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Regularização de Vazões 12
1. REGIME DE VAZÕES
Com a finalidade de proporcionar uma melhor visualização do regime do rio, ou apenas destacar
algumas de suas características ou ainda estudar os efeitos da regularização propiciada por
reservatórios, os projetos de obras hidráulicas exigem que os dados de vazão sejam manipulados e
apresentados sob a forma de gráficos. As vazões podem ser apresentadas através de hidrogramas,
curvas de permanência, curvas de utilização e diagramas de massa.
1.1. HIDROGRAMA
Figura 12.2 - Fluviograma anuais nédios para o período 1941 - 1970 (Fonte: SOUSA PINTO et alii,
1976).
Na figura 2, vê-se claramente, para o rio Capivari, que os meses de maior vazão corresponde em
média, aos períodos de janeiro a abril e de outubro a dezembro. No rio Iguaçu as vazões médias são
relativamente uniformes ao longo do ano.
Entretanto, a se analisar os coeficientes de variação ( δ/x) associados a cada valor médio, observa-
se uma nova característica dos regimes dos rios: os coeficientes de variação relativamente baixos no
primeiro caso indicam a existência de um regime razoavelmente bem definido; apenas nos meses de
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julho a setembro as variações são mais significativas. No segundo caso, os coeficientes de variação são
extremamente elevados, indicando a natureza variável do regime deste rio.
Na figura 12.2 são mostradas ainda as distribuições das vazões mensais máximas e mínimas
observadas no período.
Os valores de vazão podem ainda ser arrumados de forma decrescente, não mais obedecendo a
ordem cronológica. Estes valores podem ser agrupados em classes, e o número de valores que se situam
em cada classe, registrado (freqüência). Acumulando-se as freqüências e lançando-as em um gráfico de
correspondência. Aos limites inferiores de cada classe, obtém-se a Curva de Permanência das vazões,
que nada mais é que a curva acumulativa de freqüência da série temporal das vazões.
A curva de permanência indica a porcentagem de tempo que um determinado valor de vazão foi
igualado ou ultrapassado durante o tempo de observação. O somatório das freqüências é expresso em
termos de percentagem de tempo.
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EXEMPLO:
Tabela 12.2
20_
Volume perdido
Qo Volume deficitário
A curva de permanência pode ser considerada como um hidrograma em que as vazões são
arranjadas em ordem de magnitude. Permite, assim, visualizar de imediato a potencialidade natural do
rio, destacando a vazão mínima e o grau de permanência de qualquer valor da vazão.
Quanto maior foi o intervalo unitário de tempo (dia, mês, ano) utilizado para o cálculo da vazão
média, menor será a gama de variação ao do eixo das ordenadas.
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Para cada vazão derivada existe um período em que as vazões naturais são maiores que a
derivada e um período em que são menores. Se um aproveitamento é projetado para derivar no máximo
uma certa vazão (maior que a mínima), ele só poderá utilizar, em média, uma vazão menor.
1 T
Qu = Q d ⋅ t o + ∫ Qd t
T to
1 T
Q u (t) = Q(t) ⋅ t + ∫ Q(t) ⋅ d t
T t
1 T
Q u max = Q , pois Q u max = ∫ Q(t) ⋅ d t
T 0
Q u min = Q min
Qu(m3/s)
Duração %
Tabela 12.3
O diagrama de Rippl encontra sua aplicação especialmente, nos estudos de regulação de vazões
pelos reservatórios, que será visto a seguir.
2. REGULARIZAÇÃO DE VAZÕES
Sempre que um projeto de aproveitamento hídrico de um rio prevê uma vazão de retirada maior
que a mínima, existirá, em conseqüência, períodos em que a vazão natural é maior que a necessária e
períodos em que é menor.
Se torna necessária então a construção de um reservatório para que se possa reter o excesso
d'água dos períodos de grandes vazões para ser utilizado nas épocas de seca.
Qualquer que seja o tamanho do reservatório ou a finalidade das águas acumuladas, sua principal
função é a de fornecer uma vazão constante, ou não muito variável, tendo recebido do rio vazões muito
variáveis no tempo: ou seja, sua função é a de regularização da vazão do curso d'água.
• Nível normal do reservatório - é a cota máxima até a qual as águas se elevarão nas
condições normais de operação. Em geral este nível é determinado pela cota da crista do
vertedor.
• Nível mínimo do reservatório - é a cota mínima até a qual as águas baixam nas condições
normais de operação. Esse nível pode ser determinado pela cota da parte inferior do conduto
de saída mais baixo da barragem.
Qr (t)
Y (t) =
Q
onde,
• Empíricos - relacionados ao estudo de períodos críticos da série histórica através, por exemplo,
do diagrama Rippl.
• Analíticos - são aqueles que seguem a teoria dos "Range", Teoria das Filas, ou teoria das
Matrizes de Transição (Teoria de Moran).
Período crítico - é definido como o período no qual o reservatório vai dá condição "cheio"
para a condição "vazio". O início do período crítico se dá com o reservatório
cheio; o fim do período critico é quando o reservatório esvazia pela primeira
vez dentro do período. Assim, uma única falha pode ocorrer durante o
período critico.
A figura 12.12 mostra um exemplo onde existe 2 períodos críticos. Note que
as falhas durante os anos de 1945 e 1946 não estão incluídas no período
critico. ( MacMahon e Mein, 1978).
O diagrama de Rippl parece Ter sido o primeiro método racional para a estimativa da quantidade
de armazenamento necessária para suprir uma dada retirada.
• Para o reservatório em questão, traçar o diagrama de massas das vazões históricas (em geral
vazões mensais).
Limitações:
• Retirada constante
• Despreza a evaporação.
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A maioria das pesquisas no sentido de dimensionar um reservatório tem sido feita baseada em
rios perenes.
Grande parte dos rios do nordeste brasileiro é intermitente. Outro fator importantíssimo a
considerar é o efeito da evaporação. Assim sendo, Campos (1987) elaborou um modelo gráfico para
dimensionamento hidrológico de reservatórios de águas superficiais situados em regiões com rios
intermitentes sujeitos a altas taxas de evaporação. O suporte teórico foi fornecido pela teoria de Moran,
que considera o volume de reserva como uma variável aleatória seguindo uma cadeia Marcoviana. Foi
introduzida uma matriz de evaporação que separa as perdas devido a esse fenômeno das retiradas.
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Não nos deteremos aqui na formulação do modelo, que pode ser encontrada na dissertação de
doutorado "A Procedure for Reservoir Sizing on Intermittent Rives under High Evaporation Rate"
apresentada pelo prof. José Nilson B. Campos à Universidade do Estado do Colorado, mas na sua
aplicação prática através de um exemplo. Esse exemplo nada mais é, que a continuação do projeto do
Açude Várzea Alegre, cujas etapas anteriores já foram apresentadas nos capítulos "Precipitação" e
"Escoamento Superficial".
onde:
K = capacidade do reservatório
α = fator de forma da bacia hidráulica obtido supondo que a relação cota volume é do tipo
V = αh3
M
fM = Fator adimensional de retirada
µ
3α 1/3 Ev
fE = Fator adimensional de evaporação
µ 1/3
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Através de programa computacional o autor resolveu a equação (2) para os casos mais usuais e
colocou os resultados em forma gráfica.
O procedimento engloba 64 gráficos. Cada gráfico apresenta o valor de PE nos eixo das ordenadas
e o de fM no das abcissas: cada gráfico contém 6 curvas correspondentes a diferentes fk.
PE = 0,0 - 20,0%
fM = 0,1 - 0,60
PI = 0 - 10,0%
Exemplo:
µ)
1. Deflúvio médio anual (µ
A lâmina média de escoamento do Riacho do Machado foi calculado por correlação com a bacia
do rio Cariús, na estação Sítio da Conceição seguindo metodologia do GEVJ, através da aplicação de dois
coeficientes de correção, relativos a diferença nas áreas das duas bacias e nas precipitações médias
sobre elas.
µ = 7,1 x 106 m3
Tabela 12.4 - Valores médios mensais da evaporação do espelho d'água calculada a partir da correlação com a
evaporação com o tanque classe A medida em Iguatú (mm).
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ ANO
162 133 132 137 146 151 172 198 206 215 204 203 2059
α)
4. Fator de forma da bacia (α
É obtido através de regressão entre o volume (v) e a altura da água (h), da curva cota x
volume, pela equação V = αh3.
α = 2118,2
3α 1/3 E v
fE =
µ 1/3
como,
α = 2118,2
µ = 7,1 x 106m3
EV = 1,511m
1/3
3 x (2118,2) x 1,511
∴ fE = = 0,30
6
(7,1 x 10 ) 1/3
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*
Como não dispomos de gráfico próprio para CV = 0,92 devemos interpolar entre os valores obtidos p/ CV = 0,90 e CV
= 1,0 com fE = 0,30
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Essa reta corta as curvas correspondentes a fk = 1,0; 1,5; 2,0; 2,5 e 3,0 tira-se então do eixo das
abcissas os valores correspondentes a fM.
K M
Como fk = e fM = , sabe-se o volume anual regularizado (M) para cada capacidade de
µ µ
reservatório (K).
Tabela 12.5 - Relação entre a capacidade do Açude Várzea Alegre, o volume anual
regularizado com 80% de garantia e a vazão regularização.
O método descrito a seguir foi elaborado por Campos (1990) e se destina também ao
dimensionamento de reservatórios situados em regiões de intermitentes sujeitos a altas taxas de
evaporação, que é o caso do Nordeste Brasileiro.
Grande parte dos rios do Nordeste apresenta regime de escoamento concentrado durante a
estação chuvosa e uma longa estação seca; sendo assim os deflúvios anuais podem ser considerados
serialmente independentes. Desta maneira, estas séries podem ser obtidas através da geração de
números aleatórios seguindo uma dada função densidade de probabilidade. A distribuição
Gama de dois parâmetros foi a escolhido pelo autor para representar os deflúvios anuais (os parâmetros
estatísticos da série histórica foram conservados).
B = Zt + It - (1/2) (A t + 1 + At) · E - M
Zt + 1 = K Se B > K
Zt + 1 = B Se 0 < B ≤ K
Zt + 1 = 0 Se B ≤ 0
onde,
A partir dos resultados obtidos, o autor construiu diagramas triangulares onde o volume
afluente foi dividido em três partes: percentual sangrado, evaporado e utilizado, com uma garantia de
90%.
O uso do diagrama triangular é restrito aos caso em que se pretende uma garantia de 90% de
fornecimento de água.
Etapas:
2. Calcular o fator de forma (α) com os dados da tabela cota-volume através da reta dos
mínimos quadrados. (V = αh3 → Y = αx)
3α 1/3 E v
3. Determinar fE =
µ 1/3
K
fE =
µ
Para determinar estes percentuais, as retas devem seguir as direções mostradas na figura a
seguir:
Exemplo:
Determinar o volume anual regularizado com 90% de garantia para um reservatório com as
seguintes características:
µ = 700 hm3
CV = 1,20
α = 16.000
EV = 1,8 m
K = 1.400 hm3
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Solução:
Figura 12.18 - Diagrama para CV = 1,2 e Zmin = (0,05K; 0,20µ). (Fonte: CAMPOS; 1990).