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Curso de Observação de Aves: Módulo Iii
Curso de Observação de Aves: Módulo Iii
Observação de Aves
MÓDULO III
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para
este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores
descritos na Bibliografia Consultada.
MÓDULO III
1. INTRODUÇÃO
Depois de aprender um pouco sobre as aves e também quais as melhores
maneiras de se observá-las em campo, gravar e fotografar, o passo seguinte é
entender um movimento que já existe há décadas nos países do hemisfério norte,
mas que só recentemente tem se manifestado no Brasil: o turismo de observação de
aves, ou birdwatching.
Quando o observador esporádico transforma esta atividade em seu principal
foco de interesse, viagens e aquisição de equipamentos, passa a movimentar o
crescente mercado econômico que envolve a atividade, ao mesmo tempo em que
contribui para sua divulgação. A observação de aves envolve lazer, pesquisa
científica, exploração econômica, conservação e educação ambiental das mais
diversas formas, tornando-se um tema importante e moderno no atual contexto de
desenvolvimento brasileiro (Pivatto e Sabino, 2007).
Para receber este público, os hotéis, pousadas, sítios turísticos e até mesmo
cidades e parques nacionais precisam estar preparados para garantir o bom
atendimento ao turista, com retorno econômico conciliado à conservação ambiental.
Assim, o objetivo deste terceiro módulo é dar ao aluno informações gerais sobre o
turismo de observação de aves e como inserir esta atividade em locais com
potencial para tal (Figura 1).
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Figura 1. Observadores de aves atentos às novidades. Foto: Daniel De Granville
2. AS PRIMEIRAS VIAGENS
A história da humanidade é cheia de viagens. De início, o objetivo era
encontrar comida e segurança num ambiente totalmente selvagem e cheio de riscos
para aqueles homens pré-históricos. Quando o domínio de alguns segredos da
natureza permitiu a fixação das moradias, a necessidade de ampliar os territórios de
caça e poder trouxe as viagens de conquista, de guerra, de acúmulo de riquezas. E,
se pensarmos bem, os objetivos não mudaram muito até nossos dias.
Mas alguma coisa mudou sim. Desde o período do Renascimento, há uns
500 anos, os homens começaram a viajar em busca de conhecimentos, novos
tecidos, alimentos, técnicas e outras coisas que lhes permitissem ampliar suas
influências no mundo em que viviam. Talvez aí tenha nascido o turismo mais
próximo do que temos hoje. Pessoas buscando novidades que somassem ao que já
conheciam, ao mesmo tempo em que também levavam seus conhecimentos a
outros lugares. Claro, a maneira de ver o mundo naquela época ainda era bem
diferente dos dias de hoje, faltando a eles o entendimento e aceitação de culturas
diferentes das suas. Talvez isso tenha contribuído para a eliminação de muita
riqueza cultural que nunca saberemos ter existido.
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Quando essas viagens tornaram-se mais seguras,
muitos jovens ricos partiram a mando dos pais para
“amadurecerem” pelo mundo, o que começou a criar
uma imagem elegante desse feito. Aos poucos as
mulheres também se aventuravam (sempre
acompanhadas de pais, irmãos, maridos), e no
século XIX pessoas mais afinadas com as
oportunidades criaram as primeiras viagens
turísticas de que se tem notícia (Figura 2). Não
podemos esquecer, é claro, das grandes
expedições de aventureiros que queriam chegar até
pontos jamais visitados pelo homem, ou travessias
mais rápidas que qualquer outro, por exemplo. Ou Figura 2. Foz do Iguaçu é um dos
principais destinos turísticos do
dos naturalistas que viajam o mundo em busca de
Brasil. Foto: Daniel De Granville
novas espécies, plantas e animais exóticos,
desconhecidos na Europa.
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3. BREVE HISTÓRICO DA OBSERVAÇÃO DE AVES
De acordo com Moss (2005), até meados do século XVIII a relação humana
com as aves era baseada na religiosidade ou superstição – principalmente em
populações mais primitivas –, como fonte de plumas para adornos, decoração e
ainda um importante fornecedor de proteínas pela caça ou criação doméstica.
Em 1789 o reverendo Gilbert White (Figura 3), um naturalista que estudava
as coisas naturais da vila onde morava, publica The natural history of Selborne
(Mourão, 2004), considerada a primeira obra com referências à observação de aves
(Figura 4). Moss (2005) ainda cita White, juntamente com Thomas Berwick, George
Montage e John Clave, como os primeiros observadores de aves da história.
Figura 3. Reverendo Gilbert White trabalhando em seu Figura 4. Ilustração de uma antiga edição
jardim. Ilustração de Eric Ravilious de The natural history of Selborne, de
Gilbert White
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raridade. Quanto mais exótico e distante a origem, mais interessante era para a
coleção.
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Figura 6. Chapéu enfeitado com penas e ave empalhada. Mary Evans Picture Library. Fonte:
Moss (2005)
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inclusive o cuidado que um batalhão teve com um único ninho construído em uma
das tendas do acampamento de guerra!
Com o final da Segunda Guerra Mundial, o acesso a bens de consumo e
equipamentos como binóculos, máquinas fotográficas e livros especializados, se
tornaram importantes instrumentos para o desenvolvimento do turismo de
observação de fauna (Matos, 2004). Esta atividade ganhou impulso com o aumento
das viagens aéreas nas décadas de 1950-60, associada ao novo interesse pelas
questões ambientais (Pires, 2002), culminando nos anos 1980 com o aparecimento
do Ecoturismo e na valorização do ambiente natural promovida após a Conferência
das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Eco 92) no Rio de
Janeiro.
Nos Estados Unidos, as primeiras viagens internacionais organizadas por
operadoras especializadas em birdwatching aconteceram apenas na década de
1970, com objetivo de ampliar o número de espécies nas listas pessoais dos
observadores de aves. Os mais aficionados, conhecidos como “twitchers”,
começaram a viajar em ritmo de competição para ter o maior número de espécies
anotadas em suas listas pessoais (Moss, 2005).
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Atualmente, esta atividade é praticada em vários países ou regiões de um
mesmo país, havendo aqueles que mais recebem observadores (receptivos) e
àqueles de onde mais saem observadores (emissivos), com pacotes turísticos
comercializados especialmente via Internet.
4. OS OBSERVADORES DE AVES
Embora todos nós possamos ser chamados de “observadores de aves”,
vamos falar um pouco dos aficionados por esta atividade, que fazem disto quase
uma profissão ou objetivo de vida. Eles são os “birdwatchers”.
Existem muitas pessoas que passam a vida toda acrescentando novas
espécies à sua lista pessoal, chegando a empreender verdadeiras expedições para
ver um único pássaro considerado raro. Estas pessoas possuem mais de 1000
espécies em sua “birdlist” (lista de aves), sendo que alguns são famosos por já
terem observado mais de 5.000 espécies por todo o mundo. Geralmente pagam por
um guia especialista que possa mostrar as melhores aves de determinada região, de
forma a ampliar sua “coleção”. São chamados “birders”, “birdwatchers” ou
“twitchers”, sendo que estes últimos são os extremistas, que chegam a largar tudo o
que estão fazendo e voar para o outro lado do país após receber um telefonema
avisando sobre uma nova espécie que foi vista naquela manhã, ou da chegada tão
aguardada de aves migratórias.
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(Figura 8). Estes observadores querem ver aves, Figura 8. Observadores de aves na
Serra do Japi, SP. Foto: Daniel De
mas também gostam de ver anfíbios, répteis,
Granville
insetos, flores, mamíferos e todas as belezas
naturais da região. São os “naturalistas”.
5. ECOTURISMO
De acordo com a Embratur (1994), o ecoturismo é um segmento da
atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural,
incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista
através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações
envolvidas.
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Considerado o segmento do turismo que
mais cresce a cada ano no mundo
(Embratur, 1994), o ecoturismo possui
diversas modalidades, sempre
associadas ao lazer em meio natural e
que não resultam em degradação do
ambiente visitado ou de suas
populações nativas, incentivando o
Figura 9. Ecoturismo na região de Jardim, MS.
desenvolvimento de forma sustentável
Foto: Daniel De Granville
(Figura 9).
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Para Figueiredo (2003), a observação de aves é considerada um segmento
do ecoturismo, pois depende de ambientes favoráveis à avifauna. É muito popular
em países como Estados Unidos, Inglaterra, Austrália, Canadá, Japão e Alemanha
(Yourth, 2001).
Porém, muitos estudiosos questionam essa relação, preferindo deixar o
turismo de observação de aves em uma categoria separada do ecoturismo.
Justificam esta posição pelo caráter puramente “colecionador” deste tipo de turista,
interessado apenas em ver novas espécies, sem considerar as questões ambientais
ou sociais do ambiente visitado.
Ainda que para muitos observadores de aves tradicionais o foco central de
sua atividade seja apenas preencher listas, o perfil das novas gerações de
birdwatchers está mais próxima desta relação harmoniosa, buscando não apenas
novas espécies mas também apreciando o contato com a natureza, se envolvendo e
apoiando ações de conservação ambiental.
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Em 1995, o Serviço de Vida Silvestre do Quênia (Kenya Wildlife Service)
calculou que o turismo, 80% do qual se concentrava na observação da vida silvestre,
representava um terço das divisas do país (Yourth, 2001). A Costa Rica arrecada
cerca de 1,5 bilhões de dólares anualmente com a visitação turística de seus
parques nacionais (Escobar, 2006), sendo a observação de aves uma das principais
atividades.
Segundo Kerlinger (2000), estudos recentes sobre a relação entre o turismo
de observação de aves e economia demonstraram que áreas de visitação de vida
selvagem atraem milhões de turistas anualmente, o que representa importantes
rendimentos para comunidades rurais e para projetos de conservação. Cabe
destacar que, para que essa forma de ecoturismo seja uma fonte de recursos
sustentável, os recursos naturais precisam ser conservados, garantindo a
manutenção e a continuidade dos processos naturais (Primack e Rodrigues, 2002;
Sabino e Andrade, 2003).
Um número expressivo de pessoas paga altos valores pela oportunidade de
observar determinadas espécies, sendo que um em cada cinco norte-americanos
indica a observação de aves como uma de suas atividades prediletas de lazer, e
quase 40% viajam para observar aves (Tapper, 2006). Ao deixar de participar desse
mercado, os prejuízos são tanto econômicos quanto ambientais, visto que os
benefícios podem ser revertidos tanto para o desenvolvimento quanto para a
conservação (Escobar, 2006).
Embora o impacto econômico total das atividades relacionadas com a vida
silvestre não possa ser facilmente quantificado, a National Survey on Recreation and
the Environment - NSRE (2000) mostra que entre 1991 e 1996 as despesas com
excursões de observação da vida silvestre aumentaram em 21%, sendo que em
1996, 77 milhões de adultos – cerca de 40% da população adulta dos Estados
Unidos – participaram em alguma forma de lazer relacionado com a vida silvestre.
Suas atividades geraram US$ 100 bilhões em vendas de equipamento, transporte,
licenças, hospedagem, alimentação e outras despesas relacionadas com seus
interesses ao ar livre (Yourth, 2001). Em outro levantamento, a U.S. Fish & Wildlife
Service (USFWS, 2001) indica que observadores de aves gastaram
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aproximadamente 32 bilhões de dólares com esta atividade nos Estados Unidos em
2001.
Além dos aspectos econômicos, a observação de aves é uma atividade que
estimula o interesse pela avifauna e pelo ambiente, podendo trazer ganhos na
conservação da biodiversidade (Yourth, 2001), visto que observadores da vida
silvestre, pessoas em geral com bom nível financeiro e de instrução, dispõem-se a
pagar pela proteção dos lugares visitados.
Uma pesquisa feita em 1995 pela Travel Industry Association of America
constatou que 83% dos turistas norte-americanos estavam dispostos a apoiar
agências de viagens ambientalmente responsáveis e a gastar, em média, 6,2% a
mais por estes serviços e produtos de viagem (Yourth, 2001). Em outra pesquisa,
Lachiondo (2000) indica a disponibilidade de 56% dos turistas entrevistados de
pagarem impostos para a conservação dos espaços protegidos da região
Macaronésia (arquipélagos da região atlântica entre Portugal e norte da África).
Yourth (2001) cita também o aumento do que ele classifica como ciência
cidadã, na qual milhares de observadores realizam uma constante coleta de dados,
contribuindo para o conhecimento da distribuição destas espécies e suas respectivas
informações comportamentais. Ainda segundo este autor, diversas ações
conservacionistas foram originadas e fortalecidas por grupos de observadores de
aves, como as campanhas promovidas pelo Common Bird Census (Grã-Bretanha),
Christmas Bird Count (National Audubon Society, EUA) e Breeding Bird Survey (U. S.
Geological Survey, EUA). Desde 1934 o Federal Duck Stamp Program arrecada
milhões de dólares de caçadores, colecionadores de selos e observadores de aves
para ações de conservação ambiental.
Outro evento importante relacionado à observação de aves são as Bird
Fairs, feiras especializadas que ocorrem anualmente em países como Inglaterra,
Itália, Holanda, Coréia do Sul, Estados Unidos, Canadá, África do Sul e Venezuela.
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Milhões de dólares são movimentados
nestas feiras em venda de pacotes
turísticos, equipamentos, roupas,
acessórios, doação a projetos de
conservação e principalmente
divulgação da atividade tanto nos
países emissivos como receptivos. A
The British Birdwatching Fair acontece
Figura 11. The British Birdwatching Fair, edição de
desde 1989 e já gerou
2007. Foto: Tom McIlroy
US$2,600,000.00 para projetos
ambientais.
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7. A OBSERVAÇÃO DE AVES NO BRASIL
Embora o Brasil possua mais de 1800 espécies de aves em seu território, só
recentemente a observação de aves tem se destacado como atividade turística e
econômica. O interesse pela atividade cresceu a partir das décadas de 1970-80,
quando clubes de observadores de aves no Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de
Janeiro e São Paulo programavam atividades relacionadas, divulgadas no periódico
O Charão, então o principal meio de comunicação entre os membros deste
segmento. Essas atividades aconteciam isoladamente, envolvendo poucos
interessados na década de 1990. Ao mesmo tempo, após o Rio 92 (Conferência
Internacional sobre Meio Ambiente), houve um aumento na divulgação das riquezas
naturais brasileiras pela mídia e a observação de aves veio gradualmente
despertando interesse, tendo sido destaque em programas televisivos e artigos de
jornais e revistas de grande repercussão nacional, com diversas páginas na Internet
abordando o assunto (Pivatto e Sabino, 2007).
Em 2001, é criada a Lista Brasileira de Ornitologia na Internet, viabilizando a
troca de informações entre ornitólogos e estudantes de todo o Brasil. Seu sucesso
no estímulo das discussões fez com que dela derivassem outras listas temáticas,
entre ela a Lista Birdwatching Brasil em 2005.
Esta lista também foi responsável pelo surgimento de outras listas mais
específicas e pelo aumento de cursos sobre observação de aves, novos roteiros e
destinos para praticar a atividade.
Em algumas cidades brasileiras como Brasília, São Paulo, Campinas,
Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, etc. as associações de
observadores de aves programam atividades semanais, mas seu número é pequeno
frente ao potencial dessa atividade nas diversas regiões e ecossistemas do Brasil.
Ainda existem poucos dados oficiais brasileiros sobre a atividade, recursos
financeiros e empregos gerados em função desse segmento, prevalecendo
estimativas divulgadas por operadoras de turismo especializadas que oferecem
pacotes para observação de aves.
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Whitney (2006) estima que mais de 600 turistas venham ao Brasil
anualmente especificamente para observar aves, movimentando cerca de US$
1,000,000 por ano.
Wheatley (1995) lista 29 localidades brasileiras para a prática desta
atividade, embora alguns locais com grande procura atualmente ainda não
figurassem no seu trabalho, como por exemplo, o Parque Estadual de Intervales, em
São Paulo.
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x Clube de Observadores de Aves do Vale Europeu – http://www.coave.org.br/
x Grupo de Observadores de Aves de Campinas – http://goac.multiply.com/
x Grupo de Observadores de Aves de Uberlândia –
http://www.geocities.com/aves_udia
x Observadores de Aves do Planalto Central – http://observavesdf.multiply.com/
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x disponibilidade de informações: os observadores gostam de detalhes. Quanto
mais informações disponíveis melhor. Conta aqui livros e guias de aves da
região, páginas na internet com listas atualizadas, locais para observação de
determinadas espécies, roteiros dia-a-dia detalhando as atividades, trip reports
(relatos de viagens feitos pelos próprios observadores na Internet) perfil do guia
acompanhante, etc.
x boas condições de acesso: segurança e poucas horas de viagem entre um ponto
e outro é o ideal. Locais muito afastados ou que demandam horas de barco para
chegar são procurados apenas pelos mais aficionados ou aventureiros.
O guia especialista
A observação de aves é uma das ciências onde o praticante amador
mais se aproxima do cientista ornitólogo, sendo que muitas vezes fornece
informações importantes para a ciência, pois costuma estar no campo mais tempo e
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com mais freqüência do que o pesquisador. Esta proximidade viabilizou o
surgimento dos guias especialistas, ou guias ornitólogos. Sua presença muitas
vezes é o fator determinante para o sucesso de um roteiro. O guia pode ser um
profissional bilíngüe ou mesmo um mateiro conhecedor das aves locais.
Independente disto, precisa ter vocação para identificar as aves em campo, saber
onde encontrar as espécies procuradas pelos turistas e claro, ser muito paciente, ter
domínio na relação com as pessoas, respeito às práticas ambientais e
comportamento ético. Falaremos especificamente sobre o guia especialista no
Módulo IV deste curso.
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O local escolhido para a atividade deve ter facilidade de acesso, trilhas e
caminhos sinalizados, seguros, fáceis de caminhar e
oferecer boas oportunidades para observação. Os
veículos utilizados precisam facilitar a observação de
aves, visto que na maioria das vezes não será
permitido descer dos mesmos, seja por segurança do
turista ou para não perturbar os animais observados.
É recomendável que as trilhas sejam curtas, pois o ritmo de caminhada
neste tipo de atividade é muito lento. Devem ser largas o suficiente para permitir que
os visitantes consigam ver a ave localizada, mas não tanto que crie um isolamento
entre os fragmentos de vegetação. Também é importante que tenha bancos e
paradas para observação, mirantes, torres de observação (Figura 15), passarelas
(Figura 16), abrigos camuflados e demais estruturas de apoio. Quanto mais
confortável e segura a caminhada, mais atenção o observador poderá dedicar às
aves.
Figura 15.Torre de observação. Reserva Figura 16. Passarela de madeira. Bonito, MS.
Natural del Pilar, Argentina. Foto: Divulgação Foto: Daniel De Granville
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e livros sobre avifauna e natureza regional na biblioteca, de preferência em várias
línguas, além de equipamentos como lunetas e binóculos para uso ou locação.
Também é interessante que o hotel, pousada ou sítio turístico tenha uma página na
Internet com informações atualizadas sobre aves observadas em sua área, chegada
de migrantes e curiosidades em geral que despertem o interesse dos visitantes,
incluindo as ações ambientais promovidas em benefício da avifauna local.
Embora locais como dormitórios, ninhais e áreas de alimentação sejam
muito interessantes, não devem ser o foco principal da atividade para observadores
de aves típicos, visto que para eles o importante é a diversidade. Em geral, esses
pontos de aglomeração de aves costumam ser pobre em número de espécies.
Embora sejam visualmente bonitos, não vão enriquecer a lista dos
visitantes. Use estes locais como pontos de passagem, seguindo para
locais com maiores chances de ver outras aves.
Priorize em seu roteiro caminhadas e deslocamentos em
caminhão aberto ou barcos, pois estes permitem bom aproveitamento
da atividade. Cavalgadas não combinam com a observação de aves
devido à dificuldade em manipular os equipamentos em cima do cavalo. Banhos de
cachoeira também não fazem muito sucesso, visto que o turista quer aproveitar o
tempo vendo passarinho. Além disso, estas áreas costumam ter muito barulho,
dificultando encontrar as aves.
Por fim, tenha atenção especial à estrutura das edificações. Use cores
neutras e que se harmonizem com a paisagem (Figura 17). No caso de vidraças,
providencie um anteparo ou cole figuras no vidro de forma que a ave perceba que
existe um obstáculo à frente. O vidro reflete a paisagem à frente, confundindo as
aves que acabam se acidentando. Evite áreas de barulho (churrasqueiras, piscinas,
quadras esportivas) próximo a comedouros, pomares e demais áreas destinadas à
observação.
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Figura 17. Área de comedouro para aves em Pousada no Pantanal, preservando a rusticidade
regional. Foto: Daniel De Granville
Operadoras de turismo
A venda de pacotes turísticos para observação de aves deve ser
fundamentada no conhecimento de todos os detalhes que esta atividade precisa.
Isto envolve contato com locais que ofereçam estrutura adequada, segurança,
transporte e principalmente a seleção de guias especialistas que conduzam com
maestria o roteiro elaborado.
A operadora de turismo deve ter um compromisso ambiental rígido, baseado
nas premissas do ecoturismo. Uma pesquisa realizada pela Travel Industry
Association of América em 1995 mostra que 83% dos turistas americanos estavam
dispostos a dar apoio às agências de viagens "verdes" e a gastar, em media, 6,2 %
mais por serviços e produtos de viagem fornecidos pelas agências ambientalmente
responsáveis.
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Seguem algumas dicas sobre a estrutura de uma operação turística que
envolva observação de aves (Mourão, 2004):
Logística
x Fornecer informações “pré-partida” (predeparture information).
x Desenhar programas com um máximo de três destinos para viagens de 12 a 15
dias.
x Apresentar programação dia-a-dia e, se possível, com horários ou durações.
x Evitar longas caminhadas com poucas oportunidades de observação de aves.
x Procurar manter a pontualidade nas atividades e etapas programadas.
x Anexar mapas e/ou croquis da localização da região e dos roteiros locais.
x Prever dia de descanso entre dias com etapas difíceis ou longas.
x Sempre pensar na privacidade dos clientes (banhos, refeições, pernoite).
x Prever o início das atividades bem cedo (5 h/6 h), recomeçando mais tarde (15
h/16 h), evitando atividades entre 12 h e 14 h se o dia estiver quente.
x Em jornadas longas, fazer intervalo de descanso, em local sombreado, entre 11 h
e 14 h, sempre que possível armando redes para descanso.
x Ter e informar sobre seguro-acidente, bagagem e/ou equipamentos.
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x Saber como contatar regionalmente defesa civil, polícia, guarda-florestal etc.
x Manter o interesse do grupo com “pontos altos” (por ex. revoadas ao pôr-do-sol).
x Explicar, via “folha de informações” (fact-sheets), a razão de visitas ou contatos
com comunidades locais, sempre deixando claro, no contexto, o motivo.
x Evitar excessivo contato comunitário, deixando o cliente optar pelo momento e
pela duração de contato, resguardando a privacidade de clientes e comunidades.
x Evitar forçar o cliente a visitar locais ou instalações que não estiverem
relacionados com o interesse principal (por exemplo, visitar fábrica de palmitos,
caso não esteja no contexto da visita).
Alimentação
x Usar água engarrafada de fontes confiáveis.
x Tomar cuidado com a água usada na preparação e lavagem de alimentos.
x Utilizar alimentos frescos e de boa qualidade.
x Ter à disposição filtros de água portáteis e comprimidos tipo Puritabs.
x Informar, com antecedência, locais e horários de refeições.
x Oferecer aos estrangeiros vegetais e frutas, de preferência sem descascar ou
cortar, deixando que eles mesmos o façam.
x Considerar que muitos estrangeiros são vegetarianos.
x Dar mais atenção à qualidade que à diversidade ou quantidade de pratos.
x Levar lanches e/ou frutas para etapas longas ou atividades demoradas.
x Sugerir que os visitantes consumam comidas regionais pouco condimentadas.
x No preparo de carnes, dar preferência a assados ou grelhados.
x Evitar tempero excessivo e alimentos fortes (pimenta, dendê, feijoada).
x Evitar refogados ou cozidos e, sobretudo, comidas regionais exóticas.
x Sempre que possível, mostrar área de preparo de alimentos.
x Esmerar na higiene dos locais de preparo e na lavagem de utensílios.
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x Se possível, utilizar embarcações
com motor duplo, rádio e coletes.
x Transporte/traslados até duas horas:
embarcações podem ser descobertas
(Figura 19).
x Transporte (viagens) com mais de
duas horas: devem ser cobertas.
x Prever barcos com assentos
Figura 19. O conforto durante a atividade é
acolchoados e com encosto para fundamental. Foto: Joel Sartore
deslocamentos com duração superior
a 30 minutos.
Comércio
Embora não seja o foco principal do observador de aves, a possibilidade de
se comprar artesanato, livros, equipamentos e roupas com o tema “aves” é quase
sempre irresistível. Souvenirs, camisetas com estampas bonitas, livros com
fotografias de aves e cartões postais são os preferidos. Mas certifique-se sempre da
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origem destes materiais, de forma a incentivar apenas artesãos e fornecedores
comprometidos com a conservação ambiental.
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As respostas podem ser diferentes para cada espécie, para indivíduos da
mesma espécie e ainda no mesmo indivíduo em períodos diferentes do ano,
especialmente no período reprodutivo, quando a proximidade de humanos a ninhos
aumenta o abandono e a perda de ovos e filhotes para predadores (HaySmith e
Hunt, 1995; Knight e Temple, 1995). Em períodos de baixa oferta de alimento, estas
atitudes podem ser fatais para algumas espécies (Knight e Cole, 1995).
O play-back é um recurso muito utilizado por pesquisadores durante
inventários ou estudos de comportamento, mas que deve ser evitado em atividades
turísticas. Isto porque a atração de espécies mais tímidas pode estressar estas aves
e expor os ninhos a predadores. Também se deve evitar gravações com vozes de
aves predadoras para atrair aves menores, pois estas também ficam agitadas e
alteram seu comportamento e atividades habituais. Além disso, já foi observado que
em locais onde existe visitação constante, as aves acabam evitando áreas onde o
uso do play-back é muito freqüente.
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As espécies em risco ou ameaçadas de
extinção costumam ser mais sensíveis à
presença humana, seja por sua fragilidade ou
do ambiente em que vivem. Também são
afetadas pelo tráfico de fauna, caça, ou devido
a procura por parte dos observadores mais
insistentes, já que uma ave ameaçada é um
precioso troféu para suas listas. Espécies
carismáticas como araras (Figura 22) e tucanos
podem sofrer perturbações por atraírem mais
interesse da população em geral (Selercioglu,
Figura 22. Turistas observam araras-
2002; Pivatto e Sabino, 2005).
vermelhas. Foto: Tietta Pivatto
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degradação dessas colônias estavam o turismo mal controlado, coleta de ovos e
aves para consumo humano, camping e a pesca esportiva nas proximidades das
mesmas.
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estes grandes hotéis não foca diretamente o turismo de observação de aves, seus
impactos podem ser ainda maiores, ao contratar guias não capacitados e até
aumentando o lixo e os desmatamentos nas áreas que se pretende explorar para o
turismo de natureza (HaySmith e Hunt, 1995).
Ao se analisar as ações de turistas independentes ou excursões de
observadores de aves, Selercioglu (2002) observa que, em diferentes escalas,
ambos podem contribuir com impactos positivos e negativos no ambiente e na
comunidade que visitam. Os viajantes independentes costumam buscar pousadas
simples, propriedade de moradores locais. Preferem caminhar sozinhos ou contratar
guias da comunidade, mantendo contato e fomentando a renda dos moradores.
Excursões costumam ocupar os hotéis mais caros e luxuosos, sendo conduzidas por
guias de turismo especializados. Embora em um primeiro momento o guia local
pareça ser o mais indicado, nem sempre este recebeu o treinamento necessário
para evitar impacto sobre a avifauna. Poucos lugares oferecem guias qualificados,
que podem monitorar os turistas e evitar diversos problemas ambientais decorrente
da prática inadequada da atividade (Pivatto e Sabino, 2005).
A tabela 1 apresenta os principais impactos negativos e positivos do turismo
de observação de aves. Embora os impactos sejam relevantes, ainda se considera
que esta atividade causa menos impactos que o turismo tradicional e outras
atividades de exploração não sustentável (mineração, agropecuária, madeireiras,
etc.).
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tradicional ameaçadas
x Proteção de novas áreas x Poluição e destruição dos hábitats visitados
x Valorização do conhecimento local sobre x Exploração financeira das comunidades
história natural locais
x Educação e emprego de guias locais x Desvalorização das comunidades locais
x Geração de fundos para conservação das x Degradação cultural associada ao turismo
aves
x Contribuição para o conhecimento
ornitológico
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Aves são menos sensíveis se estão protegidas visualmente dos
observadores (Knight e Temple, 1995). Assim, os observadores devem sempre usar
roupas com cores mimetizadas, esconder-se por entre a vegetação e usar
esconderijos (blinds) em áreas abertas. Selercioglu (2002) recomenda o uso de
lunetas sempre que possível, visto que estes equipamentos possibilitam uma
excelente visão com um mínimo de aproximação.
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Em 2003 a American Bird Association elaborou um documento com o
Código de Ética do Observador de Aves (ABA, 2003), que lista uma série de práticas
para minimizar os problemas causados por esta atividade (ver capítulo 15 do Módulo
II).
A Tabela 2 traz as principais recomendações para minimizar os impactos
ambientais e incentivar o desenvolvimento local e regional.
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x AMAZON ECO-TOURS – http://amazon-ecotours.com.
x AVISTAR BRASIL – www.avistarbrasil.com.br.
x AVISYS – Superior Birding Software – http://www.avisys.net.
x BIOSFERA BRASIL ECO SOCIAL TOURS – www.biosferabrasil.com.
x BIRD CRUISES – http://birdcruises.ventbird.com.
x BIRD OF THE WORLD ON POSTAGE STAMPS – http://www.bird-stamps.org.
x BIRDING BRAZIL TOURS – www.birdingbraziltours.com.
x BIRDING THE NEOTROPICS – www.geocities.com/ahafs_co/Birding_the_
Neotropics.html.
x BIRDING TOURS IN PERNANBUCO –
http://users.hotlink.com.br/oapaves/avestour.htm.
x BIRDING.COM – www.birding.com.br.
x BIRDWATCHING – J. Dunham. New York: Discovery Communications.
x BOUTE EXPEDITIONS - www.boute-expeditions.com.
x BRAZIL WITH KOLIBRI EXPEDITION – www.kolibriexpeditions.com/brazil.htm.
x BREEDING BIRD SURVEY – www.pwrc.usgs.gov/BBS
x CENTRO DE ESTUDOS ORNITOLÓGICOS – www.ceo.org.br.
x CHEESEMANS' ECOLOGY SAFARIS – www.cheesemans.com.
x CHRISTMAS BIRD COUNT – www.audubon.org/Bird/cbc
x COMMON BIRD CENSUS – www.bto.org/survey/cbc.htm
x CRISTALINO JUNGLE LODGE – www.cristalinolodge.com.br.
x CUSTOMIZED BIRDING TOURS IN BRAZIL –
www.avesfoto.com.br/ingl/html/observacao.html.
x ECO-TOURISM PACKAGES – www.brol.com/ecotur.html.
x FAZENDA BARRANCO ALTO ECO LODGE – www.fazendabarrancoalto.com.br.
x FIELD GUIDES – www.fieldguides.com/centbrazil.htm.
x GOOD BIRDERS DON’T WEAR WHITE – Pete Dune (org). Boston: Houghton
Mifflin Company.
x GRUPO BIRDWATCHINGBR – http://br.groups.yahoo.com/group/birdwatchingbr.
x LISTA BRASILEIRA DE OBSERVADORES DE AVES –
www.yahoogrupos.com.br/birdwatchingbr.
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x MULTIPLY – www.multiply.com.
x NATIONAL AUDUBON SOCIETY BIRDER’S HANDBOOK – S. W. Kress. New
York: Dorling Kindersley.
x ORKUT – www.orkut.com.
x RECOMENDAÇÕES PARA MINIMIZAR IMPACTOS À AVIFAUNA EM
ATIVIDADES DE TURISMO DE OBSERVAÇÃO DE AVES – Maria Antonietta
Castro Pivatto e José Sabino. Revista Atualidades Ornitológicas 127, pp.: 7-11,
2005.
x REFÚGIO ECOLÓGICO CAIMAN – www.caiman.com.br.
x REVISTA ATUALIDADES ORNITOLÓGICAS – www.ao.com.br.
x THE BIGGEST TWITH – http://thebiggesttwitch.com/
x THE BRITISH BIRDWATCHING FAIR – www.birdfair.org.uk.
x THE FEDERAL DUCK STAMP PROGRAM – www.fws.gov/duckstamps.
x TROPICAL BIRDING BRAZIL – www.tropicalbirding.com.
x WIKIPEDIA, A ENCICLOPÉDIA LIVRE – www.wikipedia.org.
x YOUTUBE – www.youtube.com.
13. GLOSSÁRIO
Antrópico - relativo à ação do homem sobre a natureza; ligado à presença humana
Carismática - atribuição de qualidades especiais ou apenas de individualidade
excepcional
Mimetismo - fenômeno que consiste em tomarem diversos animais a cor e
configuração dos objetos em cujo meio vivem, ou de outros animais de grupos
diferentes.
Voadeira - barco com motor de popa, muito veloz.
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