PALESTRA – SIMPÓSIO: RESGATANDO O PAPEL DO HOMEM
CRISTÃO Povo meu! Os que te guiam te enganam e destroem o caminho por onde
Rev. Alan Rennê Alexandrino Lima
· TEXTOS
2 TIMÓTEO 2.2. E o que de minha parte ouviste através de
muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e idôneos para
instruir a outros.
1 TIMÓTEO 2.12-15. E não permito que a mulher ensine, nem
exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio. Porque, primeiro,
foi formado Adão, depois, Eva. E Adão não foi iludido, mas a mulher,
sendo enganada, caiu em transgressão. Todavia, será preservada através de
sua missão de mãe, se ela permanecer em fé, e amor, e santificação, com
bom senso.
APOCALIPSE 2.20. Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa
mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine,
mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem
coisas sacrificadas aos ídolos.
ISAÍAS 3.8-12. Porque Jerusalém está arruinada, e Judá, caída;
porquanto a sua língua e as suas obras são contra o SENHOR, para
desafiarem a sua gloriosa presença. O aspecto do seu rosto testifica contra
eles; e, como Sodoma, publicam o seu pecado e não o encobrem. Ai da sua
alma! Porque fazem mal a si mesmos. Dizei aos justos que bem lhes irá;
porque comerão do fruto das suas ações. Ai do perverso! Mal lhe irá;
porque a sua paga será o que as suas próprias mãos fizeram. Os opressores
do meu povo são crianças, e mulheres estão à testa do seu governo. Oh!
deves seguir.
· INTRODUÇÃO
Meus amados e queridos irmãos, nas poucas vezes em que tenho
tratado do assunto da liderança cristã, tenho citado um exemplo de uma
conversa que tive com um amigo: Conversamos sobre alguns assuntos até
que eu o questionei sobre a sua vida com Deus. Ele me respondeu o
seguinte: “Alan, estou bem. Estou experimentando uma intimidade com
Deus nunca antes sentida! A Igreja Presbiteriana já deu o que tinha pra
dar. Eu precisava de algo mais profundo, por isso, decidi sair da IPB e
agora estou congregando na Igreja *********”. O problema é que ele
agora fazia parte de uma igreja que acabara de ordenar a primeira mulher
ao pastorado. Ele ficou chateado comigo porque eu perguntei se ele
esperava ser abençoado numa igreja que a desobediência e a rebeldia se
faziam presentes desde a liderança. Será que fui crítico demais? Radical?
Com certeza não, meus irmãos.
Existe em nossos dias um debate acirrado acerca do papel da
mulher no meio da Igreja. As opiniões apresentadas são as mais diversas,
indo dos extremos de se afirmar que, por um lado, na igreja a mulher não
pode nem mesmo fazer uma oração pública, e por outro lado, que a mulher
pode e deve ser ordenada ao ministério da Palavra sem nenhum problema.
Para que todos tenham uma idéia, Cláudio Carvalhaes, articulista do site
da editora Vida Nova faz as seguintes afirmações:
 O que acontece conosco, homens, que teimamos em achar na novos. Sempre ouvimos coisas como, por exemplo: afirmações de todos os
Bíblia razões para manter nada mais do que um preconceito
ácido e desumanizante? Por que ainda temos que dizer que tipos, como por exemplo: “Os direitos são iguais! A mulher pode ser
Jesus somente teve discipúlos homens para poder nos desculpar ordenada ao diaconato, ao presbiterato e até mesmo ao pastorado! Quem é
e não deixar as mulheres botarem o nariz no nosso poder?
Porque aceitamos o que Paulo fala sobre a submissão feminina contra é porque é machista!” Quantas e quantas vezes já ouvi esse tipo de
para somente uma igreja e não aceitamos o que ele fala sobre
igualdade entre homem e mulher para outra igreja? Pois é isso argumentação falaciosa e errônea! Agora, gostaria de fazer quatro
mesmo, meus amigos e amigas, a questão toda, eu acredito, é observações, para mostrar que esse pensamento, de que a negação da
mais de cultura e de poder.1
ordenação aos ofícios da igreja e da liderança é machismo, é falho e
Ele diz mais: “Sonho com o dia em que as mulheres liderarão as completamente falso.
nossas igrejas – não somente como aquelas mulheres desconhecidas que 1) É interessante notarmos que, ao longo dos dois artigos Claudio
mantêm nossas igrejas vivas, mas que não podem assumir o poder. Não! Carvalhaes não cita, nem analisa nenhuma passagem bíblica, na tentativa
Quero vê-las dirigindo os conselhos das igrejas, liderando as igrejas de consubstanciar os seus argumentos. Sua teologia é fruto de sua própria
nacionais e liderando nossa nação, nos ajudando a pensar de outra mente. A única menção que ele faz a uma passagem é Gálatas 3.28, e de
maneira”.2 Agora, só para que os irmãos tenham uma clara noção do uma maneira totalmente deturpada. Falaremos nesse texto no decorrer da
pensamento desse cidadão, permitam-me dizer que, em outro artigo ele palestra;
propõe fazer “um boicote temporário ao uso de Deus como Pai, Senhor e 2) Os defensores da feminização do Cristianismo, como Claudio
Homem. Que tal começarmos a orar a Deus como ‘Mãe nossa, que estás Carvalhaes, não acreditam na inspiração e na inerrância da Bíblia. Eles não
3
nos céus’?”. Argumentos e apelos como os de Claudio Carvalhaes não são acreditam que ela é a Palavra autoritativa de Deus. para que todos tenham
uma idéia, ele escreveu vários artigos sobre esse ponto: Toda Teologia é
1
Claudio Carvalhaes, Somos Todos Machistas – A Teologia e o Lugar da Mulher. Extraído
Cultural, Paul Tillich e a Teologia da Cultura, Teologia e Cultura.
do site http://www.vidanova.com.br. Acesso em 23 de Outubro de 2008. Para um
melhor entendimento das reivindicações da Teologia Feminista, ver Alister E. McGrath, Percebam, que não é a Bíblia a fonte da Teologia para esse homem, mas
Teologia Histórica: Uma Introdução à História do Pensamento Cristão, (São Paulo:
Cultura Cristã, 2007), 261-263, 344-349; Stanley J. Grenz & Roger E. Olson, A Teologia do sim a nossa cultura;
Século 20: Deus e o Mundo numa Era de Transição, (São Paulo: Cultura Cristã, 2003),
269-283.
3) Sobre a acusação de machismo. De acordo com o Novo
2 Dicionário Aurélio, “machismo” é “atitude ou comportamento de quem
Ibid.
3 não aceita a igualdade de direitos para o homem e a mulher”. Temos aqui
Claudio Carvalhaes, É Deus Nossa Mãe? – A Teologia e o Lugar da Mulher. Extraído do
site http://www.vidanova.com.br. Acesso em 23 de Outubro de 2008.
um problema conceitual. Acontece que a ordenação aos ofícios
eclesiásticos não é uma questão de direitos. Pelo contrário, é uma questão
de vocação, de quem foi designado e vocacionado por Deus para ocupar os
ofícios. Ninguém é ordenado porque tem direito a isso, mas sim, porque é
vocacionado para tal;
4) Trata-se da artimanha de configurar algum pensamento sob a
perspectiva de um rótulo odioso. Sobre esse assunto, as palavras de um
filósofo alemão, Arthur Schopenhauer, na sua obra Como Vencer um
Debate sem Precisar Ter Razão, são muito esclarecedoras:
Um modo rápido de eliminar ou, ao menos, de tornar suspeita a
afirmação do adversário é reduzí-la a uma categoria geralmente
detestada, ainda que a relação seja pouco rigorosa e tão só de vaga
semelhança. Por exemplo: “Isso é maniqueísmo”, “é arianismo”, “é
pelagianismo”, “é idealismo”, “é panteísmo”, “é naturalismo”, “é
ateísmo”, “é racionalismo”, “é espiritualismo”, “é misticismo”.4
O pensamento de Cláudio Carvalhaes é fortemente influenciado
por uma autora feminista radical chamada Mary Daly. Em seu livro
intitulado Além de Deus o Pai – Rumo a uma Filosofia de Liberação das
Mulheres, ela afirma que está na hora “de castrar Deus de sua
masculinidade”.5 E também diz que “gostaria que todos nós voltássemos
para a grande Deusa Mãe”. 6
4
Arthur Schopenhauer, Como Vencer um Debate sem Precisar Ter Razão: Em 38
Estratagemas, (Rio de Janeiro: Topbooks, 1997), 174.
5
Citado em Brian Edwards (Ed.), Homens, Mulheres e Autoridade: Servindo Juntos na
Igreja, (São Paulo: PES, 2007), 62.
6
Ibid.
Desde a chamada Revolução Industrial, entre 1780 e 1830,
paulatinamente, os papéis estabelecidos pelo Senhor na Criação foram se
invertendo. Ela fez com que famílias inteiras saíssem de suas casas. A casa
deixou de ser um local de produção para as mulheres. O seu local de
produção agora era a indústria. De lá pra cá muitos esposos têm ficado em
casa enquanto as mulheres têm saído para sustentar a família. E o pior é
que a mesma coisa tem acontecido dentro da igreja. devemos entender,
meus queridos irmãos aqui presentes, que a elevação de vozes e
movimentos feministas, até mesmo em nossa IPB, deve-se à uma crescente
desmoralização do caráter masculino. E, em parte é nossa culpa mesmo,
porque quando esse movimento teve início, muitos se contentaram com
“uma definição raquítica de masculinidade como durões, competitivos e
pragmáticos, que negava suas aspirações morais e espirituais”.7
A igreja cristã não manteve pulso firme contra a desmoralização
do caráter masculino. Ela até ajudou a redefinir a masculinidade. Depois
de séculos ensinando que maridos e pais eram divinamente chamados ao
ofício da autoridade no lar, a igreja passou a fazer seu apelo mais a
mulheres. A conseqüência é que, independentemente do número de
homens e mulheres na igreja, os homens abriram mão do papel dado a eles
por Deus, que é o da liderança no lar e na igreja. Em casa, por
conseguinte, é mais comum vermos “as mães assumirem cada vez mais a
7
Nancy Pearcey, Verdade Absoluta: Libertando o Cristianismo de Seu Cativeiro Cultural,
(Rio de Janeiro: CPAD, 2006), 372.
tarefa antigamente paterna de fazer as orações em família”.8 Já na igreja,
num clássico intitulado A Feminização da Cultura Americana, Ann
Douglas escreve que o ministério “perdeu ‘uma firmeza, uma severidade,
um rigor intelectual que desde então nossa sociedade foi acostumada a
identificar com masculinidade’, e em seu lugar assumiu características
‘femininas’ de cuidado, alimentação, sentimentalismo”.9 A mesma coisa
está acontecendo nos círculos presbiterianos. A Didaquê, uma editora
confessionalmente presbiteriana, radicada no estado de Minas Gerais,
lançou um livro de autoria de uma militante feminista evangélica, Jane
Dempsey Douglass. O título do livro é Mulheres, Liberdade e Calvino. A
proposta da autora é, baseada nos escritos de João Calvino, tentar
encontrar base para o ministério feminino ordenado. Para meu espanto, um
dos prefaciadores do livro é o Dr. Rev. Waldyr Carvalho Luz, erudito
pastor de nossa igreja. Na conclusão da sua palavra, o Dr. Waldyr afirma o
seguinte:
O Espírito de Deus, a seu tempo, trará o reconhecimento pleno
a que a mulher faz jus e enriquecerá a Igreja com o abençoado
concurso da que é hoje privada, na justiça da igualdade e na
plenitude dos direitos, dons e talentos finalmente visualizados
em sua verdadeira dimensão, homem e mulher unidos na
implementação do Reino de Deus, lado a lado, ombro a ombro,
sem restrições nem discriminações.10
8
Ibid, 374.
9 tentativa de obtermos uma compreensão holística da revelação divina.
Ibid.
10
Jane Dempsey Douglass, Mulheres, Liberdade e Calvino: O Ministério Feminino na
Perspectiva Calvinista, (Manhumirim: Didaquê, 1995), 8.
O Dr. Waldyr enfatiza a questão da igualdade de direitos.
Novamente eu repito: ministério, ofício eclesiástico não é uma questão de
direitos, e sim de vocação.
Irmãos, nós descobrimos uma dinâmica perturbadora: as igrejas
estão liberando os homens da responsabilidade de serem líderes religiosos.
Estamos presenciando uma época, em que mais e mais, atribuições outrora
masculinas agora são da alçada das mulheres. Não quero aqui depreciar o
auxílio que as mulheres de nossas igrejas nos dão. Tal auxílio é
inestimável, desde que seja apenas auxílio idôneo. O problema é que hoje
elas estão desempenhando funções e exercendo ofícios que foram
entregues aos homens. E de quem seria a culpa? Em grande parte, em sua
maioria, a culpa é nossa, dos homens. Temos permitido isso. Temos
negligenciado os papéis designados a nós por Deus. Estamos agindo da
mesma forma que Adão no Jardim do Éden. Estamos nos omitindo, e
trazendo juízo sobre nós.
Irmãos, partiremos do pressuposto de que a Bíblia, de fato e de
verdade, é a Palavra de Deus, revelacional (demonstrando a vontade do
Soberano Deus), inspirada (soprada por Ele aos seus servos), inerrante
(sem o menor traço de erro em seus originais), e autoritativa (requer de
nossa parte obediência inquestionável). Ela é a última instância. Que onde
ela fale, nós nos calemos. Examinemos o que a Escritura nos ensina sobre
o assunto da liderança cristã. Interagiremos com algumas passagens, na
 · TEMA: INSTRUINDO OS HOMENS NO EXERCÍCIO DA
GENUÍNA LIDERANÇA BÍBLICA
Precisamos fazer uma reconstrução do que a Bíblia ensina a
respeito do papel masculino na liderança eclesiástica. Observemos
algumas evidências. Examinaremos algumas passagens, e, depois,
chegaremos a uma conclusão saudável.
I – LIDERANÇA NO ANTIGO TESTAMENTO
1.1. PERÍODO PATRIARCAL
A primeira coisa que devemos ter em mente, é que no período
patriarcal, o povo de Deus estava circunscrito a umas poucas famílias. Diz
o Dr. Gerard van Groningen, “era um culto centralizado na família, pode
ser chamado de adoração doméstica”.11 Dentro da estrutura familiar o pai,
ou o patriarca era o responsável pelo governo e pela espiritualidade da sua
família. Vejamos alguns exemplos:
“Saiu, pois, Noé, com seus filhos, sua mulher e as mulheres de
seus filhos. E também saíram da arca todos os animais, todos os répteis,
todas as aves e tudo o que se move sobre a terra, segundo as suas
famílias. Levantou Noé um altar ao SENHOR e, tomando de animais
limpos e de aves limpas, ofereceu holocaustos sobre o altar. E o SENHOR
aspirou o suave cheiro e disse consigo mesmo: Não tornarei a amaldiçoar
a terra por causa do homem, porque é mau o desígnio íntimo do homem
desde a sua mocidade; nem tornarei a ferir todo vivente, como fiz”
11
Gerard van Groningen, As Influências do Culto do Antigo Testamento na Liturgia, in Os
Puritanos, O Princípio Regulador do Culto, Nº2, 2000. pág. 18.
(Gênesis 8.18-21). Percebam irmãos, estavam fora da arca Noé, sua
esposa, seus filhos e as esposas de seus filhos. E foi justamente Noé quem
conduziu a adoração prestada a Deus. Não há qualquer indício de que a
esposa de Noé liderando o sacrifício prestado a Deus. Pelo contrário, o
texto é bem claro quando diz que Noé levantou (!b,YIïw,: vaibhên), tomou
(xQ;úYIw, viqâh) e ofereceu (l[;Y:ïw,: vaia’al) o holocausto. Noé liderou a sua
família.
“Seus filhos iam às casas uns dos outros e faziam banquetes,
cada um por sua vez, e mandavam convidar as suas três irmãs a comerem
e beberem com eles. Decorrido o turno de dias de seus banquetes,
chamava Jó a seus filhos e os santificava; levantava-se de madrugada e
oferecia holocaustos segundo o número de todos eles, pois dizia: Talvez
tenham pecado os meus filhos e blasfemado contra Deus em seu coração.
Assim o fazia Jó continuamente” (Jó 1.4-5). O mesmo padrão pode ser
percebido na vida do patriarca Jó.12 Ele chamava (xl;óv.YIw,: vaishelah) os
seus filhos, santificava-os (~veªD>q;y>w,:) vaiqadôshen), e sacrificava (hl'ä[/h,w,>
vehe’elah) ao Senhor. O silêncio sobre o papel desempenhado pela esposa
de Jó no culto é decisivo. Mais uma vez, podemos perceber o patriarca, o
homem liderando a adoração ao Senhor.
1.2. O RESTANTE VETEROTESTAMENTÁRIO
12
O modelo de culto apresentado no livro de Jó é, essencialmente, o mesmo
apresentado de Gênesis até Êxodo 19. Esta é uma das evidências que me faz crer que
Moisés é o autor do livro de Jó.
 O mesmo pode ser percebido após o período patriarcal. O restante na região montanhosa de Efraim; e os filhos de Israel subiam a ela em
do Antigo Testamento dá continuidade ao tema da liderança masculina. juízo. Mandou ela chamar a Baraque, filho de Abinoão, de Quedes de
Diz o Dr. Brian Edwrads que, “a linhagem do Messias é traçada por meio Naftali, e disse-lhe: Porventura, o SENHOR, Deus de Israel, não deu
do varão de cada família, não por meio da mulher”. 13 Além disso, ele ordem, dizendo: Vai, e leva gente ao monte Tabor, e toma contigo dez mil
continua demonstrando o seguinte: homens dos filhos de Naftali e dos filhos de Zebulom? E farei ir a ti para o
Os líderes tribais escolhidos por Deus eram patriarcas, e depois ribeiro Quisom a Sísera, comandante do exército de Jabim, com os seus
os filhos homens de Israel, não suas filhas. Os primeiros líderes
da monarquia ungidos eram reis, o sistema sacrificial era carros e as suas tropas; e o darei nas tuas mãos” (Juízes 4.4-7). É
operado por sacerdotes varões e a Palavra do SENHOR para a inquestionável que Débora era uma dos juízes de Israel. Todavia, Débora
nação veio, com raras exceções, por meio de profetas varões.14
era a única dos juízes que não possuía função militar. Os outros juízes,
Freqüentemente, as pessoas que advogam a causa feminista
pessoalmente, levaram Israel à vitória (e.g. Gideão, Sansão, Jefté), mas
evangélica fazem uso de duas personagens do Antigo testamento, na vã
Débora recebe uma profecia do Senhor para que Baraque leve a nação à
tentativa de provarem que as mulheres exerciam os ofícios que implicavam
vitória (v. 6). Ele deveria liderar, não ela. Interessante é que ele também
em ensino e liderança no Antigo Testamento: as profetisas Débora e
foi negligente no seu papel de líder. Vejam o que ele diz a Débora:
Hulda.
“Então, lhe disse Baraque: Se fores comigo, irei; porém, se não fores
Sobre Débora, precisamos prestar bem atenção no que a Bíblia, de
comigo, não irei” (v. 8). Em seguida, Débora disse que iria, mas como
fato, nos diz:
juízo divino sobre Baraque, a glória da vitória seria entregue nas mãos de
“Débora, profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele
uma mulher, que nem foi Débora, e sim Jael, mulher de Héber (v. 21).
tempo. Ela atendia debaixo da palmeira de Débora, entre Ramá e Betel,
Além disso, o papel profético de Débora era em particular, não em
13
Brian Edwards (Ed.), Homens, Mulheres e Autoridade: Servindo Juntos na Igreja, 68. É público.
preciso lembrar que, na linhagem de Cristo apresentada em Mateus 1.1-16, cinco Sobre a profetisa Hulda (2 Crônicas 34.22-28), precisamos
mulheres são arroladas na linhagem de Cristo: Tamar (v. 3), Raabe (v. 5), Rute (v. 5),
Bate-Seba (v. 6), e Maria (v. 16). Todavia, duas coisas devem ser percebidas: 1) Apenas entender que é o mesmo caso de Débora. Ela não anunciava publicamente
cinco mulheres aparecem, dentre quarenta e sete pessoas mencionadas. As outras
quarenta e duas são homens, o que mostra que o padrão divino e escriturístico é traçar a Palavra de Deus. Quando os homens enviados pelo rei Josias a
a linhagem a partir dos varões. A relação feminina aparece como exceções que
encontraram na cidade baixa de Jerusalém, ela explicou-lhes em particular
confirmam o padrão; e 2) As mulheres nunca são mencionadas isoladamente, elas por
elas. Sempre aparecem em conexão com os seus respectivos maridos.
14
Ibid.
o oráculo divino. Ela exerceu a profecia de uma maneira tão sutil e
submissa que não obstruiu a liderança masculina.
Uma coisa que precisamos ter em mente quando estudamos as
atividades das profetisas em Israel, é que isso não se constituía o modus
operandi de Deus. Em outras palavras, isso fugia ao padrão divino, que era
o de constituir profetas e líderes do sexo masculino. Débora e Hulda, por
exemplo, diferem dos demais profetas do sexo masculino porque elas não
profetizavam publicamente. Os profetas proclamavam a mensagem divina
publicamente, a plenos pulmões, enquanto as profetisas o faziam em
particular. Além do mais, só os dois livros das crônicas mencionam mais
de dez profetas do sexo masculino, ao passo que mencionam apenas uma
profetisa. Comentando o caráter extraordinário das profetisas, Matthew
Henry faz a seguinte afirmação: “Deus nunca se deixa sem testemunha,
para deixar os pecadores sem desculpas”.15 Ademais, é possível que
Hulda, de acordo com a tradição judaica, “profetizasse entre as mulheres,
as senhoras da corte”.16 Ademais, a existência de profetisas no meio do
povo de Israel se constituía em juízo da parte de Deus, por causa da grande
iniqüidade do povo. Lembremos que Débora profetizou numa época em
que, de acordo com o próprio livro de Juízes, “naqueles dias, não havia
rei em Israel; cada qual fazia o que achava mais reto” (Juízes 17.6;
21.25). Era um período extremamente complicado.
15
Matthew Henry, Matthew Henry’s Commentary on The Whole Bible. Versão
Eletrônica. BIBLEWORKS 7.0. Minha Tradução.
16
Ibid.
Outra passagem que comprova que profetisas e líderes do sexo
feminino eram juízo de Deus sobre o povo é Isaías 3.12: “Os opressores
do meu povo são crianças, e mulheres estão à testa do seu governo. Oh!
Povo meu! Os que te guiam te enganam e destroem o caminho por onde
deves seguir”. O capítulo 3 de Isaías anuncia o julgamento de Deus sobre
o povo infiel à Aliança. De acordo com o versículo 8, a razão do
julgamento divino contra Jerusalém era porque, “Jerusalém está
arruinada, e Judá, caída; porquanto a sua língua e as suas obras são
contra o SENHOR, para desafiarem a sua gloriosa presença”. Alguns
estudiosos afirmam que as palavras do versículo 12 se constituem tanto na
causa quanto no próprio juízo de Deus. Mulheres no governo foram tanto a
causa quanto o castigo. Matthew Henry diz o seguinte:
Para punir aqueles que tinham abusado do poder para maus
propósitos, Deus os mostra que eles não utilizaram o poder para
qualquer propósito bom: As crianças são seus opressores e as
mulheres governam sobre homens que têm julgamentos fracos e
paixões fortes como mulheres e crianças (v. 12): este era o
pecado do povo, estas eram suas regras, e isto se transformou
em julgamento sobre eles.17
De igual modo, o comentário de Keil e Delitzsch é muito
esclarecedor: “Os opressores do povo, todos sem exceção, eram (embora
avançados em anos) meros meninos no modo de pensar e agir... Aqui,
novamente a pessoa do rei fica em segundo plano. Mas o governo
17
Matthew Henry, Matthew Henry’s Commentary on The Whole Bible. Versão
Eletrônica. BIBLEWORKS 7.0. MInha Tradução.
feminino, referido também no versículo, aponta para o julgamento”.18 É
interessante notarmos também, meus amados irmãos, que o livro de Juízes
apresenta uma narrativa muito interessante sobre o juízo de Deus por meio
das mulheres: “Porém certa mulher lançou uma pedra superior de moinho
sobre a cabeça de Abimeleque e lhe quebrou o crânio. Então, chamou
logo ao moço, seu escudeiro, e lhe disse: Desembainha a tua espada e
mata-me, para que não se diga de mim: Mulher o matou. O moço o
atravessou, e ele morreu” (9.53, 54). Diz o Rev. Josafá Vasconcelos que,
“tudo isso para mostrar, que era juízo de Deus a liderança de mulheres, ou
ser derrotado por elas”.19 Creio que estes exemplos são suficientes para
mostrarem que o Antigo Testamento apóia e ordena o exercício regular da
liderança masculina. Fica claro e evidente que liderança feminina no
Antigo Testamento não era o padrão divino, mas sim uma perversão desse
padrão, seja por negligência masculina, seja por usurpação feminina.
Ademais, também se tratava de juízo da parte de Deus para humilhar seu
povo.
Mas, e o Novo Testamento? Confirma tal padrão? Não teriam
Jesus Cristo e os apóstolos rompido com essa dinâmica?
II – LIDERANÇA NO NOVO TESTAMENTO
2.1. NOS EVANGELHOS
18
C. F. Keil and F. Delitzsch, Commentary on The Old Testament in Ten Volumes, Vol. VII,
(Grand Rapids, MI: B. Eerdmans, 1991), 139. MInha Tradução.
19
Josafá Vasconcelos, Por que as Mulheres não Falam nem Oram em Público em Nossa
Igreja?. Texto extraído do site http://www.iphr.org.br. Acessado no dia 25 de Novembro
de 2008.
Durante o ministério terreno de nosso Senhor Jesus Cristo,
inúmeras mulheres exerceram papéis significativos, mas não há prova de
que tenham desempenhado algum ministério ou liderança. Jesus curou
mulheres, conversou demoradamente com elas, ressuscitou seus mortos,
cuidou de seus filhos pequenos, pregou-lhes o evangelho, referiu-se a elas
em suas histórias e até contou algumas parábolas com elas como
personagens. “Todavia, quando voltou de uma noite de oração em
comunhão com seu Pai, ele escolheu somente homens para a liderança da
Igreja e para a proclamação das boas novas”.20 Vejamos a narrativa sobre a
escolha dos discípulos: “Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes:
primeiro, Simão, por sobrenome Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho
de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o
publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Zelote, e Judas
Iscariotes, que foi quem o traiu” (Mateus 10.2-4).
Irmãos, foram homens, exclusivamente, que Ele escolheu, tanto
para seu círculo mais íntimo dos doze, como também quanto aos setenta
que foram enviados para pregar (cf. Lucas 10.1). A liderança da igreja
embrionária era composta apenas por homens. E onde entram as mulheres
no ministério de Cristo? Elas desempenharam um serviço extraordinário,
de grande importância para a obra de Cristo em seu ministério terreno:
“Aconteceu, depois disto, que andava Jesus de cidade em cidade e de
aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus, e
os doze iam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido
20
Brian Edwrads (Ed.), Homens, Mulheres e Autoridade: Servindo Juntos na Igreja, 79.
curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada
Madalena, da qual saíram sete demônios; e Joana, mulher de Cuza,
procurador de Herodes, Suzana e muitas outras, as quais lhe prestavam
assistência com os seus bens” (Lucas 8.1-3). Queridos irmãos, de servir a
Cristo as mulheres se encarregavam, como podemos perceber, mas a
autoridade da pregação e da liderança dentro da Igreja era confiada
exclusivamente aos homens. Isso está límpido na Escritura! Creio que não
seja difícil de perceber. Maria, Joana, Suzana e muitas outras. Uma
verdadeira sociedade auxiliadora feminina, por assim dizer. É maravilhoso
perceber o desprendimento dessas mulheres mencionadas. O comentário
de João Calvino sobre esses dois grupos que seguiam a Cristo é pertinente:
Primeiro, ele [Lucas] diz que os doze apóstolos pregaram o
reino de Deus juntamente com Cristo; do que nós deduzimos
que, apesar do ofício ordinário do ensino ainda não ter sido a
eles comissionado, constantemente serviram como arautos
procurando uma audiência para o Mestre; então, apesar de
estarem num grau inferior, é dito que eles eram assistentes de
Cristo.21
Sobre a participação das mulheres no ministério de Cristo,
Calvino faz a seguinte observação muito elucidativa:
Essas ajudadoras eram ricas e de alta categoria, isto reflete alta
recomendação sobre seu zelo piedoso, em que elas provêm para
as despesas de Cristo tirando dos seus próprios bens, e, não
satisfeitas em fazer isso, indo cuidar de suas casas e negócios,
elas escolhem seguir a Cristo.22
21
John Calvin, Commentary on Matthew, Mark, Luke, Vol. 2, (Grand Rapids, MI: Christian
Classics Ethereal Library, 1999), 60. Extraído do
http://www.ccel.org/ccel/calvin/calcom32.html. Sem data de acesso. Minha Tradução.
22
Ibid, 61.
William Hendriksen faz uma análise muito interessante sobre essa
passagem:
É importante observar que, enquanto Sócrates, Aristóteles,
Demóstenes, os rabinos e os homens da comunidade de Qumran
tinham as mulheres em baixa estima, Jesus, em harmonia com o
ensino do Antigo Testamento, lhes designava um lugar de
elevada honra. Além disso, é especialmente no Evangelho de
Lucas que se enfatiza a ternura e a profunda consideração de
Jesus pelas mulheres.23
Em que consistiam “a ternura e a profunda consideração de Jesus
pelas mulheres”? Ora, os indivíduos mencionados por Hendriksen,
Sócrates, Aristóteles, Demóstenes, os rabinos e os radicais de Qumran
tinham as mulheres como seres apenas meio-humanos, sem dignidade
plena. Não era permitido a uma mulher ser tomada como discípula de
algum sábio da época. Jesus, rompendo com um preconceito cultural, fez
questão de demonstrar que as mulheres são plenamente humanas, podendo
assim, serem tomadas como suas discípulas.
Sobre o ponto da questão da liderança, queridos irmãos, o que nós
podemos concluir a partir do que vemos no ministério de Jesus, é que o
modelo de liderança apresentado no Antigo Testamento não é quebrado
por Cristo. Pelo contrário, Jesus dá seguimento ao modelo
veterotestamentário.
2.2. NOS ATOS DOS APÓSTOLOS
site
23
William Hendriksen, Comentário do Novo Testamento: Lucas, Vol. 1, (São Paulo:
Cultura Cristã, 2003), 558.
 No livro de Atos dos Apóstolos, o livro histórico do Novo
Testamento, o modelo de liderança masculina estabelecido desde o Velho
Testamento e pelo próprio Cristo foi seguido na vida da Igreja Primitiva.
Judas Iscariotes, o traidor, após cometer suicídio teve de ser substituído.
Os critérios para a escolha nos são apresentados no capítulo 1.21, 22: “É
necessário, pois, que, dos homens que nos acompanharam todo o tempo
que o Senhor Jesus andou entre nós, começando no batismo de João, até
ao dia em que dentre nós foi levado às alturas, um destes se torne
testemunha conosco da sua ressurreição”. Percebam que, os apóstolos não
conviviam apenas com os outros homens. Eles também eram
companheiros de oração das mulheres (v. 14). Por qual razão uma delas
não foi escolhida para compor a liderança da Igreja? Será que por puro
machismo, como algumas pessoas afirmam? Não seria esse um padrão a
ser seguido?
A expressão “dos homens” é uma tradução exata do texto
original, que traz em sua redação o termo avnh,r, que faz referência ao sexo
ou gênero masculino, em contraste com o sexo ou o gênero feminino.24 Ser
do sexo masculino, nesse caso, era um requisito apostólico indispensável.
Na verdade, é o primeiro requisito enumerado por Pedro. Tal raciocínio é
confirmado pelo verbo dei/, traduzido como “é necessário”. Este verbo
expressa “compulsão, necessidade, ou inevitabilidade em um evento”.25
24
FRIBERG LEXICON, in BIBLEWORKS 7.0.
25
Ibid.
Era compulsório que o novo membro do colegiado apostólico fosse um
varão.
Parafraseando Atos 1.21, Matthew Henry faz o seguinte
comentário: “Tem de ser alguém dos varões, estes setenta discípulos que
conviveram conosco, que constantemente nos acompanharam todo o tempo
em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós, pregando e realizando
milagres”. 26
Encontramos o mesmo padrão de liderança masculina quando
surgiu a necessidade de escolher pessoas que ajudassem na distribuição
das mesas. Vejam o que os doze discípulos disseram: “Mas, irmãos,
escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de
sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço” (6.3). Novamente, o
termo avnh,r, referente ao gênero masculino aparece nesse versículo. Que
mulheres existiam aos monte no meio da igreja primitiva é ponto pacífico,
mas nenhuma foi contada entre aqueles que, provavelmente, foram os
primeiros diáconos da igreja de Cristo.
2.3. NAS EPÍSTOLAS
Tomaremos duas passagens como representativas do ensinamento
epistolar, principalmente paulino, a respeito da liderança na igreja.
1 CORÍNTIOS 11.2-16
A primeira passagem se encontra em 1 Coríntios 11.2-16.
Leremos apenas alguns versículos: “Quero, entretanto, que saibais ser
Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus,
26
Matthew Henry, Comentário Bíblico Novo Testamento: Atos a Apocalipse, (Rio de
Janeiro: CPAD, 2008), 11.
o cabeça de Cristo. Todo homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça
coberta, desonra a sua própria cabeça. Toda mulher, porém, que ora ou
profetiza com a cabeça sem véu desonra a sua própria cabeça, porque é
como se a tivesse rapada” (vv. 3-5).
Duas coisas precisam ser devidamente entendidas nesta
passagem: 1) o significado da expressão “cabeça”; e 2) a questão da
necessidade do uso do véu.
O querem dizer as expressões, “Cristo o cabeça de todo homem”,
“o homem, o cabeça da mulher”, e “Deus, o cabeça de Cristo”? Para tratar
de um problema que havia surgido em Corinto, o fato das mulheres
estarem orando e profetizando sem o véu, como um manifesto contra a
autoridade masculina, o apóstolo Paulo argumenta teologicamente,
partindo do princípio de subordinação econômica. Em outras palavras, ele
parte da subordinação do Deus Filho ao Deus Pai. Para remediar uma
insurreição naquela igreja, Paulo passa a mostrar que o princípio de
autoridade e subordinação existe, é mantido e respeitado até mesmo na
ordem divina. O problema na igreja de Corinto não era, de forma
superficial, as mulheres não usarem um véu. A grande questão, é que isso
era a manifestação exterior da insubmissão feminina contra as funções
estabelecidas por Deus.
Observemos o texto. A palavra “cabeça” traduz o termo grego
kefalh,, (kephalê). Existe uma grande discussão a respeito do sentido do
termo “cabeça”. Alguns afirmam que se refere a “autoridade”, já outros
argumentam que o termo significa “fonte”, ou “origem”, visto que em
alguns lugares a Escritura deixa claro que Eva veio de Adão.27 Acontece
que entender “cabeça” como significando “fonte” ou “origem” cria uma
grande dificuldade no que diz respeito ao relacionamento entre Cristo e o
Pai. É inadmissível a idéia de que o Filho tem como origem o Pai, pois
isso implicaria em negação da sua eternidade. Ademais, o Pai não perdeu
nenhuma parte do seu Ser para gerar o Filho. Assim sendo, entendemos
que “cabeça” significa “autoridade”. O termo “cabeça”, “portanto, indica
governo e autoridade”. 28
O apóstolo está declarando que “Deus tem autoridade sobre
Cristo, Cristo tem autoridade sobre o homem e o homem tem autoridade
sobre a mulher. Uma cadeia hierárquica que começa na Trindade e
continua na igreja e na família”. 29 Todavia, isso não quer dizer que o Filho
é inferior ao Pai. Muito pelo contrário, cremos que Pai, Filho e Espírito
Santo são iguais em poder, glória, honra, majestade, atributos. Todavia,
isso diz respeito ao conceito de Trindade Ontológica. Quando afirmamos
que Deus o Pai tem autoridade sobre o Filho, estamos falando sobre a
Trindade Econômica, que é a “Trindade como manifestada ao mundo,
especialmente na história da redenção, onde as três pessoas exercem
papéis diferentes relacionados com a criação, redenção e santificação”.30
27
Sobre isso, observar a discussão apresentada por Simon Kistemaker, Comentário do
Novo Testamento: 1 Coríntios, (São Paulo: Cultura Cristã, 2004), 508-510.
28
Herman Ridderbos, A Teologia do Apóstolo Paulo, (São Paulo: Cultura Cristã, 2004),
426.
29
Augustus Nicodemus Lopes, O Culto Espiritual, (São Paulo: Cultura Cristã, 1999), 64.
30
Ibid, 64, 65.
Na Trindade Econômica, o Filho é subordinado ao Pai, cumprindo a Sua
vontade e satisfazendo a Sua justiça. Observem as palavras de George
Knight III:
A autoridade de Deus o Pai em relação ao Cristo encarnado em
nenhum modo detrata ou é prejudicial à pessoa de Cristo como
divindade encarnada. Sua total divindade, Seu ser da mesma
essência do Pai, não são de modo algum negados, nem pode sua
divindade ser afirmada de um tal modo que a autoridade do Pai
tenha que ser negada para que a de Cristo seja afirmada. A
autoridade de Deus em referência a Cristo pode ser prontamente
vista e afirmada sem nenhuma ameaça à identidade de Cristo.
Esta cadeia de subordinação com suas implicações é
aparentemente dada para ajudar a responder à objeção que
alguns trazem à autoridade do homem com relação à
mulher.31
Da mesma forma, meus irmãos, a questão da autoridade
masculina não quer dizer que a mulher é inferior ao homem. O mesmo
princípio a respeito de Cristo e do Pai é verdadeiro quanto ao homem e a
mulher, a saber, “assim como Cristo em sua essência é igual a Deus o Pai,
assim a mulher em seu ser e valor é igual ao homem”.32 Knight III se
expressa em termos quase idênticos: “Assim como Cristo não é uma
pessoa ou divindade de segunda classe, assim também a mulher não é uma
pessoa ou ser humano de segunda classe pelo fato de ser o homem a sua
cabeça”.33
31
George Knight III, Homem e Mulher: Suas Atribuições, (São Paulo: Os Puritanos, 2000),
29. Ênfase acrescentada.
32
Simon Kistemaker, Comentário do Novo Testamento: 1 Coríntios, 509, 510.
33
George Knight III, Homem e Mulher: Suas Atribuições, 29.
O segundo ponto é uma conseqüência do primeiro. Tendo em
vista que tanto na igreja quanto na família a liderança e a autoridade
repousam sobre o homem, Paulo diz que, “toda mulher, porém, que ora ou
profetiza com a cabeça sem véu desonra a sua própria cabeça, porque é
como se a tivesse rapada”. A necessidade do véu repousava, em ser ele,
um símbolo externo da submissão e do respeito à liderança masculina. Nas
palavras do Teólogo da Reforma, “se a mulher descobre a sua cabeça, ela
estará se desvencilhando da submissão devida, e com isso demonstra, ao
mesmo tempo, desconsideração por seu esposo”.34 É verdade que, em
Corinto, as mulheres podiam profetizar, no entanto, a preocupação do
apóstolo era que as mulheres que profetizavam o fizessem com o adorno
apropriado. Isso mostra que uma mulher é submissa à liderança masculina
até mesmo enquanto profetiza. Gordon Lyons segue o mesmo princípio
interpretativo quando afirma que, “se uma mulher, porém, participar da
adoração sem cobrir a cabeça, isto desonrará a sua cabeça, i.e., o seu
marido. Falhar em cobrir a cabeça indicaria a repugnância daquela pessoa
em mostra o devido respeito e submissão ao seu marido, e a reverência
devida ao Todo-Poderoso”.35
O uso do adorno na igreja de Corinto indicava se o homem era ou
não o cabeça, ou seja, a autoridade. As mulheres, ao se recusarem a usar o
véu, estavam agindo como se não tivessem de ser submissas a ninguém.
34
João Calvino, Comentário à Sagrada Escritura: 1 Coríntios, (São Bernardo do Campo:
Parakletos, 2003), 333.
35
Gordon Lyons, The New Testament Expository Notes: 1 Corinthians, 129. Extraído do
site http://www.1-word.com. Minha Tradução.
Por isso, o apóstolo faz uso de uma metáfora: “é como se a tivesse
rapada”. É algo extremamente vergonhoso para uma mulher ter o seu
cabelo rapado. Era na época de Paulo e ainda o é nos dias de hoje. Calvino
expressa o horror da cena: “Uma mulher com a sua cabeça rapada é algo
asqueroso, deveras uma visão que agride a natureza”.36 Na Grécia antiga,
uma mulher que fosse surpreendida em adultério tinha o seu cabelo rapado
pelas autoridades como sinal de humilhação e como indicativo de que se
tratava de uma prostituta. Com isso em mente, fica fácil compreender que,
de acordo com Paulo, se as mulheres coríntias orassem ou profetizassem
com a cabeça descoberta elas estariam desonrando a liderança constituída
por Deus.
E contra aquelas pessoas que teimam e insistem em dizer que o
ensino do apóstolo está limitado por questões culturais, deixemos o
próprio apóstolo responder: “Contudo, se alguém quer ser contencioso,
saiba que nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus” (v. 16).
1 TIMÓTEO 2.11-1537
A segunda passagem epistolar se encontra na primeira epístola
pastoral de Paulo a Timóteo: “A mulher aprenda em silêncio, com toda a
submissão. E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de
homem; esteja, porém, em silêncio. Porque, primeiro, foi formado Adão,
depois, Eva. E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu
em transgressão. Todavia, será preservada através de sua missão de mãe,
36
João Calvino, Comentário à Sagrada Escritura: 1 Coríntios, 334.
se ela permanecer em fé, e amor, e santificação, com bom senso” (2.11-
15).
Esta passagem é a principal razão do ódio nutrido pelas feministas
radicais em relação ao apóstolo Paulo. Inúmeras acusações e blasfêmias
são proferidas por causa da força inerente a estas palavras.
Manteremos nosso foco no versículo 12, especificamente. Paulo
afirma, categoricamente, “não permito que mulher ensine, nem exerça
autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio”. Em outras palavras,
encontramos aqui uma dupla proibição às mulheres: ensino e exercício de
autoridade. Qual a esfera de tal proibição? Onde as mulheres são proibidas
de ensinar e exercer autoridade? Paulo diz que o propósito da sua escrita a
Timóteo é para que ele saiba “como se deve proceder na casa de Deus,
que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade” (3.15). Então,
o contexto da dupla proibição é a igreja. Em primeiro lugar, é vedado à
mulher o ensino (dida,skein). Este termo diz respeito ao ensino
autoritativo na igreja, ou seja, a instrução pública na igreja. O Rev. Paulo
Anglada afirma que o verbo “é geralmente empregado no Novo
Testamento quando a ênfase não recai no método ou na mensagem, mas na
atividade de um dida,skaloj (mestre), cuja tarefa consiste em explicar ou
preservar (passando adiante) a vontade de Deus revelada na sua Palavra”.38
Sendo assim, Paulo, de forma inspirada (soprada por Deus!), não permite
38
Paulo Anglada, Introdução à Pregação Reformada: Uma Investigação Histórica sobre o
Modelo Bíblico-Reformado de Pregação, (Ananindeua: Knox Publicações, 2005), 30.
que a mulher exerça o múnus constituinte do ofício de mestre
(dida,skaloj).
Definitivamente, afirmar que aqui não temos um veto absoluto,
mas apenas parcial, como alguns têm sugerido, na tentativa de ceder aos
apelos da Teologia Feminista e da sociedade corrompida para que a
mulher tenha acesso aos nossos púlpitos, é forçar demais o texto.39 Tenta-
se burlar as palavras apostólicas com uma afirmação esquisita, no sentido
de que a mulher pode pregar e ensinar “desde que debaixo da autoridade
do pastor”.40 Acontece que, Paulo não tinha em mente essa “brecha na lei”.
Ele fundamenta as proibições duplamente: 1) na ordem da criação
39
Salvaguardado o devido respeito e a devida admiração, representativo deste
seguimento é o já citado erudito Rev. Augustus Nicodemus Lopes, na sua obra intitulada
Ordenação de Mulheres: O que diz o Novo Testamento?, (São Paulo:PES, 1997). Para ter
êxito na sua argumentação, o autor lançou as bases em outro livro de sua lavra: O Culto
Espiritual. Nicodemus precisa redefinir o conceito de profecia de 1 Coríntios 11, para
poder validar o ensino feminino: “Essas mensagens provavelmente consistiam em
citações de passagens das Escrituras do Antigo Testamento acompanhadas de
interpretação e aplicação das mesmas... Eles não eram inspirados e nem infalíveis como
os profetas do Antigo Testamento” (cf. Augustus Nicodemus Lopes, O Culto Espiritual,
56). Duas considerações: 1) o conceito de profecia defendido por este respeitado e
eminente erudito se aproxima, perigosamente, do conceito dos dois níveis de profecia
(inspirada e falível), defendido por Wayne Grudem; 2) o verdadeiro conceito de profecia
diferente de iluminação é o que salvaguarda o exercício de autoridade. Se a profecia é
revelação em seu sentido extraordinário, Deus é quem exerce autoridade. Todavia, se
profecia é apenas iluminação e aplicação das Escrituras (=pregação), há o exercício de
autoridade por parte da mulher. O entendimento de profecia aparentemente esposado
por Nicodemus se encerra no background helênico apenas. Sobre o conceito hebreu de
profecia, remeto o leitor ao excelente trabalho de Moisés Cavalcanti Bezerril, Os
Profetas do Novo Testamento, págs. 39-44. (Material não publicado).
40
É incrível como esse pensamento tem se disseminado em inúmeros presbitérios.
Sobre isso, conferir Alan Rennê Alexandrino Lima, Ensino e Autoridade: Uma Releitura
da Obra de Augustus Nicodemus Lopes. (Material não publicado).
(“Porque, primeiro, foi formado Adão, depois, Eva”); e 2) na Queda (“E
Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em
transgressão”). Então, a quem está destinado o ensino autoritativo na igreja
do Deus vivo? É prerrogativa de quem? Deixemos que o próprio apóstolo
solucione esse dilema para nós: “Devem ser considerados merecedores de
dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade
os que se afadigam na palavra e no ensino” (1 Timóteo 5.17). Entretanto,
algumas objeções podem ser levantadas: os dons não são dispensados
sobre toda a igreja, incluindo as mulheres? Elas, por acaso, não foram
agraciadas com o dom de ensino? Elas não podem ensinar? Certamente
que sim! Elas receberam também o dom do ensino. A limitação diz
respeito ao ensino público autoritativo. Elas podem e devem se enquadrar
na orientação de Paulo a outro pastor, Tito: “Quanto às mulheres idosas,
semelhantemente, que sejam sérias em seu proceder, não caluniadoras,
não escravizadas a muito vinho; sejam mestras do bem, a fim de
instruírem as jovens recém-casadas a amarem ao marido e a seus filhos, a
serem sensatas, honestas, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao
marido, para que a palavra de Deus não seja difamada” (Tito 2.3-5). O
grande problema é que, influenciadas pelo conceito secular de que isso
significa inferioridade, muitas mulheres olham para sua vocação com
desdém. Mas, o que dizer, irmãos de mulheres piedosas e santas, que são
mencionadas nas Escrituras como exemplos positivos, como mães
piedosas e esposas exemplares, como a mãe de Sansão (Juízes 13), Noemi
e Rute, Ana, mãe de Samuel (1 Samuel 1), a viúva de Sarepta (1 Reis 17),
a sunamita que hospedou a Elias (2 Reis 4), Dorcas (Atos 9), Lídia (Atos
16), Priscila (Atos 18; Romanos 16), e Lóide e Eunice, mãe e avó de
Timóteo (2 Timóteo 1)? Todas elas, são exemplos de mulheres piedosas
notáveis por seu cuidado dos seus lares e dos seus filhos.41
A segunda proibição repousa sobre o exercício de “autoridade”
(auvqentei/n). Alguns entendem que temos aqui uma ratificação do que foi
dito anteriormente: “A razão porque as mulheres são impedidas de ensinar
consiste em que tal coisa não é compatível com o seu status, que é serem
elas submissas aos homens, quando a função de ensinar subentende
autoridade e status superior”.42 Entendo que isso está correto, porém,
também percebo que a aplicação do termo auvqentei/n pode ser expandida.
Exercer autoridade não se limita ao ensino, envolve também se
elevar sobre os homens em todas as atividades que venham a ser realizadas
no culto público a Deus, incluindo a direção do serviço divino, ou a
liturgia. Também não é permitido que elas exerçam autoridade no governo
da igreja, como Edward Donnelly afirma, “se a mulher não pode governar
dessa maneira, não pode governar de outras maneiras. A questão é do
exercício de autoridade, quer no ministério da Palavra quer no ofício de
41
Achei por demais interessante a postura da senhora Elizabeth Zekveld Portela, em seu
artigo O “Adorno” da Mulher Cristã: Proibição ou Privilégio?, in FIDES REFORMATA, Vol.
III, 2, 1998. Na nota de rodapé onde aparecem as qualificações da autora, encontra-se a
seguinte frase: “A autora observa que as suas palavras, acatando o seu entendimento de
1 Tm 2.12, são dirigidas primariamente às ‘Priscilas’ da igreja – ‘cooperadoras em Cristo
Jesus’ (Rm 16.3; At 18.26)”.
42
João Calvino, Comentário à Sagrada Escritura: 1 Timóteo, 2 Timóteo, Tito e Filemom,
(Santa Bárbara d”Oeste: Paracletos, 1998), 74.
presbítero”.43 Além disso, a base para acreditar que até mesmo a liturgia é
vetada às mulheres se encontra no contraste traçado entre os versículos 11
e 12: “A mulher aprenda em silêncio... nem exerça autoridade de
homem”. São contrastados aqui quietude e submissão com o exercício de
autoridade.
Irmãos amados, as palavras de Paulo não são condicionadas pelo
tempo ou pela cultura da época.44 Elas estão enraizadas na teologia e na
história da redenção. Portanto, tais princípios são universais e
permanentes. Podemos perceber que, o apóstolo Paulo segue e confirma o
padrão de liderança do Velho Testamento e de Jesus Cristo.
GÁLATAS 3.28
A referência à passagem presente na Epístola aos Gálatas tem
como propósito apenas rebater um argumento muito usado pelos
feministas, inclusive por Cláudio Carvalhaes. Eles dizem que, Gálatas 3.28
anula toda e qualquer distinção no que diz respeito aos papéis
43
Edward Donnelly em Brian Edwards, Homens, Mulheres e Autoridade: Servindo Juntos
na Igreja, 151.
44
Essa tem sido a desculpa mais enfatizada por aqueles que desconsideram os
ensinamentos escriturísticos. Quando se deparam com alguma passagem que vá de
encontro ao seu pensamento carnal, o argumento utilizado é: “tem toda uma questão
cultural envolvida nessa passagem!” ou “isso só se aplica aos tempos bíblicos!”. Se esse
argumento for defendido coerentemente, não poderemos mais defender nenhum
princípio apresentado na Escritura, pois ela foi escrita em épocas e culturas totalmente
distintas das nossas. Não podemos estabelecer nenhuma doutrina e nenhuma prática a
partir do Antigo Testamento, pois ele foi escrito na cultura judaica. Também não
podemos estabelecer nada a partir do Novo Testamento, pois o mesmo foi escrito em
meio à cultura helenista. Esse argumento é tão esdrúxulo, que mais parece argumento
de dispensacionalista ou de Testemunha de Jeová.
desempenhados por homens e mulheres na igreja, de maneira que, é
perfeitamente plausível que uma mulher exerça o ofício da pregação, bem
como seja ordenada ao Sagrado Ministério, visto que em Jesus não há
“nem homem nem mulher, porque todos vós sois um em Cristo Jesus”.
Entretanto, será que foi esse o propósito do autor, o apóstolo
Paulo? Será que ele entrou em contradição, em razão de em 1 Timóteo
2.11-15, ter escrito algo que vai de encontro a esse pensamento? Devemos
buscar a verdadeira intenção do apóstolo. Não devemos estabelecer uma
compreensão arbitrária sobre a passagem, a partir de uma hermenêutica
“gadameriana”.
Percebam, Paulo está falando sobre a universalidade da salvação
que se estende a todas as classes de pessoas: judeus e gregos (gentios),
escravos e libertos, homens e mulheres. O assunto em pauta é a herança de
Abraão, ou seja, a justificação pela fé em Cristo, não o desempenho de
funções e ofícios na igreja. Quem utiliza esse texto pra defender a
usurpação da liderança masculina age como se pegasse uma bula de um
remédio para dor de cabeça e dissesse que é um remédio para curar
caxumba.
2.4. NO APOCALIPSE DE JOÃO
Temos apenas uma referência, porém, muito significativa, no
Apocalipse de João referente à liderança masculina: “Tenho, porém,
contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara
profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a
praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos”
(Apocalipse 2.20).
Após fazer alguns elogios ao anjo da igreja de Tiatira, Jesus, em
todo o seu poder e glória, faz uma severa repreensão, visto que ele
“tolerava” (avfei/j) que uma mulher, alcunhada por Jesus de “Jezabel”,
ensinasse e, ainda por cima, seduzisse os membros da igreja para a prática
da prostituição. Interessante, é que o verbo avfi,hmi, pode ser melhor
traduzido como “permitir; sofrer; deixar; não proibir; desistir; render-se;
resignar-se”. 45 A lição é que Jezabel ensinava com a permissão, anuência e
resignação do anjo da igreja de Tiatira. A natureza do ensino exercido por
essa mulher é definido pelo uso do termo dida,skei, referente ao ensino
constituinte do ofício de mestre. Irônico, é que ele foi duramente
repreendido, por Jesus, “por colocar uma mulher para ensinar debaixo da
sua autoridade”!46 Jesus repreende o pastor daquela igreja por permitir a
mesma coisa que muitos pastores e líderes omissos fazem nos dias de hoje.
O argumento usado em muitos de nossos presbitérios é demolido diante da
reprimenda de Jesus em Apocalipse 2.20. Da mesma forma, os que
ignoram o padrão bíblico de liderança masculina são alvo da repreensão
severa do Senhor Jesus Cristo.
45
Harold K. Moulton, Léxico Grego Analítico, (São Paulo: Cultura Cristã, 2008), 68.
46
Fui censurado em uma das sabatinas a que fui submetido para minha licenciatura por
não aceitar mulheres exercendo o ofício da pregação. Ainda tremo quando lembro das
seguintes palavras, ditas por um colega pastor muito mais experiente: “Alan, você está
errado nesta questão! Eu mesmo tenho uma mulher como membro da igreja que
pastoreio, que todas as vezes em que ela prega eu sou profundamente edificado!”
 Outra nuança que não pode deixar de ser esclarecida, é que a somos os maiores responsáveis pela inversão de papéis e pela usurpação
transgressão não era no sentido de que o anjo da igreja permitia que de liderança em nossas igrejas. Nós, do sexo masculino, somos os maiores
Jezabel ensinasse falsas doutrina e coisas perniciosas. Jesus não esclarece responsáveis por permitirmos que nossas amadas mulheres assumam
a natureza do ensino. O versículo pode ser melhor traduzido como, funções que, por natureza e por decreto divino, não pertencem a elas.
“Porém, tenho contra ti, o permitires essa mulher, Jezabel, que se diz Sofremos com a “síndrome de Adão”, omitimo-nos e permitimos que a
profetisa, ensinar e enganar os meus servos para se prostituirem e desobediência se instale; ficamos parados, calados, enquanto nossas
comerem coisas sacrificadas aos ídolos”. O verbo “ensinar” (dida,skei) mulheres tomam a dianteira numa causa que vai além daquela entregue a
não vem acompanhado de um qualificativo que determine a sua natureza, elas pelo Senhor.
se correto ou errado. Por conseguinte, podemos ter a mais absoluta certeza Já é hora de recuperarmos o amor e o desejo pelo exercício
de que, Jesus não aprovou tal permissão. A questão não era se Jezabel bíblico da liderança masculina. Que não seja o nosso desejo ouvir de
ensinava o certo ou o errado, mas sim, o simples ensinar. Cristo: “Tenho, porém, contra ti...”.
Apocalipse encerra a investigação canônica sobre o padrão de Que Deus nos abençoe!
liderança bíblico.
· CONCLUSÃO
Fica claro que o testemunho escriturístico sobre a liderança
masculina é maciço. De Gênesis a Apocalipse, a prerrogativa de liderar
aparece como de responsabilidade do homem.
Amados irmãos, concluo com um apelo, no sentido de que
tenhamos como propósito honrarmos a Deus, exercendo uma liderança
piedosa, amorosa e, acima de tudo, bíblica, dentro do padrão estabelecido
pelo Senhor.
Meu propósito não foi o de massacrar as mulheres. Pelo contrário,
meu foco é nos homens; naqueles que muitas e muitas vezes se omitem
das responsabilidades determinadas pelo Cabeça da Igreja. Nós, homens,