da capital”.
Na Figura 3 observa-se a localização da Vila e do novo local de implantação
da cidade. Essa localização desprivilegiada dada à Vila Velha do Poti por Saraiva se
deu por conta das constantes inundações na região. No entanto, essa área voltou a
ser foco de urbanização a partir de meados do século XX, quando os gestores viram
nela um espaço para a expansão urbana, construindo conjuntos habitacionais.
41

Figura 3: Localização do novo ponto de ocupação de Teresina (em vermelho).

Fonte: Braz e Silva (2012, p. 219).

Assim como inúmeras outras cidades, como explicitado anteriormente, o


ponto de origem da cidade de Teresina foi escolhido por também estar próximo ao
Rio Parnaíba, o que facilitava a circulação de pessoas e produtos, já que na época
era comum o uso do sistema viário para isso.
Segundo Braz e Silva (2012), o surgimento da cidade de Teresina também foi
influenciado pelo contexto urbano da época, o qual tinha como uma das ações
urbanísticas a criação de novas cidades. A cidade foi a primeira capital planejada e
edificada no regime imperial. Seu plano inicial de implantação foi consequente da
legislação portuguesa rigorosa que orientava a criação de vilas e cidades no Brasil,
caracterizado pelas linhas retas, rigidez geométrica, regularidade de volume e
concentração simbólica dos poderes, através dos edifícios sedes dos mesmos,
governo e justiça, em torno da praça principal, como observado na Figura 4 (BRAZ E
SILVA, 2012).
42

Figura 4: Primeiro plano urbanístico de Teresina anexado em correspondência da Câmara


Municipal ao Presidente da Província do Piauí, datada de 28 de abril de 1855.

Fonte: Fundação Monsenhor Chaves (1987, p. 5 apud BRAZ E SILVA, 2012, p. 221).

O plano urbanístico apresentado na Figura 4 surgiu em 1855, foi desenhado


pelo mestre de obra João Isidoro França e proposto por Saraiva (PÁDUA, 2011). Até
1900 o plano Saraiva ainda era suficiente para abrigar toda a população da cidade.
O crescimento da cidade é intensificado a partir de 1940, como consequência da
instalação dos serviços de infraestrutura. A partir de 1950 essa expansão urbana já
se mostra problemática, influenciada pelo Plano de Metas de Juscelino Kubitschek,
então presidente do país, que propunha a intensificação do desenvolvimento e a
industrialização, visando a modernizar o país sem medir consequências.
Nas primeiras décadas do surgimento da cidade, Teresina era constituída por
pomares particulares, praças e ruas arborizadas. A arborização era uma
característica tão expressiva da cidade que, por isso, foi denominada “cidade verde”
pelo poeta maranhense Coelho Neto, em sua visita no ano de 1899. No entanto, a
preocupação com a arborização urbana até a década de 1960 estava vinculada a
razões estéticas, e não com a preocupação com qualidade de vida das pessoas,
tendo em vista que essa preocupação se tornou real a partir das últimas décadas,
com o contexto de problemas ambientais que abrange a todos (LIMA, 2002).
No início do século XX, ocorreu alteração do quadro econômico da época
devido a modificações na dinâmica espacial das cidades do estado. Tal fato
43

promoveu novas relações entre os diferentes núcleos urbanos, que até a segunda
metade do século XIX apresentavam um ciclo de hierarquia. O quadro econômico
mobilizou modificações importantes para a organização do estado e foi
caracterizado pela atividade extrativista. Façanha (1998) afirma que a navegação
fluvial também foi um fator importante para esse desenvolvimento, proporcionando a
ligação do estado com centros comerciais brasileiros e com o mercado internacional.
O autor destaca os industriais como principais atores da produção do espaço urbano
da capital na época.
No fim da década de 1950, observa-se que o Piauí ingressa no processo de
industrialização do país, apesar de apresentar uma economia frágil e com destaque
ao forte desenvolvimento do setor terciário. Esse contexto favoreceu um rápido
crescimento populacional nos centros urbanos do estado, principalmente em
Teresina, pela maior concentração de serviços e comércio. As atividades comerciais
tiveram início na década de 1950 e ganharam reforço em 1960 (FAÇANHA, 1998).
Outro fator atrativo para a população do interior era a procura por melhor
qualidade de vida, principalmente no que se refere à educação. O crescimento
populacional na capital apresentou uma taxa superior a 5% ao ano entre 1950 e
1980. Tal crescimento também é influenciado por fatores naturais, como as secas
frequentes na região, que mobilizaram a mudança de várias famílias que residiam
nas áreas rurais para a capital em busca de sobrevivência. Essa migração tornou-se
mais fácil por conta das várias rodovias interligando a capital aos diversos
municípios, que a partir da década de 1940 transformou a cidade num importante
entroncamento rodoviário (MELO; BRUNA, 2009).
Durante esse período, entre 1960 e 1980, foram construídos grandes
conjuntos habitacionais na cidade, que também geraram aumento populacional em
determinadas regiões. A população urbana passou de 98.329 para 339.042
habitantes, representando um incremento de 244,80%, e houve um decréscimo da
população rural, que passou de 44.362 habitantes para 38.732 (BACELLAR, 1994).
É a partir da década de 1960 que também ocorre o crescimento desmedido
da cidade, consequente do processo de industrialização existente no país nessa
época, caracterizado por construção de obras de infraestrutura básica como
estradas, vias e pavimentações (PÁDUA, 2011). Dentre essas está a construção da
primeira ponte de concreto sobre o Poti para ligar a cidade à BR-343, e com a
construção do campus da Universidade Federal do Piauí (UFPI) o crescimento da
44

cidade foi para a direção leste (LIMA et al., 2002), passando a ser zona nobre, já
que as demais eram alvo dos conjuntos habitacionais.
Façanha (1998) também considera a construção da Ponte dos Noivos sobre o
Rio Poti como fator para expansão da cidade no sentido leste, promovendo o
surgimento de novos bairros como Fátima, Jóquei e São Cristovão. Tal região, entre
os anos de 1970 e 1980, é marcada por abrigar populações de alto poder aquisitivo.
Já a zona sul, nesse período, teve seu processo de ocupação associado às
condições favoráveis de seu sítio urbano, entre os rios Parnaíba e Poti, e com
poucos obstáculos naturais.
Observa-se que essa zona beneficiou a implementação de serviços de
infraestrutura, fruto de políticas públicas de ações feitas pelo governo federal, o que
favoreceu a ocupação da mesma como a principal área de expansão da cidade.
Esta, em 1969, foi escolhida para a implantação do Conjunto Habitacional Parque
Piauí – no início com 2.294 unidades habitacionais –, abrigando posteriormente mais
conjuntos habitacionais, passando a apresentar uma área de segregação social
(FAÇANHA, 1998).
É possível perceber a evolução demográfica discutida a partir da análise das
Figuras 5 e 6, que apresentam a densidade demográfica por bairros nas épocas de
1960 e 1964. Apesar de se tratar de um intervalo de quatro anos, nota-se um
crescimento considerável e tendencioso para a zona leste.
45

Figura 5: Densidade demográfica por bairros em 1960.

Fonte: Teresina (1969 apud RODRIGUES, 2013 p. 121).

Figura 6: Densidade demográfica por bairros em 1964.

Fonte: Teresina (1969 apud RODRIGUES, 2013 p. 121).


46

Comprova-se, através da densidade demográfica comparada pelos dois


mapas (o primeiro referente ao ano de 1960 e o outro ao ano de 1964), que a
mancha da zona leste é a que apresenta maior diferença de tonalidade,
consequentemente maior aumento demográfico relativo comparado às demais
zonas. Isso revela o novo direcionamento da expansão urbana no sentido leste da
cidade, como abordam Façanha (1998) e Pádua (2011), enquanto nos anos
seguintes, com a instalação de conjuntos habitacionais na zona sul, esse sentido
passa a se apresentar como área de segregação residencial por constituir-se
basicamente de conjuntos habitacionais de baixa renda familiar.
Segundo Melo e Bruna (2009), até 1967 poucos conjuntos habitacionais
haviam sido construídos. Em 1968 foi concluído o Conjunto Parque Piauí, com 2.294
casas, que assim como muitos foi edificado longe da área urbanizada e, repetindo a
prática da construção de conjuntos habitacionais distantes, favoreceu processos de
especulação imobiliária, gerando extensão de obras e serviços e atendendo a
camadas intermediárias (MELO; BRUNA, 2009).
Nos anos que se seguem após 1964 é característico o aumento da densidade
demográfica dos bairros localizados principalmente nas zonas norte e sul. Tal
crescimento é justificado pela criação de conjuntos habitacionais nesses bairros,
ocasionando maior densidade demográfica absoluta quando comparados aos
demais bairros da cidade. Nos bairros Primavera 1, São Raimundo e Tabuleta foram
implantados conjuntos habitacionais com 198 unidades residenciais em 1966; no
bairro Monte Castelo, com um conjunto com 302 unidades habitacionais, construído
em 1967; e o maior de todos, considerando o número de habitações, o Parque Piauí,
construído em 1968, com 2.294 unidades residenciais.
Devido a essa problemática da expansão urbana, afirma Pádua (2011), o
poder público contrata, em 1969, o primeiro plano urbano para a cidade, sendo
nomeado Plano Diretor Local Integrado (PDLI), através de contrato celebrado em
outubro de 1968 entre a Prefeitura de Teresina e a empresa baiana Construções e
Planejamento SA (Coplan SA), sendo interveniente o Serviço Federal de Habitação
e Urbanismo (SERFHAU), órgão do Ministério do Interior (RODRIGUES, 2013).
Nessa época, em 1970, a maior densidade populacional se concentrava no centro
da cidade, com 34,6% da população, enquanto a zona sul apresentava 32,8% da
população e a zona norte detinha 30,8% (MELO; BRUNA, 2009).
47

De acordo com Rodrigues (2013, p. 84), o PDLI é estruturado em seis


grandes capítulos ou seções: “Teresina: entraves e impulsos no seu
desenvolvimento; Estratégia para o desenvolvimento local; Programas de ação, esta
sendo subdividida nos dois seguintes subtópicos: De execução da Prefeitura
(prioritários e especiais) e De execução de outros órgãos (prioritários e especiais);
Implementação do processo de planejamento; Apêndice metodológico; e a
Bibliografia”. Constitui-se, portanto, em um grande diagnóstico da cidade, com a
identificação de suas principais características e dos fatores que inibem seu
desenvolvimento, para, em seguida, serem traçadas as estratégias com objetivo de
superar esses entraves, gerando mudanças positivas para o desenvolvimento da
cidade. Na execução de suas diretrizes, apenas o sistema viário radioconcêntrico e
o anel rodoviário foram implantados, e os projetos propostos não condiziam com o
desenvolvimento socioeconômico que ocorria na cidade, por conta do
desconhecimento da realidade local por parte do escritório responsável pela
elaboração das propostas, já que este era baiano (MELO; BRUNA, 2009).
Na década seguinte, em 1970, com o intuito de resolver o déficit habitacional,
são criados 11 conjuntos habitacionais pelo Banco Nacional da Habitação (BNH) e a
Companhia de Habitação (Cohab) na zona norte da cidade, fazendo com que essa
região passasse a ser ocupada pela população de menor poder aquisitivo (PÁDUA,
2011), além de se tratar de uma área de largos terraços fluviais com muitas lagoas
plúvio-fluviais. Logo, essa região se caracterizava por problemas provenientes da
falta de saneamento e das inundações constantes. Tal fato também contribuiu para
a valorização da zona lesta da cidade.
Como dito anteriormente, esses conjuntos eram construídos longe da área
urbanizada da cidade, passando, dessa forma, a compor novos bairros para os
quais se levava a infraestrutura básica necessária, inclusive vias de acesso,
forçando a ampliação do perímetro urbano da cidade. No entanto, esse crescimento
não era acompanhado pela rede de transporte público, o que tornava a mobilidade
urbana reduzida nesses novos bairros. Com isso, a vida de seus moradores ficava
restrita àquele local, desconsiderando, assim, que o uso da cidade não se limita ao
bairro.
Os locais escolhidos para a implantação desses conjuntos eram desérticos,
formando, de acordo com Melo e Bruna (2009, p. 3.600), “verdadeiras cidades-
dormitórios implantadas a partir de terraplanagens excessivas com graves danos
48

ambientais”. Atualmente, esses conjuntos integram enormes bairros já incorporados


ao tecido urbano da cidade de Teresina.
Portanto, essa dinâmica teve como consequência um espraiamento da
cidade, fruto do crescimento populacional para áreas fora de seu perímetro urbano.
Dessa maneira, forçava-se a extensão do limite da zona urbana da cidade para
abranger esses novos territórios de ocupação.
A dinâmica desse espraiamento presente na cidade de Teresina pode ser
observada na Figura 7, que apresenta a ocupação urbana diferenciada entre
intervalos de anos até 1991, sendo estes 1800, 1850-1900, 1901-1940, 1941-1950,
1951-1960, 1961-1970, 1971-1980, 1981-1991. Pode-se perceber que até os anos
1940 os intervalos utilizados demonstrando o território urbano eram de mais de 35
anos. Após a década de 1940, a cidade passou a apresentar um crescimento mais
acelerado, o que comprova e explica o rápido crescimento do território urbano.
49

Figura 7: Mapa de evolução da ocupação do perímetro urbano de Teresina (PI).

Fonte: Kallas (2008, p. 73), modificado de Façanha (1998, p. 83).

Melo e Bruna (2009, p. 3.600) caracterizam as tipologias existentes nesses


conjuntos, diferenciando as casas de apartamentos e apontando as limitações que
existem neles:

Em geral, nesses bairros de habitação de interesse social, as casas


eram unifamiliares, em série, sendo consideradas mais adequadas
para os mais pobres, pois permitiam ampliações ao longo do tempo e
a manutenção, quando havia folga de recursos do orçamento
50

familiar, mas não quando o condomínio precisasse. O edifício de


apartamentos considerava ser mais engessador da estrutura
habitacional, e quanto mais alto se situasse a unidade de habitação,
pior seria, pois os elevadores – muito caros, na época – só eram
utilizados quando o edifício atendesse a uma faixa de renda mais
alta.

Tal expansão beneficiava a especulação imobiliária, favorecendo os


proprietários fundiários, já que a implantação desses conjuntos em locais fora da
zona urbana levava infraestrutura para seus terrenos, que constituem os chamados
vazios urbanos. Façanha (1998) afirma que a construção da cidade se deu pela
justaposição seletiva e desigual de fragmentos, formando espaços vazios, os
chamados vazios urbanos, que são o resultado da produção e da reprodução dos
agentes sociais na cidade.
Esses vazios urbanos apresentam-se supervalorizados vistos assim como
mercadoria e fonte de lucro para seus proprietários. Essa dinâmica foi incorporada
na cidade a partir da década de 1970 (FAÇANHA, 1998). Analisando esse dado com
os estudos mencionados anteriormente, nota-se que é a mesma época em que se
expande o processo de construção de conjuntos habitacionais em regiões abastadas
da cidade. Kallas (2008) acrescenta que a existência desses vazios entre os
conjuntos habitacionais encarecia a urbanização, dificultava a conectividade da
malha urbana e gerava um processo de favelização por conta de ocupação
inadequada que passava a existir nesses espaços. A ação tomada para amenizar
esse processo de favelização foi a de removê-las para áreas destinadas aos
conjuntos habitacionais em zonas periféricas da cidade, favorecendo o processo de
segregação sócio-espacial.
O segundo Plano Diretor da cidade, o Plano Estrutural de Teresina (I PET), foi
instituído pela Lei n. 1.591 de 31 de agosto de 1977, construído num convênio da
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), CNPU, a Prefeitura
Municipal de Teresina com o Instituto de Planejamento e Administração Municipal
(Ipam), constituído por uma equipe de Brasília. Com o objetivo de identificar os
principais problemas da cidade, dando base para futuras propostas, o I PET é
considerado uma atualização do PDLI. Dessa maneira, faz uma análise crítica deste
último documento abordando cada tópico de modo específico, apontando falhas ou
limitações pontuais. O I PET avalia primeiramente o PDLI sob os aspectos
socioeconômicos e, posteriormente, os físicos, sendo a principal crítica realizada, em
51

ambos os aspectos, à natureza da metodologia aplicada. Percebe-se com a análise


do PDLI a falta de uma interdisciplinaridade na sua elaboração, pois seus estudos,
mesmo abrangentes e detalhados, resultados de multidisciplinaridade, não são inter-
relacionados de maneira que haja seu melhor entendimento (RODRIGUES, 2013).
O I PET estabelecia uma série de orientações quanto às edificações. O
zoneamento se baseava em eixos e zonas de polarização que reforçavam o sistema
radioconcêntrico proposto no Primeiro Plano Diretor, estabelecendo padrões de
densidade por zonas, sendo considerado o valor de 100 habitantes por hectare uma
densidade aceitável. “Esta ocupação radioconcêntrica implicava numa concentração
de atividades no centro urbano de Teresina” (MELO; BRUNA, 2009, p. 3.606).
O terceiro plano, o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), foi
implantado em 1983. Desenvolvido pela Fundação Joaquim Nabuco, de Recife, e
pelo Instituto Nacional de Administração para o Desenvolvimento, definindo
estratégias de desenvolvimento da cidade, seguindo os objetivos inicialmente
propostos no I PET, e que não chegou a ser concluído na época, logo não foi
executado (MELO; BRUNA, 2009). Esse plano levou em consideração a cidade de
Timon, no Maranhão, no planejamento de Teresina, tamanha a dependência da
cidade maranhense à capital em relação aos serviços e pelo fácil acesso por conta
da proximidade entre as duas (RODRIGUES, 2013).
O PDDU serviu de base para a elaboração do Segundo Plano Estrutural de
Teresina (II PET), composto por um conjunto de dez leis. Dentre elas está a Lei n.
1.933, que delimita o perímetro da zona urbana de Teresina, partindo de um
prognóstico para o futuro da cidade, considerando as perspectivas de assentamento
urbano até o ano 2000, no intuito de garantir boas condições de habitabilidade e
conforto para a população (RODRIGUES, 2013). Nesse sentido, observa-se que um
dos pontos de partida para a elaboração do plano foi a necessidade de resolver os
problemas da cidade por conta do aumento da população, como a falta de moradia.
Assim, ele traz como uma de suas propostas a despolarização do núcleo central, por
meio da descentralização urbana e da inibição da saturação do centro da cidade,
como afirmam Melo e Bruna (2009, p. 3.606-3.607):

O II PET propõe um zoneamento que segue as tendências


espontâneas, de adensar os bairros já consolidados e distantes do
centro principal da cidade, estimulando novas direções de
crescimento. [...] A prioridade de ocupação da expansão urbana de
52

Teresina passou a ser a zona leste. Por isso foram definidos novos
eixos de deslocamento de infraestrutura para essa zona da cidade,
formando novos polos de interesses. Estes se transformaram em
novas centralidades aproveitando a ocupação espontânea que
acontecia em locais distantes do centro, como nos bairros Parque
Piauí, Buenos Aires, Itararé, São Cristóvão, dentre outros.

Tal expansão para a zona leste foi vislumbrada também por conta da
presença dos rios nas zonas sul e norte, considerados objetos de conflito, já que
restringiam a ocupação dessas regiões. A zona sul, com topografia acidentada e
região de proteção do manancial de abastecimento de água da cidade, que abriga a
Estação de Tratamento de Água (ETA) da Agespisa, aproximadamente a cinco
quilômetros do centro da cidade, e a zona norte, com a concentração de várias
lagoas, apresentando uma grande área sujeita a alagamentos, não se tornavam
atrativas para local de moradia pela maior parte da população.
Com a expansão da cidade para a zona leste, era necessária a interação de
seu sistema viário com o da zona sul. Essa interligação de sistemas viários foi
proposta a fim de consolidar a ocupação das novas diferente zonas definidas
(residencial, comercial e de serviços, industrial, institucional e de proteção
ambiental). Nesse contexto, a cidade foi dividida política e administrativamente em
cinco regiões, sendo estas Centro, Norte, Leste, Sudeste e Sul, com administrações
regionais independentes, como mostra a Figura 8, no intuito de facilitar o
gerenciamento da cidade.
53

Figura 8: Divisão da cidade de Teresina em zonas administrativas.

Fonte: Decart/Semplan (TERESINA, 2011).

Observa-se, pela Figura 8, a divisão dessas cinco regiões, que ocorreu com o
objetivo de descentralização da administração municipal, no intuito de melhorar o
atendimento às comunidades.
O II PET foi o primeiro plano urbano da cidade que utilizou a terminologia
“Plano Diretor” em sua nomenclatura, provavelmente por ter sido elaborado no
mesmo ano em que esse instrumento é instituído por Lei (art. 182 da Constituição
Federal de 19882, sendo regido por lei municipal). O II PET traça objetivos de

2
Trecho do Art. 182 da Constituição Federal de 1988: “A política de desenvolvimento
urbano, executada pelo poder público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei,
tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
bem-estar de seus habitantes. [...] § 1º: O Plano Diretor, aprovado pela Câmara Municipal,
obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes, é o instrumento básico da política
de desenvolvimento e de expansão urbana” (BRASIL, 1988).
54

natureza política, social, econômica, físico-ambiental e administrativa, o que vai de


encontro ao pensamento de Villaça (1997).
Segundo Villaça (1997), esse plano é elaborado a partir de um diagnóstico da
cidade relacionado a aspectos físicos, sociais, econômicos, administrativos e
políticos e, com isso, apresenta propostas de curto, médio e longo prazo, de
melhoramento da cidade aprovadas por lei municipal, sem considerar os aspectos
ambientais. Essas propostas se dão em forma de políticas urbanas. Para Alvim et al.
(2010, p. 13), tais políticas são constituídas por um “conjunto de políticas públicas e
ações do poder público sobre processos urbanos”, focando essas ações nas
necessidades ou demandas sociais existentes nas cidades; ou seja, são políticas
públicas que atuam nas demandas e práticas sociais, principalmente em nível local,
afetando diariamente a vida da população.
Uma consideração a ser feita em relação ao II PET é sua defesa ao processo
participativo nas tomadas de decisões, ou seja, de uma gestão (e de um
planejamento) mais democrática, influenciada pelo processo de redemocratização
que o país vivia à época (RODRIGUES, 2013).
Observa-se que no final dos anos de 1980 a cidade cresceu em todos os
sentidos, sendo mais tímido o crescimento na zona norte, por conta de sua
geografia. A zona sul teve grande crescimento, e a zona leste, que posteriormente
foi dividida em zona leste e zona sudeste, foi mais adensada, apresentando-se ainda
como zona nobre da cidade. Essas duas últimas zonas apresentavam maior
concentração de vazios urbanos e a maior parte de suas terras eram propriedades
privadas, enquanto na zona norte destacam-se as grandes extensões de terras
controladas pelo governo do estado e prefeitura, apresentando vazios urbanos
próximos a áreas alagadas. No centro, os vazios que existiam eram as praças
públicas (FAÇANHA, 1998).
Até 1990, teriam sido construídos 43 conjuntos habitacionais na capital, com
financiamento do BNH, formados por 34.594 unidades residenciais construídas por
grandes empreiteiras. No início desse mesmo ano, mais 24 conjuntos habitacionais,
com 10 mil residências, são construídos com recursos do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS) e/ou promoção do Instituto de Orientação às
Cooperativas Habitacionais (Inocoop). Entre 1995 a 2001, 22 conjuntos
habitacionais, compostos por 4.086 residências, são providenciados pelas Cohab-PI.
55

Nota-se, com isso, que a urbanização da cidade foi diretamente influenciada


pela criação desses conjuntos habitacionais, que provocaram grandes vazios
urbanos. A zona sul, por exemplo, foi transformada em área de segregação
residencial por agregar conjuntos habitacionais de baixa renda familiar. A
implantação dos conjuntos habitacionais em áreas mais afastadas acabou gerando
especulação de terras e expandindo cada vez mais o limite urbano da cidade, que
se extrai da afirmação de Oliveira (2012, p. 1-4):

Teresina é marcada por uma dinâmica urbana, caracterizada pela


sua expansão territorial, que será traçada por meio da política
habitacional e sua verificação na expansão urbana da cidade em
forma de conjuntos populares. [...] Os conjuntos populares
representam uma forma de reproduzir o espaço para os habitantes
das cidades [que se dá através da política habitacional]. [...] As
políticas de conjuntos habitacionais fazem parte de um complexo
sistema formado nas cidades por mediações de forças e vem
representando um campo de lutas, conflitos e transformações, já que
as funções urbanas não atendem às necessidades da população que
passam a viver naquele lugar. [...] A política habitacional é uma forma
de atender às famílias de baixa renda a partir de financiamento em
longo prazo, pois o processo de urbanização no Brasil é marcado por
desigualdades sociais e econômicas, que alia modernização e
crescimento.

A publicação do Estatuto da Cidade, nas instâncias legislativas, da Lei n.


10.257 de 10 de julho de 2001, que regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição
Federal e estabelece diretrizes gerais da política urbana, determina-se a
obrigatoriedade da elaboração do Plano Diretor, em seu art. 41, em cidades com
mais de 20 mil habitantes, integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações
urbanas, onde o poder público municipal pretende utilizar os instrumentos previstos
no § 4º do art. 182 da Constituição Federal: parcelamento ou edificação
compulsórios; imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no
tempo; desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública. Isso
forçou a elaboração do Plano Diretor de várias cidades do país, dentre elas
Teresina.
O último, o Plano de Desenvolvimento Sustentável (PDS), foi elaborado em
2002. No Brasil, nessa época, muitos municípios tomaram a iniciativa de construir
suas Agendas 21, sendo a Agenda 2015 a Agenda 21 local de Teresina, que
resultou do PDS. A Agenda Teresina 2015 aconteceu em 2001; no entanto, apenas
56

em 2006, cinco anos após aprovação do Estatuto da Cidade, que posteriormente é


alterado pelo Estatuto da Metrópole3, incorpora os instrumentos previstos neste
(RODRIGUES, 2013).
Um dos pontos apresentados na Agenda 2015 foi a importância da diminuição
da demanda do centro, semelhante à proposta do II PET, por meio de uma nova
estrutura ocupacional que minimizasse os processos de saturação e reduzisse a
necessidade de acesso ao local, que não tem estrutura que suporte o aumento
dessa demanda. Com essa intenção, percebe-se a comprovação de um
planejamento urbano atrasado que rege a cidade de Teresina, tendo em vista, como
afirma Meyer (2001), que a problemática do centro é uma questão discutida desde
1951, quando ocorreu o Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM
VIII), o qual teve como tema de encontro os centros urbanos. A autora coloca ainda
a dissolução do centro e a decadência do mesmo como espaço público, e que o
urbanismo contemporâneo, “classificado como reparador”, tenta fazer com que as
metrópoles participem de sua organização urbana.
A Agenda 2015 trata da Agenda 21 local de Teresina, sendo constituída de
uma avaliação da situação da cidade em 2002 e de planos de metas para
melhoramento dessa estrutura, prezando pela participação democrática. A
construção dessa agenda foi baseada na experiência de criação da agenda de
Vitória (ES), a AG21L. À convite da Prefeitura Municipal de Teresina, o consultor
desta agenda, Júlio Olímpio Fusaro Mourão, foi convidado para dar assessoria
técnica na criação da agenda de Teresina, além dos trabalhos realizados pelo
Conselho Estratégico, formado para executá-la. Apesar de prezar a participação da
sociedade civil no debate da construção da Agenda Teresina 2015, o que ocorreu foi
a participação desses atores em alguns encontros pontuais, não havendo um
envolvimento decisivo (CAMPOS, 2011).

3
O Estatuto da Metrópole, Lei n. 13.089 de 12 de janeiro de 2015, sancionada pela
presidenta Dilma Rousseff, altera a Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001 (o Estatuto das
Cidades), e estabelece diretrizes para o planejamento, a gestão e a execução das funções
públicas de interesse comum em regiões metropolitanas e em aglomerações urbanas
instituídas pelos estados. Este estatuto é estruturado em seis capítulos, que tratam de: I –
disposições preliminares; II – da instituição de Regiões Metropolitanas e de Aglomerações
Urbanas; II – da governança interfederativa de Regiões Metropolitanas e de Aglomerações
Urbanas; IV – dos instrumentos de Desenvolvimento Urbano Integrado; V – da atuação da
União; VI – disposições finais (BRASIL, 2015).
57

Por conta do acelerado crescimento urbano da cidade nas últimas décadas,


como mencionado, Façanha e Viana (2012) afirmam que existem dificuldades
quanto à análise dos problemas ambientais na Agenda 2015. O autor aponta ainda
que o atendimento das exigências do Estatuto da Cidade, em Teresina, aconteceu
de forma conflituosa e acolhendo, parcialmente, seus instrumentos. Para ele, tal
agenda foi criada no intuito de colaborar com a construção da Agenda 21 brasileira,
visando a alcançar as diretrizes do tema nacional sobre as cidades sustentáveis, o
que se comprova com sua afirmação de que o Plano Diretor criado com essa
Agenda 2015

Deve ser um instrumento normativo e orientador dos processos de


transformação urbana, nos seus aspectos político-sociais, físico-
ambientais e administrativos. Fixa, ainda, os objetivos políticos,
administrativos, econômicos, sociais e físico-ambientais que devem
orientar o desenvolvimento sustentável do município (FAÇANHA;
VIANA, 2012, p. 74).

Observa-se com a citação apresentada que a agenda considera elementos


que auxiliem e visem ao desenvolvimento sustentável da cidade. No entanto, de
acordo com Façanha e Viana (2012), essas orientações de desenvolvimento se dão
de forma restrita, já que não incluem outros pontos referentes ao Estatuto da
Cidade, como o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), dentre outros instrumentos
normativos. O autor cita ainda outros pontos negativos da Agenda 2015 como seu
diagnóstico superficial dos “aspectos relacionados às dimensões ambiental, social,
econômica, política, cultural e urbanística da capital”, que prejudica e distancia esse
documento do Estatuto da Cidade e da Agenda 21 (FAÇANHA; VIANA, 2012, p. 76).
Outro aspecto negativo mencionado por Façanha e Viana (2012) refere-se à
maneira como se criou a Agenda 2015. Ela deveria ter sido elaborada com a
participação da comunidade, de forma mais democrática; contudo, observa-se que
isso não ocorreu. Os autores apontam que não houve participação da comunidade
no processo criativo dessa agenda, sendo a mesma convidada apenas para tomar
conhecimento dela. Nesse sentido, observa-se, de acordo com o autor, que a
agenda foi construída de forma fragmentada e centralizada.
Sobre a participação da população, abordada por Façanha e Viana (2012), na
construção da Agenda 2015, observa-se, de acordo com Viana (2007), que é
recomendado na Agenda 21 o modelo participativo de democracia. Para haver
58

sustentabilidade no que concerne à gestão ambiental e ao desenvolvimento da


cidadania ativa é necessário haver democracia:

Os consensos necessários para que as mudanças no modelo de


desenvolvimento sejam operadas só serão possíveis por meio do
fortalecimento das possibilidades da gestão democrática e
participativa. Os Planos Diretores devem estar assentados no
conceito de desenvolvimento sustentável, e a sua implementação
deve ocorrer a partir de um processo de discussão coletiva, além de
estabelecerem parâmetros de qualidade de vida, ao garantir acesso
aos serviços básicos de excelência nas áreas de saúde, educação e
segurança, entre outros aspectos (VIANA, 2007, p. 47).

Tem-se, com isso, que a participação do cidadão é fundamental para


concretizar o desenvolvimento sustentável das cidades.
Viana (2007) reforça também a necessidade da participação dos atores
sociais envolvidos e empenhados com a melhoria da realidade para a
sustentabilidade política no processo de planejamento, sendo este fruto do processo
técnico e político. Nesse sentido, a construção desse planejamento passa a ser um
momento privilegiado de negociação entre esses atores, “confrontando e articulando
interesses nas definições de alternativas para a sociedade” (VIANA, 2007, p. 48).
Em 2002, tentou-se legalizar a Agenda 2015, por intermédio de um parecer
da Câmara Municipal de 12 de dezembro de 2002, em caráter de urgência, com o
Projeto de Lei n. 148/2002, que institui o Plano de Desenvolvimento Sustentável
Agenda Teresina 2015 como Plano Diretor da capital, constituído de nove artigos
(FAÇANHA; VIANA, 2012).
Mais uma vez, a implementação desse documento como representativo do
Plano Diretor da cidade de Teresina foi imposto por parte do poder público, em
setembro de 2006, por novos projetos de lei do Executivo ao Legislativo. Tal fato
ocorreu por conta do prazo de vencimento para o mesmo no dia 10 de outubro de
2006, estabelecido no Estatuto da Cidade.
Observa-se, com a análise dessa agenda, que por se tratar de uma
adequação da agenda nacional a sustentabilidade local deve estar em sintonia com
o contexto e ações de desenvolvimento nacional. Nota-se, baseando-se em Viana
(2007), que os objetivos contidos nela se tornam possíveis quando suas estratégias
de desenvolvimento sustentável integram os planos de desenvolvimento urbano.
Essas estratégias de desenvolvimento devem ser elaboradas de forma a se
59

alinharem às novas exigências da economia globalizada, o enfrentamento do quadro


de exclusão social e a deterioração ambiental.
Em atualização da Agenda Teresina 2015, foi lançada em 2013 e publicada
em 13 de agosto de 2015 a Agenda Teresina 2030: a cidade desejada, no Palácio
da Música. Essa agenda é dividida em cinco eixos temáticos: Cidade Sustentável,
Cidade de Oportunidades, Cidade de Direitos, Cidade Criativa e Governança
Eficiente. De acordo com a Semplan (TERESINA, 2015a), foi elaborada em conjunto
com entidades do movimento social, empresas privadas de responsabilidade social,
instituições públicas municipais, estaduais e federais e organizações do chamado
Terceiro Setor, de modo participativo. A Agenda Teresina 2030 objetiva, segundo a
Semplan (TERESINA, 2015a), “manter as conquistas da Agenda 2015 e de seguir
construindo uma cidade para as pessoas: ambientalmente sustentável, socialmente
inclusiva e economicamente justa”.
Na construção dessa nova agenda, em 2013, foram recebidas 490 propostas
que foram incluídas no Plano Plurianual (PPA), realizados quatro fóruns rurais e
quatro fóruns urbanos, além do seminário “Pensar Mais Teresina: mobilidade e
renovação dos instrumentos de legislação urbana”. Conta com cinco eixos
estratégicos de políticas públicas, já citados, e 20 objetivos principais ligados a
esses eixos, assim como instrumentos de monitoramento e avaliação desses planos
(TERESINA, 2015b). Dentro de cada eixo existem subeixos e nestes uma análise da
realidade atual e de diretrizes para sua modificação de forma positiva (TERESINA,
2015c).
Um dos pontos importantes da agenda diz respeito aos programas especiais.
Dentre este destacam-se o Programa Lagoas do Norte (PLN) e o Programa Zonas
de Desenvolvimento Sustentáveis (ZDS). Este se baseia na ideia de maior
densidade do espaço e menor deslocamento com quadras de múltiplos usos, de
maneira a agrupar esforços e atividades multifuncionais. Para isso, refere-se a uma
área com raio de aproximadamente 1,5 quilômetro, onde possam ser alcançadas as
unidades de prestação de serviço, comércio e lazer em um tempo máximo de trinta
minutos, partindo da plataforma de integração de transporte, em que se tem a
execução contemplada em projetos dessa agenda, utilizando, para isso, coletivo ou
um veículo não motorizado, como a bicicleta (TERESINA, 2015c).
É interessante observar a contradição presente nessa Agenda, que traz o
plano especial de ZDS e tem como estratégia “estruturar o sistema viário para
60

garantir melhor fluidez do tráfego, priorizando o transporte coletivo” ao mesmo


tempo que aponta como principais realizações da Agenda 2015, no aspecto de
mobilidade urbana, a construção de oito viadutos e implantação de avenidas.
Enquanto isso, a rede integrada de transporte ainda está no papel, segundo a
agenda em fase de execução (TERESINA, 2015b, p. 21). Nesse processo ainda não
foi construído nenhum dos terminais de integração.
Em relação à expansão urbana, observa-se em levantamento feito pelo IBGE
que a tendência de crescimento na zona leste continua. Comparando-se o
crescimento das regiões entre 1991 a 2010, a zona leste é a que apresenta maior
crescimento absoluto da população residente. Comprova-se também a tendência de
mudança da caracterização do centro em relação à sua tipologia, apresentando um
decréscimo de sua população residente, assim como maior concentração da
população residente na zona norte (Anexo A).
Atualmente, de acordo com Moura (2010) e com um estudo elaborado pela
Codevasf e pelo Ministério da Integração Nacional, Plano de ação integrado e
sustentável para a Ride Grande Teresina – produto II: diagnóstico situacional
participativo, de fevereiro de 2014, Teresina faz parte da Região Integrada de
Desenvolvimento (Ride) da Grande Teresina. Nesse contexto, como município
integrante de uma Ride, o município deve seguir, juntamente com os demais
integrantes dessa região, o Estatuto da Metrópole, que demorou dez anos para ser
aprovado, tendo seu projeto de lei apresentado em 2004 e aprovado em 2014,
sancionado apenas em 2015 (HOSHINO; MOURA, 2015). Dentro dessa lei, observa-
se que a Ride pode ser enquadrada dentro da unidade territorial que o Estatuto
denomina de regiões metropolitanas em seu art. 1º. Neste, em seu § 1º, é definida a
abrangência desta lei para além das regiões metropolitanas e aglomerações
urbanas, englobando também as “microrregiões instituídas pelos estados com
fundamento em funções públicas de interesse comum com características
predominantemente urbanas” (BRASIL, 2015). Nesse mesmo artigo, no § 2º, diz que
serão observadas as normas gerais de direito urbanísticos presentes no Estatuto da
Cidade e em outras leis federais na aplicação dessa lei.
Um dos principais benefícios desse estatuto é o que se refere à governança
interfederativa, contribuindo para o desenvolvimento urbano integrado. Tal fato se
deve pelo fato de a governança prever responsabilidades e ações públicas
compartilhadas entre os estados que integram a mesma unidade territorial em
61

termos de planejamento, organização e execução de função pública de interesse


comum na presença de campo funcional de interesse comum. Considera-se, para
efeito da Lei. n. 13.089, art. 2º, inciso II, que a “política pública ou ação nela inserida
cuja realização por parte de um município, isoladamente, seja inviável ou cause
impacto em municípios limítrofes” (BRASIL, 2015).
Com isso, observa-se que os estados do Piauí e do Maranhão, por
abrangerem um campo funcional de interesse comum, devem adotar esse padrão de
governança interfederativa, através de leis complementares, segundo a Lei n.
13.089/2015. Como apontado anteriormente, deve haver concordância de
planejamento e execução de ações públicas de interesse comum entre os
municípios integrantes dessa Ride, por conterem campos funcionais ou funções
públicas de interesse comum. Nesse contexto, entra a preservação do Rio Parnaíba.
Isso porque o rio se apresenta, dentre outros espaços, como tal campo funcional,
devendo sua preservação ser de interesse comum para todos os municípios da
Grande Teresina. Logo, é necessário que existam ações públicas congruentes entre
esses municípios com objetivo de preservação do rio.
62

CAPÍTULO 3: O RIO PARNAÍBA

O Rio Parnaíba, conhecido também como Rio das Garças, Paraguaçu, entre
outros nomes, foi consagrado no século XIX como “Velho Monge” pelo poeta Da
Costa e Silva4. A maioria dos historiadores afirma que o nome Parnaíba foi dado
pelo bandeirante paulista Domingos Jorge Velho, em homenagem a sua terra natal,
em 1662 (BAPTISTA, 1981).
De acordo com Moraes (2000), por receber contribuições de outros cursos
d’água e mesmo do lençol subterrâneo desde sua nascente até a foz, o rio
apresenta-se perene em todo o seu curso. Segundo esse autor, calcula-se em 433
milhões de metros cúbicos o volume médio diário de água que o rio lança no mar,
em plena cheia, no período chuvoso.

3.1 ASPECTOS FÍSICOS E GEOGRÁFICOS DO RIO PARNAÍBA

Em sentido amplo, as sub-bacias hidrográficas (quando uma bacia


hidrográfica se interliga com outra de ordem hierárquica superior, sendo assim uma
sub-bacia) têm seus usos e ocupações condicionados às características
relacionadas às potencialidades e limitações para as diversas modalidades de
uso/ocupação e a potencialização de conflitos de interesses. Nesse sentido, o
conhecimento de seu uso e ocupação, das atividades nela desenvolvida e de suas
características fisiográficas se apresenta como essencial para a avaliação do estado
de degradação ambiental que essa bacia possa estar sofrendo ou mesmo
contribuindo para que outras sofram, já que as bacias hidrográficas são unidades de
planejamento e gerenciamento ambiental (ARAÚJO et. al, 2009). Dessa maneira,
não só os processos que ocorrem nos leitos dos rios devem ser levados em
consideração, mas qualquer dano ocorrido nas áreas das bacias, que incide
consequentemente sobre os canais fluviais. Paula Júnior (2014, p. 42) destaca a
4
Antônio Francisco da Costa e Silva foi um poeta piauiense, nascido na cidade de Amarante
em 1885. Formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Recife e trabalhou no
Ministério da Fazenda nos estados do Maranhão, Amazonas, Rio Grande do Sul e São
Paulo. Faleceu em 1950 (CASTRO, 1998).
63

importância do conhecimento das bacias hidrográficas para planejamentos urbanos,


afirmando que:

No Brasil um dos principais avanços inscritos no marco legal e


institucional para as águas se traduz no reconhecimento da bacia
hidrográfica como espaço territorial para o planejamento e a gestão
hídrica, na definição da água como um bem público de uso comum
do povo e na promoção da participação das comunidades, dos
usuários e do poder público no processo de gestão.

Percebe-se, a partir da afirmação, a necessidade de conhecimento da bacia


hidrográfica no estudo de qualquer rio, considerando que é nesse território, definido
como bacia hidrográfica, em que são realizadas as atividades humanas. Segundo
Porto, M. F. A. e Porto, R. L. (2008, p. 45),

Todas as áreas urbanas, industriais, agrícolas ou de preservação


fazem parte de alguma bacia hidrográfica. Pode-se dizer que, no seu
exutório, estarão representados todos os processos que fazem parte
do seu sistema. O que ali ocorre é consequência das formas de
ocupação do território e da utilização das águas que para ali
convergem.

O Rio Parnaíba nasce no limite sul entre os estados do Piauí, Maranhão e


Tocantins, com o nome de Riacho Água Quente, e vai à direção norte entre o
Maranhão e o Piauí, percorrendo aproximadamente 1.480 quilômetros até sua foz no
Oceano Atlântico, bifurcando-se em cinco braços, constituindo um grande delta, com
mais de 80 ilhas (BAPTISTA, 1981).
De acordo com Lima (1998 apud MOURA, 2006), o Rio Parnaíba apresenta
uma área de 3.330.000 quilômetros quadrados, incluindo a sub-bacia de seu
afluente Poti. Segundo a Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidrelétricos na Bacia do Rio Parnaíba (EPE, 2005), sua bacia hidrográfica e de
seus afluentes (Figura 9) apresenta a área total de 344.112 quilômetros quadrados,
o que representa 3,9% do território nacional (Tabela 1), e é responsável por 99% da
drenagem do Piauí, 19% do Maranhão e 10% do Ceará, constituindo uma
abrangência nos respectivos estados de 75%, 19% e 6% (EPE, 2005). Trata-se,
portanto, do principal rio do estado do Piauí, sendo por isso de extrema importância.
64

Figura 9: Inserção da bacia hidrográfica do Rio Parnaíba na Região Nordeste do Brasil.

Fonte: EPE (2005, p. 7).

Tabela 1: Área de drenagem das sub-bacias do Rio Parnaíba.


Unidade hidrográfica Área (km2)
Balsas 47.775
Uruçui-Preto 37.357
Gurgueia 67.118
Canindé e Piauí 75.472
Poti 62.431
Portinho 43.958
Total 334.112
% do país 3,9

Fonte: EPE (2005, p. 9).

A Região Hidrográfica do Parnaíba (Figura 10) é a mais extensa dentre as


bacias do Nordeste do Brasil, sendo, como mencionado antes, hidrologicamente a
segunda mais importante dessa região, tendo em primeiro lugar a Bacia do Rio São
65

Francisco (EPE, 2005). Ela é permanentemente abastecida por águas subterrâneas


provenientes do aquífero situado na região (MOURA, 2006). O rio apresenta como
seus principais afluentes os rios Balsas, no Maranhão, Poti e Portinho – cujas
nascentes estão no Ceará – e Canindé, Piauí, Uruçui-Preto, Gurgueia e Longa,
todos no Piauí (ANA, [2010?]).

Figura 10: Região Hidrográfica do Parnaíba e suas unidades hidrográficas.

Fonte: EPE (2005, p. 8).

O Rio Parnaíba possui, ao longo de seu curso, três trechos distintos. Estes
são o alto Parnaíba, ou alto curso, que vai das nascentes até Santa Filomena e
estende-se por 159 quilômetros, “caracterizado por declividade acentuada e vales
encaixados e profundos” (EPE, 2005, p. 9); o médio Parnaíba, ou médio curso, onde
foi construída a Barragem de Boa Esperança, com vários desníveis e cachoeiras, e
vai da cidade de Santa Filomena até a margem do Rio Gurgueia, com,
aproximadamente, 562 quilômetros; e o baixo Parnaíba, ou baixo curso, que vai do
66

Rio Gurgueia até a foz, com vales mais amplos e declividade suave, estendendo-se
a aproximadamente 711 quilômetros.
Na década de 1960, foi construída uma grande represa em seu médio curso,
conhecida como Barragem da Boa Esperança, com a função de geração de energia
elétrica, além de favorecer a navegação até o alto curso. Essa energia é levada a
todo o Piauí, por estar interligada pelas companhias de eletrificação do país. No
entanto, observa-se que os objetivos da barragem não foram totalmente atingidos,
pois a eclusa que daria suporte à navegação não foi concluída (TERESINA, 2002).
De acordo com o termo de referência para o estudo da Avaliação Ambiental
Integrada de Aproveitamento Hidrelétrico na Bacia do Rio Parnaíba, de 2005, a área
desta bacia apresenta infraestrutura viária relativamente extensa; no entanto,
contém grandes vazios devido a sua baixa densidade populacional,
predominantemente no sul. Do ponto de vista dos aspectos econômicos, o rio está
vinculado principalmente a agropecuária.

Este setor tem passado por grande desenvolvimento na região


sudeste da área, cuja expansão das fronteiras agrícolas em terras de
Cerrado gerou o aparecimento das culturas comerciais de larga
escala, representadas pelo arroz e pela soja, na década de 1980.
Atualmente, estes processos vêm se ampliando, com o incremento
das áreas agrícolas e do plantio de outras culturas anuais, como
milho, milheto e sorgo. Porém, a maior parte da bacia ainda é
caracterizada predominantemente por proprietários de pequeno porte
econômico. Na década de 1980, houve ampliação da economia
informal e a intensificação dos processos de migração das áreas
rurais para as urbanas, principalmente nos eixos urbanos de
Teresina, Parnaíba, Balsas e Timon (EPE, 2005, p. 11).

Observa-se, com a afirmação anterior, o predomínio de que ainda existe o


pequeno agricultor que faz uso do rio para sua subsistência, apesar do crescimento
dos grandes agricultores no sudeste do estado.
Dentro da cidade de Teresina, o Rio Parnaíba corta a cidade, assim como seu
afluente, o Rio Poti. Estes se encontram na região norte da cidade e apresentam,
nesse local, um conjunto de 34 lagoas com profundidade e dimensões variadas,
naturais e artificiais, interligadas, que formam um sistema natural de acumulação de
água da região. As lagoas artificiais são oriundas do processo de escavação para a
extração de materiais como argila e cascalho aluvionar (CAMPELO, 2005). A
Prefeitura Municipal de Teresina (2007) explica que essas lagoas, durante o período
67

chuvoso, elevam seus níveis e, por conta do solo argiloso que possuem, tendem a
se esvaziar pela evaporação ao longo de meses. As lagoas coletam águas pluviais e
de um sistema integrado de drenagem, constituído de canais, vias e galerias que
formam “um sistema natural de acumulação de água” (LOPES; MOURA, 2006, p. 2).
Para essas lagoas foi realizado um projeto de recuperação pela Prefeitura
Municipal de Teresina, pois se tratam de locais insalubres para a população, como
se observa na Figura 11, sem saneamento, muito próximos à lagoa, estando
suscetíveis a enchentes (LOPES; MOURA, 2006).

Figura 11: Ocupação em uma das lagoas antes do projeto de recuperação.

Fonte: Moura (2005 apud LOPES; MOURA, 2006).

Por se tratar de uma área de preservação permanente e em vista dos riscos


dessa região – inundações, precárias condições de habitabilidade e deficiência de
locais propícios a manifestações culturais, esportivas e de lazer –, o local passou a
ser atendido pelo Plano de Requalificação Urbana de Teresina (TERESINA, 2011),
beneficiando diretamente cerca 100 mil habitantes. O projeto para requalificação das
lagoas foi intitulado Programa Lagoas do Norte; a Figura 12 mostra a localização do
programa (TERESINA, 2007).
68

Figura 12: Localização do Programa Lagoas do Norte.

Fonte: Prefeitura Municipal de Teresina (2007).


69

De acordo com os mapas da Figura 12, observa-se que a área beneficiada


pelo programa é delimitada pelos desenhos das calhas dos rios, a norte e a leste
pelo Rio Poti, a oeste pelo Rio Parnaíba e a sudoeste pelo aeroporto da cidade
(TERESINA, 2011). A região formada por APP não foi respeitada, de acordo com a
legislação, e teve uma ocupação desordenada e irregular, promovendo a
descontinuidade do tecido urbano desprovido de infraestrutura necessária à
habitação e, principalmente, riscos à saúde humana. Essa ocupação, segundo a
Prefeitura Municipal de Teresina (2007), dá-se pela população de baixa renda que
encontra condições precárias e insalubres, com habitações em risco permanente de
inundação e desprovidas de serviços básicos de saneamento. Nesse contexto,
observa-se que a vulnerabilidade a enchentes é um fator limitante de
desenvolvimento da região (FORTES, 2012).
O programa de recuperação das Lagoas do Norte, iniciado em 2004, propõe
para a região norte, através de “intervenções articuladas, algumas das intenções e
aspirações de desenvolvimento preconizadas por Agenda Teresina 2015 e do Plano
de Governo Municipal 2005-2008” (TERESINA, 2007, p. 4).
O Rio Parnaíba, como citado anteriormente, é responsável por 95% do
abastecimento de água da cidade, de acordo com o Plano de Drenagem Urbana de
Teresina, datado de 2012. Revela, assim, a necessidade da criação de novas
práticas gerenciais para sua preservação.

3.2 ASPECTOS ECONÔMICOS

Em 2006, o governo do estado do Piauí lançou um plano de ação para o


desenvolvimento integrado da bacia do Parnaíba. Esse plano trata de uma ação de
planejamento participativo, com o intuito de promover o desenvolvimento integrado e
sustentável da bacia do Rio Parnaíba, objetivando o crescimento econômico e a
melhoria da qualidade de vida da população local. Nessa proposta, a bacia foi
dividida em quatro territórios de desenvolvimento, e estes em aglomerados,
definidos de acordo com características ambientais, econômicas, sociais e políticas
semelhantes, como mostra a Figura 13. A elaboração do plano foi realizada por meio
de eventos públicos, que contaram com a participação de representantes dos
70

municípios envolvidos, baseada no Planejamento Estratégico Participativo


(CODEVASF, 2006).

Figura 13: Divisão da bacia do Parnaíba em aglomerados.

Fonte: Codevasf (2006).

De acordo com a Figura 13, observa-se a divisão da região em quatro


aglomerados, sendo: Aglomerado 3, com nove municípios; Aglomerado 8, com seis
municípios; Aglomerado 9, com 15 municípios; e Aglomerado 30, com seis
municípios. No território destacam-se sete municípios do Aglomerado 7 que são
Teresina, União, José de Freitas, Altos e Água Branca, no Piauí, e Caxias e Timon,
no Maranhão, tanto pela oferta de serviços quanto por serem polos de convergência
comercial. Estes apresentam uma população total de 1.283.159 habitantes,
representando 31,8% da população da bacia, e também possuem maior densidade
demográfica da bacia por conta da cidade de Teresina (CODEVASF, 2006).
O Plano de Ação para o Desenvolvimento Integrado da Bacia do Parnaíba
(Planap) detectou em sua pesquisa que o principal fator responsável pelo
assoreamento dos rios, incluindo, portanto, o Rio Parnaíba, é o desmatamento das
matas ciliares nas várzeas para o plantio de lavouras, além de outros fatores de
71

degradação, como presença de esgotos in natura, tanto no próprio rio como em seus
afluentes. Destaca-se, ainda, a geração de resíduos pelo uso de agrotóxicos na
monocultura de cana-de-açúcar, concentradas na região do AG7, em lagoas e no
lençol freático, ocasionando o transporte desses resíduos por toda a sua extensão.
Foi observada, ainda, como outro fator relevante responsável indiretamente por essa
degradação, a falta de conhecimento dos planos diretores e da legislação ambiental
pela população da área.
É importante salientar a grandeza das funções exercidas pelas matas ciliares,
comprovando a necessidade de sua preservação. Segundo Bononi (2014), as matas
ciliares estão diretamente relacionadas ao controle da erosão, recarga dos
aquíferos, filtros contra carregamento de produtos químicos nocivos, funcionando
também como áreas de amortecimento de cheias, de maior infiltração de água no
solo. Elas auxiliam ainda na melhoria da qualidade do ar, no controle climático, no
controle e suprimento de água, da erosão e na retenção de sedimentos, dentre
outras funções de melhoria da qualidade ambiental.
Araújo et al. ressaltam a importância das práticas de manejos e, quando
necessário, reposição de matas ciliares e retiradas de solos superficiais, já que o
desmatamento dessas matas ocasiona “o transporte de sedimentos em suspensão e
de fundo, resultando na alteração da qualidade da água e, em assoreamento,
diminuindo a vida útil dos reservatórios” (2009, p. 10).
O resultado obtido pelo Planap foi o trabalho de nove anteprojetos para
aprofundamento e priorização no território, baseados na abrangência territorial
destes, na capacidade de geração e distribuição de renda, de agregar novas
iniciativas e parcerias, de promoção social e de acordo com o impacto sobre o meio
ambiente. Esses projetos foram relacionados à agroindústria de mandioca,
apicultura, cajucultura, fruticultura irrigada, horticultura orgânica, ovinocaprinocultura
e piscicultura.
72

3.3 LEVANTAMENTO DAS LEGISLAÇÕES VIGENTES

Como proposto na metodologia, a fim de alcançar um dos objetivos


apontados, fez-se o levantamento da legislação nacional, estadual e municipal que
incide sobre o objeto de estudo. Tal procedimento foi realizado para que pudesse
ser comparado com a pesquisa de campo e outras bibliografias que apresentem a
situação real existente no local em estudo.
Nesse sentido observa-se que as legislações visam a regular a convivência
em sociedade e com o meio ambiente. Elas também são utilizadas para
fundamentar e nortear as políticas urbanas, que tem como objetivo desenvolver de
forma positiva o ambiente construído, e são realizadas baseadas em estudos sobre
o funcionamento da cidade. Para Bruna e Jorge (2014), é necessário que esses
estudos entendam o que aconteceu com determinadas áreas da cidade em
determinado espaço de tempo, elaborando, a partir disso, novos projetos e
possibilitando planejar a sustentabilidade da adequação urbana, para proteger os
ecossistemas e focar o uso do solo, subsolo, água e ar.

3.1.1 Legislação nacional

Para o estudo das legislações que englobam as questões pertinentes ao Rio


Parnaíba, deve-se considerar a lei que introduziu a Política Nacional do Meio
Ambiente, assim como seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, Lei n.
6.938 de 31 de agosto de 1981. Esta, de acordo com seu art. 2º, tem como objetivo
a preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental propícia à vida,
por meio da “ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico”,
“planejamento e fiscalização dos recursos ambientais”, “recuperação de áreas
degradadas, dentre outros” (BRASIL, 1981).
Para Benfatti e Silva (2013), a legislação ambiental nas últimas décadas focou
predominantemente a preservação das matas ciliares, indo ao encontro da
legislação urbanística, que passou a considerar os cursos d’água como patrimônio
urbano e paisagístico.
73

Não se pode abordar a legislação nacional sem falar da legislação mais


importante do país, que é a Constituição Federal de 1988. Esta representa a norma
jurídica fundamental do Estado, “formada por um conjunto de regras e princípios
jurídicos que dispõe sobre a organização jurídica básica da nação” (BATTOCHIO,
2014).
No art. 23 da Constituição observa-se que as esferas União, estados, Distrito
Federal e municípios são colocadas no mesmo patamar ao receber a competência
de proteger o meio ambiente, dentre outros. Já no art. 24 o município não é citado
juntamente com as outras esferas, que recebem a competência de legislar
concorrentemente sobre a proteção do meio ambiente, dentre outros. Nesse sentido,
pode-se notar que o art. 30 complementa o art. 24 ao colocar que “compete aos
municípios: legislar sobre assuntos de interesse local; suplementar a legislação
federal e a estadual no que couber; dentre outros” (BRASIL, 1988).
De acordo com Viana (2007), a Constituição de 1988 veio consolidar as
estratégias estabelecidas anteriormente em relação às questões ambientais,
baseada no que aborda o art. 225, no cap. VI que trata sobre o meio ambiente. De
acordo com este artigo,

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem


de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo
e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988).

Em seu § 1º, esse artigo traz incumbências dada ao poder público para a
garantia desse direito, sendo que em algumas delas há a relação extrema com o
objeto desta pesquisa, como apresenta-se a seguir:

Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o


manejo ecológico das espécies e ecossistemas; [...] controlar a
produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e
o meio ambiente; promover a educação ambiental em todos os níveis
de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio
ambiente; proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as
práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a
extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade (BRASIL,
1988).
74

Em seus § 2º e § 3º, o artigo trata de penalidades para a exploração de


recursos minerais e atividades lesivas ao meio ambiente, sendo elas a recuperação
do meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão
público competente, na forma da lei, e a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
Em relação especificamente à legislação nacional que normatize o rio e suas
margens, encontra-se a seguinte lei: Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012, que
institui o novo Código Florestal5. De acordo com o art. 1º, a lei

[...] estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, Áreas


de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal; a
exploração florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o
controle da origem dos produtos florestais e o controle e prevenção
dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos e
financeiros para o alcance de seus objetivos (BRASIL, 2012).

Essa lei delimita as APP em território nacional de acordo com o art. 4º, sendo
APP as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente,
excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, e tendo largura
mínima, considerando o Rio Parnaíba de: “200 (duzentos) metros, para os cursos
d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura”
(BRASIL, 2012). Isso se deve porque o Rio Parnaíba tem espessura a partir de 225
metros no perímetro urbano da cidade de Teresina, como se pode observar na
Figura 14, que destaca a espessura em alguns trechos de seu percurso.

5
Essa lei revoga a Lei n. 4.771 de 15 de setembro de 1965, que instituiu o Código Florestal
pela primeira vez.
75

Figura 14: Espessura média do Rio Parnaíba baseada na escala de referência.

Fonte: Google Maps (2014), editada pela autora.

Baseado no art. 9º da Lei n. 12.651, observa-se que o acesso de pessoas e


animais nessas APP deve ocorrer para a realização de atividades de baixo impacto
ambiental e obtenção de água.
O objeto encontra-se também regido pela Lei Federal n. 9.433, de 8 de janeiro
de 1997, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, criando o Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, o qual é regulamentado pelo
inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal e altera o art. 1º da Lei n. 8.001, de 13
de março de 1990. Essa lei baseia-se no fato de que “a água é um bem de domínio
público”, um recurso limitado que tem valor econômico, devendo ser gerido de
maneira a proporcionar seu uso múltiplo; em caso de escassez é prioritário o
consumo humano, assim como a dessedentação de animais, dentre outros
76

aspectos. Como consequência, essa política tem como objetivo assegurar a


necessária disponibilidade de água à atual e às futuras gerações, garantindo
padrões de qualidade apropriados aos respectivos usos; a utilização racional e
integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao
desenvolvimento sustentável; a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos
críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.
A lei citada anteriormente define bacia hidrográfica como “unidade territorial
para a implementação dessa política e que a gestão dos recursos hídricos deve ser
descentralizada, proporcionar sempre o uso múltiplo das águas, e contar com a
participação do poder público, dos usuários e das comunidades” (BRASIL, 1997).
Observa-se ainda nessa lei que os direitos de alguns usos dos recursos
hídricos, como derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de
água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo
produtivo; extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo
de processo produtivo; lançamentos em corpo de água de esgotos e demais
resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte
ou disposição final; os quais estão presentes no Rio Parnaíba, dentro do perímetro
urbano de Teresina, sujeitos à outorga pelo poder público. A partir dessa lei, nota-se
a obrigatoriedade de realização do Plano de Recursos Hídricos, visando ao seu
cumprimento, no intuito de alcançar os objetivos por esta descritos. Esse plano
apresenta como objetivo geral a realização de um pacto nacional para a definição de
diretrizes e políticas públicas direcionadas para a melhoria da oferta de água, em
quantidade e qualidade, gerenciando as demandas e considerando ser a água um
elemento estruturante para a implementação das políticas setoriais, baseado no
desenvolvimento sustentável e na inclusão social. Apresenta também os objetivos
específicos, como:

[...] a melhoria das disponibilidades hídricas, superficiais e


subterrâneas, em qualidade e quantidade; a redução dos conflitos
reais e potenciais de uso da água, bem como dos eventos
hidrológicos críticos e a percepção da conservação da água como
valor socioambiental relevante (BRASIL, 2006).

Outra lei federal que tange a pesquisa, reforçando a legitimidade das margens
do Rio Parnaíba como unidade de conservação, é a Lei n. 9.985, de 18 de julho de
2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, a
77

qual estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das


unidades de conservação, que define unidade de conservação. Esta define unidade
de conservação o espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídas pelo
poder público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial
de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. Entende-se
como conservação da natureza o manejo do uso humano da natureza,
compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a
restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior
benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de
satisfazer às necessidades e aspirações das gerações futuras e garantindo a
sobrevivência dos seres vivos em geral; visando à preservação e restauração das
unidades de conservação, dos recursos hídricos e ecossistemas naturais.
De acordo com essa lei, as Áreas de Proteção Ambiental (APA) pertencentes
ao Rio Parnaíba são inclusas no Grupo das Unidades de Uso Sustentável. Uma
dessas APA é a Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba, que foi criada
através do Decreto s/n de 28 de agosto de 1996 e abrange um perímetro de 460.812
metros e uma área de aproximadamente 313.800 hectares, fazendo parte dela os
municípios de Luís Corrêa, Ilha Grande e Parnaíba, no estado do Piauí, Araioses e
Tutoia, no estado Maranhão, Chaval e Barroquinha, no estado do Ceará, além de
águas jurisdicionais (LEITE, 2010).
Ainda sobre a legislação federal, focando a questão do uso da água para
abastecimento público, principal destino da água do Rio Parnaíba na cidade de
Teresina, existe o Decreto n. 79.367, de 9 de março de 1977, que dispõe sobre
normas e o padrão de potabilidade da água, que responsabiliza os órgãos e
entidades dos estados, municípios, Distrito Federal e territórios pela operação dos
sistemas de abastecimento público, devendo adotar as normas e o padrão de
potabilidade instituídos pelo Ministério da Saúde. Este, juntamente com outros
órgãos e entidades, estabelece também normas sanitárias em relação à proteção de
mananciais, a instalações prediais de água, ao serviço de abastecimento público de
águas e ao controle de qualidade da água de sistemas de abastecimento público.
Esse tema encontra-se também na legislação do Estatuto da Cidade, que,
como dito no capítulo 2 desta pesquisa, é alterado pelo Estatuto da Metrópole n.
13.098, de 12 de janeiro de 2015. Observa-se, no Estatuto da Cidade, Lei n. 10.257,
78

de 10 de julho de 2001, em seu art. 2º, que “evitar e corrigir as distorções do


crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente, assim como a
ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar a poluição e a degradação
ambiental”, faz parte das diretrizes gerais para ordenar o pleno desenvolvimento das
funções sociais da cidade e da propriedade urbana.
Tem-se também, referente ao tema, a Lei n. 11.445, de 5 de janeiro de 2007,
chamada Lei de Diretrizes Nacionais e Política Federal de Saneamento Básico, que
traz como princípios a universalidade, a perenidade, a integralidade, a atribuição de
responsabilidade pública, a sustentabilidade econômica e o controle social. Em seu
art. 2º observam-se esses princípios, sendo o da integralidade “a integração das
infraestruturas e serviços com a gestão eficiente dos recursos hídricos” (BRASIL,
2007); a universalidade é a universalização dos serviços regulados por essa lei, que
são saneamento básico, abastecimento de água, limpeza urbana e drenagem e
manejo de resíduos sólidos, sendo este relacionado à Política Nacional de Resíduos
Sólidos Lei Nº 12.305 de 02 de agosto de 2010. Com o intuído de atingir esses
princípios, a lei define a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico
(PMSB) para os municípios. Tem-se no art. 48º dessa lei que “a União, no
estabelecimento de sua política de saneamento básico, observará as seguintes
diretrizes: [...] X – adoção da bacia hidrográfica como unidade de referência para o
planejamento de suas ações” (BRASIL, 2007).
Relaciona-se também com a preservação dos rios o manejo dos resíduos
sólidos. Nesse âmbito existe a Lei Federal n. 12.305, de 2 de agosto de 2010, que

Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei n. 9.605,


de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências [...] dispondo
sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as
diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de
resíduos sólidos, incluídos os perigosos às responsabilidades dos
geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos
aplicáveis (BRASIL, 2010).

De acordo com essa lei entende-se por

[...] destinação final ambientalmente adequada: destinação de


resíduos, que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a
recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações
admitidas pelos órgãos competentes do Sistema Nacional do Meio
Ambiente (Sisnama), do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
79

(SNVS) e do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade


Agropecuária (Suasa), entre elas a disposição final, observando
normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à
saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais
adversos (BRASIL, 2010).

Essa lei consta de alguns princípios como a

[...] prevenção e a precaução; [...] a visão sistêmica, na gestão dos


resíduos sólidos, que considere as variáveis ambiental, social,
cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública; o
desenvolvimento sustentável; a ecoeficiência, mediante a
compatibilização entre o fornecimento, a preços competitivos, de
bens e serviços qualificados que satisfaçam às necessidades
humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto [...]
(BRASIL, 2010).

Podem-se destacar alguns de seus objetivos:

[...] proteção da saúde pública e da qualidade ambiental; [...] estímulo


à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e
serviços; adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias
limpas como forma de minimizar impactos ambientais; redução do
volume e da periculosidade dos resíduos perigosos; [...] gestão
integrada de resíduos sólidos; articulação entre as diferentes esferas
do poder público, e destas com o setor empresarial, com vistas à
cooperação técnica e financeira para a gestão integrada de resíduos
sólidos (BRASIL, 2010).

Nota-se a partir desses princípios e objetivos que cada município deve se


responsabilizar pelo manejo dos resíduos sólidos, objetivando a melhor destinação
para os mesmos, quando não for possível sua redução, possibilitando, assim, um
desenvolvimento sustentável.
Observa-se, de acordo com o cap. 1, art. 9º dessa lei, que a disposição final
ambientalmente adequada é a última em ordem de prioridade na gestão e
gerenciamento dos resíduos sólidos, ficando atrás da redução e reciclagem dos
mesmos, dentre outras prioridades.
80

3.3.2 Legislação estadual

Em 1987 é criada, no Piauí, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Ciência


e Tecnologia e Desenvolvimento Urbano, por meio da Lei n. 4.115, de 22 de junho
de 1987, que em 2012 é alterada pela Lei n. 6.158, de 19 de janeiro de 2012, e em
1995 é criada a Secretaria de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Estado do
Piauí pela Lei n. 4.797, de 24 de outubro de 1995. Para fomentar o trabalho dessas
secretarias, no ano seguinte, em 1996, é sancionada a Lei n. 4.854, de 10 de julho
de 1996,

[...] que instituiu a Política Estadual de Meio Ambiente; os diplomas


legais de criação e regulamentação do Conselho Estadual do Meio
Ambiente (Consema) e suas resoluções e, ainda, decretos do
Executivo Estadual estabelecendo diretrizes para o correto uso e
ocupação dos nossos cerrados (PIAUÍ, 2014).

Essa lei apresenta objetivos e normas para a preservação do meio ambiente


e a melhoria de vida da população, visando a algumas metas, como o estímulo
cultural à adoção de hábitos, costumes, posturas e práticas sociais e econômicas
não prejudiciais ao meio ambiente, a utilização adequada do espaço territorial e dos
recursos hídricos destinados para fins urbanos e rurais mediante a uma criteriosa
definição de uso e ocupação, normas de projetos, implantação, construção e
técnicas ecológicas de manejo, conservação e preservação, bem como tratamento e
disposição final de resíduos e efluentes de qualquer natureza, dentre outras.
Essa legislação aponta que, para o alcance dos objetivos desejados, deve
haver multidisciplinaridade ao se tratar das questões ambientais com participação da
comunidade; compatibilização com as políticas ambientais nacionais e municipais,
assim como com políticas setoriais e demais ações de governo; fazendo-se
necessária a continuidade das ações básicas de gestão ambiental; informação e
divulgação obrigatória e permanente de dados e condições ambientais, além de
outros em sua elaboração, implementação e fiscalização. Nesse sentido, tais metas
devem ser aplicadas, de acordo com a lei,

[...] em áreas de: I – desenvolvimento urbano e política habitacional;


II – desenvolvimento industrial; III – agricultura, pecuária e
81

silvicultura, pesca e extrativismo; IV – saúde pública; V –


saneamento básico e domiciliar; VI – energia e transporte rodoviário
e de massa; VII – mineração; VIII – turismo (PIAUÍ, 1996).

O Estado, portanto, é responsável, baseado nessa lei, por

I – Planejar e desenvolver ações de promoção, proteção,


conservação, preservação, recuperação, restauração, reparação,
vigilância e melhoria de qualidade ambiental; II – Definir e controlar a
ocupação e uso dos espaços territoriais de acordo com suas
limitações e condicionamentos ecológicos e ambientais; III – Elaborar
e implementar o plano estadual de proteção ao meio ambiente; IV –
Exercer o controle da poluição ambiental (PIAUÍ, 1996).

Portanto, é dever do Estado proteger esse patrimônio, o meio ambiente.


Na análise da legislação estadual é de extrema importância a análise da
Constituição do Estado do Piauí de 1989, no que se refere à temática ambiental. De
acordo com o art. 22 dessa Constituição, semelhante ao art. 30 da Constituição
Federal, “compete aos municípios legislar sobre assuntos de interesse local;
suplementar a legislação federal e a estadual no que couber” (PIAUÍ, 1989), dentre
outros. Em seu art. 191, a Constituição do Estado do Piauí traz que

[...] no estabelecimento de diretrizes e normas relativas ao


desenvolvimento urbano, o estado e os municípios assegurarão: a
preservação das áreas de exploração agrícola e pecuária; a
preservação, a proteção e a recuperação do meio ambiente urbano e
cultural; dentre outros (PIAUÍ, 1989).

Em seu art. 192 tem-se que

O Plano Diretor estabelecerá normas sobre zoneamento,


parcelamento e loteamento, uso e ocupação do solo, construções e
edificações, proteção ao meio ambiente, saneamento básico,
licenciamento e fiscalização dos parâmetros urbanísticos que adotar
(PIAUÍ, 1989).

Nessa mesma Constituição nota-se a necessidade de participação ativa do


poder público e da população na defesa ao meio ambiente, pois em seu art. 237 é
salvo o

[...] direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso


comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se
82

ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-


lo, de harmonizá-lo, racionalmente, com as necessidades do
desenvolvimento socioeconômico para as presentes e futuras
gerações (PIAUÍ, 1989).

Ainda analisando a legislação estadual relacionada ao tema da pesquisa,


existe a Lei n. 5.178, de 27 de dezembro de 2000. Esta dispõe sobre a política
florestal do estado do Piauí e dá outras providências. De acordo com a lei, as
florestas, suas formações sucessoras e demais formas de vegetação natural
existentes no território do estado do Piauí, reconhecidas de utilidade as terras que
revestem, são consideradas bens de interesse comum a todos os habitantes do
estado, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitações em geral e
especialmente as estabelecidas. Em seu art. 2º coloca que a política florestal do
estado tem por fim o uso sustentável adequado e racional dos recursos florestais
com base em conhecimentos técnico-científicos de ordem econômica, social e
ecológica, visando à melhoria de qualidade de vida da população e à
compatibilização do desenvolvimento socioeconômico, com a conservação e
preservação do ambiente. Essa lei apresenta como objetivos específicos da Política
Florestal do Estado do Piauí:

I – Identificar, implantar, gerenciar e manter um sistema estadual de


unidades de conservação, de forma a proteger comunidades
biológicas representativas dos ecossistemas naturais florestais. II –
Facilitar e promover o desenvolvimento e difusão de pesquisa e
tecnologias voltadas à atividade florestal; III – Promover o inventário
contínuo de cobertura florestal do Estado, com divulgação de dados,
de forma a permitir o planejamento e racionalização das atividades
florestais.
[...] I – o diagnóstico do setor Florestal do Estado do Piauí; II – o
programa de desenvolvimento florestal; III – os planos de manejo
florestal; IV – a lista das espécies de flora e fauna raras endêmicas e
ameaçadas de extinção; V – o estabelecimento de critérios, padrões
e normas relativas ao uso, e ao manejo dos recursos naturais, de
exploração econômica das florestas e demais formas de vegetação;
VI – a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo
poder público; VII – o zoneamento agroecológico/econômico-
florestal; VIII – o estudo prévio de impactos ambientais; IX – o
monitoramento das florestas e demais formas de vegetação (PIAUÍ,
2014).

Tal legislação aponta que enquanto não for estabelecido o zoneamento


agroecológico econômico-florestal para o uso alternativo do solo, a substituição da
cobertura florestal nativa só será permitida desde que permaneça com cobertura
83

arbórea de no mínimo 20% e após vistoria prévia solicitada para desmate,


observando fatores limitantes, tais como:
a) potencial dos recursos florestais;
b) fragilidade do solo;
c) diversidade biológica;
d) sítios arqueológicos;
e) populações tradicionais;
f) recursos hídricos.

Portanto, observa-se a partir dessa lei a preocupação com o desenvolvimento


sustentável e a necessidade de preservação da vegetação das margens do rio, uma
vez que se enquadram como vegetação nativa, sendo bem de interesse comum.
Baseado na mesma é proibida a exploração e a erradicação parcial ou total dessas
formações vegetais sem autorização prévia do órgão estadual competente.
O desenvolvimento sustentável do estado está previsto também na Lei n.
6.140, de 6 de dezembro de 2011, que institui a Política Estadual sobre Mudança do
Clima e Combate à Pobreza (PEMCP) e dá outras providências, que em seu art. 3º
prevê atender a alguns princípios, incluindo o desenvolvimento sustentável, que
implica a compatibilidade do desenvolvimento econômico, a justiça social e a
proteção ao meio ambiente, como dimensões interdependentes que se reforçam
mutuamente, assim como prevê que o desmatamento será evitado, segundo o qual
a manutenção das áreas naturais nativas remanescentes no estado torna-se um
mecanismo de prevenção às mudanças climáticas, garantindo que o carbono
estocado em sua biomassa não seja liberado para a atmosfera. Além disso, também
prevê a promoção da proteção dos ecossistemas naturais como forma de
conservação da biodiversidade brasileira, contribuindo assim tanto para o equilíbrio
climático local e global como para o cumprimento dos objetivos da convenção sobre
diversidade biológica da qual o Brasil é signatário.
Existem ainda na legislação estadual, que incidem sobre o tema em questão,
dois decretos. O primeiro é o Decreto n. 14.842, de 4 de junho de 2012, que
estabelece procedimentos para o Licenciamento Ambiental Simplificado das obras
emergenciais necessárias ao enfrentamento da seca no estado do Piauí e dá outras
providências. Ele aponta que os empreendimentos e as atividades que se
configurem como necessários para mitigação dos efeitos da seca seguirão o
84

procedimento de Licenciamento Ambiental Simplificado, que resulta em emissão de


Declaração de Baixo Impacto Ambiental (DBIA), nos termos da legislação estadual
em vigor.
O segundo é o Decreto n. 15.512, de 27 de janeiro de 2014, que dispõe sobre
a integração de execução das políticas de regularização fundiária de licenciamento
ambiental de autorização de supressão de vegetação e de recursos hídricos e dá
outras providências. Ele normatiza os procedimentos de padronização e integração
de sistemas, de instrumentos, de documentos de controle e de dados e informações
referentes aos processos administrativos de que tratam os pedidos de obtenção do
licenciamento ambiental de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras e
capazes de causar degradação ambiental de supressão de vegetação para uso
alternativo dos solos.

3.3.3 Legislação municipal

Compreende a legislação que molda as políticas públicas urbanas, pois, de


acordo com Bruna e Jorge (2014), é responsabilidade do município a gestão de
consumo de recursos naturais e produção de resíduos, e a partir disso a busca por
um desenvolvimento sustentável.
Tendo em vista que as áreas que margeiam o rio fazem parte do perímetro
urbano e que o município é responsável pelo uso do solo urbano, Azevedo, Cardoso
e Carneiro (2008, p. 166-167) ressaltam a importância do papel do município na
prática da legislação:

[...] deve-se admitir que os instrumentos legais disciplinadores do uso


do solo, para terem êxito, têm que estar incorporados na rotina
decisória da burocracia municipal e pactuados com o conjunto da
sociedade. Em outras palavras, essas diretrizes teriam que ser parte
dos procedimentos licenciadores e de gestão do território e
integradas às legislações que tratam de loteamentos, construções,
habitações e obras de infraestrutura, a fim de garantir a sua
observância no controle e disciplinamento do uso do solo urbano.

Nota-se, com isso, o papel fundamental que o município ocupa na tarefa de


preservação e gestão do território da cidade, incluindo as áreas de preservação
85

ambiental. Azevedo, Cardoso e Carneiro (2008) colocam ainda que, em grande


medida, as legislações municipais são inadequadas por tratarem de questões
fundamentais para a preservação de recursos hídricos.
Em alguns casos, de acordo com Moraes e Veloso Filho (2005), o poder
público, por conta da legislação municipal, tendo em vista as características naturais
da terra juntamente com sua efetiva capacidade de uso, é obrigado a adotar uma
postura oposta às necessidades socioeconômicas da população. Os autores
colocam, portanto, que essa legislação se trata de um instrumento meio, e não um
instrumento fim.
Na análise da legislação municipal de Teresina, observa-se que as questões
ambientais aparecem a princípio no II PET, criado por meio da Lei Municipal n.
1.932, de 16 de agosto de 1988, sendo esta de acordo com seu art. 1º: “instrumento
normativo e orientador dos processos de transformação urbana, nos seus aspectos
político-sociais, físico-ambientais e administrativos” (MORAES; VELOSO FILHO,
2005, p. 3). Essa legislação traz ainda, em seu art. 7º, objetivos físico-ambientais,
englobando alguns temas, como a preservação dos recursos naturais dos sítios
urbanos, com preocupações no que se refere à erosão do solo, preservação da
paisagem, conservando os recursos naturais e o patrimônio histórico-cultural, entre
outros objetivos.
Nesse plano, institui-se um Código de Patrimônio Ambiental, baseado em seu
art. 20, o qual adéqua seus objetivos à condição de diretrizes, sendo alguma destas
relacionadas diretamente a esta pesquisa, como: proteção ambiental e patrimônio
histórico-arquitetônico; criação de áreas de preservação ecológica representativas
da fauna e da flora; proteção das margens de rios e lagoas; ordenação dos
desmatamentos no processo de evolução urbana, baseada em critérios de
adensamento e ventilação (MORAES; VELOSO FILHO, 2005).
Analisando o município de Teresina, de acordo com a Lei Complementar n.
3.563, de 20 de outubro de 2006, foram criadas dentro da cidade as zonas de
preservação ambiental e instituídas normas de proteção de bens de valor cultural,
assim como outras providências. Em princípio, essas zonas de proteção
ambientadas foram criadas no II PET pela Lei n. 1.939/1988 (MORAES; VELOSO
FILHO, 2005). Observa-se no mapa de zoneamento da cidade de Teresina que as
margens do rio pertencem à Zona de Preservação ambiental ZP5 e à Zona de
86

Preservação ambiental ZP8. Essa delimitação se enquadra no art. 1º e parágrafos


da Lei 3.563:

§ 5º As Zonas de Preservação Ambiental 5 (ZP5) compreendem: I –


as encostas com declividades superiores a 30% (trinta por cento); II –
as áreas marginais ao Rio Parnaíba, correspondentes a uma faixa
com largura de 200 m (duzentos metros), salvo quando já estejam
ocupadas, caso em que a faixa tem a largura da área ainda não
ocupada; III – as áreas marginais ao Rio Poti, correspondentes a
uma faixa com largura de 100 m (cem metros), salvo quando já
estejam ocupadas, caso em que a faixa tem a largura da área ainda
não ocupada; e IV – as áreas das lagoas e respectivas margens,
correspondentes a uma faixa de 30 m (trinta metros).
[...] § 8º As Zonas de Preservação Ambiental 8 (ZP8) compreendem
áreas próximas aos rios, não integrantes das Zonas de Preservação
Ambiental – ZP5 (TERESINA, 2006).

Nota-se que a lei permite para a ZP5 “o uso do solo para serviços públicos de
drenagem e saneamento e apoio ao transporte fluvial, de iniciativa ou concessão
publica, condicionado à prévia aprovação do Conselho Municipal de Meio Ambiente”
(TERESINA, 2006). Tais usos são definidos a seguir:

§ 1° Os canteiros de obras de construções de pontes podem ser


instalados nessas zonas, mediante prévia aprovação e concessão da
respectiva licença pela Prefeitura Municipal.
§ 2° Considera-se apoio ao transporte fluvial, para os objetivos desta
Lei Complementar, as implantações de rampas, ancoradores e
demais instalações portuárias.
§ 3° Obras do sistema viário não podem ser executadas nestas
zonas, mesmo que provisoriamente (TERESINA, 2006).

Em relação à ZP8, constata-se que seu uso é mais restrito, objetivando a


promoção da melhoria do espaço urbano para a cidade, como se observa nos
artigos que seguem:

Art. 19. Nas Zonas de Preservação Ambiental (ZP8), é permitido o


uso do solo com atividades de prestação de serviços de recreação,
cultura e lazer.
§ 1° As atividades agropecuárias podem ser desenvolvidas nessas
zonas de acordo com os preceitos constantes do Código Sanitário do
Município.
§ 2º Qualquer forma de uso e ocupação dessas áreas deve ser
aprovada pelo Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU).
§ 3º É permitida a implantação de estações de tratamento de
esgotos, conforme projeto de ampliação e descentralização do
87

sistema, aprovado pelo Conselho de Desenvolvimento Urbano


(CDU).
§ 4º Qualquer forma de uso e ocupação dessas áreas deve
considerar a proteção do ecossistema, com a preservação do relevo,
da fauna e da flora locais (TERESINA, 2006).

Por fim, analisa-se o Plano Diretor da cidade de Teresina, o Plano de


Desenvolvimento Sustentável Agenda Teresina 2015, revisado pela Agenda 2030,
que também traz novos planos, como o PMSB de Teresina, e que ainda não foram
finalizados (TERESINA, 2015c). Entre os programas trazidos pelo Plano Diretor, de
acordo com Moraes e Veloso Filho (2005, p. 5), os que focam o meio ambiente
objetivam

[...] a valorização do patrimônio ambiental, considerando a


despoluição e proteção de lagoas, preservação de outras áreas com
elevada biodiversidade; alto índice de áreas verdes; excelente nível
de educação ambiental; abastecimento d’água e coleta de esgotos
adequados, atingindo toda a malha urbana, e aterramento sanitário
dentro das normas em vigência.

No art. 7º desse plano são instituídos alguns objetivos físico-ambientais, como


o aprimoramento e a divulgação da legislação ambiental, a promoção da educação
ambiental, a reabilitação da paisagem urbana, a preservação do patrimônio histórico
e cultura, dentre outros.
88

CAPÍTULO 4: RESULTADOS

Com o estudo da bibliografia existente sobre o tema, relacionando-a com as


legislações citadas, faz-se uma análise da situação atual do objeto em estudo.
Com base na Lei Federal n. 12.305, de 2 de agosto de 2010, que “institui a
Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de
1998, e dá outras providências”, tem-se no Plano Diretor de Drenagem Urbana
(TERESINA, 2010) o não cumprimento dessa lei, sendo apontada a presença de
resíduos sólidos na rede de drenagem consequentes da disposição inadequada
destes ou pelo carregamento com a chuva, prejudicando sua função. A seção que
trata da gestão do lixo, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e
Habitação (SEMDUH), responsável por sua coleta e destinação final, localiza-se na
Superintendência de Desenvolvimento Urbano (SDU) Sul, uma das divisões
administrativas criadas pelo II PET. Ela fiscaliza e gerencia esses serviços, apesar
de a empresa que os executa ser privada. Tal configuração se deve pela localização
do aterro controlado da cidade na zona sul, que começou a operar em 1982. Vale
ressaltar que as áreas fora da cobertura do sistema depositam o lixo no leito de rios
e lagoas ou em terrenos baldios, contribuindo com a disseminação de doenças e
proliferação de insetos (CHAVES, 1994). Ainda aqueles que são depositados no
aterro – chamando atenção principalmente para o lixo proveniente do serviço de
saúde – não passam por nenhum tratamento, não havendo preocupação com a
poluição do solo, prejudicando indiretamente o rio, pois a chuva transmite a poluição
para o lençol freático (TERESINA, 2010).
De acordo com o Produto 02: Diagnóstico da Situação do Saneamento
Básico, obtido com os estudos para a elaboração do Plano Municipal de
Saneamento Básico de Teresina, pela DRZ Geotecnologia e Consultoria (2015), a
média diária de resíduo coletado é de 428,55 toneladas, que são transportadas para
o aterro sanitário, com coleta diária em apenas 15% da rota; as outras 85% são
realizadas a cada dois ou três dias na semana. E, em concordância com as
informações da prefeitura, o aterro não atende aos padrões sanitários de referência,
e não apresenta “um sistema de coleta e tratamento de efluentes líquidos (chorume),
de gases emitidos e resíduos diferenciados” (DRZ GEOTECNOLOGIA E
CONSULTORIA, 2015, p. 81).
89

Nesse sentido, Lima et al. (2002) apontam outras fontes de poluição que
afetam a qualidade da água utilizada para abastecimento da população, como a
existência de um cemitério na zona sul da cidade, nas proximidades do rio.
Nota-se que a localização desse estabelecimento contradiz a legislação
estadual, a Lei n. 4.854, de 10 de julho de 1996

[...] que instituiu a Política Estadual de Meio Ambiente; os diplomas


legais de criação e regulamentação do Conselho Estadual do Meio
Ambiente (Consema) e suas resoluções e, ainda, decretos do
Executivo Estadual estabelecendo diretrizes para o correto uso e
ocupação dos nossos cerrados (PIAUÍ, 2014, marcação feita pela
autora).

Considerando também o tratamento dos resíduos e efluentes, verifica-se que,


em Teresina, de acordo com o IBGE, 80% dos domicílios da cidade contam com
esgotamento sanitário. Destes, 62% são compostos pelos domicílios que utilizam
sistema individual de tratamento de esgoto, através de fossa séptica e sumidouro.
Observa-se que menos de 20% da população é atendida pela rede pública de coleta
tratamento de esgoto. O grande problema desse sistema são os 20% que não
apresentam nenhum tratamento de esgotamento sanitário, dessa forma, lançam o
esgoto diretamente nas galerias, riachos e rios do município. Segundo a DRZ
Geotecnologia e Consultoria (2015), a presença dos rios dentro da zona urbana da
cidade favorece o lançamento de resíduos no mesmo, o que também se deve, para
além da falta de sistema de coleta de esgoto, à falta de educação ambiental.
Em pesquisa realizada pelo IBGE (2010) sobre esgotamento sanitário por
bairros, constatou-se que a zona centro conta com 36,55%, a zona leste com
37,78%, a zona norte, apesar de abrigar uma das estações de tratamento de esgoto,
tem apenas 13,23%, a zona sul fica com 13,96%, e a zona sudeste, 5,22%. Extrai-se
desses dados que as zonas norte e sul, como dito anteriormente, apresentam-se
desde o processo de expansão na cidade, na década de 1970, zonas de segregação
social, caracterizadas por habitações conjuntos habitacionais e de baixa renda. A
zona sudeste pode-se justificar por ser a zona mais nova da cidade, fruto de uma
divisão da zona leste, que também abriga muitos conjuntos residenciais e
residências de baixa renda e teve um rápido crescimento.
A rede de esgoto sanitário foi executada de acordo com as orientações do
projeto elaborado em 1964 pela firma Hildalius Cantanhede. Tal projeto dividiu a
90

área considerada pelo sistema em sete bacias de contribuição, propondo um


sistema em regime separador total, compreendendo a área urbana limitada pelos
rios da cidade de Teresina e contemplada pelo sistema de abastecimento de água,
excluindo a zona leste, que em razão de sua posição geográfica previa um sistema
independente. E em 1974 é criada a primeira lagoa de estabilização da Estação de
Tratamento de Esgotos (ETE) do Pirajá, facultativa fotossintética, na zona norte da
cidade. Esse sistema foi ampliado pela Agespisa na década de 1990. Atualmente o
sistema conta com três ETEs: ETE Pirajá, no bairro Pirajá, que “atende a parte dos
bairros da zona central e norte da cidade; ETE Alegria, localizada próximo à margem
do Rio Poti, recebe parte dos efluentes oriundos da zona sul de Teresina”; e a ETE
Leste: localizada “próxima ao campus da UFPI, beneficia alguns bairros da zona
leste da cidade” (DRZ GEOTECNOLOGIA E CONSULTORIA, 2015, p. 80).
Na ETE Leste tem-se como problema ao tratamento do esgoto o recebimento
de efluentes, de origem duvidosa, oriundos de fossas sépticas, trazidos diariamente
por caminhões – com exceção de domingo –, que apresentam como quantidade
aceitável um total de 250 litros por dia; no entanto, a ETE recebe 15 mil litros por dia
de esgoto desses caminhões. Outro problema encontrado nessa estação é a
presença de espuma no esgoto tratado que é lançado no Rio Poti. Comparando-se a
ETE Leste à ETE Pirajá, a segunda apresenta resultados mais satisfatórios, uma vez
que “a remoção média de DBO6 é de 69,67% e a remoção de coliformes é de
95,40%” (DRZ GEOTECNOLOGIA E CONSULTORIA, 2015, p. 354). Em relação à
ETE Alegria, tem-se transtornos em épocas de chuva, pois a região onde se
encontra é propícia a alagamentos.
Ampliando a questão do esgotamento sanitário para toda a bacia hidrográfica,
tem-se que a carga recebida por essa região hidrográfica é de 109 toneladas de
DBO por dia; desse total, Teresina representa 28,7 toneladas de DBO por dia. Esse
valor total da carga de esgoto sanitário corresponde a 2% da carga total do país
(ANA, 2012b), o que se torna bastante significativo ao se tratar de uma fonte de
abastecimento de água, e com isso trazendo também a preocupação em relação à
proliferação de doenças de veiculação hídrica, como amebíase, leptospirose,
hepatite infecciosa, diarreia e disenteria, giardíase, febre tifoide, febre paratifoide,

6
Demanda Bioquímica de Oxigênio, ou seja, é a quantidade de oxigênio necessária para
estabilizar a matéria orgânica (DELTA SANEAMENTO AMBIENTAL, 2011).
91

ascaridíase, tricuríase e esquistossomose (DRZ GEOTECNOLOGIA E


CONSULTORIA, 2015).
De acordo com outro documento produzido pela ANA, esse panorama é
dificultado pelo fato de a bacia pertencer à região semiárida, contendo “rios
intermitentes que não possuem capacidade de assimilar as cargas de esgoto” (ANA,
2012a, p. 75). Ainda segundo a ANA, foi analisado o Índice de Poluição Orgânica
(IPO) dessa região, que “avalia a capacidade de um corpo d’água assimilar cargas
poluidoras orgânicas de origem doméstica e consiste na relação entre a carga
orgânica lançada e a carga orgânica máxima permissível” (2012a, p. 36). O mesmo
foi calculado a partir de dados de monitoramento coletados junto às Unidades da
Federação, e os dados de todas as campanhas durante o período de 2001 a 2010
foram reunidos. De acordo com essa análise, o Rio Parnaíba apresenta IPO
classificado como ótimo de sua nascente até Teresina. De Teresina até sua foz, o rio
passa a apresentar IPO classificado como razoável. Essas classificações
comprovam o efeito negativo que o lançamento de esgoto produz. Considera-se
também, para o agravamento dessa classificação nesse trecho, a junção do Rio
Poti, que apresenta IPO classificado como ruim.
Em relação ao abastecimento da água, esta passa pela ETA, situada na zona
sul, contando com três estações de tratamento cujo volume de produção de água
tratada é da ordem de 6 bilhões de litros. Após o tratamento, a água é enviada para
ser reservada e distribuída (TERESINA, 2010). Contudo, apesar de a quantidade de
produção de água tratada ser suficiente para toda a população da cidade, o Sistema
de Abastecimento de Água (SAA) apresenta frequente falta de água em muitas
regiões da cidade e ainda não a atende totalmente com seu abastecimento. Para a
DRZ Geotecnologia e Consultoria (2015, p. 80), essas falhas se devem a

[...] dificuldades de natureza técnica, administrativa e/ou operacional,


que, também, ocasionam desperdícios e perdas elevadas, precário
estado de conservação de algumas unidades de produção,
elevatórias e reservatórios. O sistema de tratamento de água não
atende satisfatoriamente a população, falta melhorias na
conservação das estações e equipamentos, assim como é preciso
melhorar e ampliar a rede de distribuição para que a água consiga
atingir todos os moradores.

Dessa maneira, baseando-se na Lei n. 4.797/1995, os órgãos e entidades


responsáveis pela operação dos sistemas de abastecimentos públicos de água
92

deverão adotar as normas e o padrão da potabilidade da água estabelecidos pela


legislação federal e complementares pela legislação estadual. Os esgotos sanitários
deverão ser coletados e tratados e receber a destinação adequada, de forma a
evitar contaminação de qualquer natureza. Observa-se que na cidade de Teresina
96% da população possui abastecimento de água, confrontando com o esgotamento
sanitário que atende a apenas 13% da cidade, no processo de coleta e tratamento
de água. Em 1990, a cidade contava com 90 quilômetros de rede coletora e em
2012 passou a ter 389 quilômetros. Apesar do pequeno alcance, percebe-se uma
evolução nesse período (TERESINA, 2010).
A fiscalização e o controle dos serviços de saneamento básico, assim como a
regulação do SAA dos municípios, fica a cargo da Agência Municipal de Regulação
de Serviços Públicos de Teresina (Arsete). Dotada de autonomia orçamentária,
financeira, técnica, funcional e administrativa, a entidade vinculada à prefeitura
agrega as funções de normatização, regulação, controle e fiscalização dos serviços
públicos do município e foi regulamentada pela Lei municipal n. 3.600/2006. De
acordo com a DRZ Geotecnologia e Consultoria (2015, p. 212), desde a criação
desse órgão em 2006, não foram realizadas por ele mesmo “audiências ou consultas
públicas sobre a situação do saneamento básico”.
Em relação à drenagem da água, tem-se que o acelerado crescimento urbano
da cidade de Teresina não foi acompanhado pelo crescimento real necessário de
drenagem urbana. A estrutura de drenagem estava ligada a medidas de correção
emergencial. Foram construídas redes pluviais e galerias ao longo da necessidade
de drenar os excessos de água pluvial. Também não foi feito por parte do poder
público um planejamento estratégico para evitar a ocupação de vales (TERESINA,
2010).
Lima et al. (2002) apontam que, apesar de a maioria das galerias de
drenagem da cidade de Teresina serem bem construídas no que se refere à
engenharia, elas não levam em conta a dissipação da energia da água, nem os
sedimentos que transportam ou mesmo os tipos de solo que drenam, sendo
dimensionadas de maneira genérica para grandes volumes de água, ocasionando
desgastes erosivo dos terraços fluviais.
Observa-se na análise do Plano Diretor da cidade de Teresina, o Plano de
Desenvolvimento Sustentável Agenda Teresina 2015, no art. 7º que o mesmo se
apresenta de forma completa. No entanto, ao analisar a atual situação da cidade de
93

Teresina, nota-se que o plano não é executado de maneira satisfatória no


cumprimento de seus objetivos, assim como a maior parte da legislação citada
anteriormente.
Em 2007, Mota Junior e Silva já identificavam em sua pesquisa a existência
de impactos ambientais ao longo do curso do rio. São eles: depósito de resíduos
sólidos, processo de extinção da fauna e da flora, erosão das margens e
alargamento das mesmas, aterramento das antigas planícies inundáveis para
loteamentos regulares e irregulares, queima da vegetação para produção de carvão
vegetal e desmatamento, construção de moradias irregulares, construção de diques
e avenidas.
Desde a instalação das primeiras ocupações próximas, o rio foi utilizado como
fonte de renda. Umas das atividades que até hoje perduram, realizadas em seus
terraços fluviais, é a extração de minerais para obtenção de materiais de construção
e fabricação de peças cerâmicas, principalmente na cidade de Teresina. A partir da
atividade de extração de argila, próxima ao Rio Parnaíba, na zona norte, feita sem
orientação técnica, há um aumento do número de lagoas e da degradação do
ambiente (LIMA et al., 2002). Nesse sentido, a degradação do meio ambiente por
atividades de extração de recursos minerais e as demais consideradas lesivas ao
meio ambiente estão enquadradas no art. 225 da Constituição de 1988, devendo os
autores de tais atividades serem alvo de penalidades, descritas na lei. Porém, o que
se observa é a prática dessas atividades sem qualquer fiscalização.
Os terraços fluviais são compostos por depósitos de cascalhos e areias. De
acordo com Vieira e Viana (2012), são associados a recentes sedimentos fluviais
oriundos de “depósitos paleocanais e terraços fluviais subrecentes a antigos”
(VIEIRA; VIANA, 2012, p. 2). Observa-se a partir da atividade extrativista, segundo
Vieira e Viana (2012), os impactos negativos em relação aos aspectos
socioeconômico e ambiental. Pode-se citar como impacto ambiental negativo a
exploração desmedida dos recursos naturais presentes nesses terraços. Essa
exploração acontece sem manejo adequado, promovendo a desconfiguração da
paisagem e, em relação ao aspecto socioeconômico, tem-se a predominância de
agentes informais na estrutura produtiva da atividade, além das precárias condições
de trabalho.
A atividade extrativista pode ser comparada à atividade de mineração, que é
um dos setores básicos da economia do país. Segundo Farias (2002), essa busca
94

de aproveitamento de recursos naturais está intimamente ligada com a história do


desenvolvimento econômico do Brasil. O autor ressalta que quando executada com
responsabilidade social e aliada aos fundamentos do desenvolvimento sustentável,
tal atividade de mineração contribui para o bem-estar e a melhoria da qualidade de
vida da população.
De acordo com a afirmação de Viana (2007), entende-se a possibilidade da
existência da prática de mineração juntamente com o desenvolvimento sustentável.

Na atividade mineradora, o desenvolvimento local sustentável deve


configurar um trabalhador organizado e capacitado, ou seja,
possuidor de conhecimentos (informações) e habilidades suficientes
para que possa gerenciar os negócios com mais eficiência, partindo
dos recursos que realmente possui e com a visão correta quanto à
questão ambiental, induzindo, assim, o desenvolvimento humano e
social sustentável (VIANA, 2007, p. 43).

A autora completa tal afirmação ao apontar que a partir do conhecimento dos


impactos dessa atividade no meio ambiente observa-se a necessidade de medidas
que visem à proteção e recuperação desse ambiente degradado, permitindo pensar
como a atividade pode ser inserida na esfera do desenvolvimento sustentável.
Verifica-se, assim, a importância de treinamento e capacitação dos mineradores
para que eles tenham maior percepção da amplitude dessa atividade, de como ela
pode interferir na vida de toda a população de maneira direta e indireta. É
necessário também, para que essa prática vislumbre o desenvolvimento sustentável,
que o poder público articule os diversos atores sociais envolvidos, objetivando os
interesses da coletividade. Isso deve ser realizado por meio dos campos regulatório,
fiscal e tecnológico, assim como por parte de empresas privadas, a partir de
investimentos tecnológicos para a redução dos impactos de sua atividade sobre o
meio ambiente (VIANA, 2007).
Outra atividade dependente do Rio Parnaíba é a pesca. Esta ocorre também
sem fiscalização e em condições inadequadas, gerando aumento da poluição do rio
e ocupação de área de preservação permanente (LIMA et al., 2002). Nota-se que
essas atividades são realizadas sem conhecimento técnico necessário e sem
fiscalização.
Bruna, Philippi Junior e Roméro (2014) apontam que pela união de variáveis,
como diversidade de recursos extraídos, velocidade de extração, disposição e
95

tratamento dos resíduos oriundos da extração e política de gestão adotada, que se


define o grau de impacto ambiental sobre o ambiente natural. Com isso, é
perceptível que as atividades descritas anteriormente gerem graves impactos ao
ambiente natural por não se preocuparem com tais variáveis. Farias (2002) enfatiza
a exigência do EIA, estabelecido pela Resolução n. 1/1986 do Conama, para o
licenciamento ambiental de atividades de aproveitamento de recursos minerais, de
forma a evitar tais impactos negativos sobre o meio ambiente.
Também é de conhecimento da população a atividade de lavagem de carros à
beira do Rio Parnaíba, na Avenida Maranhão, que margeia o rio dentro de Teresina.
Essa atividade é realizada há aproximadamente 14 anos, de acordo com Cruz et al.
(2007), provocando mudanças estruturais, como a geração de lixo, e
socioeconômicas, com a presença de fluxo comercial, sendo este formado por bares
e vendedores ambulantes. Tal prática é realizada, assim como as citadas
anteriormente, de forma inadequada, com infraestrutura precária ou sua ausência,
propiciando despejo no rio de efluentes oriundos da lavagem de carros, sem
tratamento. Consequentemente afetam a qualidade da água do rio, comprometendo
a saúde da população que faz uso dela, principalmente as que não são
contempladas com água tratada pela Agespisa e por isso coletam a água
diretamente do rio, sem o devido tratamento.
Um fato que comprova os prejuízos gerados por tal atividade é o resultado
obtido pelo estudo realizado por Cruz et al. (2007), que compara oito amostras da
água do Rio Parnaíba retiradas em pontos diferentes no trecho onde há a presença
de lavadores de carros e em duas épocas distintas: período de seca e período
chuvoso. Todas as amostras apresentaram concentração de óleos e graxas fora dos
padrões admitidos pelo Conama na Resolução n. 357/2005, tanto no período
chuvoso quanto de seca. Algumas amostras apresentaram pH também fora desses
padrões, no período de seca, e algumas estão foras dos padrões quanto aos sólidos
dissolvidos totais, principalmente no período chuvoso.
96

4.1 LEVANTAMENTO DE CAMPO

Na realização da pesquisa de campo, observou-se a separação de trechos


distintos em função da paisagem existente nas margens do Rio Parnaíba na cidade
de Teresina, como mostra a Figura 15.

Figura 15: Trechos destacados por diferenciações da paisagem.

Fonte: Google Maps (2015), editada pela autora.

De acordo com a Figura 15, observa-se a divisão do trecho estudado em


quatro outros trechos. Como critério de distinção entre os trechos foi utilizada a
diferença de paisagem que eles apresentam.
97

4.1.1 Trecho 1 (ciano)

No trecho em ciano, tem-se o encontro dos rios. Nessa área há o Parque


Ambiental Encontro dos Rios. Em pesquisa realizada em 2011 por Rocha, Santos e
Silva, encontram-se relatos da situação das margens que revelam, em comparação
à presente pesquisa, que nenhum trabalho foi realizado no sentido de recuperação
dessa área.
Rocha, Santos e Silva (2011) destacam como impactos da área do parque a
pavimentação, o saneamento inadequado da região, a erosão da margem esquerda
do Rio Parnaíba e o extrativismo mineral, além da presença de uma galeria exposta
que permite a proliferação de doenças, como se observa na Figura 16. Nesse
sentido, os autores apontam que a pavimentação do local dificulta a infiltração da
água. Essa falta de permeabilidade gera a retenção da água e propicia a ocorrência
de enchentes, também favorecendo a erosão de sua margem que provoca o
alargamento da calha do rio.
98

Figura 16: Galeria exposta no Parque Ambiental Encontro dos Rios.

Fonte: Rocha, Santos e Silva (2011).

Comprovando o que foi dito por Rocha, Santos e Silva (2011), em pesquisa
de campo realizada em 30 de agosto de 2015, observa-se a existência desses
impactos, principalmente a erosão da margem do rio por conta da retirada de sua
mata ciliar (Figura 17). Nota-se, a partir da situação encontrada, que há um
descumprimento do Código Florestal, que institui a mata ciliar, “faixas marginais de
qualquer curso d’água natural perene e intermitente” (BRASIL, 2012), como APP,
devendo obviamente ser preservada, e não retirada.
99

Figura 17: Erosão na margem direita do Rio Parnaíba.

Fonte: Arquivo pessoal da autora (2015).

Pela análise das imagens apresentadas deste trecho, verifica-se a gravidade


do processo erosivo existente. Este apresenta também como consequência o
assoreamento do rio devido à falta da existência da mata ciliar. Tal cenário indica a
falta do cumprimento da legislação, que prevê e normatiza o estabelecimento da
largura mínima da faixa marginal ao rio, de 200 metros, livre de ocupação, como já
foi apontado nesta pesquisa.

4.1.2 Trecho 2 (amarelo)

No trecho em amarelo podemos observar como característica principal a


existência de pequenas hortas por todo o trecho demarcado, como se observa na
Figura 18.
100

Figura 18: Hortas existentes na margem direita do Rio Parnaíba.

Fonte: Arquivo pessoal da autora (2015).

Essas hortas comunitárias localizam-se no terreno na margem direita do Rio


Parnaíba, no fundo de pequenos casebres. A região também é caracterizada pela
existência do extrativismo mineral em suas proximidades, assim como a existência
das Lagoas do Norte, citadas anteriormente nesta pesquisa. Rocha, Santos e Silva
(2011) também apontam a presença dessas hortas em seu estudo, afirmando a
existência dessa atividade econômica, assim como o cultivo de vazantes e o
extrativismo mineral e vegetal. Encontrou-se nessa região outra atividade, a
localização de uma sucata dentro da zona de preservação, entre a via de
automóveis e o rio.

4.1.3 Trecho 3 (magenta)

Nesse trecho começa a Avenida Maranhão, que acompanha a margem do rio


até a zona sul. De um lado da avenida existe a margem do rio e, do outro, nota-se a
existência de moradias. Esse trecho entre o rio e as habitações, na maior parte da
região, não respeita o limite delimitado pela legislação de 200 metros.
O trecho em destaque é caracterizado por ausência parcial da mata ciliar,
havendo presença de vegetação de grande porte, como se pode observar na Figura
19.
101

Figura 19: Mata ciliar no trecho 3.

Fonte: Arquivo pessoal da autora (2015).

Na Figura 19 pode-se observar a presença da vegetação de grande porte e a


ausência parcial da mata ciliar.
Outro ponto importante que se pode observar com a imagem é a existência
de coroas de areia no rio. A presença dessas coroas é um indicativo do processo de
assoreamento. Em reportagem feita por um jornal local, em que esse mesmo
problema foi apresentado, além de outros, apontou-se o despejo de esgoto sem
tratamento em vários trechos do rio. Tal reportagem mostra ainda que é possível
andar pelo rio devido à grande presença desses bancos de areias, consequentes do
assoreamento (NÍVEL [...], 2015).

4.1.4 Trecho 4 (verde)

Na Figura 20 observam-se imagens do trecho destacado em verde. Esse


trecho localiza-se na região do centro da cidade. Nota-se na figura a ausência quase
total da mata ciliar na margem do rio, e observa-se a presença de banco de areia
aparente, assim como em outros trechos.
102

Figura 20: Ausência da mata ciliar no trecho 4.

Fonte: Arquivo pessoal da autora (2015).

Esse trecho foi o que apresentou maior grau de perda da mata ciliar
comparado com os demais trechos analisados.

4.1.5 Trecho 5 (azul)

Nesse trecho, o maior de todos os analisados, utilizou-se como parâmetro


para distinção dos demais sua característica mais marcante, que é a presença dos
lavadores de carro na Avenida Maranhão. Esses lavadores, que utilizam a água do
rio para realizarem a lavagem, despejam diretamente a mesma água depois do uso,
já contaminada pela presença de produtos químicos para limpeza. Observa-se na
Figura 21 a forte presença dessa atividade econômica, discutida anteriormente.
103

Figura 21: Presença de lavadores de carro na Avenida Maranhão.

Fonte: Arquivo pessoal da autora (2015).

É interessante observar a quantidade de pessoas que utilizam esse serviço.


Por isso, é de extrema importância que elas sejam informadas dos danos que tal
atividade provoca no rio e consequentemente em toda a cidade. Dessa forma, a
partir da informação, é possível que os usuários busquem exigir ações públicas e
alternativas para que tal atividade seja realizada de modo não prejudicial ao meio
ambiente. Ressalta-se que essa atividade econômica é o meio de sobrevivência de
muitas famílias da região, não podendo ser simplesmente erradicada, mas sim deve
ser adaptada aos parâmetros de sustentabilidade.
É possível apreender também, pela análise das imagens, a forte presença da
densa vegetação de grande porte neste trecho em questão.
Com uma análise comparativa entre os trechos, em relação aos dois
principais aspectos observados – assoreamento e mata ciliar –, criou-se a Tabela 2
para compreender melhor o estado em que se encontram esses trechos.
104

Tabela 2: Comparação entre os trechos.

TRECHO ASSOREAMENTO MATA CILIAR

Trecho 1 Sim Grande perda

Trecho 2 Sim Perda parcial

Trecho 3 Sim Grande perda

Trecho 4 Sim Perda quase total

Trecho 5 Sim Muito presente

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

Comparando os trechos, observa-se que todos apresentam em comum o


assoreamento do rio como grande dano ambiental. Se confrontarmos a modificação
da paisagem das margens com o processo de urbanização da cidade de Teresina,
encontra-se uma justificativa para a quantidade de perda da mata no trecho verde.
Nota-se que o trecho destacado em verde foi o local escolhido por Saraiva para a
formação da cidade, onde houve maior concentração de urbanização no início da
formação da cidade. O trecho em amarelo indica a localização da Vila Velha do Poti,
que, por contar com baixa densidade populacional, não apresenta uma perda da
mata ciliar tão grande como a encontrada no trecho em verde. O trecho em magenta
apresenta o sentido para onde a cidade cresceu após a ocupação do centro e foi
alvo de criação de muitos conjuntos habitacionais. Essa justificativa toma força
também quando se compara com o trecho em azul, com maior presença da mata
ciliar, que se localiza na zona sul, a zona urbanizada mais recentemente em relação
às demais em questão.
No que se refere ao assoreamento do Rio Parnaíba, Gomes, Nunes e Paula
(2014) apontam a existência desses bancos em diferentes locais em todo o trecho
do rio em estudo na presente pesquisa. Os autores subdividem o trecho em quatro
menores: Setor Sul, Setor Centro-Sul, Setor Centro-Norte e Setor Norte (Figura 22).
Eles verificam, reforçando o que foi dito anteriormente, que o principal motivo desse
assoreamento é a perda da mata ciliar. O estudo apontou que as regiões dos
setores Sul e Centro-Sul são as que apresentam a maior quantidade de bancos,
105

geralmente pouco alongados. Os autores consideram a possibilidade de tal fato


estar associado ao local de início da zona urbana. No Setor Norte, os bancos
arenosos tendem a ficar mais alongados e maiores. Deve-se levar em consideração
a ação de descarga da desembocadura do Rio Poti. Esses bancos de areia são
compostos de sedimentos quaternários que, em suspensão, prejudicam ainda a
qualidade da água, aumentando seu grau de turbidez, além de agregar outros
poluentes (GOMES; NUNES; PAULA, 2014).

Figura 22: Trechos do Rio Parnaíba com os bancos de areia em destaque.

Fonte: Gomes, Nunes e Paula (2014).

4.2 ANÁLISE DE IMAGENS GEORREFERENCIADAS

Para a obtenção dos mapas apresentados utilizou-se a técnica de


sensoriamento remoto, que obtém imagens de satélite dos anos de 1989, 2000,
2010 e 2015 (Figuras 23, 24, 25 e 26). Justifica-se a escolha de 1989 por ser o
primeiro ano que se tem esse tipo de registro e de 2015 por ser o registro mais atual.
Os anos de 2000 e 2010 foram escolhidos para que se tenha como comparativo, na
análise das imagens, os dados dos Censos 2000 e 2010, realizados pelo IBGE.
Os mapas foram trabalhados com correção de ajustes de imagens por meio
do software SPRING 4.3.3, seguida de realce e contraste, o que possibilitou
106

visualizar e classificar os elementos urbanos, que correspondem à cobertura


vegetal, água, asfalto, solo exposto e ocupação urbana, encontrados nas imagens
captadas, enfatizando-se a extensão de área arborizada e área construída do sítio
urbano em foco. Esse sítio urbano refere-se a uma faixa de 900 metros contadas a
partir da margem do Rio Parnaíba, na margem direita deste, dentro do perímetro
urbano de Teresina.
A partir do trabalho realizado nas imagens foi possível o cálculo em
quilômetros quadrados das classes trabalhadas, resultando a Tabela 3, apresentada
a seguir juntamente com as imagens.
107

Figura 23: Imagem da área em estudo captada pelo satélite Landsat 5, trabalhada em
classes do sítio urbano, de Teresina (PI), em 1989.

Fonte: Imagem do satélite Landsat 5 disponível no site do Inpe (ano de 1989) e


geoprocessada por Monteiro (2015).
108

Figura 24: Imagem da área em estudo captada pelo satélite Landsat 5, trabalhada em
classes do sítio urbano, de Teresina (PI), em 2000.

Fonte: Imagem do satélite Landsat 5 disponível no site do Inpe (ano de 2000) e


geoprocessada por Monteiro (2015).
109

Figura 25: Imagem da área em estudo captada pelo satélite Landsat 5, trabalhada em
classes do sítio urbano, de Teresina (PI), em 2010.

Fonte: Imagem do satélite Landsat 5 disponível no site do Inpe (ano de 2010) e


geoprocessada por Monteiro (2015).
110

Figura 26: Imagem da área em estudo captada pelo satélite Landsat 5, trabalhada em
classes do sítio urbano, de Teresina (PI), em 2015.

Fonte: Imagem do satélite Landsat 5 disponível no site do Inpe (ano de 2015) e


geoprocessada por Monteiro (2015).
111

Tabela 3: Área das classes dos mapas analisados.

Anos
1989 2000 2010 2015
Classes (km2)

Cobertura vegetal 11,82 10,56 9,53 8,61

Água 3,49 2,52 2,3 3,31

Asfalto 2,31 3,56 3,36 2,84

Solo exposto 1,25 1,13 1,5 4,42

Ocupação urbana 4,65 5,4 5,07 5,33

Fonte: Elaborada pela autora por meio de dados fornecidos pelos cálculos de
geoprocessamento de Monteiro (2015).

Com a análise das figuras apresentadas, várias informações podem ser


absorvidas. Pode-se extrair que até o ano de 1989, o primeiro ano que se tem
registro dessas imagens de satélite, nota-se que a região de margem ocupada
concentrava-se na zona central, primeira região da cidade a ser urbanizada. Isso
reforça o que foi comentado sobre a supressão da mata nessa área pelo fato de ter
sido a primeira região a ser ocupada, sofrendo, assim, alteração em virtude da
atividade e ocupação humana. É considerável a diferença de ocupação próxima à
margem do rio no período entre 1989 e 2000, como se verifica comparando a
mancha vermelha existente em ambas. Esse crescimento da ocupação urbana é
comprovado pelo grande aumento da população no período, registrando um
crescimento de 29,45% da população. Esse dado tem como referência o registro em
1991 do total da população de Teresina por bairros (552.628 habitantes), e um total
de 715.360 habitantes na cidade de acordo com o Censo 2000.
Verifica-se que essa mancha, na região localizada entre o encontro dos rios
até a zona sul, não teve alteração expressiva nos anos posteriores a 2000,
apresentando uma queda das taxas de ocupação urbana e de presença de asfalto.
Essa queda pode ter como motivação a enchente que ocorreu na cidade em 2004,
quando, de acordo com a Prefeitura Municipal de Teresina (2007), aproximadamente
3 mil famílias ficaram desabrigadas por terem perdido suas moradias. No entanto,
112

entre os anos de 2000 e 2010, nota-se um aumento considerável da ocupação


urbana acima do encontro dos rios, no sentido norte. Essa ocupação nas margens
se deve pela instalação do conjunto Parque Brasil, criado em 2008, conforme
explicam Sousa e Costa (2012). Observa-se que, nesse período, o crescimento
urbano apresenta uma taxa menor se comparado ao período anterior. No Censo
2010 registrou-se 814.230 habitantes na cidade de Teresina, demonstrando um
crescimento de 13,82%, menos da metade do percentual do crescimento do período
de 1991 a 2000.
Em relação à taxa de ocupação urbana apresentada nas imagens entre os
anos de 2010 e 2015, observa-se um pequeno crescimento, fato que comprova a
necessidade de preocupação desse aspecto, o qual, na verdade, deveria continuar a
diminuir.
É interessante observar que, apesar da diminuição no total da taxa de
ocupação urbana dessa região entre os anos de 2000 e 2015, a supressão da
vegetação e a taxa de solo exposto têm aumentado entre os anos de 2000, 2010 e
2015. Tal fato é um indício da falta de ações que visem à recuperação dessa
vegetação degradada. Vale frisar que a taxa de solo exposto de 2015 apresentou
uma diferença elevada por conta do período – mês de outubro, quando se obteve a
imagem – ser um dos períodos mais quentes do ano, apresentando inúmeras
queimadas; de acordo com site local, no período de janeiro a outubro deste ano
houve aumento de 54% em relação ao mesmo período do ano de 2014
(QUEIMADAS [...], 2015). Essas queimadas provocam o aumento da taxa de solo
exposto, assim como a diminuição da vegetação.
Observando a Tabela 3, nota-se um dado importante, que se refere à
presença da água, tratando-se do Rio Parnaíba. Pode-se aferir, com o aumento
dessa área em questão, a comprovação do processo de assoreamento. Isso ocorre
porque nesse processo o rio, com presença de areia em sua calha, tende a se
expandir lateralmente, abrangendo cada vez mais sua margem. Esse fenômeno, na
ausência de mata ciliar, tende a se agravar, pois à medida que ele vai ocupando sua
várzea, vai incorporando mais areia para sua calha, já que não existe vegetação
para dificultar ou impedir o processo.
Em relação a esse contexto de degradação da mata ciliar, um relatório
elaborado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do
113

Piauí (Semar), por meio de um diagnóstico no período entre os anos de 2003 a


2010, apresenta um projeto de recuperação dessas matas:

Como parte integrante do Programa de Revitalização da Bacia do


Rio Parnaíba, vamos iniciar o programa piloto MATA CILIAR. Com o
objetivo de conter a erosão e o assoreamento que há mais de cem
anos vem provocando sérios impactos ambientais nos nossos
principais mananciais, o programa visa a recuperar a mata ciliar de
vários rios do Estado, nos perímetros urbanos das cidades. Será
recuperada a vegetação ribeirinha dos rios Parnaíba e Poti, em
Teresina; do rio Guaribas, em Picos; do rio Gurgueia, em Cristino
Castro; do rio Canindé, em Amarante; e do rio Piauí, em São
Raimundo Nonato, também com recursos do PAC (PIAUÍ, 2010).

No entanto, já em 2015, cinco anos se passaram da elaboração do projeto e


verifica-se que nada foi feito em relação à recuperação das matas no trecho
analisado por esta pesquisa, na cidade de Teresina. Contudo, observa-se que outras
ações já foram executadas no intuito de revitalização ambiental em outras regiões
da Bacia Hidrográfica do Parnaíba. Nesse aspecto tem-se a ação de contenção de
dunas no município de Ilha Grande, no litoral piauiense, além da proteção de
nascentes e instalação de rede de monitoramento da qualidade da água na bacia,
dentro do estado do Piauí (PIAUÍ, 2015), que atualmente não conta com nenhum
ponto de monitoramento, enquanto o Ceará possui 22 pontos de monitoramento da
bacia (ANA, 2012b).
Verifica-se, através do exposto, a comprovação da afirmação de Alvim, Kato e
Rosin (2015) ao apontarem a ineficiência e lacuna existentes nas ações de
planejamento e gestão públicas, apesar da gama de legislação brasileira sobre o
tema. Dessa forma, os planos e projetos urbanos desenvolvem-se desarticulados
“ou fundados na instabilidade de acordos políticos de curto e médio prazos” (ALVIM;
KATO; ROSIN, 2015, p. 84).
Percebe-se, então, a necessidade de urgência de atitudes que articulem os
planos de ações existentes e a criação de novos planos com objetivo de
preservação do rio na capital do estado e por toda a sua bacia hidrográfica.
114

4.3 POSSÍVEIS ATUAÇÕES

Com base no que foi estudado, constata-se que algumas atitudes podem ser
tomadas no intuito de reverter a situação existente ou, se não for possível a
reversão, que não haja mais tantos danos. Uma ação que pode ser tomada a
princípio é a educação ambiental. Assim, seria mais fácil mobilizar as demais ações
e fiscalizar para que as mesmas sejam cumpridas e mantidas.
De acordo com Sorrentino et al. (2005), a educação ambiental foi introduzida
como estratégia para a promoção da sustentabilidade social e ambiental em 1977,
após a I Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental de Tbilisi, na
antiga União Soviética. Posteriormente surgiu o que Ignacy Sachs, em 1986,
denominou “ecodesenvolvimento”, um modelo de desenvolvimento que
harmonizasse as relações econômicas com o bem-estar das sociedades e a gestão
racional e responsável dos recursos naturais. Segundo a Política Nacional de
Educação Ambiental, instituída pela Lei n. 9.795/1999, em seu art. 1º,

Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos


quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos e habilidades, atitudes e competências voltadas para
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL,
1999).

Um exemplo dessa ação de educação ambiental pode ser tomado em um


assunto específico, como o caso a seguir, em que foi utilizada a reciclagem: a
iniciativa da Secretaria de Planejamento, Transporte e Meio Ambiente da Prefeitura
Municipal de Olinda, que possui o Centro de Educação Ambiental do Bonsucesso, o
qual faz cursos de educação ambiental, ressalta a importância da preservação
ambiental e orienta atividades como o manuseio de lixo por meio de sua reciclagem
e separação (GAZINEU; SOARES; SALGUEIRO, 2007).
De acordo com o documento produzido pela DRZ Geotecnologia e
Consultoria (2015), existe na capital o Centro de Educação Ambiental (CEA) do
município, que tem como objetivo promover educação ambiental para a população.
Essa é uma importante iniciativa, que, no entanto, precisa ser mais eficaz, uma vez
115

que não são divulgadas para toda a população as atividades que realiza; a última,
até a finalização desta pesquisa, ocorreu em junho de 2014 (PIAUÍ, 2014).
Outra ação possível é a preservação da mata ciliar. Isso porque, como foi
discutido, a preservação dessa mata geram inúmeros benefícios para a preservação
do rio. De acordo com a cartilha criada pela Secretaria de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos da Bahia, intitulada Recomposição florestal de matas ciliares
(BAHIA, 2007), a degradação da mata ciliar deixa o solo exposto, provocando a
erosão, o que reduz a fertilidade e a quantidade de solo útil e aumento da poluição,
já que a mata ciliar atua também como barreira para isso; gera também o
assoreamento dos rios, criando aterramento nos leitos, e o risco de secas nas
nascentes, aumentando a possibilidade de inundação, etc.
Essa cartilha ensina como recuperar a mata. O processo é dividido em 12
passos, dos quais alguns serão citados. O primeiro passo trata da avaliação
detalhada das condições do local em foco, devendo atentar para as causas da
degradação, quais são as condições do solo, se existe área com mata nativa
próxima, para serem utilizadas como local de coleta de semente, e quando seria
necessário aumentar a quantidade de árvores, além de verificar se existem áreas
sem mata e com presença de erosão. O segundo passo trata da seleção de
espécies de plantas a serem utilizadas. Observa-se nessa etapa que é de grande
importância saber quais espécies ocorrem na região, para a recomposição da mata
são mais indicadas as espécies que ali existiam; deve-se considerar as espécies de
acordo com a situação do solo analisada no primeiro passo; recomenda-se a
utilização de um menor número de espécies, o que facilita essa recuperação da área
e, futuramente, acrescentar-se-iam outras espécies.
116

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao fim do trabalho é possível compreender melhor o estado atual do rio e as


causas que possibilitaram tal situação. Observa-se que desde a formação da cidade
de Teresina o rio foi um dos grandes motivos da localização atual da capital. No
entanto, em momento algum houve alguma preocupação com o mesmo e com os
danos que poderiam ser gerados a partir da urbanização, uma vez que esta priorizou
a criação de conjuntos habitacionais, sem sequer haver esgotamento sanitário.
Teve-se também como característica da expansão urbana o surgimento de vazios
urbanos para valorização das terras dos grandes fundiários, apontando um
crescimento urbano desordenado.
Em face aos resultados apresentados na pesquisa, nota-se que o Rio
Parnaíba tem grande potencial para ser, durante muito tempo – talvez para sempre
–, um rio potável que se apresenta como manancial, fonte de renda e crescimento
econômico, assim como local de lazer e via de circulação da região. Essa realidade,
contudo, é possível apenas se forem tomados os devidos cuidados de manuseio
para essas atividades, juntamente com uma política de proteção e recuperação do
que se perdeu, principalmente, no que diz respeito às matas ciliares e ao
assoreamento.
Além disso, o rio representa, devido à sua importância vital para o
funcionamento da cidade, um dos pontos-base, por meio da sua recuperação e
preservação, para o desenvolvimento sustentável do município de Teresina. A
cidade, como capital do estado, deve se apresentar como exemplo em todos os
aspectos da dinâmica urbana para os demais municípios – para além e mais
importante do que isso, ser uma cidade que proporcione qualidade de vida urbana
para sua população.
Observa-se, nesse sentido, que o desenvolvimento sustentável objetiva a
expansão urbana e o desenvolvimento econômico articulados com a preservação
ambiental. Com isso, para que o mesmo seja alcançado é necessário esse cuidado
e maior atenção com o Rio Parnaíba para que este continue sendo utilizado pela
população e que possa ser aproveitado pelas gerações futuras.
Deve-se considerar, como dito anteriormente, que a população tem papel
imprescindível para que isso ocorra, não sendo apenas mera espectadora do que
117

acontece na cidade. É a partir dela que podem ser cobradas as práticas das políticas
públicas existentes, assim como, por meio da participação comunitária, contribui-se
para a criação de novas políticas que melhorem o funcionamento do espaço urbano.
Vale ressaltar que tal processo é facilitado com a educação ambiental, pois com ela
a sociedade tem conhecimento e noção de como pode contribuir, além de passar a
ter conhecimento do que é prejudicial ou favorável para tal funcionamento.
118

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ANEXO A– Evolução da População de Teresina, por bairros


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